Documento 125

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 20

ÉMILE DURKHEIM

David Émile Durkheim nasceu a 15 de abril de 1858, em Épinal, França.


Foi o primeiro professor de Sociologia e é considerado o pai da Sociologia Moderna.
Membro de uma família de judeus, optou por não seguir as raízes da sua família e aos 21
anos frequentou a Escola Normal Superior de Paris, onde tirou o curso de Filosofia em 1882.
Quando finalizou os seus estudos lecionou pela primeira vez Sociologia, na Universidade de
Bordeaux, tornando-a uma disciplina autónoma, onde o foco do seu trabalho era o
desenvolvimento da matéria sociológica de uma forma independente, com um objeto, uma
crítica e uma abordagem específicos.
Grande parte do seu trabalho centrou-se na funcionalização das sociedades, em especial no
modo em como estas se mantêm coerentes e íntegras.
Muito influenciado por Auguste Comte, Herbert Spencer, Rousseau e Montesquieu,
Durkheim iniciou, a partir de 1890, um período de notável produção criativa tendo publicado
as suas principais obras, que foram definitivas nos rumos dos estudos sociológicos. Entre
essas obras destacam-se:
- "Da Divisão do Trabalho Social", publicado em 1893, procurou comparar as bases da
sociedade com um organismo vivo, onde cada parte funcionava como um orgão biológico
que agiria de forma independente.
- "As Regras do Método Sociológico", publicado em 1895, procurou estabelecer as bases
para a sociologia como ciência.
- "O Suicídio", publicado em 1897, teve como objetivo avaliar que o maior nível de
integração social estava ligado aos índices de suicídio que seriam maiores quanto mais
frágeis fossem os laços sociais.
Para além disso, criou também a revista “L’Année Sociologique” em 1896.
Até à sua morte, o teórico apresentou uma série de palestras e de ensaios relativos a uma
vastidão de temas, tais como a estratificação social, a educação, a justiça, a moral, o
conhecimento sociológico, e a própria formação de uma consciência coletiva, capaz de
entrever a evolução das diferentes sociedades existentes.
Faleceu a 15 de novembro de 1917 em Paris.

Durkheim, tal como Comte, pensava que o homem é


fortemente moldado
pela sociedade em que ele vive (expressando-se de maneira
técnica, ele diz que
a consciência individual é sempre moldada e condiciona pela
consciência
coletiva, isto é, pela mentalidade média da sociedade, seu
conjunto de valores e
ideias dominantes) e que por isso o interesse do sociólogo
deve voltar-se
apenas para os padrões sociais. Por essas e outras raízes, aliás,
é que
Durkheim é considerado um autor positivista e o mais famoso
continuador
da perspectiva comteana. De fato, não obstante criticar vários
aspectos
secundários do pensamento de Comte (em especial, a
incerteza de suas ideias,
a religião da humanidade e o projeto político positivista),
Durkheim assumiu
como suas as ideias-chaves do seu predecessor: a necessidade
de um
conhecimento social capaz de compreender as características
da sociedade
moderna, a crença na incapacidade da filosofia de cumprir
esse papel, o projeto
de construção de uma ciência da sociedade independente da
filosofia, a ideia de
que esta ciência deve tomar como modelo as ciências naturais
e a tese de que
o trabalho do sociólogo deve focar se nos padrões sociais.

Do ponto de vista do método, como vimos, Durkheim


considerava que o
sociólogo deve, tal como o físico e o químico, buscar por
padrões de
regularidade, que, no caso dele, seriam os fatos sociais. Além
disso, fortemente
influenciado pelas ciências naturais - seu modelo de
pensamento -, o sociólogo
francês afirmava que as virtudes principais de um pesquisador
social são a
neutralidade e a objetividade. Na prática, isto significa que um
sociólogo jamais
deve permitir que os seus valores pessoais ou a sua visão de
mundo interfiram
no seu trabalho. Sua análise deve ser meramente descritiva,
nunca avaliativa,
concentrada apenas em compreender a sociedade que está
pesquisando, não
em julgá-la ou classificá-la.
Tal como Comte e todo os demais grandes nomes da
sociologia, Émile
Durkheim destacou-se pela explicação que desenvolveu para
o origem da
sociedade capitalista moderna. Diferente, porém, de seu
predecessor, que via
no surgimento da sociedade moderna a passagem de um
estado metafísico,
dominado por explicações filosóficas, para um estado
positivo, dominado por
explicações científicas, Durkheim via na passagem das
sociedades tradicionais
para a Modernidade acima de tudo uma mudança na
solidariedade social, isto
é, no mecanismo de coesão e unidade da sociedade.
De acordo com Durkheim, nas sociedades tradicionais, pré-
modernas,
anteriores ao capitalismo, a divisão social do trabalho, isto é, a
especialização
profissional era pequena. Isto ocasionava poucas diferenças
entre os indivíduos
e fazia da sociedade algo mais homogêneo. Assim, a coesão
social
era realizada e garantida através do compartilhamento de uma
mesma visão de
mundo, de um mesmo conjunto de ideias e valores
dominantes. Foi o caso, por
exemplo, da Idade Média ocidental, onde a fé católica era o
eixo unificador da
sociedade, e do Egito Antigo, onde a cosmovisão daquela
sociedade é que unia
todos os seus membros. Este modelo de coesão social é
chamado por Durkheim
de solidariedade mecânica.
Nas sociedades modernas, por sua vez, o capitalismo
promoveu uma
enorme acentuação na divisão social do trabalho. Isso
exacerbou a
especialização profissional e, portanto, a individualidade. Por
isso, a sociedade
moderna é heterogênea, contando com grande diversidade de
religiões e de
visões de mundo no interior de um mesmo contexto social.
Daí também porque,
na Modernidade, o que une e congrega a sociedade não é o
fato das pessoas
A grande questão de Durkheim era: em uma sociedade moderna
(capitalista), o indivíduo tem a capacidade de pensar por si
próprio?
Para Durkheim, o indivíduo está preso à sociedade. Assim, o
indivíduo é fruto da sociedade, e não é formado a partir de si
próprio, as suas ideias e concepções são definidas pelos padrões da
sociedade.

Durkheim trabalhou em cima do fato social, qualquer coisa que se


imponha sobre o indivíduo (moral, comportamento, ideia política).
Ou seja, o indivíduo não possui liberdade de pensamento, pois a
sociedade impõe os pensamentos aos indivíduos. O fato social
procurar utilizar duas ferramentas de coerção, queobriga o
indivíduo a ter determinados padrões dentro da sociedade: as
regras morais(culturais), que definem o comportamento do
indivíduo, que abrigadas por questão moral,familiar, religiosa e
que não está ligada ao estado, embora não signifique que o
indivíduo terápunições. Ex.: desobediência aos pais. E as regras
judiciais, impostas pelo estado havendopunição em caso o
indivíduo infrinja essas regras e que está dentro desses mesmos
códigos.Ex.: roubo, assassinato. São a partir dessas regras que a
sociedade se impõe sobre o indivíduo.Lembrando que toda regra
judicial origina-se de uma regra moral. Ex.: assassinato.Para impor
essas forças ao indivíduo, a sociedade faz uso da educação. A
educação é umaferramenta de coerção social, pois, desde cedo a
criança é ensinada sobre essas regras. Alémde ser receptor desses
padrões de comportamento, o indivíduo também é um
reprodutordessas ideais.Durkheim também fez comparações entre
a sociedade moderna e a sociedade primitiva. Eletrabalhou muito a
questão da solidariedade (elo entre a convivência dos indivíduos).
Havendodois tipos de solidariedade:Solidariedade mecânica =
característica das sociedades primitivas , em que todas as
coisasbásicas para a sobrevivência humana é oriunda da divisão
social do trabalho. Possui essenome, devido à comparação com o
funcionamento do relógio (engrenagem = seres
humanos).Solidariedade orgânica = característica da sociedade
capitalista moderna, em que as pessoasembora possuam funções
diferentes dependem mutuamente umas das outras. Possui
essenome devido à comparação com o organismo humano (órgãos
= seres humanos)

Durkheim parte da idéia fundamental de Comte de que a sociedade deve ser vista como
um organismo vivo. Também concordava com o pressuposto de que as sociedades apenas
se mantém coesas quando de alguma forma compartilham sentimentos e crenças comuns.
Alguns pontos que são fundamentais para compreender o pensamento de Durkheim, cuja
base assenta-se em alguns pressupostos ou noções fundamentais a serem detalhadas
adiante:

 Os fatos sociais devem ser tratados como coisas;


 A análise dos fatos sociais exige reflexão prévia e fuga de idéias pré-concebidas;
 O conjunto de crenças e sentimentos coletivos são a base da coesão da sociedade;
 Destaca o estudo da moral dos indivíduos; e
 A própria sociedade cria mecanismos de coerção internos que fazem com que os
indivíduos aceitem de uma forma ou de outra as regras estabelecidas (a explicação
dos fatos sociais deve ser buscada na sociedade e não nos indivíduos – os estados
psíquicos, na verdade, são conseqüências e não causas dos fenômenos sociais)

O MÉTODO SOCIOLÓGICO DE DURKHEIM

Podemos dizer que o método sociológico de Durkheim apresenta algumas idéias centrais,
que percorrem toda a extensão de sua visão sociológica. São elas:

1) Contraposição ao conhecimento filosófico da sociedade: A filosofia possui um método


dedutivo de conhecimento, que parte da tentativa de explicar a sociedade a partir do
conhecimento da natureza humana. Ou seja, para os filósofos o conhecimento da
sociedade pode ser feito a partir de dentro, do conhecimento da natureza do indivíduo.
Como a sociedade é formada pelos indivíduos, a filosofia tem a prática de explicar a
sociedade (e os fatos sociais) como uma expressão comum destes indivíduos. De outro
lado, se existe uma natureza individual que se expressa coletivamente na organização
social, então pode-se dizer que a história da humanidade tem um sentido, que deve ser a
contínua busca de expressão desta natureza humana. Para Adam Smith, por exemplo,
dado que o homem é, por natureza, egoísta, motivado por fatores econômicos e propenso
às trocas, a sociedade de livre mercado seria a plena realização desta natureza.

Para Durkheim, estas concepções eram insuportáveis, pois eram deduções e não tinham
validade científica, eram crenças fundamentadas em concepções a respeito da natureza
humana. Durkheim acreditava que o conhecimento dos fatos sociológicos deve vir de
fora, da observação empírica dos fatos.

2) Os fenômenos sociais são exteriores aos indivíduos: a sociedade não seria


simplesmente a realização da natureza humana, mas, ao contrário, aquilo que é
considerado natureza humana é, na verdade, produto da própria sociedade. Os fenômenos
sociais são considerados por Durkheim como exteriores aos indivíduos, e devem ser
conhecidos não por meio psicológico, pela busca das razões internas aos indivíduos, mas
sim externamente a ele na própria sociedade e na interação dos fatos sociais. Fazendo
uma analogia com a biologia, a vida, para Durkheim, seria uma síntese, um todo maior do
que a soma das partes, da mesma forma que a sociedade é uma síntese de indivíduos que
produz fenômenos diferentes dos que ocorrem nas consciências individuais (isto
justificaria a diferença entre a sociologia e a psicologia).

3) Os fatos sociais são uma realidade objetiva: ou seja, para Durkheim, os fatos
sociais possuem uma realidade objetiva e, portanto, são passíveis de observação
externa. Devem, desta forma, ser tratados como "coisas".

4) O grupo (e a consciência do grupo) exerce pressão (coerção) sobre o indivíduo:


Durkheim inverte a visão filosófica de que a sociedade é a realização de consciências
individuais. Para ele, as consciências individuais são formadas pela sociedade por meio
da coerção. A formação do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação
pelo indivíduo de uma série de normas, princípios morais, religiosos, éticos, de
comportamento, etc. que balizam a conduta do indivíduo na sociedade. Portanto, o
homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela.

"O fato social é tudo o que se produz na e pela sociedade, ou ainda, aquilo que interessa e
afeta o grupo de alguma forma”.

Os fatos sociais, para Durkheim, existem fora e antes dos indivíduos (fora das
consciências individuais) e exercem uma força coercitiva sobre eles (ex. as crenças, as
maneiras de agir e de pensar existem antes dos indivíduos e condicionam coercitivamente
o seu comportamento).

Durkheim argumenta, contrariando boa parte do pensamento filosófico, que "somos


vítimas da ilusão que nos faz crer que elaboramos, nós mesmos, o que se impõe a nós de
fora". E, respondendo àqueles que não crêem nesta coerção social que sofrem os
indivíduos porquê não se pode senti-la, argumenta que "o ar não deixa de ser pesado
embora não sintamos seu peso". Para Durkheim, o fato social é um resultado da vida
comum, e ele propõe isolá-los para estudá-los. Desta forma, a sociologia deveria
preocupar-se essencialmente com o estudo dos fatos sociais, de forma objetiva e
científica.

Sobre a observação dos fatos sociais:

Para Durkheim, a ciência deveria explicar, não prescrever remédios. Este, para ele, era o
problema da filosofia, ela tentava entender a natureza humana, pois aí, tudo o que
estivesse de acordo com esta natureza era considerado bom, e tudo o que não estivesse
era considerado ruim.
Para Durkheim, a observação dos fatos sociais deveria seguir algumas regras, tais como:

A. Os fatos sociais devem ser tratados como COISAS.

Para Durkheim, "é coisa tudo aquilo que é dado, e que se impõe à observação". Nem a
existência da natureza humana nem o sentido de progresso no tempo, como admitia
Comte por exemplo, fazia sentido, segundo Durkheim, dentro do método sociológico.
Eles são uma concepção do espírito. Durkheim, neste sentido, é essencialmente
objetivista, empirista e indutivista, ao contrário de Comte, o fundador da sociologia, que
era considerado por ele como subjetivista e filosófico.

B. Uma segunda concepção importante no método sociológico de Durkheim, é de que,


para ele, o sociólogo ao estudar os fatos sociais, deveria despir-se de todo o sentimento e
toda a pré-noção em relação ao objeto.

C. Terceiro, o pesquisador deveria definir precisamente as coisas de que se trata o estudo


a fim de que se saiba, e de que ele saiba, bem o que está em questão e o que ele deve
explicar.

D. E quarto, a sensação, base do método indutivo e empirista, pode ser subjetiva. Por isto,
deveria-se afastar todo o dado sensível que corra o risco de ser demasiado pessoal ao
observador.

Sobre a construção de tipos sociais

Uma outra questão importante no método de Durkheim parte da necessidade de agrupar


sociedades em tipos sociais, segundo a sua semelhança. Para o método sociológico, não
interessava nem a perspectiva dos historiadores, que viam na história uma diversidade de
sociedades muito grande, nem a filosófica, que agrupava toda a evolução histórica na
idéia de humanidade, pela qual perpassava a realização da natureza humana. Segundo
Durkheim, escapamos a esta alternativa tão logo se reconheça que, entre a multidão
confusa das sociedades históricas (a infinidade de sociedades diferentes descrita pelos
historiadores) e o conceito único, mas ideal, de humanidade (dos filósofos), existem
intermediários que são as espécies sociais.

A constituição destes tipos sociais, de suma importância para a sociologia uma vez que
Durkheim afirmava que a concepção de normal e patológico é relativa a cada tipo social,
deveria seguir um método: (a) estudar cada sociedade individualmente; (b) constituir
monografias exatas e detalhadas; (c) compará-las achando semelhanças e diferenças; (d)
classificar os povos em grupos, segundo estas semelhanças e diferenças.

Este seria, para Durkheim, um método somente admissível para uma ciência da
observação. O estudo e a representação destes tipos sociais foi descrita por ele como uma
área específica da sociologia, denominada Morfologia Social, numa clara alusão aos
estudos semelhantes na biologia.

Sobre a explicação dos fatos sociais

Durkheim afirmava que seus antecessores na sociologia (Comte e Spencer) explicavam os


fatos sociais pela sua utilidade. Assim, para Comte, o progresso existe para melhorar a
condição humana, ou para Spencer, para tornar o homem mais feliz. A família, para
Spencer, se transformara pela necessidade de concilhar cada vez mais perfeitamente o
interesse dos pais, dos filhos e da sociedade. Assim, os sociólogos tendiam a
normalmente deduzirem o fato dos fins, ou seja, a explicação suprema da vida coletiva
consistiria em mostrar como ela decorre da natureza humana em geral. Para Durkheim,
porém, este método era errado. Segundo ele

"Mostrar como um fato é útil não explica como ele surgiu nem como ele é o que é" .
"Para explicar um fenômeno social é preciso pesquisar separadamente a causa eficiente
que ele produz e a função que ele cumpre" . Apesar disto, "para explicar um fato de
ordem vital não basta explicar a causa da qual ele depende, é preciso também ao menos
na maior parte dos casos, encontrar a parte que lhe cabe no estabelecimento desta
harmonia geral".

Para Durkheim, ao invés de buscar a causa dos fatos sociais nos fins ou na função que ele
desempenha, "a causa determinante de um fato social deve ser buscada entre os fatos
sociais antecedentes, e não entre os estados de consciências individuais". Por outro lado,
"a função de um fato social deve sempre ser buscada na relação que ele mantém com
algum fim social" .

Sobre a relação de causalidade

Dado que do fato social primeiro deve se buscar as causas para depois explicar-lhe as
conseqüências (ou seja, não se pode deduzir a causa das sua conseqüência), deve-se Ter,
então, rigor científico na explicação causal. Assim, para Durkheim
"Só existe um meio de demonstrar que um fenômeno é causa de outro: comparar os casos
em que eles estão simultaneamente presentes ou ausentes e examinar se as variações que
apresentam nessas diferentes combinações de circunstâncias testemunham que um
depende do outro".

Ora, este é um método que advoga a observação e o estudo estatístico do fato e dos
fatores que hipoteticamente podem lhe ser causadores, para que se possa estabelecer
correlação entre eles. Para Durkheim, em razão da natureza dos fatos, os métodos
científicos que decorriam desta concepção dividiam-se em dois grupos: (a)
Experimentação, quando os fatos podem ser artificialmente produzidos pelo observador; e
(b) Experimentação Indireta ou Comparação quando os fatos se produzem
espontaneamente e não podem ser produzidos pelo observador.

Como pode-se observar, o método para se estabelecer a causalidade em sociologia, para


Durkheim, seria a Experimentação Indireta ou Comparação. Comte também utilizava o
método da comparação, mas a este ele adicionou o método histórico, pois ele tinha que
buscar a finalidade e a evolução dos fenômenos, ou seja, o sentido de progresso. Isto, para
Durkheim, não tina sentido em sociologia.

Segundo a sua concepção de causalidade, a um efeito corresponderia sempre uma mesma


causa. Assim, se um fato tem mais de uma causa, então ele não é um fato único.
Durkheim dá o exemplo do suicídio: se o suicídio depende de mais de uma causa, é
porque, na verdade, existem várias espécies de suicídio (ele identificou três tipos, que
decorriam de causas distintas, o suicídio egoísta, o altruísta e o anômico).

Mas não basta estudar a correlação entre os fatos sociais; é preciso que haja uma
explicação racional vinculando-os. Assim,

"a concomitância (de dois fenômenos) pode ser devida não a um fenômeno ser a causa do
outro, mas a serem ambos efeitos de uma mesma causa, ou então por existir entre eles um
terceiro fenômeno, intercalado, mas despercebido, que é o efeito do primeiro e a causa do
segundo".

Desta forma, os resultados da comparação deveriam ser interpretados.

O método de Durkheim, por ele próprio

Para Durkheim, o seu método sociológico tinha três características básicas que o
distinguiam de seus antecessores na sociologia, como Comte e Spencer:
1. Ele é um método independente de toda a filosofia. Ou seja, ele não tem que ter uma
vinculação com qualquer visão filosófica ou ideológica do mundo. Ele não precisa
afirmar nem a liberdade nem o determinismo; a sociologia, assim, não será nem
individualista, nem comunista, nem socialista, no sentido que se dá vulgarmente a estas
palavras.

2. É um método objetivo. Segundo Durkheim, ele é um método inteiramente dominado


pela idéia de que os fatos sociais são coisas e como tais devem ser tratados.

3. É exclusivamente sociológico. Ou seja, não deriva da forma da filosofia tratar a


sociedade, nem da psicologia, e nem das ciências naturais, uma vez que afirma que a
sociedade tem uma natureza própria, que não é derivada nem da natureza humana, nem
das consciências individuais, nem das constituições orgânicas dos indivíduos.

Teorias de Émila Durkeim

Sociabilidade
Segundo ele, o homem seria um animal bestial que só se tornou humano na medida
em que se tornou sociável.

Por isso, o processo de aprendizagem, que foi chamado de "socialização" por


Durkheim, é o fator basilar na construção de uma “consciência coletiva”.

Através da educação formal entramos em contato com ideias que nos darão o
sentimento de pertencimento ao grupo, seja ele uma igreja ou a uma pátria.

Desta forma, a vida na cidade e sob o capitalismo, retiraria do ser humano suas
referências identitárias para criar seres sem esperança. Somente com a construção
de uma escola laica e de valores morais seria possível superar este impasse.

Instituição social e anomia


A teoria durkheimiana estuda a função da instituição social, sua constituição e seu
enfraquecimento, que o sociólogo chamará de "anomia".
A instituição social seria o conjunto de regras e artifícios uniformizados socialmente
para conservar a organização do grupo e, por isso, são tradicionalistas por essência.
Como exemplo ele citava a família, escola, governo, religião, etc. Estas atuam
dificultando a oposição às mudanças, pela conservação da ordem.

Já a anomia, seria uma situação onde a sociedade ficaria sem regras claras, sem
valores e sem limites. Este cenário ocorre quando a sociedade se vê incapaz de
integrar determinados indivíduos que estão afastados devido ao abrandamento da
consciência coletiva.

A sociologia deve prezar pelo rigor para consolidar-se enquanto ciência. Assim sendo,
é necessário desfazer-se do conhecimento de senso comum e da tradição para poder
entender cientificamente as estruturas sociais que ordenam o mundo humano. Segundo
Durkheim:
“se existe uma ciência das sociedades, é de desejar que ela não consista simplesmente numa paráfrase dos
preconceitos tradicionais, mas nos faça ver as coisas de maneira diferente da sua aparência vulgar; de fato,
o objeto de qualquer ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões
herdadas.”

Ou seja, o sociólogo deve afastar-se o tanto quanto puder da sociedade sobre a qual está
a estabelecer o seu estudo. Somente assim é possível que o conhecimento obtido seja
cientificamente comprovável e confiável.

Assim, ao afastar-se do seu campo de análise por questões metodológicas, segundo Émile
Durkeim, deve-se observar os fatos sociais que moldam uma sociedade.

Teorias de Émile Durkeim

Teoria do fato social:

Émile Durkeim foi o primeiro sociólogo a definir o objeto da Sociologia, os referidos factos
sociais.
Assim, defende que factos sociais são modos de agir, de pensar e de sentir, que são
exteriores ao indivíduo, devendo ser tratados como coisas que se lhes impõe de fora. Sendo
estes exteriores aos individuos, são um produto social que se impõe à evidência- são
“coisas” que moldam a maneira de agir das pessoas, pela influência que exercem sobre elas.
“toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção
exterior; ou, ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma
existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”- Frase dele.
Durkheim afirmou a existência de três características fundamentais que caracterizariam
todos os fatos sociais, sem nenhuma exceção. São elas:
Exterioridade: esta característica explica que o fato social é externo ao indivíduo, ou seja,
acontece independentemente de sua própria vontade, como se a sociedade nos impusesse
tais modelos de comportamento.
Relatividade: os factos sociais devem são contextualizados no tempo e no espaço em que
ocorrem.
Coercitividade: essa característica explica que o fato social possui uma qualidade de
coerção, ou seja, de imposição. Assim, todos os factos sociais se impõe aos indivíduos e o
seu não cumprimento, ou seja todos os comportamentos que se afastem daquilo que é
esperado, que é “natural” implicam uma sanção sobre esse indivíduo.
Para além destes, a generalidade também pode ser considerada uma característica, uma vez
que, segundo Durkeim todos os factos sociais ocorrem em todas as sociedades de seres
humanos.
Nesse sentido, o fato social é verificado e não pode ser modificado pela ação individual, pois
há uma força exterior (a consciência coletiva) que o molda.
(Os factos sociais são maiores que qualquer consciência individual e eles criam o que o
sociólogo chamou de consciência coletiva.)
Por exemplo, a educação é um fenômeno sociológico que molda o indivíduo de acordo com
a consciência coletiva. O intuito da educação formal não é somente ensinar ao aluno as
ciências, mas também a cultura e as normas sociais esperadas de um indivíduo que vive em
determinada sociedade, a fim de que ele consiga integrar-se ao grupo social.
A educação, em si, é um fato social no sentido em que atua como processo da preparação
cultural dos indivíduos para a vida em sociedade e no sentido de que está presente, de
maneira hegemônica, no interior de uma sociedade e em todas as sociedades.

Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela
sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua
evolução. Assim, Durkheim afirma que o crime, por exemplo, é normal não só por ser
encontrado em qualquer sociedade, em qualquer época, como também por representar a
importância dos valores sociais que repudiam determinadas condutas como ilegais e as
condenam a penalidades. A generalidade de um fato social, isto é, sua unanimidade, é
garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade
coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de uma determinada questão.

Partindo do principio de que o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da


sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, e que essa harmonia é conseguida
através do consenso social, a "saúde" do organismo social se confunde com a generalidade
dos acontecimentos e com a função destes na preservação dessa harmonia, desse acordo
coletivo que se expressa sob a forma de sanções sociais. Quando um fato põe em risco a
harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a adaptação e evolução da sociedade, estamos
diante de um acontecimento de caráter ruim e de uma sociedade doente, portanto, normal
é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma
determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da
população.

Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm
existência própria e independente daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular.
Embora todos possuam suas "consciências individuais", seus modos próprios de se
comportar e interpretar a vida, podem-se notar, no interior de qualquer grupo ou
sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base
do que Durkheim chamou consciência coletiva.

Émile Durkheim considera que a sociedade é mais do que a soma dos indivíduos que a
compõe: as consciências, sentimentos e ações, ao serem combinados e fundidos, fazem
nascer algo novo e externo àquelas consciências, dando origem a uma nova realidade, que é
a consciência da sociedade,

CONSCIÊNCIA COLETIVA

Durkheim criou o conceito de consciência individual e coletiva numa tentativa de


compreender como é possível os homens viverem em sociedade.
O sociólogo apresentou a sociedade, a partir das instituições sociais existentes, como
passível de ser explicada através dos factos sociais. Essa análise, feita a partir da perspetiva
industrial e institucional, é feita em “The Division of Labour in Society”, e procura responder
à questão do fundamento da criação de sociedade, e sobre aquilo que a sustenta. Mesmo
que o ser humano se revele, intrinsecamente, egoísta, existem normas, crenças e valores
que, juntas, se condensam numa consciência coletiva de suporte moral e ético ao
comportamento de cada um. Assim, esta entidade funciona como o grande pilar de uma
sociedade, reforçada pelas interações estabelecidas entre os vários seres humanos. Através
disto, os indivíduos tornam-se conscientes do seu papel como seres sociais, com a emoção a
ultrapassar as barreiras individualistas normalmente existentes. Esta vinculação cultural
permite que a interação social se torne o meio moral e normal através do qual a construção
de uma sociedade se dá.
“The Division of Labor in Society“
A nova sociedade trouxe uma maior individuação, com os próprios factos sociais a
refletirem a maior focalização em cada um. Assim, mais do que o coletivo, é o ser humano
que se torna o foco dos direitos e deveres, para além do centro de rituais públicos e
privados de uma dada sociedade, ultrapassando a religião
https://youtu.be/XGargZd9KkQ - mostramos o vídeo

"Ao se debruçar sobre o estudo da sociedade industrial do século XIX, Émile Durkheim
percebeu a importância de se compreender os fatores que explicariam a organização social,
isto é, compreender o que garantia a vida em sociedade e uma ligação (maior ou menor)
entre os homens. Chegou à conclusão de que os laços que prenderiam os indivíduos uns aos
outros nas mais diferentes sociedades seriam dados pela solidariedade social, sem a qual
não haveria uma vida social, sendo esta solidariedade do tipo mecânica ou orgânica."

A sociologia em linhas gerais é definida como a ciência da sociedade ou dos


fatos sociais, nesse contexto Durkheim realizou uma profunda análise com
relação ao suicídio, definindo-o como um fato social quando se trata de
diversos suicídios em uma determinada sociedade.
O suicídio é, segundo Durkheim, “todo o caso de morte que resulta, direta ou
indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, executado pela própria vítima,
e que ela sabia que deveria produzir esse resultado”.
Conforme o sociólogo, cada sociedade está predisposta a fornecer um
contingente determinado de mortes voluntárias, e o que interessa à sociologia
sobre o suicídio é a análise de todo o processo social, dos fatores sociais que
agem não sobre os indivíduos isolados, mas sobre o conjunto da sociedade.
Cada sociedade possui, a cada momento da sua história, uma atitude definida
em relação ao suicídio.
A obra “O suicídio” de Durkheim escrita em 1897 diz respeito a um assunto
considerado psicológico na condição de fenómeno social, a fim de provar que o
suicídio é um fato social, por meio de coerção exterior e independente do
indivíduo, inserida na sociedade.
Para analisar o suicídio, Durkheim abordou diversos conceitos desde meios
sociais, religiosos e políticos, buscou relacionar as taxas de suicídios e as
questões religiosas para encontrar alguns aspetos que possibilitem relacionar
elementos a fim de entender a diferença nas taxas de suicídios.
Segundo o sociólogo em questões religiosas, o homem suicidasse porque a
crença ou religião da qual integra perdeu o sentido.
Relata ainda que no protestantismo é mais elevado o índice de suicídios por
ser menos integradora, ou seja, quanto menos vínculo a outras pessoas, mais
propício fica o suicidio.
Em contrapartida, no Judaísmo o povo foi marcado por grandes perseguições,
portanto, não houve margem para um julgamento individual.
Para Durkheim outro elemento que pode gerar a prática de suicídio são as
crises económicas, de modo que, a crise contribui para a rutura do equilíbrio, e
quando a sociedade é perturbada por crises ou mudanças repentinas, os
indivíduos acabam não se ajustando e os valores das forças sociais e morais
permanecem indeterminados, acarretando sofrimento e por esse motivo o
suicídio.
Em linhas gerais Durkheim relata que as taxas de suicídio são maiores entre
solteiros, viúvos e divorciados, que o suicídio pode ser ainda sob a forma
altruísta, que ocorre quando os indivíduos se sentem oprimidos pela
sociedade, ou quando se sacrificam por um grande ideal, ou ainda o suicídio
anômico, quando há uma interação do indivíduo com as normas da sociedade,
e essas normas não correspondem com os objetivos de vida desse indivíduo.
Há três tipos de suicídio, segundo a etimologia de Émile Durkheim.

• Suicídio Egoísta: é aquele em que o ego individual se afirma demasiadamente


face ao ego social, ou seja, há uma individualização desmesurada. As relações
entre os indivíduos e a sociedade se afrouxam fazendo com que o indivíduo
não veja mais sentido na vida, não tenha mais razão para viver;

• Suicídio Altruísta: é aquele no qual o indivíduo sente-se no dever de fazê-lo


para se desembaraçar de uma vida insuportável. É aquele em que o ego não o
pertence, confunde-se com outra coisa que se situa fora de si mesmo, isto é,
em um dos grupos a que o indivíduo pertence. Temos como exemplo, os
muçulmanos que colidiram com o World Trade Center em Nova Iorque, em
2001.
• Suicídio Anómico: é aquele que ocorre em uma situação de anomia social, ou
seja, quando há ausência de regras na sociedade, gerando o caos, fazendo com
que a normalidade social não seja mantida. Em uma situação de crise
económica, por exemplo, na qual há uma completa desregulação das regras
normais da sociedade, certos indivíduos ficam em uma situação inferior a que
ocupavam anteriormente. Assim, há uma perda brusca de riquezas e poder,
fazendo com que, por isso mesmo, os índices desse tipo de suicídio aumentem.
É importante ressaltar que as taxas de suicídio anômico são maiores em países
ricos, pois os pobres conseguem lidar melhor com as situações de anomia
social.

Em suma, Durkeim foi um grande estudioso do tema e definiu alguns dos


entendimentos acerca do suicídio sob um foco sociológico que relaciona o
homem no interior da sociedade sob diferentes pressões, normas e contextos
culturais.

CONTRIBUÍTO PARA A SOCIEDADE

A principal função do professor é formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia


social

Você também pode gostar