Captulo 7 - Parte 1

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CAPÍTULO 7

AMPLIFICADORES DE
POTÊNCIA CLASSES A E B
Sumário
• 7.1. Reta de carga ca de um amplificador em emissor comum
• 7.2. Operação do amplificador classe A
• 7.3. Operação do amplificador classe B
• 7.4. Potência do amplificador classe B
• 7.5. Circuito acionador do amplificador classe B
• 7.6. Outros amplificadores classe B
• 7.7. Operação de amplificadores classe AB
• 7.8. Cálculo térmico e especificação de dissipadores
Amplificadores de Potência
Introdução
Na maioria das aplicações de sistemas eletrônicos,
o sinal de entrada é baixo. Após vários estágios de
ganho de tensão, o sinal torna-se maior e usa a reta de
carga total. Neste último estágio de um sistema, as
correntes no coletor são muito maiores porque as
impedâncias da carga são menores. Um amplificador
estéreo para alto-falantes, por exemplo, pode ter uma
impedância de 8 Ω ou menos.
Amplificadores de Potência
Introdução
Os transistores de pequeno sinal têm uma faixa de
potência de menos de 1 W, enquanto os transistores de
potência estão na faixa de mais de 1 W. Os transistores de
pequeno sinal são usados tipicamente no início dos sistemas,
em que o sinal de potência é baixo, enquanto os transistores de
potência são usados mais para o fim dos sistemas, pois os
sinais de potência são altos.
Classificação dos amplificadores

Existem diferentes modos para descrever os


amplificadores. Por exemplo, podemos descrevê-los por
sua classe de operação, por seu acoplamento entre os
estágios ou por sua faixa de frequência.
Classes de operação
A operação classe A de um amplificador significa que o
transistor funciona na região ativa o tempo todo. Isso implica que
a corrente no coletor circula pelos 360º do ciclo CA, como mostra
a Figura 7.1. Com um amplificador classe A o projetista tenta
geralmente situar o ponto Q em algum ponto próximo da metade
da reta de carga. Desse modo, o sinal pode movimentar-se
livremente por toda a faixa máxima possível de modo que o
transistor não entre em saturação ou em corte, o que distorceria
o sinal.

Figura 7.1 – Corrente de coletor de um amplificador classe A.


A operação classe B é diferente. Ela significa que a corrente
no coletor circula por apenas a metade do ciclo (180o), como mostra
a Figura 7.2. Para se obter esse tipo de operação, o projetista situa o
ponto Q no corte. Portanto, apenas o semiciclo positivo da tensão
CA na base pode produzir uma corrente no coletor. Isso reduz o
calor perdido nos transistores de potência.

Figura 7.2 – Corrente de coletor de um amplificador classe B.


A operação classe C significa que a corrente no coletor
circula por menos que 180º do ciclo CA como mostra a Figura 7.3.
Com a operação classe C, apenas parte do semiciclo positivo da
tensão CA na base produz corrente no coletor. Isso resulta breves
pulsos de corrente no coletor como na Figura 7.3.

Figura 7.3 – Corrente de coletor de um amplificador classe C.


Tipos de acoplamento
A Figura 7.4a mostra um acoplamento capacitivo. O capacitor de
acoplamento transmite a tensão CA amplificada para o próximo estágio. A
Figura 7.4b ilustra um transformador de acoplamento. Aqui a tensão CA é
acoplada pelo transformador para o próximo estágio. Acoplamento
capacitivo e transformador de acoplamento são dois exemplos de
acoplamento CA, que bloqueiam a tensão CC. O acoplamento direto é
diferente. Na Figura 7.4c existe uma conexão direta entre o coletor do
primeiro transistor e a base do segundo. Por isso, as duas tensões CC e CA
são acopladas. Como não existe limite de baixa frequência, o amplificador
com acoplamento direto é também chamado de amplificador CC.
Figura 7.4 - Tipos de acoplamento: (a) capacitivo; (b) com transformador; (c) direto.
7.1. Reta de carga ca de um amplificador em emissor comum

Duas retas de carga

Todo amplificador tem um circuito equivalente CC e


um circuito equivalente CA. Por isso, ele tem duas retas de
carga: a reta de carga CC e a reta de carga CA. Para
operação em pequeno sinal, o posicionamento do ponto Q
não é crítico. Mas para amplificador de grande sinal, o ponto
Q deve ficar situado na metade da reta de carga CA para se
obter o maior alcance possível na saída.
7.1. Reta de carga ca de um amplificador em emissor comum
Reta de carga CC
A Figura 7.5a é um amplificador baseado no divisor de tensão (BDT). Um
modo de movimentar o ponto Q é variando o valor de R2. Para valores R2,
muito altos de o transistor vai para saturação e sua corrente é de:

(7.1)

Figura 7.5 - (a) Amplificador BDT; (b) reta de carga CC


7.1. Reta de carga ca de um amplificador em emissor comum

Valores muito baixos de R2 levam o transistor para o corte


e suas tensões são dadas por:

(7.2)

A Figura 7.5b mostra a reta de carga CC com o ponto Q.


7.1. Reta de carga ca de um amplificador em emissor comum
Reta de carga CA
A Figura 7.5c é o circuito equivalente CA para o amplificador
BDT. Com o emissor aterrado para CA, RE não tem efeito sobre a
operação CA. Além disto, a resistência CA do coletor é menor que
a resistência CC do coletor. Portanto, quando é aplicado um sinal
CA, o ponto de operação instantaneamente move ao longo da reta
de carga CA na Figura 7.5d. Em outras palavras, a corrente
senoidal de pico a pico e a tensão são determinadas pela reta de
carga CA.
Como mostra a Figura 7.5d, os pontos de saturação e corte sobre a
reta de carga CA não difere dos pontos da reta de carga CC. Pelo fato de as
resistências CA do coletor e do emissor serem menores que sua respectiva
resistência CC, a reta de carga CA é mais inclinada. É importante observar
que as retas de carga CC e CA se interceptam no ponto Q. Isso acontece
quando a tensão de entrada CA passa pelo zero.

Figura 7.5 - (c) circuito equivalente CA; (d) reta de carga CA.
Aqui está como determinar os pontos da reta de carga CA.
Escrevendo uma malha tensão do coletor obtemos:

(7.3)
Quando substituímos essas expressões na Equação
(7.3) e rearranjamos, chegamos em:

(7.4)

Essa é a equação da reta de carga CA. Quando o


transistor vai para a saturação, VCE é zero e a Equação (7.4)
nos fornece:
(7.5)

(7.6)
Pelo fato de a inclinação da reta de carga CA ser maior que a
inclinação da reta de carga CC, o valor máximo de pico a pico (MPP) na
saída é sempre menor que a tensão da fonte. Como uma fórmula:

(7.7)

Por exemplo, se a tensão da fonte for de 10 V, a tensão senoidal


máxima de pico a pico na saída será menor que 10 V.
Ceifamento de um grande sinal
Quando o ponto Q está na metade da reta de carga CC (Figura
7.5d), o sinal CA não pode usar toda a reta de carga CA sem que
ocorra um ceifamento. Por exemplo, se o sinal CA aumentar,
obteremos um ceifamento pelo corte mostrado na Figura 7.6a.
Se o ponto Q se mover acima do mostrado na Figura 7.6b, um sinal maior
levará o transistor para a saturação. Nesse caso, obteremos o ceifamento
por saturação. Os dois ceifamentos pelo corte e pela saturação são
indesejáveis por que eles distorcem o sinal. Quando um sinal distorcido
como este aciona um alto-falante, o som emitido é horrível.
Um amplificador de grande sinal bem projetado tem o ponto Q
na metade da reta de carga CA (Figura 7.6c). Neste caso, obtemos o
valor máximo pico a pico não ceifado na saída. A tensão CA máxima
pico a pico não ceifada na saída é também chamada de compliance
de saída CA.
Figura 7.6 - (a) Ceifamento no corte; (b) ceifamento na saturação; (c) ponto Q ótimo.
Saída máxima
Quando o ponto Q está abaixo do centro na reta de carga, a
tensão máxima de pico (mp) na saída é ICQrc como mostrado na Figura
7.7a. Por outro lado, se o ponto Q está acima do centro da reta de
carga CA, o pico máximo na saída é VCEQ, conforme mostrado na
Figura 7.7b.

(7.8)

(7.9)

As Equações (7.8) e (7.9) são úteis na verificação de defeitos para


determinar o maior valor possível na saída sem ceifamento.
Figura 7.7 O ponto Q no centro da reta de carga CA.
Quando o ponto Q está na reta de carga CA:

(7.10)

Um projetista tenta satisfazer esta condição o mais próximo


possível, levando em consideração a tolerância dos resistores de
polarização. A resistência do emissor no circuito pode ser ajustada para
encontrar o ponto Q ótimo. A fórmula que pode ser derivada para a
resistência ótima do emissor é:

(7.11)
Exemplo 7.1
Quais são os valores de ICQ, VCEQ e rC na Figura 7.8

Figura 7.8 Exemplo


Solução
Exemplo 7.2
Determine os pontos de saturação e corte da reta de carga CA na
Figura 7.8. Calcule também a tensão máxima de pico a pico na saída.

SOLUÇÃO
Com base no Exemplo 7.1, o ponto Q do transistor é
7.2. Operação do amplificador classe A
O amplificador PDT na Figura 7.9 é um amplificador classe A
enquanto o sinal de saída não for ceifado. Com este tipo de
amplificador a corrente no coletor circula por todo o ciclo. Dito de
outro modo, não há ceifamento no sinal de saída em momento
algum durante o ciclo. Agora vamos ver algumas equações úteis na
análise dos amplificadores classe A.

Figura 7.9 – Amplificador Classe A.


7.2. Operação do amplificador classe A
Ganho de potência
Além do ganho de tensão, qualquer amplificador tem um
ganho de potência, definido como

(7.12)

Em outras palavras, o ganho de potência é igual à potência CA


na saída dividida pela potência CA na entrada.
Por exemplo, se o amplificador na Figura 7.9 tiver uma
potência na saída de 10 mW e uma potência na entrada de 10 µW,
ele tem um ganho de potência de:

(7.13)
7.2. Operação do amplificador classe A
Potência de saída
Se medirmos a tensão na saída da Figura 7.9 em volts rms, a
potência na saída é dada por:

(7.14)

Geralmente, medimos a tensão na saída em volts pico a pico


com um osciloscópio. Nesse caso, uma equação mais conveniente
para ser usada no cálculo da potência de saída é:

(7.15)
7.2. Operação do amplificador classe A
A potência máxima na saída ocorre quando o amplificador está
produzindo a tensão máxima de pico a pico na saída, como mostra a
Figura 7.10. Nesse caso, vpp é igual à tensão máxima pico a pico na
saída e a potência máxima na saída é:

(7.16)

Figura 7.10 – Amplificador Classe A.


7.2. Operação do amplificador classe A
Dissipação de potência no transistor
Dissipação de potência no transistor. Quando não há sinal
acionando o amplificador da Figura 7.9, a dissipação de potência
quiescente é:
(7.17)

Isso faz sentido. Essa equação informa que a dissipação de


potência quiescente é igual à tensão CC multiplicada pela corrente
CC. Quando um sinal está presente, a dissipação de potência de
um transistor diminui, pois o transistor converte parte da potência
quiescente para a potência do sinal. Por essa razão, a dissipação
de potência quiescente é o pior caso. Portanto, a potência nominal
de um transistor em um amplificador classe A deve ser maior que
PDQ; caso contrário, o transistor será danificado.
7.2. Operação do amplificador classe A
Dreno de corrente
Conforme mostra a Figura 7.9, a fonte de tensão CC
tem de fornecer uma corrente CC Icc para o amplificador. A
corrente CC tem duas componentes: a corrente de
polarização do divisor de tensão e a corrente no coletor do
transistor. A corrente CC é chamada de dreno de corrente do
estágio. Se você tiver um amplificador com múltiplos
estágios, deve adicionar os drenos de correntes individuais
para obter o dreno de corrente total.
7.2. Operação do amplificador classe A
Eficiência
A potência CC fornecida para um amplificador pela fonte CC é:

(7.18)

Para comparar o projeto de amplificadores de potência,


podemos usar a eficiência, definida por:

(7.19)

Essa equação informa que a eficiência é igual à potência CA


de saída dividida pela potência CC de entrada.
A eficiência de qualquer amplificador é entre 0 e 100%. A eficiência nos
fornece um meio de comparar dois projetos diferentes porque ela indica o melhor
aproveitamento de um amplificador em converter a potência CC de entrada em
potência CA de saída. Quanto maior a eficiência, melhor o amplificador em
converter a potência CC em potência CA. Isso é importante para os
equipamentos que operam com bateria porque alta eficiência significa que as
baterias têm mais autonomia. Como todos os resistores exceto o resistor de
carga perdem potência, a eficiência é menor que 100% num amplificador classe
A. Na realidade, pode ser mostrado que a eficiência máxima de um amplificador
classe A com uma resistência CC no coletor e uma resistência de carga
separada é de 25%. Em algumas aplicações, a baixa eficiência de um classe A é
inaceitável. Por exemplo, o estágio de baixo sinal próximo do início de um
sistema geralmente trabalha bem com baixa eficiência por que a potência CC de
entrada é baixa. De fato, se o estágio final de um sistema necessita fornecer
apenas algumas centenas de miliwatts, o dreno de corrente da fonte de
alimentação pode ainda ser baixo suficiente para ser aceito. Mas quando o
estágio final necessita fornecer potência na faixa de watts, o dreno de corrente
geralmente torna-se muito alto com uma operação classe A.
Exemplo 7.3
Se a tensão pico a pico de saída for de 18 V e a impedância de
entrada da base for de 100 Ω, qual é o ganho de potência na Figura 7.10?

Figura 7.10 – Circuito do Exemplo 7.3.


Solução

Conforme mostra a Figura 7.11.

Figura 7.11 – Fontes CC em curto e


capacitores de desvio e acoplamento de
saída abertos.
Exemplo 7.4
Qual é a potência dissipada pelo transistor e a eficiência na Figura 7.10?

Figura 7.10 – Circuito do Exemplo 7.3 e 7.4.


Exemplo 7.5
Descreva o funcionamento do circuito na Figura 7.11.

Figura 7.11 – Amplificador de potência classe A.


7.11

7.11
Amplificador de potência com seguidor de emissor
Quando um seguidor de emissor é usado com amplificador de
potência classe A no final de um sistema, um projetista geralmente
posicionará o ponto Q no centro da reta de carga CA para obter o valor
máximo de pico a pico (MPP) na saída.

Figura 7.12 – Amplificador seguidor de


emissor.
(a) (c)

Figura 7.13 - Retas de carga CC e CA.


(b)
Na Figura 7.13a, um aumento no valor de R2 irá saturar o
transistor, produzindo uma corrente de saturação de:

(7.20)

Valores menores de R2 levarão o transistor para o corte,


produzindo uma tensão de corte de:

(7.21)

A Figura 7.13b mostra a reta de carga


CC com um ponto Q.
Na Figura 7.13a, a resistência CA do emissor é menor que a
resistência CC do emissor. Portanto, quando o sinal CA for aplicado, o
ponto de operação instantâneo move-se ao longo da reta de carga CA na
Figura 7.13c. A corrente e a tensão senoidal de pico a pico são
determinadas pela reta de carga CA.
Como mostra a Figura 7.13c, os pontos extremos da reta de carga
CA são calculados por:

(7.22)

(7.23)
Figura 7.14 – Excursão máxima de pico.
Pelo fato de a inclinação da reta de carga CA ser maior que a da
reta de carga CC, o valor máximo de pico a pico na saída é sempre
menor o valor da fonte de tensão. Como no amplificador classe A, MPP
< VCC. Quando o ponto Q está abaixo do centro da reta de carga CA, o
valor máximo de pico (MP) na saída é ICQre, como mostra a Figura 7.14a.
Por outro lado, se o ponto Q está acima do centro da reta de carga CA,
o valor máximo de pico na saída é VCEQ, como mostra a Figura 7.14b.
Conforme você pode observar, a determinação do valor MPP de um
amplificador seguidor de emissor é essencialmente o mesmo para um
amplificador EC. A diferença é a necessidade de usar a resistência CA
do emissor, re, em vez da resistência CA do coletor, rc. Para aumentar o
nível da potência de saída, o seguidor de emissor pode ser conectado
também em uma configuração Darlington.
Exemplo 7.6
Quais são os valores de ICQ, VCEQ e re na Figura 7.15?

Figura 7.15 – Amplificador de potência com seguidos de


emissor.
Solução
Exemplo 7.7
Determine os pontos de saturação e corte na Figura 7.15.
Calcule também o valor da tensão MPP na saída do circuito.
Solução
No exemplo 7.6, o ponto Q da reta CC é

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