HISTORIA-IGREJA - 2, Professor Fernando Melo, Escola de Conservadorismo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 7

A Era pré-cristã – Helenismo

A grandeza do estudo proposto


Ponto inicial para o estudo e a compreensão do universo do qual estamos à porta é entender
que, estudar a História da Igreja é estudar a História do Mundo. Assim, é necessário entender
dois problemas vitais relacionados à nossa matéria de estudo.

O ESVAZIAMENTO DO ENSINO RELIGIOSO Muito bem descrito por Willian F. Buckley Jr. em seu
clássico God & Man at Yale, o mundo acadêmico despojou o estudo teológico de sua
importância histórico-científica já no meio do século XX, esvaziando a valoração da cadeira de
Religião nas universidades norte-americanas1. Esse esvaziamento transformou a Religião em
um estudo tão nichado quanto o estudo de biblioteconomia, porém sem aplicação no mercado
de trabalho, ou seja, estudar Religião se tornou algo absolutamente inútil em um mundo
utilitarista. Essa distorção do que seja a religião em seu sentido lato é mortal em um ambiente
onde o conhecimento passa a caminhar sozinho, alijado de sua base primordial, a anagógica.

A PROFANAÇÃO DO ATO DE CONHECER Hugo de São Vitor (1096 d.C – 1141 d.C), demonstrou
como o método de estudo anagógico superava a linguagem alegórica, uma vez que esta tem
sentido unicamente extrínseco – sua mensagem está fora da alegoria, em sua interpretação –,
enquanto a ação simbólica dialogava intrinsecamente – seu sentido é interno, o do próprio
significado do símbolo. A anagogia, porém se direcionava “para cima" (sursum ductio), partindo
do visível para alcançar o invisível. Com essa leitura do significado das linguagens, o teólogo e
filósofo saxão demonstrou para o mundo a importância não apenas religiosa dos Escritos
Sagrados, mas a relevância intelectual de uma leitura transcendente de toda a matéria
intelectual. Ignorar esse “mover para o alto” do intelecto humano é desligar a alma de sua
Origem e, consequentemente, emburrecer o estudo de toda e qualquer matéria inteligente.

Ambos os erros precisam ser evitados aqui, no início de um estudo que se prolongará por
tantas páginas, horas e dias de nossas vidas e que encontra, nesses primeiros parágrafos, o
alerta quanto a seu maior inimigo: acreditar que a Religião é espiritual (invisível, negativa), e as
Ciências são materiais (visíveis, positivas). Falar sobre Jesus Cristo de Nazaré é falar de uma
figura mística, mítica até; enquanto falar de César Augusto, que nasceu antes de nascer o
Cristo, e morreu antes da morte do Cristo, é falar de um personagem histórico. De mesmo teor
o pensamento comum quanto a figuras como João Batista (religião) e Herodes Agripa
(história), Simão Pedro (religião) e Félix (história), Rei Davi (religião) e os Maias (história), José,
do Egito (religião) e Hamurabi (história). Perceba que, cada uma dessas duplas de
personagens viveu na mesma época que seu par, são contemporâneos, no entanto os

1
BUCKLEY. W. God & man at Yale. Regnery Gateway. Washington-DC, 2017. No livro, mais precisamente no capítulo
Religion at Yale, o autor demonstra o método utilizado pela universidade para acabar com o estudo da Religião:
“[...]Yale sets up a number of “required studies” for the students of the liberal arts. Unless he can earn an exemption for
this or that exceptional reason, he must take a full year course in each of the following Fields: (1) English, Latin, or
Greek, (2) Modern Language, (3) Formal Thinking (Mathematics, Logic, or Linguistics), (4) Laboratory Science, (5)
Classical Languages, Literature, and Civilization, (6) Modern Literature, the Fine Arts, and Music, (7) Anthropology,
Economics, Geography, Political Science, Psychology, Sociology, (8) History, Philosophy, Religion, and (9) Natural or
Physical Science”. A observação do autor é a de que os alunos escolhem sempre estudar História ou Filosofia ao invés
de Religião, uma vez que para eles é melhor associar ambas essas matérias à grade curricular geral, e assim todas as
outras matérias deixam de ter o valor religioso em si, uma vez que todo o valor religioso deve habitar unicamente o
curso de Religião. Estratégia simples e mortal, unificam todo o valor cristão em uma matéria e a tornam desprezível
para o estudante.

1
primeiros pertencem ao campo da fé, os segundos, ao da ciência. O que define um
personagem como histórico? Relatos (orais e escritos), achados arqueológicos (moedas,
ruínas, pinturas), legado histórico para uma cultura (religião, artes, política)? Tais pontos são
cumpridos ricamente por ambos os personagens de cada uma das pitorescas duplas listadas
acima, no entanto o imaginário comum permanece: cristianismo é matéria de fé, não de
história.

Iniciar a História da Igreja da forma aqui proposta é um desejo que se me tornou inevitável
enquanto estive a ler dezenas de obras, escritas por autores de todos os continentes cobrindo
desde Heráclito de Éfeso (VI a.C), Josefo e Eusébio (início da Era Cristã) a teólogos modernos
como Ratzinger ou Bonhoeffer: a História da Igreja é a História do Homem nos últimos dois
milênios, e para estudar a história do homem na Era Cristã precisamos voltar a seu prefácio,
que se dá em Alexandre, o Grande.

O mundo helênico
Filipe II da Macedônia (382 a.C. — 336 a.C)
entrou para a História como o pai de
Alexandre, o Grande, o seu maior feito devido
não à falta de conquistas por sua própria força,
mas pela importância que seu filho teve na
alteração da geografia, política, diplomacia e
cultura do mundo de seu tempo, e além.
Enquanto o pai, Filipe, se mostrou ao mundo
como grande estrategista militar que expandiu
o domínio macedônio para a quase totalidade
do território grego, Alexandre, seu filho,
transformou a Macedônia em origem do
mundo helênico, expressão que deriva do
verbo grego “hellênizô, ‘Eu me comporto como
um grego’, ‘eu adoto maneiras gregas’, ou ‘eu
falo grego’”2. A partir de Alexandre, o mundo
passaria a fazer parte de um Império, unificado
não apenas por força, mas por cultura, união
vital pois não dizia respeito unicamente à
imposição de força sob a lâmina de uma
espada (ou a ponta de uma lança, arma
símbolo do embate militar macedônio), mas à
conquista da alma e do coração dos povos
Estátua de Alexandre montado sobre Bucéfalo, trazendo à mão uma
que viam seus exércitos serem vencidos pelas estátua alada da deusa Nike (deusa da vitória).
forças do jovem nobre, herdeiro da coroa.

Essa conquista que derrotava os soldados e angariava os habitantes de um reino estrangeiro,


foi a força motriz de um evento que preparou a Terra para o nascimento d’Aquele que alteraria
não apenas a marcação dos tempos, dividindo o mundo entre antes d’Ele e depois d’Ele, e
dividindo também os lares (Mt 10:35); a partir de sua morte passaria a viger seu Testamento,
Novo e com novas heranças aos herdeiros (Hb 9:15-22), evento em que o Verbo separou a luz

2
Tradução livre de Graham Shipley em seu livro The greek world – after Alexander, publicado pela Routledge (NY,
2000), sem tradução no Brasil.

2
das trevas pela segunda vez e unificou a tudo aquilo que é bom, no único que é Bom (Mc
10:18).

Uma das maiores marcas do reinado de Alexandre foi a adoção do modelo de instituições
democráticas – contando com Assembleia Popular, magistrados eleitos, Conselho
Representativo etc. –, onde as decisões iniciavam-se no Conselho, mas era levadas ao povo
para validação. Tendo sido tutorado por Aristóteles, certamente tomou deste muitas aulas
sobre gestão de Estado, recebendo do autor de A Política, lições que lhe proporcionariam
estratégias para avançar sobre o mundo com força mental e poder.

Enquanto rei, Filipe parecia ser o líder que realizaria o sonho da época, a unificação do mundo
helênico de leste a oeste, da Índia à Grécia, derrotando o Império Persa e subjugando o que
hoje é o Irã ao poder das cidades-Estado gregas. Porém, quando Filipe se encontrava às
portas do mundo árabe para iniciar sua invasão, foi assassinado e, assim, em 336 a.C,
Alexandre, aos 20 anos, se vê coroado rei para liderar um exército poderoso que cruzava o
mundo em meio a um processo de expansão global.

Muitas das características do reino alexandrino foram transformadoras não apenas do mundo
em que viveu Alexandre, mas de toda sua posteridade. Grande parte da causa desse legado
perpétuo se deu pelo fato de ter sido o conquistador, responsável pela inclusão de
historiadores e outros intelectuais em suas tropas, e assim ao levar o braço macedônio em
guerra, não apenas subjugava as tropas inimigas como também as dominava culturalmente, e
ao retornar para a Grécia trazia com sua entourage o conhecimento adquirido pelas
civilizações subjugadas (ver Figura 2).

O próprio Alexandre figurou em sua pessoa o que viria a ser a imagem do rei no império grego
(e romano). “Seu relacionamento com as cidades gregas, uma mistura de aparente deferência
a suas tradições com uma autocracia velada, parece-se com o que vemos em seus
sucessores” (SHIPLEY, 2000). As estátuas de Alexandre enriqueceram o imaginário de todo o
mundo, e hoje a imagética real é alexandrina: juventude, beleza, força e solidez. Observação
adicional bastante perspicaz encontra-se na Suda3, vocábulo basileia (reino):

Monarquia: nem natural nem justo é conceder a monarquia aos homens, mas a
habilidade para comandar um exército e lidar com assuntos competentemente. Como
foi o caso com Filipe (II) e os sucessores de Alexandre. Os filhos naturais de
Alexandre não foram ajudados por sua consanguinidade pois era fracos de espírito,
enquanto aqueles que não tiveram conexão com Alexandre se tornaram reis de quase
todo o mundo habitado.4

Vê-se no texto bizantino que a ideia de monarquia vigente mil e quinhentos anos após o rei
macedônio ainda dizia respeito ao aprendido lá, em Alexandre, quando ao se ver surpreso com
a morte precoce do grande conquistador, o mundo viu sua herança de conquistas passar não a
seus filhos, mas aos homens de “espírito forte” que o cercavam. Aquilo que Alexandre
conseguiu transmitir ao mundo a ponto de definir o próprio significado vocabular a constar nos
léxicos de todo o globo, não conseguiu o filho de Filipe passar a seus descendentes. O mundo
passa então a ser governado por esses grandes homens que cercavam Alexandre, a saber

3
Suda (grego: ἡ Σοῦδα), léxico bizantino considerado a primeira enciclopédia do mundo, organizada no séc. X em
Constantinopla (atual Istambul).
4

3
Selêuco (dando origem ao reino selêucida, abrangendo toda a parte oriental do império
alexandrino, indo da Ásia Menor aos limites a oeste, próximos à atual Índia), Lisímaco (reino
lisímaco, que compreendia a Ásia, Trácia e a Macedônia), Ptolomeu (reino helenístico que
dominou o Egito entre 305 a.C até próximo ao nascimento do Cristo) e Cassandro (responsável
por governar parte do território grego, a oeste). Claramente, mudanças territoriais ocorreram ao
longo dos dois séculos até a chegada do Império Romano, e com essas mudanças os
territórios de cada uma das grandes dinastias aqui listadas se expandiu – e por vezes retraiu,
mas mantiveram-se grosso modo.

Importante destacar o aspecto que nos diz respeito ao assunto aqui tratado, o “jeito grego de
ser” de Alexandre se tornaria o padrão helênico, e a partir do governo de seus generais, o
mundo [habitado] passará a falar, conhecer e comunicar como Alexandre. Temos aqui o
aspecto crucial para a instalação da Igreja: a preparação para a recepção do Evangelho.
FIGURA 1 – O MUNDO GREGO DURANTE O PERÍODO ARCAICO (VIII – V A.C).

Observe que a ocupação territorial se dá majoritariamente nas zonas costeiras, uma vez que a exploração do interior dos territórios descobertos
tratava-se de um outro grande advento – à semelhança do que ocorreu também no Brasil com o desbravar do interior vindo a ocorrer dois séculos
após o Descobrimento.

4
FIGURA 2 – MAPA DO MUNDO DE ACORDO COM ERATÓSTENES (III A.C)5

O Mapa de Erastótenes foi produzido com informações que o geógrafo grego recebeu dos membros das campanhas de Alexandre, que ao
percorrerem o mundo em conquistas, não apenas levavam a cultura helênica, mas traziam para a Grécia informações sobre um mundo até então
desconhecido.

FIGURA 3 – MAPA DO IMPÉRIO DE ALEXANDRE, DIVIDIDO ENTRE SEUS GENERAIS APÓS SUA MORTE

5
BUNBURY, E.H. (1811-1895), A History of Ancient Geography among the Greeks and Romans from the Earliest Ages
till the Fall of the Roman Empire, page 667. London: John Murray, 1883.

5
As dificuldades do mundo pré-alexandrino
Na carta de São Paulo à Igreja na Galácia, o apóstolo diz:

“Afirmo porém que, durante todo o tempo em que o herdeiro é menor de idade, ele em nada
é diferente de um escravo, mesmo sendo o dono de tudo. No entanto, está sujeito a tutores e
administradores até o tempo determinado por seu pai. Da mesma forma nós, quando éramos
menores, estávamos debaixo de um sistema que nos escravizava aos princípios básicos deste
mundo. Todavia, quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher, nascido também debaixo da autoridade da Lei, para resgatar os que estavam
subjugados pela Lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” – Gl 4:1-5

Ao falar sobre a vida como herdeiro do Velho Testamento, em Moisés, o apóstolo compara os
filhos de Deus em Cristo Jesus ao jovem herdeiro que, por não ter ainda alcançado a
maioridade civil, tem os mesmos direitos de herança que um escravo, ou seja, nenhum. Porém
se lhe falta direito sobre a herança, está investido do direito de filiação, é filho legítimo e aí está
sua diferença para com o escravo6, ao chegar na idade de receber sua parte na herança, se
fará evidente sua filiação. A analogia do apóstolo nesse texto prossegue com o esclarecimento
de que, os vivos naquele tempo, como o próprio apóstolo, haviam nascido não sob a Nova
Aliança, mas sob a Velha, em Moisés, e assim não eram filhos do Cristo, mas haviam sido
adotados por Ele e, consequentemente, incluídos na herança do Calvário. É especialmente
necessário destacar a expressão que diz respeito ao tempo da vinda do Senhor, diz o apóstolo:
“Todavia, quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho...”, essa
compreensão sobre o tempo do advento do nascimento do Redentor concorda perfeitamente
com a realidade manifesta em Cristo, quando diz que “[...]a respeito daquele dia e hora
ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão exclusivamente o Pai”. Nesta
passagem do Evangelho de São Mateus (24:26), o próprio Filho diz que as decisões temporais
com respeito às suas vindas (tanto a primeira, em Maria, quanto a segunda, descendo para
reinar) não contam com sua participação decisória, mas apenas com seu serviço obediente (Fp
2:5-8). Essa plenitude dos tempos da qual fala o apóstolo é essencial para que entendamos o
que é a Igreja e porque sua instalação na Terra se deu após o Império greco-romano.

Antes da unificação helênica, um projeto de comunicação global era inviabilizado por diversos
fatores culturais, como língua, religião, ausência de vias terrestres ligando diferentes centros
populacionais e até mesmo a própria cultura artística. Todos esses fatores, porém, foram
profundamente alterados a partir de Alexandre, o Grande, que com a expansão do domínio
macedônio alterou não apenas aspectos imateriais (culturais, religiosos e idiomáticos), como
interligou grandes cidades e povos com a construção de estradas de ligação. Os registros
atuais já detectaram mais de 80 mil quilômetros de extensão de estradas durante o Império
Romano, e essa malha terrestre (suficiente para dar duas voltas no planeta) teve seu início
com o grande conquistador, e se efetivou ao longo dos séculos até o início da Era Cristã. Falar
sobre capacidade de locomoção é tratar de assunto vital para a Igreja, uma vez que sua
principal missão é o IDE (Mc 16:15). Não apenas as estradas ligando Europa, Oriente Médio e
África foram cruciais para a “infância” da Igreja, possibilitando-a cumprir com sua missão
evangelística, também foi crucial o aspecto imaterial dessa viagem, a locomoção idiomática.
Enquanto Alexandre percorreu o mundo se comunicando com a linguagem mais antiga de sua

6
Nas Escrituras Sagradas neotestamentárias, quando se fala sobre escravo é necessário destacar que se trata de
outro tipo de escravidão que não a comumente conhecida nas Américas. O termo em grego (δουλος) diz respeito ao
escravo no mundo greco-romano, geralmente um trabalhador doméstico (na cidade ou no campo) comprado de outra
nação ou até mesmo assalariado. Eram não raramente administradores de grandes propriedades (Mt 25:14-23), e o
próprio Cristo jamais pregou contra o instituto daquela escravidão, pelo contrário o próprio apóstolo Paulo se chama
doulos de Cristo (Rm 1:1; Fp 1:1; Tt 1:1).

6
espécie, a força bruta, a Igreja refez o mesmo trajeto partindo de Jerusalém e chegando ao
limite oeste de sua primeira expansão, a Itália. Essa viagem não foi apenas física, com o corpo
de cada apóstolo portando sua cruz em procura de seu próprio Gólgota, mas imaterial, ao
evangelizar a todo o mundo utilizando-se do idioma global daquele tempo: o grego.

No séc. III a.C, o aramaico ligava o Império Ptolomaico – responsável por governar uma área
que ia da Síria, à leste, à cidade de Cirene (atual Líbia) à oeste, e chegando à atual Etiópia, ao
sul –, um idioma de uso escrito tomado como linguagem oficial administrativa, ou seja, a
ferramenta idiomática com a qual o Império administrava os aspectos financeiros e religiosos e
gerenciava dezenas de povos ao longo de seu domínio. Foi nesse século que o Egito realizou
a tradução dos escritos sagrados do Deus dos Hebreus, redigidos em hebraico, para uma
língua popular no império, o grego koiné (o grego helenístico, de conhecimento popular em
todo o império). Começava há três séculos do nascimento do Salvador a popularização do
imaginário religioso dos filhos de Abraão, que seria responsável por viabilizar a comunicação
das Boas Novas por todo o mundo daquele tempo7.

Com o poder da religião dos judeus, em muito superior às culturas religiosas pagãs, o serviço
ao único Deus verdadeiro se mostrou especial a todos os povos da era pré-cristã. Outro fator
importante para essa preparação do Caminho foi a autoridade intelectual da cultura grega,
evidenciada diante de todo o mundo pela filosofia socrática, fundada sobre as bases chamadas
pré-socráticas construídas por grandes homens como Pitágoras, Tales de Mileto, Parmênides e
Heráclito, e é sobre essa base filosófica que precisamos falar para entender como a Igreja
conseguiu convencer não apenas os judeus, mas também grandes autoridades romanas
quanto à realidade de tão louca história a respeito de um judeu que morreu e depois de três
dias ressuscitou – e homem poderoso para conferir o poder de ressurreição a todo aquele que
acreditar em sua existência. Falemos sobre o imaginário do tempo de Cristo.

Fernando Melo
Brasília, 12 de janeiro de 2022

7
Falaremos detalhadamente sobre a Septuaginta mais à frente, quando tratarmos das versões da Bíblia e seu papel
crucial na definição e propagação da sã doutrina pelo mundo.

Você também pode gostar