A Construção Histórica Do Conceito de Dignidade Da Pessoa Humana
A Construção Histórica Do Conceito de Dignidade Da Pessoa Humana
A Construção Histórica Do Conceito de Dignidade Da Pessoa Humana
Uma Constituição que se compromete com a dignidade humana lança, com isso, os
contornos da sua compreensão do Estado e do Direito e estabelece uma premissa
antropológico-cultural. Respeito e proteção da dignidade humana como dever
(jurídico) fundamental do Estado constitucional constitui a premissa para todas as
questões jurídico-dogmáticas particulares. Dignidade humana constitui a norma
fundamental do Estado, porém é mais do que isso: ela fundamenta também a
sociedade constituída e eventualmente a ser constituída. Ela gera uma força protetiva
pluridimensional, de acordo com a situação de perigo que ameaça os bens jurídicos
de estatura constitucional. 39
1
Cf. GRAY, John Nicholas. False dawn: the delusions of global capitalism. The New Press: New York, 1998.
2
Julios-Campuzano assinala que “a mudança radical na dinâmica de atuação do sistema de produção e organização dos mercados em nível
planetário se constitui em um fator determinante da crise das instituições jurídicas do Estado-Nação, que se vê progressivamente
transbordando pelas estruturas, mecanismos e procedimentos jurídicos no âmbito da economia global.” (JULIOS-CAMPUZANO, Alfonso
de. Constitucionalismo em tempos de globalização. Tradução de José Luiz Bolzan de Morais e Valéria Ribas do Nascimento. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 88).
3
A respeito da temática da globalização, perfilhamos a orientação de Boaventura de Sousa Santos, para o qual: “A globalização é muito
difícil de definir. Muitas definições centram-se na economia, ou seja, na nova economia mundial que emergiu nas últimas duas décadas como
consequência da intensificação dramática da transnacionalização da produção de bens e serviços e dos mercados financeiros – um processo
através do qual as empresas multinacionais ascenderam a uma preeminência sem precedentes como actores internacionais. Para os meus
objectivos analíticos privilegio, no entanto, uma definição de globalização mais sensível às dimensões sociais, políticas e culturais. Aquilo
que habitualmente designamos por globalização são, de facto, conjuntos diferenciados de relações sociais; diferentes conjuntos de relações
sociais dão origem a diferentes fenômenos de globalização. Nestes termos, não existe estritamente uma entidade única chamada
globalização; existem, em vez disso, globalizações; em rigor, este termo só deveria ser usado no plural.” (SOUSA SANTOS, Boaventura.
Por uma concepção multicultural de direitos humanos. In: Contexto internacional. Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, jan./jun. 2001, p. 10).
4
BARCELLOS, Ana Paula de. Ponderação, racionalidade e atividade jurisdicional. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 261.
5
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Tratados internacionais de direitos humanos e direito interno. São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 37-38.
6
SUPIOT, Alain. Homo juridicus: ensaio sobre a função antropológica do direito. Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão.
São Paulo: Martins Fontes, 2007, pp. 240-255; e SEN, Amartya. Desenvolvimento com liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010, pp. 297-317.
7
SUPIOT, op. cit., p. 241.
8
MAZZUOLI, op. cit., 2010, p. 37.
9
Um dos traços marcantes da pós-modernidade reside justamente na descrença na existência de valores universais absolutos e com pretensão
de totalidade conglobante de todas as visões de mundo e culturas. Nesse paradigma dogmático, relativista, concebe-se que a verdade é
construída intersubjetivamente, ou melhor, interculturalmente, e não objetivamente, daí a defesa categórica do pluralismo, da tolerância, da
abertura democrática e do diálogo tendente a harmonizar diferenças em torno de aspirações isomórficas, na medida do possível. A esse
respeito, cf. MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Fundamentos do direito. São Paulo: Atlas, 2010, pp. 63-70.
10
SOUSA SANTOS, op. cit., pp. 18-20.
11
MAURER, Béatrice. Notas sobre o respeito da dignidade da pessoa humana… ou pequena fuga incompleta em torno de um tema central.
Tradução de Rita Dostal Zanini. In: SARLET, Ingo Wolfgang (org.). Dimensões da dignidade: ensaio de filosofia do direito e direito
constitucional. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009a, p. 119.
12
A diversidade cultural existente entre os vários grupos humanos não significa que as culturas singulares existam em estado de absoluta
“insularidade ubíqua”, de forma que as pessoas, mesmo vinculadas a diferentes sistemas de referência cultural, têm potencial para
“compartilhar muitos valores e concordar em alguns comprometimentos comuns” (SEN, op. cit., pp. 311 e 313).
13
Cabe esclarecer que o termo “evolução” utilizado ao longo deste trabalho não denota a ideia comum e otimista, associada ao progresso, de
uma mudança linear no sentido de algo necessariamente melhor e mais bem elaborado. Envolve apenas o conceito de passagem ou
deslocamento sucessivo, gradual e comumente lento de estados existenciais do homem, num processo vivo, dinâmico e dialético, com
avanços e retrocessos, fluxos e refluxos, no qual emergem novos e diferenciados elementos, circunstâncias, crenças e formas d e organização
sociocultural, em configurações geralmente mais complexas e heterogêneas, como resultado de inovações e/ou de modificações ou
(re)adaptações contínuas e progressivas de fatores anteriores.
14
MAZZUOLI, op. cit., 2010, p. 21.
15
Extraído do preâmbulo da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984,
aprovada pelo Decreto Legislativo nº 04, de 23.05.1989 (DOU de 24.05.1989), bem como promulgada pelo Decreto nº 40, de 15.02.199 1
(DOU de 18.02.1991).
16
HESSE, Konrad. Temas fundamentais do direito constitucional. Tradução de Carlos dos Santos Almeida [et al.]. São Paulo: Saraiva,
2009a, p. 39.
17
Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), aprovada pela Resolução 217-A (III) das Nações Unidas, de
10.12.1948.
18
Para Amartya Sen, a ideia dos direitos humanos avançou tanto nos anos recentes que adquiriu “uma espécie de status oficial no discurso
internacional” (SEN, op. cit., p. 292).
19
LUCAS DA SILVA, Fernanda Duarte Lopes. Fundamentando os direitos humanos: um breve inventário. In: TORRES, Ricardo Lobo
(org.). Legitimação dos direitos humanos. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, pp. 169-170.
20
SEN, op. cit., p. 292.
21
Preâmbulo da DUDH.
22
Carta das Nações Unidas, assinada em São Francisco, em 26 de julho de 1945, após o término da Conferência das Nações Unidas sobre
Organização Internacional, entrando em vigor em 24 de outubro de 1945.
23
Preâmbulo da DUDH.
24
BONAVIDES, op. cit., p. 571.
25
HÄBERLE, Peter. A dignidade humana como fundamento da comunidade estatal. Tradução de Ingo Wolfgang Sarlet e Pedro Scherer de
Mello Aleixo. In: SARLET, op. cit., 2009a, pp. 101-102.
26
A fé na dignidade da pessoa humana e nos direitos humanos é textualmente afirmada nos preâmbulos da Carta das Nações Unidas e na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, entre outros documentos internacionais.
27
HESSE, op. cit., 2009a, pp. 35-40.
28
“El Derecho es una creación del hombre. En este sentido el Derecho es una herramienta, un artefacto, un constructo. Debido a que toda
creación humana se define en función de su finalidad, es necesario preguntarnos por la finalidad del Derecho. Dicho de modo sencillo, y
básico para generar acuerdo, el Derecho tiene por fin último a la persona humana, dicho mejor, su fin es favorecer la convivencia humana
a través de la regulación de las relaciones humanas. La persona humana es una realidad ontológicamente relacional.” (CÓRDOVA, Luis
Castillo. Los derechos constitucionales: elementos para una teoria general. 3. ed. Lima: Palestra, 2007, p. 35).
29
HESSE, op. cit., 2009a, p. 38.
30
HESSE, op. cit., 2009b, p. 88.
31
Cf. art. 3º da Constituição de 1988.
32
HESSE, op. cit., 2009b, p. 83.
33
HESSE, op. cit., 2009b, pp. 81-82.
34
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos, o princípio da dignidade humana e a constituição brasileira de 1988. Juris Plenum Ouro, Caxias do
Sul: Plenum, n. 27, set./out. 2012a. 1 DVD. ISSN 1983-0297. Segundo Rizzato, o princípio da dignidade humana “[...] é um verdadeiro
supraprincípio constitucional que ilumina todos os demais princípios e normas constitucionais e infraconstitucionais”(NUNES, Luiz Antônio
Rizzato. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. São Paulo: Saraiva, 2002. pp. 50-51).
35
BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 233.
36
Preâmbulo da DUDH, 1º considerando.
37
HESSE, op. cit., 2009b, p. 82.
38
Vários exemplos dessa natureza podem ser colhidos da Constituição de 1988, tal como se dá com o reconhecimento do direito à
indenização por dano moral ou material no caso de abuso do direito de livre manifestação do pensamento (art. 5º, IV e V), cer tamente não
oponível apenas quando o Estado for o causador do dano, assim como o direito à inviolabilidade do domicílio (art. 5º, X) e o sigilo da
correspondência e das comunicações (art. 5º, XII). Isso ocorre, aliás, especialmente com os direitos dos trabalhadores (arts. 7º e ss. da
Constituição de 1988), cujos destinatários precípuos são os empregadores, em regra, particulares.
39
HÄBERLE, op. cit., 2009a, p. 81.
40
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (…) III - a dignidade da pessoa humana;
41
HÄBERLE, op. cit., 2009b, pp. 45-46.
42
HÄBERLE, op. cit., 2009b, p. 51.
43
HÄBERLE, op. cit., 2009b, pp. 54 e 73.
44
Dante Aliguieri define o Direito em termos de “proporzione reale e personale dell´uomo verso l´uomo, la quale conservata conserva la
umana congregazione, e quando corrotta corrompe la societá” (ALIGHIERI, Dante. La monarchia. Livorno: Livorno, 1844, pp. XXIII,
XXXVI e 49). Numa tradução livre: “O direito é uma proporção real e pessoal de homem para homem, que, quando mantida, mantém a
sociedade, e quando se corrompe, corrompe-a”. Inspirando-se no referido conceito, Glauco Barreira assinala que “o fundamento material da
unidade da Constituição é a dignidade da pessoa humana („homem para homem‟)”, bem como leciona que “O direito foi criado para o
homem, que é um fim e não meio. O princípio da dignidade da pessoa humana, embora esteja consagrado na Constituição, é um valor
suprapositivo, pois é pressuposto do conceito de Direito e a fonte de todos os direitos, particularmente, dos direitos fundam entais.”
(MAGALHÃES FILHO, Glauco Barreira. Hermenêutica e unidade axiológica da constituição. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2011, pp.
177-178).
45
SARLET, op. cit., 2009a, p. 67.
46
HÄBERLE, op. cit., 2009b, p. 86.
47
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: (…) II - prevalência dos
direitos humanos;
48
HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição. Tradução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1991,
passim.
49
O Título I da Constituição de 1988, no qual se insere o art. 1º, III, tem, por sinal, a denominação “Dos Princípios Fundamentais”.
50
HÄBERLE, op. cit., 2009b, pp. 61, 90 e 91.
51
Nesse sentido, Castillo Córdova assinala: “La consideración de la persona humana como fin y no como medio tiene una consecuencia
directa y además necesaria en el ámbito jurídico: la promoción de la plena vigencia de sus derechos humanos o fundamentales. Colocar a la
persona humana como fin de toda realidad estatal y social, jurídicamente significa colocar a sus derechos humanos o fundament ales como
fin, lo cual significa que todo lo demás (el poder estatal, por ejemplo) es medio, es decir, que todo lo demás deberá estar dirigido a
conseguir la plena vigencia de los mencionados derechos. Esa es la razon por la que en el ámbito internacional y en el nacional se ha
comprometido al poder estatal con el favorecimiento de la plena vigencia de los derechos fundamentales.” (CÓRDOVA, op. cit., p. 53).
52
HÄBERLE, op. cit., 2009b, p. 57.
53
Béatrice Maurer chama atenção para o fato de que “paradoxalmente, ainda que proclamada em inúmeros textos jurídicos, a dignidade da
pessoa humana nunca é [neles] definida” (MAURER, op. cit., p. 121).
54
Cf. CÓRDOVA, Luis Castillo. Los derechos constitucionales: elementos para una teoria general. 3. ed. Lima: Palestra, 2007, p. 27.
55
Pertinentes a esse respeito são as lições de Glauco Barreira, segundo o qual: A pessoa humana é o valor básico da Constituiçã o, o Uno do
qual provém os direitos fundamentais, não por emanação metafísica, mas por desdobramento histórico, ou seja, pela conquista direta do
homem. Só podemos compreender os direitos fundamentais mediante o retorno à ideia de dignidade da pessoa humana, pela regressão à
origem. […] A dignidade da pessoa humana (Uno) serve de pré-compreensão para os direitos fundamentais (emanações) […]
(MAGALHÃES FILHO, op. cit., 2011, p. 179). No mesmo sentido, Ingo Sarlet assinala: […] o reconhecimento e proteção da dignidade da
pessoa pelo Direito resulta justamente de toda uma evolução do pensamento a respeito do que significa este ser humano e de que é a
compreensão do que é ser pessoa e de quais os valores que lhe são inerentes que acaba por influenciar ou mesmo determinar o m odo pelo
qual o Direito reconhece e protege esta dignidade. (SARLET, Ingo. As dimensões da dignidade da pessoa humana: construindo uma
compreensão jurídico-constitucional necessária e possível. In: SARLET, op. cit., 2009a, p. 16).
56
SAMPAIO, José Adércio Leite. Direitos fundamentais: retórica e historicidade. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 135.
57
Nas palavras de Hannah Arendt, “A pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humano s, sem
que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir.” (ARENDT, op. cit., 2007, p. 16).
58
Rejeitando qualquer fundamentalismo em torno de uma concepção específica de dignidade da pessoa humana, Jonatas Machado leciona
que “o conceito de dignidade humana apresenta-se desvinculado de qualquer concepção mundividencial fechada e heterônoma acerca do
sentido existencial e ético da vida, não podendo servir para a imposição constitucional de qualquer absolutismo valorativo.” (MACHADO,
Jônatas E. M. Liberdade de expressão: dimensões constitucionais da esfera pública no sistema social. Coimbra: Coimbra Editora, 2002, p.
358). No mesmo sentido, adverte Chaim Perelman que, “ante as divergências sobre a própria ideia de pessoa humana e sobre as obrigações
impostas pelo respeito à sua dignidade, é não somente utópico, mas mesmo perigoso, crer que existe uma verdade nessa questão, pois essa
tese autorizaria os detentores do poder a impor suas visões e a suprimir toda opinião contrária, que supostamente expressa um erro tolerável”
(PERELMAN, Chaim. Ética e direito. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 403).
59
ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social. In: Revista do Instituto Brasileiro de
Direitos Humanos, ano 02, vol. 02, nº 02, 2001, pp. 46-67.
60
MARTÍNEZ, op. cit., pp. 21-22.
61
Id. Ibidem.
62
FIGUEIREDO, op. cit., p. 47.
63
SARLET, op. cit., 2010b, p. 32.
64
STARCK, Christian. Das Bonner Grundgesetz. 4. ed. München: Franz Vahlen, 1999, v. I, pp. 34-35.
65
MAURER, op. cit., p. 123.
66
Conforme Sarlet chama a atenção, muitas das noções humanistas defluentes diretamente da concepção bíblica do homem foram
lastimavelmente renegadas, em vários episódios da história, pelas próprias instituições cristãs e seus integrantes, a exemplo do que se deu
com as inúmeras crueldades perpetradas pela Santa Inquisição durante o período medieval (SARLET, op. cit., 2010b, p. 32). A esse respeito,
Comparato assinala que a igualdade universal dos filhos de Deus só valia, efetivamente, no plano sobrenatural, pois o cristianismo continuou
admitindo, durante muitos séculos, a legitimidade da escravidão, a inferioridade natural da mulher em relação ao homem, bem como a dos
povos americanos, africanos e asiáticos colonizadores, em relação aos colonizadores europeus (COMPARATO, op. cit., p. 30).
67
MARTÍNEZ, op. cit., p. 29.
68
FIGUEIREDO, op. cit., p. 48.
69
MAURER, op. cit., p. 123.
70
MARTÍNEZ, op. cit., p. 28.
71
Etimologicamente, o termo “dignidade” advém do latim “dignitas” ou “dignitate”, significando distinção ou honraria conferida a alguém,
consistente em cargo de elevada graduação, alta função, título eminente, podendo, ainda, ser empregado no sentido de postura socialmente
conveniente diante de determinada pessoa ou situação (ROCHA, op. cit., pp. 46-67; e SILVA, De Plácido e, op. cit., p. 526). Segundo Bodin
de Morais, o termo teria também se desdobrado do vocábulo latino “dignus”, que diz respeito àquele que “merece estima e honra, aquele que
é importante”. Assinala, ademais, que o referido termo chegou a ser associado, durante a Antiguidade, à espécie humana como um todo, sem
que tivesse, contudo, havido qualquer personificação (MORAES, op. cit., p. 115). Conquanto tenha evoluído para adquirir outros sentidos,
referidas acepções ainda continuam sendo utilizadas atualmente, tal como dessume da expressão “dignité honneur”, empregada na literatura
francesa (MAURER, op. cit., p. 122). Por sinal, o termo “dignidade”, ou mais precisamente, no plural, “dignidades”, foi utilizado, no sentido
de cargos ou honrarias, no art. 6º da própria Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, que predicara que “Tous les citoyens
[…] sont également admissibles à toutes dignités, places et emplois publics, selon leur capacité et sans autre distinction que celle de leurs
vertus et de leurs talents.” [gn] (Numa tradução livre: “Todos os cidadãos são […] igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e
empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos”. Sem embargo, na
histórica declaração francesa, constava, ainda que de forma subentendida, a ideia de dignidade da pessoa humana existente à época,
sobretudo fundada, na compreensão liberal, no valor da liberdade.
72
SARLET, op. cit., 2010, p. 32.
73
BONAVIDES, Paulo. Do estado liberal ao estado social. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2009, pp. 139-164; BOBBIO, Norberto.
Liberalismo e democracia. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990, pp. 07-10; e REALE, Miguel. Horizontes do direito e da história. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 1977, pp. 17-33.
74
MAURER, op. cit., p. 122.
75
BECCHI, Paolo. O princípio da dignidade humana. In: Revista Brasileira de Estudos Constitucionais, vol. 7, jul./set.2008, pp. 192-193.
76
MORAES, op. cit., pp. 115-116.
77
MORAES, op. cit., p. 116.
78
MIRANDOLA, Pico Della. A dignidade do homem. Tradução de Luiz Feracine. São Paulo: Escala, 1985, pp. 39-40.
79
Conforme David E. Cooper, no discurso de Pico, “a dignidade do homem não se deve ao fato de compartilhar a natureza divina. Os seres
humanos são sui generis, sem afinidade com os animais, nem com os anjos, nem com Deus. É verdade que devem tentar se aproximar da
natureza de Deus pela contemplação [...] A dignidade humana não depende do sucesso deste empreendimento, mas da capacidade de realizá-
lo livremente, de tornar-se igual a Deus.” (COOPER, David E. As filosofias do mundo: uma introdução histórica. São Paulo: Loyola, 2002,
p. 251).
80
MIRANDOLA, op. cit., pp. 19-24.
81
KRIELE, Martin. Introdução à teoria do estado: os fundamentos históricos da legitimidade do estado constitucional democrático.
Tradução de Urbano Carvelli. Porto Alegre: Sergio Antônio Fabris, 2009, p. 285.
82
SARLET, op. cit., 2010b, p. 35.
83
MARTÍNEZ, op. cit., p. 14.
84
MARTÍNEZ, op. cit., p. 28.
85
HÄBERLE, Peter. Die Menschenwürde als Grundlage der staatlichen Gemeinschaft. In: J. Isensee-P. Kirchhof (org.). Handbuch des
Staatsrechsts der Bundesrepublik Deustschland, vol. I. Heidelberg: C.F. Müller, 1987, p. 860.
86
Para Joaquin Arce y Flórez-Valdés, “[…] la persona, ante al Derecho, ha llegado a dar expresión unívoca a una dignidad que no es
susceptible de medida ni de variabilidade; toda persona, por serlo, tiene el mismo coeficiente de dignidad.” (FLÓREZ-VALDÉS, Joaquin
Arce y. Los principios generales del derecho y su formulación constitucional. Madrid: Civitas, 1990, p. 147).
87
JESUS, Carlos Frederico Ramos de. Direitos humanos: por que sua fundamentação moral é necessária? In: AMARAL JUNIOR, Alberto
do; JUBILUT, Liliana Lyra (orgs.). O STF e o direito internacional dos direitos humanos. São Paulo: Quartier Latin, 2009, p. 59.
88
Para Grócio, a dignidade humana manifesta-se no âmbito do direito à sepultura, guardando relação com o respeito com o cadáver. Já para
Hobbes, que adotava uma acepção que remontava, em parte, à concepção do período clássico greco-romano, a dignidade relacionava-se ao
valor do indivíduo no contexto social. Dizia respeito, portanto, ao prestígio pessoal e aos cargos exercidos pela pessoa, cuidando-se, assim,
de um valor atribuído pelo Estado e pelos demais membros da comunidade a alguém (SARLET, op. cit., 2010b, pp. 35-36).
89
SARLET, op. cit., 2010b, pp. 35-37.
90
FERRY, op. cit., pp. 91-99.
91
KANT, Immanuel. Grundlegung zur Metaphysik der Sitten. 3. ed. Leipzig: Durrschen Buchhandlung, 1906, p. 52-53.
92
FERRY, op. cit., p. 92.
93
OLIVEIRA, op. cit., p. 133.
94
“Nos seres racionais a causa das ações é o seu próprio arbítrio (por oposição ao mero desejo ou inclinação que não são objetos de
escolha).” (ANDRADE, Regis de Castro. Kant: a liberdade, o indivíduo e a república. In: WEFFORT, Francisco C. Os clássicos da política.
11. ed. São Paulo: Ática, 2006, p. 53).
95
FERRY, op. cit., p. 97.
96
OLIVEIRA, op. cit., p. 136.
97
OLIVEIRA, op. cit., pp. 154-155.
98
OLIVEIRA, op. cit., p. 131.
99
Segundo Bonavides: “Como se vê, a liberdade para Kant é apenas uma ideia, apanágio de todos os seres racionais, autonomia de vontade.”
(BONAVIDES, op. cit., p. 109).
100
“Para Kant, natureza e liberdade indicam duas esferas radicalmente diversas e, por decorrência, duas dimensões fundamentalmente
distintas […] elas constituem dois mundos, duas instâncias em níveis inteiramente diversos da realidade.” (OLIVEIRA, op. cit., p. 137). Nas
palavras de Paulo Bonavides: “Esse dualismo é o que Kant anuncia existir entre o mundo intelligibilis e o mundo sensibilis […]”
(BONAVIDES, op. cit., 2009, p. 106).
101
OLIVEIRA, op. cit., p. 134, 135, 136. 136 e 140.
102
FERRY, op. cit., p. 86.
103
“Ser livre significa, num primeiro momento, liberar-se da submissão aos mecanismos da natureza interior e exterior, portanto, da
causalidade natural, do jugo da temporalidade. […] Então, liberdade, negativamente, é independência do tempo, das determinações da
causalidade sensível; positivamente, liberdade é autolegislação, autodeterminação.” (OLIVEIRA, op. cit., pp. 136-137).
104
Para Alain Supiot, como todo animal vivo, o homem, de início, está no mundo por seus sentidos, mas, diferentemente de todos o s outros,
tem acesso a um universo que transcende o aqui e o agora dessa experiência sensível. A razão humana é, em verdade, sempre uma conquista,
a conquista frágil de um sentido compartilhado. O homem, assim, “não nasce racional, ele se torna racional ao ter acesso a um sentido
partilhado com outros homens”. (SUPIOT, op. cit., p. IX).
105
Hugo Segundo assinala que não há uma distinção estanque, mas, sim, gradual, entre o homem e os outros animais (MACHADO
SEGUNDO, op. cit., pp. 12-13).
106
KANT, op. cit., pp. 34 e 51-52.
107
ANDRADE, op. cit., p. 51.
108
FERRY, op. cit., p. 82.
109
OLIVEIRA, op. cit., p. 132. No mesmo sentido, pronunciou-se Paulo Bonavides: “A liberdade em Kant aparece, pois, como problema
puramente ético, que se resolve na esfera dos valores.” (BONAVIDES, op. cit., 2009, p. 108).
110
FERRY, op. cit., pp. 95-96.
111
OLIVEIRA, op. cit., p. 134.
112
OLIVEIRA, op. cit., p. 132.
113
KANT, op. cit., pp. 61-62.
114
KANT, op. cit., pp. 64-65.
115
KANT, op. cit., pp. 60-62.
116
JESUS, op. cit., p. 73.
117
“Nun sage ich: der Mensch, und überhaupt jedes vernünftige Wesen, existiert als Zweck an sich selbst, nicht bloß als Mittel zum
beliebigen Gebrauche für diesen oder jenen Willen, sondern muß in allen seinen, sowohl auf sich selbst, als auch auf andere v ernünftige
Wesen gerichteten Handlungen jederzeit zugleich als Zweck betrachtet werden. […]Die Wesen, deren Dasein zwar nicht auf unserm Willen,
sondern der Natur beruht, haben dennoch, wenn sie vernunftlose Wesen sind, nur einen relativen Wert, als Mittel, un d heißen daher Sachen,
dagegen vernünftige Wesen Personen genannt werden, weil ihre Natur sie schon als Zwecke an sich selbst, d.i. als etwas, das nicht bloß als
Mittel gebraucht werden darf, auszeichnet, mithin so fern alle Willkür einschränkt (und ein Gegenstand der Achtung ist). […] Der Mensch
aber ist keine Sache, mithin nicht etwas, das bloß als Mittel gebraucht werden kann, sondern muß bei allen seinen Handlungen jederzeit als
Zweck an sich selbst betrachtet werden. Also kann ich über den Menschen in meiner Person nichts disponieren, ihn zu verstümmeln, zu
verderben, oder zu töten.” (KANT, op. cit., pp. 52-54). Numa tradução livre: “Agora eu afirmo: o homem – e, de uma maneira geral, todo o
ser racional – existe como fim em si mesmo, e não apenas como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Em todas as suas ações,
pelo contrário, tanto nas direcionadas a ele mesmo como nas que o são a outros seres racionais, deve ser ele sempre considera do
simultaneamente como fim. […] Os seres, cuja existência não assenta em nossa vontade, mas na natureza, têm, contudo, se são seres
irracionais, um valor meramente relativo, como meios, e por isso denominam-se coisas, ao passo que os seres racionais denominam-se
pessoas, porque a sua natureza os distingue já como fins em si mesmos, ou seja, como algo que não pode ser empregado como simples meio
e que, portanto, nessa medida, limita todo o arbítrio (e é um objeto de respeito). […] Mas o homem não é uma coisa; não é, portanto, um
objeto passível de ser utilizado como simples meio, mas, pelo contrário, deve ser considerado sempre em todas as suas ações como fim em si
mesmo. Não posso, pois, dispor do homem em minha pessoa para o mutilar, degradar ou matar.”. Vale transcrever ainda as seguintes
passagens: “Der Mensch ist zwar unheilig genug, aber die Menschheit in seiner Person muß ihm heilig sein. In der ganzen Schöpfung kann,
was man will, und worüber man etwas vermag, auch bloß als Mittel gebraucht werden; nur der Mensch, und mit ihm jedes vernünft ige
Geschöpf, ist Zweck an sich selbst.” (numa tradução livre: “O homem é, de fato, muito profano, mas a humanidade em sua pessoa deve ser
sagrada para ele. Tudo o que existe na criação, tudo o que se quiser, e sobre o que se tenha algum poder, pode-se utilizar como simples meio;
somente o homem e, como ele, toda criatura racional é um fim em si.”) e “Daß in der Ordnung der Zwecke der Mensch (mit ihm jedes
vernünftige Wesen) Zweck an sich selbst sei, d. i. niemals bloß als Mittel von jemanden (selbst nicht von Gott), ohn e zugleich hierbei selbst
Zweck zu sein, könne gebraucht werden, daß also die Menschheit in unserer Person uns selbst heilig sein müsse […]” (numa tradução livre:
“Que, na ordem dos fins, o homem (e com ele todo o ser racional) seja um fim em si mesmo, isto é, não possa nunca ser utilizado por alguém
(nem mesmo por Deus) apenas como um meio, sem ao mesmo tempo ser um fim; que, portanto, a humanidade, em nossa pessoa, deve ser
para nós sagrada […]”). (KANT, Immanuel. Kritik der Praktischen Vernunft. 8. ed. Leipzig: Felix Meiner, 1922, pp. 112-113 e 168).
118
KANT, op. cit., 1906, pp. 53-54.
119
KANT, op. cit., 1906, p. 56.
120
Na esteira de Kant, José Afonso da Silva assinala que a dignidade da pessoa humana “não é uma criação constitucional, pois ela é um
desses conceitos a priori, um dado preexistente a toda experiência especulativa, tal como a própria pessoa humana” (SILVA, José Afonso da.
A dignidade da pessoa humana como valor supremo da democracia. In: Revista de Direito Administrativo, vol. 212, 1998, pp. 89-94). No
mesmo sentido, cf. ROCHA, op. cit., pp. 46-67.
121
KANT, op. cit., 1906, pp. 55-56.
122
SARLET, op. cit., 2010b, p. 53.
123
DWORKIN, Ronald Myles. Is democracy possible here?: principles for a new political debate. 3. ed. Princeton: Princeton University
Press, 2006, p. 10.
124
MEDEIROS, Ana Letícia Baraúna Duarte. Direito internacional dos direitos humanos na América Latina: uma reflexão filosófica da
negação da alteridade. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, pp. 14-15.
125
Sarlet esclarece que Kant nunca afirmou que, num certo sentido, o homem não possa ser “instrumentalizado” de tal sorte que venha a
servir, espontaneamente e sem que com isto venha a ser degradado na sua condição humana, à realização de fins de terceiros. Isso ocorre, de
certo modo, com todo aquele que presta um serviço a outro. Com efeito, Kant refere expressamente que o homem constitui um fim em si
mesmo e não pode servir “simplesmente como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade”. Com efeito, o desempenho das funções
sociais em geral encontra-se vinculado a uma recíproca sujeição. Compreendida como vedação da instrumentalização humana, a dignidade
da pessoa humana proíbe, em princípio, a completa e egoística disponibilização do outro, no sentido de que se está a utilizar outra pessoa
apenas como meio para alcançar determinada finalidade. O critério decisivo para a identificação de uma violação da dignidade passa a ser,
em rigor, o objetivo da conduta, isto é, a intenção de instrumentalizar (coisificar) o outro. Nesse tocante, cf. SARLET, op. cit., 2010b, pp. 58-
59.
126
Ao discorrer sobre os postulados kantianos acerca da dignidade do homem, Bodin de Moraes predica que “O substrato material da
dignidade desse modo entendida pode ser desdobrado em quatro postulados: i) o sujeito moral (ético) reconhece a existência dos outros como
sujeitos iguais a ele; ii) merecedores do mesmo respeito a integridade psicofísica de que é titular; iii) é dotado de vontade livre, de
autodeterminação; iv) é parte do grupo social, em relação ao qual tem a garantia de não vir a ser marginalizado”. (MORAES, op. cit., p. 120).
127
Conforme lição de Antônio Junqueira de Azevedo a respeito da dignidade da pessoa humana, “o conceito, além de normativo, é
axiológico, porque a dignidade é valor – a dignidade é a expressão do valor da pessoa humana. Todo „valor‟ é a projeção de um bem para
alguém; no caso, a pessoa humana é o bem e a dignidade, o seu valor, isto é, a sua projeção.” (AZEVEDO, Antônio Junqueira de. A
caracterização jurídica da dignidade da pessoa humana. Revista da USP, São Paulo, n. 53, p. 90-101, mar./mai.2002).
128
Conforme sustentado por Otfried Höffe, para se assegurar a validade intercultural do princípio da dignidade da pessoa humana, de tal
sorte a alcançar vinculatividade mundial, o próprio conteúdo e significado do princípio teve de ser necessariamente compreendido como
interculturalmente válido e secularizado, portanto, mediante renúncia a qualquer específica mundovisão ou concepção religiosa (HÖFFE,
Otfried. Medizin ohne Ethik? Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2002, p. 49 apud SARLET, op. cit., p. 2010b, p. 46).
129
HÄBERLE, op. cit., 1987, pp. 843 e ss.
130
Segundo Francis Fukuyama, “Variamos grandemente como indivíduos e pela cultura, mas partilhamos uma humanidade comum que
permite a cada ser humano comunicar-se e estabelecer uma relação moral potencialmente com todos os outros seres humanos no planeta.”
(FUKUYAMA, Francis. Nosso futuro pós-humano: consequências da revolução da biotecnologia. Rio de Janeiro: Rocco, 2003, p. 23).
131
ROCHA, op. cit., pp. 46-67.
132
Segundo Cármen Lúcia Antunes Rocha: “Dignidade é alteridade na projeção sócio-política tanto quanto subjetividade na ação individual”
(ROCHA, op. cit., pp. 46-67).
133
HOFMANN, Hasso. Die versprochene Menschenwürde. In: Archiv des Öffentlichen Rechts (AöR), nº 118, 1993, p. 364.
134
COUTINHO, op. cit., pp. 166 e 170.
135
ARENDT, Hannah. The origins of totalitarianism. 7. ed. New York: Meridian Books, 1962, pp. 296-298.
136
KRIELE, op. cit., p. 279.
137
Nas palavras de Celso Lafer, “A experiência histórica dos displaced people levou Hannah Arendt a concluir que a cidadania é o direito a
ter direitos, pois a igualdade em dignidade e direito dos seres humanos não é um dado. É um construído da convivência coletiva, que requer
o acesso a um espaço público comum. Em resumo, é esse acesso ao espaço público – o direito de pertencer a uma comunidade política – que
permite a construção de um mundo comum através do processo de asserção dos direitos humanos.” (LAFER, Celso. A reconstrução dos
direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 1988, p. 26).
138
FIGUEIREDO, Patrícia Cobianchi. Os tratados internacionais de direitos humanos e o controle da constitucionalidade. São Paulo:
LTr, 2011, pp. 15 e 61.
139
Conforme Piovesan, “O legado do nazismo foi condicionar a titularidade de direitos, ou seja, a condição de sujeito de direitos, à
pertinência a determinada raça – „a raça pura ariana‟.” (PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 13.
ed. São Paulo: Saraiva, 2012b, p. 184).
140
No original: “The fundamental human right, we should say, is the right to be treated with a certain „attitude‟: an atitude that expresses the
understanding that each person is a human being whose dignity matters.” (DWORKIN, op. cit., p. 35).
141
ROCHA, op. cit., pp. 46-67.
142
KRIELE, op. cit., p. 283.
143
ANDRADE, José Carlos Vieira de. Os direitos fundamentais na constituição portuguesa de 1976. Coimbra: Almedina, 1987, p. 101.
144
ROCHA, op. cit., pp. 46-67.
145
NEUNER, Jörg. O código civil da Alemanha (BGB) e a lei fundamental. In: SARLET, op. cit., 2010a, p. 229.
146
FACHIN, Luiz Edson; RUZYK, Carlos Eduardo Pianovski. Direitos fundamentais, dignidade da pessoa humana e o novo código civil:
uma análise crítica. In: SARLET, op. cit., 2010a, pp. 97-110, passim.
147
RANGEL, Helano Márcio Vieira; MONT´ALVERNE, Tarin Cristino Frota. O planeta Terra como sujeito de dignidade e direitos: um
legado andino para a constituição da UNASUL e para a humanidade. In: MORAES, Germana de Oliveira [et al.] (orgs.). A construção
jurídica da UNASUL. Florianópolis: UFSC – Fundação Boiteux, 2011, pp. 319-336.
148
MARTINS-COSTA, Judith. Os direitos fundamentais e a opção culturalista do novo código civil. In: SARLET, op. cit., 2010a, p. 57, nota
de rodapé 46.
149
Para Antônio Junqueira de Azevedo, “a dignidade da pessoa humana como princípio jurídico pressupõe o imperativo categórico da
intangibilidade da vida humana e dá origem, em sequência hierárquica, aos seguintes preceitos: 1 - respeito à integridade física e psíquica das
pessoas; 2 - consideração pelos pressupostos materiais mínimos para o exercício da vida; e 3 - respeito pelas condições mínimas de liberdade
e convivência social igualitária.” (AZEVEDO, loc. cit.).
150
SARLET, op. cit., 2010b, p. 109.
151
JESUS, op. cit., pp. 53-78.
152
SARLET, op. cit., 2010b, p. 55.
153
Vale nota que Sarlet propõe uma definição da sua compreensão da dignidade da pessoa humana nos seguintes termos: “[…] a qualidade
intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e considera ção por parte do Estado e da
comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem à pessoa tanto contra todo e
qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável,
além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os
demais seres humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que integram a rede da vida.” (SARLET, op. cit., 2010b, p. 70).
154
KESBY, Alison. The right to have rights: citizenship, humanity and international law. New York: Oxford University, 2012, p. 93.
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