O CÉREBRO ADOLESCENTE

 COMO EU EXPLICO O CÉREBRO PARA OS ADOLESCENTES E A

FAMÍLIA
 Os jovens saem da adolescência quando a angústia de seus pais não lhes
causa nenhum efeito inibidor

Citação Dr. Gustavo Teixeira do livro Manual da Adolescência

A adolescência é uma fase importante da capacidade do cérebro de refazer

conexões e caminhos entre os neurônios.

É a chance de mudar os circuitos cerebrais e deixá-los mais saudáveis para

o resto da vida. A vida adulta e o potencial de desenvolvimento de uma pessoa
dependerão do que ocorrer nessa fase.

Na adolescência acontecem etapas importantes da formação final do cérebro.

Desde que nascemos, os estímulos que recebemos do ambiente formam nossas

conexões neurais, e na vida adulta usufruímos daquilo que foi construído.

Além das áreas relacionadas ao controle de impulsos e às emoções, durante a

adolescência também é formado o sistema de recompensas.

Tudo o que for associado nesse período como prazeroso terá maior tendência a
ser necessário para o resto da
vida. As drogas e os maus hábitos ativam quimicamente esse sistema de prazer,
e o contato nessa fase é extremamente perigoso, pois o que é entendido
como algo prazeroso dificilmente poderá ser substituído após esse período. Por
isso, o monitoramento e a participarão da família são fundamentais, mesmo com
os jovens tentando ganhar o máximo de independência possível.

Através do aprendizado sobre o cérebro, podemos compreender como simples

comportamentos podem sinalizar graves problemas que necessitam de
intervenção.
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 A adolescência pode ser definida como o período da vida que começa com
profundas mudanças físicas, emocionais, hormonais e bioquímicas em todo o
corpo e termina quando o indivíduo adquire maturidade para desenvolver um
papel estável, responsável e independente na sociedade.

COMO A COMPREENSÃO DO CÉREBRO PODE NOS TRAZER

IMPORTANTES RESPOSTAS SOBRE ESSA FASE

A resposta para perguntas como: o que é adolescência? Quando começa e

quando termina? Porque muitos demoram para amadurecer? Podem ser
extraídas das descobertas relacionadas à maturação do córtex pré-frontal,
região do cérebro responsável pelo controle dos impulsos, organização do
pensamento, tomada de decisões e controle das funções executivas.

O cérebro adolescente continua se desenvolvendo por toda a adolescência e

início da vida adulta.
Os estudos mostram que nosso cérebro não está completamente maduro antes
dos 28 anos, o que significa que até essa idade ainda somos um pouco
adolescentes.

PLASTICIDADE NEURAL

Para entendermos mais sobre o cérebro adolescente, é importante

compreendermos alguns conceitos neurocientíficos, e dentre eles principalmente
a plasticidade neuronal.

Plasticidade neuronal é a capacidade do cérebro de se reorganizar, adaptar e

moldar ao longo do tempo frente a estímulos diversos.

Isso significa que o cérebro vai se adaptar ao estímulo que recebe. Por exemplo,
se uma criança é bem estimulada, se tem seu ambiente social e sensorial
enriquecido, seu cérebro formará novas Conexões para que a aprendizagem
ocorra.

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 Por outro lado, se o cérebro for privado de estímulos (uma criança que não
frequente a escola, ou que seja exposta a estressores tóxicos ambientais, como
violência doméstica ou abuso sexual), suas Conexões axoniais e dendríticas
serão empobrecidas (axônios e dentritos são partes do neurônio responsável
pela comunicação entre as células nervosas.

Assim, esse cérebro não vai se desenvolver como o de uma criança estimulada
e que tenha seu ambiente de vida mais favorável, e isso tem um impacto
gigantesco em sua vida. A criança exposta a estressores tóxicos ambientais e
privada de estimulação terá sua aprendizagem comprometida, maiores chances
de desenvolver doenças psiquiátricas como depressão, ansiedade,
esquizofrenia, transtorno desafiador opositivo, transtorno de conduta, além de
doenças clínicas como hipertensão arterial, diabetes e doenças
cardiovasculares.

A boa notícia é que nosso cérebro é muito plástico, muito maleável, e se

cuidarmos devidamente da estimulação das nossas crianças e adolescentes
podemos reverter bastante os riscos e os prejuízos causados por negligência,
violência e falta de estímulo.

A plasticidade neural é muito importante para o desenvolvimento do nosso

cérebro, pois permite que as vias de comunicação cerebral (vias sinápticas) mais
utilizadas se fortaleçam, e isso favoreça a construção de grandes vias de
transmissão de informação. Enquanto vias sinápticas pouco utilizadas são
desfeitas, neurônios defeituosos e conexões falhas podem ser destruídos. Trata-
se de uma maneira econômica e inteligente de enriquecer o cérebro com
conexões cerebrais ágeis, rápidas e importantes para todo o organismo funcione
de maneira mais harmônica e eficiente.

Desse modo, o cérebro adolescente, assim como o nosso, se modifica

quimicamente a cada segundo conforme nos relacionamos com as pessoas,
experimentamos uma xícara de café, comemos um pedaço de bolo, olhamos
para as mensagens no celular, admiramos uma paisagem ou enquanto você lê
este trecho do livro.

Cérebros adolescentes são muito responsivos ao ambiente, ficam super

excitados com recompensas, emoções e novas experiências. Há liberação de
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 dopamina, um neurotransmissor relacionado com sensações de prazer e que é
liberado em altas doses
no cérebro em resposta a estímulos externos por exemplo, ao comer um doce
ou ganhar dinheiro.

Ainda sobre a importância das estimulações ambientais a que estamos sujeitos

durante nosso desenvolvimento, podemos concluir que no final da história somos
resultado da somatória das experiências que vivenciamos, das pessoas com
quem convivemos e do ambiente a que estamos expostos.

Você certamente já ouviu a frase: "Diga-me com quem andas que lhe direi quem
és."

Seguindo o que afirmei nos parágrafos anteriores, podemos concluir que

neurocientificamente essa frase está corretíssima, e saber valorizar a educação
e monitorar os ambientes sociais a que nossas crianças estão expostas são
estratégias fundamentais
para o desenvolvimento saudável.

Lembre-se de que a adolescência é uma grande janela de oportunidade de

estimulação e de enriquecimento do cérebro, e que pais, educadores e
profissionais da saúde mental escolar podem participar de forma ativa desse
processo de aprendizagem
e crescimento.

AUTORREGULAÇÃO CEREBRAL

Uma grande questão inerente aos problemas observados na adolescência é que

o cérebro adolescente se torna cada vez mais excitado e corajoso para assumir
novos riscos. Ele é mais emocional, mais passional e muito mais ávido por novas
descobertas e experiências.

CÉREBRO ADOLESCENTE

Entretanto essas mudanças não são acompanhadas por outras mudanças

estruturais cerebrais relacionadas ao aumento do controle das habilidades de
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 comando, emoções, pensamentos e ações. Essa maturação das habilidades de
controle, importante para que não tomemos decisões equivocadas, infelizmente
só chega na idade adulta.

Portanto, a adolescência é como se tivéssemos nas mãos uma Ferrari zero

quilômetro sem freios.

O adolescente não tem o mecanismo de controle dos impulsos, não consegue

parar e pensar antes de agir, é impulsivo, e a... todo cuidado é pouco para quem
dirige essa Ferrari!

O que quero dizer com essa analogia é que existe um período em que nosso
cérebro conta com habilidades fantásticas para se excitar, emocionar e explorar,
entretanto o mecanismo de controle desses impulsos que seria capaz de regular
e controlar a tomada de decisões é precário e vai se desenvolver anos à frente.
Esse momento sem autorregulação
cerebral, sem freio", é responsável pelos grandes riscos da adolescência, pois o
jovem acaba tomando decisões precipitadas, impensadas e impulsivas, se
expondo a muitos riscos como drogas, acidentes automobilísticos, brigas, sexo
sem proteção etc...

Logo, posso afirmar que a autorregulação cerebral é um dos fatores mais

importantes na contribuição para a saúde mental, emocional e social do
ser humano. Controlar o que se pensa, fala ou faz é importante para termos uma
vida saudável e equilibrada no ambiente social, nos momentos de estudo ou
trabalho.

Capacitar o jovem e auxiliá-lo na busca por esse equilíbrio e conquista de

maturidade deve ser sempre a meta de pais, educadores e profissionais de
saúde mental infantojuvenil. Vale ressaltar que a adolescência será uma das
últimas oportunidades de intervenção para que possamos trabalhar de maneira
eficiente nesse processo.

É IMPORTANTE VOCÊ COMPREENDER

 Conhecemos menos o adolescente do que a criança

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  Não existe limite para começar e terminar a adolescência. Devemos
estará tentos aos sinais
 Os adultos deveriam ajudar um adolescente a enfrentar as
responsabilidades e não retraí-los para que nunca amadureçam ou
cresçam como deveriam
 Quando dizemos algo a um bebe, ele recebe toda essa energia negativa
a queima roupa, e assim acontece com o adolescente
 Exemplo do camarão e da lagosta: quando estão trocando suas cascas
se escondem debaixo das conchas. Se nesse período receberem
pancadas, ficarão feridos para sempre. A carcaça nova cobrirá suas
cicatrizes, mas estas jamais deixarão de existir.
 As pessoas a volta do adolescente exercem papel importante na sua
educação. Tudo que fazem pode favorecer o desenvolvimento da
confiança, coragem de superar suas impotências, ou, o contrário, o
desânimo e a depressão.
 Na adolescência sem apoio, sem ser visto, nessa fragilidade extrema eles
se defendem do mundo ou pela depressão, ou por um estado de
negatividade que agrava ainda mais suas fraquezas.

REFERÊNCIAS

DOLTO, Fralçoise – A causa dos Adolescentes: Um projeto para o

desenvolvimento dos 10 aos 16 anps, pela autora de a cura das crianças.

TEIXEIRA, Gustavo – Manual da Adolescência: Bases neurocientíficas para

pais, professores e profissionais.

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