Viagem e Vaga Música Cecília M - Alunos

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 23

Livros para o Vestibular

VIAGEM E
VAGA MÚSICA CECÍLIA MEIRELLES

Prof. Mazziotti
Cecília Meireles - POETA

(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por


ganhar nem me espantei por perder. A
noção ou o sentimento da transitoriedade
de tudo é o fundamento mesmo da minha
personalidade.(...)
CECÍLIA MEIRELES
— Rio de Janeiro (1901-1964). Órfã, foi criada pela avó e fez
Magistério. Lecionou Literatura em várias universidades.
— Dedicou-se ao jornalismo, escrevendo crônicas e artigos
sobre Educação. Também foi produtora e redatora de
programas culturais radiofônicos.
— Estreia com o livro Espectros (1919), participando da
corrente espiritualista, sob a influência dos poetas que
formariam o grupo da revista FESTA (neossimbolista).
— Suas principais características são sensibilidade forte,
intimismo, introspecção, viagem para dentro de si mesma
e consciência da transitoriedade das coisas (tempo =
personagem principal).
— Para ela as realidades não são para se filosofar, são
inexplicáveis, basta vivê-las.
CECÍLIA MEIRELES

— A frequente presença de elementos como o vento, a água, o


mar, o ar, o tempo, o espaço, a solidão e a música dá à
poesia de Cecília Meireles um caráter fluido e etéreo, que
confirma a inclinação neossimbolista da autora.
— O espiritualismo, a musicalidade e o orientalismo, tão
prezados pelos simbolistas, também se fazem presentes na
obra da poetisa.
• Em 1934, inaugurou a primeira biblioteca infantil do país, fechada em seguida
por motivos políticos.
• Lecionou cultura brasileira na Universidade do Texas e tornou-se conferencista
mundial.
• Suas primeiras obras exprimem influência simbolista no vocabulário, no ritmo
e na temática.

Obras:
Espectros
Nunca Mais
Poemas dos Poemas
Baladas para El-Rei
A grande revelação de Cecília Meireles começou, de fato, com Viagem (1939).
Daí por diante é difícil assinalar sua obra mais importante, tal a
homogeneidade, a perfeição e o acabamento.

Outras obras:
Vaga Música
Mar Absoluto
Retrato Natural
Romanceiro da Inconfidência
Canções
Solombra (póstumo)
CARACTERÍSTICAS DA POESIA DE CECÍLIA MEIRELLES

• Poesia de fundo filosófico, com tendência à musicalidade, com intimismo e


espiritualismo.
• Temas: transitoriedade da vida, fugacidade dos bens materiais, solidão,
natureza, fazer poético.
• Na linguagem, enfatiza os símbolos, os apelos sensoriais. Afinidade com os
quatro elementos: Água (Mar), Terra, Fogo e Ar (vento).
• Na forma, usa epigramas, versos em redondilhas (poesia infantil); mescla
liberdade métrica e equilíbrio clássico (sonetos)
ANÁLISE DE POEMAS
Motivo
ü Nesse poema percebemos algumas das
Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa. principais características da poesia de Cecília
Não sou alegre nem sou triste: Meireles: leveza, delicadeza e a musicalidade
Sou poeta. (neossimbolista);
ü Linguagem altamente intuitiva e sensorial com
Irmão das coisas fugidias, um certo tom melancólico;
Não sinto gozo nem tormento,
Atravesso noites e dias ü Tematiza a passagem do tempo, a
no vento. transitoriedade da vida;
ü Observe o uso dos verbos “ser” e “existir” que
Se desmorono ou se edifico,
sugerem o tom existencialista de sua poesia;
Se permaneço ou me desfaço,
− Não sei, não sei. Não sei se fico ü O poema é uma metáfora que representa a
ou passo. fugacidade da vida e como as pessoas a
deixam passar sem dar o real valor ao que
Sei que canto. E a canção é tudo. realmente importa;
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo: ü Para o eu lírico, o que realmente importa?
− mais nada. ü Maior contraste do poema: efêmero x canção.
RETRATO ü O rosto descrito pelo “eu” lírico é reconhecido como seu?
ü Quais sentimentos despertam no eu lírico a constatação da
Eu não tinha este rosto de hoje, passagem do tempo?
assim calmo, assim triste, assim magro, ü O uso seguido da palavra “assim” sugere que ritmo à
nem estes olhos tão vazios, passagem do tempo?
nem o lábio amargo. ü No penúltimo e último versos da última estrofe há um
questionamento do “eu” lírico, que fica desejoso em saber
em que momento ele perdeu a sua vitalidade. O poeta fala
Eu não tinha estas mãos sem força, isso no poema metaforicamente: “espelho” seria o quê?
tão paradas e frias e mortas; ü E a “face”? seria a vida, a juventude?
eu não tinha este coração O título se encaixa ao poema? Explique.
que nem se mostra. ü Sim, a palavra retrato simboliza algo estático, parado,
eternizado, e marca momentos da vida do “eu” lírico. Há
Eu não dei por esta mudança, dois momentos: o da juventude (anterior) – álbum de
família – e o hoje na imagem do espelho que pode se
tão simples, tão certa, tão fácil:
tornar retrato (do que não é mais, no entanto, cristalizado,
- em que espelho ficou perdida pode ser para sempre). A indagação final é de espanto por
a minha face? não perceber a passagem do tempo e por perder o
momento em que a sua juventude foi eternizada pela
imobilidade.
EPIGRAMA
Composição poética breve que expressa um único pensamento principal.
Pequena composição em verso sobre qualquer assunto.

Epigrama número 2 (Viagem)


Qual é o tema abordado?
És precária e veloz, Felicidade. ü A fugacidade da felicidade, de sua
Custas a vir e, quando vens, não te demoras. meteórica passagem na vida de cada ser
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
humano, que também é muito breve.
e, para te medir, se inventaram as horas.
ü Existe uma ligação entre a fragilidade da
Felicidade, és coisa estranha e dolorosa: vida e da felicidade, pois nós vivemos
Fizeste para sempre a vida ficar triste: buscando a felicidade, e a deixamos que
Porque um dia se vê que as horas todas passam, passe em pequenos momentos do nosso
e um tempo despovoado e profundo, persiste. dia-a-dia, enquanto o tempo, imperdoável,
age silenciosamente.
Epigrama nº 10
A minha vida se resume, ü Vaguidade, transitoriedade, inconsequência,
eterização
desconhecida e transitória,
Versos octossílabos (preocupação formal)
em contornar teu pensamento, ü

sem levar dessa trajetória


nem esse prêmio de perfume
que as flores concedem ao vento.
REALEJO
MINHA vida bela, Alucinação
Minha vida bela, da cabeça tonta!
nada mais adianta
se não há janela Tudo se desmonta
para a voz que canta... em cores e vento
e velocidade.
Preparei um verso
com a melhor medida: Tudo: coração,
rosto do universo, olhos de luar,
noites de saudade.
boca da minha vida.
Aprendi comigo.
Ah! mas nada adianta,
Por isso, te digo,
olhos de luar, minha vida bela,
quando se planta nada mais adianta,
hera no mar, se não há janela
para a voz que canta...
nem quando se inventa
um colar sem fio,
ou se experimenta
abraçar um rio...
QUESTÕES RESOLVIDAS
Leia o poema seguinte para responder às questões 1 e 2.

Epigrama n° 08
Encostei-me a ti, sabendo bem que eras somente onda.
Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti.

Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil,


Fiquei sem poder chorar quando caí.
Cecília Meireles. Vaga música.

1. Assinale a alternativa correta:


A) O eu lírico se coloca como um ser “sem chão” a partir da ausência de um amor que caminha
ao lado.
B) Notoriamente neossimbolista, a autora se vale de vocábulos vagos sugestivos que a remetem
a um objetivo inconquistável.
C) O uso dos verbos no pretérito revela uma circunstância inalterável, assim como a consciência
de sua condição.
D) A fragilidade imposta pelo destino torna-se a circunstância evidente do abandono no final.
E) O bom senso em reconhecer o insucesso existencial permite uma reflexão mais lógica e
objetiva de sua realidade.
Epigrama n° 08
Encostei-me a ti, sabendo bem que eras somente onda.
Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti.

Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil,


Fiquei sem poder chorar quando caí.
Cecília Meireles. Vaga música.

2. (ITA-2014) É CORRETO afirmar que o texto.


A) contém uma expressão exagerada de dor e tristeza, decorrente do fim de um
envolvimento amoroso.
B) fala sobre o rompimento de duas pessoas, que, por já ser previsto, não causou dor no
sujeito lírico.
C) registra o término de um envolvimento afetivo superficial, pois os amantes não se
entregaram totalmente.
D) contém ambiguidade, pois, apesar de o sujeito lírico dizer que não chorou, o poema
exprime tristeza.
E) garante que a forma mais aconselhável de lidar com as desilusões é estarmos de
antemão preparados para ela.
O poema a seguir refere-se às questões 3 e 4.

Motivo
Eu canto porque o instante existe 3. (PASSE UFMS – 2ª ETAPA-2020) A poesia de Cecília
E a minha vida está completa. Meireles é baseada num discurso de musicalidade suave
Não sou alegre nem sou triste: e sutil, cujo contato com a realidade é o ponto de partida
Sou poeta.
para uma experiência de transcendência.
Irmão das coisas fugidias,
Considere os versos a seguir.
Não sinto gozo nem tormento, “Um dia sei que estarei mudo
Atravesso noites e dias – mais nada.
no vento.
Os versos em destaque estão associados a um:
Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou me desfaço, A) sentido conotativo, simbolizando a vida.
− Não sei, não sei. Não sei se fico B) sentido conotativo, simbolizando a morte.
ou passo.
C) sentido denotativo, simbolizando esperança.
Sei que canto. E a canção é tudo. D) sentido denotativo, simbolizando construção.
Tem sangue eterno a asa ritmada. E) sentido denotativo, simbolizando musicalidade.
E um dia sei que estarei mudo:
− mais nada.
Cecília Meireles. Obra Poética. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1987.
4. (UNIPE-Medicina-2019) A partir dos versos de Cecília Meirelles no poema Motivo,
marque V para as afirmativas verdadeiras e F, para as falsas.

( ) Valorização do momento presente.


( ) Construção poética perpassada por antíteses.
( ) Insegurança do eu lírico a respeito da importância de sua poesia.
( ) Tematização da passagem do tempo atribuindo imortalidade à arte poética.
A alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo, é a
A) F V F F V
B) F F V V V
C) V F V F F
D) V V F V F
E) V V V F F
Leia o poema seguinte para responder à questão 5.
Epigrama n° 04
O choro vem perto dos olhos Descem dos céus ordens augustas
para que a dor transborde e caia. e o mar chama a onda para o centro.
O choro vem quase chorando O choro foge sem vestígios,
como a onda que toca a praia. mas levando náufragos dentro.
(MEIRELES, Cecília, Viagem/Vaga música.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.p.43)

5. O texto:
I. aproxima metaforicamente um fenômeno humano e um fenômeno Estão corretas:
natural a partir da identificação de, pelo menos, um traço comum a
ambos: água em movimento. A) I e II apenas;
II. sugere que, enquanto o movimento do choro é ligado à variação das B) I, II e IV apenas;
emoções, o movimento da onda deve-se a forças naturais, responsáveis C) I, III e IV apenas;
pela circularidade marítima. D) II e III apenas;
III. ameniza o dramatismo do choro humano, pois, quando acomete o E) todas.
sujeito, ele passa naturalmente, como a onda que volta ao mar.
IV. leva-nos a perceber que o choro contido tem um impacto emocional
que o torna desolador.
Texto para as questões 6 e 7. 6. (UNIRG-2018) O Poema, escrito em primeira pessoa, mostra o eu
lírico descrevendo seu próprio semblante; o rosto, que ele não
reconhece mais como seu, propondo a temática da transitoriedade
RETRATO da vida, tanto física quanto psicológica. São vários os recursos
Eu não tinha este rosto de hoje, estilísticos empregados com esse propósito. Acerca desse
assim calmo, assim triste, assim magro, procedimento, analise os itens a seguir:
nem estes olhos tão vazios,
I. Cecília Meireles utiliza-se da sequência: pronome reto, verbo,
nem o lábio amargo.
pronome demonstrativo, substantivo, adjetivo ou locução
adjetiva - esses últimos dão ênfase aos substantivos: “rosto”,
Eu não tinha estas mãos sem força,
“olhos”, “lábio”, “mãos” e “coração”, elementos centrais do
tão paradas e frias e mortas;
questionamento do eu lírico.
eu não tinha este coração
que nem se mostra. II. O emprego dos demonstrativos “este”, “estas”, “esta”, nos versos:
“Eu não tinha este rosto de hoje”; “Eu não tinha estas mãos sem
Eu não dei por esta mudança, força”; “Eu não dei por esta mudança” enfatizam a materialidade
tão simples, tão certa, tão fácil: da única preocupação do sujeito: o envelhecimento.
— Em que espelho ficou perdida III. A função conativa é predominante no poema, cujo objetivo é
a minha face? ressaltar o estado emocional e espiritual do eu lírico. Prevalecem
MEIRELES, Cecília. Retrato. no poema os versos brancos, reforçando o sentimento de
In: ____. Antologia poética. melancolia presente em todo o texto.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001
A) I, II e III estão corretas;
B) I e II estão corretas;
Em relação às proposições analisadas, marque a alternativa que apresenta
análise adequada em relação às ideias contidas no poema “Retrato”. C) I, II e III estão corretas;
D) II e III estão corretas.
7. (UNIRG-2018) O Poema, escrito em primeira pessoa, mostra o eu
RETRATO
lírico descrevendo seu próprio semblante; o rosto, que ele não
Eu não tinha este rosto de hoje, reconhece mais como seu, propondo a temática da transitoriedade
assim calmo, assim triste, assim magro,
da vida, tanto física quanto psicológica. São vários os recursos
nem estes olhos tão vazios, estilísticos empregados com esse propósito. Acerca desse
nem o lábio amargo.
procedimento, analise os itens a seguir:
Eu não tinha estas mãos sem força, Em relação à poesia “Retrato” de Cecília Meireles, considere as
tão paradas e frias e mortas; afirmações abaixo:
eu não tinha este coração I. O primeiro verso “Eu não tinha este rosto de hoje”, o pronome
que nem se mostra. demonstrativo intensifica a volta ao passado.
II. O segundo verso da 1ª estrofe dá um ritmo lento sugerindo que
Eu não dei por esta mudança, a passagem do tempo fosse quase imperceptível para o eu-lírico.
tão simples, tão certa, tão fácil: III. Na segunda estrofe, “eu não tinha este coração/que nem se
— Em que espelho ficou perdida mostra”, a palavra coração está empregada como uma elipse
a minha face? para sentimentos.
IV. A terceira estrofe traz a transitoriedade ressaltada na repetição
MEIRELES, Cecília. Retrato.
In: ____. Antologia poética. da palavra “tão”, mostrando a certeza da evolução e a passagem
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 da vida.
V. A autora aborda o tema da passagem da vida e da sua
transitoriedade de maneira filosófica, particular e simples.
A) I e III. D) I, II e IV.
É verdadeiro apenas o que se afirma em: B) II e IV. E) I, II e III.
C) III e IV.
GABARITO
1-B 6-B
2-D 7-B
3-B
4-D
5-B
FIM

Você também pode gostar