Texto 6 - Maq Sincrona

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1 Máquinas síncronas

2.1 Principais tipos de máquinas de corrente alternada e sua classificação


2.1.1 Principais tipos de máquinas de corrente alternada
Existem dois tipos principais de máquinas rotativas de corrente alternada:
a) máquinas assíncronas;
b) máquinas síncronas.
a) Máquinas assíncronas. – As máquinas assíncronas dividem-se em:
 máquinas sem colector; e
 máquinas com colector.
Chama-se máquina assíncrona uma máquina cuja velocidade de rotação n a uma dada
frequência f depende da carga e na qual
f ≠ pn. (2.3)
Numa máquina assíncrona o campo magnético é gerado pela corrente alternada proveniente de
uma fonte de c.a.
b) Máquinas síncronas e assíncronas - são reversíveis e por esta razão tanto podem
funcionar como geradores, ou como motores.
Uma máquina síncrona utiliza-se sobretudo como gerador de c.a. nas centrais eléctricas mas
também tem larga utilização como motor (compensador síncrono), o que na realidade é um
motor síncrono a funcionar em vazio.
As máquinas assíncronas, ao contrário das máquinas síncronas, são comumente utilizadas
como motores.
Chama-se máquina síncrona uma máquina cuja velocidade de rotação n está ligada à
frequência da rede f pela relação:
f = pn (2.1)
ou

f
n= (2.2)
p
em que p é o número de pares de pólos.
O nome síncrono se deve ao facto de esta máquina operar com uma velocidade de rotação
constante sincronizada com a frequência da tensão eléctrica alternada aplicada aos terminais
da mesma, ou seja, devido ao movimento igual de rotação, entre o campo girante e o rotor é
chamado de máquina síncrona (sincronismo entre campo do estator e rotor).

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Uma máquina síncrona é excitada pela corrente contínua que alimenta o seu enrolamento de
excitação que provém de uma rede de corrente contínua ou duma máquina de c.c. especial
chamada excitatriz.

Fig. 2.1: Alternador monofásico na configuração de armadura estacionária e campo rotativo.

Fig.2.2: Máquina síncrona excitada pela corrente contínua.

As máquinas síncronas de pequena potência podem ser:


 de ímanes permanentes ou máquinas síncronas reactivas (sem enrolamento de
excitação).

2
Fig.2.3: Máquina síncrona de ímanes permanentes (síncronas reactivas).

2.1.2 Princípio de funcionamento de uma máquina síncrona


O princípio de funcionamento de uma máquina síncrona é o mesmo que o de uma máquina de
c.c. salvo num aspecto:
 uma máquina síncrona não tem necessidade de rectificar a f.e.m. variável no tempo,
que é induzida no enrolamento do induzido, para a transformar em f.e.m. contínua; e
 uma máquina síncrona não tem necessidade de colector.
A figura 2.4 (a) representa o esquema de um gerador bipolar de induzido em anel. Para o
transformar no esquema de um gerador trifásico síncrono na sua forma mais simples, escolher-
se sobre o anel do induzido três pontos a - b - c, separados cada um em relação ao outro de um
2
ângulo α = ; os 3 pontos são ligados aos três anéis fixos solidários com o veio, estes ligarão
3
à rede de c.a. através do sistema de escovas A1, B1, e C1 (as quais deslizam sobre os anéis) e
dos terminais A, B e C. Neste caso, temos sobre o induzido três enrolamentos de fase: a-x, b-y
e c-z ligados em triângulo.

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Fig.2.4: Esquema base de um alternador síncrono trifásico.
Quando o induzido gira num campo magnético, os enrolamentos a-x, b-y e c-z são a sede das
f.e.m. EA, EB e EC de frequência f = pn e deslizados cada uma em relação à outra de um ângulo
2
α= , Fig. 2.4 (b). Se a carga se reparte uniformemente na rede, a máquina produz um
3
sistema simétrico de correntes trifásicas IA, IB e IC.
No caso de a corrente no enrolamento de uma fase estar desfasada em relação à f.e.m. gerada
neste enrolamento de um certo ângulo φ determinado pela natureza da carga. Pode mostrar-se
que este sistema de correntes gera um campo magnético cuja onda fundamental gira em relação
1
ao induzido à velocidade n = no sentido oposto ao sentido de rotação do induzido.
p
Resulta do exposto acima que este campo fica imóvel em relação ao dos pólos e numa interação
constante com este último; é este o princípio de funcionamento de uma máquina síncrona. No
caso considerado a energia mecânica fornecida à máquina é transformada em energia eléctrica,
isto é, a máquina funciona como gerador síncrono. Mas ela pode também funcionar como
motor síncrono se se fornecer através das escovas A1, B1 e C1 a energia da rede sob a forma de
corrente trifásica.
No caso geral, pode realizar-se um sistema de m fases, se numa máquina bipolar escolhermos
m pontos repartidos de maneira uniforme sobre o anel de induzido (φ = 2  /m) e se os ligarmos
a uma rede de c.a. por intermédio de m anéis solidários com o veio e m escovas deslizando
sobre estes anéis.
2.1.3 Principais tipos de máquinas sincronas sob o ponto de vista construtivo
A disposição dos principais elementos de uma máquina síncrona como a da Fig.2.4 (pólos fixos
e induzido girante) não é racional salvo nas máquinas de muito pequena potência. Não convém
para as máquinas de média e grande potência porque as máquinas síncronas modernas são

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construídas para tensões que ultrassam os 24 kV e correntes de milhares de ampères; nestas
condições o sistema de anéis-escovas colectoras não oferece segurança.
A experiência acumulada desde longa data na fabricação e exploração das máquinas síncronas
mostra que o sistema mais económico e mais cómodo é aquele em que a disposição dos
principais elementos de máquina é inversa da que indicamos na Fig.2.4.

Fig.2.5: Corte longitudinal de um turbo-alternador arrefecido a ar.


Legenda da Fig.2.5:
1- Carcaça; 2 – núcleo do estator; 3 – blindagem; 4 – dispositivo para elevação do estator; 5 –
conduta anti-fogo; 6 – enrolamento estatórico; 7 – agulha de pressão do estator; 8 – blindagem
lateral; 9 – flange interior; 10 – flange do ventilador; 11 – retentor; 12 e 13 – porta-escovas; 14
– escova; 15 – chumaceira; 16 – casquilho; 17 – deflector do óleo; 18 – porta deflector do óleo
do lado da turbina; 19 – placa de apoio; 20 – rotor; 21 – terminais; 22 – excitatriz.
Os pólos excitados pela c.c. são colocados na parte rotativa da máquina, o rotor, e o
enrolamento do induzido (percorrido pela c.a.) está colocado sobre a parte fixa, o estator. Por
esta razão o nosso estudo recairá sobretudo sobre este tipo de máquina.
Do ponto de vista construtivo distinguem-se dois tipos principais de máquinas síncronas:
a) Máquinas de rotor ranhurado (ver Fig.2.6);

b) Máquinas de rotor de pólos salientes (ver Fig. 2.7 e 2.8)

Fig.2.6: Alternador trifásico de 2 pólos com estator de pólos salientes (campo) e rotor
ranhurado (armadura)

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Fig.2.7: Rotor de um alternador hidráulico horizontal de 80 000 KVA, 428 r.p.m. da central
de Malgovert (França).

Fig.2.8 Alternador monofásico ou trifásico de 4 pólos com estator ranhurado (armadura) rotor
de pólos salientes (campo).

A execução de uma máquina síncrona está sobretudo ligada à sua velocidade de rotação, n.
Para uma frequência dada, a velocidade de rotação máxima é a das máquinas de número de
pares de pólos p = 1 e p = 2; para f = 50 Hz temos no primeiro caso n = 50 r.p.s. = 3000
r.p.m. e no segundo caso n = 25 r.p.s. = 1500 r.p.m. Para estas máquinas, quando de grande
potência, a velocidade periférica do rotor é de tal maneira grande (ver quadro 2.1) que por
razões de resistência mecânica deste e melhor repartição e fixação do enrolamento de
excitação, os construtores são obrigados a distribuir este último sobre toda a superfície do
rotor, isto é construir uma máquina de rotor ranhurado. Se p ≥ 3, a velocidade periférica do
rotor diminui e as máquinas síncronas podem ser de pólos salientes, de construção mais
simples.
Tabela 2.1: Características principais de alguns turbo-alternadores trifásicos.
P(MW) f(Hz) U(kV) cosφ 2p n (rot/mn)  (m/s)
12 50 6,3 0,8 2 3000 144
25 50 6,6 0,8 2 3000 136,5
60 50 10,5 0,8 2 3000 146
100 50 10,5 0,85 2 3000 157
125 50 15,5 0,8 2 3000 160
165 50 18 0,85 2 3000 157
200 50 15,5 0,85 2 3000 169
200 50 16,5 0,9 2 3000 159,5
250 50 24 0,8 2 3000 165
300 50 18,5 0,85 2 3000 171

6
300 50 20 0,85 2 3000 169
500 50 20 0,85 2 3000 177
500 50 22 0,85 2 3000 179,5
600 50 20 0,9 2 3000 185
50 50 10,5 0,9 4 1500 133,5
100 50 15,75 0,85 4 1500 152
208 50 18 0,8 2 3600 187

Os alternadores síncronos são accionados na maior parte das vezes por:

 turbinas a vapor (turbo-alternadores); e


 hidráulicas (alternadores hidráulicos).
No primeiro caso chamam-se turbo-alternadores e no segundo alternadores hidráulicos.
As turbinas a vapor são máquinas rápidas e por esta razão os turbo-alternadores são de rotor
ranhurado; e
No segundo caso chamam-se alternadores hidráulicos, accionados por turbinas hidráulicas
mais lentas, são de rotor de pólos salientes.
Exemplos de alternadores de pólos salientes:

 alternadores accionados por motores de combustão interna; e


 motores síncronos (compensadores síncronos).
Se houver necessidade de motores síncronos de grande velocidade (por exemplo para
accionar compressores), estes são construídos como os alternadores bipolares de rotor
ranhurado.
2.1.4 Construção de máquinas síncronas de rotor ranhurado
Examinemos a construção destas máquinas tomando como exemplo os turbo-alternadores.
Actualmente, quase todos os turbo-alternadores são bipolares porque o aumento de
velocidade das turbinas a vapor não só melhora o seu rendimento como diminui as suas
dimensões (assim como do alternador) diminuindo o seu preço de fabrico.
As forças centrífugas que se desenvolvem a estas velocidades criam em certas partes do rotor
grandes tensões mecânicas. Por esta razão nos turbo-alternadores modernos o rotor é
maciço (Fig.2.9).

Fig.2.9: Partes constructivas de um rotor para um turbo-gerador trifásico de 1333 MVA, 4


pólos, 1800 r.p.m. As diversas partes são feitas em material maciço.

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Obtém-se a partir de um bloco de aço forjado por meio de tratamento térmico seguido de
acabamento oficinal. Em grandes máquinas utiliza-se o crom-níquel molibedénio com uma
resistência à roptura de cerca 80 kg/mm2, um limite de elasticidade de 55 a 60 kg/mm2 e um
alongamento de cerca de 20%. No sentido axial pratica-se um furo central sobre todo o
comprimento do rotor que permite estudar o material na zona central do veio e elimina as
contracções internas perigosas.
No rotor são feitas ranhuras à fresca, nas quais é alojado o enrolamento de excitação. Há a
distinguir rotores de:
a) Ranhuras radiais; e
b) Ranhuras paralelas.

Na Fig. 2.10 (a e b)) estão indicados os dois tipos de ranhuras de um turbo-alternador.

Fig.2.10: Ranhuras no rotor de um turbo-alternador, (a) radiaias e (b) paralelas.

Cerca de um terço do intervalo polar fica livre de ranhuras e forma o grande dente pelo qual
passa a maior parte do fluxo magnético do alternador.
Dadas as grandes velocidades verificadas na periferia do rotor, fixam-se os enrolamentos
rotóricos nas ranhuras por meio de cunhas metálicas.

Fig.2.11: Cunhas de ranhuras rotóricas.

Fig.2.12: Dente, ranhura e tela de protecção dos condutores.

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As cunhas podem ser fabricadas de:
 bambu;
 madeira semi-dura, sem nós, com comprimentos de 5 a 10 mm maiores que os das
ranhuras;
 aço não magnético; e
 ligas não magnéticas.

A excitação da máquina é geralmente fornecida por uma excitatriz colocada sobre o veio do
turbo-alternador (Fig. 2.5).
O estator de um turbo-alternador compreende uma parte activa, isto é um núcleo
comportando o enrolamento estatórico, e uma carcassa com as guias destinadas a fixar o ferro
e a criar um sistema de canais e de câmaras de ventilação.
O núcleo do estator dos turb-alternadores é feito de chapas de uma liga de aço de 0,5 mm e
de 0,35 mm de espessura. As chapas são isoladas dos dois lados por um verniz especial.
No sentido axial, o ferro do estator é formado por empilhamentos de 3 e 6 cm de espessura
separados por canais de ventilação de 5 a 10 mm de largura (Fig. 2.5). Para dar rigidez ao
sistema, o ferro é compromido dos dois lados de cada empilhamento por meio de placas de
aperto em ferro fundido não magnético ou em aço não magnético.
Os problemas de ventilação dos turbo-alternadores são de grande importância. As dificuldades
são devidas ao comprimento da máquina e ao pequeno diâmetro do rotor. Existem métodos
especiais de ventilação somente para os turbo-alternadores que têm sido postos em pratica:

2.1.5 Construcão de máquina sincronas de pólos salientes


As máquinas de pólos salientes são geralmente de eixo horizontal, a maior parte dos motores
síncronos, todos os compensadores sincronos e os alternadores destinados a serem accionados
por motores de combustão interna e em certos casos os alternadores hidráulicos com uma
velocidade de rotação relativamente grande (200 r.p.m e mais) são de eixo horizontal.
Os alternadores potentes de fraca velocidade de rotação instalados nas centrais hidráulicas de
queda baixa são de eixo vertical ligado por uma flange com o veio da turbina situada por baixo
do alternador.
Os motores destinados a accionar bombas de água de grande potência são igualmente de eixo
vertical.
Sob o ponto de vista construtivo, as máquinas síncronas de pólos salientes diferem bastante das
de rotor ranhurado. Assim, num turbo-alternador de grande potência, o comprimento l do rotor
é cerca de seis vezes o diámetro interior da máquina, enquanto que os alternadores hidráulicas
l
de fraca velocidade podem ter um diâmetro de 15 m com uma relação = 0,15 a 0,20.
D1

Entre as máquinas síncronas de pólos salientes mais importantes, citaremos os alternadores


hidráulicos de eixo vertical.

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2.1.5 Máquinas de alta frequência e máquinas síncronas especiais
As máquinas monofásicas de 500 a 1500 Hz cuja potência atinge algumas centenas de kW são
actualmente utilizadas para a alimentação de fornos de indução destinados à fusão de metais,
à têmpera do aço e ao aquecimento do metal antes da forjagem ou estampagem.
Nessas máquinas a f.e.m de alta frequência é obtida pela pulsação do fluxo magnético
provocada pelo deslocamento relativo dos dentes estatóricos e rotóricos. O enrolamento de
c.a. e o enrolamento de excitação alimentado em c.c, são colocados ambos sobre o estator,
o rotor não comporta qualquer enrolamento. Para que nenhuma f.e.m de alta frequência seja
induzida no enrolamento de excitação, tomam-se precauções no sentido de manter constante o
fluxo que atravessa este enrolamento mesmo com o rotor em movimento. Para fabricar as
componentes do circuito magnético de campo magnético pulsatório, utilizam-se chapas de aço
magnético de 0,2 ou 0,3 mm de espessura.
A Fig.2.13 representa um alternador de alta frequência (tipo indutor telefónico) com um
enrolamento de excitação em anel situado entre dois empilhamentos de chapas do estator. O
rotor de máquina é de construção maciça em aço com ranhuras fresadas ao longo do eixo. O
número de ranhuras Z no rotor e no estator é igual. O sentido das linhas do campo de excitação
está indicado pelas setas na Fig.2.13. Quando os dentes do rotor se deslocam em direcção e em
relação ao estator, o fluxo nos dentes do estator se deslocam em relação ao estator, o fluxo nos
dentes do estator pulsa a uma frequência f e uma f.e.m. da mesma frequência é induzida nas
bobinas estatóricas. Os dentes de um bloco do estator estão deslocados em relação aos dentes
do outro bloco em metade.

Fig.2.13: Alternador de altas frequênicas de ferro girante.


do passo de ranhura. Resulta daqui que o valor do fluxo total não varia e assim nenhuma f.e.m.
é induzida no circuito de excitação.
Modernamente voltaram a usar-se de novo máquinas síncronas de pólos em forma de garra,
nas quais o enrolamento de excitação, percorrido por c.c. está colocado sobre o estator.

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2.2 Reacção do induzido de uma máquina síncrona com carga equilibrada

2.2.1 Fenómeno da reacção do induzido num alternador síncrono polifásico com carga
equilibrada

Examinemos agora a reacção do induzido num alternador síncrono e a sua influência sobre o
campo de excitação, estudando os fenómenos que aí têm lugar no aspecto físico.
A corrente no enrolamento estatórico de uma máquina síncrona cria uma F.M.M. cuja onda
fundamental, chamada F.M.M. de reacção gira em sincronismo com o rotor. A força magneto-
motriz de reacção do induzido actua sobre a F.M.M. gerada pelo enrolamento de excitação e
pode reforçar ou enfraquecer o campo de excitação da máquina assim como deformá-lo.

Num alternador síncrono, o desfasamento da corrente estatórica I em relação à f.e.m. E 0


induzida no enrolamento estatórico pelo fluxo do enrolamento de excitação pode estar
 
compreendido entre     em que  é o ângulo de desfasamento no tempo entre a
2 2
corrente estatórica I e a f.e.m. E 0 . Examinemos agora os casos extremos em que   0,
 
  ,e  .
2 2
Na Fig 2.14 (a) está representada a distribuição das correntes estatóricas e dos fluxos de um
alternador síncrono, para   0 . O rotor gira no sentido dos ponteiros do relógio. O máximo
da onda fundamental do campo de excitação encontrar-se-á agora em frente do meio dos pólos
e nesses mesmos pontos encontrar-se-ão os condutores em que a f.e.m. induzida é máxima;
para   0 , estes condutores serão também aqueles onde circula o valor máximo da corrente,
como se mostra na Fig 2.14(a).
Na Fig. 2.14(b) está representada a disposição relativa da onda fundamental do campo de
excitação (curva 2) e da onda fundamental de reacção do induzido (curva 1). Neste caso, a
F.M.M. de reacção do induzido, como numa máquina de c.c quando as escovas se encontram
na linha neutra, é dirigido perpendicularmente à F.M.M. dos pólos.

Na Fig 2.14: Campo de reacção do induzido para  = 0.

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Isto provoca uma deformação da curva do campo e uma distribuição assimétrica da indução
sob a expansão polar. A indução sob a garra de saída da expansão polar aumenta um pouco
mas diminui sob a garra de entrada.
O eixo do campo resultante (curva 3) é deslocado sob a acção da F.M.M. de reacção do
induzido do alternador no sentido oposto ao sentido de rotação do rotor, o que corresponde ao
deslocamento no sentido de rotação do campo do induzido numa máquina de corrente contínua.


A Fig 2.15 (a) representa a distribuição das correntes e dos fluxos para    quer dizer,
2
para uma corrente I puramente indutiva da carga em relação à f.e.m. E 0 . Neste caso, o
máximo da corrente será deslocado no espaço em relação ao máximo das f.e.m. (que coincide

com o meio dos pólos) de um ângulo no sentido contrário ao sentido de rotação porque a
2
onda fundamental de reacção do induzido gira em sincronismo com os pólos de excitação e

para    a onda da corrente está desfasada em atraso em relação à onda da f.e.m. de um
2

ângulo    .
2


Na Fig 2.15: Campo de reacção do induzido para  
.
2
O campo gerado pela F.M.M. de reacção do induzido será oposto ao fluxo de excitação dos
pólos e por essa razão agirá sobre estes últimos como acção desmagnetizante.

A Fig 2.16(a) representa a distribuição das correntes e dos fluxos para    , isto é, para
2
uma corrente de carga I puramente capacitiva em relação à f.e.m. E 0 . Neste caso, o máximo
das correntes estará deslocado à direita em relação ao máximo das f.e.m. que se encontra
sempre sob o meio dos pólos e por esta razão a reacção do induzido terá uma acção
magnetizante sobre o campo de excitação.

12

Fig 2.16: Campo de reacção do induzido para    .
2

Para os valores intermediários de  , por exemplo para 0   



, isto é para uma carga
2
indutiva mista Fig 2.17, podemos decompor a onda sinusoidal do harmónico fundamental da
F.M.M. de reacção do induzido em duas componentes de amplitudes respectivamente de
Fa cos e Fa sen , cuja soma geométrica é igual à amplitude da F.M.M. da reacção do
induzido Fa .


Fig 2.17: Campo de reacção do induzido para 0   
.
2
O valor Fa  F1 é agora determinada pela igualdade da amplitude da onda fundamental da
F.M.M. (F1), com:

m 2 wk b1 mwk b1
F1  . I  0,45 I. (2.4)
 p p

onde:
m = número de fases;
w = número de espiras de uma fase ligadas em série ou número de espiras de um ramo
e para I a corrente total da fase;
kb1 = factor de bobinagem resultante para o harmónico fundamental.

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m 2 wk b1
Fa   I (2.5)
 p
A componente
Faq  Fa cos (2.6)

criará uma reacção de induzido transversal análoga à Fig 2.14 e a componente

Fad  Fa sen (2.7)

criará uma componente longitudinal da reacção do induzido desmagnetizante analogamente



ao que se mostra na Fig 2.15. Da mesma maneira, quando 0     a F.M.M. de reacção
2
do induzido Fa é também composto em duas componentes:

Faq  Fa cos ; e

Fad  Fa sen

sendo a primeira a componente transversal e a segunda a componente longitudinal que vai


reforçar o campo de excitação analogamente ao apresentado na Fig 2.16. Na Fig 2.17(b) a
componente transversal da F.M.M. de amplitude Faq é representada pela curva 3 e a
componente longitudinal de amplitude Fad é representada pela curva 1.

A soma geométrica das ondas fundamentais das F.M.M. do enrolamento do induzido e do


enrolamento de excitação constitui numa máquina síncrona a F.M.M. que cria o fluxo
magnético resultante.
Para traçar os diagramas vectoriais das f.e.m. e das F.M.M. é preciso conhecer o valor da
F.M.M. de reacção do induzido que é equivalente a um certo valor da F.M.M. de excitação. O
conhecimento desta relação permite utilizar a característica de vazio, marcando no eixo das
abcissas a F.M.M., ou a corrente no enrolamento de excitação que lhe é proporcional, para
determinar a influência da F.M.M. de reacção do induzido. Quando se representa a F.M.M. de
reacção do induzido à mesma escala da F.M.M. de excitação é preciso distinguir os casos de
uma máquina de rotor ranhurado ou de uma máquina de pólos salientes.

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