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Sociologia Organizacional

Josimar Priori
Solange Santos de Araújo
Fúlvio Branco Godinho de Castro
Sociologia Organizacional

Josimar Priori
Solange Santos de Araújo
Fúlvio Branco Godinho de Castro
Diretor Geral: Daniel Porto Campello

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Pró-Diretoria de Educação à Distância: Thiago Silveira Coelho

Coordenação de Curso: Eliabe Afonso de Sousa

Capa e Editoração: Andresa Guilhen Zam; André Morais; Diego R. Pinaffo;


Renata Sguissardi; Welder Henrique O. Carvalho

Revisão Textual e Normas: Rosângela Maria de Carvalho

FICHA CATALOGRÁFICA - SERVIÇO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO

– FACULDADE UNIÃO DE ENSINO E PESQUISA INTEGRADA -

FACULDADE TRÊS MARIAS

A663s Araújo, Solange Santos de. [et.al]

Sociologia Organizacional./ Solange Santos de


Araújo, Fúlvio Branco Godinho de Castro, Josimar
Priori. – João Pessoa: FACULDADE TRÊS MARIAS,
2020

132f.

ISBN:

1. Sociologia. I. Título.

FACULDADE TRÊS MARIAS CDD: 301

Ficha catalográfica realizada pela bibliotecária


Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da FACULDADE TRÊS MARIAS
SOBRE A FACULDADE

A Faculdade FUNEPI, atualmente, Três Marias é uma instituição de ensino


superior pluricurricular, credenciada pela Portaria do Ministério da Educação
nº 663 de 1º julho de 2015, que tem como objetivo ministrar cursos
presenciais e a distância nas diversas áreas de conhecimentos; atender a
demanda do setor produtivo, industrial, comercial e de prestação de serviços;
desenvolver pesquisa nas áreas de saúde, educação, ciência e tecnologia,
bem como atuar na extensão universitária. Para atendimento aos estudantes,
contará com as organizações empresariais como parcerias que terão papel de
auxílio na integração da faculdade com a comunidade, além dos programas
institucionais de apoio aos discentes.

MISSÃO

Formar profissionais diferenciados, que atuem de forma autônoma, capazes


de atender a demanda do mercado, com ética e espírito empreendedor.

VISÃO

Ser reconhecida como instituição de ensino superior por meio da oferta


qualificada de cursos de graduação e de pós-graduação de alto nível.

VALORES

Gestão consciente, ética, respeito mútuo, qualidade de ensino, e


compromisso social.
APRESENTAÇÃO
Sociologia
Organizacional
Josimar Priori; Solange Santos de Araujo; Fúlvio Branco
Godinho de Castro

O Surgimento da Sociologia
Com o advento do Iluminismo, no século XVIII, a sociedade
passa a ser cada vez mais abordada como uma problemática
maior para os adeptos da “filosofia das luzes”. Dentre os
vários pensadores sociais dessa escola, destacamos Rousseau.
Seu pensamento sociológico reside em duas premissas: a da
bondade inerente aos homens e a da legitimidade do poder
político. Para esse pensador, os homens nascem bons, mas
a sociedade os corrompe; daí a necessidade de um método
educativo que respeitasse a espontaneidade. Quanto à questão
do poder, Rousseau defendia que a soberania pertence
exclusivamente ao povo, que não pode cedê-la ou renunciar
a ela.
Em meio ao Iluminismo, a Europa viu acontecer muitas e
importantes mudanças no cenário político, econômico e social,
como as revoluções Francesa e Industrial. Esses acontecimentos
proporcionaram a criação de um cenário de instabilidade e
contradição, com:
a ascensão política da burguesia;
o investimento em tecnologia;
a consolidação do processo de industrialização;
aumento da produção;
o aparecimento do proletariado e de sua consciência de
classe;
o surgimento de um grande número de desempregados;
o êxodo rural e o consequente processo de urbanização;
a miséria e as injustiças sociais.
APRESENTAÇÃO

É neste contexto que surge a necessidade de se interpretar


e compreender os problemas da sociedade urbano-industrial,
além de se explicar essa nova ordem social, política e
econômica. É assim que, no século XIX, surge a sociologia,
dotada de arcabouço teórico, com um método específico e um
objeto de estudo definido.
A sociologia é uma ciência que estuda os fenômenos sociais,
procurando refletir sobre eles e tentando explicá-los por meio
de certos conceitos, técnicas e métodos. Seu campo de estudo
é toda a organização da sociedade e tudo o que acontece com
os seus integrantes.

Os Clássicos da Sociologia
Chamamos de autores “clássicos” aqueles cujas obras
fundamentam a área do conhecimento que eles se propõem a
estudar. Além da fundamentação da ciência, essas obras são
importantes e reconhecidas por sua originalidade, o que as
APRESENTAÇÃO
mantém vivas ao longo do tempo. Na Sociologia, os clássicos
remetem a três autores do século XIX, época de consolidação
da sociologia enquanto ciência: Durkheim, Weber e Marx.
A sociologia estuda as relações sociais e as formas de
associação, considerando as interações que ocorrem na vida
em sociedade. A Sociologia envolve, portanto, o estudo dos
grupos e dos fatos sociais, da divisão da sociedade em classes
e camadas, da mobilidade social, dos processos de cooperação,
competição e conflito na sociedade etc.
Mas atenção! Um dos principais objetivos do estudo da
Sociologia é auxiliá-lo a “desnaturalizar” os fatos sociais, a
desconstruir alguns conceitos que, de tão repetidos que foram,
parecem ser os únicos verdadeiros.
Você já se perguntou por que os hábitos e até os padrões
de beleza sempre mudam? Com a propagação da cultura
de massa, entra em cena um novo padrão de beleza, uma
nova estética que influencia o gosto das pessoas. E com o
estabelecimento do capitalismo e da sociedade moderna,
isso veio a se transformar mais ainda. As cidades passam a
ficar cheias, são multidões que, de alguma maneira, estão
aprendendo um novo estilo de vida, o urbano.
Assim, o objeto da Sociologia como ciência, ou seja, aquilo
que a Sociologia estuda, constitui-se historicamente como
conjunto de relacionamentos que os homens estabelecem
entre si na vida em sociedade – relações de cooperação,
conflito, interdependência etc. Interessa para a Sociologia,
portanto, não o indivíduo isolado, mas inter-relacionado com os
diferentes grupos sociais dos quais faz parte, como a escola, a
família, as classes sociais etc. Não é o “homem” enquanto ser
isolado da história que interessa ao estudo da sociedade, mas
“os homens” enquanto seres que vivem e fazem a história.
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
UNIDADE 1

INTRODUÇÃO......................................................................................14
13

As ciências sociais..................................................................................... 14

A importância da sociologia....................................................................... 17

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL..................................................................19

AS DESIGUALDADES SOCIAIS: WEBER E A ESTRATIFICAÇÃO


SOCIAL.................................................................................................21
As castas indianas...................................................................................... 22

A Sociedade de Castas.............................................................................. 27

ESTRATIFICAÇÃO PROFISSIONAL.....................................................28
Classes sociais no Brasil, aplicando a teoria............................................. 37

O INDIVÍDUO E A ORGANIZAÇÃO......................................................38
Poder e Autoridade nas Organizações....................................................... 42

UNIDADE 2 57

INTRODUÇÃO......................................................................................58

ORGANIZAÇÃO FORMAL E INFORMAL.............................................61

PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO FRENTE AOS


NOVOS MODELOS DE GESTÃO.........................................................64

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E RELAÇÕES DE TRABALHO


NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA..................................................69

MUDANÇA ORGANIZACIONAL...........................................................75
Responsabilidade Social.......................................................................... 76
UNIDADE 3 93

INTRODUÇÃO......................................................................................94

CULTURA DAS ORGANIZAÇÕES........................................................96


Ideologia..................................................................................................... 104

As teorias sobre o subdesenvolvimento..................................................... 111

SUMÁRIO
UNIDADE 1

O indivíduo e a organização

Josimar Priori; Solange Santos de Araujo; Fúlvio Branco Godinho de Castro

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Relacionar as alterações nos cenários mundial e nacional e o


ambiente das organizações.
• Inferir a necessidade das organizações também se voltarem para a
solução de problemas sociais, que impactam diretamente os custos
de empresas.
• Identificar como essas mudanças influenciam as relações dentro do
mundo do trabalho.

PLANO DE ESTUDO

Serão abordados os seguintes tópicos:

• Sociologia Geral
• Estratificação Social
• O indivíduo e a organização
• Poder e autoridade nas organizações
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

INTRODUÇÃO
As ciências sociais
As ciências sociais buscam entender como o homem é capaz de pro-

duzir o conhecimento que se manifesta em costumes, convenções,

hábitos, instituições e instrumentos, o que chamamos de cultura, ou

seja, tudo aquilo que não é natural, mas sim produzido pelo homem.

Consequentemente, as ciências sociais procuram também compreen-

der como se estabelecem as relações entre os homens, ou seja, como

se formam as relações sociais.

O desenvolvimento das relações sociais ao longo da história e a amplia-

ção do grau de complexidade de suas expressões acabaram por favore-

cer, no campo das ciências, uma crescente especialização. Devido a isso,

podemos apresentar divisões que tentam abarcar aspectos específicos

dessa movimentação das sociedades humanas.

• Direito: esta ciência não somente estuda o fato jurídico — repre-

sentado pelas leis e por quem as define e estabelece punição

para os que as transgridem — mas também possui um caráter

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

normativo, ou seja, estabelece valores e regras de conduta.

• Economia: partindo do princípio da escassez, esta ciência pres-

supõe que os bens materiais são finitos e daí a sua produção e

circulação se constituírem em uma economia de mercado, ca-

racterizada por um constante conflito entre oferta e procura. A

ciência econômica busca entender esse processo.

• Antropologia: surgida no final do século XIX, tem como objeto

de estudo fundamental a cultura. Mais que isso, busca estu-

dar as culturas diferentes da cultura europeia, pois os primei-

ros estudos antropológicos se realizaram na África, quando se

procurou entender a cultura dos povos daquele continente para

esclarecer seus modelos de organização social.

• Ciência política: trata-se de uma ciência social recente, que teve

seu princípio nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Tem como

objetivo estudar o conceito de poder e suas implicações nas

sociedades democráticas. Realiza pesquisas eleitorais, estu-

da grupos e partidos políticos e analisa o Estado e as diversas

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

formas de governo, além das diferentes ideologias políticas,

como o liberalismo e o socialismo.

• Sociologia: esta ciência nasceu na França, no século XIX.

Procura entender como a esfera social se manifesta e con-

serva seus valores. Além de possuir um caráter científico,

também procura intervir no processo social de maneira a

solucionar os diversos problemas que afetam as sociedades

contemporâneas.

As ciências sociais tendem a se relacionar de maneira interdisciplinar,

pois a realidade social se manifesta de forma complexa. Exemplos

dessa complexa interdisciplinaridade são a história econômica (que

estuda o processo histórico de uma sociedade qualquer a partir de

uma perspectiva econômica ou como as pessoas produzem e distri-

buem os bens econômicos) e a sociologia política (que se ocupa em

esclarecer as formações de Estados e de regimes e partidos políticos

de qualquer sociedade).

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

ATIVIDADE
1) Leia atentamente o texto para, em seguida, levantar questões que

você entende como relevantes para a compreensão das socieda-

des humanas.

A importância da sociologia
Agimos num meio social que influencia profundamente nossa ma-

neira de sentir e ser em relação a nós mesmos e ao mundo que nos

cerca, como nós vemos e percebemos os acontecimentos, como

agimos e pensamos, e onde e a que distância podemos ir na vida.

Às vezes, a limitação é óbvia, até mesmo opressiva e enfraque-

cedora; muito frequentemente é sutil e até mesmo despercebida.

Entretanto, ela está constantemente moldando nossos pensamen-

tos, sentimentos e ações. Examine a situação de um aluno de fa-

culdade. Há grandes valores culturais e crenças que enfatizam a

importância da educação e, desse modo, forçam os alunos a per-

ceber e acreditar que eles devem ir à faculdade. Para alguns, há

pressões e expectativas dos pais, tornando as pressões para ir à

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

escola ainda maiores. Há limitações da própria escola – presença,

fichas de leitura, provas – definindo o que se pode fazer. Há pres-

sões de classe social – quanto dinheiro se tem para gastar –, que

determinam se um aluno deve também trabalhar enquanto vai à

escola. E, se o trabalho é necessário, há limitações do próprio local

de trabalho, bem como os problemas de horário e conciliação entre

escola e trabalho. A própria esposa e os filhos da pessoa podem

limitá-la a um horário apertado. Existem as restrições de economia

e mercado de trabalho que afetam as decisões dos alunos sobre

seus principais objetivos de carreira acadêmica e de vida. As políti-

cas governamentais que afetam os fundos públicos para os alunos

(empréstimos, doações, bolsas de estudos para pesquisas) e para

a faculdade ou universidade como um todo. Essas restrições go-

vernamentais e econômicas são, por sua vez, amarradas à política

econômica mundial como balanças da autoridade geopolítica e do

comércio econômico. Há um ponto que está claro: todos nós vive-

mos numa teia complexa de causas que dita muito do que vemos,

sentimos e fazemos. Nenhum de nós é totalmente livre; na verdade,

podemos escolher nosso caminho na vida cotidiana, mas nossas

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

opções são sempre limitadas. Isso reforça a ideia sociológica de

que o homem é produto e produtor de sua cultura. Ele constrói o

seu meio e é por este construído. A sociologia examina essas limi-

tações e, como tal, é uma área muito ampla, pois estuda todos os

símbolos culturais que os seres humanos criam e usam para intera-

gir e organizar a sociedade; ela explora todas as estruturas sociais

que ditam a vida social, examina todos os processos sociais, tais

como desvio, crime, divergência, conflitos, migrações e movimen-

tos sociais, que fluem através da ordem estabelecida socialmente;

e busca entender as transformações que esses processos provo-

cam na cultura e estrutura social.

Fonte: TURNER, J. H. Sociologia: conceitos e aplicações. São Paulo:

Makron Books, 2000.

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
Nunca existiu na história da humanidade uma sociedade igualitária.

Você poderia duvidar, mas o fato é que, mesmo entre tribos indíge-

nas mais primitivas, há diferenças. Um exemplo são os homens e

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

mulheres entre os índios, que ocupam posições e funções diferentes,

classificando-os.

Nenhuma função profissional é mais ou menos importante em uma com-

posição social, mas devemos reconhecer que em nossa sociedade oci-

dental contemporânea, um(a) médico(a), por exemplo, é mais valorizado(a)

profissionalmente do que um enfermeiro(a). Da mesma forma, um(a) en-

genheiro(a) civil ganha mais importância do que um “peão de obra” ou um

pedreiro. Falamos, neste caso, em estratificação profissional. Na mesma

linha de raciocínio, um mandato de prefeito, de vereador, de deputado ou

cargo que o valha faz o mandatário de tal posto obter uma posição de

mando na sociedade a que pertence, o que nos leva à conclusão de que as

pessoas são estratificadas politicamente. No entanto, infelizmente, a con-

dição de renda de um indivíduo em uma estrutura social prevalece. A posse

de bens é levada em consideração para a classificação dos membros de

uma sociedade: os mais ricos com mais prestígio; os menos favorecidos

em condições menos valorizadas. É o que denominamos estratificação

econômica.

“Medir” a pessoa pela sua condição de posse pode levar-nos a uma

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

sociedade ainda mais competitiva, em que o valor do dinheiro pode su-

perar o valor do indivíduo. Outra advertência: em nossa sociedade globa-

lizada pelas visões capitalistas, normalmente a condição política e profis-

sional do indivíduo leva-o a obter melhores condições materiais, fazendo

prevalecer o lado econômico para classificar pessoas e grupos.

Dividir a sociedade em estratos ou camadas não é algo novo

AS DESIGUALDADES SOCIAIS: WEBER E A


ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
Segundo Weber, a sociedade se assenta sobre três dimensões dis-

tintas: a econômica, a social e a política. [...] A dimensão econômica

estratifica a sociedade através dos critérios pautados na riqueza, na

posse a na renda. [...] A dimensão social funda uma maneira de estra-

tificação baseada no status. O seu elemento definidor é a honra e o

prestígio que as pessoas e/ou grupos desfrutam, ou não desfrutam,

a posição que ocupam na sua profissão, em seu estilo de vida etc. A

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

dimensão política funda um modo de estratificação baseado no poder.

Quanto mais poder os indivíduos e/ou grupos ostentarem, melhor eles

se posicionarão na escala de reconhecimento no interior dessas rela-

ções de poder e de dominação.A abordagem multidimensional de Max

Weber parte do pressuposto de que os indivíduos podem se situar na

escala de estratificação de modo diferente nessas três dimensões.

Fonte: REZENDE, M. J. de. As desigualdades sociais. In: TOMAZI, N.

D. Iniciação à Sociologia. 2. ed. São Paulo: Atual, 2000.

DICA DE LEITURA
As castas indianas
Na sociedade liberal, vivemos em uma cultura onde muitos acreditam

que qualquer um pode ascender em termos sociais e econômicos por

meio das riquezas acumuladas. Contudo, na Índia, trabalho e riqueza

são parâmetros insuficientes para que possamos compreender a or-

denação que configura a posição ocupada por cada indivíduo. Nesse

país, o chamado regime de castas se utiliza de critérios de natureza

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

religiosa e hereditária para formar seus grupos sociais.

Segundo algumas pesquisas, o regime de castas vigora a mais de

2600 anos na Índia e tem origem no processo de ocupação des-

sa região. A primeira distinção desse sistema aconteceu por volta

de 600 a.C., quando os arianos foram diferenciados dos habitantes

mais antigos e de pele mais escura pelo termo “varna”, que significa

“de cor”. A partir de tal diferenciação, os varna foram socialmente or-

denados de acordo com cada uma das partes do corpo de Brahma,

o Deus Supremo da religião hindu.

No topo dessa hierarquia, representando a boca de Brahma, estão

os brahmin. Em termos numéricos representam apenas 15% da po-

pulação indiana e exercem as funções de sacerdotes, professores e

filósofos. Segundo consta, somente uma pessoa da classe brahmin

tem autoridade para organizar os cultos religiosos e repassar os ensi-

namentos sagrados para o restante da população.

Logo abaixo, vêm os kshatriya que, segundo a tradição, seriam origi-

nários dos braços de Brahma. Estes exercem as funções de natureza

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

política e militar e estão diretamente subordinados pelas diretrizes re-

passadas pelos brâmanes. Apesar desse fato, em diversos momentos

da história indiana, os kshatriya organizaram levantes e motins contra

as ordenações vindas de seus superiores.

Compondo a base do sistema de castas indiano, ainda temos os

vaishas e shudras. Os primeiros representam as coxas do Deus

Supremo e têm como função primordial realizar as atividades comer-

ciais e a agricultura. Já os shudras estabelecem uma ampla classe

composta por camponeses, operários e artesãos que simbolizam os

pés de Brahma. Há pouco tempo, nenhum membro desta casta tinha

permissão para conhecer os ensinamentos hindus.

Paralelamente, existem outras duas classes que organizam a popu-

lação indiana para fora da ordem estabelecida pelas castas. Os dalit,

também conhecidos como párias, são todos aqueles que violaram o

sistema de castas por meio da infração de alguma regra social. Em

conseqüência, realizam trabalhos considerados desprezíveis, como

a limpeza de esgotos, o recolhimento do lixo e o manejo com os

mortos. Uma vez rebaixado como dalit, a pessoa coloca todos seus

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

descendentes nesta mesma posição.

Os jatis são aqueles que não se enquadram em nenhuma das regras

mais gerais estabelecidas pelo sistema de castas. Apesar de não in-

tegrarem nenhuma casta específica, têm a preocupação de obterem

reconhecimento das castas superiores adotando alguns hábitos culti-

vados pelos brâmanes, por exemplo. Geralmente, um jati exerce uma

profissão liberal herdada de seus progenitores e não resignificada pela

tradição hindu.

Oficialmente, desde quando a Índia adotou uma constituição em 1950,

o sistema de castas foi abolido em todo o território. Contudo, as tra-

dições e a forte religiosidade ainda resistem às ações governamentais

e transformações econômicas que atingem a realidade presente dos

indianos. Enquanto isso, o regime tradicional já contabiliza mais de

três mil classes e subclasses que organizam esse complexo sistema

de segmentação da sociedade indiana.

Por Rainer Sousa

Equipe Brasil Escola

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

figura:
Imagem disponível em:<http://aumagic.blogspot.com.br/2012/04/sistema-
-da-castas-na-india.html>.Data de acesso: 10 de julho de 2013.

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

A Sociedade de Castas
A hierarquização rígida da sociedade dos componentes de uma deter-

minada estrutura social caracteriza a estratificação em castas.

A sociedade de castas baseia-se em privilégios de alguns sobre ou-

tros, não havendo qualquer possibilidade de mobilidade social entre

seus componentes.

Na atualidade, embora modificada e questionada internamente, a so-

ciedade hindu (Índia) ainda nos serve de exemplo para o que deseja-

mos esclarecer.

ATIVIDADES
2) Estabeleça a relação entre estratificação social e mobilidade

social.

3) Pesquise a estratificação social no Brasil de hoje. Escreva sobre

o que descobriu.

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

ESTRATIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional

pela sociedade, a profissão de médico é em nossa sociedade mais valori-

zada do que a de pedreiro.

Como já vimos, os aspectos econômico, político, social e cultural

de uma sociedade estão interligados, bem como os vários tipos de

estratificação.

EXERCÍCIO EXTRA
4) Contardo Calligaris publicou um artigo em que aborda a prática

social brasileira de denominar como doutores os indivíduos per-

tencentes a algumas profissões, dentre eles médicos, engenhei-

ros e advogados, mesmo na ausência da titulação acadêmica.

Segundo o autor, estes mesmos profissionais não se apresentam

como doutores no encontro com seus pares, mas apenas diante

de indivíduos de segmentos sociais considerados subalternos,

o que indica uma tentativa de intimidação social, servindo para

30
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

estabelecer uma distância social, lembrando a sociedade de cas-

tas. A questão levantada por Contardo Calligaris aborda aspectos

relacionados à estratificação social, estudada, entre outros, pelo

sociólogo alemão Max Weber.

De acordo com as ideias weberianas sobre o tema, é correto afirmar:

a. As sociedades ocidentais modernas produzem uma estratifica-

ção social multidimensional, articulando critérios de renda, sta-

tus e poder.

b. Médicos, engenheiros e advogados são designados de douto-

res porque suas profissões beneficiam mais a sociedade que as

demais.

c. A titulação acadêmica objetiva a intimidação social e a demarca-

ção de hierarquias que culminem em uma sociedade de castas.

d. A intimidação social perante os subalternos expressa a materia-

lização das castas nas sociedades modernas ocidentais.

e. Nas sociedades modernas ocidentais, a diversidade das ori-

gens, das funções sociais e das condições econômicas são cri-

térios anacrônicos de estratificação.

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

REFLITA
O Leopardo, de Luchino Visconti.

Sinopse: 1860, Sicília. Durante o período do

“Risorgimento”, o conturbado processo de

unificação italiana, o príncipe Don Fabrizio

Salina (Burt Lancaster) testemunha a deca-

dência da nobreza e a ascensão da burgue-

sia. Em um cenário caótico de fortes contra-

dições políticas, ele luta para manter seus valores.

Vatel

Sinopse: François Vatel é o fiel e devotado

intendente do velho e arruinado Príncipe de

Condé, que aspira a reconquistar os favores

do Rei Luís XIV durante as festividades de

três dias organizadas para a corte de

Versalhes no seu castelo, visando

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

comemorar a vitória do Rei Sol sobre a Holanda. Vatel comanda um

exército de criados que trabalham de sol a sol para maravilhar, surpre-

ender e satisfazer o Rei e concebe as festividades por temas, com

ementas elaboradas e grandiosas encenações, que o rei admira.

Naquele frenesim, Vatel é seduzido por Anne de Montausier, seguidora

da Rainha, desejada pelo próprio Rei. Anne dá-se a Vatel, magnífico

mestre de cerimônias, apesar das suas origens humildes, mas, sobre-

tudo, um homem de convicção e de coração. As festividades aproxi-

mam-se do seu fim. A julgar pelo humor de todos, o sucesso está

próximo. No entanto, na noite do terceiro dia, o peixe previsto para o

jantar ainda não chegou um mau presságio para Vatel.

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

Marquise, de Vera Belmont.

Sinopse: considerada uma das cortesãs

mais notórias do reinado do Rei Luís XIV, da

França, Marquise (Sophie Marceau) foi uma

jovem que através da dança, conquistou e

hipnotizou o ilustre René Du Parque (Patrick

Timsit). Ator principal da mais importante

truque da época, a de Molière, René se apai-

xonou por ela e a pediu em casamento. Ela

aceitou, mas com uma condição: de que fizesse parte do grupo como

atriz. Infelizmente, seu talento não se igualava à sua beleza. Suas par-

ticipações nas peças passaram então a exigir dela, apenas a dança. E

foi durante uma de suas apresentações que Jean Racine (Lambert

Wilson) a descobriu. Encantado, ele lhe abriu as portas do palácio de

Versailles, onde a glória, a fortuna e a tragédia lhes aguardavam.

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

Daens, um grito de justiça, de Stjin Conix

Sinopse: a história apresentada no longa

“Daens - um grito de justiça” se passa no

século XIX, momento o qual a Europa ca-

minha para o mundo urbano-industrial (de

feudalismo para capitalismo). Por ser isso

uma mudança radical em todos seus as-

pectos, chamaram-na Revolução. Nesse

período se iniciam as primeiras rebeliões

dos trabalhadores da indústria por melhores condições de traba-

lho. Ainda não havia leis que garantissem os direitos trabalhistas

e o papel da Igreja era muito importante para a sociedade.

Na Revolução Econômica, o comércio faz surgir a divisão social do

trabalho. A divisão entre proprietários e não proprietários dos meios

de produção é bem nítida desde então. Os trabalhadores eram escra-

vizados, principalmente mulheres e crianças que, mesmo cumprindo

uma carga horária trabalhada de até 14 e 16 horas por dia, tinham

seus salários reduzidos com o pretexto de não possuírem força física

35
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

suficiente. A mortandade acontecia em grande escala. A mecanização

desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário.

Surgem as classes sociais burguesia (proprietários dos meios de pro-

dução), e proletariado (força de trabalho). A Nobreza feudal perde seu

domínio para a classe economicamente vigente. A Igreja por temer

desprestígio do povo e, consequentemente a entrada do Socialismo

(doutrina que preconiza a propriedade coletiva dos meios de produção

e a organização de uma sociedade sem classes) que diminuiria seu

poder, se aliou aos industriais e à burguesia. No filme é clara a doutrina

Rerum Novarum da Igreja.

Rerum Novarum é uma encíclica que trata de questões levantadas

durante a Revolução Industrial, e critica as sociedades democráticas

no final do século XIX. Apoiava o direito dos trabalhadores formarem

sindicatos, mas rejeitava o socialismo e defendia os direitos à proprie-

dade privada. Discutia as relações entre o governo, os negócios, o

trabalho e a Igreja.

A história começa a mudar com a chegada de Padre Daens, cuja

36
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

sensibilidade fê-lo incitar o povo por meio do jornal católico a lutar por

seus direitos.

Gandhi, de Richard Attenborough.

Sinopse: África do Sul, 1893. Após ser ex-

pulso da 1ª classe de um trem, o jovem

e idealista advogado indiano Mohandas

Karamchand Gandhi (Ben Kingsley) inicia

um processo de autoavaliação da condição

da Índia, que na época era uma colônia bri-

tânica, e seus súditos ao redor do planeta. Já na Índia, mediante ma-

nifestações enérgicas, mas não violentas, atraiu para si a atenção do

mundo ao se colocar como líder espiritual de hindus e muçulmanos.

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

O ABC da greve, de León Hirszman.

Sinopse: o filme cobre os acontecimentos

na região do ABC paulista, acompanhan-

do a trajetória do movimento de 150 mil

metalúrgicos em luta por melhores salários

e condições de vida. Sem obter êxito em

suas reivindicações, decidem-se pela greve,

afrontando o governo militar. Este responde com uma intervenção no

sindicato da categoria. Mobilizando numeroso contingente policial, o

governo inicia uma grande operação de repressão. Sem espaço para

realizar suas assembleias, os trabalhadores são acolhidos pela Igreja.

Passados 45 dias, patrões e empregados chegam a um acordo. Mas

o movimento sindical nunca mais foi o mesmo.

REFLITA
Para este reflita temos alguns artigos que indicamos para am-
pliar seus conhecimentos.

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UNIDADE I - Sociologia Organizacional

• Este artigo trabalha a estratificação social, econômica,


política e profissional de uma sociedade, em uma lingua-
gem bastante interessante e propícia para o entendimen-
to de todos. <http://escolaefa.no.comunidades.net/index.
php?pagina=1219480054>.
• Este é um pequeno artigo que fala da estratificação social
em uma linguagem bem acessível, falando das desigualda-
des existentes na sociedade e nos grupos que as formam.
<http://cadernosociologia.blogspot.com.br/2010/05/estratifica-
cao-social.html>.
• Este artigo trabalha a Estratificação Social e o Brasil - A
Pirâmide, de uma forma bastante detalhada e muito bem
escrita. Indicado para complementar seus estudos e ampliar
seus conhecimentos.
<http://observatoriodarepublicademocratica.blogspot.com.
br/2011/11/piramide.html>.

INDICAÇÃO DE LEITURA
Classes sociais no Brasil, aplicando a teoria
O Brasil é um país cheio de riquezas naturais e que tem tudo para

crescer e se tornar um país desenvolvido. O país tem uma divisão

baseada na criada por Max Weber,por renda familiar.Aqui sempre

39
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

ouvimos falar de classes A,B,C,D e E.É muito comum as pessoas fala-

rem que o Brasil é um país caracterizado pela miséria e pela pobreza.É

claro que o Brasil é um país quem precisa melhorar muito com relação

a pobreza,mas não é bem assim.Assim como a África é um continente

caracterizado pela sua pobreza, o Brasil pode ser caracterizado pela

sua Desigualdade social.Sim,o nosso país é um dos mais desiguais

do mundo.segundo uma pesquisa realizada pelo sociólogo Márcio

Pochmann, apenas 6% da população Brasileira fazem parte da elite

proprietária dos meios de produção do país.

Fonte: <http://sociologia666.blogspot.com.br/>. Acesso em: 12 jul.

2013.

O INDIVÍDUO E A ORGANIZAÇÃO
A Sociologia estuda e procura compreender fenômenos e relações so-

ciais existentes em dado ambiente, pode-se imaginar que a Sociologia

aplicada às Organizações é a vertente que possui as ferramentas ne-

cessárias para compreendê-los dentro do ambiente empresarial. E é

40
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

natural imaginar que há extremo interesse, por parte dessa ciência,

em investigar o referido ambiente, pois como já foi dito, a economia e

seus elementos é que têm ditado os rumos do mundo, dispondo de

poder de pressão suficiente para direcionar as políticas públicas dos

países. As empresas deixam, afinal, de possuir um papel meramente

econômico e passam a ser vistas como elementos de garantia da es-

tabilidade social.

Por definição, a Sociologia aplicada à Administração seria, segundo

Castro (2007, p.36), o ramo que “estuda as organizações e os pa-

péis que as integram, considerando o sistema social em suas mani-

festações morfológicas e significações funcionais”. Os temas que a

compõem:

podem ser analisados tomando a organização como elemento po-

larizador e, proceder, então, ao estudo dos elementos e funções

que a integram. Podemos trabalhar também a partir das relações

capital-trabalho, administração-execução, produção-consumo, téc-

nica-qualificação, para atingir a organização e suas relações com o

ambiente. Não cabe à Sociologia justificar ideias, propostas, inten-

ções preestabelecidas, dada sua natureza científica. Quando se fala

de intervenção sociológica, o trabalho consiste em estudar metódica

41
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

e sistematicamente a realidade, procurando descobrir as tendências

de manutenção estrutural e de mudanças, inserindo-as no contexto

que lhe é próprio (CASTRO, 2007, p.36).

Vale ressaltar que o emprego da Sociologia não dará soluções prontas

aos problemas organizacionais. Trata-se de um estudo científico e me-

tódico que busca a comprovação de hipóteses e que, no máximo, irá

apontar tendências. A decisão acerca do caminho a ser tomado será

sempre do administrador.

REFLITA
Como complemento a esta seção, sugerimos a leitura de um
artigo da Revista de Administração de Empresas, publicado ori-
ginalmente em 1979 e revisitado em 1993, chamado Controle
Social nas Organizações, de autoria do professor Fernando
Prestes Motta. O link para você acessá-lo é:
<http://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/artigos/10.1590_S0034-
75901993000500005.pdf>.
Relacione o que você leu a fatos atuais. Lembre-se, no entanto,
que se trata de um assunto dinâmico e suas formas de exercí-
cio dentro das organizações estão sempre mudando. Depois da

42
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

sua reflexão, anote as principais ideias do texto.

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REFLITA
Título: A Revolução dos Bichos
Título original: Animal Farm.
Duração: 89 minutos
Ano de Lançamento: 1999.
Sinopse: os animais moradores da
Granja do Solar, cansados dos maus-
-tratos rotineiros, se rebelam contra o

43
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

dono do local, o beberrão Sr. Jones. Após o expulsarem, os


bichos se organizam e instauram novas regras, formando uma
comunidade democrática, livre do domínio dos humanos. Os in-
teligentes porcos, no entanto, logo tratam de impor suas ideias
e um novo reinado do terror ganha forma.

ATIVIDADES
5) Assista ao filme e procure relacioná-lo com o que foi estudado!

Poder e Autoridade nas Organizações


Em um curso de Administração ou de Ciências Contábeis, tanto como

os demais, é de suma importância compreender o pensador Max

Weber, as ações sociais e a burocracia. Max Weber, nascido em 1864,

tomou contato desde cedo com as mudanças ocorridas no Ocidente

industrializado. Ou seja, nos anos finais do século XIX, preocuparia em

compreender uma série de fenômenos, porém, com um “outro olhar”,

bem diferente do de seus contemporâneos, como Durkheim e Marx.

Estudar Weber e sua leitura do capitalismo recai sobre as formas

44
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

que os indivíduos, sendo tão diferentes, se relacionam entre si e

como se organizam em uma sociedade tão bem estruturada como

a nossa. Assim, conceitos como os de poder e dominação; buro-

cracia e hierarquia serão desenvolvidos com o objetivo de compre-

endermos os motivos pelos quais nossa sociedade se mantém em

um relativo equilíbrio.

Para iniciar suas reflexões sobre essa temática, você deve primeiro

compreender que, segundo Weber, a convenção e o direito são duas

características para a existência e a garantia de uma situação de le-

gitimidade que, por sua vez, encontra na convenção e no direito a

justificativa para as formas de dominação. E como toda interpretação

weberiana da sociedade moderna é fundada na tipologia, a legitimida-

de também possui a sua, que, aliás, aproxima-se muito dos tipos de

ação social, que você conhecerá a seguir. Vamos lá!

1. Ação racional com relação a objetivos ou fins: típica do mun-

do capitalista e que reina nas relações de mercado; o indivíduo

elabora previamente seus objetivos ou interesses pessoais e irá

45
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

adequar os meios disponíveis para realizar tais objetivos; aqui a

racionalidade é expressa na elaboração ou na adequação dos

meios aos fins, bem como o desenvolvimento da ação; ver, Marx

se posiciona de modo a nos fazer notar que essa sociedade se

assenta em bases de relações de desigualdade e exploração de

uma classe – a burguesia – sobre outra – o proletariado.

2. Ação racional com relação a valores: como o próprio nome diz,

o indivíduo pauta suas ações pelos valores que acredita, que

podem ser de várias ordens: estéticos, éticos, ideológicos, reli-

giosos, honra etc.; aqui a racionalidade está justamente no de-

senvolvimento da ação, e não no fim, uma vez que esse pode,

segundo Weber, possuir um caráter irracional e estúpido se re-

lacionada às ações no mundo capitalista.

3. Ação afetiva: as ações são realizadas por motivações impulsi-

vas, cujos desenvolvimentos são momentâneos, aos quais con-

duzem o indivíduo a atos na maioria das vezes impensados, ou

seja, nem o desenvolvimento e tampouco o objetivo da ação

foram elaborados racionalmente.

46
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

4. Ação tradicional: os indivíduos explicam suas ações de modo

tradicional; simplesmente realizam seus hábitos, costumes e

crenças que não foram elaborados por eles mesmos, ou seja,

o sentido da ação é dado pelo grupo social cujo indivíduo está

inserido; logo, ele não é movido por uma elaboração racional dos

objetivos, nem por um valor ou por uma emoção momentânea.

Agora que você sabe os aspectos centrais da compreensão weberia-

na da sociedade, há um outro elemento fundamental em sua teoria: o

que legitima a ação de dominação de um homem sobre outro? A res-

posta a essa pergunta também se reporta à tipologia da ação social.

Weber aproximará as formas de dominação das ações sociais pen-

sando nas relações políticas e nas relações econômicas que estabe-

lecemos entre nós no convívio cotidiano. Logo, não se assuste com o

que você descobrirá nas reflexões do autor, e nem nas suas.

Para as suas reflexões sobre dominação e legitimidade, você deve

passar pelo conceito de poder e de dominação. O primeiro con-

ceituará a probabilidade de um indivíduo impor sua vontade sobre

outro, fazendo valer os interesses de um único, aqui fica expressa

47
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

a relação entre indivíduos desiguais e que por sua vez possuem dife-

rentes relações com as esferas de poder, que são social, econômica,

cultural e política. O conceito de dominação indica muito mais que

uma situação entre senhor e escravo, cuja obediência é o traço ca-

racterístico dessa relação social, assim os demais reconhecem as

ordens do senhor como sendo legítimas (QUINTANEIRO et al., 2000;

DIAS,1997,p.60-83)

Em se tratando de uma organização no capitalismo, o mecanismo que

orienta o exercício legítimo, e mesmo legal, para o domínio de uns

sobre os outros se denomina burocracia. Ou seja, qualquer forma de

poder e de controle que se imponha e se mantenha pelo uso de nor-

mas rígidas e inflexíveis.

Para Weber, a burocracia sem desvios ou em seu estado puro permite

que haja um nivelamento das diferenças entre os diferentes atores indi-

viduais. Qual o objetivo desse nivelamento? Ora, Weber parte do princí-

pio de que os homens possuem diferentes meios para realizarem seus

objetivos ou seus interesses, que, na maioria das vezes, são elaborados

racionalmente. Assim, influências políticas, prestígio social, nível cultural

ou ainda poder econômico são meios que cada um de nós possui, mas,

em diferentes níveis. Usados indiscriminadamente, esses meios podem

48
UNIDADE I - Sociologia Organizacional

promover o aumento das desigualdades entre os homens; promovendo

abusos de poder; reforçando o caráter de separação social. Ou seja, a

burocracia numa dada instituição ou organização, ou mesmo em nos-

sas relações em sociedade, permite com que tenhamos como parâmetro

as mesmas leis e normas, regras e princípios. Assim, obedecendo a um

mecanismo racional de regulação comum, como a burocracia, todos nós

somos forçados a manter essa estrutura racional como eixo comum para

nossas ações.

Vista desse modo, a burocracia permite que os indivíduos estejam

conscientes de suas tarefas, funções, atribuições em uma dada orga-

nização. O que quero dizer é que a burocracia define papéis em uma

dada estrutura. Aqui se apresenta o princípio da hierarquia.

A hierarquia permite que haja uma divisão das funções em diferentes ní-

veis de poder. Curiosamente, esses mesmos níveis são reconhecidos por

todos os membros de uma organização como legais (têm uma lei como

fundamento) e legítimos, pois se assentam no reconhecimento mútuo de

que um indivíduo que ocupa uma função mais elevada ocupa-a por mé-

ritos e competências racionais, previstos nas normas internas. Logo, não

49
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

se utilizou de meios ilícitos, não previstos na burocracia, por exemplo, a

corrupção.

Mas você pode estar pensando: se há uma hierarquia e todos devem

obedecer às normas, não há a possibilidade, então, dos indivíduos

mudarem de função?

Como subirem na escala hierárquica? E o contrário, alguém se torna

vitalício em um dado cargo ou função?

Perguntas importantes. Veja bem, para Weber os “inferiores” em uma

determinada escala hierárquica pode recorrer a tempo das decisões

de seus “superiores” aos níveis mais altos nessa hierarquia. Porém,

caso alguém o faça, deve fazê-lo de acordo com os trâmites buro-

cráticos. Um exemplo desse procedimento é o uso de requerimentos,

ofícios e memorandos, tanto nas repartições públicas quanto nas em-

presas privadas (GERTH; MILLS, s.d.).

Desse modo, a burocracia permite que haja um controle, hipoteti-

camente, absoluto sobre todos os indivíduos em suas mais diferen-

tes atribuições e todos os procedimentos que estes devem tomar

50
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

no cotidiano organizacional, desde uma complexa compra de ma-

téria-prima para um novo projeto ao atendimento de um simples

telefonema.

Porém, é importante destacar que Weber verifica que há um aspecto

negativo no exercício da burocracia, qual seja: limitar as potenciali-

dades dos indivíduos no interior de uma instituição. O que isso quer

dizer?

Weber reconhece que a burocracia exercida com toda sua racionalida-

de alavancou o capitalismo ocidental. Porém, esse mesmo desenvol-

vimento racional de tarefas e funções pré-determinadas por normas e

regras que terminam por limitar quaisquer possibilidades de expansão

das potencialidades dos indivíduos. Ainda que seja possível um “in-

ferior” subir seu status no interior de uma hierarquia, estará sempre

limitada dada a necessidade de obedecer e cumprir regras procedi-

mentais (GERTH; MILLS, s.d.).

51
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

ATIVIDADE
6) Em sua teoria sociológica, Max Weber concebe quatro tipos pu-

ros de ação social: ação racional com relação a fins determina-

dos; ação racional com relação a valores; ação afetiva e ação

tradicional.

Comente a respeito de cada uma delas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devemos ter uma perspectiva histórica das sociedades a serem

analisadas.

Isso significa que cada sociedade é particular, mesmo que haja afi-

nidades, como a economia de mercado, no caso das sociedades

capitalistas, e, para compreender essas sociedades, devemos com-

preender aquilo que é valioso para seus integrantes, sua cultura. E,

mesmo assim, o sociólogo sempre deve se preocupar em aprimorar

seu objeto de estudo, pois a objetividade plena nas ciências sociais

52
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

é impossível.

As palavras poder e política são comumente consideradas como si-

nônimos, especialmente para quem considera a política uma atividade

desnecessária ou mesmo prejudicial. Essas palavras podem até es-

tar relacionadas, mas não são necessariamente semelhantes. Daí a

importância de as esclarecermos em separado, para que possamos

entendê-las em conjunto.

Poder, em seu significado maior, é a capacidade de agir, de produzir

efeitos, tanto entre seres humanos como em relação aos fenômenos

naturais. Ao tratar do poder no seu aspecto social, ou seja, na relação

entre o homem e a sociedade, essa atividade é marcada não só pela

capacidade de agir, mas também pelo fato de o homem determinar

o comportamento de outros homens, tendo como princípio maior o

uso da violência física – a força. O poder social faz com que o homem

não seja só sujeito, mas também objeto deste poder. Quando um go-

verno determina leis, ele está exercendo um poder social. O poder

político, portanto, é uma forma de poder social. Basicamente, é aquele

poder exercido pelo Estado sobre a sociedade. Por Estado devemos

53
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

entender o conjunto das instituições por meio das quais se exerce o

governo. De acordo com o sociólogo alemão Max Weber, o Estado

é o detentor do monopólio legítimo da força, especialmente porque

controla a polícia e as Forças Armadas.

Podemos perceber a necessidade do máximo de aproximação entre

a população e seu governo, de tal maneira que o segundo não pos-

sa “abusar” da força e do poder que possui em relação à primeira.

Somente pela força, o poder político não é capaz de se manter. É

necessário que este poder se legitime, ou seja, é necessário que ele

tenha o apoio da maioria das pessoas que vivem sob ele. Daí a ne-

cessidade de o Estado não estar distante da realidade das pessoas

comuns, mas sim de fazer-se porta-voz dos interesses dessas pesso-

as. Esse é um instrumento vital para a manutenção e o exercício do

poder político.

54
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

ATIVIDADE
7) Leia o texto a seguir.

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, não

participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de

vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do

remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão

burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não

sabe o imbecil que da sua ignorância política nascem a prostituta, o

menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é

o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais

e multinacionais.

Fonte: BRECHT, Bertolt citado em SOUZA, S. M. R. Um outro olhar:

Filosofia. São Paulo: FTD, 1995, p.154.

Bertolt Brecht (1898-1956) foi um importante poeta e dramatur-

go alemão do século XX. Suas palavras expressam claramente os

55
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

problemas decorrentes do “analfabetismo político”. A partir de tudo

o que você estudou nessa parte introdutória sobre o que é PODER

e a sua importância, produza um pequeno texto sintetizando esse

assunto. Proponha discuti-lo com outros(as) colegas de sala e jun-

tos(as) aproveitem para refletir suas posições sobre a importância

da atuação dentro das organizações.

56
UNIDADE 2

A organização do trabalho: o
ontem x a atualidade
Josimar Priori; Solange Santos de Araujo; Fúlvio Branco Godinho de Ca

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Estudar acerca das primeiras organizações de trabalhadores no


Brasil: início do século XX – industrialização.
• Analisar o trabalho a partir da Era Vargas: leis trabalhistas – CLT.
• Verificar como ocorre o trabalho nos dias atuais – neoliberalismo e
globalização.

PLANO DE ESTUDO

Serão abordados os seguintes tópicos:

• Organização formal e informal


• Processo de organização do trabalho frente aos novos modelos
de gestão
• Mudança organizacional
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

INTRODUÇÃO
Nesta unidade iremos tratar como a sociologia irá analisar a organiza-

ção formal e informal do trabalho à luz do sistema capitalista. Como

se realizam os processos de organização do trabalho frente aos novos

modelos de gestão e a mudança na concepção administrativa a res-

peito da responsabilidade social das empresas.

O homem sempre buscou e glorificou a tecnologia. Mesmo quando

não a buscamos, não a dispensamos, mas nos últimos tempos te-

mos observado que o desenvolvimento tecnológico tem causado uma

preocupação no que tange ao futuro do trabalho no século XXI. Daí,

indagarmos: o avanço da tecnologia é benéfico? A tecnologia é capaz

de acabar com o trabalho humano?

Para respondermos a essas questões, é preciso entender o que é tecno-

logia e como ela se processa no cotidiano. A origem da tecnologia está

na palavra técnica, que em grego significa “da melhor maneira”, ou seja,

tudo aquilo que pode ser feito de uma maneira mais eficaz é a técnica.

Por exemplo: para preparar a terra para o cultivo, o agricultor pode utilizar

60
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

a enxada, mas o arado puxado pelo trator é uma técnica melhor.

O sistema capitalista fez a técnica transformar-se em tecnologia, um

ramo do conhecimento em que a busca de resultados é identificada

como um constante aumento da produtividade do trabalho.

Atualmente, o desenvolvimento tecnológico não se limita ao aperfei-

çoamento dos produtos, mas à procura pela incrementação do pro-

cesso de produção deles. Dessa maneira, na junção da tecnologia

com a ciência, temos uma revolução técnico-científica, simbolizada

nas atuais tecnologias de comunicação e de informação (satélites e

computadores de última geração, por exemplo).

Assim, podemos observar que o avanço tecnológico é uma constante

na vida humana dentro da lógica das sociedades industriais, pois, ao

mesmo tempo em que cessa atividades existentes, cria novas necessi-

dades e novos serviços. Só para ilustrar, quando o automóvel começou a

substituir os cavalos como meio de transporte, afirmava-se que isto seria

negativo para a economia, porque os criadores de cavalo, os ferreiros, os

coureiros e todas as outras atividades afins desapareceriam, o que traria

61
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

a ruína econômica para a sociedade. Isso realmente aconteceu, mas não

houve ruína; ao contrário, gerou novas profissões como mecânicos, fu-

nileiros, eletricistas, tapeceiros, atividades relacionadas com a indústria

automobilística. É possível percebermos que: novas tecnologias geram

novas profissões, que geram novas relações de trabalho.

Contudo, um velho impasse social histórico mantido também pelo ca-

pitalismo continua sendo o alto índice de pobreza e miséria social,

esparramados pelas várias partes do mundo. A robotização e a con-

sequente qualificação constante do trabalho fazem aumentar o de-

semprego, o que, por sua vez, faz aumentar a exclusão social. Por

outro lado, a globalização da economia ajuda a agravar essa situação,

fazendo aumentar o desemprego estrutural.

Quaisquer que sejam os pontos de vista sobre a relação entre capital-

-trabalho-tecnologia, eles não podem se ausentar em relação a esse

problema.

62
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

ORGANIZAÇÃO FORMAL E INFORMAL


Discutir as relações de trabalho no Brasil nos leva a recorrer à História.

Lembre-se de que nos primeiros trezentos anos de Brasil, quando ain-

da éramos uma colônia de exploração portuguesa, assim como nos

sessenta e seis anos que se seguiram à nossa independência (1822-

1888), o trabalho predominante no Brasil foi o escravo.

Isso tem implicações sérias em nosso desenvolvimento social, uma

vez que no Brasil, por conta da escravidão, mesmo o trabalho braçal

livre era nivelado por baixo, ou seja, o trabalhador livre se encontrava

em condições bem parecidas com as de um escravo, o que nos leva

a concluir que o trabalho braçal na sociedade brasileira foi, por muito

tempo, considerado uma atividade depreciativa.

Além disso, não podemos nos esquecer de que mesmo a abolição da

escravidão, em 13 de maio de 1888, não veio acompanhada de uma

reintegração dos ex-escravos à sociedade como homens e mulheres

livres. A ausência de uma preocupação estatal nesse sentido só fez re-

forçar a visão preconceituosa do branco em relação aos ex-escravos,

63
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

que, em sua maioria, eram afrodescendentes.

A incipiente industrialização do Brasil no início do século XX fez surgir

uma também incipiente classe operária urbana e os primeiros movimen-

tos grevistas. A ausência de uma legislação trabalhista perdurou até a

década de 1930, quando Getúlio Vargas criou as primeiras leis traba-

lhistas. Em 1943, ainda sob a ditadura do Estado Novo, Vargas criou a

Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), que regulamentou a duração

da jornada de trabalho, o salário mínimo, as férias anuais, a segurança

do trabalho, a regulamentação do trabalho feminino e juvenil, além de

outras conquistas da classe trabalhadora, como a carteira de trabalho.

Com algumas alterações ocorridas de lá pra cá, especialmente após a

Constituição de 1988, a CLT continua sendo o referencial para a regula-

mentação das relações patrão/empregado no Brasil.

Porém, com o estabelecimento da abertura econômica durante os anos

1990, além da incorporação das já referidas tecnologias da terceira revo-

lução técnico-científica, a temática dos direitos trabalhistas no Brasil se

divide em duas posições distintas. De um lado, o movimento sindical, li-

derado pela CUT e com inspiração do sindicalismo europeu, afirma que é

64
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

necessário manter a legislação trabalhista, especificamente a CLT, além de

defender a redução da jornada de trabalho, como já aconteceu em países

como a Alemanha. Do outro, economistas especialistas em mercado de

trabalho argumentam a necessidade de uma reforma ou até mesmo uma

flexibilização da legislação trabalhista para aumentar o número de postos

de trabalho.

Enquanto esse debate permanece e não sensibiliza a sociedade brasi-

leira, é possível verificar que cada vez mais os trabalhadores recorrem

ao trabalho informal, aumentando o fosso entre aqueles com carteira de

trabalho assinada e os “sem carteira”.

ATIVIDADE
8) Pesquise as mudanças que estão sendo propostas em torno da

CLT e produza um pequeno texto elencando-as e analisando suas

implicações sobre a classe trabalhadora brasileira.

65
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO FRENTE AOS NOVOS MODELOS
DE GESTÃO
O capitalismo transformou o trabalho em valor positivo dentro das so-

ciedades europeias, nas quais ele se instalava, a partir da Baixa Idade

Média. Contudo, sabemos que o capitalismo de hoje não é o mesmo

da época de sua formação, devido às mudanças ocorridas na esfera

da satisfação das necessidades humanas, ou seja, na forma de produ-

zir e distribuir os bens e serviços. Dessa maneira, o trabalho também

sofreu modificações desde então.

Basicamente, podemos afirmar que o debate acerca do trabalho no

capitalismo desembocou em duas posições antagônicas: uma oti-

mista, por ver o trabalho como o único meio honesto de satisfação

econômica e de ascensão social, e outra pessimista, por afirmar

que o assalariado sempre é explorado e marginalizado das benes-

ses que ele produz. Referimo-nos, respectivamente, ao liberalismo

e ao socialismo.

66
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

Essas duas concepções sobre o trabalho no capitalismo são decor-

rentes da primeira fase da Revolução Industrial, na qual predominou

o capitalismo concorrencial. Cada uma delas apresentou o seu pon-

to de vista sobre como resolver as mazelas sociais decorrentes da

industrialização.

A doutrina liberal ou liberalismo econômico fundamenta-se basica-

mente na livre concorrência do mercado diante do intervencionismo

do Estado. Seu grande e pioneiro teórico foi Adam Smith (1723-1790),

defensor do trabalho enquanto principal riqueza de um país, no lugar

de metais preciosos ou agricultura como afirmavam, respectivamente,

os mercantilistas e os fisiocratas.

Entre os socialistas, podemos destacar três correntes significati-

vas: os socialistas utópicos, os socialistas anarquistas e os socia-

listas marxistas. Os primeiros acreditavam que seria possível haver

uma maior igualdade a partir da concessão de parte dos lucros do

empresariado para a melhoria de vida dos trabalhadores, enquan-

to os anarquistas combatiam qualquer forma de poder, fosse ele

67
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

do Estado, do patrão ou da Igreja. Porém, o mais famoso e reve-

renciado foi o socialismo de Karl Marx. Sua visão do socialismo

se fundamentava em uma crítica do trabalho no capitalismo, pois

o trabalhador (ou especificamente, o operário), segundo Marx, fi-

cava alienado do processo produtivo, ou, em outras palavras, o

produtor não se via no seu produto.

O capitalismo oligopolista, decorrente da segunda fase da

Revolução Industrial, deu origem a maior divisão do trabalho

industrial. O taylorismo e o fordismo foram duas novas formas

de organizar o trabalho no sentido de aumentar sua produtivida-

de. A primeira forma foi criação do engenheiro norte-americano

Frederick W. Taylor (1856-1915) que por meio do estudo das ta-

refas dos trabalhadores de sua empresa estabeleceu os movi-

mentos e o tempo médio para cada atividade, de maneira que um

homem de porte físico mediano pudesse realizá-lo.

Já a segunda foi elaborada por Henry Ford (1863-1947) que criou a

produção em série pelas linhas de montagem (ou linhas de produção),

68
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

gerando maior produtividade do trabalho, pois fazia do operário um

simples par de braços.

Com a terceira fase da Revolução Industrial, o avanço da robótica e,

principalmente, da informática estabeleceu novos parâmetros de pro-

dução que, além de buscar uma maior produtividade, preocupou-se

com a qualidade e rapidez.

O toyotismo é a maior expressão dessa concepção de produção in-

dustrial, que procura obter um verdadeiro “casamento” entre o operá-

rio e a empresa. Trata-se de uma forma de trabalho marcada por uma

valorização da alta qualificação profissional e grande individualidade

por parte dos trabalhadores.

69
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

REFLITA!
Aqui, indicaremos dois filmes que você
poderá assistir, visando ampliar a dis-
cussão sobre relações de trabalho no
capitalismo.
Título: Tempos modernos
Título original: Modern Times
Nacionalidade: EUA
Lançamento: 1936.
Direção: Charles Chaplin
Sinopse: retrata, de maneira bem-hu-
morada, o trabalho em uma linha de produção, assim como a
Grande Depressão vivida pelos Estados Unidos, após a Crise
de 1929.
Título: Roger e Eu
Título original: Roger and Me
Nacionalidade: EUA
Lançamento: 1989
Direção: Michael Moore
Sinopse: trata-se também de uma crí-
tica bem-humorada ao fechamento,
pela General Motors, de onze fábricas
na cidade de Flint (estado de Michigan),

70
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

que deixou 30.000 pessoas sem trabalho. O documentário tem


como pano de fundo as novas relações de trabalho assentadas
no neoliberalismo que começava a avançar em fins da década
de 1980.

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E
RELAÇÕES DE TRABALHO NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA
O homem sempre buscou e glorificou a tecnologia. Mesmo quando

não a buscamos, não a dispensamos, mas nos últimos tempos te-

mos observado que o desenvolvimento tecnológico tem causado uma

preocupação no que tange ao futuro do trabalho no século XXI. Daí,

indagarmos: o avanço da tecnologia é benéfico? A tecnologia é capaz

de acabar com o trabalho humano?

Para respondermos a essas questões, é preciso entender o que é tec-

nologia e como ela se processa no cotidiano. A origem da tecnologia

está na palavra técnica, que em grego significa “da melhor maneira”,

ou seja, tudo aquilo que pode ser feito de uma maneira mais eficaz é

a técnica.

71
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

Por exemplo: para preparar a terra para o cultivo, o agricultor pode uti-

lizar a enxada, mas o arado puxado pelo trator é uma técnica melhor.

O sistema capitalista fez a técnica transformar-se em tecnologia, um

ramo do conhecimento em que a busca de resultados é identificada

como um constante aumento da produtividade do trabalho.

Atualmente, o desenvolvimento tecnológico não se limita ao aperfei-

çoamento dos produtos, mas à procura pela incrementação do pro-

cesso de produção deles. Dessa maneira, na junção da tecnologia

com a ciência, temos uma revolução técnico-científica, simbolizada

nas atuais tecnologias de comunicação e de informação (satélites e

computadores de última geração, por exemplo).

Assim, podemos observar que o avanço tecnológico é uma constante

na vida humana dentro da lógica das sociedades industriais, pois, ao

mesmo tempo em que cessa atividades existentes, cria novas neces-

sidades e novos serviços. Só para ilustrar, quando o automóvel come-

çou a substituir os cavalos como meio de transporte, afirmava-se que

isto seria negativo para a economia, porque os criadores de cavalo, os

72
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

ferreiros, os coureiros e todas as outras atividades afins desaparece-

riam, o que traria a ruína econômica para a sociedade. Isso realmente

aconteceu, mas não houve ruína; ao contrário, gerou novas profissões

como mecânicos, funileiros, eletricistas, tapeceiros, atividades relacio-

nadas com a indústria automobilística. É possível percebermos que:

novas tecnologias geram novas profissões, que geram novas relações

de trabalho.

Contudo, um velho impasse social histórico mantido também pelo ca-

pitalismo continua sendo o alto índice de pobreza e miséria social,

esparramados pelas várias partes do mundo. A robotização e a con-

sequente qualificação constante do trabalho fazem aumentar o de-

semprego, o que, por sua vez, faz aumentar a exclusão social. Por

outro lado, a globalização da economia ajuda a agravar essa situação,

fazendo aumentar o desemprego estrutural.

Quaisquer que sejam os pontos de vista sobre a relação entre capital-

-trabalho-tecnologia, eles não podem se ausentar em relação a esse

problema.

73
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

Atualmente, o capitalismo é aceito por muitos como a única forma de

economia capaz de satisfazer as necessidades humanas de consumo,

principalmente após a crise do socialismo real e o consequente desman-

telamento da União Soviética, em 1991.

Contudo, a adoção de medidas neoliberais combinadas com a globali-

zação da economia não tem sido capaz de dar conta da pobreza e da

miséria à que está submetida grande parcela da humanidade. Do ponto

de vista socioeconômico, os países continuam divididos entre atrasados

(ou subdesenvolvidos) e avançados (ou desenvolvidos). Os primeiros po-

dem ser caracterizados por serem dependentes economicamente e não

solucionarem as suas mazelas sociais, enquanto os segundos são deten-

tores das grandes empresas (multinacionais) e superaram parte de seus

problemas sociais.

De qualquer maneira, o aumento da violência nos centros urbanos,

muitas vezes associado ao tráfico de drogas ou a outras atividades

ilícitas, tem demonstrado e reforçado o problema da exclusão social

gerada por aquilo que chamamos de capitalismo selvagem.

Atualmente, a globalização tem sido o paradigma de desenvolvimento,

74
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

ou seja, a economia é marcada pelo desmembramento da produção,

por meio da terceirização ou produção em locais diferentes e pelo uso

de alta tecnologia, especificamente a utilização da informática no siste-

ma financeiro e na troca de informações. Esse paradigma é considerado

mais uma forma de exploração por parte dos países desenvolvidos em

relação aos países subdesenvolvidos. Também existe a opinião de que a

globalização corresponde a um novo patamar de desenvolvimento, que

concede aos países atrasados a possibilidade de superarem sua con-

dição de subdesenvolvimento, pois passa a existir uma maior interação

econômica entre todas as nações.

Nessa perspectiva, costumamos dizer que as nossas ações serão

realmente responsáveis na medida em que construímos um olhar

que “desnaturalize” os problemas sociais produzidos pelo próprio

capitalismo.

Ou seja, isso se dá quando estamos construindo um olhar crítico sobre a

realidade que nos cerca. Logo, para que você concretize um dos objetivos

desse curso, é necessário promover um processo de ressignificação des-

ses posicionamentos, ou seja, motivar a construção de um pensamento

75
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

crítico que culmine com a sua prática profissional comprometida com a

melhoria das relações sociais nas organizações sociais.

Agora, cabe correlacionar esses cenários à sua futura profissão: qual

a parcela de contribuição do profissional do século XXI junto a uma

realidade tão complexa como a atual? E ao mesmo tempo: como as

organizações contribuiriam para alteração desses cenários que pro-

movem a desumanização do ser humano? Essa e outras questões

merecem nossa total atenção. Vamos a elas!

Silvio Luiz de Oliveira (1999) demonstra que as organizações es-

tão repensando sua relação com seus colaboradores, funcionários,

fornecedores e, sobretudo, com a sociedade em que estão inseri-

das. Isso se deve a uma parcela significativa da sociedade que se

organiza em grupos (sindicatos, partidos políticos, associações de

moradores, conselhos gestores, organizações não governamentais

etc.). Essas instituições pressionam as empresas privadas e pú-

blicas para que se aproximem e se comprometam em solucionar

algumas das questões sociais que elas mesmas criam.

76
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Você já deve ter ouvido falar em Projeto de Responsabilidade Social

de empresas em sua região. Essas experiências possuem várias fa-

ces: cultura, educação, esportes, meio ambiente, sustentabilidade.

Enfim, uma gama de ações realizadas pelas empresas aparece na mí-

dia televisiva e impressa diariamente. Mas o que serão na realidade?

Alternativas aos dilemas do capitalismo? Ou meramente marketing

social para abarcar novas fatias de consumidores?

Em um primeiro momento, a Responsabilidade Social (RS) promovi-

da dentro do ambiente organizacional implica em dizer que estamos

passando por um processo de mudança na forma como as empresas

se relacionam com os seus colaboradores e, ao mesmo tempo, com

a sociedade local. O que em certo sentido, implica, também, em uma

mudança nos padrões de consumo. Como assim?

Joana Garcia (2004) em “O negócio do social” explica que desde a

década de 1980 surgiu no Brasil um movimento de empresas pela

77
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

Responsabilidade Social. A iniciativa desse grupo de empresas rea-

liza-se não apenas na ampliação das fronteiras no mercado interno,

mas mais que isso: na construção de uma nova forma de competitivi-

dade entre as empresas de segmentos semelhantes. Em contraparti-

da, o Estado incentivou essas práticas reduzindo impostos de deter-

minados produtos e serviços, a fim de estimular a relação socialmente

responsável de empresas.

Responsabilidade Social
Prática que evidencia, em certo sentido, uma mudança na forma como

uma determinada empresa se relaciona com uma parcela da socie-

dade ou com toda ela; contribuição em solucionar questões sociais

que, direta ou indiretamente, contribuem com seu aparecimento ou

agravamento.

Você pode formular a seguinte questão: o que conduziu algumas em-

presas a essa atitude responsável?

A resposta não é simples, você irá construí-la ao longo dos seus es-

tudos. Um dos motivos foram as pressões da sociedade organizada e

78
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

mobilizada em fazer com que os lucros das empresas instaladas nas

cidades colaborassem com a manutenção ou mesmo com a criação

de espaços urbanos, com parcelas da sociedade que não se benefi-

ciavam diretamente de políticas governamentais, como por exemplo,

cestas básicas. Ou seja, a empresa não poderia mais subsistir produ-

zindo lucros para os seus acionistas sem voltar aos problemas sociais

e ambientais que ela mesma produzia na sociedade. Isso implica em

uma nova ética relacional, ao mesmo tempo em que configura uma

crise do antigo paradigma keynisiano-fordista de somente produzir

mercadorias e obter lucros.

Você pode ainda se perguntar: mas qual será então o papel dos go-

vernos públicos se as empresas assumirem essas responsabilidades?

Aqui reside um dilema: estamos diante de uma questão crucial para

entendermos o denominado neoliberalismo. Uma prática e ao mesmo

tempo uma ideologia que oculta certos aspectos da complexa realida-

de em que vivemos.

Diante desse cenário, a Responsabilidade Social é, também, uma

estratégia neoliberal cujas realizações buscam minimizar ou mesmo

79
UNIDADE II - Sociologia Organizacional

substituir a presença do Estado interventor na economia. Porém, e

isso deve ficar claro para você, as empresas não só cedem às pres-

sões e inauguram uma nova relação com a sociedade civil, mas

também promovem uma mudança nos nossos hábitos de consumo.

Ou seja, ao escolhermos entre duas marcas de chocolate, optamos

por aquela que possui um rótulo com os dizeres “chocolate artesa-

nal: respeito ao homem e à natureza”, por exemplo. Claro que isso

implica em um outro tipo de consumidor! (GARCIA, 2004).

São por esses e outros argumentos que o curso que ora você realiza

promove, ao mesmo tempo, se não uma transformação, uma mudan-

ça em nossas próprias formas de nos relacionarmos com o ambiente

de trabalho, com nossos colaboradores (no sentido amplo da palavra),

com a própria sociedade em que nossa organização está instalada e

mais ainda, com aqueles que dela foram desligados ou substituídos

por máquinas.

Nesse sentido, a atuação do novo profissional da gestão para esse sé-

culo se apresenta repleta de desafios cujas frentes de atuação, como

vimos, não se apresentam tão somente no interior das empresas

80
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

tradicionais (hierarquizadas e altamente burocratizadas), mas se

abrem para várias direções, as quais requerem muito mais que um

profissional formado de modo técnico. Ou como afirmou o filósofo

Paul Ricoeur, “como alguém conta comigo, eu sou responsável por

minha ação perante outro, seja qual a for a condição em que me en-

contro” (SENNETT, 2001, p.174).

ATIVIDADE
9) Faça a leitura atenta do texto apresentado a seguir, acompanhada

de uma discussão sobre as possíveis vantagens e desvantagens

do avanço da tecnologia.

Poucas coisas despertam, hoje, uma dose tão elevada de fetichismo

quanto a tecnologia. Assim como as gerações passadas atribuíram

todos os bens e males aos espíritos, ao destino e à vontade divina,

hoje somos levados a nos extasiar diante da marcha triunfante da

Tecnologia – assim, com maiúscula, como Deus e o Estado. Na versão

otimista, a ciência e a técnica nos libertarão do esforço, dos trabalhos

81
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

desagradáveis e rotineiros. Na versão pessimista, que é a imagem da

primeira devolvida pelo espelho, a tecnologia nos trouxe e nos trará

desde a alienação do trabalho até o esgotamento dos recursos e a

destruição universal. Em um e outro caso, o lugar dos motores da

História é ocupado pela história dos motores.

Fonte: ERGUITA, Mariano F. In: SILVA, Tomaz T. da (org.). Trabalho,

educação e prática social. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

10) Assista ao documentário “Ilha das Flores”. Em seguida, produza

um texto sobre a questão da exclusão social, relacionando-a ou

não ao desenvolvimento do capitalismo.

Título: ILHA DAS FLORES

Nacionalidade: Brasil

Lançamento: 1989

Direção: Jorge Furtado

82
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

Sinopse: este filme retrata a sociedade atual, tendo como enfoque

seus problemas de ordem sociais, econômicas e culturais, na medida

em que contrasta a força do apelo consumista, os desvios culturais re-

tratados no desperdício, e o preço da liberdade do homem, enquanto

um ser individual e responsável pela própria sobrevivência. Por meio

da demonstração do consumo e desperdício diários de materiais (lixo),

o autor aborda toda a questão da evolução social de indivíduo, em to-

dos os sentidos. Torna evidente ainda todos os excessos decorrentes

do poder exercido pelo dinheiro, em uma sociedade onde a relação

opressão e oprimido é alimentada pela falsa ideia de liberdade de uns,

em contraposição à sobrevivência monitorada de outros.

REFLITA
• Este texto intitulado PROGRAMA NA MÃO CERTA, fala
sobre Grupo Casco participa de três Programas de
Responsabilidade Social.
<http://www.grupocasco.com.br/pt-br/responsabilida-
de-social/?gclid=CO367t--q7kCFUlp7Aod4jwAyA>. Data de

83
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

acesso: 03 de julho de 2013.


• Este é um site que fala sobre vários programas e a importân-
cia da Responsabilidade Social na atualidade. São váriso e
interessantes artigos.
<http://www.responsabilidadesocial.com/>. Data de acesso: 03
de julho de 2013.

FIQUE POR DENTRO


<http://www.petrobras.com.br/
minisite/desenvolvimento-e-ci-
dadania/>. Data de acesso: 03
de julho de 2013.
Este Link fala dos projetos des-
sa grandiosa empresa cujo es-
tes visam o desenvolvimento da
cidadania.

84
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

INDICAÇÃO DE LEITURA
Livro: Responsabilidade Social e Cidadania

– Conceitos e Ferramentas

Sinopse: a elaboração desta obra correspon-

de ao crescente foco de atenção dedicado ao

tema da Responsabilidade Social Empresarial

na atualidade, tanto no cenário nacional como

no internacional. Vivemos numa era de des-

continuidades, com profundas reconfigurações nos espaços de experi-

ências e horizontes de expectativas.

Nesse novo contexto as empresas passam a realizar seus negócios pau-

tando-se em novos reguladores não apenas técnicos, mas também valo-

rativos. A questão ecológica e a internalização dos aspectos ambientais

nos modelos e práticas de gestão são exemplos dos mais evidentes des-

sas reconfigurações. Mas a temática da sustentabilidade não se esgota

apenas na dimensão ambiental. Ela remete a uma variada gama de ques-

tões envolvendo as complexas relações entre globalização e diversidade

85
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

cultural, entre prosperidade econômica e equidade social.

Fonte: <http://www.skoob.com.br/livro/53011-responsabilidade_so-

cial_e_cidadania>. Acesso em: 15 set. 2013.

Disponível em: <http://www.sfiec.org.br/portalv2/sites/sesiv3/files/fi-

les/Livro%20de%20Resp.pdf>.Data de acesso: 14 de julho de 2013.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho humano é um dos principais meios de relações sociais, já

que por meio dele é que transformamos a natureza para, assim, nos

tornarmos seres produtores de cultura, o que também nos diferencia

dos outros animais. Para a Sociologia, o estudo do trabalho e suas

implicações são de fundamental relevância para a compreensão das

sociedades.

O trabalho está constantemente presente em nossas vidas e na reali-

dade que nos cerca. A Física entende que trabalho é todo movimento

concretizado. Assim, as máquinas trabalham, os animais trabalham e,

86
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

obviamente, os seres humanos trabalham.

A diferença entre o trabalho humano e os outros trabalhos é que o do

homem não só possibilita a satisfação das suas necessidades, me-

diante a exploração da natureza, mas também a modifica. Pode-se

dizer que o trabalho é fundamental para que ocorra a chamada cultura

humana, ou seja, tudo aquilo que é feito pelo homem por meio da re-

lação entre o seu trabalho e a natureza.

Andre Gorz (1923-2007)

Texto e imagem disponíveis em: <http://

sociologiacdgprofnelson.blogspot.com.

br/2010/08/conceito-e-evolucao-do-traba-

lho.html>.Data de acesso: 12 de julho de

2013.

Segundo o filósofo austro-francês André Gorz,

autor do livro Adeus ao proletariado, há dois tipos de trabalhos realizados

87
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

pelo homem: o autônomo e o heterônimo. Suponhamos que um operário

de uma empresa metalúrgica produza autopeças para carros durante os

dias da semana e cultive hortaliças nos fins de semana. A atividade de fim

de semana é o trabalho autônomo ou consciente, enquanto fabricar as

peças de automóveis em troca de salário mensal é o trabalho heterônimo

ou alienado.

Conforme se organiza o trabalho heterônimo, pode-se saber como os

homens constroem sua vida econômica, política e social. Vejamos a

trajetória histórica desse tipo de trabalho.

Durante a Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), os homens livres,

principalmente os proprietários de terras, vangloriavam-se de possuir

escravos e de manter o ócio, ou seja, não trabalhar. Ser escravo é

ser propriedade de outro homem. O labor (trabalho) era considerado

indigno de seres libertos. Daí, poderíamos deduzir que no mundo clás-

sico ser considerado humano era ser livre, até do trabalho e, para isso,

ser proprietário de escravos.

Na Idade Média, o trabalho passou a ser considerado como um

88
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

castigo de Deus, ou a função da maioria dos camponeses. O vínculo

do trabalhador com o senhor feudal era intermediado pela terra, pois

o nobre necessitava do trabalho do servo e este, de terra livre dos

invasores bárbaros.

Segundo Santo Agostinho, em seu livro Cidade de Deus, a vida terre-

na deveria se espelhar no reino de Deus para poder sobreviver frente

à ameaça dos bárbaros pagãos. Ao clero, cabia a função de manter a

comunicação entre os homens e Deus; aos nobres, fazer a guerra contra

os inimigos do reino e, por fim, aos servos, trabalhar!

Com o advento do capitalismo, o trabalho começou a deixar de ser

negativo entre a classe dominante, no caso, a burguesia. Transformou-

se no principal valor econômico e o ócio perdeu a importância para

o negócio, ou seja, a “negação do ócio”. A burguesia se constituiu

como um grupo social ligado ao trabalho mercantil, isto é, ao comér-

cio. Paulatinamente, os mais variados trabalhadores passaram a rece-

ber um salário mensal para, em troca, produzirem bens econômicos.

Começava, dessa maneira, o papel do trabalho no capitalismo.

89
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

O capitalismo transformou o trabalho em valor positivo dentro das so-

ciedades europeias, nas quais ele se instalava, a partir da Baixa Idade

Média. Contudo, sabemos que o capitalismo de hoje não é o mesmo

da época de sua formação, devido às mudanças ocorridas na esfera

da satisfação das necessidades humanas, ou seja, na forma de produ-

zir e distribuir os bens e serviços. Dessa maneira, o trabalho também

sofreu modificações desde então.

Basicamente, podemos afirmar que o debate acerca do trabalho no ca-

pitalismo desembocou em duas posições antagônicas: uma otimista, por

ver o trabalho como o único meio honesto de satisfação econômica e de

ascensão social, e outra pessimista, por afirmar que o assalariado sem-

pre é explorado e marginalizado das benesses que ele produz. Referimo-

nos, respectivamente, ao liberalismo e ao socialismo.

Essas duas concepções sobre o trabalho no capitalismo são decor-

rentes da primeira fase da Revolução Industrial, na qual predominou

o capitalismo concorrencial. Cada uma delas apresentou o seu pon-

to de vista sobre como resolver as mazelas sociais decorrentes da

industrialização.

90
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

Começaram a surgir as empresas de capital aberto, que são as or-

ganizações privadas com fins lucrativos, nas quais o comando ad-

ministrativo passou a ser exercido por administradores profissionais,

que deveriam obter grandes lucros, que, por sua vez, satisfizessem as

exigências dos acionistas, os possuidores de parcelas do capital da

empresa em forma de ações.

Atualmente, o capitalismo é aceito por muitos como a única forma de

economia capaz de satisfazer as necessidades humanas de consumo,

principalmente após a crise do socialismo real e o consequente desman-

telamento da União Soviética, em 1991.

Contudo, a adoção de medidas neoliberais combinadas com a globali-

zação da economia não tem sido capaz de dar conta da pobreza e da

miséria à que está submetida grande parcela da humanidade. Do ponto

de vista socioeconômico, os países continuam divididos entre atrasados

(ou subdesenvolvidos) e avançados (ou desenvolvidos). Os primeiros po-

dem ser caracterizados por serem dependentes economicamente e não

solucionarem as suas mazelas sociais, enquanto os segundos são deten-

tores das grandes empresas (multinacionais) e superaram parte de seus

91
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

problemas sociais.

De qualquer maneira, o aumento da violência nos centros urbanos, muitas

vezes associado ao tráfico de drogas ou a outras atividades ilícitas, tem

demonstrado e reforçado o problema da exclusão social gerada por aquilo

que chamamos de capitalismo selvagem.

E é com base nisso que buscamos alternativas para minimizar essas

desigualdades adaptando as empresas e os negócios a uma maneira

mais soldaria e com responsabilidade social empresarial.

FIQUE POR DENTRO


Questões éticas nos séculos XX e XXI
O filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, ao afirmar que
“estamos condenados à liberdade”, deu à questão da ética
uma nova visão, uma vez que o homem é aquilo que ele
quer ser, ou seja, não existe uma “natureza humana”, muito
menos a moral nos é inata, como afirma Kant. O homem
será aquilo que ele desejar ser em sua existência, o que nos
remete à necessidade de uma responsabilidade agigantada,
já que esta responsabilidade envolve toda a humanidade,
pois não estamos sozinhos no mundo.

92
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

Também no século XX, especialmente na sua segunda me-


tade, desenvolveu-se um ramo da filosofia ética conhecido
como ética aplicada, que discute o andamento das ciên-
cias no tocante a áreas como biologia, medicina e ecologia,
assim como a ética no trabalho. Tais discussões, que se
encontram mais em evidência do que nunca, visam a evi-
tar que alguns ramos das ciências contemporâneas acabem
extrapolando seus limites.
Trecho extraído de uma tese de doutorado, disponível em:
<http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?co-
dArquivo=7139>. Data de acesso 01 de agosto de 2013.

ATIVIDADES
11) Assista ao documentário

Uma verdade inconveniente, de Al Gore (di-

reção de Davis Guggenheim, 2006), que fala

sobre os problemas do aquecimento global.

Em seguida, produza um texto sobre a rela-

ção desse problema com a questão ética.

O ponto de partida pode ser a seguinte per-

gunta: “O aquecimento global é uma ques-

tão moral?”. Bom trabalho!

93
UNIDADE 3

Culturas das organizações x


ideologias
Josimar Priori; Solange Santos de Araujo; Fúlvio Branco Godinho de Castro

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender as ideias de controle social e organizacional.


• Analisar os aspectos culturais de nosso país e correlacioná-los com
a cultura organizacional como um todo.
• Relacionar as teorias criadas pelos mais importantes estudiosos da
Sociologia com o estudo das organizações contemporâneas..

PLANO DE ESTUDO

Serão abordados os seguintes tópicos:

• Cultura das organizações


• Ideologia
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

INTRODUÇÃO
Nesta unidade iremos estudar como a sociologia irá analisar as

ideias de controle social e organizacional dentro do modo de pro-

dução capitalista. E de que maneira os aspectos culturais de nos-

so país influenciam na cultura organizacional das empresas como

um todo. Desta forma, relacionar as teorias criadas pelos mais

importantes estudiosos da Sociologia com o estudo das organiza-

ções contemporâneas.

O capitalismo fundamentalmente se qualifica por possuir as seguintes

características:

• obtenção de lucro;

• generalização da mercadoria;

• trabalho assalariado;

• exploração da mais-valia;

• administração racional-burocrática.

96
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

Contudo, esse sistema econômico possui a característica de se trans-

formar para poder se manter. Iniciou-se a partir da Revolução Comercial,

com a disseminação das manufaturas, o que possibilitou a ocorrência de

acumulação primitiva de capital.

Pode-se dizer que capital é tudo aquilo que gera renda para o seu de-

tentor. O capital pode ser manifestado na forma de dinheiro, na forma

de máquinas, equipamentos e imóveis e também na forma de merca-

dorias decorrentes da produção. Daí, tal sistema econômico ser defi-

nido como capitalismo, já que o capital passou a ter primazia sobre a

terra, que era fundamental no feudalismo.

A acumulação primitiva de capital é a etapa básica para que uma so-

ciedade possa ingressar no sistema capitalista. Corresponde ao pro-

cesso social de geração de riquezas que serão direcionadas para a

poupança, em vez de serem gastas em consumo improdutivo. Assim,

a acumulação de capital possibilita que uma classe social, no caso, a

burguesia, detenha esse fator estratégico para produzir os bens eco-

nômicos, sejam eles de consumo (por exemplo: comida e roupa) ou de

produção ou capital (por exemplo: aço e eletricidade).

97
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

Com a Revolução Industrial, o capitalismo adentrou outra fase, ou melhor,

atingiu a sua plenitude e passou por uma etapa competitiva (ou do capi-

talismo competitivo). Nesse período, o sistema econômico capitalista as-

sumiu completamente suas características: generalização da mercadoria,

trabalho assalariado e exploração da mais-valia.

Mais-valia é um conceito de Karl Marx que se refere ao trabalho suple-

mentar que advém do trabalho social dos operários e se concentra na

mão dos capitalistas por meio do lucro comercial ou industrial, do juro

ou da renda da terra.

CULTURA DAS ORGANIZAÇÕES


A palavra “cultura” tem múltiplos significados dentro do nosso idioma.

Um deles é cultura enquanto plantação, como, por exemplo, cultura

de arroz. Cultura, neste caso, vem do verbo cultivar. Outra concepção

para cultura é enquanto sinônimo de erudição. Erudição é a carac-

terística de pessoas detentoras de vasto e profundo conhecimento

em diversos assuntos. Dessa maneira, podemos nos referir a esses

98
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

indivíduos como cultos. Mas, a princípio, tal ideia de cultura ainda não

nos dá o sentido sociológico que buscamos apreender. Afinal, qual

o significado de cultura que nos interessa então? Para as Ciências

Sociais, cultura diz respeito a toda manifestação material e não mate-

rial de um povo ou grupo social. Logo, cultura é tudo aquilo que passa

pela ação do trabalho humano, por meio do qual somos capazes de

transformar a natureza. Sendo assim, toda produção, seja ela mate-

rial (artesanato, comidas, roupas, moradias, ferramentas, entre outros)

ou não material (linguagem, histórias, ideias, projetos, entre outros) é

não natural ou cultural. Em suma, cultura é toda manifestação humana

proveniente do trabalho, que é a maneira por excelência de explorar a

natureza e obter a subsistência.

Além dessa concepção importante para nós, temos outra que é de

cultura como parte de uma sociedade ou povo, ou seja, um povo

ou nação possui manifestações típicas de sua cultura. No caso do

Brasil, temos vários exemplos, desde os mais estereotipados, como

o carnaval, o futebol e o celebrado “jeitinho brasileiro”, passando pe-

los menos percebidos, como a nossa alegria de viver, o descaso com

99
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

horários, regras e convenções e a informalidade nas mais diversas

relações sociais. Tal ideia de cultura contempla também a ciência ou

a produção artística, como a telenovela – exemplo mais notório dos

últimos quarenta anos.

A diversidade cultural é um fato relativo à própria espécie humana, que,

mediante o surgimento e a formação de sociedades variadas, tem produ-

zido uma série de culturas diferentes. Por exemplo, não exageramos ao

afirmar que existe uma cultura latino-americana, mas é errôneo pensar que

as realidades distintas, como a brasileira, a mexicana e a argentina, pos-

sam expressar culturas iguais. Sem dúvida, existem muitas semelhanças,

mas, em meio a um processo de globalização e padronização cultural, as

culturas das sociedades modernas buscam preservar suas particularida-

des culturais, como se isso fosse, mais que uma resistência, uma forma de

preservação de identidades.

Como se sabe, as últimas décadas foram marcadas por inúmeras

alterações de cunho econômico, político, social e cultural e as

organizações foram, como toda a sociedade, diretamente afeta-

das por estas mudanças. Há muito mais critérios para direcionar

100
UNIDADE III - Sociologia Organizacional

a gestão dos negócios do que meramente a obtenção de lucro.

Hoje, por exemplo, é preciso ser ético e sustentável. Outro fator que

determinou grandes guinadas foi o das inovações tecnológicas, sem-

pre constantes e que exigem respostas rápidas tanto de emprega-

dores quanto de empregados. Veja aqui um exemplo interessante: a

invenção da máquina a vapor desencadeou a Revolução Industrial e,

junto com ela, uma série de acontecimentos que possuem efeitos até

os dias de hoje!

Veja que, como foi exposto no início deste tópico, os assuntos aqui

tratados não se esgotam no que foi apresentado. Cada um destes

pensadores representa uma vertente diferente do estudo da socio-

logia, possuem grande diversidade de trabalhos, teorias, e todos

eles foram extremamente importantes em seu tempo e continuam

sendo. Espero que você possa ter avaliado o quanto estes estudos

estavam à frente de seu tempo e o quão podem ser considerados

atuais e aplicáveis ao nosso cotidiano.

O perfil do trabalhador também não é o mesmo, pois para

101
acompanhar as grandes exigências do mercado, o trabalhador

precisa de aperfeiçoamento e aprendizado contínuos.

A cultura, assim como as organizações, é constituída de manifes-

tações individuais e de grupo, e, como esta, também está sujeita a

sofrer com mudanças conjunturais e precisa ser levada em conta no

planejamento estratégico das empresas.

O Brasil possui uma variedade imensa de características culturais re-

gionais que estão integradas em uma base única que é chamada de

cultura brasileira. Tais variações são o que chamamos de subculturas,

não porque sejam superiores ou inferiores umas às outras, mas por-

que constituem variações da cultura total. Essa variedade é decorren-

te, em parte, de sua dimensão geográfica, das variações climáticas,

de ecossistema e de desenvolvimento social que configuram cada re-

gião de nosso país. São fatores como estes que podem proporcionar

os elementos para o desenvolvimento de práticas culturais totalmente

diversas umas das outras.

Dizemos em parte, porque uma subcultura não estará necessariamente

102
ligada a um determinado espaço geográfico, por exemplo, pois “uma

área cultural pode corresponder a uma subcultura, mas dificilmente

ocorre o inverso, isto é, uma subcultura identificar se com determina-

da área cultural” (LAKATOS; MARCONI, 1995, p.137).

Sabemos, por exemplo, que a cultura nordestina é totalmente diferen-

te da cultura sulista, e mesmo dentro de uma região comum a vários

estados, experimentamos várias manifestações culturais díspares e

extremamente particulares, como no caso da região Sudeste (veja São

Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo). Até em Minas Gerais, um dos

maiores estados do Brasil, é possível verificar que as práticas culturais

variam bastante do sul para o norte do estado, ou do Triângulo Mineiro

para a Zona da Mata. Trata-se de:

um meio peculiar de vida de um grupo menor dentro de uma socie-

dade maior. Entretanto, embora os padrões da subcultura apresen-

tem algumas divergências em relação à cultura central ou à outra

subcultura, mantêm-se coesos entre si (LAKATOS; MARCONI, 1995,

p.137).

Da mesma forma que a cultura de uma sociedade é configurada por

um conjunto de valores, de costumes, de atividades, hábitos que lhes

103
são peculiares, também as organizações possuem culturas que lhes

são inerentes. Chama-se cultura organizacional aquela que se desen-

volve no interior das organizações e orienta o comportamento dos in-

divíduos que dela fazem parte, estabelecendo uma identidade à qual

eles se identificam, gera ainda um sentimento de pertencimento a algo

maior que eles singularmente considerados. Atualmente, a maioria

das empresas já conta com códigos de conduta próprios e sistemas

de valores adotados pela organização que refletem de certa maneira

as práticas culturais da mesma.

Assim como existem culturas diferentes em países, regiões ou cidades

diferentes, também a cultura de uma organização será diferente da-

quela verificada em uma organização diversa, podendo se assemelhar

em alguns aspectos, principalmente no tocante ao direcionamento da

empresa. A cultura organizacional também é dinâmica e está sujeita a

alterações mediante mudanças na sociedade em que estão inseridas,

em virtude de questões de apelo mundial, ou seja, a cultura de uma

empresa é ainda uma forma de estratégia que se altera segundo as

necessidades do mercado e da concorrência. É mecanismo de controle

104
ajustável por meio do qual é possível aumentar enormemente o desem-

penho da empresa, mantendo a organização flexível e mais facilmente

adaptável a alterações no ambiente em que estão inseridas.

Ao estabelecer um conjunto de valores e normas que devem ser interiori-

zados pelos funcionários, a empresa detém o poder de definir quais são

os limites aceitáveis de comportamento, assim como estabelece puni-

ções para aqueles que forem considerados desviantes. Em contrapartida,

é preciso que estas propostas também estejam alinhadas com as ex-

pectativas dos indivíduos que dela fazem parte, que chegam à empresa

com personalidades já formadas, valores e preconceitos já estabeleci-

dos. Para Oliveira (2006, p.225), “a socialização condiciona os objetivos

pessoais, que levam o indivíduo a buscar as organizações com o fim de

nelas conseguir a satisfação, seja entrando como empregado, seja crian-

do sua própria empresa”.

105
ATIVIDADES
12) Pesquise sobre o que é cultura e sobre práticas culturais carac-

terísticas da cidade ou região em que você mora. Elabore uma

síntese, de no mínimo 10 linhas, sobre o que você encontrou.

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Ideologia
Ideologia – Expressão criada no começo do século XIX pelo francês

Destutt de Tracy com o significado de ciência que tem por objeto o

estudo das ideias. Mais tarde, Karl Marx e Friedrich Engels deram a

ela o sentido de consciência social de uma classe dominante, ou con-

junto de ideias falsas e enganadoras destinadas a mascarar a realida-

de social aos olhos das classes dominadas, encobrindo as relações

106
de dominação e exploração a que estão submetidas essas classes.

Nessa acepção, ideologia teria o mesmo significado de “falsa consci-

ência”. Atualmente, o termo é empregado com o sentido de conjunto

de ideias dominantes em uma sociedade, ou como “visão de mundo”

de uma classe social, de uma sociedade ou de uma época.

Fonte: OLIVEIRA, P. S. de. Introdução à Sociologia. 25. ed. São Paulo:

Ática, 2004.

Segundo Marx, é necessária a existência do homem para que este

possa pensar, ou seja, primeiro o homem tem que produzir suas con-

dições materiais e concretas de vida, pelo trabalho, que são os bens

necessários à sua existência e à sua sobrevivência. A esse processo

Marx deu o nome de infraestrutura.

Existe uma base econômica na sociedade que está relacionada às

formas de produção de bens necessários para a sobrevivência. A pró-

pria sociedade cria necessidades sempre superiores em quantidade e

sem qualidade e são essas necessidades crescentes que incentivam

o desenvolvimento constante das forças produtivas. Assim, o trabalho

107
para o homem é ontológico, quer dizer, é indissociável da existência

humana – não é uma opção. É por isso que o modo de produção con-

siste nas forças produtivas e nas relações sociais de produção que,

juntas, criam a existência numa determinada sociedade.

A desigualdade de propriedade cria contradições que provocam um

processo revolucionário. As forças produtivas e as relações sociais

determinadas por elas modificam-se a cada momento, por isso são

determinadas historicamente e esse movimento ocorre à medida que

vão aumentando as necessidades. É materialismo porque o homem

está produzindo sua existência de forma concreta, trabalhando e pro-

duzindo as coisas da vida e, assim, a cada mudança nessa maneira

de produção faz com que mude a maneira de se viver também. Para

Marx, não são os pensamentos que determinam a vida; é a vida que

determina os pensamentos. Esta é a base do materialismo histórico

em contraposição ao idealismo hegeliano. Não são as relações so-

ciais que determinam a vida, mas é a vida que determina as relações

sociais. Vivemos de acordo com a nossa época e produzimos os bens

necessários para esse modo de viver, a cada época.

108
Entretanto, vejamos como, segundo Marx, a realidade aparece in-

vertida e tomada de ideologia. Tendo o poder nas mãos, a burgue-

sia faz o discurso filosófico que convence os trabalhadores de que

a proposta de modernidade seria o melhor para o futuro. O Estado

burguês de direito político, ou, nas palavras de Marx, a superestru-

tura, institui as ideias de igualdade e liberdade, conseguindo, com

isso, a dominação por meio de sua ideologia. A burguesia tem po-

der econômico e consegue tomar o poder político para convencer

a todos que esse é o melhor caminho; essa classe social dominante

faz uso de um discurso que consiste na afirmação de que todos

têm direitos iguais, desde que aceitem a relação de exploração.

A superestrutura serve para reafirmar a ideologia de que esse modo

de vida é o correto, a fim de manter o sistema. Para tanto, a Filosofia

empresta sua contribuição para a formação do Estado burguês. O po-

der vem de cima para baixo, dizendo que existe uma lei e esta tem de

ser respeitada. A sociedade é composta de classes opostas. Existem

os opressores e os oprimidos, ou seja, aqueles que detêm o poder

e os outros que têm que segui-los. Existe um conflito constante de

109
interesses opostos. A dominação, portanto, é mascarada, mas está

presente. Existe e sempre existiu a luta constante entre interesses

opostos.

O Estado, as leis e as normas existem para reproduzir o sistema bur-

guês e com isso promover a alienação da consciência das classes. A

Revolução Industrial acelerou o processo de alienação do trabalhador,

dos meios de produção e dos produtos de seu trabalho. Marx acredi-

tava que, pelo fato de o homem ter perdido sua liberdade em função

do trabalho, houve uma desvalorização do mundo humano, crescente

em razão direta da valorização do mundo das coisas, porque o objeto

que o trabalho produz, o seu produto, contrapõe-se-lhe como um ser

estranho, como um poder independente do produtor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sistema capitalista fez a técnica transformar-se em tecnologia, um

ramo do conhecimento em que a busca de resultados é identificada

como um constante aumento da produtividade do trabalho.

110
Atualmente, o desenvolvimento tecnológico não se limita ao aperfei-

çoamento dos produtos, mas à procura pela incrementação do pro-

cesso de produção deles. Dessa maneira, na junção da tecnologia

com a ciência, temos uma revolução técnico-científica, simbolizada

nas atuais tecnologias de comunicação e de informação (satélites e

computadores de última geração, por exemplo).

Assim, podemos observar que o avanço tecnológico é uma constante

na vida humana dentro da lógica das sociedades industriais, pois, ao

mesmo tempo em que cessa atividades existentes, cria novas neces-

sidades e novos serviços. Só para ilustrar, quando o automóvel come-

çou a substituir os cavalos como meio de transporte, afirmava-se que

isto seria negativo para a economia, porque os criadores de cavalo, os

ferreiros, os coureiros e todas as outras atividades afins desaparece-

riam, o que traria a ruína econômica para a sociedade. Isso realmente

aconteceu, mas não houve ruína; ao contrário, gerou novas profissões

como mecânicos, funileiros, eletricistas, tapeceiros, atividades relacio-

nadas com a indústria automobilística. É possível percebermos que:

novas tecnologias geram novas profissões, que geram novas relações

111
de trabalho.

Contudo, um velho impasse social histórico mantido também pelo ca-

pitalismo continua sendo o alto índice de pobreza e miséria social,

esparramados pelas várias partes do mundo. A robotização e a con-

sequente qualificação constante do trabalho fazem aumentar o de-

semprego, o que, por sua vez, faz aumentar a exclusão social. Por

outro lado, a globalização da economia ajuda a agravar essa situação,

fazendo aumentar o desemprego estrutural.

Quaisquer que sejam os pontos de vista sobre a relação entre capital-

-trabalho-tecnologia, eles não podem se ausentar em relação a esse

problema.

ATIVIDADE
13) A partir da visão de sociedade capitalista desenvolvida por Marx,

faça uma pesquisa sobre a visão que os teóricos do liberalis-

mo político-econômico têm a respeito dessa mesma sociedade,

112
procurando estabelecer as divergências que existem entre essas

duas correntes de pensamento social.

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DICAS DE LEITURA
As teorias sobre o subdesenvolvimento
Para que possamos entender por que o Brasil é um país subdesenvol-

vido, devemos situar a economia brasileira nos quadros da história e

da dependência.

É claro que poderíamos querer dar explicações mais imediatas.

Poderíamos dizer que o Brasil é subdesenvolvido porque seus tra-

balhadores não dispõem de uma quantidade suficiente de meios de

produção (de máquinas principalmente) para trabalhar. Ou, então,

113
que não dispõem da necessária soma de conhecimentos técnicos

necessários a uma alta produtividade. Ou porque a população bra-

sileira não só é excessiva em relação à disponibilidade de meios

de produção, mas também cresce a taxas excessivamente eleva-

das. Falta de capital e falta de tecnologia, entretanto, são causas

óbvias que, afinal, nada explicam. O crescimento da população a

taxas muito mais elevadas do que ocorre ou ocorreu nos países

hoje desenvolvidos é sem dúvida um obstáculo ao desenvolvimen-

to, no entanto não pode ser considerado uma causa do subdesen-

volvimento. O que é preciso saber é por que não temos quantidade

suficiente de capital e de tecnologia por trabalhador e por que a

população brasileira cresce a taxas que dificultam o processo de

desenvolvimento.

Há algumas “teorias” para explicar o nosso subdesenvolvimento, já muito

desmoralizadas, mas que devem ser lembradas. São explicações tolas,

produto de um arraigado complexo de inferioridade colonial e da neces-

sidade de as classes dominantes justificarem o status quo, a situação

estabelecida. Por isso, acabam sempre ressurgindo sob os mais variados

114
disfarces. Refiro-me às explicações climáticas (o Brasil é um país tropi-

cal...), às explicações raciais (o Brasil é um país mestiço...), às explica-

ções culturais (o Brasil é um país latino e não anglo-saxão ou japonês...),

às explicações geográficas (o Brasil não tem petróleo ou não tem ferro

perto de carvão...).

Descartadas essas explicações ridículas e aquelas explicações ób-

vias, que nada informam (falta de capital e de tecnologia), existe ainda

uma explicação conservadora, a chamada “teoria da modernização”.

O Brasil teria uma economia subdesenvolvida porque tradicional, pré-

-capitalista, feudal e semi-feudal. Porque sua população não pensa

em termos capitalistas, não se preocupa com produtividade, com me-

canização de lucros, com investimentos produtivos.

A sociedade brasileira seria dual: um setor tradicional, pré-capitalista,

e um setor moderno, capitalista. O peso do setor tradicional, entretan-

to, seria tão grande que impediria o desenvolvimento do capitalismo

neste país.

Essa teoria, muito em moda entre as mentalidades conservadoras,

115
substitui as antigas explicações culturais hoje desmoralizadas. Seu

caráter ideológico é evidente. O Brasil seria subdesenvolvido por fal-

ta de capitalismo, quando nós sabemos muito bem que capitalismo

é algo que não faltou jamais neste país. O modelo seriam os países

capitalistas adiantados, modernos. Como nossa economia deveria ser

igual à deles, falta-lhe capitalismo, é dual, tradicional.

Os defensores dessa explicação acabam propondo como solução

para os problemas do nosso subdesenvolvimento um amplo trabalho

de “educação”, através do qual se modernizariam as populações tra-

dicionais, que assim seriam convencidas a trabalhar com mais afinco,

a poupar, a saber que “tempo é dinheiro”, e que é possível “fazer-se

por si mesmo”, desde que se trabalhe. A ideologia do capitalismo –

individualista, baseada no lucro e na hipótese da mobilidade social é,

assim, transplantada para o Brasil da maneira mais elementar.

No extremo oposto, existe a “teoria do imperialismo”. Se, para a teoria

da modernização, o problema do Brasil é falta de capitalismo, para

a teoria do imperialismo o Brasil seria subdesenvolvido, porque foi

permanentemente explorado pelos países capitalistas imperialistas.

116
A totalidade ou grande parte do excedente econômico (ou seja,

da produção que excede o consumo necessário dos trabalhado-

res) que o Brasil produz ou produziu foi sempre e sistematicamente

transferida para a metrópole: primeiro para Portugal, depois para a

Inglaterra e, finalmente, para os Estados Unidos. Por isso seríamos

subdesenvolvidos.

Embora essa explicação esteja mais próxima da realidade, ela também

é inaceitável. Sem dúvida, o Brasil foi sempre explorado pelas potên-

cias metropolitanas. Mas, se excluirmos Portugal, que era ele próprio

uma metrópole subdesenvolvida, veremos que, quando os países hoje

desenvolvidos, Inglaterra, França e Estados Unidos, em fins do século

XVIII ou começo do século XIX, realizavam sua Revolução Industrial e

completavam a Revolução Capitalista, o Brasil já estava muito atrasa-

do. Sua renda por habitante era muito inferior à daqueles países. Sua

tecnologia, muito menos desenvolvida. Depois, a economia brasileira

entrou em contato com aqueles países, desenvolveu-se e, ao mesmo

tempo, foi explorada. E o atraso, se não se aprofundou, manteve-se

no mesmo nível, enquanto outros países, como a Alemanha, o Japão

117
e a Rússia, desenvolviam-se.

Na verdade, só é possível compreender o subdesenvolvimento brasi-

leiro no plano da história. Em vez da teoria da modernização ou da te-

oria do imperialismo, o que necessitamos é de uma “teoria histórica

do subdesenvolvimento”. Esta teoria deverá partir da distinção entre

o capital mercantil e o capital industrial, e procurar compreender por

que no Brasil, como aliás em toda a América Latina, o capital mercantil

permaneceu tão longamente dominante, dificultando a emergência do

capital industrial.

Por outro lado, o capital industrial, ao penetrar tardiamente na eco-

nomia capitalista mercantil brasileira (aliás, marcada por fortes traços

pré-capitalistas), irá encontrar não só fortes obstáculos da parte das

estruturas mercantis e pré-capitalistas, mas também se revelará inca-

paz de absorver a força de trabalho abundante que o capital mercan-

til gerou durante quatro séculos. O capital industrial insuficiente e a

tecnologia poupadora de mão-de-obra empregada penetrarão, então,

como uma cunha na sociedade capitalista mercantil formando uma

sociedade dualista e subdesenvolvida. Na verdade, o capital industrial

118
penetra no Brasil em duas grandes ondas. Na primeira, gerada aqui

mesmo, tem suas primeiras manifestações no final do século passa-

do e seu grande desenvolvimento a partir dos anos 1930. É o capital

local e competitivo. Na segunda, marcada por forte componente de

capital estatal e de capital multinacional, ocorrerá nos anos 1950. É o

capital monopolista. Em ambos os casos, a economia será marcada

por uma heterogeneidade estrutural que definirá a própria condição do

subdesenvolvimento.

Fonte: PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Economia brasileira: uma intro-

dução crítica. São Paulo: Editora 34, 1998.

119
ATIVIDADE
14) A partir da leitura do texto de Luiz Carlos Bresser Pereira, discuta

a questão do desenvolvimento socioeconômico brasileiro, toman-

do como referência, também, os seus conhecimentos de história

sobre o assunto.

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120
CONCLUSÃO
O surgimento da Sociologia como ciência é reflexo direto dessa sé-

rie de acontecimentos e de uma conjuntura especialmente favorá-

vel, em que se consolidavam as sociedades capitalistas, refletindo

as pesquisas de vários intelectuais daquele tempo.

Ou seja, alterações nas relações sociais são normais e dinâmicas por

natureza.

Entre os acontecimentos que influenciam diretamente as organiza-

ções e sua conjuntura, estão:

• o fato de as necessidades do mercado ditarem os rumos polí-

ticos das nações (em razão de uma política cada vez mais ne-

oliberal, o Estado reduz bastante a sua função de regulador da

economia)

• as inovações tecnológicas e suas influências na configuração

do emprego

• a questão climática

121
• e a globalização e seus efeitos.

Esses acontecimentos não formam uma lista exaustiva, apenas mos-

tram alguns de seus fatores, que resultam de uma série de aconteci-

mentos do século XX.

Se a Sociologia estuda e procura compreender fenômenos e rela-

ções sociais existentes em dado ambiente, pode-se imaginar que a

Sociologia aplicada às Organizações é a vertente que possui as ferra-

mentas necessárias para compreendê-los dentro do ambiente empre-

sarial. E é natural imaginar que há extremo interesse, por parte dessa

ciência, em investigar o referido ambiente, pois como já foi dito, a

economia e seus elementos é que têm ditado os rumos do mundo,

dispondo de poder de pressão suficiente para direcionar as políticas

públicas dos países. As empresas deixam afinal de possuir um papel

meramente econômico e passam a ser vistas como elementos de ga-

rantia da estabilidade social.

122
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