A Formação Continuada de Professores Como Instrumento de Ressignificação Da Prática Pedagógica
A Formação Continuada de Professores Como Instrumento de Ressignificação Da Prática Pedagógica
A Formação Continuada de Professores Como Instrumento de Ressignificação Da Prática Pedagógica
Linguagens, Educação e Sociedade, Teresina, Ano 23, Edição Especial, dez. 2018.
Revista do Programa de Pós- Graduação em Educação da UFPI | ISSN 2526-8449 (Eletrônico) 1518-0743 (Impresso)
https://doi.org/10.26694/les.v1i1.8242
RESUMO
O presente artigo reflete sobre a formação continuada e suas repercussões na prática
pedagógica. Utiliza como referencial teórico-metodológico o materialismo histórico-
dialético. Para desenvolvimento do estudo adotou-se uma abordagem qualitativa com base
na pesquisa bibliográfica e documental sobre as concepções de formação no contexto das
políticas educacionais contemporâneas. Como resultados conclui-se que a formação
continuada de professores cria possibilidades de ressignificação da prática docente e
espaços de fortalecimento da relação teoria e prática.
Palavras-chave: Formação continuada. Políticas educacionais, Prática pedagógica.
ABSTRACT
This study reflects about the pedagogical practice repercussions on continuing education.
The Theoretical-Methodological reference is the historical-dialectical materialism. The
study development was supported, also, in the literature research with qualitative approach
on the formation conceptions in the contemporary educational policies context. As a result,
it was concluded that the teacher’s continuous formation creates possibilities of teaching-
practice re-signification and spaces of strengthening of the relation theory and practice.
Keywords: Continuing education. Educational policies, Pedagogical-practice.
RESUMEN
El presente artículo reflexiona sobre la formación continuada y sus repercusiones en la
práctica pedagógica. Utiliza como referencial teórico-metodológico el materialismo
histórico-dialéctico. Para el desarrollo del estudio se adoptó un enfoque cualitativo basado
en la investigación bibliográfica y documental sobre las concepciones de formación en el
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Introdução
A formação dos profissionais de educação, em especial dos professores ganhou
destaque a partir de meados da década de 1990 no contexto da reforma do Estado e da
Educação brasileira. Tais reformas tiveram e, ainda, têm influências das orientações
emanadas dos Organismos Internacionais. Contudo, ressaltamos que as sugestões dessas
agências não são implantadas de forma mecânica, ou seja, temos que relativizar, pois os
nossos governantes descontextualizam as diretrizes em função de interesses locais.
No contexto da sociedade atual em que o avanço da tecnologia, de alteração de
valores sociais e educacionais, percebemos a urgente necessidade de um repensar sobre a
finalidade da educação em seus diferentes níveis, etapas e modalidades. Para tanto, dentre
outros fatores contribuintes dessa reflexão, destaca-se a relevância do repensar da
formação continuada do (a) professor (a) e do trabalho pedagógico. Nesse sentido destaca-
se que, mesmo com algumas mudanças significativas no campo da educação ainda
encontramos situações que precisam ser melhor resinificadas em favor de um trabalho
educativo de qualidade.
A formação continuada deve ser compreendida como processo, que busca
possibilitar a atualização e/ou a construção de novos conhecimentos, e, principalmente, ser
compreendida como exercício reflexivo do saber e fazer pedagógico na escola e demais
espaços educativos.
Tal reflexão se faz necessária tendo em vista que no contexto contemporâneo, a
necessidade de atualização constante é colocada como prioridade. Entretanto convém
ressaltar que a qualidade da educação esta articulada com a formação inicial e continuada
dos professores e demais profissionais da educação, nesse sentido deve-se compreender o
que é qualidade do trabalho educativo que defendemos e quais as contribuições da
formação continuada para o processo de ensino e aprendizagem,
Destacamos inicialmente o significado da formação como ação e efeito de formar,
representa, portanto, um ato que favorece o desenvolvimento profissional do professor.
Dessa forma ao participar de atividades de formação continuada o professor está investindo
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na sua formação profissional como educador, um processo, que acompanha toda sua vida
pessoal e sua trajetória profissional, o que implica na construção dos saberes necessários
para uma atuação qualificada, compatível com as necessidades e especificidades da
clientela atendida.
Convém ressaltar a compreensão do significado da formação continuada que
orienta as reflexões desenvolvidas no presente artigo, como um processo que não se
esgota, no qual se confrontam aspectos acerca da prática da formação continuada
desenvolvidas e os pressupostos que as sustentam. É, portanto, um processo contínuo que
possibilita ao educador ser capaz de desenvolver sua autonomia crítica e seu saber
reflexivo de forma eficaz e construtora. Assim compreendida, é fundamental a participação
deste profissional em cursos, atividades que incentivem a sua autoavaliação e a avaliação
da sua prática como resultado de um processo construtivo, já que interfere diretamente na
perspectiva das práticas pedagógicas, e no cotidiano escolar. A compreensão do processo
de formação de educadores na perspectiva aqui adotada implica uma reflexão sobre o
próprio significado do processo educativo, na sua relação com o processo de construção e
desenvolvimento dos saberes dos educandos. (FERREIRA, 2000)
Tendo por base tais reflexões entendemos, que refletir sobre a formação continuada
é urgente e necessário, principalmente por possibilitar espaço para o diálogo, troca de
experiências, sendo que a formação representa também, possibilidade para uma atuação
profissional emancipatória e de qualidade.
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[...] levá-lo a uma prática social crítica, a formação centralizada numa prática
social na ação-reflexão-ação é algo que alimenta a tomada de consciência e de
conhecimento por parte do educador. Infelizmente muitas vezes o professor não
consegue se dedicar aos seus direitos como gostaria em virtude da pressão diária
no seu trabalho. (MEDEIROS, BEZERRA, 2016, p. 36 )
Sobre a formação continuada a LDB contempla uma concepção desta como sendo
um processo que tem por finalidade assegurar aos profissionais da educação o
aperfeiçoamento da sua atuação profissional por meio da intervenção institucional pública
(municipal ou estadual).
Artigo 87 (das disposições transitórias) – Cada município e supletivamente, o
Estado e a União, deverá: Parágrafo III- realizar programas de capacitação para
todos os professores em exercício, utilizando, também para isso, os recursos da
educação a distância.
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Após processo de tramitação por quase 4 anos1, o projeto de Lei 8.035 de 2010 do
PNE foi aprovado em 26 de junho de 2014, mediante a Lei nº 13.005. No tocante à
valorização dos profissionais da educação o PNE estabeleceu 4 metas (15 a 18) com 31
estratégias. No que se refere à formação dos\as docentes, destaca-se a meta 15 que dispõe
sobre a garantia em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência do Plano, de uma política nacional de
formação dos profissionais da educação, assegurando que todos os professores e as
professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em
curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. (LIMA, CARDOZO, LIMA,
2016).
Tendo em vista que segundo dados do Censo Escolar 2014 dos 2,2 milhões de
docentes que atuam na educação básica do país, aproximadamente 24% não possuem
formação de nível superior, consideramos que para atingir essa meta, faz-se necessário a
consolidação do Sistema Nacional de Educação-SNE e a efetivação do regime de
colaboração entre os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), com
a definição das responsabilidades e competências de cada um. Nesse sentido, Abrucio e
Segatto ressaltam que é preciso superar três aspectos:
1
Em 20 de dezembro de 2010, a presidente da República, por meio da Mensagem nº 701, encaminhou ao
Congresso Nacional o projeto de lei solicitando a aprovação o Plano Nacional de Educação para o decênio
2011-2020, contudo devido o tempo de tramitação na Câmara Federal e no Congresso, o PNE foi aprovado
com vigência para o decênio 2014-2024.
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Freitas (2015), também chama atenção para que fiquemos atentos para que “a atual
política emergencial de formação superior de professores no exercício do trabalho –
entendida como formação continuada e não inicial – oferecida através de programas
especiais, nos moldes pós-LDB” (2015, p. 434).não tenha continuidade, posto que poderia
culminar com o aumento da educação a distância para a formação de um grande
contingente de professores em exercício, o que iria em direção contrária ao que determina
o parágrafo 3º, do art. 62, da LDB nº 9.394/1996, cuja proposição é “a formação inicial de
profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo
uso de recursos e tecnologias de educação a distância.”
Ao destacarmos esse aspecto, não estamos desconsiderando a importância e
contribuição da educação à distância para a formação inicial e continuada dos profissionais
do magistério e da educação, mas apenas defendendo que as políticas de formação tenham
qualidade teórica e articulação com a prática educativa, ou seja, considere as dimensões
quantitativas e qualitativas, atendendo ao proposto no Documento Referência da Conae -
2014 que, defende uma política de formação inicial e continuada que se efetive a partir de
uma concepção político-pedagógica ampla, que assegure a articulação teoria e prática, a
pesquisa e a extensão (BRASIL, 2014b).
Convém registramos, ainda, a meta 16 cujo objetivo é formar, em nível de pós-
graduação, 50% dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste
PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação continuada
em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos
sistemas de ensino (BRASIL, 2014b).
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Em relação à meta acima citada, lembramos que segundo dados do Censo Escolar de
2014, atualmente, apenas 31,4%2 dos professores da Educação Básica possuem Pós-
Graduação3. Portanto, a formação continuada em nível de pós-graduação poderá contribuir
com a diminuição das lacunas da formação inicial de nossos docentes, contribuindo para a
melhoria da qualidade da educação. Portanto, um dos desafios para a concretização desta
meta está disposto na estratégia 16.1 que remete novamente ao regime de colaboração, no
sentido do planejamento estratégico para dimensionamento por parte das instituições
públicas de educação superior, de forma orgânica e articulada às políticas de formação dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL, 2014a).
Destacamos, ainda, o desafio de estabelecer princípios, fundamentos e diretrizes para
a expansão de oferta de cursos de pós-graduação (lato e stricto sensu) para profissionais do
magistério da educação básica, indicando cursos, áreas prioritárias e parâmetros de acordo
com as diferenças e diversidades regionais. Para tanto, Freitas destaca que é fundamental o
fortalecimento das faculdades e centros de educação das universidades para que possa
ocorrer o desenvolvimento da formação inicial e continuada “em articulação com os
institutos de áreas específicas, definindo as responsabilidades institucionais, científicas e
acadêmicas na formação de professores para a educação básica” (2014, p. 429). Em análise
desenvolvida por Dourado é destacado que:
[...] para o alcance da meta, as iniciativas federais , [..] e centralmente a
consolidação e integral cumprimento da Política Nacional de Formação dos
Profissionais da Educação Básica sã condições sem as quais não se produzirá
resultado positivo. Somando-se a programas já mencionados os mestrados
profissionais que são, grosso modo, ofertados em áreas tais como
Administração Pública, Matemática, Física, Artes e História. Dentre estes,
destacando-se a política indutiva desencadeada pelo Governo Federal e a Capes,
por meio da criação de Programas de Mestrado Profissional em Matemática em
Rede Nacional (Profmat) e do Profletras, além do Programa Nacional de
Formação em Administração Pública (Pnap) viabilizados através da Uab.
(DOURADO, 2017, p. 144).
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sujeito de sua prática. Assim, pensar a formação continuada é levar em conta os saberes já
constituídos dos professores e as especificidades de suas práticas pedagógicas.
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Considerações finais
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Dessa forma, os (as) professores (as) precisam refletir sobre a maneira ideal de lutar
pela categoria. Os gestores devem colaborar com os educadores. Se não podem ajudar no
aumento do salário, devem procurar outras formas dentro da instituição que atuam para
amenizar os problemas relacionados a eles. A formação continuada é uma das formas de
valorização do profissional onde o gestor pode e deve colaborar com o (a) professor (a)
levando-o a refletir sobre sua posição, bem como dar suporte pedagógico e administrativo
para o seu aperfeiçoamento profissional.
Enfim, a formação continuada de professores é importante, pois amplia o
conhecimento, leva a reflexão, a solução de problemas, mantém o professor atualizado,
comprometido, aprende e ensina, se auto – avalia fazendo com que se sinta parte de um
contexto onde o levará a formar cidadãos visando um futuro aperfeiçoamento.
Desta forma, evidencia-se a urgência de dinamizar e efetivar ações que alcancem
maior número possível de agentes educacionais, em nível da formação continuada na busca
da qualidade social da escola pública oportunizando aos professores espaços que os esti-
mulem a refletir sobre questões didáticas, metodológicas, currículo, planejamento e
contribuindo para o ensino e a aprendizagem de estudantes.
Referências
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CARDOZO, Maria José Pires B. LIMA, Francisca das Chagas S. LIMA. Lucinete
Marques. A formação dos profissionais do magistério nos Planos de Educação: um
enfoque no PNE e no Plano Estadual do Maranhão. Revista COCAR, Belém, Edição
Especial N.2, p. 31 a 52 – Ago./Dez. 2016 Programa de Pós-graduação Educação em
Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315
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FREITAS, Helena Costa L. de. A reforma do ensino superior no campo da formação dos
profissionais da educação básica: as políticas educacionais e o movimento dos educadores.
Educação & Sociedade, Campinas, v. 20, n. 68 (Especial), p. 17-44, dez.1999.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão Escolar Teoria e Prática. Goiânia: Ed.
Alternativa, 5ª edição, 2004.
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