A Palavra A Bem Da Ordem

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A PALAVRA A BEM DA ORDEM EM GERAL E DO QUADRO EM PARTICULAR

“É conhecendo que se entende e entendendo que se tem condições de acrescentar, de


criar, e de fazer crescer a Instituição a que temos a honra de pertencer.”

1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Tendo participado assiduamente das sessões de minha Oficina, no prazo


regularmente definido para um Aprendiz-Maçom habilitar-se a um aumento de salário – tempo
em que procurei aperfeiçoar-me na correção de minhas fraquezas e vaidades, e após assegurar-
me de que o meu Mestre 1º vigilante está satisfeito com o meu desempenho de obreiro, no
desbaste da Pedra Bruta, formalizei o meu pedido de ascensão ao 2º Grau da Ordem, tendo para
isso recebido a sugestão de discorrer sobre o tema: “A PALAVRA A BEM DA ORDEM EM
GERAL E DO QUADRO EM PARTICULAR”, título que completa a seqüência dos trabalhos
da Sessão Econômica do Ritual do Aprendiz.
Sendo uma sugestão, eu poderia simplesmente declinar da indicação e optar por um
outro assunto que julgasse ser de maior expressividade maçônica. Contudo, e ao contrário, a
escolha desse assunto deixou-me vivamente entusiasmado, porquanto, ainda que intuitivamente,
eu já tinha a minha mente operando, há algum tempo, sobre a essência do seu verdadeiro
significado na simbologia do Grau de aprendiz. Na verdade – e por feliz coincidência -, desde o
início de minha vida templária desperta-me a atenção, de maneira muito especial, a forma como
vem sendo utilizado aquele espaço de tempo em que a palavra é franqueada a todos os Irmãos,
indistintamente, antes do encerramento formal de cada Sessão.
Por essa razão, a escolha desse assunto, como já disse antes, deixou-me muito feliz,
sobretudo pela convicção de que, através do estudo que iria desenvolver sobre esse tema, por
certo encontraria uma valiosa fonte de cultura maçônica, a qual viria preencher muitas lacunas
para mim ainda existentes, sobre aspectos importantes da simbologia e da ritualística do Grau de
Aprendiz.

2 – PRELIMINARES SOBRE O TEMA

Sempre pareceu-me que alguns aspectos conceituais estavam a merecer uma melhor
interpretação no que tange ao emprego mais apropriado da “PALAVRA A BEM DA ORDEM
EM GERAL E DO QUADRO EM PARTICULAR”, especialmente como orientação para os
Aprendizes como eu, nem sempre convenientemente instruídos sobre as sutilezas ritualísticas e
muito pouco familiarizados com a investigação sistemática de suas próprias dúvidas.
Pois bem, o que se observa na prática, é que no limitado entendimento dos
Aprendizes, aquele horário parece destinar-se exclusivamente a comunicações de caráter social,
em particular para agradecimentos pelo carinhoso envio de cartões de felicitações, flores ou
cestas contendo lindas frutas tropicais, ou, então, para comunicar eventuais ausências por motivo
profanos. E essa compreensão permanece equivocada, na medida em que é assim que ele vê as
coisas acontecerem em Loja, circunstância que, no meu entender, merece ser corrigida, dando-
se-lhe o verdadeiro e mais amplo sentido interpretativo.
O que queremos dizer, na verdade, é que não temos conseguido identificar uma
efetiva correspondência entre o significado intrínseco do título – certamente concebido por
experientes mestres litúrgicos -, e a resposta dos Irmão àquele estímulo.
Com efeito, numa simples análise do título, observamos que a abrangência que lhe
está implícita, reclama intervenções de mais forte conteúdo instrutivo para o aprimoramento dos
iniciados na Arte Real, e não apenas a formulação dos tradicionais agradecimentos ou
justificativas acima referidos, embora estas manifestações encontrem total amparo quando
usadas naquele momento, porquanto consubstanciam informações sociais que não deixam de ser
do interesse do Quadro, isto é, da Loja a que orgulhosamente pertencemos.
Quando nos dispormos a refletir sobre o título deste trabalho, surge-nos a
oportunidade de verifica como é amplo e ilimitado o seu conceito e logo nos apercebemos,
diante do que nos sugere “A PALAVRA A VEM DA ORDEM EM GERAL E DO QRADOR
EM PARTICULAR” que ali nos está sendo oferecida a faculdade de abordar qualquer assunto
que venha reforçar o apostolado do Bem, das Virtudes, da Luz e da Verdade. E isto tudo, em
proveito não só de nossa Respeitável Loja, mas sobretudo, em benefício da Ordem em Geral, aí
entendido os limites infinitos de uma Instituição Una, Universal, que tem muitos centros de ação
implantados em todos os recantos da Terra, mas uma só unidade doutrinária, imutável no
perpassar dos séculos. Assim aprendi com os meus Irmão de Loja. E no transcorrer da Sessão
Econômica – cabe aqui perguntar - , que momento pode ser considerado mais expressivo, mais
belo do que aquele em que o nosso Poderoso Venerável, guia de todos os Irmãos de nossa
Augusta Loja, num momento de incomparável sentido de liberdade maçônica, democraticamente
faculta o uso da palavra, sem maiores formalidades, a todos os filiados de sua Oficina,
incentivando-os a transmitir as suas vivências em forma de ilustrações, comunicações,
esclarecimentos, informações doutrinárias ou filosóficas, enfim, sobre qualquer tipo de assunto
que esteja efervescente em sua mente, naquele instante, objetivando , não apenas o Bem do
Quadro em Particular, mas também , da Ordem em Geral.
Aquele é o momento mágico da Sessão, onde melhor do que em qualquer outro, se
pratica a incensurável liberdade de expressão, desde que não sejam explorados assuntos
perniciosos, que versem sobre controvérsias religiosas, temas políticos ou quaisquer outros
estranhos aos interesses da Ordem.

Poder-se-ia alegar, neste ponto, que não e apenas naquele momento da Sessão, que os
obreiros têm liberdade de se expressarem livremente, pois esta condição também se repetiria,
igualmente, em diversos outros momentos de uma Sessão Ordinária de Primeiro Grau.
A esse propósito podemos garantir, seguramente, que em nenhum outro momento
essa liberdade de expressão se apresenta com tanto vigor e de forma tão abrangente, como na
“PALAVRA A BEM DA ORDEM E DO QUADRO. Naquela oportunidade, mais do que em
qualquer outra mais, avulta a sublimidade daquele instante, que é inegavelmente raro e talvez
único no contexto do simbolismo. Isso pose ser facilmente constatado se recorrermos à
seqüência dos trabalhos da Sessão Econômica. Naquela oportunidade, estando a Loja
regularmente composta para o início dos trabalhos, sucedem-se cerimônias simbólicas e práticas
com a participação de todos os Irmão presentes, as quais estão divididas em segmentos, de
acordo com os propósitos que se pretende realizar.
A partir daí, estabelece-se um diálogo contínuo entre o Venerável mestre, as demais
Luzes e os Oficiais da loja, seguindo toa uma sistemática prevista no Ritual, cujo desenrolar se
processa na seguinte ordem de eventos:

ABERTURA RITUALÍSTICA
LEITURA E APROVAÇÃO DO BALAÚSTRE
LEITURA E DESTINO DO EXPEDIENTE
SACO DE PROPOSTAS E INFORMAÇÕES
ESCRUTÍNIO SECRETO PARA ADMISSÃO DE NOVOS MEMBROS
ORDEM DO DIA
ENTRADA DE VISITANTES DE LOJAS CO-IRMÃS
TEMPO DE ESTUDOS
TRONCO DE BENEFICÊNCIA
PALAVRA A BEM DA ORDEM EM GERAL E DO QUADRO EM
PARTICULAR
ENCERRAMENTO RITUALÍSTICO

Neste rol de atividades, realmente divisamos algumas que permitem aos Irmão se
expressarem com liberdade em Loja durante uma Sessão, mas vejamos em que condições isto
acontece:
Quanto ao item n.º 1, apenas se desenvolvem os diálogos ritualíscos entre o
Venerável Mestre, as demais Luzes e os Oficiais da Loja.
No item n.º 2, existe a possibilidade de debates orientados pelo Venerável, desde que
se refiram, exclusivamente, a assuntos contidos na ata da última Sessão, sendo que, na
eventualidade de serem votadas emendas, utiliza-se, não a palavra, mas tão somente o sinal de
costume com a mão estendida.
No item n.º 3, a palavra não é concedida aos Irmãos.
Quanto ao item n.º 4, normalmente ocorrem mais informações do que propostas. E
quando estas são apresentadas, têm que ser obrigatoriamente formuladas por escrito e submetidas
ao Venerável Mestre para dar-lhes o devido destino.
No item n.º 5, quando é o caso de escrutínio, sobre candidatos, a manifestação se
restringe ao assunto em discussão e também através da manipulação de esferas, no caso das
votações.
Sobre o item n.º 6, havendo Ordem do Dia, o Venerável permite o debate, desde que
circunscrito, rigorosamente, ao que foi lido pelo Secretário.
Quanto ao item n.º 7, não é concedida a palavra aos Irmãos.
No item n.º 8, cabe ao Venerável, ao Orador ou a outro Irmão previamente
designado, fazer uma exposição didática sobre o assunto de relevante interesse da Ordem. No
caso de perguntas, esta só poderão ser formuladas sobre o assunto abordado.
Sobre o item n.º 9 a palavra não é franqueada.
Quanto ao item n.º 10, que precede o encerramento ritualístico da Sessão, aí sim,
diferentemente de tudo o que vimos anteriormente, ali acontece o florescimento da liberdade de
expressão sem reservas e sem limites, possibilitando aos Irmãos abrir suas mentes e seus
corações em submissão aos preceitos e exigências da doutrina maçônica e das regras e
obrigações impostas pela razão. O que dele se espera, é tão somente a espontaneidade, a clareza
e a fidelidade aos princípios interpretativos da liturgia e da ritualística.

3 – RESULTADO DE UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Na concepção do meu plano de trabalho, claro que não poderia adotar a pretensão de
explorar o assunto louvando-me apenas em meus conhecimentos, observações e experiências
pessoais. Tinha, necessariamente, de buscar suporte nos ensinamentos já expendidos por
renomados Mestres nas inúmeras obras maçônicas disponíveis, certo de que, uma das coisas mas
valiosas que alguém pode aprender na vida, é a arte de por em prática os conhecimentos e as
experiências dos outros.
Interessava-me, sobremaneira, verificar se as idéias que eu tinha delineado sobre o
tema, estavam consentâneas com o pensamento dos experientes Mestres litúrgicos.

Antes de recorrer a esse expediente, porém, consultei o Ritual do Grau de Aprendiz,


detendo-me particularmente no capítulo dedicado ao desenvolvimento da Sessão Econômica do
Rito Escocês Antigo e Aceito, confirmando a inexistência de quaisquer comentários ou
esclarecimentos consistentes, que pudessem trazer subsídios importantes à elaboração do
trabalho.
Orientado por esse propósito, na verdade por essa imperiosa necessidade, recorri às
estantes especializadas de uma grande Livraria, onde, após folhear inúmeros livros, selecionei e
adquiri alguns deles, já bastante conhecidos do público maçônico, escritos por consagrados
autores, responsáveis por primorosa literatura sobre a Ordem.
A partir de então eu tinha ao meu inteiro dispor, substancial quantidade de fontes
bibliográficas para manusear, compreendendo as seguintes publicações:

COMENTÁRIOS AO RITUAL DO APRENDIZ – VADE-MECUM INICIÁTICO –


NICOLA ASLAN
SIMBOLISMO DO PRIMEIRO GRAU – RIZZARO DA CAMINO
O QUE É A MAÇONARIA – A. TENÓRIO D`ALBUQUERQUE
RITUAL DO 1.º GRAU-APRENDIZ
De posse de tão excelente material informativo, dispus-me a iniciar o
desenvolvimento efetivo do meu trabalho, na expectativa de acrescentar, às idéias já esboçadas,
todo manancial ilustrativo que seria retirado dos livros adquiridos, principalmente nos capítulos
voltados para a descrição da Sessão de 1.º Grau e em particular, sobre a “Palavra a Bem da
Ordem e do Quadro”.
Animou-me sobretudo, quando selecionava as fontes de consulta aludidas, as
elogiosas referências que encontrei em suas contra-capas, apresentando-as como definitivas
soluções para suprir a completa ausência de literatura especializada sobre a simbologia do Ritual,
o que me transmitiu a agradável e tranqüila certeza de Ter escolhido o que de melhor existia
sobre a matéria.
Prosseguindo na elaboração do trabalho, iniciei a pesquisa pelo livro do Poderoso
Irmão Nicola Aslan, Ex. - Secretário de inspeção de Liturgia e Ritualística do G.. O.. do Rio de
Janeiro e Ex. – Grande Secretário de Cultura e Orientação do G.. O.. B.., e após ler e reler as 363
páginas da obra, voltadas exclusivamente para Ritual do Aprendiz, encontrei os seguintes únicos
comentários sob o título: “A PALAVRA A BEM DA ORDEM”:
“Após o giro do Tronco Beneficência, V.. M.. faz anunciar pelos Vigilantes que
concederá a Palavra a Bem da Ordem em Geral e em Particular do Quadro.
Nesta ocasião fazem-me saudações por aniversários ou outro qualquer acontecimento
social de um dos Irmão presentes e também referências a atos realizados pela Oficina: iniciação,
elevação, etc., em que são cumprimentados os Irmão e foram objeto dessas cerimônias
maçônicas.
É também nesta oportunidade que se prestam informações a respeito de Irmão
enfermos ou ausentes, de encargos recebidos pelo V.. M.. e outros semelhantes”.
É evidente que o Irmão NICOLA ASLAN foi extremamente econômico e
exageradamente simplista em sua obra, em se tratando de um tema de tamanha magnitude.
Com relação ao grande Mestre RIZZARDO DA CAMINO que, entre tantos,
pareceu-me o mais festejado e o mais respeitado pela imensa e profunda literatura de sua autoria,
disponível nas bibliotecas maçônicas, constatamos em “Simbolismo DO Primeiro Grau”, que
surpreendentemente ele não cita o assunto uma vez sequer e não lhe dedica uma só palavra em
suas 220 páginas. E aí eu me pergunto entre surpreso e estarrecido, com uma obra que esmiuça o
Ritual, do Aprendiz em seus mínimos detalhes, não se dispõe a incluir uma única frase sobre a
“Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular”.
Pois bem, naquele ponto a minha pesquisa bibliográfica de certa forma tinha
resultado inútil. Tato no Ritual do Aprendiz como nas obras adquiridas, nada havia obtido de
concreto em relação às minhas pretensões, que viessem enriquecer as páginas deste meu modesto
trabalho. Ao contrário, essa circunstância deixara-me de certa forma frustrado e porque não
dizer, preocupado , pois eu teria que continuar , na defesa de uma tese que eu abraçara e sobre a
qual eu esperava, sinceramente, que os grades pensadores da Sublime Ordem estivessem atentos,
por tratar-se, sem dúvida, de assunto revestido do mais profundo cunho simbólico e de
extraordinária beleza no Ritual do Aprendiz.
Acresce a tudo isso, ainda a nível de preocupação, o fato de alguns Irmãos, de longa
militância maçônica, terem me garantido que nunca tinham visto ou souberam Ter sido este
assunto utilizado como tema para ascensão ou elevação de Grau, o que limitou, ainda mais,
quaisquer perspectivas de obter alguma fonte eficaz de auxílio externo.

4 – ESTUDO INTERPRETATIVO DO ASSUNTO

Aprendi certa vez que não há barreira intransponível, senão aquela que reflete a
nossa própria fraqueza de propósito e, portanto, não haveria de ser a falta de subsídios que iria
esmorecer o meu ímpeto de continuar defendendo o meu ponto de vista, com vigorosa
determinação.
Estou absolutamente convencido, e ouso mesmo afirmar, que há um ângulo do
assunto sob exame, que tem passado despercebido à aguda sensibilidade de muitos Irmãos, e,
comprovado está, também por parte de nossos mais consagrados autores maçônicos, pois é
inegável que do ponto de vista doutrinário, o momento a que nos referimos constitui fonte
fecunda de importantes ensinamentos e que no entanto, vem sendo colocado em plano
secundário, por conta de uma visão certamente distorcida.
Ressalve-se porém, desde logo, que muito do que vem sendo dito ao longo deste
trabalho, não irá focalizar qualquer novidade para Irmãos mais experimentados, que já têm essa
verdadeira consciência incorporada, e disso estamos absolutamente convencidos. Contudo, e à
guisa de ilustração e de alerta, gostaríamos de lembrar fato ocorrido recentemente, em uma Loja
co-irmã, quando no tempo destinado à “Palavra a Bem da Ordem e do Quadro”, um Irmão
dirigiu-se a outro – reconhecidamente uma das maiores autoridades em ritualística maçônica –
pedindo-lhe para esclarecer aos presentes qual a maneira mais correta de acendimento dos
candelabros do Templo, se com três ou com apenas uma vela, como estava acontecendo naquela
Loja. O Irmão especializado em ritualística, após dar a resposta que julgou mais conveniente,
assumiu uma atitude de visível constrangimento e dirigindo-se aos obreiros e para minha
surpresa, pediu desculpas a todos por Ter tratado daquele assunto naquele momento, pois sabia
que o correto seria abordá-lo, não ali, mas no Tempo de Estudos.
O que é preciso deixar bem claro é que tanto o assunto das velas como qualquer
outro de sentido ritualístico – doutrinário, não só pode como deve ser tratados ou respondidos
naquele exato momento em que o clima lhe é mais oportuno.
Convenhamos, não faz qualquer sentido deixar-se uma pergunta deste tipo no ar,
adotando como resposta dizer ao Irmão que coloque a sua dúvida no Saco de Propostas, da
próxima Sessão. Isto seria um disparate ao meu entender. É exatamente para isto que os Mestres
litúrgicos criaram este momento de elevação, onde a palavra passa a ser usada livremente para o
Bem não apenas da Ordem, mas da Ordem em Geral, ou seja, pelo bem de todo o espectro que
envolve a Sublime Instituição em sua abrangência universal. E assim, o Maçom faz-se livre em
suas manifestações de cidadão responsável e respeitável , para que possa continuar dispondo e
fazendo uso da tribuna que o Venerável Mestre lhe confiou, pois ele é livre e de bons costumes.

5 – REFLEXÕES FINAIS SOBRE O TEMA

Dissemos nos parágrafos iniciais que quando o nosso Venerável franqueava a palavra
a Bem da Ordem e do Quadro, ele estava abrindo um dos mais lindos espaços da ritualística do
Grau de Aprendiz, e para reforças este ponto de vista, passaremos à tentativa de fixar este
conceito, convocando a atenção dos prezados Irmão, de nossa Augusta Loja Fênix, para a
realidade que pretendemos modelar de forma objetiva, em relação ao tema que abraçamos.
Primeiramente, gostaria que meditassem sobre um fato da maior importância, que se
resume na atitude desta Instituição, que traz sua origem de séculos remotíssimos, nos tempos em
que os governos eram terrivelmente tirânicos e o povo escravizado, e já naquela época, a
Maçonaria ensinava aos seus seguidores a serem leais, virtuosos e criativos e mostrava-lhes o
caminho do louvor ao Grande Arquiteto do Universo. E naqueles tempos imemoriais, antes que a
Oficina de trabalho fosse fechada, que seus obreiros recebessem os seus salários e fossem então
despedidos contentes e satisfeitos, lhes era concedida a palavra pelo seu Mestre, deixando-os
livres, em suas opiniões individuais, para falarem sobre as ocorrências de mais um longa e
exaustiva jornada de trabalho, antes que as portas se fechassem à meia-noite.
Aquele era o momento simbólico da “PALAVRA A BEM DA ORDEM EM GERAL
E DO QUADRO EM PARTICULAR”, dos nossos dias.
Deste modo, a Maçonaria, desde aqueles tempos remotos, já estava fundada no mais
lídimo princípio da Democracia participativa, apoiada em fortes alicerces, onde se destacavam a
solidariedade de exprimir os seus sentimentos, tudo isso apoiado na resplandecente beleza
esotérica do seu simbolismo.
Com bem sabemos, a nossa Sublime Ordem tem como lema a trilogia:
LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, que configura a síntese do seu programa de
ação em prol da Humanidade e que deve ser o farol a iluminar a trilha de todos os Maçons
dignos e perseverantes.
Quando o Venerável abrindo mão de sua suprema autoridade em Loja, libera a
palavra a seus discípulos, ele está exercitando, de forma magnífica, o sagrado princípio da
LIBERDADE, este extraordinário e inalienável direito de pensar livremente, de exteriorizar os
seus pensamentos pela palavra, o que significa poder fazer tudo quanto não prejudique os seus
semelhantes, os seus Irmãos.
Quando a palavra é facultada a todos os Irmãos, indistintamente, sem limites de
hierarquia, voltamos àquela situação em que todos são nascidos iguais e as únicas distinções que
admite, são o mérito, o talento, a sabedoria, a virtude e o trabalho. Naquele momento da Sessão,
todos os Maçons, quaisquer que sejam os cargos que ocupem na vida profana, o seu poder
econômico - financeiro, a sua religião ou a sua raça, se igualam através do título único de
IRMÃO. E aí está caracterizado o princípio da IGUALDADE.
A Maçonaria exige que os seus membros pratiquem, com consciência o inabalável
princípio da FRATERNIDADE, relacionando-se como verdadeiros Irmãos e procurando se
auxiliar mutuamente.
Quando usamos esse sentimento em relação a algum Irmão que tenha se desviado do
caminho do bem, se acaso ele transgrediu os preceitos normalmente impostos pela sociedade,
pelos regulamentos e pelas leis, ao invés de humilha-lo ou permitir que enredado pelo vício ele
se destrua irreversivelmente no fundo do poço, recomenda-se ampará-lo, apontando-lhe o
caminho da salvação, estendendo-lhe a mão segura e amiga da solidariedade e do amor.
Já se disse que o Maçom deve ser tolerante para com as fraquezas dos seus
semelhantes, para que os demais possam perdoar-lhe os seus eventuais erros e deslizes. Ama o
teu próximo como a ti mesmo; porém de forma sincera, real e eficazmente, pois o valor do
Maçom mede-se por suas realizações em prol dos seus semelhantes. Não tenhamos portanto,
qualquer constrangimento em usar a palavra para o bem de um Irmão necessitado, pois você tem
um momento do Ritual reservado para erguer templos à virtude e cavar masmorras ao vício.
Quando dissemos desde os capítulos primeiros deste nosso trabalho, que o momento
dedicado à “Palavra a Bem da Ordem e do Quadro”, se sobrepunha a qualquer outro na Sessão
do Aprendiz, em expressividade que acabamos de descrever, onde sobreleva a divisa da
Maçonaria: LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE. A LIBERDADE que o Irmão
tem de falar livremente, em IGUALDADE de condições com os demais integrantes da Loja, e
sempre imbuído do mais elevado sentimento de FRATERNIDADE para com os seus
semelhantes. E isto só pode acontecer naquele especial momento da palavra concedida pelo
Venerável, num movimento que busca, em última análise, a dignificação do homem,
revigorando-lhe o ânimo, incentivando-lhe as forças morais, para que ele se transforme em bom
discípulo da Ordem Maçônica.

6 – CONCLUSÃO

Ao longo do nosso trabalho procuramos solenizar a “PALAVRA A BEM DA


ORDEM EM GERAL E DO QUADRO EM PARTICULAR”, por estarmos absolutamente
convencidos de que ali reside um dos mais belos momentos do Ritual do Aprendiz, daí minha
grande alegria ela oportunidade de estudar, refletir e escrever sobre o tema. Não obstante a sua
evidente importância, verificamos que a sua utilização nas Sessões Econômicas não vem
correspondendo à destinação que lhes deram os ilustres mestres litúrgicos, ao definirem o seu
título de forma tão abrangente.
Quanto ao material que reuni como fonte de consulta, para subsidiar a feitura deste
meu trabalho, lamento deixar registrada a minha total frustração pelo vazio que os renomados
autores deixaram em relação à “Palavra a Bem da Ordem e do Quadro”. Em contrapartida e por
uma questão de irrecusável justiça, não poderia deixar de apresentar os meus melhores
agradecimentos pela extraordinária soma de ensinamentos obtidos através da leitura de obras tão
primorosas, onde aprendi, sobretudo, que o objetivo maior da Maçonaria é chagar a um modelo
peculiar de eterna e universal justiça, segundo a qual, todo ser humano possa desenvolver
livremente as faculdades de pensar e de se expressar e que possa vir a concorrer com todas as
suas forças, para a comum felicidade dos seres humanos.
Resta-me neste momento, que terei apreciado o meu trabalho pelos Mestres de
minha Augusta Loja, rogar ao grande arquiteto do Universo, Fonte fecunda de Luz, de Felicidade
e de Virtude, que ilumine os queridos Irmãos que terão esta incumbência, a partir deste
momento, para que tenham a justa compreensão do esforço despendido por este humilde obreiro,
objetivando a melhoria do seu salário.
Estou convencido de que o nosso trabalho por certo não esgota o assunto em sua plenitude,
entretanto, posso lhes assegurar que ele está verdadeiramente impregnado do mais puro desejo
de apresentar o melhor, dentro dos limites razoáveis de minha competência, na esperança de que
não se perca de vista o caráter transcendental deste tema que tivemos a honra de abordar.

Ir.·. Carlos Leger Sherman Palmer


Loja Fênix de Brasília

COPIADO VIA INTERNET PELO IR MM PAULO PAGOTTO DE VARGAS

ARLS “JOSÉ CUPERTINO” ORAFONSO CLÁUDIO-ES - 10-08-2005

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