Renascimento: Ideias Principais
Renascimento: Ideias Principais
Renascimento
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Por muito tempo o período foi visto nos Estados Unidos e Europa como um movimento homogêneo, coerente e
sempre progressivo, como o período mais interessante e fecundo desde a Antiguidade, e uma de suas fases, a Alta
Renascença, foi consagrada como a apoteose da longa busca anterior pela expressão mais sublime e pela mais
perfeita imitação dos clássicos, e seu legado artístico foi considerado um insuperável paradigma de qualidade.
Porém, estudos realizados nas últimas décadas têm revisado essas opiniões tradicionais, considerando-as pouco
substanciais ou estereotipadas, e têm visto o período como muito mais complexo, diversificado, contraditório e
imprevisível do que se supôs ao longo de gerações. O novo consenso que se firmou, porém, reconhece o
Renascimento como um marco importante na história da Europa, como uma fase de mudanças rápidas e relevantes
em muitos domínios, como uma constelação de signos e símbolos culturais que definiu muito do que a Europa foi
até a Revolução Francesa, e que permanece exercendo larga influência ainda nos dias de hoje, em muitas partes do
mundo, tanto nos círculos acadêmicos como na cultura popular.
Ideias principais
O humanismo pode ser apontado como o principal valor cultivado no Renascimento, fundamentado em conceitos
que tinham uma origem remota na Antiguidade Clássica. Segundo Lorenzo Casini, "uma das bases do movimento
renascentista foi a ideia de que o exemplo da Antiguidade Clássica constituía um inestimável modelo de excelência
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O humanismo se consolidou a partir do século XV, principalmente através dos escritos de Marsilio Ficino, Lorenzo
Valla, Leonardo Bruni, Poggio Bracciolini, Erasmo de Roterdão, Rudolph Agricola, Pico della Mirandola, Petrus
Ramus, Juan Luis Vives, Francis Bacon, Michel de Montaigne, Bernardino Telesio, Giordano Bruno, Tommaso
Campanella e Thomas More, entre outros, que discorreram sobre variados aspectos do mundo natural, do homem,
do divino, da sociedade, das artes e do pensamento, incorporando uma pletora de referenciais da Antiguidade posta
em circulação através de textos antes desconhecidos — gregos, latinos, árabes, judeus, bizantinos e de outras
procedências — que representavam escolas e princípios tão diversos como o neoplatonismo, hedonismo, otimismo,
individualismo, ceticismo, estoicismo, epicurismo, hermetismo, antropocentrismo, racionalismo, gnosticismo,
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O brilhante florescimento cultural e científico renascentista colocou o Um astrolábio, uma esfera armilar e
homem e seu raciocínio lógico e sua ciência como medidas e árbitros da vida livros, símbolos do conhecimento e
manifesta. Isso deu origem a sentimentos de otimismo, abrindo da ciência, detalhe dos painéis de
positivamente o homem para o novo e incentivando seu espírito de pesquisa. intársia no gabinete de Federico da
O desenvolvimento de uma nova atitude perante a vida deixava para trás a Montefeltro, 1473-1476
espiritualidade excessiva do gótico e via o mundo material com suas belezas
naturais e culturais como um local a ser desfrutado, com ênfase na
experiência individual e nas possibilidades latentes do homem. Além disso, os experimentos democráticos italianos,
o crescente prestígio do artista como um erudito e não como um simples artesão, e um novo conceito de educação
que valorizava os talentos individuais de cada um e buscava desenvolver o homem num ser completo e integrado,
com a plena expressão de suas faculdades espirituais, morais e físicas, nutriam sentimentos novos de liberdade
social e individual.[5][6]
Apesar da ideia que os renascentistas pudessem fazer de si mesmos, o movimento jamais poderia ser uma imitação
literal da cultura antiga, por acontecer todo sob o manto do catolicismo, cujos valores e cosmogonia eram bem
diversos dos do antigo paganismo. Assim, de certa forma a Renascença foi uma tentativa original e eclética de
harmonização do neoplatonismo pagão com a religião cristã, do eros com a charitas, junto com influências
orientais, judaicas e árabes, e onde o estudo da magia, da astrologia e do oculto desempenhavam uma parte
importante na elaboração de sistemas de disciplina e aperfeiçoamento moral e espiritual e de uma nova linguagem
simbólica.[4][8][9]
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De qualquer maneira, o otimismo que era sustentado pelo menos entre as elites se perderia novamente no
século XVI, com a reaparição do ceticismo, do pessimismo, da ironia e do pragmatismo em Erasmo, Maquiavel,
Rabelais e Montaigne, que veneravam a beleza dos ideais do Classicismo mas tristemente constatavam a
impossibilidade de sua aplicação prática. Enquanto parte da crítica entende essa mudança de atmosfera como a fase
final do Renascimento, outra parte a definiu como uma das bases de um movimento cultural distinto, o
Maneirismo.[9][13]
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Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes fases, Trecento, Quattrocento e Cinquecento, correspondentes
aos séculos XIV, XV e XVI, com um breve interlúdio entre as duas últimas chamado de Alta Renascença.
Trecento
Desde o século anterior a sociedade na Toscana via crescer uma classe média
emancipada financeiramente pela organização em guildas, corporações de
ofícios que monopolizavam a prestação de certos serviços e a produção de
certos materiais e artefatos. Em Florença se dividiram em duas categorias: as
Artes Maiores (Juízes e Notários; Tecidos Estrangeiros; Câmbio; Lã; Seda;
Peles, e Médicos e Boticários) e as Artes Menores, que incluíam uma grande
série de ofícios menos prestigiados e lucrativos, como as Artes dos
Pescadores, Taverneiros, Sapateiros, Padeiros, Armeiros, Ferreiros, etc.. A
Arte da Lã, por exemplo, controlava a produção, tingimento e comércio de
tecidos, cortinados, roupas e fios de lã, incluindo operações de importação e
exportação, fazia o controle de qualidade dos produtos, estabelecia os preços
e afastava qualquer concorrência. As outras funcionavam da mesma forma.
As guildas eram muitas coisas: um misto de sindicato, irmandade, escola de Brasão da Arte da Lã de Florença,
aprendizes nos ofícios, sociedade de mútuo socorro para os associados e cerâmica de Andrea della Robbia,
clube social. As Artes Maiores se tornaram ricas e poderosas, mantinham 1487
suntuosas capelas e altares nas principais igrejas e erguiam monumentos.
Atuavam todas em notável harmonia, tendo objetivos comuns, e praticamente
dominaram a condução dos assuntos públicos através dos seus delegados nos conselhos cívicos e nas magistraturas.
As várias guildas de cada cidade empregavam juntas quase a totalidade da população urbana economicamente ativa,
e não ser membro da corporação do seu ofício era um impedimento quase intransponível para o sucesso profissional,
devido ao estrito controle que mantinham sobre os mercados e a oferta de mão de obra.[17][18][19] Por outro lado, o
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pertencimento oferecia vantagens óbvias para o trabalhador, e o sucesso deste modelo permitiu que pela primeira
vez a população pudesse adquirir casa própria em larga escala, uma evolução que foi acompanhada de um maior
interesse pelas artes e a arquitetura.[15]
Neste século Florença viveu intensas lutas de classes, uma crise O Palácio Strozzi em Florença
socioeconômica mais ou menos crônica e sofreu um claro declínio em poder
ao longo de todo o século. Era uma época em que os Estados investiam
grande parte das suas energias em duas atividades principais: ou estavam
atacando e saqueando seus vizinhos e tomando seus territórios, ou estavam
do outro lado, tentando resistir aos ataques. Os domínios de Florença vinham
há tempo sendo ameaçados, a cidade envolveu-se em várias guerras, na
maioria saindo vencida, mas em alguns momentos obtendo vitórias
brilhantes; vários bancos importantes faliram; sofreu epidemias de peste; a
rápida alternância no poder de facções opostas de guelfos e gibelinos,
engajados em disputas sangrentas, não permitia tranquilidade social nem o
estabelecimento de metas político-administrativas de longo prazo, tudo sendo
agravado por revoltas populares e empobrecimento da zona rural, mas neste
processo a burguesia urbana faria ensaios democráticos de governo. Apesar
das dificuldades e crises recorrentes, Florença chegava aos meados do século
como uma cidade poderosa no cenário italiano; no século passado tinha sido
maior, mas ainda subordinava várias outras cidades e mantinha uma A expulsão do despótico
importante frota mercante e ligações econômicas e diplomáticas com vários Gualtério VI de Brienne, regente de
Estados ao norte dos Alpes e em torno do Mediterrâneo.[18][19][20][21] É Florença, afresco atribuído a Andrea
preciso notar que a democracia da república florentina difere das Orcagna, 1343-1349
interpretações modernas do termo. Em 1426 Leonardo Bruni disse que a lei
reconhecia como iguais todos os cidadãos, mas na prática somente a elite e a classe média tinham acesso aos cargos
públicos e alguma voz real nas tomadas de decisão. Em muito a isso se deve a quase constante luta de classes do
Renascimento.[6]
Por outro lado, o surgimento da noção de livre concorrência e a forte ênfase no comércio estruturava o sistema
econômico em moldes capitalistas e materialistas, onde a tradição, inclusive a religiosa, era sacrificada diante do
racionalismo, da especulação financeira e do utilitarismo.[3][17] Ao mesmo tempo, os florentinos nunca
desenvolveram, como em outras regiões aconteceu, um preconceito moral contra os negócios ou contra a riqueza em
si, considerada um meio de ajudar o próximo e participar ativamente da sociedade, e na verdade eles estavam
conscientes de que o progresso intelectual e artístico largamente dependia do sucesso material, mas como a avareza,
o orgulho, a cobiça e a usura eram considerados pecados, a Igreja associava-se aos interesses do empresariado
aplacando conflitos de consciência e oferecendo uma série de mecanismos compensatórios para os deslizes.[8][17]
Fora incorporada à doutrina a noção de que o perdão dos pecados e a salvação da alma poderiam ser conquistados
também através do serviço público e do embelezamento das cidades e igrejas com obras de arte, além da prática de
outras ações virtuosas, como a encomenda de missas e o patrocínio do clero e irmandades e suas iniciativas, coisas
tão salutares para o espírito como úteis para aumentar o prestígio do doador. Na verdade, a caridade era um
importante cimento social e uma garantia de segurança pública. Além de sustentar o embelezamento das cidades, ao
mecenato grosso e à esmola miúda se devia também o amparo aos pobres, a existência de hospitais, asilos, escolas, e
o financiamento de muitas demandas administrativas, inclusive guerras, e por isso os Estados sempre tiveram um
forte interesse no bom funcionamento desse sistema. Fortalecia-se, por várias maneiras, junto com a contribuição
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dos humanistas, muitos deles conselheiros de príncipes ou encarregados de altas magistraturas cívicas, uma cultura
pragmática e laica que transformou a sociedade e influiu diretamente no mercado de arte e em suas formas de
produção, distribuição e valoração.[6][17][22]
Mesmo que o cristianismo jamais tenha sido posto seriamente em xeque, no fim do século iniciava um período de
declínio progressivo no prestígio da Igreja e na capacidade da religião de controlar as pessoas e oferecer um modelo
coerente de cultura e sociedade, não só pelo contexto político, econômico e social laicizante, mas também porque os
cientistas e humanistas passariam a buscar explicações racionais e demonstráveis para os fenômenos da natureza,
questionando as explicações transcendentais, tradicionais ou folclóricas, e isso tanto fragilizava o cânone religioso
como alterava as relações entre Deus, o homem e o restante da Criação. Desse embate, continuado e renovado ao
longo de todo o Renascimento, o homem reemergiria bom, belo, poderoso, magnificado, e o mundo passaria a ser
visto como um lugar bom para se viver.[3][6][17][22]
A democracia florentina, por sua vez, por imperfeita que fosse, acabou se
perdendo em uma série de guerras externas e tumultos internos, e na década
de 1370 Florença parecia rapidamente se dirigir para um novo governo
senhorial. A mobilização da poderosa família Albizzi interrompeu esse
processo, mas em vez de preservar o sistema comunal assumiu a hegemonia
política e instalou uma república oligárquica, com o apoio de aliados do alto
patriciado burguês. No mesmo momento formou-se uma oposição, centrada
nos Medici, que iniciavam sua ascensão.[6][23] Apesar da brevidade desses Cópia de Bastiano da Sangallo da
experimentos de democracia e da frustração de muitos dos seus objetivos batalha de Cascina, de
ideais, o seu surgimento representou um marco na evolução do pensamento Michelangelo. A batalha foi travada
político e institucional europeu.[24] em 1364 entre Florença e Pisa
Quattrocento
A expansão da produção local de tecidos de luxo cessou na década de 1420, mas os mercados se recuperaram e
voltaram a expandir em meados do século no comércio de tecidos espanhóis e orientais e na produção de opções
mais populares, e não obstante as costumeiras agitações políticas periódicas, a cidade atravessou outro período de
prosperidade e de intensificação no mecenato artístico, reconquistou territórios e comprou o domínio de cidades
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portuárias para reestruturar seu comércio internacional. Conquistava a primazia política em toda a Toscana, apesar
de Milão e Nápoles permanecerem como ameaças constantes.[28] A oligarquia burguesa florentina então
monopolizava todo o sistema bancário europeu e adquiria brilho aristocrático e grande cultura, e enchia seus
palácios e capelas de obras classicistas. A ostentação gerou descontentamento na classe média, materializada numa
reversão ao idealismo místico do estilo gótico. Estas duas tendências opostas marcaram a primeira metade deste
século, até que a pequena burguesia abandonou suas resistências, possibilitando uma primeira grande síntese estética
que viria a transbordar de Florença para quase todo o território italiano, definida pela primazia do racionalismo e dos
valores clássicos.[21][29]
Um vigor adicional nesse processo foi injetado pelo erudito grego Manuel
Crisoloras, que entre 1397 e 1415 reintroduziu na Itália o estudo da língua
grega, e com o fim do Império Bizantino em 1453 muitos outros intelectuais,
como Demétrio Calcondilas, Jorge de Trebizonda, João Argirópulo, Teodoro
Gaza e Barlaão de Seminara, emigraram para a península Itálica e outras
partes da Europa, divulgando textos clássicos de filosofia e instruindo os
humanistas na arte da exegese. Grande proporção do que hoje se conhece de
literatura e legislação greco-romanas foi preservado pelo Império Bizantino,
e esse novo conhecimento dos textos clássicos originais, bem como de suas
traduções, foi, no entender de Luiz Marques, "uma das maiores operações de
apropriação de uma cultura por outra, comparável em certa medida à da
Grécia pela Roma dos Cipiões no século II a.C. Ela reflete, além disso, a Retrato de Manuel Criosoloras por
passagem, crucial para a história do Quattrocento, da hegemonia intelectual Paolo Uccello, Louvre
de Aristóteles para a de Platão e de Plotino". Nesse grande influxo de ideias
foi reintroduzida na Itália toda a estrutura da antiga Paideia, um corpo de princípios éticos, sociais, culturais e
pedagógicos concebido pelos gregos e destinado a formar um cidadão modelar.[34][36][37] As novas informações e
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conhecimentos e a concomitante transformação em todas as áreas da cultura levaram os intelectuais a sentir que se
achavam em meio a uma fase de renovação comparável às fases brilhantes das civilizações antigas, em oposição à
Idade Média anterior, que passou a ser considerada uma era de obscuridade e ignorância.[5][38]
A morte de Lourenço de Médici em 1492, que governara Florença por quase trinta anos, e que ganhou fama como
um dos maiores mecenas do século, mais o colapso do governo aristocrático em 1494, assinalaram o fim da fase
dourada da cidade.[39] Ao longo do Quattrocento Florença foi o principal — mas nunca o único — polo de difusão
do classicismo e do humanismo para o centro-norte da Itália, e cultivou a cultura que veio a ganhar fama como a
mais perfeita expressão do Renascimento e o modelo contra o qual todas as outras expressões foram comparadas.
Essa tradição laudatória se fortaleceu depois de Vasari lançar no século XVI suas Vidas dos Artistas, o marco
inaugural da historiografia da arte moderna, que atribuiu o claro protagonismo e a excelência superior aos
florentinos. Esta obra teve larga repercussão e influiu nos rumos da historiografia por séculos.[13][40][41]
Alta Renascença
Nesta altura, o classicismo era a corrente estética dominante na Itália, com muitos
centros importantes de cultivo e difusão. Pela primeira vez a Antiguidade era
compreendida como uma civilização definida, com um espírito próprio, e não como
uma sequência de eventos isolados. Ao mesmo tempo, identificou-se esse espírito
como muito próximo ao do Renascimento, fazendo com que os artistas e
intelectuais sentissem de certa forma que podiam dialogar em pé de igualdade com
os mestres do passado que admiravam. Haviam, enfim, "dominado" a linguagem
recebida, e podiam agora usá-la com mais liberdade e compreensão.[35][43]
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reinterpretar mais essa tradição, considerando-a uma visão de certa forma escapista, esteticista e superficial de um
contexto social marcado, como sempre foi, por enormes desigualdades sociais, tirania, corrupção, guerras vãs e
outros problemas, "uma bela, mas no fundo trágica fantasia", como observou Brian Curran.[43]
Essa supervalorização também tem sido criticada por basear-se excessivamente no conceito de gênio, atribuindo
todas as contribuições relevantes a um punhado de artistas, e por identificar como "clássica" e como "a melhor"
apenas uma determinada corrente estética, enquanto a revisão das evidências tem mostrado que tanto a Antiguidade
como a Alta Renascença foram muito mais variadas do que a visão hegemônica alegava.[43]
O corolário da mudança de mentalidade entre o Quattrocento e o Cinquecento é que enquanto naquele a forma é um
fim, neste é um começo; enquanto naquele a natureza fornecia os padrões que a arte imitava, neste a sociedade
precisará da arte para provar que existem tais padrões. A arte mais prestigiada se tornava pesadamente
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autorreferencial e afastada da realidade cotidiana, embora fosse imposta ao povo nos principais espaços públicos e
no discurso oficial. Rafael resumiu os opostos em seu famoso afresco A Escola de Atenas, uma das mais importantes
pinturas da Alta Renascença, que ressuscitou o diálogo filosófico entre Platão e Aristóteles, ou seja, entre o
idealismo e o empirismo.[49]
O classicismo desta fase, embora maduro e rico, conseguindo plasmar obras de grande pujança, tinha forte carga
formalista e retrospectiva, e por isso vem sendo considerado por alguns críticos recentes como uma tendência
conservadora e não progressista.[43] O próprio humanismo, em sua versão romana, perdeu seu ardor cívico e
anticlerical e foi censurado e domesticado pelos papas, convertendo-o, em essência, em uma justificativa filosófica
para seu programa imperialista.[43][44] O código de ética que se impunha entre os círculos ilustrados, uma
construção abstrata e um teatro social na mais concreta acepção do termo, prescrevia a moderação, autocontrole,
dignidade e polidez em tudo. O livro O Cortesão, de Baldassare Castiglione, é sua súmula teórica.[49]
Eventos como a descoberta da América e a Reforma Protestante, e técnicas como a imprensa de tipos móveis,
transformaram a cultura e a visão de mundo dos europeus, ao mesmo tempo em que a atenção de toda a Europa se
voltava para a Itália e seus progressos, com as grandes potências da França, Espanha e Alemanha desejando sua
partilha e fazendo dela um campo de batalhas e pilhagens. Com as invasões que se seguiram a arte italiana espalhou
sua influência por uma vasta região do continente.[52][53]
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A queda de Roma significou que não havia mais "um" centro a ditar
a estética e a cultura. Aparecem escolas regionais marcadamente
diferenciadas em Florença, Ferrara, Nápoles, Milão, Veneza, e
muitas outras, e o Renascimento se espalhou então definitivamente
por toda a Europa, transformando-se e diversificando-se
profundamente à medida que incorporava um variadíssimo corpo de
influências regionais. A arte de longevos como Michelangelo e
Ticiano registrou em grande estilo a passagem de uma era de
certezas e clareza para outra de dúvidas e drama. As conquistas
intelectuais e artísticas da Alta Renascença ainda estavam frescas e
não poderiam ser esquecidas de pronto, mesmo que seu substrato
filosófico já não pudesse permanecer válido diante dos novos fatos
políticos, religiosos e sociais. A nova arte e arquitetura que se fez,
onde se destacam nomes como Parmigianino, Pontormo, Tintoretto,
Rosso Fiorentino, Vasari, Palladio, Vignola, Romano, Cellini,
Bronzino, Giambologna, Beccafumi, ainda que inspirada na
Antiguidade, reorganizou e traduziu seus sistemas de proporção e
representação espacial e seus valores simbólicos em obras inquietas, Michelangelo: O Juízo Final, 1534-41. Capela
distorcidas, ambivalentes e preciosistas.[54][56] Sistina
Além das mudanças culturais provocadas pelo rearranjo político do continente, o século XVI foi marcado por uma
outra grande crise, a Reforma Protestante, que derrubou para sempre a antiga autoridade universal da Igreja
Romana. Um dos impactos mais importantes da Reforma sobre a arte renascentista foi a condenação das imagens
sagradas, o que despovoou os templos do norte de representações pictóricas e escultóricas de santos e personagens
divinos, e muitas obras de arte foram destruídas em ondas de fúria iconoclasta. Com isso as artes representativas sob
influência reformista se voltaram para os personagens profanos e a natureza. O papado, porém, logo percebeu que a
arte podia ser uma arma eficiente contra os protestantes, auxiliando em uma evangelização mais ampla e mais
sedutora para as grandes massas do povo. Durante a Contrarreforma foram sistematizados novos preceitos que
determinavam em detalhe como o artista deveria criar obras de tema religioso, procurando enfatizar a emoção e o
movimento, considerados recursos mais inteligíveis e atraentes para ganhar a devoção simples do povo e, assim,
garantir a vitória contra os protestantes. Mas se por um lado a Contrarreforma deu origem a mais encomendas de
arte sacra, a antiga liberdade de expressão artística que se verificara em fases anteriores desapareceu, uma liberdade
que permitira a Michelangelo decorar seu enorme painel do Juízo Final, pintado no coração do Vaticano, com uma
multidão de corpos nus de grande sensualidade, ainda que o campo profano permanecesse pouco afetado pela
censura.[63][64]
O Cinquecento foi também a era de fundação das primeiras Academias de Arte, como a Academia das Artes do
Desenho em Florença e a Academia de São Lucas em Roma, uma evolução das guildas de artistas que instituiu o
Academismo como um sistema de ensino superior e um movimento cultural, normatizando o aprendizado,
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Críticas
O Renascimento foi historicamente muito enaltecido como a abertura de uma nova era, uma era iluminada pela
Razão em que os homens, criados à imagem da Divindade, cumpririam a profecia de reinar sobre o mundo com
sabedoria, e cujas obras maravilhosas os colocariam na companhia dos heróis, dos patriarcas, dos santos e dos anjos.
Hoje entende-se que a realidade social não refletiu os altos ideais expressos na arte, e que esse ufanismo exaltado
em torno do movimento foi em boa parte obra dos próprios renascentistas, cuja produção intelectual, que os auto-
apresentava como os fundadores de uma nova Idade Dourada, e que colocava Florença no centro de tudo,
determinou boa parte dos rumos da crítica posterior. Mesmo movimentos subsequentes anticlássicos, como o
Barroco, reconheciam nos clássicos e em seus herdeiros renascentistas valores valiosos.[10][13][70][71]
Em meados do século XIX o período havia se tornado um dos principais campos de investigação erudita, e a
publicação em 1860 do clássico A História do Renascimento na Itália, de Jacob Burckhardt, foi o coroamento de
cinco séculos de tradição historiográfica que colocava o Renascimento como o marco inicial da modernidade,
comparando-o à remoção de um véu dos olhos da humanidade, permitindo-lhe ver claramente.[55][72][73] Mas a obra
de Burckhardt surgiu quando já era sentida uma tendência revisionista dessa tradição, e a repercussão que ela causou
só acentuou a polêmica. Desde lá uma massa de novos estudos revolucionou a maneira como a arte antiga era
estudada e compreendida.[13][74][75]
A tradição e a autoridade foram sendo postas de lado em favor do estudo preferencial das fontes primárias e de
análises mais críticas, nuançadas, contextualizadas e inclusivas; percebeu-se que havia muito mais diversidade de
opiniões entre os próprios renascentistas do que se pensava, e que muito devido a essa diversidade se deve o
dinamismo e originalidade do período; o rápido avanço em técnicas científicas de datação e restauro e de análises
físico-químicas dos materiais possibilitou que inúmeras atribuições de autoria tradicionais fossem consolidadas, e
outras tantas fossem abandonadas definitivamente, reorganizando de maneira significativa o mapa da produção
artística; foram definidas novas cronologias e redefinidas as individualidades artísticas e suas contribuições; novas
vias de difusão e influência foram identificadas, e muitas obras importantes foram redescobertas. Nesse processo,
uma série de cânones historiográficos foi derrubada, e a própria tradição de divisão da História em períodos
definidos ("Renascimento", "Barroco", "Neoclassicismo"), passou a ser vista como uma construção artificial que
falseia o entendimento de um processo social que é continuado e cria estereótipos conceituais inconsistentes. Além
disso, o estudo de todo o contexto histórico, político e social foi e vem sendo muito aprofundado, colocando as
expressões culturais contra um pano de fundo valorado de uma forma que não cessa de se atualizar e se tornar mais
plural.[10][11][13][55][70][73][76]
Assim, muitos historiadores começaram a concluir que o Renascimento vinha sendo sobrecarregado com uma
apreciação excessivamente positiva, e que isso automaticamente, e sem uma justificação sólida, desvalorizava a
Idade Média e outros períodos. Boa parte do debate moderno tem procurado determinar se ele representou de fato
uma melhoria em relação ao período anterior. Tem sido apontado que muitos dos fatores sociais negativos
comumente associados à Idade Média — pobreza, corrupção, perseguições religiosas e políticas — parecem ter
piorado. Muitas pessoas que viveram na Renascença não a tinham como uma "Idade Dourada", mas estavam cientes
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Historiadores marxistas preferiram descrever o Renascimento em termos materialistas, sustentando que as mudanças
em arte, literatura e filosofia foram apenas uma parte da tendência geral de distanciamento da sociedade feudal em
direção ao capitalismo, que resultou no aparecimento de uma classe burguesa que dispunha de tempo e dinheiro para
se devotar às artes.[83] Também se argumenta que o recurso aos referenciais clássicos foi naquela época muitas
vezes um pretexto para a legitimação dos propósitos da elite, e a inspiração na Roma republicana e principalmente
na Roma imperial teria dado margem à formação de um espírito de competitividade e mercenarismo que os
arrivistas usaram para uma escalada social tantas vezes inescrupulosa.[12]
A partir da emergência das vanguardas modernas no início do século XX, e depois em várias ondas sucessivas de
reaquecimento, a crítica recente estendeu as relações do Renascimento cultural para virtualmente todos os aspectos
da vida daquele período, e vem interpretando seu legado de maneiras tão várias que os antigos consensos se
esfarelaram em muitos tópicos particulares. Preservou-se, contudo, a impressão definida de que em muitos domínios
o período foi fértil em realizações magistrais e inovadoras e que deixou uma funda marca na cultura e sociedade do
ocidente por muito tempo.[12][13][73][74]
Legado
Embora a crítica recente tenha imposto um forte abalo ao
tradicional prestígio do Renascimento, passando a valorizar
igualmente todos os períodos e a apreciá-los pelas suas
especificidades, isso ao mesmo tempo possibilitou um
extraordinário enriquecimento e alargamento na compreensão
que hoje se tem dele, mas aquele prestígio nunca foi seriamente
ameaçado, principalmente porque o Renascimento, de forma
incontestável, foi um dos alicerces e parte essencial da
civilização moderna do ocidente, sendo uma referência ainda
viva nos dias de hoje. Algumas de suas obras mais importantes
se tornaram ícones também da cultura popular, como o David e
A Criação de Michelangelo e a Mona Lisa de Da Vinci. A
quantidade de estudos sobre o tema, que vem aumentando a cada Grafite com uma releitura da Mona Lisa em uma
rua do Porto
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No campo das artes visuais foram desenvolvidos recursos que possibilitaram um salto imenso em relação à Idade
Média em termos de capacidade de representação do espaço, da natureza e do corpo humano, ressuscitando técnicas
que haviam sido perdidas desde a Antiguidade e criando outras inéditas a partir dali. A linguagem arquitetônica dos
palácios, igrejas e grandes monumentos que foi estabelecida a partir da herança clássica ainda hoje permanece
válida e é empregada quando se deseja emprestar dignidade e importância à edificação moderna. Na literatura as
línguas vernáculas se tornaram dignas de veicular cultura e conhecimento, e o estudo dos textos dos filósofos greco-
romanos disseminou máximas ainda hoje presentes na voz popular e que incentivam valores elevados como o
heroísmo, o espírito público e o altruísmo, que são peças fundamentais para a construção de uma sociedade mais
justa e livre para todos. A reverência pelo passado clássico e pelos seus melhores valores criou uma nova visão sobre
a história e fundou a historiografia moderna, e proveu as bases para a formação de um sistema de ensino que na
época se estendeu para além das elites e ainda hoje estrutura o currículo escolar de grande parte do ocidente e
sustenta sua ordem social e seus sistemas de governo. Por fim, a vasta produção artística que sobrevive em tantos
países da Europa continua a atrair multidões de todas as partes do mundo e constitui parte significativa da própria
definição de cultura ocidental.[12]
Com tantas associações, por mais que os estudiosos se esforcem por esclarecer o assunto, ele permanece recheado
de lendas, estereótipos e passionalismo, especialmente na visão popular. Nas palavras de John Jeffries Martin, chefe
do Departamento de História da Universidade de Duke e editor de um grande volume de ensaios críticos publicado
em 2003, onde sintetizou a evolução da historiografia e as tendências da crítica mais recente,
própria cultura e sociedade. Mas ao longo dos últimos 25 anos os historiadores, como se
sabe, largamente abandonaram essa abordagem. [...] Quando os eruditos estudam o
Renascimento na perspectiva do agora, isto é, querendo saber o quanto ele influi sobre a vida
de hoje, descobrem que os laços da contemporaneidade com ele são tênues. De repente, à
beira do mar, podemos agora apenas olhar para trás e ver aquele mundo como um continente
que recua cada vez mais e fica mais distante, no qual ninguém de nós gostaria realmente de
voltar a viver. [...]
"Mas enquanto a erudição contemporânea está muito menos propensa do que a geração
anterior a aceitar o Renascimento como a fundação do nosso mundo pós-moderno, Ver
nota:[85] de modo algum ela rejeitou a ideia de que foi um período de mudanças rápidas e
complexas, [...] resultado da convergência de uma série de fatores, fazendo com que o
Renascimento desempenhasse um papel decisivo na origem de muitos aspectos do mundo
moderno até o século XVIII, e em menor intensidade, até o século XX".[13]
"Minha opinião é a de que o estudo da Europa de 1350 a 1650 continua sendo essencial para
o nosso entendimento do mundo moderno. Para ser franco, o Renascimento pode hoje
parecer mais distante do que era para a geração anterior de acadêmicos; pode parecer mais
complexo e menos coerente; pode mesmo parecer um conceito mais escorregadio, mas
temos de entrar em um acordo com ele se vamos entender o modo como a Europa se
integrou em um cenário cada vez mais globalizado, em um tempo em que as elites estavam
redesenhando o entendimento do passado e modificando seus valores políticos, religiosos,
científicos, morais e estéticos".[74]
As artes no Renascimento
Artes visuais
O cânone greco-romano de proporções voltava a determinar a construção da figura humana; também voltava o
cultivo do Belo tipicamente clássico.[35] O estudo da anatomia humana, a crescente assimilação da mitologia greco-
romana no discurso visual e a reaparição do nu, livre dos tabus no qual o tema foi revestido na Idade Média,
renovaram extensamente a iconografia da pintura e da escultura do período, abriram novos e vastos campos de
pesquisa formal e simbólica, favoreceram a exploração de diferentes emoções e estados de espírito, influíram na
moda e nos costumes, estimularam o colecionismo, o antiquariato e a arqueologia, e criaram uma nova tradição
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visual de duradoura influência, enquanto o mecenato civil e privado supriam os meios para um extraordinário
florescimento da arte profana. O interesse pela representação do natural ressuscitou também a tradição da
retratística, que depois da queda do Império Romano havia sido muito abandonada.[92][93][94][95][96][97][98]
O sistema de produção
A contribuição dos artistas do Renascimento é mais lembrada pelos grandes altares, os monumentos, as esculturas e
pinturas, mas as oficinas de arte eram empresas de mercado variadíssimo. Além das grandes obras para igrejas,
palácios e edifícios públicos, atendiam a encomendas miúdas e mais populares, faziam a decoração de festas e
eventos privados, cívicos e religiosos, criavam cenários teatrais e figurinos, roupas de luxo, joias, pintavam brasões
e emblemas, bandeiras, estandartes de procissão, faziam armaduras, armas, apetrechos de montaria e utensílios
domésticos decorados, e uma série de outros itens, e muitas mantinham lojas abertas ao público permanentemente,
onde expunham um mostruário das especialidades da casa.[99]
Os artistas em geral eram mal pagos, há muitos relatos sobre pobreza, e só os mestres e seus principais ajudantes
conseguiam uma situação confortável, alguns mestres até ficaram ricos, mas sua renda estava sempre sujeita a um
mercado muito flutuante. Ao longo do Renascimento os humanistas e os principais artistas desenvolveram um
trabalho sistemático para emancipar a classe artística das Artes Mecânicas e instalá-la entre as Liberais, tendo nisso
um sucesso considerável, mas não completo. O costume de reconhecer o talento superlativo de um artista existia
antes; Giotto, Verrocchio, Donatello e muitos outros foram elogiados com entusiasmo e de maneira generalizada por
seus contemporâneos, mas até aparecerem Michelangelo, Rafael e Leonardo, nenhum artista havia sido objeto da
bajulação dos poderosos em tão alto grau, quase invertendo a relação de autoridade entre o empregado e o patrão, e
entre a elite e a plebe, e isso se deve tanto à mudança de entendimento do papel da arte como à consciência desses
artistas a respeito de seu valor e à sua determinação em fazê-lo reconhecer.[99]
Pintura
A contribuição maior da pintura do Renascimento foi sua nova maneira de representar a natureza, através de
domínio tal sobre a técnica pictórica e a perspectiva de ponto central, que foi capaz de criar uma eficiente ilusão de
espaço tridimensional em uma superfície plana. Tal conquista significou um afastamento radical em relação ao
sistema medieval de representação, com sua estaticidade, seu espaço sem profundidade, seu esquematismo
figurativo e seu sistema de proporções simbólico, onde os personagens de maior importância tinham maior tamanho.
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Nesse sentido, depois de Giotto, o próximo marco evolutivo foi Masaccio, em cujas obras o homem tem um aspecto
nitidamente enobrecido e cuja presença visual é decididamente concreta, com eficiente uso dos efeitos de volume e
espaço tridimensional. Deu importante contribuição para a articulação da linguagem visual moderna do ocidente,
todos os principais pintores florentinos da geração seguinte foram influenciados por ele, e quando sua obra foi
"redescoberta" por Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael, ganhou ainda maior apreciação, permanecendo em
alta por seis séculos. Para muitos críticos ele é o verdadeiro fundador do Renascimento na pintura, e dele se disse
que foi "o primeiro que soube pintar homens que realmente tocavam seus pés na terra".[102][103][104][105]
Em Veneza, outro centro de grande importância e talvez o principal rival de Florença neste século, havia um grupo
de artistas ilustres, como Jacopo Bellini, Giovanni Bellini, Vittore Carpaccio, Mauro Codussi e Antonello da
Messina. Siena, que já fizera parte da vanguarda em anos anteriores, agora hesitava entre o apelo espiritual do gótico
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Mas essa fase, de grande equilíbrio formal, não durou muito, logo seria transformada profundamente, dando lugar
ao Maneirismo. Com os maneiristas toda a concepção de espaço foi alterada, a perspectiva se fragmentou em
múltiplos pontos de vista, e as proporções da figura humana foram distorcias com finalidades expressivas ou
estéticas, formulando-se uma linguagem visual mais dinâmica, vibrátil, subjetiva, dramática, preciosa, intelectualista
e sofisticada.[108][109]
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Escultura
Na escultura os sinais de uma revalorização de uma estética classicista são antigos. Nicola Pisano em torno de 1260
produziu um púlpito para o Batistério de Pisa, que é considerado a manifestação precursora da Renascença em
escultura, onde inseriu um grande nu masculino representando a virtude da Fortaleza, e parece claro que sua
inspiração principal veio da observação de sarcófagos romanos decorados com relevos que existiam no Cemitério de
Pisa. Sua contribuição, embora limitada a pouquíssimas obras, é considerada tão relevante para a história da
escultura quanto a de Giotto para a pintura. De fato, a arte de Giotto é largamente devedora das pesquisas de Nicola
Pisano.[110][111]
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Em meados do século Andrea Pisano ganhou notoriedade como autor dos relevos da porta sul do Batistério de
Florença e arquiteto da Catedral de Orvieto. Foi mestre de Orcagna, cujo tabernáculo em Orsanmichele é uma das
obras-primas do período, e de Giovanni di Balduccio, autor de um requintado e complexo monumento funerário na
Capela Portinari de Milão. Sua geração foi dominada pela influência da pintura de Giotto. Apesar dos avanços
promovidos por uma quantidade de mestres em atividade, sua obra ainda reflete um cruzamento de correntes que
seria típico de todo o Trecento, e os elementos góticos ainda são predominantes ou importantes em todos
eles.[114][115][116][117]
Outros nomes notáveis são Luca della Robbia e sua família, uma dinastia de
ceramistas, criadores de uma nova técnica de esmaltagem e vitrificação da
cerâmica. Uma técnica semelhante, a majólica, já era conhecida há séculos,
mas Luca desenvolveu uma variante e conseguiu aplicá-la com sucesso a
esculturas e conjuntos decorativos de grande escala. Sua invenção aumentou a
durabilidade e resistência das peças, preservava as cores vívidas, e permitia
instalação ao ar livre. Luca também foi notável escultor no mármore, e Leon Oficina de Giovanni della Robbia:
Battista Alberti o colocou entre os líderes da vanguarda florentina, junto com
Adão e Eva, cerâmica esmaltada,
Masaccio e Donatello. Os grandes popularizadores da técnica de cerâmica, 1515. Museu de Arte Walters
contudo, foram seu sobrinho Andrea della Robbia e o filho deste, Giovanni
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della Robbia, que ampliaram as dimensões dos conjuntos, enriqueceram a paleta cromática e refinaram o
acabamento. A técnica foi guardada como um segredo por muito tempo.[122][123][124][125]
Florença continuou o centro da vanguarda até o aparecimento de Michelangelo, que trabalhou para os Medici e em
Roma para os papas, e foi o nome mais influente da escultura desde a Alta Renascença até meados do Cinquecento.
Sua obra passou do classicismo puro do David e do Baco e chegou ao Maneirismo, expresso em obras veementes e
dramáticas como os Escravos, o Moisés, e os nus da Capela dos Médici em Florença. Artistas como Desiderio da
Settignano, Antonio Rosselino, Agostino di Duccio e Tullio Lombardo também deixaram obras de grande maestria e
importância, como o Adão de Lombardo, o primeiro nu de tamanho natural conhecido desde a Antiguidade.[118][126]
Encerram o ciclo renascentista Giambologna, Baccio Bandinelli, Francesco da Sangallo, Jacopo Sansovino e
Benvenuto Cellini, entre outros, com um estilo de grande dinamismo e expressividade, tipificado no Rapto das
Sabinas, de Giambologna. Artistas destacados de outros países da Europa já iniciavam a trabalhar em linhas
claramente italianas, como Adriaen de Vries e Germain Pilon, espalhando o gosto italiano por uma grande área
geográfica e dando origem a várias formulações sincréticas com escolas regionais.[118]
A escultura estava presente em todos os locais, nas ruas como monumentos e ornamentos de edifícios, nos salões da
nobreza, nas igrejas, e no lar mais simples havia sempre uma imagem devocional. Vasos, mobiliário e apetrechos de
uso diário da elite frequentemente tinham detalhes esculpidos ou gravados, e podem ser incluídos neste campo
miniaturas como as medalhas comemorativas. Neste período foram desenvolvidos recursos técnicos que
possibilitaram um salto imenso em relação à Idade Média em termos de capacidade de criação de formas livres no
espaço e de representação da natureza e do corpo humano, e a publicação de diversos tratados e comentários sobre
esta arte introduziram metodologias e teorias que ampliaram a compreensão do campo e o fundamentaram com uma
conceituação mais científica, fundando uma tradição crítica influente. O aperfeiçoamento das técnicas de escultura
permitiu a criação de obras em uma escala só conhecida na Antiguidade, e o espírito cívico dos florentinos
estimulou a invenção de novos modelos de monumento público, uma tipologia associada a um outro entendimento
da capacidade representativa do homem como uma prática social e educativa.[127][128][129]
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Música
Em linhas gerais, a música do Renascimento não oferece um panorama de quebras abruptas de continuidade, e todo
o longo período pode ser considerado o terreno da lenta transformação do universo modal para o tonal, e da
polifonia horizontal para a harmonia vertical. O Renascimento foi também um período de grande renovação no
tratamento da voz e na orquestração, no instrumental e na consolidação dos gêneros e formas puramente
instrumentais com as suítes de danças para bailes, havendo grande demanda por animação musical em todo festejo
ou cerimônia, público ou privado.[130]
Na técnica compositiva a polifonia melismática dos órganons, derivada diretamente do canto gregoriano, é
abandonada em favor de uma escrita mais enxuta, com vozes tratadas de maneira cada vez mais equilibrada. No
início do período o movimento paralelo é usado com moderação, acidentes são raros mas as dissonâncias duras são
comuns. Mais adiante a escrita a três vozes começa a apresentar tríades, dando uma impressão de tonalidade. Tenta-
se pela primeira vez escrever música descritiva ou programática, os rígidos modos rítmicos cedem lugar à isorritmia
e a formas mais livres e dinâmicas como a balada, a chanson e o madrigal. Na música sacra a forma da missa se
torna a mais prestigiada. A notação evolui para adoção de notas de menor valor, e mais para o final do período passa
a ser aceito o intervalo de terça como consonância, quando antes apenas a quinta, a oitava e o uníssono o
eram.[131][132]
Os precursores desta transformação não foram italianos, mas franceses como Guillaume de Machaut, autor da maior
realização musical do Trecento em toda Europa, a Missa de Notre Dame, e Philippe de Vitry, muito elogiado por
Petrarca. Da música italiana dessa fase inicial muito pouco chegou a nós, embora se saiba que a atividade era intensa
e quase toda no terreno profano, sendo as principais fontes de partituras o Codex Rossi, o Codex Squarcialupi e o
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Exemplos musicais
Arquitetura
A permanência de muitos vestígios da Roma Antiga em solo italiano jamais deixou de influir na plástica edificatória
local, seja na utilização de elementos estruturais ou materiais usados pelos romanos, seja mantendo viva a memória
das formas clássicas.[133] Mesmo assim, no Trecento o gótico continua a linha dominante e o classicismo só viria a
emergir com força no século seguinte, em meio a um novo interesse pelas grandes realizações do passado. Esse
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Antes do Cinquecento não havia uma palavra para designar os arquitetos no sentido em que hoje são entendidos, e
eram chamados de mestres de obras. A arquitetura era a mais prestigiada arte do Renascimento, mas a maior parte
dos principais mestres do período, quando iniciaram sua prática nas artes edificatórias, já eram artistas reputados
mas não tinham nenhuma formação no campo, e vinham da escultura ou da pintura. Eles eram chamados para os
grandes projetos de edifícios públicos, palácios e igrejas, e a arquitetura popular era encarregada a pequenos
construtores. Ao contrário da prática medieval, caracterizada pela funcionalidade e irregularidade, os mestres
concebiam os edifícios como obras de arte, estavam cheios de ideias sobre geometrias divinas, simetrias e
proporções perfeitas, desejosos de imitar os edifícios romanos, e criavam desenhos detalhados e uma maquete do
prédio em pequena escala em madeira, que serviam como projeto para os construtores. Esse projetos eram estrutural
e plasticamente inovadores, mas pouco atentos à sua viabilidade prática e às necessidades do uso diário,
principalmente na distribuição dos espaços. Eram os construtores que deviam resolver os problemas técnicos que
surgissem ao longo da obra, procurando manter o desenho original, mas muitas vezes fazendo importantes
adaptações e mudanças no meio do caminho, se o desenho ou alguma parte dele se revelasse impraticável. Segundo
Hartt, quando começavam obras grandes e complexas como as igrejas, poucas vezes os construtores estavam
seguros de poder chegar até o final. Contudo, alguns mestres trabalharam nisso por longos anos e se tornaram
grandes conhecedores do assunto, introduzindo importantes novidades técnicas, estruturais e funcionais. Eles
também projetavam fortificações, pontes, canais e outras estruturas, além de planos de urbanismo em grande escala.
A maior parte dos muitos planos urbanísticos renascentistas jamais se concretizou, e dos que foram iniciados
nenhum foi muito longe, mas desde lá têm sido uma fonte de inspiração para os urbanistas de todas as gerações.[135]
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Uma cidade ideal segundo Piero della Francesca, com o largo predomínio das ordens clássicas e de um senso de
equilíbrio e simetria
No lado profano aristocratas como os Medici, os Strozzi, os Pazzi, asseguram seu status ordenando a construção de
palácios de grande imponência e originalidade, como o Palácio Pitti (Brunelleschi), o Palazzo Medici Riccardi
(Michelozzo), o Palazzo Rucellai (Alberti) e o Palazzo Strozzi (Maiano), todos transformando o mesmo modelo dos
palácios medievais italianos, de corpo mais ou menos cúbico, pavimentos de alto pé-direito, estruturado em torno de
um pátio interno, de fachada rústica e coroado por grande cornija, o que lhes confere um aspecto de solidez e
invencibilidade. Formas mais puramente clássicas são exemplificadas na Vila Medici, de Giuliano da Sangallo.
Variações interessantes deste modelo são encontradas em Veneza, dadas as características alagadas do terreno.[133]
Depois da figura principal de Donato Bramante na Alta Renascença, trazendo o centro do interesse arquitetônico de
Florença para Roma, e sendo o autor de um dos edifícios sacros mais modelares de sua geração, o Tempietto,
encontramos o próprio Michelangelo, tido como o inventor da ordem colossal e por algum tempo arquiteto das obras
da Basílica de São Pedro. Michelangelo, na visão dos seus próprios contemporâneos, foi o primeiro a desafiar as
regras até então consagradas da arquitetura classicista, desenvolvendo um estilo pessoal, pois fora segundo Vasari o
primeiro a abrir-se para a verdadeira liberdade criativa. Ele representa, então, o fim do "classicismo coletivo",
bastante homogêneo em suas soluções, e o início de uma fase de individualização e multiplicação das linguagens
arquitetônicas. Ele abriu caminho, pelo imenso prestígio que desfrutava entre os seus, para que a nova geração de
criadores realizasse um sem-número de experimentações a partir do cânone clássico de arquitetura, tornando esta
arte independente dos antigos — ainda que largamente devedora deles. Alguns dos mais notáveis nomes desta época
foram Della Porta, Sansovino, Palladio, Fontana, Peruzzi e Vignola. Entre as modificações que esse grupo
introduziu estavam a flexibilização da estrutura do frontispício e a anulação das hierarquias das ordens antigas, com
grande liberdade para o emprego de soluções não ortodoxas e o desenvolvimento do gosto por um jogo puramente
plástico com as formas, dando muito mais dinamismo aos espaços internos e às fachadas.[136] De todos os
derradeiros renascentistas Palladio foi o mais influente, e ainda hoje é o arquiteto mais estudado em todo o
mundo.[137] Foi criador de uma fértil escola, chamada palladianismo, que perdurou, com altos e baixos, até o
século XX.[136]
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A italianização da Europa
Com o crescente movimento de artistas, humanistas e professores entre as cidades ao norte dos Alpes e a península
Itálica, e com a grande circulação de textos impressos e obras de arte através de reproduções em gravura, o
classicismo italiano iniciou em meados do século XV uma etapa de difusão por todo o continente. Francisco I da
França e Carlos V, Sacro Imperador Romano, logo reconheceram o potencial do prestígio da arte italiana para
promover suas imagens régias, e foram agentes decisivos para a sua divulgação intensiva além dos Alpes. Mas isso
aconteceu no início do século XVI, quando o ciclo renascentista já tinha pelo menos duzentos anos de
amadurecimento na Itália e já estava em sua fase maneirista.[57]
Destarte, cabe advertir que não houve nada como um Quattrocento ou uma Alta Renascença no restante da Europa.
No Cinquecento, período em que a italianização europeia atinge um pico, as tradições regionais, mesmo que em
alguma medida conhecedoras do classicismo, ainda estavam pesadamente imersas em estilos já obsoletos na Itália,
como o românico e o gótico. O resultado foi muito heterogêneo e ricamente híbrido, produziu a abertura de
múltiplos caminhos, e sua análise tem sido recheada de polêmica, onde o único grande consenso que se formou
enfatiza a diversidade do movimento, sua ampla irradiação e a dificuldade de uma descrição generalista coerente
para suas manifestações, na perspectiva da existência de escolas regionais e nacionais com forte individualidade,
cada qual com uma história e valores específicos.[57]
França
A influência renascentista via Flandres e a Borgonha já existia desde o século XV, como se nota na produção de Jean
Fouquet, mas a Guerra dos Cem Anos e as epidemias de peste atrasaram seu florescimento, que ocorre somente a
partir da invasão francesa da Itália por Carlos VIII em 1494. O período se estende até cerca de 1610, mas seu final é
tumultuado com as guerras de religião entre católicos e huguenotes, que devastaram e enfraqueceram o país.
Durante sua vigência a França inicia o desenvolvimento do absolutismo e se expande pelo mar explorando a
América. O centro focal se estabelece em Fontainebleau, sede da corte, e ali se forma a Escola de Fontainebleau,
integrada por franceses, flamengos e italianos como Rosso Fiorentino, Antoine Caron, Francesco Primaticcio,
Niccolò dell'Abbate e Toussaint Dubreuil, sendo uma referência para outros como François Clouet, Jean Clouet,
Jean Goujon, Germain Pilon e Pierre Lescot. Leonardo também esteve presente ali. Apesar disso, a pintura conheceu
um desenvolvimento relativamente pobre e pouco inovador, mais concentrada no detalhe precioso e no virtuosismo,
nenhum artista francês deste período adquiriu uma fama continental como conseguiram tantos italianos, e o
classicismo só é perceptível através do filtro maneirista.[138][139] Por outro lado, surgiu um estilo de decoração que
foi logo muito imitado na Europa, aliando pintura, estuques em relevo e elementos em madeira lavrada.
A arquitetura foi uma das artes francesas renascentistas mais originais, e não apareceram em toda a Europa fora da
Itália construções comparáveis aos grandes palácios franceses como os de Fontainebleau, Tulherias, Chambord,
Louvre e Anet, a maior parte deles com grandes jardins formais, destacando-se os arquitetos Pierre Lescot e
Philibert de l'Orme, fortemente influenciados pelo trabalho de Vignola e Palladio, defensores de um classicismo
mais puro, e organizadores de fachadas e plantas simétricas. De qualquer maneira, o seu classicismo não foi de fato
puro: reorganizaram as ordens clássicas de diferentes maneiras, criaram variantes, dinamizaram os planos e volumes
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e deram grande ênfase a uma decoração luxuriante e caprichosa, contradizendo os princípios de racionalidade,
simplicidade e economia formal do classicismo mais típico, além de preservarem tradições locais características do
gótico.[138][140]
Na música houve um enorme florescimento através da Escola da Borgonha, que dominou a cena musical européia
durante o século XV e daria origem à Escola franco-flamenga, que produziria mestres como Josquin des Prez,
Clément Janequin e Claude Le Jeune. A chanson francesa do século XVI teria um papel na formação da canzona
italiana, e sua Musique mesurée estabeleceria um padrão de escrita vocal declamatória na tentativa de recriação da
música do teatro grego, e favoreceria a evolução para a plena tonalidade. Também apareceu um gênero de música
sacra distinto de seus modelos italianos, conhecido como chanson spirituelle. Na literatura se destacam Rabelais,
um precursor do gênero fantástico, Montaigne, popularizador do gênero ensaio onde é até hoje um dos maiores
nomes, e o grupo integrante da Plêiade, com Pierre de Ronsard, Joachim du Bellay e Jean-Antoine de Baïf, que
buscavam um atualização vernácula da literatura greco-romana, a emulação de formas específicas e a criação de
neologismos baseados no latim e no grego.
Exemplo musical
Josquin Des Prez: Magnus est tu, Domine - Tu, pauperum refugium?·info
Antoine Caron:
Augusto e a Sibila
do Tibre, c. 1580,
Louvre.
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Os flamengos estavam em contato com a Itália desde o século XV, mas somente no século XVI o contexto se
transforma e se caracteriza como renascentista, tendo uma vida relativamente curta. Nesta fase a região enriquece, a
Reforma Protestante se torna uma força decisiva, oposta à dominação católica de Carlos V, levando a conflitos
sérios que dividiriam a área. As cidades comerciais de Bruxelas, Gante e Bruges estreitam os contatos com o norte
da Itália e encomendam obras ou atraem artistas italianos, como os arquitetos Tommaso Vincidor e Alessandro
Pasqualini, que passaram a maior parte de suas vida ali. O amor pela gravura trouxe para a região inúmeras
reproduções de obras italianas, Dürer deixou uma marca indelével quando passou por lá, Erasmo mantinha aceso o
Humanismo e Rafael mandava executar tapeçarias em Bruxelas. Vesálio faz avanços importantes na Anatomia,
Mercator na Cartografia e a nova imprensa encontra em Antuérpia e Lovaina condições para a fundação de editoras
de larga influência.
Na música os Países Baixos, junto com o noroeste da França, se tornam o centro principal para toda a Europa
através da Escola franco-flamenga. A pintura desenvolve uma escola original, que popularizou a pintura a óleo e
dava enorme atenção ao detalhe e à linha, mantendo-se muito fiel à temática sacra e incorporando sua tradição
gótica às inovações maneiristas italianas. Teve em Jan van Eyck, Rogier van der Weyden e Hieronymus Bosch seus
precursores no século XV, e logo a região daria sua contribuição própria à arte européia consolidando o paisagismo
através de Joachim Patinir e a pintura de gênero com Pieter Brueghel o velho e Pieter Aertsen. Outros nomes
notáveis são Mabuse, Maarten van Heemskerck, Quentin Matsys, Lucas van Leyden, Frans Floris, Adriaen
Isenbrandt e Joos van Cleve.
A Alemanha impulsionou seu Renascimento fundindo seu rico passado gótico com os elementos italianos e
flamengos. Um de seus primeiros mestres foi Konrad Witz, seguindo-se Albrecht Altdorfer e Albrecht Dürer, que
esteve em Veneza duas vezes e foi lá profundamente influenciado, lamentando ter de voltar para o norte. Junto com
o erudito Johann Reuchlin, Dürer foi uma das maiores influências para disseminação do Renascimento no centro da
Europa e também nos Países Baixos, onde suas célebres gravuras foram altamente elogiadas por Erasmo, que o
chamou de "o Apeles das linhas negras". A escola romana foi um elemento importante para a formação do estilo de
Hans Burgkmair e Hans Holbein, ambos de Augsburgo, visitada por Ticiano.[5][141] Na música basta a menção a
Orlando de Lasso, um integrante da Escola franco-flamenga radicado em Munique que se tornaria o compositor
mais célebre da Europa em sua geração, a ponto de ser nobilitado pelo imperador Maximiliano II e tornado cavaleiro
pelo papa Gregório XIII, algo extremamente raro para um músico.
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Quentin Massys:
Retrato de um
notário, início do
século XVI. Galeria
Nacional da Escócia
Portugal
Como pioneiro da exploração europeia, Portugal floresceu no final do século XV com as navegações para o oriente,
auferindo lucros imensos que fizeram crescer a burguesia comercial e enriquecer a nobreza, permitindo luxos e o
cultivar do espírito. O contacto com o Renascimento chegou através da influência de ricos mercadores italianos e
flamengos que investiam no comércio marítimo. O contato comercial com a França, Espanha e Inglaterra era
assíduo, e o intercâmbio cultural se intensificou.
Como principal potência naval, atraiu especialistas em matemática, astronomia e tecnologia naval, como Pedro
Nunes e Abraão Zacuto; os cartógrafos Pedro Reinel, Lopo Homem, Estevão Gomes e Diogo Ribeiro, que fizeram
avanços cruciais para mapear o mundo. E enviados ao oriente, como o boticário Tomé Pires e o médico Garcia de
Orta, recolheram e publicaram trabalhos sobre as novas plantas e medicamentos locais.
Na arquitetura, os lucros do comércio de especiarias das primeiras décadas do século XVI financiaram um estilo
sumptuoso de transição, que mescla elementos marinhos com o gótico, o manuelino.[143] O Mosteiro dos Jerônimos,
a Torre de Belém e a janela do Capítulo do Convento de Cristo, em Tomar são os mais conhecidos, Diogo Boitaca e
Francisco de Arruda os arquitectos. Na pintura destacam-se Nuno Gonçalves, Gregório Lopes e Vasco Fernandes.
Na música, Pedro de Escobar e Duarte Lobo, além de quatro cancioneiros, entre os quais o Cancioneiro de Elvas e o
Cancioneiro de Paris.
Na literatura Sá de Miranda introduziu as formas de verso italianas; Garcia de Resende compilou o Cancioneiro
Geral em 1516 e Bernardim Ribeiro foi pioneiro no bucolismo. Gil Vicente fundiu-os com a cultura popular,
relatando a mudança dos tempos e Luís de Camões inscreveu os feitos dos portugueses no poema épico Os
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Espanha
Na Espanha, as circunstâncias foram em vários pontos semelhantes. A reconquista do território espanhol aos árabes
e o fantástico afluxo de riquezas das colônias americanas, com o intenso intercâmbio comercial e cultural associado,
sustentaram uma fase de expansão e enriquecimento sem precedentes da arte local. Artistas como Alonso
Berruguete, Diego de Siloé, Tomás Luis de Vitoria, El Greco, Pedro Machuca, Juan Bautista de Toledo, Cristóbal de
Morales, Garcilaso de la Vega, Juan de Herrera, Miguel de Cervantes e muitos mais deixaram obra notável em estilo
clássico ou maneirista, mais dramático do que seus modelos italianos, já que o espírito da Contra-Reforma ali tinha
um baluarte e, em escritores sacros como Teresa de Ávila, Inácio de Loyola e João da Cruz, grandes representantes.
Particularmente na arquitetura a ornamentação luxuriante se torna típica do estilo que se conhece como plateresco,
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uma síntese única de influências góticas, mouriscas e renascentistas. A Universidade de Salamanca, cujo ensino
tinha moldes humanistas, mais a fixação de italianos como Pellegrino Tibaldi, Leone Leoni e Pompeo Leoni
injetaram uma força adicional no processo.[141][145]
O último Renascimento chega a cruzar o oceano e se enraizar na América e no oriente, onde ainda hoje sobrevivem
muitos mosteiros e igrejas fundados pelos colonizadores espanhóis em centros do México e do Peru, e pelos
portugueses no Brasil, em Macau e Goa, alguns deles hoje Patrimônio da Humanidade.
Exemplo musical
Inglaterra
Na Inglaterra, o Renascimento coincide com a chamada Era Elisabetana, de grande expansão marítima e de relativa
estabilidade interna depois da devastação da longa Guerra das Rosas, quando se tornou possível pensar em cultura e
arte. Como na maior parte dos outros países da Europa, a herança gótica ainda viva mesclou-se com referências da
Renascença tardia, mas suas características distintivas são o predomínio da literatura e da música sobre as outras
artes, e sua vigência até cerca de 1620. Poetas como John Donne e John Milton pesquisam novas formas de
compreender a fé cristã, e dramaturgos como Shakespeare e Marlowe se movem com desenvoltura entre temas
centrais da vida humana - a traição, a transcendência, a honra, o amor, a morte - em tragédias célebres como Romeu
e Julieta, Macbeth, Otelo, o Mouro de Veneza (Shakespeare), e Doutor Fausto (Marlowe), bem como sobre seus
aspectos mais prosaicos e ligeiros em fábulas encantadoras como Sonho de uma noite de verão (Shakespeare).
Filósofos como Francis Bacon descortinam novos limites para o pensamento abstrato e refletem sobre uma
sociedade ideal, e na música a escola madrigalesca italiana é assimilada por Thomas Morley, Thomas Weelkes,
Orlando Gibbons e muitos outros, adquire um sabor inconfundivelmente local e cria uma tradição que permanece
viva até hoje, ao lado de grandes polifonistas sacros como John Taverner, William Byrd e Thomas Tallis, este
deixando o famoso moteto Spem in alium, para quarenta vozes divididas em oito coros, uma composição sem
paralelos em sua época pela maestria no manejo de enormes massas vocais. Na arquitetura se destacaram Robert
Smythson e os palladianistas Richard Boyle, Edward Lovett Pearce e Inigo Jones, cuja obra repercutiu até na
América do Norte, fazendo discípulos em George Berkeley, James Hoban, Peter Harrison e Thomas Jefferson.[146]
Na pintura o Renascimento foi recebido principalmente através da Alemanha e dos Países Baixos, com a figura
maior de Hans Holbein, florescendo depois com William Segar, William Scrots, Nicholas Hilliard e vários outros
mestres da Escola Tudor.[147]
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Exemplos musicais
Ver também
Escolas nacionais
Portugal Renascentista
Renascença italiana
Renascimento flamengo
Artes e ciências
Arquitetura do Renascimento
Ciência do Renascimento
Escultura do Renascimento
Literatura do Renascimento
Música do Renascimento
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Pintura do Renascimento
Política do Renascimento
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