Documento 125
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Documento 125
Durkheim parte da idéia fundamental de Comte de que a sociedade deve ser vista como
um organismo vivo. Também concordava com o pressuposto de que as sociedades apenas
se mantém coesas quando de alguma forma compartilham sentimentos e crenças comuns.
Alguns pontos que são fundamentais para compreender o pensamento de Durkheim, cuja
base assenta-se em alguns pressupostos ou noções fundamentais a serem detalhadas
adiante:
Podemos dizer que o método sociológico de Durkheim apresenta algumas idéias centrais,
que percorrem toda a extensão de sua visão sociológica. São elas:
Para Durkheim, estas concepções eram insuportáveis, pois eram deduções e não tinham
validade científica, eram crenças fundamentadas em concepções a respeito da natureza
humana. Durkheim acreditava que o conhecimento dos fatos sociológicos deve vir de
fora, da observação empírica dos fatos.
3) Os fatos sociais são uma realidade objetiva: ou seja, para Durkheim, os fatos
sociais possuem uma realidade objetiva e, portanto, são passíveis de observação
externa. Devem, desta forma, ser tratados como "coisas".
"O fato social é tudo o que se produz na e pela sociedade, ou ainda, aquilo que interessa e
afeta o grupo de alguma forma”.
Os fatos sociais, para Durkheim, existem fora e antes dos indivíduos (fora das
consciências individuais) e exercem uma força coercitiva sobre eles (ex. as crenças, as
maneiras de agir e de pensar existem antes dos indivíduos e condicionam coercitivamente
o seu comportamento).
Para Durkheim, a ciência deveria explicar, não prescrever remédios. Este, para ele, era o
problema da filosofia, ela tentava entender a natureza humana, pois aí, tudo o que
estivesse de acordo com esta natureza era considerado bom, e tudo o que não estivesse
era considerado ruim.
Para Durkheim, a observação dos fatos sociais deveria seguir algumas regras, tais como:
Para Durkheim, "é coisa tudo aquilo que é dado, e que se impõe à observação". Nem a
existência da natureza humana nem o sentido de progresso no tempo, como admitia
Comte por exemplo, fazia sentido, segundo Durkheim, dentro do método sociológico.
Eles são uma concepção do espírito. Durkheim, neste sentido, é essencialmente
objetivista, empirista e indutivista, ao contrário de Comte, o fundador da sociologia, que
era considerado por ele como subjetivista e filosófico.
D. E quarto, a sensação, base do método indutivo e empirista, pode ser subjetiva. Por isto,
deveria-se afastar todo o dado sensível que corra o risco de ser demasiado pessoal ao
observador.
A constituição destes tipos sociais, de suma importância para a sociologia uma vez que
Durkheim afirmava que a concepção de normal e patológico é relativa a cada tipo social,
deveria seguir um método: (a) estudar cada sociedade individualmente; (b) constituir
monografias exatas e detalhadas; (c) compará-las achando semelhanças e diferenças; (d)
classificar os povos em grupos, segundo estas semelhanças e diferenças.
Este seria, para Durkheim, um método somente admissível para uma ciência da
observação. O estudo e a representação destes tipos sociais foi descrita por ele como uma
área específica da sociologia, denominada Morfologia Social, numa clara alusão aos
estudos semelhantes na biologia.
"Mostrar como um fato é útil não explica como ele surgiu nem como ele é o que é" .
"Para explicar um fenômeno social é preciso pesquisar separadamente a causa eficiente
que ele produz e a função que ele cumpre" . Apesar disto, "para explicar um fato de
ordem vital não basta explicar a causa da qual ele depende, é preciso também ao menos
na maior parte dos casos, encontrar a parte que lhe cabe no estabelecimento desta
harmonia geral".
Para Durkheim, ao invés de buscar a causa dos fatos sociais nos fins ou na função que ele
desempenha, "a causa determinante de um fato social deve ser buscada entre os fatos
sociais antecedentes, e não entre os estados de consciências individuais". Por outro lado,
"a função de um fato social deve sempre ser buscada na relação que ele mantém com
algum fim social" .
Dado que do fato social primeiro deve se buscar as causas para depois explicar-lhe as
conseqüências (ou seja, não se pode deduzir a causa das sua conseqüência), deve-se Ter,
então, rigor científico na explicação causal. Assim, para Durkheim
"Só existe um meio de demonstrar que um fenômeno é causa de outro: comparar os casos
em que eles estão simultaneamente presentes ou ausentes e examinar se as variações que
apresentam nessas diferentes combinações de circunstâncias testemunham que um
depende do outro".
Ora, este é um método que advoga a observação e o estudo estatístico do fato e dos
fatores que hipoteticamente podem lhe ser causadores, para que se possa estabelecer
correlação entre eles. Para Durkheim, em razão da natureza dos fatos, os métodos
científicos que decorriam desta concepção dividiam-se em dois grupos: (a)
Experimentação, quando os fatos podem ser artificialmente produzidos pelo observador; e
(b) Experimentação Indireta ou Comparação quando os fatos se produzem
espontaneamente e não podem ser produzidos pelo observador.
Mas não basta estudar a correlação entre os fatos sociais; é preciso que haja uma
explicação racional vinculando-os. Assim,
"a concomitância (de dois fenômenos) pode ser devida não a um fenômeno ser a causa do
outro, mas a serem ambos efeitos de uma mesma causa, ou então por existir entre eles um
terceiro fenômeno, intercalado, mas despercebido, que é o efeito do primeiro e a causa do
segundo".
Para Durkheim, o seu método sociológico tinha três características básicas que o
distinguiam de seus antecessores na sociologia, como Comte e Spencer:
1. Ele é um método independente de toda a filosofia. Ou seja, ele não tem que ter uma
vinculação com qualquer visão filosófica ou ideológica do mundo. Ele não precisa
afirmar nem a liberdade nem o determinismo; a sociologia, assim, não será nem
individualista, nem comunista, nem socialista, no sentido que se dá vulgarmente a estas
palavras.
Sociabilidade
Segundo ele, o homem seria um animal bestial que só se tornou humano na medida
em que se tornou sociável.
Através da educação formal entramos em contato com ideias que nos darão o
sentimento de pertencimento ao grupo, seja ele uma igreja ou a uma pátria.
Desta forma, a vida na cidade e sob o capitalismo, retiraria do ser humano suas
referências identitárias para criar seres sem esperança. Somente com a construção
de uma escola laica e de valores morais seria possível superar este impasse.
Já a anomia, seria uma situação onde a sociedade ficaria sem regras claras, sem
valores e sem limites. Este cenário ocorre quando a sociedade se vê incapaz de
integrar determinados indivíduos que estão afastados devido ao abrandamento da
consciência coletiva.
A sociologia deve prezar pelo rigor para consolidar-se enquanto ciência. Assim sendo,
é necessário desfazer-se do conhecimento de senso comum e da tradição para poder
entender cientificamente as estruturas sociais que ordenam o mundo humano. Segundo
Durkheim:
“se existe uma ciência das sociedades, é de desejar que ela não consista simplesmente numa paráfrase dos
preconceitos tradicionais, mas nos faça ver as coisas de maneira diferente da sua aparência vulgar; de fato,
o objeto de qualquer ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões
herdadas.”
Ou seja, o sociólogo deve afastar-se o tanto quanto puder da sociedade sobre a qual está
a estabelecer o seu estudo. Somente assim é possível que o conhecimento obtido seja
cientificamente comprovável e confiável.
Assim, ao afastar-se do seu campo de análise por questões metodológicas, segundo Émile
Durkeim, deve-se observar os fatos sociais que moldam uma sociedade.
Émile Durkeim foi o primeiro sociólogo a definir o objeto da Sociologia, os referidos factos
sociais.
Assim, defende que factos sociais são modos de agir, de pensar e de sentir, que são
exteriores ao indivíduo, devendo ser tratados como coisas que se lhes impõe de fora. Sendo
estes exteriores aos individuos, são um produto social que se impõe à evidência- são
“coisas” que moldam a maneira de agir das pessoas, pela influência que exercem sobre elas.
“toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção
exterior; ou, ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma
existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”- Frase dele.
Durkheim afirmou a existência de três características fundamentais que caracterizariam
todos os fatos sociais, sem nenhuma exceção. São elas:
Exterioridade: esta característica explica que o fato social é externo ao indivíduo, ou seja,
acontece independentemente de sua própria vontade, como se a sociedade nos impusesse
tais modelos de comportamento.
Relatividade: os factos sociais devem são contextualizados no tempo e no espaço em que
ocorrem.
Coercitividade: essa característica explica que o fato social possui uma qualidade de
coerção, ou seja, de imposição. Assim, todos os factos sociais se impõe aos indivíduos e o
seu não cumprimento, ou seja todos os comportamentos que se afastem daquilo que é
esperado, que é “natural” implicam uma sanção sobre esse indivíduo.
Para além destes, a generalidade também pode ser considerada uma característica, uma vez
que, segundo Durkeim todos os factos sociais ocorrem em todas as sociedades de seres
humanos.
Nesse sentido, o fato social é verificado e não pode ser modificado pela ação individual, pois
há uma força exterior (a consciência coletiva) que o molda.
(Os factos sociais são maiores que qualquer consciência individual e eles criam o que o
sociólogo chamou de consciência coletiva.)
Por exemplo, a educação é um fenômeno sociológico que molda o indivíduo de acordo com
a consciência coletiva. O intuito da educação formal não é somente ensinar ao aluno as
ciências, mas também a cultura e as normas sociais esperadas de um indivíduo que vive em
determinada sociedade, a fim de que ele consiga integrar-se ao grupo social.
A educação, em si, é um fato social no sentido em que atua como processo da preparação
cultural dos indivíduos para a vida em sociedade e no sentido de que está presente, de
maneira hegemônica, no interior de uma sociedade e em todas as sociedades.
Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela
sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua
evolução. Assim, Durkheim afirma que o crime, por exemplo, é normal não só por ser
encontrado em qualquer sociedade, em qualquer época, como também por representar a
importância dos valores sociais que repudiam determinadas condutas como ilegais e as
condenam a penalidades. A generalidade de um fato social, isto é, sua unanimidade, é
garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade
coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de uma determinada questão.
Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm
existência própria e independente daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular.
Embora todos possuam suas "consciências individuais", seus modos próprios de se
comportar e interpretar a vida, podem-se notar, no interior de qualquer grupo ou
sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base
do que Durkheim chamou consciência coletiva.
Émile Durkheim considera que a sociedade é mais do que a soma dos indivíduos que a
compõe: as consciências, sentimentos e ações, ao serem combinados e fundidos, fazem
nascer algo novo e externo àquelas consciências, dando origem a uma nova realidade, que é
a consciência da sociedade,
CONSCIÊNCIA COLETIVA
"Ao se debruçar sobre o estudo da sociedade industrial do século XIX, Émile Durkheim
percebeu a importância de se compreender os fatores que explicariam a organização social,
isto é, compreender o que garantia a vida em sociedade e uma ligação (maior ou menor)
entre os homens. Chegou à conclusão de que os laços que prenderiam os indivíduos uns aos
outros nas mais diferentes sociedades seriam dados pela solidariedade social, sem a qual
não haveria uma vida social, sendo esta solidariedade do tipo mecânica ou orgânica."