As Correlacoes Da Psicanalise Com Concei
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Ficha Catalográica
ISSN 2446-578X
Ficha Catalográfica 2
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Reitor da UFPR
Prof. Dr. Zaki Akel Sobrinho
Diretora do Setor de Ciências Humanas
Prof. Dr. Eduardo Salles de Oliveira Barra
Coordenadora do Programa de Mestrado em Psicologia
Profa. Dra. Luciana Albanese Valore
Chefe do Departamento de Psicologia
Prof. Dr. João Henrique Rossler
Coordenador do Curso de Psicologia
Prof. Dr. Sidney Nilton de Oliveira
Coordenação
Profa. Dra. Elza Maria do Socorro Dutra (UFRN)
Vice-Coordenação
Prof. Dr. Adriano Furtado Holanda (UFPR)
Membros:
Adelma Pimentel (Universidade Federal do Pará)
Adriano Holanda (Universidade Federal do Paraná)
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Ana Maria Monte Coelho Frota (Universidade Federal do Ceará)
Andrés Eduardo Aguirre Antunez (Universidade de São Paulo)
Daniela Ribeiro Schneider (Universidade Federal de Santa Catarina)
Elza Maria do Socorro Dutra (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Fernando Gastal de Castro (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Georges Daniel Janja Bloc Boris (Universidade de Fortaleza)
Ileno Izídio da Costa (Universidade de Brasília)
José Célio Freire (Universidade Federal do Ceará)
Josemar de Campos Maciel (Universidade Católica Dom Bosco)
Monica Botelho Alvim (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Roberto Novaes de Sá (Universidade Federal Fluminense)
Tommy Akira Goto (Universidade Federal de Uberlândia)
Vera Engler Cury (Pontifícia Universidade Católica de Campinas)
Virgínia Moreira (Universidade de Fortaleza)
Expediente 3
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Comissão Cientíica
Adelma Pimentel (UFPA)
Adriano Furtado Holanda (UFPR)
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo (UERJ)
Ana Maria Monte Coelho Frota (UFC)
Andrés Eduardo Aguirre Antúnez (USP)
Carlos Augusto Serbena (UFPR)
Celana Cardoso Andrade (UFG)
Cristiano Roque Antunes Barreira (USP-RP)
Daniela Ribeiro Schneider (UFSC)
Danilo Suassuna (PUC-GO)
Elza Maria do Socorro Dutra (UFRN)
Fernando Gastal de Castro (UFRJ)
Georges Daniel Janja Bloc Boris (UNIFOR)
Gustavo Alvarenga Oliveira Santos (UFTM)
Ileno Izídio da Costa (UnB)
Jean Marlos Pinheiro Borba (UFMA)
Joelma Espíndula (UFRR)
José Célio Freire (UFC)
José Paulo Giovanetti (FEAD/MG)
Josemar de Campos Maciel (UCDB)
Marciana Gonçalves Farinha (UFU)
Marcio Luiz Fernandes (PUC-PR)
Marcos Aurélio Fernandes (UnB)
Marcos Janzen (UFRGS)
Monica Botelho Alvim (UFRJ)
Nilton Julio de Faria (PUC-Campinas)
Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista (USP)
Roberto Novaes de Sá (UFF)
Sylvia Mara de Freitas (UEM)
Thiago Gomes DeCastro (PUC-RS)
Tommy Akira Goto (UFU)
Vera Engler Cury (PUC-Campinas)
Comissão Organizadora
Expediente 4
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Comissão cientíica
Camila Muhl
Angélica Camile da Silva Bellincantta Mollossi
Comunicação e divulgação
Lázaro Castro Silva Nascimento
Financeiro
Karine Costa Lima Pereira
Lívia Nayara Tomás Silva
Patrocínio e materiais
Fabiane Villatore Orengo
Thauana Santos de Araújo
Secretaria - Assistente
Jennifer da Silva Moreira
Géssica Greschuk Ribeiro
Jeniffer Soley Batista Thauana Santos de Araújo
Angélica Camile da Silva Bellincantta Mollossi
Pedro Vanni
Pedro Tizo
Patrocínio
CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Ministério da Educação)
Apoio
Expediente 5
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Sumário
MeSaS RedondaS
Mesa de abertura
• PANORAMA DA FILOSOFIA FENOMENOLÓGICA: O CENÁRIO LATINO-AMERICANO ....31
Tommy Akira Goto (Universidade Federal de Uberlândia)
• PSICOLOGIA E FENOMENOLOGIA: PANORAMA DAS PESquISAS NO CENÁRIO
BRASILEIRO .....................................................................................................................32
Adriano Furtado Holanda (Universidade Federal do Paraná)
Mesa Redonda 1
• SOFRIMENTO ExISTENCIAL: uMA VISãO DO TéDIO NA CLíNICA
FENOMENOLÓGICA DA ATuALIDADE ............................................................................35
Elza Dutra (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
• FENOMENOLOGIA DO ADOECIMENTO NA SOCIEDADE CONTEMPORâNEA ...............36
José Paulo Giovanetti (Faculdade de Estudos Administrativos - FEAD/MG)
Mesa Redonda 2
• FENOMENOLOGIA E INFâNCIA: uM DIÁLOGO (IM)POSSíVEL COM A
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO ...........................................................................38
Ana Maria Monte Coelho Frota (Universidade Federal do Ceará)
• O CuIDADO DA SAúDE MENTAL DE ADOLESCENTES DO MEIO RuRAL:
uMA PERSPECTIVA FENOMENOLÓGICA.........................................................................39
Joelma Ana Gutiérrez Espíndula & José Luís Gutiérrez Ângulo
(Universidade Federal de Roraima)
Mesa Redonda 3
• A PSICOLOGIA ECOLÓGICA DE GIBSON: uM CAMPO EMPíRICO INSPIRADO
FENOMENOLOGICAMENTE ...........................................................................................42
Marcos Ricardo Janzen & William Barbosa Gomes (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
• CONSCIêNCIA: PERSPECTIVAS DE PRIMEIRA E TERCEIRA PESSOA ...................................43
Thiago Gomes de Castro (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul)
Mesa Redonda 4
• MéTODO E NORMA: DIÁLOGOS ENTRE HEIDEGGER, BINSwANGER E BOSS .................45
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
• TERAPIA DASEINSANALíTICA COM uMA PACIENTE COM AFASIA DE ExPRESSãO ...........46
Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista (Universidade de São Paulo)
Sumário 6
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Mesa Redonda 5
• CONTRIBuIçõES DA FENOMENOLOGIA à CLíNICA DO TRABALHO ..............................48
Fernando Gastal de Castro (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
• A PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA HuSSERLIANA (DES) COBRINDO AS
CuLTuRAS DO ENDIVIDAMENTO E DO CONSuMISMO CONTEMPORâNEO:
CONTRIBuIçõES PARA A CLíNICA FENOMENOLÓGICA .................................................49
Jean Marlos Borba (Universidade Federal do Maranhão)
Mesa Redonda 6
• ExISTêNCIA E MÁ-Fé: CONSIDERAçõES SOBRE uMA PSICOTERAPIA INSPIRADA
NA FENOMENOLOGIA ExISTENCIAL DE JEAN-PAuL SARTRE ..........................................51
Daniel Marcio Pereira Melo & Georges Daniel Janja Bloc Boris (Universidade de Fortaleza)
• A CONTEMPORANEIDADE DO MéTODO BIOGRÁFICO EM SARTRE ...............................52
Sylvia Mara Pires de Freitas & Lucia Cecilia da Silva (Universidade Estadual de Maringá)
Mesa Redonda 7
• POR uMA PSICOPATOLOGIA NãO REDuCIONISTA .........................................................54
Andrés Eduardo Aguirre Antúnez (Universidade de São Paulo/USP)
• CIêNCIA E SABER POPuLAR EM TIEMPO DE SILENCIO DE LuIS MARTíN-SANTOS:
CONTRIBuIçõES PARA A PSICOPATOLOGIA FENOMENOLÓGICA ..................................55
Gustavo Alvarenga Oliveira Santos (Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Uberaba/MG)
Mesa Redonda 8
• NARRATIVAS COMPREENSIVAS SOBRE SOFRIMENTO E CuIDADO EM
CONTExTOS INSTITuCIONAIS .........................................................................................57
Vera Engler Cury (Pontifícia Universidade Católica de Campinas)
• ACOMPANHAMENTO TERAPêuTICO: uMA LEITuRA FENOMENOLÓGICA? ...................58
Marciana Gonçalves Farinha (Universidade Federal de Uberlândia)
Mesa Redonda 9
• A CRíTICA à PSICOLOGIA FORMuLADA POR EDMuND HuSSERL E LEV VyGOTSky ........60
Maria Aparecida Viggiani Bicudo
(Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro/SP)
• FICçãO E TEMPO NA OBRA DE HuSSERL .......................................................................61
Alberto Marcos Onate (Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo/PR)
Mesa Redonda 10
• FENOMENOLOGIA, éTICA, SAúDE E TRABALHO ...........................................................63
José Célio Freire (Universidade Federal do Ceará)
• MATERNIDADE E TRABALHO NA PERSPECTIVA DO CASAL: VISõES DIFERENTES
LuTANDO POR uM ESPAçO ...........................................................................................64
Celana Cardoso Andrade (Universidade Federal de Goiás)
Mesa Redonda 11
• SOBRE TEOLOGIA, RELIGIãO E DESENVOLVIMENTO .....................................................66
Josemar de Campos Maciel (Universidade Católica Dom Bosco de Campo Grande/MS)
Sumário 7
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Mesa Redonda 12
• CORPOREIDADE E CLíNICA: APONTAMENTOS SOBRE A SITuAçãO
CONTEMPORâNEA .........................................................................................................69
Mônica Botelho Alvim (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
• HERMENêuTICA E PSICOTERAPIA ...................................................................................70
Roberto Novaes de Sá (Universidade Federal Fluminense)
Mesa Redonda 13
• EMPATIA, AGRESSIVIDADE E VIOLêNCIA NO ESPORTE: uMA FENOMENOLOGIA
DO CORPO A CORPO EM DISPuTA ................................................................................72
Cristiano Roque Antunes Barreira
(Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto - USP)
• O PENSAR ENquANTO RECEPTIVIDADE: A VIGêNCIA DO PENSAMENTO EM
TERRAS E MuNDOS DE uM BRASIL PROFuNDO ............................................................73
Marcos Aurélio Fernandes (Universidade de Brasília)
Mesa Redonda 14
• SENTIDO E SIGNIFICADO DO ENVELHECIMENTO..........................................................75
Danilo Suassuna (Instituto Suassuna)
• FENOMENOLOGIA DO ONíRICO E DO SIMBÓLICO ......................................................76
Carlos Augusto Serbena (Universidade Federal do Paraná)
Mesa Redonda 15
• FENOMENOLOGIA DO SOFRIMENTO PSíquICO GRAVE ..............................................78
Ileno Izídio da Costa (Universidade de Brasília)
• CONCEPçõES DE SAúDE E REDES DE CuIDADO NA ATENçãO BÁSICA ........................79
Nilton Júlio de Faria (Pontifícia Universidade Católica de Campinas)
Mesa Redonda 16
• A IMPORTâNCIA DE uMA HERMENêuTICA DOS SONHOS EM PSICOTERAPIA ...............81
Emilio Romero (Associação Latino-Americana de Psicoterapia Existencial)
• A GESTALT DO FENôMENO AFÁSICO: GOLDSTEIN E A ESSêNCIA DA LINGuAGEM .......82
Claudinei Aparecido de Freitas da Silva (Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo/PR)
Mesa de encerramento
• FENOMENOLOGIA NA PSICOLOGIA CLíNICA: uMA PERSPECTIVA RICOEuRIANA ...........84
Rui de Souza Josgrilberg (Universidade Metodista de São Paulo)
Sumário 8
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TRabalhoS
Sumário 9
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Sumário 10
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Sumário 11
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Sumário 12
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Sumário 13
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Sumário 14
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Sumário 15
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Sumário 16
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Sumário 17
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Sumário 18
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Sumário 19
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Sumário 20
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Sumário 21
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Sumário 22
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Sumário 23
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9. PeSQUISa FenoMenolÓGICa
• A ExPERIêNCIA DO CuIDADO EM ONCOLOGIA: NARRATIVAS SOBRE
ENCONTROS COM PROFISSIONAIS DA SAúDE .............................................................284
Andréia Elisa Garcia de Oliveira
Vera Engler Cury
• DOS IMPASSES SuBJETIVOS NA CLíNICA DO ACOMPANHAMENTO
TERAPêuTICO (AT) ........................................................................................................285
Danilo Salles Faizibaioff
Andrés Eduardo Aguirre Antúnez
• METANÁLISE DA REVISTA DA ABORDAGEM GESTÁLTICA ..............................................286
Silvia Seiko Saito Yamamoto
Jean Luca Lunardi Laureano da Silva
Artur Alves de Oliveira Chagas
• PANORAMAS DA ADOLESCêNCIA: uM ESTuDO FENOMENOLÓGICO SOBRE
AçõES PSICOEDuCATIVAS EM INSTITuIçõES ...............................................................287
Luciana Szymanski Ribeiro Gomes
Felipe Luis Fachim
Maria Conceição dos Reis
Leonardo Alves Passos
Elenice Onetta
Sumário 24
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Sumário 25
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Sumário 26
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Sumário 27
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Sumário 28
Mesas Redondas
Sumário
Mesa de abertura
Sumário
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Tommy Akira Goto é Professor Adjunto II da Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Doutor em Psicologia Clínica
(PUC-Campinas), Mestre em Ciências da Religião (Universidade Metodista de São Paulo), Co-Presidente da Associação
Brasileira de Psicologia Fenomenológica (ABRAPFE), Membro-colaborador do Circulo Latinoamericano de Fenomenologia
(CLAFEN), Membro-assistente da Sociedad Iberoamericana de Estudios Heideggerianos (SIEH). Pesquisador do Grupo de
Pesquisa da UFU - CNPQ/CAPES “Contribuições da Fenomenologia à Psicologia: fenômenos e processos psicológicos” e
autor de livros sobre Psicologia Fenomenológica e Fenomenologia da Religião pela Editora Paulus.
Email: [email protected]
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4777241Z0
Mesas Redondas 31
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Mesas Redondas 32
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Adriano Furtado Holanda é Psicólogo, Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Brasília, Doutor em Psi-
cologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, com Bolsa Recém-Doutor na Universidade de Brasília.
Professor Adjunto do curso de Graduação e Mestrado em Psicologia da Universidade Federal do Paraná, além de
coordenador do Laboratório de Fenomenologia e Subjetividade (LabFeno/UFPR). Editor Chefe da revista Phenomeno-
logical Studies – Revista da Abordagem Gestáltica e da revista Interação em Psicologia (UFPR). Vice-Coordenador
do GT Psicologia & Fenomenologia da ANPEPP e Primeiro-Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Fenome-
nológica (Abrapfe).
Email: [email protected]
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4727320U8
Site: www.labfenoufpr.com.br
Mesas Redondas 33
Mesa Redonda 1
Sumário
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Elza Maria do Socorro Dutra é graduada em Psicologia pela Universidade Católica de Pernambuco, com Mestrado em
Psicologia Escolar pela Universidade Gama Filho e Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo. Atual-
mente é Professora Titular em Psicologia Clínica Fenomenológica e Docente do PPgPsi (Orientadora de Mestrado e Douto-
rado) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Pós-Doutora pela Universidade Federal Fluminense. Coordenadora
do Grupo de Estudos Subjetividade e Desenvolvimento Humano (GESDH/UFRN/CNPq) e Coordenadora do GT- Psicologia &
Fenomenologia da ANPPEP (2014-2016).
Email: [email protected]
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4767284P4
Mesas Redondas 35
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FenoMenoloGIa do adoeCIMenTo
na SoCIedade ConTeMPoRânea
E stamos vivendo com uma velocidade jamais vista, transformações radicais no nosso
modo de ser no mundo. As conquistas da sociedade contemporânea, provocaram mui-
tas melhoras nas condições de vida do ser humano, mas por outro lado, exige desse homem
moderno desempenhos para além de seus limites. O impacto dessas transformações no
dia-a-dia da vida humana tem acarretado um mal-estar permanente. A relexão buscará
apresentar as fontes desse mal estar para, em seguida, delinear os tipos de adoecimentos
característicos dos tempos hipermodernos.
José Paulo Giovanetti é Graduado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, Graduado em
Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, com Especialização em Filosofia pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado em Psicologia pela Université Catholique de Louvain. Atualmente
é Professor Titular do Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus, Professor Titular da Faculdade de Estudos
Administrativos e Membro de Corpo Editorial da Boletim da Academia Paulista de Psicologia.
Email: [email protected]
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787981T6
Mesas Redondas 36
Mesa Redonda 2
Sumário
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E stamos imersos numa compreensão da infância compreendida como uma etapa da vida,
marcada pelo nascimento e puberdade, tendo a determinação biológica e universal da
isiologia como marcas principais. Apesar de, desde os anos 1980, esta compreensão vir
sendo questionada, ela continua hegemônica: o desenvolvimento humano continua sendo
apresentado como uma sequencia de tempos cronológicos e naturais, como denunciam
Kramer e Vasconcelos. No entanto, a infância constitui-se, na contemporaneidade, numa
categoria social, foco de estudo de diferentes disciplinas e olhares cientíicos, no sentido
de considerar a criança um devir. Nesta direção a Filosoia da infância traz uma contribui-
ção: a criança precisa dizer-se, uma vez que pronuncia uma palavra que não se entende e
um pensamento que não se pensa! A infância é descontinuidade, irrupção do pensamento,
do possível, do porvir, de transformações, de pensar, sem importar a idade. Não podemos
esquecer que o mundo da técnica molda o humano para ser o que lhe é favorável: daí a
compreensão da infância como um tempo da incompletude, da falta e da necessidade de
ser ensinada. A compreensão da infância como um tempo de possibilidade da experiência,
da alteridade radical, de ruptura, é ressaltada por Koan, Agambem e Larossa, já que pode
resgatar a experiência. Falamos aqui de uma possibilidade existencial, com capacidade
transgressora e disruptiva, uma rota de fuga para o aprisionamento que a ciência moderna
e sua época técnica e fria nos ofereceram. O pensamento heideggeriano constitui-se numa
crítica radical contra a metafísica ocidental, superando o historicismo vulgar, airmando
que o ser-aí é histórico, princípio fundamental de caráter ontológico-existencial, que pode
interpelar à tradição ocidental contemporânea por considerar a vida humana dividida em
etapas, numa sucessão de tempos que se esgotam em si mesmo, com características ixas e
universais. Importa saber que o dasein é num tempo e espaço especíicos. Heidegger fala da
busca de atribuir sentido ao tempo como um desejo imortal dos mortais, parecendo rom-
per com a perspectiva de infância cronológica, movendo-se pelo tempo kairos. Queremos
crer que a infância é condição de afetabilidade, que nos acompanha a vida toda. É aquela
singularidade silenciada, que não pode ser assimilada pelos sistemas, que nos interessa
acessar no humano. Deste modo indagamos: será possível um diálogo com a psicologia do
desenvolvimento?
Ana Maria Monte Coelho Frota é Graduada em Psicologia e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Ceará,
com Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo. Atualmente é Pro-
fessora Associada da Universidade Federal do Ceará, lotada no Departamento de Economia Doméstica. Vinculada ao
NEGIF - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero, Idade e Família e NDC - Núcleo de Desenvolvimento da Criança.
Vinculada ao LIDELEC, Núcleo do Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará.
Email: [email protected]
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4782836A1
Mesas Redondas 38
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
E sta pesquisa objetiva identiicar elementos que contribuam para o cuidado da saúde
mental de adolescentes que frequentam a escola rural; para isto, foram selecionados
alunos do ensino médio integrado de uma escola técnica localizada em uma região de assen-
tamento rural do município de Boa Vista, Roraima. O fundamento teórico-metodológico
utilizado foi a análise fenomenológica de Stein e Bello que parte da compreensão do ser
humano a partir da sua composição desenvolvida numa totalidade: corpo, psique e espírito.
Esta área do conhecimento facilita a compreensão dos processos subjetivos e pode oferecer
aportes à relexão da saúde mental de adolescentes do meio rural, considerando a singula-
ridade, a individualidade e a questão da intersubjetividade, identiicados por meio dos seus
vínculos sociais com seus pares na escola e nas outras comunidades. Foram realizadas 22
entrevistas com os colaboradores, através da escuta fenomenológica, o adolescente pôde
dar-se conta de si mesmo e fazer-se conhecer novas compreensões de si e de sua experiência.
Os resultados identiicaram um conjunto de novos modos de viver dos adolescentes dentro
da escola que se estendem ao âmbito familiar; tais experiências estão sendo inluenciadas
por mudanças rápidas no ambiente geográico local. Na região, elementos socioeconômicos
novos e importantes podem ser elencados: o desenvolvimento e a consolidação dos assen-
tamentos rurais, a expansão dos negócios agrícolas a partir do surgimento de indústrias de
transformação de matérias primas e uma nova rede de serviços rurais como lazer e turismo.
Foram encontrados elementos nas narrativas dos adolescentes que demonstram a presença
de preocupação com os efeitos do excesso de álcool e/ou drogas para a sua saúde mental
e de sua família, quer dizer, a consideração das próprias ações e responsabilidade pelas
suas atitudes. Neste contexto, os adolescentes mostraram construir novas redes sociais que
tem sua esfera central na escola (comunidade) e é partir dela que podemos identiicar o
potencial de transformar o desenvolvimento humano deles, para que possam utilizar desses
recursos e adaptações as mudanças externas. Nesse grupo estudado foi importante cultivar
o vínculo e o pertencimento a um grupo, que de acordo com Stein motivam o apoio afetivo
e adequam exemplo de comportamento. A perspectiva fenomenológica buscou enfatizar
a singularidade da experiência dos adolescentes da instituição do meio rural, e restabele-
cer a pessoa através das relações interpessoais, a responsabilidade por suas escolhas, para
construir ferramentas e também para aliviar seus sofrimentos em relação às insatisfações
de contingências e atribuições vividas por eles nas famílias, as mudanças do corpo, as ansie-
dades diante da escolha de uma proissão e desejam de ser reconhecido e aceito na sua
diversidade. Conclui-se que a escola rural (comunidade) mostra-se uma possibilidade de
atuação do psicólogo na perspectiva fenomenológica, ao beneiciar o estudante a oportuni-
dade de diálogo, fazendo com que repensem seus valores, ideais e objetivos que apresentam
no momento a sua disposição, favorecendo uma abertura para o conhecimento, a relexão e
a tomada de decisões.
Mesas Redondas 39
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Joelma Ana Gutiérrez Espíndula possui Graduação em Psicologia e Mestrado em Psicologia pela Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP) e Doutorado em Ciências da Saúde pela USP de Ribeirão Preto, na área da
promoção da saúde mental e com estágio de Doutoramento na Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Italia sob
Co-Orientação da Dra. Angela Ales Bello e participação no Centro Internacional de Pesquisas Fenomenológicas. Atual-
mente é Docente da Universidade Federal de Roraima atuando na graduação de Psicologia e Pós-graduação, também é
coordenadora de estágio e responsável pelo Serviço de Atendimento Psicológico SAP
Email: [email protected]
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4778719H4
José Luís Gutiérrez Angulo é Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Doutor em Ciências
Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Atualmente é Professor da Universidade Federal de
Roraima.
Email: [email protected]
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4745401U3
Mesas Redondas 40
Mesa Redonda 3
Sumário
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Marcos Ricardo Janzen & william Barbosa Gomes (universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Marcos Ricardo Janzen possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná, Mestrado e Doutorando em
Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sendo vinculado ao Laboratório de Fenomenologia Experimental
e Cognição - LaFEC (UFRGS).
Email: [email protected]
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4465120E6
William Barbosa Gomes é Bacharel e Psicólogo pela Universidade Católica de Pernambuco; Especialista em Aconselha-
mento Psicológico pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas; Mestre em Reabilitação Psicológica pela Southern
Illinois University Carbondale; Doutor em Higher Education pela Southern Illinois University Carbondale. É Docente da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro do GT História da Psicologia - ANPEPP.
Email: [email protected]
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787432H4
Mesas Redondas 42
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IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
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Thiago Gomes de Castro é Psicólogo pela Universidade Federal do Paraná, Mestre e Doutor em Psicologia pela Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul, com período de estágio de doutoramento na University of Illinois at Urbana-Champaign
(UIUC-USA). Foi pesquisador com bolsa de Pós-doutorado do CNPq (PDJ: 2013-2014) no Laboratório de Fenomenologia
Experimental e Cognição da UFRGS. Atualmente é professor da Faculdade de Psicologia da PUCRS e professor colaborador
no Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUCRS.
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Mesas Redondas 43
Mesa Redonda 4
Sumário
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
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O tema objeto desta investigação foi desenvolvido por meio a seguinte questão: é possí-
vel pensar em um método de investigação em Psicologia sem lançar mão da estrutura
metodológica tal como exigida pelas metodologias cientíicas? A ciência moderna descreve
a natureza como algo à disposição, do qual devemos nos assegurar com ins a alcançar a cer-
teza e o controle de todos os intemperes. A hipótese com que vamos trabalhar diz respeito
à possibilidade de legitimar um método de investigação quando aquilo que pretendemos
alcançar, ou seja, a existência, é da ordem do incontornável. Martin Heidegger em sua ana-
lítica pretende alcançar o modo de vigência do real, ou seja, a objetidade. Assim podemos
encontrar em suas investigações três momentos: a redução fenomenológica, a descrição
dos vetores internos ao fenômeno e a explicitação das experiências que para o ilósofo são
sempre historicamente constituídas. Frente à apropriação da fenomenologia hermenêutica
pelos estudos em psicologia e psiquiatria, as seguintes dúvidas se impõem: Como seria,
então, para o psicólogo investigar o fenômeno existência em seus desdobramentos por
meio ao que Heidegger denomina fenomenologia hermenêutica? Nesse modo de investi-
gação poderíamos acabar por transgredir o fenômeno? Por meio a uma pesquisa biblio-
gráica, nosso objetivo é investigar como procederam Binswanger e Boss na elaboração de
suas perspectivas em psiquiatria e em psicologia, para, então, respondermos as questões
propostas. Binswanger e Boss iniciam suas investigações de modo a: 1. suspender qualquer
teoria que pressuponha uma determinação psíquica ou biológica acerca do comportamento
do homem; 2. reduzir o empírico ao fenomenológico; que se opera pelo campo de sentidos,
saindo totalmente do campo empírico; 3. acompanhar em suas situações clínicas a dinâ-
mica do próprio fenômeno e, por im, 4. inalizar com a explicitação do próprio fenômeno:
o ser do homem se caracteriza pela ausência de qualquer determinação. Ao acompanhar as
considerações de Binswanger e Boss, concluímos que eles ainda necessitaram estabelecer
algo da ordem do contornável, ou seja, o aspecto endógeno terceiro campo etiológico, nem
somático, nem psíquico como um campo de referência para estabelecer o corte entre nor-
mal e patológico. Desta forma, concluímos que Binswanger e Boss não sustentaram radical-
mente o incontornável da psiquiatria.
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo é Psicóloga, Mestre em Psicologia da Personalidade pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV), Doutora em Psicoterapias Atuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pesquisadora e Professora Adjunto da
Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com Pós-
-Doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo Vice-Presidente da Associação Brasileira
de Psicologia Fenomenológica (Abrapfe) e Membro do Grupo de Trabalho – Psicologia & Fenomenologia da Associação
Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (Anpepp).
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Mesas Redondas 45
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É possível uma terapia daseinsanalítica com um paciente afásico? Esta comunicação tem
objetivo de mostrar que sim. Nela, discuto um caso clínico atendido em estágio super-
visionado de psicoterapia fenomenológico-existencial (Daseinsanalyse) com uma senhora
encaminhada à clínica-escola após sofrer dois AVCs, que deixaram como sequela diiculda-
des na fala. Chega com queixa de sintomas depressivos. Objetivo: Apresento primeiramente
três aspectos fundamentais da Daseinsanalyse, que balizam a interpretação dos fenômenos
clínicos: 1) a importância da fala como morada do ser, reveladora de mundo; 2) a interpreta-
ção deste modo de ser-doente como restrição mais acentuada na esfera corpórea do existir,
que compromete o caráter discursivo (logos) de sua existência e a convivência cotidiana; 3)
o modo de ser-com-os-outros manifesto na relação psicoterapêutica, mais especiicamente
com a psicóloga que a atende, indicando como se dá cotidianamente sua coexistência. A
seguir, apresento o caso clínico. Resultados: O processo psicoterapêutico se estende por um
ano. Em síntese, a psicoterapia escapa da armadilha de interpretar o sofrimento psicológico
da paciente como consequência de uma doença orgânica e, com isso, evita de assumir o lugar
de treinamento de comportamentos verbais (tratamento de reabilitação). A restrição na fala
é compreendida como modo de ser-no-mundo e, portanto, de ser-com. A paciente, já ante-
vendo sua diiculdade de expressão verbal, antecipa-se ao outro e desiste de se comunicar.
Ao mesmo tempo, sua diiculdade para falar provoca no interlocutor o anseio de ajudá-la a
completar suas frases, substituindo-a na tarefa de expressar-se: “preocupação substitutiva”.
Possibilitando que se expresse de seu jeito e a seu ritmo, o psicoterapeuta propicia a ela uma
relação em que pode ser tal como lhe é atualmente possível (“solicitude libertadora”). Aos
poucos, a comunicação possibilitada se torna o compartilhar de uma rica história de vida,
que estava aprisionada no esquecimento pelo silêncio preparado pelos AVCs e empunhado
pela paciente.
Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista é Psicoterapeuta. Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, Professor e Supervisor Clínico na Universidade Paulista (UNIP), Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, Doutorando em Psicologia na Univesidade de São Paulo, Membro colaborador do Laboratório de
Estudos em Fenomenologia Existencial e Prática em Psicologia (LEFE). Coordenador do Centro de Formação e Coordenação
de Grupos em Fenomenologia (Fenô&Grupos).
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Fernando Gastal de Castro é Professor Adjunto II do Instituto de Psicologia da UFRJ, Doutor em Psicologia do Trabalho
e das organizações (UFSC - Paris 7), Mestre em Psicologia pela UFSC e Mestre em Sociologia pela Université Paris 7.
Especialista em fenomenologia e existencialismo e Psicólogo graduado pela UFSC. É professor colaborador do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia, na linha Processos Psicossociais e Coletivos, do Instituto de Psicologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro
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Jean Marlos Pinheiro Borba possui Doutorado em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Mestrado
em Administração (Finanças das Empresas) pela Universidade Federal da Paraíba, Graduado em Psicologia e em Ciências
Contábeis pela Universidade Federal do Maranhão. Atualmente é Professor do Departamento de Psicologia da Universidade
Federal do Maranhão. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Fenomenologia e Psicologia Fenomenológica (CNPq - DEPSI-
-UFMA), Editor Chefe da Revista Psicologia & Fenomenologia/UFMA. Primeiro-Tesoureiro da Associação Brasileira de Psico-
logia Fenomenológica (Abrapfe) e Membro Colaborador do Círculo Latino Americano de Fenomenologia (Clafen).
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Daniel Marcio Pereira Melo & Georges Daniel Janja Bloc Boris (universidade de Fortaleza)
Daniel Marcio Pereira Melo é Graduado em Psicologia pela UniCEUMA/MA, Mestre em Psicologia pela Universidade de For-
taleza, Psicoterapeuta Fenomenológico-Existencial e Professor Auxiliar no curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza.
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Georges Daniel Janja Bloc Boris é Psicólogo, Mestre em Educação e Doutor em Sociologia pela Universidade Federal
do Ceará. Professor titular do Curso de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de
Fortaleza (UNIFOR). Coordenador do Laboratório de Psicopatologia e Psicoterapia Humanista-Fenomenológica - APHETO. É
membro do grupo de trabalho Psicologia & Fenomenologia da ANPEPP.
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Sylvia Mara Pires de Freitas & Lucia Cecilia da Silva (universidade Estadual de Maringá)
Sylvia Mara Pires de Freitas é Docente do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá. Doutoranda do
Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Maringá.
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Lucia Cecilia da Silva é Docente do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá e do Programa de Pós-
-graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Maringá.
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Mesas Redondas 52
Mesa Redonda 7
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Andrés Eduardo Aguirre Antúnez é Graduado em Psicologia pela Universidade Paulista, com Especialização em Psicolo-
gia da Saúde pela Escola Paulista de Medicina (Bolsista Capes), Mestrado em Saúde Mental, Doutorado e Pós-Doutorado
(Bolsas Fapesp) em Ciências da Saúde, pelo Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Universidade Federal
de São Paulo. Professor Associado – Livre Docente – do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo; Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Universidade de São
Paulo; Membro da Société Internationale de Psychopathologie Phénoméno-Structurale e Société Internationale Michel
Henry; Primeiro Vice-Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Fenomenológica (Abrapfe) e Membro do Grupo de
Trabalho – Psicologia & Fenomenologia da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (Anpepp).
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Mesas Redondas 54
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Gustavo Alvarenga Oliveira Santos possui Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Newton Paiva e Mestrado
em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Professor Assistente da Universidade Federal do
Triângulo. Segundo Tesoureiro da Associação Brasileira de Psicologia Fenomenológica (Abrapfe).
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Mesas Redondas 55
Mesa Redonda 8
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O sofrimento psíquico vivido nos grandes centros urbanos brasileiros tem sido compre-
endido por proissionais da área de saúde mental no contexto de intervenções clínicas
levadas a efeito em instituições. A atenção psicológica sensível a esta experiência humana
demanda o exercício de uma postura proissional competente, criativa e atualizada que
possibilite às pessoas a retomada de uma compreensão acerca de si mesmas e do sentido
de suas vidas. A eicácia da intervenção psicológica deve ser avaliada à luz da capacidade
do cliente para assumir de maneira autônoma e amadurecida a condução de seu processo
existencial. A abordagem terapêutica que orienta estas intervenções caracteriza-se por favo-
recer a elaboração das vivências emocionais de modo não invasivo, possibilitando a emer-
gência de potencialidade para a saúde ao facilitar a retomada da autonomia pessoal e da
coniança em si como agentes de transformação no plano pessoal e coletivo. Arendt (2009)
enfatizou que a compreensão põe-se em movimento quando algum evento nos faz perder o
lugar no mundo e enquanto não compreendermos suas razões e seu sentido, não consegui-
remos nos reconciliar com o curso da vida e nos reinstalar no mundo. A ênfase de Husserl
de que a Psicologia deveria assumir sua missão como uma ciência dos fundamentos, isto
é, da compreensão sobre os elementos fundamentais da experiência humana, permanece
como denúncia e apelo. Por sua vez, a Psicologia Humanista reconduziu o homem ao lugar
de protagonista da própria existência, vivendo um processo de vir a ser a partir de encon-
tros com outros homens. A partir de uma perspectiva centrada na pessoa e fenomenológica
temos nos ocupado de desenvolver propostas de práticas diferenciadas de atenção psicoló-
gica como alternativa às intervenções tradicionais. Assim, fez-se necessária a construção de
um delineamento de pesquisa no qual houvesse consistência entre o aporte teórico/episte-
mológico e o método de investigação. Resultou a opção por uma estratégia que consiste na
construção pelo pesquisador de narrativas compreensivas geradas após encontros dialógi-
cos com os participantes como recurso metodológico, tanto para contextualizar e descrever
o acontecer clínico das intervenções, como também para inserir a própria análise e inter-
pretação fenomenológica. Esta postura integra um modo fenomenológico de investigação a
uma práxis psicológica humanista no contexto do Grupo de Pesquisa “Atenção psicológica
clínica em instituições: prevenção e intervenção”.
Vera Engler Cury é Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo e Doutora em Saúde Mental
pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente exerce o cargo de Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários.
É Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Titular da Faculdade de Psicologia da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas.
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Mesas Redondas 57
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aCoMPanhaMenTo TeRaPÊUTICo:
UMa leITURa FenoMenolÓGICa?
Marciana Farinha é Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia, com Mestrado em Psicologia
pela Universidade de São Paulo e Doutorado em Enfermagem Psiquiátrica pela Universidade de São Paulo. Trabalha em
clínica psicológica na vertente das abordagens Fenomenológicas-Existenciais como Existencial e Gestalt com atendi-
mento a crianças, adolescente e adulto. Atualmente é Docente do Departamento de Psicologia da Universidade Federal
de Uberlândia (MG).
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Mesas Redondas 58
Mesa Redonda 9
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Maria Aparecida Viggiani Bicudo é Graduada em Pedagogia pela Universidade de São Paulo, com Mestrado em Educação
(Orientação Educacional) pela Universidade de São Paulo e Doutorado em Ciências pela Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras de Rio Claro. Livre-docente em Filosofia da Educação (UNESP - Araraquara), Professora Titular da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Professora convidada da Facoltà di filosofia dell’Università Lateranense di Roma,
Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UNESP, campus de Rio Claro.
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Mesas Redondas 60
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Alberto Marcos Onate possui Graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná, Mestrado e Doutorado em
Filosofia pela Universidade de São Paulo, e Pós-Doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Cat[olica do Rio
Grande do Sul. Atualmente é Professor Associado na Graduação e Pós-Graduação de Filosofia da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná (Unioeste).
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Mesas Redondas 61
Mesa Redonda 10
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José Célio Freire possui Graduação em Psicologia e Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Ceará, Dou-
torado em Psicologia pela Universidade de São Paulo e Estágio Sênior (Pós-Doutoral) na Universidad Complutense de
Madrid. Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal do Ceará (Departamento de Psicologia) e Coordenador
do Programa de Pós-Graduação em Psicologia. É membro do Grupo de Trabalho Fenomenologia e Psicologia da Associação
Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) e do Grupo de Pesquisa Psicologia, Subjetividade e Socie-
dade do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Atualmente é Conselheiro Representante da Classe dos Professores
Associados do Conselho Universitário (CONSUNI) da UFC e membro nato do Conselho do Centro de Humanidades e dos
Colegiados do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Departamento de Psicologia da UFC.
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Celana Cardoso Andrade é Graduada em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás e em Educação Física pela Escola
Superior de Educação Física de Goiás, com Especialização em Gestalt-terapia pelo Instituto de Treinamento e Pesquisa em
Gestalt Terapia de Goiânia (ITGT), Mestrado em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Goiás e Doutoranda em
Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília. Professora Assistente no Curso de Psicologia da Universidade
Federal de Goiás (UFG); Editora Associada da Revista da Abordagem Gestálica – Phenomenological Studies.
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Mesa Redonda 11
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Josemar de Campos Maciel é Graduado em Filosofia pelas Faculdades Unidas Católicas do Mato Grosso, em Teologia
pela Pontificia Universidade Gregoriana de Roma, Mestre em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco, Mestre em
Teologia Sistemática pela Pontificia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade
Católica de Campinas. Atualmente é Professor na Universidade Católica Dom Bosco, no Mestrado em Desenvolvimento
Local, Programa Master em Desenvolvimento Territorial Sustentável (Master STEDE) Erasmus Mundus e Licenciatura em
Filosofia e Licenciatura/Bacharelado em Psicologia, e Membro do Grupo de Trabalho – Psicologia & Fenomenologia da
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (Anpepp).
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Mesas Redondas 66
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Márcio Luiz Fernandes é Professor adjunto no Programa de Pós-Graduação em Teologia da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, e pós-doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Possui graduação em Teologia - Stu-
dium Theologicum, graduação em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais, mestrado em Psicologia pela
Universidade de São Paulo, mestrado em Teologia Fundamental e especialização em Ciências da Religião pela Pontifícia
Universidade Lateranense, e doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo.
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Mesas Redondas 67
Mesa Redonda 12
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E ste trabalho tem como objetivo discutir a corporeidade no contemporâneo, a partir dos
trabalhos de Merleau-Ponty em diálogo com a Gestalt-Terapia, no âmbito da proposta
da Clínica de Situações Contemporâneas. Tomando como ponto de partida a noção de situ-
ação, compreendemos a psicologia como uma praxis situada e propomos uma clínica que
esteja articulada com o social e o político. Propomos uma mudança de foco que conside-
ramos fundamental: da estrutura e dinâmica da vida psíquica para a situação humana no
mundo sócio-histórico, considerando o ser humano concreto, ou seja, o sujeito imbricado
no mundo como produtor e produto da história, produzindo cultura e instituindo novas
formas de sociabilidade. Tomando como fundo a noção merleau-pontyana de situação e
liberdade como movimento que envolve as dimensões corpóreas, hábito e pessoalidade, na
praxis instituinte do mundo e da cultura, o objetivo deste trabalho é sublinhar alguns ele-
mentos sedimentados na situação contemporânea e suas possíveis afetações nas dimensões
da corporeidade e nos processos de fazer-se e refazer-se, ou seja nos modos de subjetiva-
ção contemporâneos. Pretendemos aqui: 1) Desenvolver a noção de situação, partindo das
contribuições de Maurice Merleau-Ponty, em um diálogo que vimos construindo em nossas
pesquisas; 2) Discutir a noção de situação contemporânea e nosso modo de considera-la,
o que implica essencialmente em um movimento permanente de distanciamento e atenção
crítica para o mundo em suas diversas dimensões (político-ideológica, econômica, tecnoló-
gica, cultural), suas transformações e repercussões na vida, na história, na sociedade - e nos
processos de subjetivação buscando identiicar o que está ali sedimentado; 3) Discutir como
a corporeidade está implicada na situação, articulando as dimensões corpo, tempo, espaço
e outro, buscando sublinhar aspectos da contemporaneidade que afetam a experiência da
corporeidade e os modos de existir. 4) Buscamos também discutir, a partir daí, as implica-
ções e desaios para a clínica. Tais desaios envolvem, sobretudo, um aprofundamento do
diálogo interdisciplinar e a busca de dispositivos clínicos que promovam a ampliação da
percepção dos sujeitos sobre si e sobre os outros que se movimente de uma perspectiva fun-
dada na subjetividade para outra fundada na intersubjetividade e na intercorporeidade. O
que signiica propor uma visada que des-centre e situe o sujeito no mundo com o outro, no
campo, permitindo perceber o que há de sedimentado em seus gestos, modos de ser e de seu
sofrimento, de forma a revolver os sedimentos, devolver plasticidade à vida, potencializar a
força instituinte do trabalho clínico implicado com a historicidade.
Mônica Botelho Alvim possui Graduação, Mestrado e Doutorado em Psicologia pela Universidade de Brasília. Professora
Adjunta do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Pesquisadora vinculada ao NEIFECS - Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Fenomenologia e Clínica de
Situações Contemporâneas e Membro do GT Psicologia & Fenomenologia da ANPEPP.
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Mesas Redondas 69
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heRMenÊUTICa e PSICoTeRaPIa
Roberto Novaes de Sá possui Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Mestrado
em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal Fluminense, vinculado ao Programa
de Pós-Graduação em Psicologia na área de concentração Estudos da Subjetividade e Membro do Grupo de Trabalho –
Psicologia & Fenomenologia da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (Anpepp).
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Mesas Redondas 70
Mesa Redonda 13
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Cristiano Roque Antunes Barreira possui Formação de Psicólogo pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribei-
rão Preto (Universidade de São Paulo) e Doutorado em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão
Preto (USP). Atualmente é Professor Doutor (RDIDP) da Universidade de São Paulo, na Escola de Educação Física e Esporte
de Ribeirão Preto e professor orientador no Programa de Pós-graduação em Psicologia/FFCLRP - USP.
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Mesas Redondas 72
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E sta proposta de pensamento procura pensar o próprio pensar desde o modo de ser bra-
sileiro, colocando duas questões. A primeira é: O que signiica pensar? Melhor: O que
provoca o pensamento a pensar, o que é a “coisa mesma” do pensar? A segunda é formulada
de modo duplo: O que signiica ser brasileiro e o que signiica pensar desde o modo de ser
brasileiro? As respostas tentadas serão apenas um primeiro e provisório aprofundamento
destas perguntas. Pensar é seguir a fenomenologia do fenômeno. Fenômeno é fenomeno-
logia: é cada vez um envio da experiência que se dá em diversos direcionamentos, articu-
lando sentidos diversos, inaugurando mundos como totalidades de signiicâncias (verbum
internum = logos). O discurso fenomenológico se perfaz como um percurso no caminho da
palavra que deixa ser a fenomenologia do fenômeno. Em questão está a fenomenologia do
fenômeno chamado Brasil. O Brasil não está pronto. O Brasil está em criação. É um cosmo,
um mundo da vida, em criação. É um povo e seu mundo da vida (mundo circundante = país;
mundo compartilhado = sociedade; mundo próprio, interior = espírito, “cultura”). O Brasil
é um assunto poético: uma invenção já inventada, mas também ainda por inventar, desde
a criatividade da vida histórica de um povo. O Brasil não se explica nem se deine. O Brasil
se cria, à medida que se o interpreta, num empenho de compreender o incompreensível.
Por isso, tentar-se-á tomar como interlocução a criação poética do Brasil no pensamento
poetante de João Guimarães Rosa, que revela um Brasil profundo, interior, da alma. Isso
impõe o cuidado pela linguagem na criação da língua brasileira. O pensar que daí nasce é
um sentir-pensar. É receptividade ao toque do mistério de ser, desde o nada do ser (a “ter-
ceira margem do rio”). É ser pro-criativo e con-criativo com o nada criativo, isto é, com o
retraimento do mistério de ser. Pensar é escutar a Saga da Linguagem se doando na vitali-
dade da língua. Trata-se de um pensar que responde e corresponde a ela desde a pobreza do
coração, que deixa e faz ser a plenitude do mistério de ser da vida, em sua liberdade criativa.
Pensar é agradecer esta doação sub-reptícia. É esperar o inesperado. É compor ser e não ser,
o real e o irreal, a vida e a morte. O Brasil é uma paradoxia e um paradoxo. Para pensar o
Brasil desde o Brasil é preciso deixar para trás o pensamento do cálculo lógico. “Um gênio
é um homem que não sabe pensar com a lógica, mas apenas com a prudência”. “Apenas
superando a lógica é que se pode pensar com justiça” (Guimarães Rosa).
Marcos Aurélio Fernandes é Professor Adjunto do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília na área de
Filosofia Medieval dialogando com a filosofia existencial. É membro do conselho editorial do periódico Scintilla (Revista de
Filosofia e Mística Medieval, órgão do Instituto de Filosofia São Boaventura - Unifae - Curitiba-Pr) e da Sociedade Brasi-
leira de Filosofia Medieval (SBFM). Atua editorialmente na Revista de Abordagem Gestáltica.
Email: [email protected]
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Mesas Redondas 73
Mesa Redonda 14
Sumário
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Danilo Suassuna Doutorando e Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008), possui gra-
duação em Psicologia pela mesma instituição. Autor do livro “Histórias da Gestalt-Terapia - Um Estudo Historiográfico”.
Professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e do Curso Lato-Sensu de Especialização em Gestalt-terapia do
ITGT-GO. Coordenador do NEPEG Núcleo de estudos e pesquisa em gerontologia do ITGT. É membro do Conselho Editorial
da Revista da Abordagem Gestáltica. Consultor Ad-hoc da revista Psicologia em Revista PUC-Minas (2011).
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Mesas Redondas 75
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Carlos Augusto Serbena possui graduação em Engenharia Elétrica e em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná,
Mestre em Psicologia e Doutor em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é Professor
Adjunto da Universidade Federal do Paraná e professor colaborador do Mestrado em Psicologia da UFPR, além de editor
associado da revista Interação em Psicologia.
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Mesas Redondas 76
Mesa Redonda 15
Sumário
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Ileno Izídio da Costa é Graduado em Psicologia Clínica pela Universidade de Brasília e em Comunicação Social (Jor-
nalismo) pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília; Especializado em Psicologia e Psicoterapia Conjugal e Familiar
(CEFAM); Mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela UnB; Master of Arts in Philosophy and Ethics of Mental
Health (University of Warwick/Reino Unido) e Doutor em Psicologia Clínica pela UnB/University of Warwick. Professor
Adjunto do Departamento de Psicologia Clínica da UnB. Coordenador dos Grupos de Intervenção Precoce nas Psicoses
(GIPSI), PERSONNA (Violência, Criminalidade, Perversão e “Psicopatia”) e do Centro Regional de Referência para o Enfren-
tamento às Drogas da UnB/Campus Darcy Ribeiro/Senad/MJ.
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Mesas Redondas 78
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
O presente trabalho discorre sobre as políticas de atenção à saúde, discutindo, à luz dos
estudos de saúde coletiva, as redes de cuidado na atenção básica à saúde. Entende-se
por redes de cuidado as articulações não só entre os diferentes níveis de atenção em saúde,
como também entre os diferentes setores sociais visando garantir o cuidado de todos, em
qualquer fase da vida e em tempo necessário. Resgata em Paul Ricoeur a noção de pes-
soa, que a diferencia da de indivíduo, e a noção de consciência ampliada e descentralizada
para justiicar a constituição da subjetividade a partir de uma ontologia da ação. Enfoca as
dimensões das políticas públicas de saúde, as dimensões do viver cotidiano, as relações de
solicitudes e a redes invisíveis do cuidado, perpassando pelos atores e suas ações envolvidos
na rede, tais como os poderes legislativo, o executivo; os proissionais e as pessoas. Busca
estabelecer aproximações destas proposições com a Gestalt-terapia, para tanto examina,
historicamente, as diferentes concepções de saúde desde a fundação da Gestalt-terapia,
perpassando a da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 1948, a do Informe Lalonde,
de 1974, a da Carta de Ottawa, de 1986 e no Brasil, a do Sistema Único de Saúde, de 1990.
Demonstra como a noção de “campo da saúde” possibilitou uma compreensão de saúde
abrangente, que transforma as bases nas quais foram construídas a Gestalt-terapia, apesar
desta defender que a saúde só pode ser compreendida na relação da pessoa com seu con-
texto histórico-social. Conclui-se, no entanto, que as intervenções em saúde mental pro-
posta pela Gestalt-terapia inicialmente estava voltada para o cuidar de si por, por meio da
psicoterapia e que as transformações vividas nas concepções de saúde indica a necessidade
de uma intervenção que envolva o cuidar do político, por meio de um fazer interdisciplinar e
intersetorial, como na constituição de uma rede em que se considere as dimensões objetivas
e subjetivas do cuidado, rompendo assim, com o modelo biomédico tradicional, buscando a
promoção da saúde e, consequentemente a humanização da atenção.
Nilton Julio de Faria é Psicólogo, Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Doutor em
Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é docente da Pontifícia Uni-
versidade Católica de Campinas.
Email: [email protected]
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Mesas Redondas 79
Mesa Redonda 16
Sumário
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
A importância de uma correta interpretação dos sonhos abre uma perspectiva única num
processo psicoterapêutico; permite acesso às conigurações vivenciais profundas, ao
que podemos qualiicar como as matrizes das experiências em seus conteúdos mais persis-
tentes e signiicativos, mesmo se manifestadas como enigmáticos e de difícil compreensão.
Nem sempre o expressado pela pessoa em terapia revela as outras faces de seus dinamismos
afetivos, mas a analítica de um sonho sempre a revela. Os sonhos articulam os três campos
do psiquismo: o real, o imaginário, o simbólico. Inclusive o texto mais simples e cotidiano
implica elementos imaginários de diversas maneiras presentes nele, pois é por essa via que
conectam com o subjacente. O simbólico é a via de escape ou o disfarce presente de diver-
sos maneiras no texto. Faço uma breve exposição das exigências básicas para uma correta
interpretação e hermenêutica dos sonhos em psicoterapia. Os aspectos fenomenológicos
emanam do texto onírico e de sua compreensão por parte do sonhador. A hermenêutica
exige o exame atento da história pessoal e de alguns aspectos de sua personalidade nos seis
modos de esclarecimento do método compreensivo.
Emilio Romero é Psicólogo Clínico pela Universidade Nacional do Chile, radicado no Brasil e autor de vários livros.
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Mesas Redondas 81
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Claudinei Aparecido de Freitas da Silva é Pós-Doutor pela Université Paris I/Panthéon-Sorbonne, Doutor pela Universi-
dade Federal de São Carlos (UFSCar) e Mestre pela UNICAMP, na área de Filosofia. Graduado pelo IFA e pela UNIOESTE, na
mesma área. Docente nos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação (Stricto Sensu) em Filosofia da UNIOESTE; Editor da
Revista DIAPHONIA/UNIOESTE; Membro da Association International “Présence de Gabriel Marcel” de Paris, do CEMO-
DECON/IFCH/UNICAMP e do GTFenomenologia/ANPOF.
Email: [email protected].
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Mesas Redondas 82
Mesa de encerramento
Sumário
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
A concepção de Ricoeur do si mesmo como tarefa e suas relações com as questões de lin-
guagem, especialmente a identidade narrativa, abrem possibilidades de uma perspec-
tiva da fenomenologia hermenêutica ricoeuriana no acompanhamento clínico. Uma feno-
menologia do ato clínico terapêutico mostra que a interação entre um si mesmo em busca
de qualidade ou de cura através da relação com o outro terapeuta estabelece modos de jogos
de si mesmo que abrem novas possibilidades através da narratividade. Exemplo de jogos
de si mesmo na criança, no teatro, no esporte, na vida. A relação terapêutica, conhecida
desde a antiguidade (therapéia em Platão, por exemplo), necessita de uma descrição eidé-
tica aberta aos desenvolvimentos hermenêuticos e às aproximações empíricas (via longa).
A abordagem hermenêutica da via longa permite o diálogo com contribuições empíricas A
ideia ricoeuriana do ser humano capaz depende de formações passivas, mas nunca é uma
passividade inerte, antes parte do processo ativo de si mesmo como contínuo e perma-
nente: muitas formações passivas podem ser assumidas num processo de transformação
da fatalidade em destino, em sentido dado por Ricoeur. Os vários componentes da situação
terapêutica conduzidos de forma metódica permitem que se criem condições de um jogo
de si mesmo que desperte capacidades latentes. A narrativa tem uma função essencial na
identidade de si e a narratividade pode ser conduzida de modo a abrir novos caminhos de
psicoterapia. A perspectiva ricoeuriana abre possibilidades de revisão da identidade narra-
tiva de pessoas, de instituições e grupos humanos. As políticas de memória interferem na
constituição de sujeitos, pessoais e sociais, capazes de se assumirem de modo mais respon-
sável e ético. As formações narrativas que interferem limitando a capacidade de narrar-se a
si mesmo e em consonância consigo mesmo e com os outros e obstruem o caminho do ser
humano como um todo capaz de assumir criativamente suas possibilidades. Os jogos de si
mesmo na rede de resistências e consentimentos. A formação de si mesmo pode acontecer
de modo a gerar obstáculos sérios à capacidade para uma vida boa. Propõe-se uma análise
de aspectos de sofrimento e perdão diante de possibilidades em torno do elo narrativo da
relação terapêutica que instruem os jogos de si mesmo.
Rui de Souza Josgrilberg é graduado em Filosofia pela Universidade de Mogi das Cruzes e em Teologia pela Universidade
Metodista de São Paulo, com Doutorado em Sciences Religieuses pela Université de Strasbourg. Atualmente é Professor
Titular da Universidade Metodista de São Paulo.
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Mesas Redondas 84
Trabalhos
Sumário
Sumário
1. PSIColoGIa ClÍnICa, FenoMenoloGIa,
aboRdaGenS eXISTenCIaIS e hUManISTaS
Sumário
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Trabalhos 87
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Trabalhos 88
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
E ste estudo de caso tem como objetivo, sob o olhar da logoterapia, compreender a resi-
liência de indivíduo que sofreu perdas socialmente signiicativas. Como metodologia
foi utilizada pesquisa qualitativa e exploratória. Para a coleta de dados se empregou entre-
vista semiestruturada e a análise foi construída com o uso do método fenomenológico. Esta
pesquisa se fundamentou na teoria de Viktor Frankl para depreender o sentido de vida do
sujeito entrevistado e veriicar se existe relação entre sentido de vida e resiliência. Ao longo
do trabalho, foram descritos os conceitos de perda, morte, resiliência e superação, além de
um panorama sobre fundamentos inseridos no existencialismo e na logoterapia. É provável
que se a pessoa possuir um sentido de vida será capaz de enfrentar e superar adversidades,
as utilizando como fonte de crescimento e amadurecimento. Logo, este artigo veriicou o
modo como o indivíduo do caso estudado vivenciou suas perdas, relacionando tais acon-
tecimentos com a teoria proposta por Frankl. Neste contexto, a pergunta que norteou esta
pesquisa foi: Como a logoterapia compreende o sentido de vida em situações de perda? A
entrevistada foi referida como T. durante o trabalho para preservar sua identidade. Através
da investigação dos dados coletados tornou-se possível depreender o signiicado atribuído
pelo indivíduo às situações adversas. Conforme relatado, a mesma vivenciou perdas iden-
tiicadas na escala de eventos vitais elaborada por Savoia, entre elas, as perdas de suporte
social que contemplam a morte de familiares. Considerando que a resiliência permite o
amadurecimento do ser humano a partir da forma como cada ser se posiciona frente às situ-
ações, neste caso se ponderou que o sentido de vida desta pessoa propiciou o enfrentamento
e superação das perdas. Concluiu-se que existe uma relação entre a superação identiicada
na entrevistada e seu sentido de vida. Portanto, se veriicou uma concordância entre os con-
ceitos teóricos propostos por Frankl e a resiliência aplicada no contexto da psicologia ao se
constatar que este indivíduo superou suas perdas, atribuindo signiicado ao seu sofrimento
e mantendo uma perspectiva de fé e futuro. Pela escassez de material que reúna simulta-
neamente tais termos, se constatou a necessidade de estudos posteriores aprofundando as
contribuições do sentido de vida para a resiliência dos sujeitos.
Trabalhos 89
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Trabalhos 90
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
O presente trabalho tem como proposta reletir sobre o fenômeno das compulsões a partir
de um referencial fenomenológico-hermenêutico, com base, especiicamente nos ele-
mentos da ilofoia de Martin Heidegger. Constatamos, atualmente, comportamentos que
se caracterizam como excessivos, e que parecem desconhecer os limites, expressarem-se de
forma cada vez mais notável em diversas esferas da existência, sejam elas laboral, alimen-
tar, sexual, afetiva, e, principalmente, mercadológica. Considerando que, nos dias atuais, os
sofrimentos existenciais têm recebido, por parte da psicologia e psicopatologia, uma des-
crição caracterizada cada vez mais pelos especíicos enquadres diagnósticos, bem como a
tendência marcante de fundamentar tais sofrimentos a partir de uma retomada organicista
do funcionamento cerebral, somado ainda aos pontuais tratamentos farmacológicos, faz-se
necessário dar um passo atrás, a im de que os sofrimentos da existência possam ser com-
preendidos na própria dinâmica do existir, qual seja, de que é na co-originalidade homem-
-mundo que a existência se dá. Dessa forma, ao tomar por base a noção de homem como
Dasein, e sendo esse marcado por sua condição de abertura ao desvelamento do mundo,
faz-se necessário compreender os sofrimentos existenciais como articulados ao horizonte
histórico no qual nos encontramos, que, segundo Heidegger, é a Era da Técnica. Assim,
mergulhados em um horizonte que se desdobra com apelos de exploração, consumo, pro-
dutividade, utilidade e descartabilidade, podemos pensar os comportamentos compulsivos,
não como um desvio de um psiquismo adoecido, mas sim como um modo de ser enclau-
surado que se expressa na própria articulação existencial do horizonte contemporâneo no
qual nos movimentamos? Dessa forma, o presente estudo se desenvolve pela problematiza-
ção, por um lado, do modo hegemônico por parte da psicologia e psicopatologia em tomar
o sofrimento existencial como um padecimento de uma subjetividade adoecida, marcada,
portanto, por uma interpretação dicotômica da existência; e, por outro lado, pela suspensão
de tal concepção visando uma interpretação que leve em conta a articulação homem-mundo
como co-originários. Acreditamos assim, podermos discutir o fenômeno da compulsão
onde ela se dá, no horizonte histórico de sentido do homem contemporâneo. Horizonte esse
marcado, ele próprio, pela sedimentação de orientações compulsivas, características da Era
da Técnica.
Trabalhos 91
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IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
D esde o início do século vinte Kierkegaard igura como o pai do existencialismo, cuja
direção de interesse é a existência ou o devir existencial, tradição que foi representada
na ilosoia por nomes tais como Martin Heidegger, Jean Paul Sartre, Simone de Beau-
voir, Miguel de Unamuno, entre outros; e entre psiquiatras e psicoterapeutas por nomes
como Karl Jaspers, Ludwig Binswanger, Medard Boss, Rollo May, entre outros. Eu tenho
me dedicado a resgatar a presença deste ilósofo na tradição do pensamento existencial em
Psicologia. No congresso de 2013 eu apontei alguns textos pseudonimicos de Kierkegaard
que fazem referencia direta à Psicologia. Neste congresso de 2015 eu gostaria de mostrar
a intenção de Kierkegaard em pensar uma ciência existencial que se oponha a uma ciência
especulativa, sistemática e desinteressada da vida mesma. Kierkegaard busca acentuar a
necessidade de uma ciência que não perca de vista o indivíduo singular em sua existência.
Este pensador, que mantinha profícuo diálogo com a tradição do conhecimento, tinha total
clareza quanto à diiculdade na relação entre ciência e existência. Sua obra segue, então, na
direção de interessar-se pela vida mesma, abstendo-se de todo saber desinteressado. Para
ele a tônica desta ciência deveria ser sua forma de comunicação, seu estilo, o qual funcio-
naria como inter-esse entre o pensamento e o ser, entre as relexões abstrato-sistemáticas
e a vida mesma daquele que existe pois, segundo o pseudônimo Johannes Climacus, a exis-
tência é de máximo interesse para aquele que existe, e a realidade daquele que existe está
incada sobre seu interesse pela existência. Mas, o que devemos entender por existência?
O pensamento especulativo só pensa o universal, e por isso precisa descartar a existência.
Climacus refere-se à existência como um estado intermediário, pois existir não é signiica,
primordialmente, ser um indivíduo particular. Kierkegaard provou que é possível uma
comunicação, não de saberes, mas uma comunicação entre existentes. Por isso o cientista
existencial deve apelar para a comunicação indireta, partindo de uma sabedoria humana e
estabelecendo uma relação de proximidade com o indivíduo, postando-se a serviço da pos-
sibilidade de transformação existencial.
Trabalhos 92
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
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Trabalhos 93
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A adolescência é comumente descrita pelo tanto pelo senso comum quanto pela psicolo-
gia do desenvolvimento como sendo uma fase caracterizada por crises, revolta, rebel-
dia, instabilidade emocional, grande susceptibilidade a comportamentos grupais. Marcada
por adjetivos negativos, tal concepção da adolescência dá espaço para a patologização deste
momento do desenvolvimento, uma vez que os comportamentos e sentimentos dos ado-
lescentes passam a ser comparados a quadros nosológicos, impactando negativamente a
atuação do psicoterapeuta de adolescentes que se fundamentam nestes referenciais. Um
dos traços marcantes da perspectiva fenomenológico-existencial é sua recusa em descre-
ver os fenômenos a partir de categorias rígidas, uma vez que estas impedem o acesso do
observador à essência daquilo que se observa. Neste trabalho, toma-se o pensamento de
Sartre como referência a im de se estabelecer uma compreensão da adolescência a partir
do próprio adolescente e distante de categorias objetivantes do senso comum e da ciência
psicológica. Nesta direção, um primeiro esforço a ser feito é o de substituir toda compreen-
são de adolescência que se pretenda universal por uma postura de interrogação a respeito
da própria existência do adolescente. O ponto de partida da clínica do adolescente é ele
mesmo, compreendido enquanto sujeito que, ao se relacionar com o mundo social e afetivo
que o cerca, faz escolhas que constituirão seu direcionamento para o futuro em forma de
projeto. A compreensão da escolha original do adolescente deve privilegiar o olhar que este
tem sobre sua existência, levando em consideração a temporalidade, sua facticidade, sua
relação com os outros, a má fé, e seu engajamento livre em seu projeto existencial. Diante
das exigências do método progressivo-regressivo de Sartre, a psicoterapia do adolescente
deve contemplar a complexidade da biograia do paciente em questão sem abrir mão dos
seguintes pontos: 1) A compreensão do adolescente sobre sua própria história. 2) A inserção
do adolescente em sua vida cotidiana. 3) As mais diversas formas de expressão para além da
linguagem verbal. 4) a perspectiva de que a vida se desenvolve em espirais, pois em diferen-
tes momentos vivenciamos as mesmas questões que voltam a se apresentar em diferentes
níveis de integração e complexidade.
Trabalhos 94
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Janaína Bertholdo
Rosiane Guetter Mello zibetti
Trabalhos 95
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
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E m psicoterapia, é comum constatarmos que o paciente espera que nós terapeutas solu-
cionemos os seus problemas. Alguns proissionais acabam caindo no engodo de se res-
ponsabilizar pela cura. Assim, cada vez mais os terapeutas utilizam os manuais estatísticos
como determinantes no diagnóstico e no tratamento, encaixando os pacientes nas deini-
ções desses guias. A psicopatologia fenomenológica não se enquadra em movimentos antip-
siquiátricos, mas critica o que chamamos aqui de mau uso dos manuais, baseado em uma
visão demasiado simplista da existência humana em sua tão complexa dimensão de sofri-
mento. Na psiquiatria do início do século XX, Minkowski propõe a atitude fenomenológica
como uma forma de lidar com o paciente, doente mental ou não, legitimando o jeito de ser
e de se relacionar com o mundo de cada um. Ao se posicionar com tal atitude, o psiquiatra
irá dinamizar o processo visando à aproximação entre duas pessoas, e não à mera ação
de uma sobre outra. Essa atitude diferenciada na clínica psiquiátrica abre novos campos
na psicoterapia quando trabalha um elemento comum às duas práticas: a psicopatologia.
A proposta de Minkowski mostrar-se-á na relação terapêutica, na avaliação dos casos clí-
nicos e na formulação do diagnóstico. A fenomenologia rege também a conceituação de
psicopatologia para esse autor. Trata-se de encarar a psicopatologia como uma psicologia
do patológico e não uma patologia do psicológico. Assim, o proissional se relaciona com o
paciente para compreender a relação dele com o mundo. Esse processo complexo fornece
as condições necessárias para avaliar sem julgar e formular um diagnóstico que contemple
a complexidade e a singularidade do paciente. As obras principais de Minkowski sintetizam
a sua proposta de prática clínica. Em A Esquizofrenia, o autor propõe a perda do contato
vital com a realidade como elemento essencial do viver esquizofrênico. Em O Tempo Vivido
estuda as relações diferentes que os pacientes estabelecem com o tempo e o espaço. Em
seu Tratado de Psicopatologia Minkowski se dedica a estudar o que chama de fato pático,
ou seja, justamente a forma diferente de ser dos indivíduos que tratamos. Para Minkowski,
a atitude fenomenológica propicia uma aproximação genuína entre paciente e terapeuta.
Ao legitimar tal forma diferente de ser, o proissional sustenta uma intervenção eminente-
mente clínica, colocando em primeiro plano o tratamento do paciente.
Trabalhos 96
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
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Trabalhos 97
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Trabalhos 98
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IV Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia Sumário
PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
SolIdÃo e ConTeMPoRaneIdade eM
UMa PeRSPeCTIVa JUnGUIana
E ste resumo é parte de uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento e tem como obje-
tivo apresentar algumas relexões sobre a solidão na contemporaneidade, denominada
aqui de pós-modernidade. Não há consenso nos estudos sobre a solidão que possam deini-
-la, mas de forma geral, ela é categorizada em dois principais tipos: a solitude, relacionada
à uma vivência positiva, de espiritualidade e alteridade e, a solidão entendida como sofri-
mento e relacionada ao isolamento emocional ou social. Três principais trabalhos em psico-
logia contribuíram para a compreensão da solidão: de Weiss, de Bugental, em perspectivas
existenciais, e de Hobson, junguiana. A solidão foi entendida como um elemento essen-
cial para o desenvolvimento psicológico, para o “cultivo da alma” e para a alteridade, pois
está presente nos momentos de separação, diferenciação e elaboração da morte. Alguns
trabalhos dentro das ciências sociais também foram estudados com vistas a compreender
a solidão como fenômeno coletivo na contemporaneidade. A pós-modernidade é entendida
como uma condição e um tempo de oportunidades, crises, velocidade e ambivalências. A
perspectiva junguiana compreende a psique como um todo com características singulares e
coletivas, ao mesmo tempo, as quais mantém relação dialética através de imagens psicológi-
cas. Por este motivo que a solidão, sentida subjetivamente, foi estudada nesta pesquisa tam-
bém de um ponto de vista coletivo, a partir de imagens construídas pelas ciências sociais.
Concluiu-se que a contemporaneidade possibilita oportunidades de transformações impor-
tantes para a psique, mas também as retira com fugacidade, o que resulta na perda da ela-
boração das experiências, a qual precisa necessariamente de tempo, paciência e dedicação.
A experiência e o cultivo da alma requerem que se cuide das feridas até a sua cicatrização, o
que não ocorre com a efemeridade dos acontecimentos. A solidão pode ser a possibilidade
de um distanciamento do coletivo, da mudança do ritmo, do despertar para a necessidade
da alma, mas para que não se torne oportunidade fugaz é preciso uma atitude consciente de
perseverança, de dedicação e de cuidado. Há que se deixar sentir, ser tocado e também tocar
e agir nas relações que pedem por atenção, por e pelos Outros da psique e do mundo. Há
que se imaginar, abandonar posições literais e focadas em resultados e deixar-se caminhar
pelo mundo de Hades.
Trabalhos 99
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
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Arley Andriolo
Maíra Mendes Clini
Trabalhos 100
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Trabalhos 101
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Trabalhos 102
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Trabalhos 103
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
o lUGaR do PSICÓloGo:
dIÁloGoS CoM a lITeRaTURa SaRTRIana
E sse texto tem como propósito discutirmos o lugar do psicólogo clínico de inspiração
fenomenológica. Para tanto, elegemos a literatura de Sartre, partindo de seu conto inti-
tulado “Intimidade”. Compreendemos, então, a possibilidade da literatura dizer. A litera-
tura como dizer aponta para a possibilidade de, no vigor da presença da linguagem poética,
algo se mostrar para além da apreensão intelectiva das palavras e da informação. Assim,
literatura como dizer é a oportunidade de escutar ainda outra coisa na palavra. Dizer aqui
não é mero falatório, mas, sim, mostrar, desvelar. Assim, acreditamos que o conto de Sartre
acena algo consonante ao nosso mundo, ao mundo moderno, sendo possível transloucar
isso que se mostra em seu texto para uma discussão pertinente à psicologia clínica de ins-
piração fenomenológica. Temos, como norte, algumas questões que se apresentam naquilo
que se abre no conto de Sartre. Pensamos, assim, acerca da pretensão moderna de apre-
ender o homem como um algo simplesmente dado, como coisa. Nessa pretensão, funda-se
a possibilidade de conhecer, isto é, a partir do cerceamento do homem, é possível infe-
rir sobre ele, dizer acerca dele. Aqui funda-se, concomitantemente, todo o saber acerca do
homem e as técnicas que o circunscrevem como algo dado. Desse modo, todo aparecer se dá
sob a égide do controle, ou seja, já há sempre de antemão caminho determinado. Tal cami-
nho diz: caminho certo, seguro, correto. Vemos, aqui, o imperar do controle, que emerge no
mundo moderno, e dita o decidir e o agir sobre o caminho. Temos, então, os elementos que
constituem o mundo moderno e, em contrapartida, a possibilidade de se descolar dessas
prescrições. Entendemos que o lugar do psicólogo que se propõe fenomenológico é justa-
mente o esforço por esse descolar, o cultivo do lugar do recuo, do passo atrás. Sartre nos
encaminha pela sua prosa de forma que tais elementos aparecem de modo contundente a
nós, ou seja, apontando para o fato de estarmos imiscuídos na própria trama do conto, que
é, em última instância, uma articulação do horizonte de sentido no qual estamos imersos.
Assim, compadecemos da trama em si. Temos, aqui, uma tensão. Tensão esta que se funda
no ser a todo instante enlaçado pelas determinações do mundo moderno e, ainda assim,
termos a possibilidade de recuar, de modo a não comungar desse lugar. Somos, desse modo,
ouvintes do mundo, contudo, não escravos. Talvez sustentar tal tensão seja mesmo o lugar
do psicólogo de inspiração fenomenológica.
Trabalhos 104
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E ste trabalho tem como proposta contribuir para a explicitação de uma característica
presente em qualquer trabalho clínico e que, devido as inúmeras propostas de teoriza-
ção neste campo, acaba por ser desconsiderada em favor de modelos de interpretação pre-
viamente dispostos: trata-se do enraizamento ontológico da experiência clínica. Busca-se,
assim, fazer aparecer a essência da clínica levando-se em consideração sua dimensão onto-
lógica. Toma-se aqui a fenomenologia como caminho, não para auxiliar no fortalecimento
de uma “linha” ou “abordagem”, mas para fazer aparecer, ou ao menos apontar que, inde-
pendentemente da escolha teórica, a experiência clínica ocorre a partir de um comprome-
timento em auxiliar a ressigniicação da experiência de si e do mundo enquanto “morada”
(ethos), “compartilhamento e reverberação” (polis) e criação e recriação de si (poiesis). Para
isso, primeiramente faz-se uma exposição sobre a relação entre a fenomenologia e a clí-
nica, isto é, o horizonte histórico de surgimento da fenomenologia, com Edmund Husserl
e seu principal discípulo, Martin Heidegger, além das primeiras tentativas de diálogo entre
esta proposta ilosóica e a prática clínica, feitas por Ludwig Binswanger e Medard Boss.
Em seguida, a fenomenologia é vista a partir de seus principais representantes – Husserl e
Heidegger – destacando-se alguns contributos fundamentais para a proposta do presente
trabalho: a contribuição da fenomenologia para uma revisão crítica da teoria do conheci-
mento e a abertura para uma nova compreensão da ontologia. A relação entre a ontologia e
a vida fática é vista então como um passo fundamental, mais especiicamente, o modo como
essa relação contribui para um novo olhar sobre a linguagem e para a elaboração de um
horizonte crítico à excessiva valorização das teorizações que buscam modelar a experiência
clínica a partir de considerações feitas a priori. O trabalho aponta então a necessidade em
se levar em consideração a relação entre experiência e acontecimento, de modo a permitir
uma explicitação crítica entre a experiência clínica no sentido ontológico e a presença do
ethos, polis e poiesis como balizadores para uma compreensão mais livre do trabalho clí-
nico, aproximando tanto o proissional quanto o estudante de uma possibilidade discursiva
que leve em consideração cada vez mais o enraizamento fundamentalmente ontológico do
“fazer” clínico enquanto tal.
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PlanTÃo PSIColÓGICo:
eXPeRIÊnCIa de aTendIMenTo eM ClÍnICa eSCola
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Tatiana Slonczewski
Eberson dos Santos Andrade
Patrícia Teixeira Honório dos Santos
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
A grande motivação para que os casais procurem uma terapia é, sem dúvida, um conjunto
amplo de diiculdades na convivência. A partir da escuta dos relatos dessas duplas,
torna-se razoável inferir que a questão do desacordo quanto aos objetivos seja um dos pro-
blemas mais frequentes; e também que tenha consequências muitas vezes devastadoras
para a relação. São casais que têm uma espécie de regra geral que diz que a felicidade está
em chegar juntos a algum lugar, não se sabe qual. Heidegger nos propõe pensar o ato de
construir como já sendo um lugar, ao dizer que o construir também é habitar. Assim, o
homem pode habitar o construir, pode habitar o processo. Esses casais enxergam somente
o objetivo inal do processo como lugar de conforto subjetivo, lugar de habitação. Procuram,
quando querem viver juntos, segurança, prazer e tranquilidade. A tendência geral é pensar
que só se pode encontrar isso no inal de uma busca pelo objetivo comum. Essa busca se
conigura em um processo que concebemos como cansativo, algo que deverá ser concluído
tão rápido quanto possível. Muitas vezes o casal está simplesmente feliz, até o momento em
que se depara com a angústia por não saber quando icará pronta a construção em anda-
mento. Isto encontra eco no pensamento de Heidegger, que propõe o habitar como traço
essencial do ser. O casal não se sente habitando enquanto está no meio do processo. Ao
conseguirmos um novo olhar para o processo, como sendo também um lugar habitável,
podemos convidar o casal a novas relexões sobre como está vivendo esse presente, esse
processo. Acontece frequentemente de surgirem no casal novas perspectivas para o futuro,
a partir do momento em que resolvam assumir o construir do presente como já sendo uma
realização ou, como diria Heidegger, uma habitação. Essa habitação encerra a segurança e
a tranquilidade tão desejadas pelos casais. Consideramos que o olhar para as felicidades do
presente possa ser um embasamento para o seguir construindo. Pensando com Heidegger,
podemos olhar para o construir como já sendo um habitar, já que habitar subjetivamente é
o que as pessoas procuram. Se o casal consegue se enxergar habitando não sua construção,
mas seu construir, poderá usufruir dos sentimentos que uma habitação teoricamente daria,
como a paz e a liberdade de um abrigo.
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Myrna Coelho
Fabíola Freire Saraiva Melo
N esse trabalho pretendemos apresentar uma relexão acerca da prática clínica realizada
com crianças e pais. Para tanto, partiremos da experiência de duas terapeutas que
apresentarão alguns atendimentos. Uma delas, irá reletir sobre um atendimento realizado
com um criança, enquanto que a outra, irá se debruçar sobre um atendimento realizado
com os pais de uma adolescente. De forma geral, os pais que buscam atendimento clínico
para seus ilhos ou que procuram orientação educacional vivenciam uma situação de deses-
pero. É comum a sensação de angústia, desamparo e paralisia frente à problemática e, a
partir de então, o caminho que os pais visualizam é de recorrer a um proissional especiali-
zado que possa lhe oferecer respostas, teorias e certezas sobre o desenvolvimento infantil,
bem como prescrições sobre o modo correto de educar. O pedido de ajuda feito pelos pais
nem sempre corresponde às necessidades trazidas pelas crianças. É necessário que o tera-
peuta se coloque disponível a ouvir e compreender a criança, especialmente atento às dife-
renças entre como ela se apresenta na relação terapêutica e como se apresenta no discurso
dos pais. Esse pedido dos pais nem sempre pode ser acolhido pelo que oferece a prática
clínica fenomenológica. Portanto, o primeiro desaio que se apresenta é de esclarecimento
e desvelamento das expectativas, bem como das possibilidades de atuação que podem ser
oferecidas. A atuação das terapeutas, em consonância com a atitude fenomenológica, visam
a desconstrução desse olhar pragmático e buscam instrumentalizar os pais ou responsáveis
para uma postura atenta e sensível às especiicidades dos seus ilhos, bem como oferecer
à criança ou adolescente um espaço autêntico para a realização de suas possibilidades e
experimentação de diversos modos de ser. A “solução mágica”, o “conserto” eiciente ou a
busca por adequação aos poucos dão lugar à construção de um fazer artesanal e próprio a
ser construído em cada situação. O chamado aos pais pela responsabilização e cuidado com
os ilhos, bem como a oferta de um espaço para a criança/adolescente se apropriar de si
mesmo, mostraram-se como um modo de cuidado que possibilitou às famílias novas possi-
bilidades de encontros autênticos.
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ConTRIbUIÇÕeS da FenoMenoloGIa
heIdeGGeRIana no CUIdado TeRaPÊUTICo
O trabalho apresenta relexões que tematizam o cuidado por um viés existencial auxi-
liando o cuidado terapêutico nos contextos clínico e institucional. A noção de cuidado
fenomenológico adotou, como referencia, os estudos desenvolvidos por Martin Heidegger,
um dos principais ilósofos do século XX. A apresentação versa pela noção heideggeriana
de cuidado como apoio fundamental para relexões ao campo da psicologia em tempos de
tecnologização do cuidado, noção compreendida, como o ser do ser-aí em Ser e Tempo e
em algumas obras, com destaque, Seminários de Zollikon. Não é propósito validar um posi-
cionamento teórico, clínico ou institucional de uma psicologia fenomenológica, mas sim,
seguir pistas de um deslocamento da relação de perspectivas teórica, cientíica e proissio-
nal da psicologia, para pensá-la em sua constituição histórica em um horizonte de sentido
denominado por Heidegger como a era da técnica. O trabalho se inspira na perspectiva
metodológica de Fenomenologia Hermenêutica de Martin Heidegger, um dos principais
questionadores do modo de vida dos homens no século XX e que se envolveu na tarefa de
destacar a experiência cotidiana e o modo como vivemos. O exercício compreensivo cons-
truído a partir da revisão bibliográica tematiza o cuidado fenomenológico existencial apro-
fundando a construção de temáticas da Psicologia sob viés da fenomenologia hermenêutica
heideggeriana. Metodologicamente, além do exercício fenomenológico hermenêutico que
se propõe compreensivo e envolvido por resigniicações de nossas experiências, foram tra-
vados diálogos com Hans-Georg Gadamer. Na clínica, especiicamente, os temas em torno
dos processos de adoecimento e de promoção de saúde são discutidos a partir de critérios
diferentes dos propagadas consensualmente entre as ciências da saúde. Pois é dada ênfase
para o modo como ser adoecido e ser sadio se apresentam no contemporâneo. Discussões
sobre clínica, homem, modos de ser-sadio e ser-doente são realizadas no âmbito da clínica
tradicional em consultório, bem como, para além do setting terapêutico e incluindo obser-
vações sob o lugar da psicologia a partir deste viés fenomenológico nas instituições. O exer-
cício relexivo/meditativo de cuidado em sentido ontológico implica uma transformação do
olhar, revertendo às preocupações técnicas, no âmbito da clínica psicológica e no institu-
cional, ao exercício de modos de ser éticos, ampliando as possibilidades de singularização
existencial.
Trabalhos 118
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o olhaR da FenoMenoloGIa-eXISTenCIal
no aTendIMenTo InFanTIl
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O presente trabalho tem como objetivo tecer relexões sobre ação e natalidade a partir
do pensamento de Hannah Arendt para então, compreendermos os diálogos possíveis
do pensamento dessa autora com a atenção psicológica. Hannah Arendt compreende que
a vida é dada ao homem a partir de algumas condições, não no sentido de determinações,
mas de saber de onde se parte. Portanto, a terra, a vida biológica, a mundanidade, a plura-
lidade, a natalidade, a mortalidade e o próprio condicionamento fazem parte dessas condi-
ções humanas. A partir desses pressupostos, Arendt divide as atividades humanas em Vida
Ativa e Vida Contemplativa. A Vida Ativa, refere-se a atividades de Trabalho (diz respeito
manutenção da vida biológica), Obra (cuida da condição de mundanidade e habitação da
terra) e Ação (assinala a condição de pluralidade do homem). Todavia, é através da ação e
do discurso que os homens podem aparecer no cenário público, iniciando sempre algo novo,
pois a partir da criação do homem, veio ao mundo o próprio princípio do começar. Nesse
sentido, a ação corresponde ao fato do nascimento e, pelo fato de o homem ser capaz de agir,
signiica que se pode esperar dele o inesperado, que ele é capaz de realizar o ininitamente
improvável e, portanto (re)nascer a cada ato. Destarte, inclinamo-nos para o pensamento
Arendtiano com o intuito de alargar nosso olhar no sentido de tecer novas compreensões
e realizar possíveis tessituras com a atenção psicológica. Levamos em consideração que a
atenção psicológica é uma atitude de inclinação e cuidado que a partir do acompanhamento,
via narratividade, do sofrimento humano, gera uma intervenção clínica socialmente contex-
tualizada e engendrada a partir do encontro. Todavia, a presente pesquisa tem um caráter
bibliográico e o seu Corpus principal é a obra “A condição humana” de Hannah Arendt.
Desse modo, a presente pesquisa pode contribuir para a atenção psicológica, pois se propõe
a pensar o diálogo possível entre ação, natalidade e atenção psicológica a partir de outros
horizontes compreensivos.
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
F alar de cuidado e clínica na contemporaneidade parece cada vez mais exigir de nós
uma humanidade por vezes terceirizada à técnica. Como proissionais da saúde, somos
demandados a equacionar os arranjos e desarranjos do mundo e, para tanto, lançamos mão
de uma gramática que nos sirva de guia na escuridão. Ora, a ciência se oferece como uma
gramática que pensa se identiicar com o mundo. Conhecendo-se, portanto, certo número
de variáveis, supõe-se ser possível explicar o que já aconteceu, deduzir aquilo que está
encoberto, predizer o que será, e controlar aquilo que é inevitável. Sem sombra de dúvi-
das, a clínica como expressão prática da ciência do mundo e do homem conserva, também,
o desejo de constituir-se como uma gramática da vida. Quando falamos, por exemplo, da
busca da cura de determinada doença, podemos perceber esta pretensão, pois se conhe-
cendo as regras e leis da existência, conhecem-se as regras e leis da doença, ou seja, aquelas
que falharam que foram afetadas, transgredidas, que foram corrompidas ou envelhecidas.
Na psicologia, que é aqui o nosso campo de pesquisa e discussão, é o psicodiagnóstico que
opera esta tarefa. Precisamos considerar que existe uma ambição de compilar o sofrimento
humano para, então, dar a ele soluções eicazes e generalistas. Cada vez mais, a lingua-
gem só é compreendida e cercada por muros de uma gramática universal da existência. Ou
seja, uma linguagem inequívoca e que ao mesmo tempo seja capaz de não deixar arestas,
excessos ou resíduos de compreensão. Mas, como será isto possível, haja vista um mundo
onde existem tantos equívocos de compreensão, um mundo aonde a capacidade de dizer e a
capacidade de ouvir podem ser sempre inaugurais? Como podemos lançar mão de psicopa-
tologias se não considerarmos a criação e a contingência dos signiicados e sentidos? É neste
momento que a fenomenologia nos aparece como uma exigência de voltarmos às coisas
mesmas.Maurice Merleau-Ponty é o autor que nos guia nesta retomada com a simples con-
sideração de que a palavra tem um signiicado e de que o seu sentido não pode se tornar em
uma tese embalsamada sobre a vida. É Merleau-Ponty quem nos lembra de que, apesar de
compartilharmos um idioma comum, é necessário considerar que existe um sujeito falante
e que a sua fala não se restringe um discurso falado. O sujeito falante é aquele que fala e que
cria sentidos junto aos outros sujeitos, apesar de toda fala e conhecimento instituído.
Trabalhos 122
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O luto é entendido como um tipo de vivência que conecta as pessoas através de uma
perda. Seja de um objeto, animal ou pessoa, os signiicados atribuídos a cada contexto
são diferentes, pois cada experiência tem seu componente singular. Compreender as nuan-
ças do luto faz-se necessário, visto que muitas culturas, principalmente a ocidental, têm
explorado a experiência do luto como algo patológico, não propiciando tempo para a reela-
boração da perda. Com base em uma relexão norteada pelos aportes da clínica humanista-
-fenomenológica, objetivamos analisar algumas qualidades da experiência de luto, a partir
da leitura de três casos clínicos publicados em diferentes livros. Foram estabelecidas três
tipos de luto: a morte de um cônjuge; a perda de um ilho doente pela mãe; e, a perda de
uma mãe para ilhos adultos. No primeiro, o processo de luto é vivenciado pelas representa-
ções sobre o lugar que o cônjuge ocupava na relação e o modo de conviver com uma viuvez.
No segundo, o processo de adoecimento provoca impactos na vida da mãe, que começa o
processo de luto desde o diagnóstico até a perda, em que emergem sentidos que retomam
outros papéis maternos abandonados durante o adoecimento do ilho. No terceiro, a morte
da mãe durante a vida adulta dos ilhos é um etapa considerada comum pela sociedade
ocidental, como uma ordem natural. Os ilhos passam pelo processo de luto, mas pôde ser
identiicado que esses possuíam outras famílias, o que contribui para a superação do luto.
Esses três tipos de manifestação do luto, embora dotados da mesma característica, a perda
de um objeto investido de afeto, apresenta diferentes formas de manifestação e possibilida-
des de reelaboração para que a pessoa possa trilhar novos caminhos. Ressaltamos que esse
entendimento sobre as qualidades da elaboração da experiência de luto possibilita implica-
ções para psicólogos que lidam diretamente com a morte de pessoas. Compreender as for-
mas de manifestação do luto, respeitando os limites e o processo do outro, possibilita uma
pauta de relexão sobre as idiossincrasias dessa experiência em relação aos discursos sociais
que reduzem todo processo de luto como um quadro psicopatológico ou um sofrimento que
deve ser evitado. Concluímos que existe um limite estreito entre o luto saudável e o psico-
patológico, mas o enfoque na experiência estabelece um olhar mais humanizado e atencioso
ao tipo e a qualidade tipo de luto em que o cliente se encontra.
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E ste trabalho com base na perspectiva existencial sartriana tem por objetivo reletir a
partir da escassez material trabalhada por Sartre na crítica da razão dialética sobre a
escassez afetiva vivenciada na contemporaneidade subsidiado em relatos oriundos de aten-
dimentos em processo psicoterapêutico. A escassez é base para o conlito de liberdades, ou
seja, o outro se constitui como uma ameaça em um mundo que não há espaço suiciente
para todos, logo, o conlito se instaura como uma de suas primícias a medida em que um é
ameaça para o outro. O campo prático se estabelece como um espaço de luta objetivando a
destruição do outro para transcender a falta. Nesta perspectiva, até um amigo é alguém a
ser superado, pois, se visa a destruição do outro em benefício próprio como uma maneira
de buscar a superação da escassez. Isso conigura-se em uma luta de todos contra todos
caracterizando o conlito intersubjetivo das relações. Assim, o conlito se instaura como
base das relações interpessoais. A escassez não somente é experienciada como ela também
cria modos de ser pela contra inalidade da matéria. O indivíduo busca superar a escassez
visando a abundância de recursos. As relações que se estabelecem no campo prático são de
reciprocidade, podendo ser positiva ou negativa, na primeira ocorre que alternadamente
o indivíduo é sujeito ou objeto do outro e, na segunda, busca-se que o outro seja somente
objeto, ou seja, apenas um meio para alcançar os ins almejados. Ocorre que respectiva-
mente, há uma mediação quando se fala em sujeito e/ou objeto, situação que não ocorre
quando se fala apenas em objeto, coisiicando o outro, desconsiderando a alteridade. A
escassez, além de estabelecer relações do indivíduo com a materialidade se transpõe à afe-
tividade humana. No espetáculo da vida em que se busca pela exibição o reconhecimento
do outro, a negação do mesmo se conigura como um conlito afetivo em que vivencia-se a
escassez por esta negação. Essa falta de reconhecimento nega ao indivíduo a possibilidade
de saber sobre si a partir da alteridade que o constitui pela dialética que o homem estabelece
com o mundo e com os outros ocasionando o empobrecimento e esvaziamento de si próprio,
pois, se o outro nega este reconhecimento acarreta consequentemente em uma diiculdade
do indivíduo saber sobre si. Os relatos psicoterapêuticos convergem nesta diiculdade do
indivíduo saber de si através do outro, pela negação do reconhecimento deste.
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A palavra “plantão” está associada a certo tipo de serviço oferecido por proissionais de
saúde que se mantêm a disposição de pessoas que deles necessitem. O plantão psicoló-
gico permite um espaço de acolhimento e relexão sobre a demanda urgente, além de ter o
objetivo de clariicar sobre a natureza do sofrimento. Pode-se airmar que a modalidade de
plantão psicológico surgiu como certa derivação do aconselhamento psicológico, caracteri-
zando-se como uma ação essencialmente clínico-investigativa, buscando esclarecimento da
demanda do cliente e ampliando a responsabilidade de cuidado com si próprio. Na expe-
riência do plantão, remete-se a outra compreensão sobre o formato de atendimento, que
é o cuidar do plantonista. O exercício psicológico no plantão psicológico exige percepção
apurada, competência técnica e principalmente “cuidado” no que diz respeito ao “apontar
para possibilidades de re-signiicar” os conteúdos trazidos. A construção da modalidade do
plantão psicológico está baseada na abordagem fenomenológico-existencial, inicialmente
implantada pelo Laboratório de Estudos e Prática em Psicologia Fenomenológica Existen-
cial da Universidade de São Paulo (LEFE – USP). Fenomenologia é o método que se propõe
a investigar os fenômenos da existência a partir do pensamento de Husserl e Heidegger.
Atuar em fenomenologia é ir direto ao fenômeno tal como se apresenta buscar seu sig-
niicado. Essa proposta, trazida para a psicologia dá a origem a daseinsanalyse enquanto
abordagem psicológica. A experiência como docente-supervisora da disciplina de Plantão
Psicológico na referida abordagem, comprova o plantão psicológico como um modelo de
atenção a saúde, que é capaz de subsidiar relexões pertinentes sobre a existência e princi-
palmente ampliar as possibilidades de vida do cliente que busca atendimento em suas ques-
tões urgentes, ampliando a possibilidade de compreensões por parte do cliente atendido.
Conclui-se dessa forma, que a o serviço prestado no plantão é de fundamental importância
para a psicologia nos diversos contextos, como escolas, hospitais, clínicas, em função de sua
peculiaridade na forma de atuação e se faz cada vez mais urgente enquanto modalidade de
atendimento.
Trabalhos 132
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O presente trabalho tem como objetivo fazer um estudo de caso à luz da daseinsanalyse
pensada por Medard Boss e Martin Heidegger. Foi utilizado como método a fenomeno-
logia daseinsanalítica. O referido caso foi atendido em uma clínica-escola do interior Rio de
Janeiro. A compreensão do caso foi feita à luz da daseinsanalyse - a analítica do dasein. A
abordagem daseinsanalítica compreende que o ser está a todo o momento existindo de uma
alguma maneira, imerso no campo de possíveis, e num constante vir-a-ser. O cliente chegou
à primeira sessão de psicoterapia embotado e oprimido. Queixou que estava sentindo-se
muito nervoso, impaciente e com diiculdades no trabalho e nas relações interpessoais. Há
pouco tempo havia mudado de sua cidade natal por não encontrar possibilidades de traba-
lho. Pôde-se observar que o cliente chega à primeira sessão bastante angustiado e culpado
por ter feito escolhas inautênticas. (mudança de cidade, de trabalho). Lembrando que a
culpa é um existencial do dasein que está relacionada a vivência do ser-para-morte, nesse
caso expresso pela ruptura com o ambiente em que vivia anteriormente. De acordo com
o mesmo autor, a culpa é caracterizada como um débito consigo mesmo. No decorrer do
atendimento, pôde-se observar o comprometimento dele em relação ao processo terapêu-
tico - processo de libertação bossiano, pois havia reletido sobre sua vida, suas escolhas e
as consequências dessas; comentou certa ocasião que, quando entra na clínica, “sua visão
ica ampliada e ele pode ser ele mesmo” (sic). Salienta-se a qualidade do vínculo com a
terapeuta-estagiária e para o comprometimento com a terapia. Foi possível observar que
o processo terapêutico foi de fundamental importância para o cliente em suas tomadas de
decisão, pois a todo o momento eram feitos questionamentos sobre sua existência e seu
modo-de-ser-no-mundo, de modo que o cliente foi capaz de compreender sua existência
e familiarizar consigo próprio e com aquilo que lhe é próximo através das escolhas que
foi empunhando durante o processo terapêutico, inclusive não agindo de forma culpada e
escolhendo mais autenticamente. Desse modo, salienta-se a importância do processo tera-
pêutico como “libertador” aos conlitos existenciais, principalmente ao que tange a angústia
e culpa tão comuns no cotidiano.
Trabalhos 133
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A presente relexão tem por objetivo apresentar um estudo de caso na abordagem dasein-
sanalítica baseada na ontologia fundamental de Martin Heidegger e Medard Boss,
através do atendimento de Plantão Psicológico. A daseinsanalyse procura reconduzir o
homem ao seu modo próprio de ser, evitando as objetivações da ciência e do senso comum,
recordando-o de sua liberdade para livremente corresponder ao sentido do ser. A cliente
buscou atendimento queixando de “cansaço, desânimo, amargura e irritabilidade” (sic). O
método utilizado para os atendimentos foi a fenomenologia heideggeriana que é ir direto ao
fenômeno tal como se apresenta, buscar seu signiicado. No decorrer das sessões, a cliente
comenta estar sobrecarregada com o cuidado com o pai acamado com câncer e que o traba-
lho de cuidadora tem exigido muito dela, sendo essa a principal queixa durante todo o aten-
dimento. O atendimento de plantão psicológico é uma modalidade importante na psicologia
por permitir que sejam trabalhados os conteúdos urgentes do indivíduo que buscar auxílio.
A cliente foi questionada em relação a necessidade de estabelecer limites para os cuidados
para com o pai, atribuindo aos irmãos a tarefa de cuidadores; com isso, abrindo o campo
de possíveis em sua vida para que assumisse e empunhasse sua própria vida, fato que quei-
xava com frequência. Outro fator relevante questionado com a cliente foi o fato de sua vida
amorosa estar “posta de lado” (sic) em detrimento do casamento fracassado que teve. A
retomada das suas relações e o investimento dela em um namoro foi uma decisão impor-
tante para resgatar a tomada de suas escolhas e o prazer pela vida. A partir dessas relexões,
a cliente pode fazer compreensões que a izerem capaz de adotar nova postura em relação
à existência, principalmente ao que tange o cuidado com o pai, estabelecendo um rodízio
entre os irmãos para que todos pudessem colaborar com os cuidados com o pai. Conclui-
-se, portanto, que a modalidade do Plantão Psicológico é um modelo de atenção a saúde
que é capaz de subsidiar relexões pertinentes sobre a existência e principalmente ampliar
as possibilidades de vida do cliente que busca atendimento em suas questões urgentes no
momento de crise.
Trabalhos 134
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O presente estudo tem por objetivo uma relexão sobre o Plantão Psicológico aplicado a
abordagem daseinsanalítica. A prática do plantão psicológico visa facilitar o processo
de compreensão do cliente para amenizar o seu sofrimento, sendo assim o plantonista tem
como responsabilidade acompanhar o processo, mas quem o conduz é o cliente. O atendi-
mento de plantão psicológico é uma modalidade importante na psicologia por permitir que
sejam trabalhados os conteúdos urgentes do indivíduo que buscar auxílio. A abordagem
daseinsanalítica compreende que o ser está a todo o momento existindo de uma alguma
maneira, imerso no campo de possíveis, e num constante vir-a-ser. A compreensão do caso
foi feita à luz da daseinsanalyse - a analítica do dasein. A cliente buscou o serviço de Plantão
Psicológico porque estava muito abalada com o término do casamento; estava casada há
vinte anos, porém, o marido a deixou porque estava envolvido com outra mulher. Diante
dessa situação, podemos observar que a cliente encontra-se diante do ser-para-a-morte, no
caso a morte de um sonho. Quando um sonho morre, o ser não consegue agir com clareza
e lucidez. Dentre as queixas em relação à separação que girava em torno da adaptação dos
ilhos a nova fase e todas as demandas oriundas do término do casamento, dizia que não
iria assinar os documentos do divórcio, pois “era como se eu tivesse acabando de vez. (sic).
A ideia de que o término do casamento se dava com a assinatura do divórcio foi desconstru-
ída com a cliente, levando-a a reletir que a relação já estava acabada, pois marido já havia
saído de casa e estava mantendo um outro relacionamento, e que esse papel era apenas uma
formalização legal, para que os dois pudessem reconstruir suas vidas. Após alguns questio-
namentos acerca da initude do casamento e da necessidade de encarar os aspectos ônticos
da existência, a cliente compreendeu que não seria a recusa dela em assinar os documentos
que deiniria a situação do casamento. Concluí-se portanto, que a cliente foi capaz de com-
preender sobre sua queixa e se familiarizar consigo próprio e com aquilo que lhe é próximo
através do seu novo modo de existir, airmando a relevância do atendimento do Plantão
Psicológico como uma prática possível para a psicologia.
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E sta comunicação tem por objetivo apresentar a modalidade clínica em grupo na aborda-
gem fenomenológico-existencial, como mais uma possibilidade de atuação do psicólogo
clínico, uma vez que as psicoterapias de grupo têm se restringido a espaços assistenciais.
Esta restrição por vezes se dá por questões alheias à inalidade da clínica em grupo, como,
por exemplo, quando há uma alta demanda de pacientes e poucos psicólogos para atendê-
-la. Nestes casos, a psicoterapia de grupo torna-se uma solução prática, mas completamente
desvinculada de seus propósitos clínicos. Pretende-se assim airmar esta modalidade clínica
a im de legitimar seu lugar nas práticas psicoterápicas. Além disto, quer se diferenciar
a psicoterapia de grupo de outros trabalhos grupais, pois a abordagem fenomenológico-
-existencial, inspirada na ilosoia de Martin Heidegger, parte da concepção de homem
enquanto ser-no-mundo que é lançado às suas possibilidades junto com os outros. Este
ser-com-o-outro não se refere a um conjunto de pessoas, ou um grupo objetivado, como
o senso comum costuma entender. O pensamento heideggeriano traz a compreensão de
que nascemos já numa rede de relações signiicativas, da qual cada um de nós emerge, de
tal maneira que não há um eu subsistente em si, separado e anterior às relações estabele-
cidas no mundo. O que cada um entende como sendo “si mesmo” é sempre perspectivado
numa trama de sentidos constantemente tecida entre os homens, apresentando conigura-
ções diversas. Portanto, a psicoterapia de grupo não se dirige a cuidar de cada membro do
grupo como uma individualidade apartada, como se fosse uma psicoterapia individual em
conjunto. O foco da psicoterapia jaz no cuidar dos diferentes modos de se relacionar que o
grupo apresenta, uma vez que se pressupõe que o modo de ser que cada membro estabelece
nos grupos do seu cotidiano, também se mostra nas relações que ele estabelece no grupo
psicoterapêutico. Portanto, a atenção do psicoterapeuta se dirige para que esses diversos
modos de ser-com-o-outro se revelem e sejam tematizados no decorrer do processo.
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2. FenoMenoloGIa, TeoRIa e hISTÓRIa
Sumário
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“E a angústia sou eu”, diz Sartre em uma passagem de sua obra O Ser e o Nada, querendo
com isso signiicar a inseparabilidade entre a realidade humana e essa Angústia que
ela experimenta. Para o pensador francês a Angústia se dá como característica fundamen-
tal do homem, característica essa que está estritamente ligada com outro traço ontológico
humano, a liberdade. Contudo, para que se possa entender como se dá essa relação entre
homem, liberdade e Angústia é preciso anteriormente entender como cada um desses con-
ceitos se colocam dentro do pensamento sartreano. Para que se possa entender a fundo essa
relação é necessário empreender uma análise ontofenomenológica da realidade humana, ou
seja, deve-se empreender uma análise fenomenológica com o intuito de radicalizá-la onto-
logicamente. Assim, se faz necessário compreender, em primeiro lugar, como o homem, ou
a consciência, se relaciona com o mundo dos fenômenos, ou Ser Em-si. Ou seja, é preciso
deinir tanto o homem quanto o mundo em sua estrutura mais fundamental e investigar
que ligação eles mantêm entre si. Ver-se-á a partir disso que é por certas condutas humanas
que tal relação pode existir – já que o Ser Em-si é indiferente a qualquer coisa fora de si – e
que uma dessas condutas acaba por desvelar o Nada. Esse Nada, inserido no mundo pelo
homem, acaba por afetar a própria realidade humana: eis o princípio da liberdade. A liber-
dade é justamente esse Nada que se dá no âmago do homem e que acaba separando-o de seu
passado, ou seja, acaba impedindo que para ele haja a possibilidade de uma determinação
causal. É justamente pela captação dessa liberdade intransponível que o homem se apre-
enderá como uma intransponível Angústia. A Angústia não é, para Sartre, uma doença, ou
algo passível de cura, mas um sinal a ser captado, isto é, o sinal fundamental da existência. A
partir disso, além de abordar todo esse caminho, a questão que se coloca neste trabalho é a
seguinte: se há realmente tal inseparabilidade entre homem e Angústia, qual seria o motivo
de que a Angústia seja vista socialmente como algo excepcional, ou até mesmo patológico?
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S artre, ilósofo francês, em seus primeiros estudos, voltou seu pensamento para aspectos
relacionados à psicologia, apresentando ao mundo desta ciência, um novo olhar sobre os
fenômenos “psi”. É neste contexto que Sartre lança severas críticas a Freud, sobretudo no
que diz respeito ao aspecto inconsciente da consciência. Leitor crítico de Husserl, ele se apro-
pria do conceito de intencionalidade e o amplia, elucidando a consciência em dois âmbitos:
o irrelexivo e o relexivo, cada um com suas características peculiares. Desta forma, com a
presença de dois graus em uma única consciência, Sartre pretende desenvolver uma psico-
logia fenomenológica, trazendo para o debate questões sobre a imaginação, a alucinação e
os sonhos. Com o objetivo de compreender o olhar de Sartre sobre o fenômeno do sonho,
desenvolveu-se este trabalho. Primeiramente, busca-se contextualizar o momento histórico
em que o ilósofo surge, com suas principais ideias, expondo um breve histórico de sua vida.
Expõe-se, em um segundo momento, uma breve conceituação dos âmbitos da consciência,
explicitando e diferenciando os dois graus estabelecidos pelo ilósofo. E, por im, debruça-se
sobre o entendimento do fenômeno sonho sob o olhar sartriano. Sonhar, segundo ele, é um
ato de imaginação, que se expressa através de uma história interessante, vivida como uma
icção que fascina o seu criador. A consciência, no momento onírico, está enlaçada a esta
icção, sendo impossível sair dela. Todos os seus esforços voltam-se a produzir o imaginário
e ela se determina a transformar em imaginário, tudo quanto apreende. O sonho é, assim,
uma odisseia de uma consciência voltada para si, constituindo um mundo irreal. É uma
experiência privilegiada que pode nos ajudar a conceber o que seria uma consciência que
perdeu o seu “estar-no-mundo” e que encontra-se privada da categoria do real. Para poder
explanar sobre o assunto buscou-se na mais variada bibliograia possível, o entendimento
de Sartre sobre este fenômeno, como artigos, livros, dissertações e produções online, que
serão descritos neste levantamento bibliográico.
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O presente trabalho pretende, por meio de uma revisão de literatura, fazer uma análise
preliminar do conceito de initude na obra de Martin Heidegger, tendo como referência
os diferentes modos de apropriação dessa experiência na contemporaneidade. Considera-
mos que, apesar da initude ser constitutiva da existência humana, intriga o homem desde os
tempos antigos, provavelmente desde o início da humanidade em sua concepção. Diversos
ritos e linguagens religiosas, empreitadas ilosóicas, performances artísticas e empreendi-
mentos cientíicos, até hoje, interessam-se em compreender e, até mesmo,superar a morte.
Com base no pensamento de Martin Heidegger e de sua ontologia fundamental, evidencia-
-se o privilégio do homem em relação aos outros entes do mundo, em sua dimensão humana
que se encontra lançada no mundo de possibilidades, deparando-se com sua condição de
initude e de ser-para-morte. Tal condição não se mostra como um destino niilista e sem
sentido, mas, exatamente pelo contrário, como uma situação eminentemente humana que
possibilitao desvelar de sentidos mais próprios na vida. Trata-se de observar que a initude
do ser humano não consiste, segundo Heidegger, em uma abstração, mas em sua condição
estrutural. No entanto, desde a modernidade, com o apogeu do crescimento técnico-cien-
tíico, o homem alimenta sua crença em tornar a natureza e, sobretudo, o próprio homem
objeto de intervenção, manipulação e explicação para si, empregando formas resolutas e
cada vez mais soisticadas de evitação da initude. Assistimos, acentuadamente, um pro-
cesso recorrente de encobrimento dessa condição de initude. Na contemporaneidade, tal
encobrimento, implica, por vezes, numa negação dessa condição festejando com euforia
cada novo avanço da medicina ou da indústria farmacológica. Faz-se necessário,portanto,
problematizar a initude não como experiência negativa que precisa ser evitada, mas sim,
como condição inerente da existência que possibilita processos de tematização e singulari-
zação do nosso projeto existencial.
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H usserl assinala que a Psicologia faz parte das mais antigas estratégias humanas de se
investigar o conhecimento com pretensão de verdade, tais como a lógica, a ética, a
metafísica. Tanto as ciências da natureza quanto as psicológicas caminharam em paralelo
na tentativa de se constituírem enquanto conhecimento de rigor sobre fundamento racio-
nal. Toda uma trajetória de reformulação metodológica dos caminhos de investigação e
pesquisa da psicologia foi iniciada, de modo a garantir-lhe o mesmo formato exitoso, “aí
se constituindo uma ciência explicativa exata repousada sobre leis elementares”. Grande
parte da impossibilidade de superação das diiculdades enfrentadas ao lorescimento da
psicologia como ciência foi devida à camulagem de limites nutridos até nossos dias. Impos-
sibilitada de resistir aos encantos naturalistas e à necessidade de imitação de seu modelo, a
psicologia demorou a perceber que a perfeita adequação ao método encontrado na fórmula
assumida pela ciência da natureza não lhe era absolutamente aplicável. Constituiu-se, com
relativo êxito, uma psicologia experimental, psico-física, isiológica e conseguiu uma repu-
tação internacional. Iniciaram, entretanto, as críticas voltadas sobretudo ao argumento de
que essa psicologia se mantinha cega à essência especíica da vida psíquica. O primeiro
ataque à psicologia naturalista mais consistente de fato foi aquele produzido por Dilthey,
denunciando-a como não competente para uma fundação exata das ciências do espírito. Em
qual medida sua pretensão de ser a ciência teórica fundamental em vista da explicação da
espiritualidade concreta era justiicada? Faltava uma psicologia descritiva e analítica, em
contraposição direta ao experimentalismo reinante. Como poderiam os fenômenos da alma
se submeterem a um método comprovadamente adequado aos fenômenos físicos, como se
as questões da psique estivessem sujeitos a um encadeamento causal? Enquanto que para a
ciência da natureza esse método tem sentido e necessidade, para a psicóloga e as ciências do
espírito cujos fenômenos investigados se dão no âmbito espiritual, em que nossa referência
se volta necessariamente para um vivido, não encontra ela aqui um objeto passível de sub-
missão a sua metodologia. Numa fórmula concisa, a explicação das ciências da natureza se
opõe à compreensão das ciências do espírito. Tomado por essa falta e equívocos epistemo-
lógico, Husserl reivindica a necessidade de uma psicologia fenomenológica.
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E sta comunicação faz parte do plano de trabalho vinculado ao projeto de iniciação cientí-
ica PIBIC 2014-2015: Dos atores aos atos, dos atos aos atores: mapeamento e construção
da história do movimento Fenomenológico-existencial no Estado do Maranhão. Destaca-se
a crítica epistemológica e o apego da Psicologia e outras áreas do conhecimento à ênfase
naturalista e ao método cientíico experimental para estudar o homem. Discutem-se aspec-
tos gerais da História da Fenomenologia desde a expatriação de cultores do movimento
pelo avanço do nazismo na Alemanha e na Europa. Ressalta-se a inluência em vários pen-
sadores que deram continuidade, crítica ou ampliaram o legado husserliano, somando-se
às ilosoias da existência. No Brasil, o conhecimento da obra de Husserl data-se da década
de 30, no entanto, a difusão mais ampla se dá após a 2ª Guerra Mundial. Destaca-se que
não foram encontrados registros do movimento no Estado do Maranhão e, isso por si só,
justiica a existência deste trabalho, levando em consideração proporcionar as instituições
de ensino superior e toda a comunidade acadêmica o contato com a produção de pesquisas
na área da Fenomenologia e Filosoia da existência. Para tecer a historiograia da Fenome-
nologia no Maranhão foram usadas a atitude e o método fenomenológico e pesquisa em
meio virtual, bibliográico e documental. A investigação mobilizou-se em conhecer os atores
que compõem e estruturam o movimento fenomenológico no Estado do Maranhão e seus
antecedentes. Os resultados iniciais são os seguintes: evidencia-se a realização de evento na
Universidade Federal do Maranhão desde 2011 que se tornou referência para o movimento
no Estado e com reconhecimento nacional. Antes disso localizaram-se ações isoladas, pela
ministração de disciplinas, artigos e apresentações de trabalhos, que datam de 1995 até o
presente, compondo o corte temporal da pesquisa. Foram localizados os trabalhos de pro-
issionais de outras áreas, a saber: Filosoia, Geograia, Letras e Educação Física.
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o CUIdado na FenoMenoloGIa:
oS CaMInhoS TRIlhadoS PoR heIdeGGeR e GadaMeR
O presente trabalho surgiu a partir do mestrado das autoras. Nesse sentido, buscamos
discutir o modo do cuidado a partir da ilosoia de Martin Heidegger e de Hans-Georg
Gadamer, traçando as divergências e aproximações entre os dois autores. Com isso, traze-
mos que somos todos seres de cuidado, já que o ser emerge a partir do cuidado e icará sob
seus cuidados enquanto viver, caminhará junto com ele nas experiências da vida, na sua
dinâmica relação com o outro e com o mundo, ou, ser-no-mundo-com-o-outro. De maneira
geral, cuidado remete a vínculo, ação e sentimento, e, na área da saúde, remete à prática
de humanização, que busca romper com cisão entre técnica e afetividade, trazendo a preo-
cupação com o outro, sendo, portanto, uma atitude do ser no seu viver e na rede de tramas
relacionais que se dá sua existência. Para Heidegger, todas as relações do ser são permea-
das pelo cuidado, sejam elas com entes, outros seres e com o mundo. E, em sua existência,
marcada pela sua essência ontológica da liberdade, logo, o devir e a incompletude do ser,
o ser (Dasein) alterna entre o desvelamento e a abertura, se fecha e se revela, caindo na
autenticidade e inautenticidade da trama de seu existir. O que leva a esse movimento é a
angústia, que revela ao ser a possibilidade de singularizar-se e poder-ser; mas esteja ele em
um modo autêntico ou inautêntico, suas relações sempre serão mediadas pelo cuidado, são
relações de cuidado. Gadamer nos traz que vivemos uma relação dialética com todos ao
nosso redor, que, a partir do encontro, leva a uma fusão de horizontes e, assim, o cuidado
está relacionado a um estado de equilíbrio que é inluenciado por todas as experiências do
ser e tudo aquilo que está ao seu redor. Assim, é na relação compartilhada que se dá o cui-
dado e a busca ao equilíbrio, que permite, também, a fusão de horizontes e a compreensão
do ser. Sendo assim, ambos os autores trilham um caminho que nos aponta para o fato da
relação do ser com os outros, consigo e com o mundo ao seu redor ser algo primordial para
a emergência do cuidado, demonstrando, dessa forma, que cuidado está ligado à existência
e seu desenrolar, sendo isto, partilhado com os outros e é nessa construção que o ele (cui-
dado) emerge.
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N este trabalho, nos propomos a analisar e discutir a interpretação dada por Merleau-
-Ponty à temática da diferença entre os comportamentos animais e humanos. Este
recorte embasa-se especiicamente em sua primeira obra, A Estrutura do Comportamento,
na qual o ilósofo aborda o problema da experiência perceptiva aliando-se a uma perspec-
tiva estruturalista. Tal problematização formula-se mediante a questão das relações entre
consciência e natureza, cujo dualismo fora intensiicado pelo realismo psicoisiológico ao
admitir uma noção estritamente causal de comportamento. O conceito de estrutura abala
o substancialismo presente nas abordagens causais, porquanto estabelece que a percep-
ção, e logo o comportamento, já expressam, para o organismo que age, relações dotadas de
sentido. Deste modo, o animal desprende-se da máxima cartesiana, que o concebia como
um ser mecânico, cujo automatismo seria a única fonte de relação com o mundo. Merleau-
-Ponty sinaliza que, ao longo da escala zoológica, os comportamentos apresentam graus de
integração diversos, seja do ponto de vista da superação instintiva, ou da perspectiva de um
alargamento das relações espaço-temporais. A deinição da subjetividade animal a partir da
originalidade de suas formas de ser no mundo, que subscrevem interações mais complexas
do que as deinidas pela teoria do estímulo-resposta (Pavlov), torna possível a Merleau-
-Ponty repensar o humano segundo uma perspectiva arqueológica, pela qual se pode inter-
rogar a especiicidade do fenômeno humano sem renegar o fundo vital de seu passado ani-
mal. Neste sentido, o pressuposto de que o comportamento animal apresenta uma intencio-
nalidade prática, ligada a questões funcionais de relação com o meio, leva Merleau-Ponty a
reformular a consciência humana como enraizamento pré-relexivo. A consciência naturada
simboliza o retorno a um campo de sentidos prévio à objetivação da intencionalidade pelas
vias da razão. Esta compreensão do horizonte vital que permeia a consciência igura como
a possibilidade de apontar para aquilo que é singular do humano. Para Merleau-Ponty, a
percepção humana instala-se – desde o princípio – em mundo cultural, cujo sentido do per-
cebido é aberto por uma temporalidade que se estende em relação aos perceptos animais.
A partir destas relexões, viabiliza-se a descrição de uma vida propriamente humana, que
rompe com sua animalidade, e inaugura uma nova estrutura de comportamento.
Trabalhos 161
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E ste trabalho tem o objetivo de apresentar uma discussão acerca dos conceitos de norma,
saúde e doença na perspectiva de Kurt Goldstein, autor cujas ideias inluenciaram o pen-
samento de personalidades, a exemplo de Maurice Merleau-Ponty eGeorges Canguilhem,
contribuíram para o desenvolvimento da Fenomenologia e foram um dos fundamentos das
abordagens psicológicas denominadas Gestalt-terapia e Abordagem Centrada na Pessoa.
Será realizada uma análise da obra “TheOrganism”, que, conforme Goldstein anuncia já no
prefácio, consiste principalmente na descrição detalhada do método organísmico proposto
por ele para pesquisas biológicas como um meio que possibilita a compreensão do com-
portamento de seres vivos normais e patológicos. Além disso, nessa obra, o autor realiza
relexões teóricas sobre o funcionamento do organismo, o qual ele compreende enquanto
uma unidade em relação com o meio em que vive. Segundo ele, em oposição às concepções
de norma como um ideal ou como um desvio da média, uma de suas intenções é chegar a um
conceito de norma que seja capaz de compreender fatos concretos e esteja vinculado à com-
preensão do indivíduo como uma totalidade.Ele inicia essa discussão a partir dos conceitos
de saúde e doença, sendo que desconsidera a ideia de que doença é algo que recai sobre o
paciente, pois para ele o adoecimento se trata de uma mudança no organismo. Dessa forma,
seu interesse está mais voltado para o problema de estar doente e menos para o da doença.
Ele airma que o estar doente é experienciado pelo paciente e pelo médico ao se apresentar
como uma mudança qualitativa na atitude do indivíduo com relação ao ambiente, uma per-
turbação no curso dos processos da vida, que resulta em tipos de reação que são catastró-
icas. Portanto, um desvio da norma se torna uma doença apenas quando carrega consigo
deiciência, choque e perigo para o organismo como um todo. Essa ameaça não signiica
apenas risco de morte, mas colocar em perigo a atualização das potencialidades de perfor-
mance que são essenciais ao organismo. Já a saúde é deinida pela manifestação da vida de
um indivíduo em que organismo e meio estão ajustados. Uma vez que a determinação da
doença pode ser realizada apenas quando o ajustamento do organismo com o ambiente não
ocorre de forma ordenada, ela se dá por meio de uma norma do indivíduo. Logo, a doença
só pode ser determinada por meio de uma norma individual, para a qual o indivíduo é a
medida de sua normalidade.
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O presente estudo tem como objetivo discorrer sobre a psicologia fenomenológica da dor,
elaborada e desenvolvida por Frederick J. J. Buytendijk (1887-1974) em sua obra “A
Dor” (ÜberdenSchmerz), obra que foi publicada no ano de 1948. Buytendijk foi um concei-
tuado biólogo holandês, médico de formação acadêmica, mas que não restringiu suas pes-
quisas às ciências naturais convencionais, ao contrário, procurou ir além, encaminhando-as,
por exemplo, para a área da Psicologia, Fenomenologia e Antropologia Filosóica. Desde o
início de seus estudos e pesquisas, manteve interesse pela Psicologia animal, porém reco-
nhecendo nessa um limite naturalista dessa ciência. Dessa crítica, Buytendijk buscou outra
metodologia que ampliasse seu horizonte em suas pesquisas, deparando-se assim com a
Fenomenologia Transcendental de Edmund Husserl (1859-1938). A partir desse momento,
pode-se dizer que Buytendijk começou a rejeitar a ciência empírico-experimental na psico-
logia como único método válido nas pesquisas que tinham como objetivo o conhecimento
da existência humana e, passou a conceber a Fenomenologia como um método mais eicaz e
coerente, ou o único possível para a compreensão da vida psíquica. Ainda, Buytendijk moti-
vado pela “nova psicologia” de Husserl, ou seja, a “Psicologia Fenomenológica” compôs seus
novos trabalhos, já de caráter fenomenológico. Dentre as análises psicológico-fenomenoló-
gicas se encontra a analise da dor, obra essa que problematizou esta questão no âmbito da
sensação, do sentimento, ou sentimento sensorial. A dor, segundo Buytendijk (1958/1948),
está no centro de uma investigação do caráter essencial das impressões sensoriais e dos
sentimentos. Assim, torna-se necessário compreender o sentimento da dor, já que a sen-
sação se desenvolve em uma esfera neutra da consciência. O sentimento tem uma relação
direta com a atitude pessoal e é o que impulsiona a decisões involuntárias, por isso todas as
tentativas de deinir psicologicamente a dor devem estar em estreita conexão com a teoria
da vida sentimental e não só nas sensações. Nesse sentido, para o autor, a essência e o sen-
tido da dor só podem ser investigados a fundo “a partir e na vida humana”, fundamentada
por uma consideração da existência dos homens, ou seja, por uma antropologia ilosóica,
porque somente dessa maneira é possível penetrar na índole essencial e na signiicação do
fenômeno.
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O estudo compara duas possíveis compreensões sobre a constituição do real nas Medi-
tações Cartesianas de Husserl. Para o ilósofo alemão, nessa obra, a fenomenologia
demonstra que a comunidade monadológica formada pelas diversas consciências consti-
tuem o mundo. Entretanto, uma vertente dos críticos de Husserl interpreta que fenomeno-
logia e ontologia estão separadas e tem funções diferentes: a fenomenologia deve estudar
o mundo transcendental, enquanto que a ontologia deve dedicar-se, ao lado das ciências
dogmáticas, ao estudo das coisas como são. Por outro lado, grande parte dos intérpretes
de Husserl, ao contrário, relacionam ontologia e fenomenologia, defendendo que a feno-
menologia é uma forma de ontologia universal que trata do ser das coisas como aquilo que
aparece e é constituído pela consciência. Propomos como questão reletir, portanto, como
pensar a constituição nas Meditações Cartesianas. Devemos entendê-la como a constituição
de um mundo transcendente construído pela consciência e distinto do mundo natural estu-
dado pela ontologia e ciências ou, de outro modo, deinir que a comunidade monadológica
constitui o mundo uno e único no qual vivemos? A corrente interpretativa que defende a
ontologia e as ciências como voltadas para os objetos puros e simples e a fenomenologia
como descritiva de um mundo transcendente possui como consequência a diiculdade de
utilizar-se da mesma para pensar a realidade; a fenomenologia voltar-se-ia para investi-
gações de um universo transcendental, tornando-se inútil para o estudo da realidade con-
creta. Negando essa interpretação, defendemos, subsidiados pelas Meditações Cartesianas,
a posição crítica que deine a fenomenologia como uma ontologia universal que estuda o
ser do real constituído pela comunidade monadológica. Dessa forma, nos mantemos dentro
do projeto matricial husserliano de instituir a ilosoia como fundamento do conhecimento
desenvolvido pela ciência e demonstramos que o idealismo transcendental husserliano pos-
sui como objetivo descrever fenomenologicamente a realidade concreta na qual vivemos.
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
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Pedro Vanni
Adriano Furtado Holanda
Trabalhos 169
3. FenoMenoloGIa, SeXUalIdade e
RelaÇÕeS de GÊneRo
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
C ulturalmente, procriar é entendido como uma situação que o sujeito vivenciará em algum
momento da vida. Descobrir-se incapaz de cumprir com tal destino naturalizado desen-
cadeia sofrimento, frustração e sentimento de impotência. Especiicamente para o homem,
a infertilidade está estreitamente relacionada com perda de masculinidade, com fracasso
em seu papel de macho. Este estudo buscou compreender os impactos que a infertilidade
produz na existência de sete homens inférteis, tanto nos modos de perceber a si mesmo
quanto no papel conjugal, sexual e proissional. A análise do material ocorreu no próprio
processo de construção da pesquisa, compreendendo tanto o material das narrativas como
as afetações da pesquisadora por ocasião do contato com os colaboradores e suas narrati-
vas, por meio da interpretação fenomenológico-hermenêutica. Os resultados apontam que
a possibilidade de haver alguma condição que diiculte sua capacidade reprodutiva ultra-
passa os limites aceitáveis no horizonte cotidiano de sentido que compõe a vida dos partici-
pantes, não sendo reconhecida como uma condição presente no modelo de masculinidade
no qual se reconhecem. Isto leva a um questionamento sobre sua masculinidade, seu papel
dentro da relação conjugal e da própria existência, o que pode auxiliar no redirecionamento
de suas escolhas, resgatando o projeto de ser si-mesmo e possibilitando continuar se reco-
nhecendo como macho. As várias formas como socialmente homens são tratados demons-
tram um tipo de cuidado no qual, ao mesmo tempo em que valoriza o desenvolvimento de
características como virilidade, força e determinação, não permite que eles se aproximem
de sofrimento, poupando-os de situações emocionalmente difíceis, como é o caso do diag-
nóstico de infertilidade. Eles reproduzem essa forma de cuidado protetivo na relação com
as esposas, fazendo o que estiver ao seu alcance para garantir, de alguma forma, que elas
iquem satisfeitas e, através dessas ações, eles permanecem exercendo o papel de provedor
da família, demonstrando capacidade para ampará-las e protegê-las e tendo na reprodução
assistida, ou adoção de uma criança, alternativas viáveis para concretizar o desejo de deixar
um legado e de prover à esposa um ilho. Ao inal, o estudo enseja relexões sobre a neces-
sidade de espaços de acolhimento e escuta aos homens e às suas expressões de sofrimento,
bem como o reconhecimento em sua capacidade de superação das situações dolorosas e
difíceis, sem lhes retirar a masculinidade.
Trabalhos 174
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
aS ConTRa-IdenTIdadeS de GÊneRo
Sob UM olhaR FenoMenolÓGICo
O presente trabalho se propõe a entender relações de gênero à luz dos principais conceitos
da sociologia fenomenológica. O conceito de contra-identidade de gênero é pensado a
partir de Mary Douglas. Tal autora dirá que, em uma variedade de culturas, há forças polui-
doras à própria estrutura das ideias que rompem a ordem simbólica. Assim, a pessoa polui-
dora é vista como aquela que desenvolveu uma condição errada ou simplesmente ultrapas-
sou alguma fronteira que não deveria ter sido ultrapassada, e tal deslocamento representa
perigos para alguém. Judith Butler, maior expoente da teoria queer, muito inluenciada por
Douglas, nos leva a entender que identidades de gênero que quebram com os dispositivos
normalizadores são consideradas perigosas e poluidoras. Por atentarem contra a ordem
simbólica que normaliza e produz o gênero, as contra-identidades desconstroem e desnatu-
ralizam essa ordem, denunciando o ideal regulador como norma e icção que se disfarça de
lei. A partir de tais considerações, introduzo os conceitos trazidos pela sociologia fenome-
nológica de Alfred Schutz, Peter Berger e Thomas Luckmann. Para tais autores, a possibi-
lidade de se experenciar um mesmo objeto de forma divergente faz com que haja múltiplas
realidades possíveis. No entanto, há uma realidade preponderante da vida cotidiana, que
apesar de ser socialmente construída, é tomada pelo senso comum como suposição indubi-
tável e como a única possível. Schutz vai dizer que a experiência não questiona a realidade
cotidiana do senso comum, mas qualquer subuniverso assumido como verdadeiro. Ao apli-
car o método fenomenológico aos estudos de gênero, temos uma percepção mais clara a
cerca dos espaços de exclusão que são reservados para aquelas contra-identidades que não
seguem as tipiicações produzidas pela realidade preponderante da vida cotidiana. Sendo
uma construção social, a lógica binária de gênero pode ser entendida como aquela que foi
produzida pelo senso comum e transformada em uma suposição indubitável. Através de um
exaustivo estudo teórico, o objetivo da presente pesquisa é entender as contra-identidades
de gênero a partir de uma volta ao entendimento de pureza e perigo de Douglas, aos prin-
cipais estudos de Butler sobre performatividade de gênero, às considerações de Edmund
Husserl sobre intersubjetividade, de Schutz, Berger e Luckmann sobre a fenomenologia e,
por im, aos escritos de Clifford Geertz sobre o senso comum.
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Sara Campagnaro
Rodrigo Freese Gonzatto
N este artigo buscamos auxiliar na relexão sobre a construção das identidades amoro-
sas de mulheres, mediante a análise da questão do amor em grupos shippers. A par-
tir de uma perspectiva fenomenológico-existencial, elencamos elementos que evidenciem
a importância da relexão crítica sobre relacionamentos amorosos, seu impacto na vida
da mulher contemporânea, e contribuir no debate entre amor e gênero. Vivemos em uma
sociedade patriarcal onde as relações entre homens e mulheres são desiguais. Os grupos
“shippers” (termo derivado de “relationship”) são formados em sua maioria por mulheres,
fãs de estórias narradas em seriados, ilmes e livros, e que tem como característica a expec-
tativa que dois personagens constituam um relacionamento amoroso. A autodenominação
como “shippers” surgiu da união de mulheres defendendo a possibilidade de romance entre
dois protagonistas da série norte-americana “Arquivo X”. As shippers se identiicavam com
a personagem “Scully”, mulher com uma carreira de prestígio, racional e independente, e
gostariam de ver essa personagem bem sucedida também no amor. A antropóloga e autora
feminista Marcela Lagarde, a partir das relexões de Jean-Paul Sartre e de Simone de Beau-
voir, evidencia a importância da criação de novas formas de se relacionar amorosamente.
Pensando na crítica ao amor romântico de Sartre e em questões de gênero, a mulher con-
temporânea pode buscar novas formas de amar, para além do viés tradicional. Grupos de
mulheres são espaços de construção de identidades amorosas e as shippers se utilizam de
fóruns, blogs e redes sociais para discutirem sobre os relacionamentos que apoiam e suas
próprias histórias. A formação destes grupos auxilia as mulheres a verem o amor como
uma construção, um projeto, como propõe Sartre, em oposição ao amor romântico, o que
permite compreender as questões entre liberdade e amor, contribuindo para a relexão de
outras formas de amar. Mesmo estando em uma sociedade patriarcal, acreditamos que as
mulheres podem criar novas maneiras de se relacionarem, buscando de fato um espaço
de liberdade. Este artigo busca trazer as contribuições dos estudos de gênero, a partir de
uma leitura feminista e existencialista, acreditando que as mulheres reunidas em espaços
criados por elas podem reinventar as formas como vivenciam o amor, e grupos shippers
podem ser lugares propícios para mulheres exporem e transformarem seus ideais e vivên-
cias amorosas.
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O presente trabalho tem por objetivo pensar a questão da identidade de gênero a partir
da liberdade atrelada as nuances de ter, fazer e ser conforme o exposto na quarta parte
da obra ‘O ser e o nada’ de Jean-Paul Sartre. Utilizou-se do método qualitativo da revisão
integrativa, dividida em dois momentos diferentes, ambas desenvolvidos em tais etapas:
deinição da pergunta norteadora; busca de artigos; seleção de artigos; análise e discus-
são dos dados coletados e; por im a apresentação dos resultados no processo da revisão.
Buscou-se a compreensão da questão do gênero através da produção cientiica publicado
entre o período de 2009 a 2014 na língua portuguesa na base de dados nacional SCIELO.
Utilizando-se do cruzamento das Palavras-chave: gênero, sexualidade e psicologia. Para a
compressão do conceito de liberdade na ontologia sartreana repetiu-se o processo com os
mesmos critérios nos indexadores SCIELO, LILACS e PEPSIC, utilizando-se do cruzamento
das Palavras-chave: Fenomenologia, Liberdade e Sartre em todas as suas combinações pos-
síveis. Como resultado 28 artigos foram selecionados para o processo de análise e discus-
são. Para o complemento deste processo buscou-se a discussão a partir da compreensão
dos artigos selecionados através da quarta parte da principal obra de Sartre. Nos estudos
acerca do tema há prevalência da compreensão da identidade de gênero como um fenô-
meno psíquico privilegiado, pois é tido como núcleo incapaz de modiicação ao longo da
vida psíquica de cada indivíduo. Para reletir sobre a sexualidade devemos reletir sobre a
própria natureza humana, sobre a condição que nos torna humanos. Ressigniicando a fala
de Sartre “Meu ‘sexo’ é livre e manifesta minha liberdade”. Ter, fazer e ser são condições que
permitem entender a ação humana enquanto expressão desta liberdade incondicional. Para
Sartre a liberdade não é uma característica. O homem é liberdade e esta é condição para
ação. A ação revela-se como intencional no projeto de ser em-si-para-si. Assim, a liberdade
desvela-se em sentidos que são possíveis a partir do móbil que permeia a ação-escolha de
acordo com o projeto que nos faz ser aquilo que, por exercício desta liberdade, nos torna-
mos. A sexualidade quanto expressão da liberdade não deve ser entendida apenas como ato
de escolher, no sentido de deliberação. É preciso pensar a sexualidade para além do ato, de
forma a implicar uma compreensão mais aberta de todas as nuances imbricadas no exercí-
cio da liberdade do ser.
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E ste estudo tematiza a questão da violência de gênero e sua relação com a escuta de vozes,
a qual é considerada pela psiquiatria tradicional como sendo um sintoma de transtorno/
doença mental. Procurou-se reletir sobre essa questão a partir de relatos de mulheres que
frequentam um grupo de ouvidores de vozes, de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
do Distrito Federal, destinado ao cuidado de pessoas em sofrimento psíquico grave. O tra-
tamento vinha sendo realizado conforme os parâmetros da lógica biomédica moderna, com
prescrição de medicamentos para que as vozes não fossem mais ouvidas. Este procedimento
acabou não tendo sucesso e fez com estas mulheres viessem a sentir os efeitos colaterais dos
remédios, limitando-as ainda mais em seus modos de existir, e sem espaço para falar sobre
situações que podem ter contribuído para que elas passassem a ter os sintomas. Diante desse
problema, procurou-se disponibilizar um espaço em grupo de troca de experiências sobre a
audição de vozes, possibilitando que elas trouxessem vivências de violência, para qualiicar
a produção sintomática na relação com seu mundo vivido. O objetivo do grupo é possibi-
litar uma compreensão da experiência de audição de vozes. Este estudo se justiica pela
necessidade de problematizar situações de violência contra mulheres que são adoecedoras
– considerando-se que limitam as possibilidades existenciais - favorecendo o surgimento de
experiências de sofrimento psíquico grave e de crise. Além disso, consideramos que formas
de cuidado que desconsiderem esse tipo de violência acabam por se constituírem também
como violentas, porém invisibilizadas pelos modos normativos construídos pelo horizonte
biomédico moderno ocidental. Foram analisados discursos de três mulheres que escutam
vozes e frequentam o referido grupo, utilizando-se o método fenomenológico-hermenêu-
tico. Como resultados parciais, consideramos que o espaço disponibilizado para que sejam
relatadas experiências de audição de vozes tem proporcionado uma maior abertura para
que as mulheres consigam compartilhar situações de violência vividas, com suporte mútuo
e construção de uma pequena rede, fazendo com que consigam compreender aos poucos
os sentidos das vozes e dos processos que podem ter contribuído para o sofrimento grave.
Trabalhos 178
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E ste trabalho é fruto de projeto de dissertação que estuda a entrega de ilho em adoção;
tema permeado por preconcepções sobre as genitoras, tidas como desalmadas. Histori-
camente, a entrega de crianças sempre existiu e foi tolerada, mas com mudança na concep-
ção de família e infância, a partir do século XV, aproximação entre pais e ilhos, inluência
de dogmas religiosos e construção do mito da boa mãe, no século XVIII, instaurou-se o
amor pelo ilho como natural às mulheres, tornando o abandono condenável. Atualmente a
concepção de família e de mulher mudou, mas a maternidade continua reforçada como ideal
feminino. Pretende-se compreender a vivência de mulheres que entregam o ilho em ado-
ção, investigando suas motivações; existência de relação entre a entrega e suas histórias de
vida; suas concepções de ser mulher e ser mãe; repercussões da entrega em suas vidas. Esse
estudo é qualitativo e para análise das narrativas recorremos à Hermenêutica Gadameriana
que tem como tarefa descobrir sentidos das ações humanas através do discurso. Utilizamos
Entrevista em Profundidade com uso de Cenas Projetivas como instrumento. As colabora-
doras são mulheres que entregaram ilho em adoção em duas instituições em Natal. Com
inserção no campo identiicamos como eixos temáticos: Motivações: entre diiculdades do
presente e desejos do futuro, que traz o contexto social e falta de condição inanceira como
relevantes à decisão de entrega, assim como anseios de futuro melhor para o ilho, que elas
não poderiam propiciar, ainda que isso não exclua o sofrimento pela entrega; Invisível dis-
tinção que carrega afeto e o não lugar da dor, no qual elas diferenciam abandono e entrega,
demonstram diiculdade na expressão da dor e fuga dos sentimentos que a entrega gerou,
apontando para luto não reconhecido e inautenticidade que vivem; Depois da entrega: o
consolo e fantasia do reencontro, onde percebemos que ter outro ilho foi importante, ser-
vindo de conforto em relação às dores provocadas pela entrega, assim como esperança de
reencontro com o ilho no futuro, ajudando no enfrentamento à dor; e Padecendo diante
do ser mulher e do ideal da boa mãe, no qual percebemos a distinção que elas fazem entre
má e boa mãe, e como suas concepções de ser mulher e mãe estão ligadas às suas vivências.
Espera-se dar luz ao tema, possibilitando relexões aos estereótipos em torno das genitoras,
contribuindo à assistência a elas, sendo relevante para proissionais e para ampliação do
saber em Psicologia.
Trabalhos 179
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O presente trabalho objetiva-se a reletir sobre a violência contra a mulher a partir das
perspectivas de Merleau-Ponty e Martin Buber. A literatura cientíica aponta o cres-
cente número de situações de violência física, sexual, psicológica, doméstica e no ambiente
de trabalho contra a mulher. Uma das causas pode serem decorrência dela ocupar, ao longo
da história, um lugar de menor destaque do que os homens devido ao patriarcalismo.Deste
modo, a violência é uma relação discriminatória e um fenômeno complexo, causado por
inúmeros fatores, que afeta as vítimas, suas famílias e a sociedade de um modo geral; além
disso é um evento traumático que causa sofrimento e afeta o corpo em sua totalidade, sendo
deste modo, uma questão de saúdo pública. A metodologia utilizada será de relexão teó-
rica sobre a temática da violência a partir da fenomenologia. Para Merleau-Ponty o homem
éum ser-no-mundo, isto é, possui um corpo inserido num mundo que serve como horizonte
para as experiências e relações que o indivíduo estabelece no mundo, e através deste corpo
atribui sentido aos objetos do mundo; deste modo, a mulher como ser-no-mundo possui
determinadas percepções, as quais se transformam quando a mulher sofre violência. Do
mesmo modo, para Buber o homem está em uma relação dialética Eu-mundo, a qual pode
ser uma relação Eu-Tu ou uma relaçãoEu-Isso; ambas as formas de relação alternam-se
constantemente no modo de ser do homem conforme a forma de relacionamento estabe-
lecida, embora Eu-Isso não seja a mesma coisa de Eu-Tu, visto que na primeira há uma
relação de objetiicação, de utilidade, enquanto na segunda a pessoa estabelece uma relação
de presentiicação com o outro, seja um ser humano ou um objeto, devendo ser esta a rela-
ção predominante. Frente a isto, na violência doméstica, há uma relação Eu-Isso, na qual a
mulher é vista como um objeto de pertença do marido, sendo deste modo, desprezada sua
singularidadee sua humanidade. Como forma de superaçãodeste problema é necessário o
trabalho rigoroso de combate à violência, com a elaboração de políticas públicas e a edu-
cação da população para a mudança de comportamentos em relação a discriminação de
gênero; também há a necessidade do reconhecimento dos direitos das mulheres e do empo-
deramento da mulher para que adquira controle e domínio de sua vida, além de espaços de
relexões que fortaleçam as mulheres e as ajudem a estabelecerem relações mais saudáveis.
Trabalhos 182
4. FenoMenoloGIa naS
InSTITUIÇÕeS PÚblICaS
Sumário
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P retendemos aqui apresentar a experiência de uma pesquisa-ação que vem sendo reali-
zada em uma escola pública do estado de São Paulo. A violência, as práticas autoritárias
e a punição têm sido o modo predominante de resolução de conlitos nas escolas, além de
constituírem o modo já naturalizado de enfrentá-los. Assim, nossa pesquisa se propôs a
realizar práticas dialógicas e democráticas no cotidiano escolar visando introduzir ações
inovadoras neste contexto. As atividades realizadas foram as “assembleias de classe” e as
“oicinas lúdicas psicoeducativas”. A proposta que se desdobrou como questão central foi,
por meio do referencial fenomenológico, reletir sobre a repercussão destas práticas nas
atitudes dos alunos e seus professores, bem como os sentidos que se desvelam para eles
destas atividades. A pesquisa consistiu em quatro subprojetos, porém aqui iremos nos deter
em dois deles, os quais visavam introduzir e investigar as atividades lúdicas psicoeducativas
realizadas, bem como conhecer o ponto de vista do professor e de uma criança participante
do projeto. Iniciamos as “oicinas lúdicas psicoedutivas”, denominação que atribuímos
para estas atividades, pois visavam a expressão de sentimentos, resolução de conlitos e
a construção de valores éticos, sempre por meio de atividades lúdicas e/ou que envolviam
recursos expressivos artísticos. Dentre os diversos apontamentos considerados importan-
tes, destacamos que essa práticas visavam reintroduzir o lúdico e a imaginação no contexto
escolar, valorizá-los e favorecer a linguagem poética como forma de expressão humana. O
espaço oferecido possibilitou às crianças vivenciar novas formas de ser no contexto escolar,
podendo recorrer ao brincar e à imaginação como forma de expressão e resolução de con-
litos. Os recursos lúdicos e artísticos favoreceram um novo modo de estar com os outros,
iniciaram a desconstrução de uma corporeidade enrijecida, trouxeram a possibilidade de
expressão de sentimentos e favoreceram o desenvolvimento de valores universais de coo-
peração, solidariedade, empatia, dentre outros valores que contribuem signiicativamente
para uma cultura de paz.
Trabalhos 187
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E ste trabalho tem como objetivo problematizar a situação atual do sistema prisional e
apresentar as possibilidades do exercício da Psicologia Existencialista, a partir de uma
experiência de estágio bem sucedida. As instituições penais fazem parte do arcabouço his-
tórico da sociedade, sempre estiveram presentes, em diferentes formas de organização, mas
com o objetivo principal de separar da sociedade aqueles que inligiram determinada lei.
A prisão age criando uma barreira divisória entre o eu do sentenciado e o mundo externo,
para que o mesmo olvide seu modo de ser. Ao cruzar os portões desses locais e escutar o
som do fechamento das grades e trancas, sente-se dolorosamente o aprisionamento de si
mesmo, pensamentos e emoções passam a ser coibidas. Espera-se que um novo ser, digno e
apto a conviver em sociedade esteja formado quando indado o período da pena. Essa refor-
mulação existencial é baseada na mortiicação subjetiva do ser humano e no cerceamento
das possibilidades, utilizando como artimanha as armas da segregação e exclusão. Mas,
destacamos que a falta de perspectiva e de realização pessoal pode acarretar perdas irrecu-
peráveis e manter o sujeito mesmo que em liberdade, preso em seu próprio vazio, padecido
pela falta de subjetividade. Diante dessa questão social e observando a necessidade de um
trabalho que pudesse redimensionar o espaço em que o sentenciado está inserido, foi elabo-
rado um projeto de intervenção aplicado na Penitenciária Estadual de Ponta Grossa. Foram
realizados encontros semanais e foram participantes os encarcerados do regime semia-
berto. Estimular a relexão sobre o sentido da vida despontou como um aspecto essencial,
para que acontecesse uma movimentação, mesmo que morosa e silenciosa do ser em busca
de si mesmo, de seus desejos. As estagiárias como facilitadoras proporcionaram encontros
relexivos, para que os sentenciados utilizassem esses momentos para repensar o passado,
que já não pode mais ser alterado, entretanto, pode ser visto com todas as faltas e dissa-
bores, observando o sofrimento como oportunidade de modiicar-se. Foram realizados de
cinco a sete encontros com cada grupo, apesar do tempo escasso, pudemos acompanhar o
desenvolvimento dos participantes e mudanças frente à própria vida, afetos foram tocados
e ressigniicados. Os discursos sobre a liberdade, escolha, conseqüências eram mais presen-
tes, assim como a responsabilidade de ser autor da própria história.
Trabalhos 188
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a ConCePÇÃo SaRTReana de
SUJeITo e o CUIdado noS CaPS ad
E ste trabalho é uma relexão sobre experiência proissional em uma instituição pública,
a partir dos estudos no Mestrado Proissional em Saúde Mental e Atenção Psicosso-
cial da UFSC. É, portanto, parte do processo de construção da dissertação “Narrativas de
Usuários de Crack: O dizer sobre si e o mundo através do audiovisual”, que se encontra em
fase inal de desenvolvimento, sob orientação da Profa. Dra. Daniela Ribeiro Schneider.
Transcorridos pouco mais de 10 anos desde a Lei 10.216, um dos principais desaios nas
Políticas Públicas hoje é o de consolidar e aprimorar os dispositivos criados após a Reforma
Psiquiátrica, principalmente no que tange à Atenção Psicossocial à pessoa com transtornos
relacionados ao uso abusivo de substâncias psicoativas. Sendo assim, este trabalho traz con-
tribuições da Psicologia fenomenológico-existencial para a compreensão dos processos de
constituição do sujeito e suas implicações no fenômeno do consumo de álcool/outras dro-
gas. Para isto, parte-se da experiência de trabalho no CAPS AD Centra-Rio (Rio de Janeiro),
unidade em que se veriica a coexistência de diversas concepções do fenômeno e de sujeito:
1) modelo moral, sujeito como alguém que tem falha de caráter; 2) modelo biomédico,
sujeito refém dos efeitos bioquímicos da substância, que precisa apenas receber interven-
ções medicamentosas, 3) modelo da atenção psicossocial, sujeito com processos psíquicos
multifatoriais, que precisa de intervenções em níveis micro e macrossociais. Atualmente, o
terceiro modelo é o preconizado pela Política Nacional de Saúde Mental, que defende que os
tratamentos de cunho exclusivamente moral/religioso ou medicamentoso não são eicazes,
por não dar espaço para a singularidade dos sujeitos. Aproxima-se, portanto, da concepção
de sujeito de Jean-Paul Sartre, para quem nenhuma questão humana pode se restringir
às questões sociais, como no marxismo clássico, nem às questões intrapsíquicas, como na
psicanálise, devendo ser compreendida em seu movimento progressivo-regressivo entre os
aspectos singulares e aspectos universais. É existindo, atuando no mundo, que o sujeito se
constitui, moldando e sendo inluenciado por seu Projeto original, que transparece em cada
ato. Viu-se que consumir esta ou aquela substância, frequentar este ou aquele espaço, esta
ou aquela atividade terapêutica, é algo que não restrito a questões sociológicas nem a ques-
tões individuais, mas sim ao processo contínuo de construção de si em que tomam parte os
sujeitos.
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A psicoterapia de grupo é uma modalidade clínica que pode trazer benefícios signiica-
tivos, em especial em instituições que apresentam grande volume de usuários. O pre-
sente trabalho é resultado da experiência de atendimento de grupo a familiares de crianças
internadas na unidade de terapia intensiva de um hospital geral de São Paulo. Após a aná-
lise da demanda em psicologia percebeu-se que haviam sub grupos já formados por estes
familiares, que com frequência encontram-se para os horários de refeições e entre os cor-
redores da instituição. Além disso, entende-se que o adoecimento é um momento de crise,
apresenta-se como restrição de possibilidades e, para estes acompanhantes pode signiicar
o abandono de signiicativas relações de afeto e trabalho além de novas rotinas, que incluem
um ambiente desconhecido e sentido como intenso. Diante disto, propõe-se o grupo psico-
terapêutico com abordagem multidisciplinar fundamentado na Fenomenologia-Existencial
Heideggeriana. A terapia de grupo é um espaço terapêutico que pode proporcionar a com-
preensão dos modos de ser dos participantes a partir das relações apresentadas no aqui e
agora. Isto porque, para Heidegger o existir compreende-se pelas possibilidades nos quais
o homem já está inserido. Deste modo, a psicoterapia de grupo nesta situação funda-se
como um espaço aberto em que o modo de ser de cada membro pode se revelar, abrindo a
possibilidade de ser apropriado e trabalhado pelo paciente. O grupo terapêutico a familiares
acontece em encontros quinzenais com duração de duas horas e meia, tendo como requisito
ser acompanhante de uma criança internada na UTI Pediátrica. Nos grupos, os familiares
podem se apropriar do espaço da terapia como um lugar para compartilhar experiências
e ser escutado em questões mobilizadoras, além de garantir melhor vínculo com a equipe
médica e de enfermagem, ponto principal para a manutenção da coniança. Sendo assim,
visa promover maior aderência aos tratamentos durante e pós hospitalização, acolhimento
do sofrimento e compreensão do que se passa com o familiar, além de melhorias nas rela-
ções nos quais essa criança se insere. Com isso, busca-se melhorias no âmbito qualitativo
e quantitativo dos atendimentos, aumentando o número de familiares assistidos e melhor
qualidade de escuta destes por toda a equipe, através de discussões que envolvam estes cui-
dadores sob um olhar interdisciplinar.
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O Núcleo de Convivência de Idosos (NCI) – Jardim das Imbuias situado na Zona Sul de
São Paulo-SP é um projeto social existente há quatro anos mantido pela Organização
Social Sociedade Beneicente Equilíbrio de Interlagos (SOBEI) em parceria com a Secreta-
ria Municipal da Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) da cidade de São Paulo.
O NCI é um serviço ofertado gratuitamente a comunidade, cujo público alvo são idosos de
ambos os sexos com faixa etária a partir de 60 anos, preferencialmente, contemplados com
o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) e/
ou idosos (as) que vivem em situação de isolamento social. Dessa forma, tem como perspec-
tiva ampliar a qualidade de vida, relações interpessoais, garantia de direitos e (re)descober-
tas de novas habilidades culturais e esportivas. Este trabalho tem como objetivo apresentar
o processo de construção do empoderamento e protagonismo social no NCI, norteado pelos
fundamentos da Fenomenologia, por meio de um relato de experiência das proissionais de
Psicologia e Serviço Social. A equipe técnica busca desenvolver seu plano de trabalho com
foco na (re)construção de projeto de vida, valores humanos, conteúdos legislativos, histó-
rico de lutas sociais, reivindicações e conquistas de direitos da pessoa idosa para ampliar
seu conhecimento, sensibilizar para a participação ativa nas tomadas de decisões coletivas
em fóruns, conselhos, conferência municipal, estadual e nacional, enquanto propostas de
melhoria, ampliação e implantação de Políticas Públicas. Para tanto, no desenvolvimento
do trabalho as intervenções propostas pelas proissionais aos idosos são: vivências, dinâ-
micas, trocas de experiências e avaliação sobre a oferta de prestação de serviços voltados
aos idosos, discussão de conteúdos contemporâneos e análise de conjuntura, para melhor
compreender, analisar e posicionar-se politicamente frente aos conteúdos apresentados.
Por im, ao abordar temas contemporâneos que envolvem os (as) idosos (as) que favorece o
processo de empoderamento e protagonismo social, estes (as) demonstram intenso envolvi-
mento e aprofundamento nas discussões, com apresentação de diferentes pontos de vistas,
enaltece o respeito à diversidade e a importância de traçar o consenso no grupo.
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A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) é uma entidade civil sem
ins lucrativos com modelo de gestão apoiada no voluntariado e que representa uma
nova proposta ao sistema prisional brasileiro na execução da pena privativa de liberdade.
Seu lema é “Matar o criminoso e salvar o homem”, por isso tem como principal caracte-
rística a humanização do cumprimento das penas privativas de liberdade juntamente com
aspectos que envolvem disciplina, controle, mérito e justiça, que são trabalhados no coti-
diano do sujeito condenado. Apoia-se no tripé Família-Religião-Trabalho, buscando a valo-
rização do condenado enquanto ser humano. A instituição tem obtido excelentes resulta-
dos em estados como Minas Gerais e São Paulo, com diminuição da taxa de reincidência
criminal de seus apenados para 8% diante dos 70% encontrados no sistema penitenciário
tradicional. No entanto, é pouco conhecida, o que mostra a necessidade e importância deste
trabalho, que tem como objetivo difundir os conhecimentos sobre a metodologia apaqueana
e referenciar pontos de encontro com a fenomenologia e o existencialismo dentro de uma
visão do condenado que pode ser considerada inovadora diante da realidade do sistema
prisional comum. Por possuir uma visão da pessoa por detrás da pena, por reconhecê-la
como cidadã, legitimando seus direitos e deveres e, essencialmente, sua humanidade, é que
a metodologia da APAC se encontra com a fenomenologia proposta por Edmund Husserl e
o existencialismo de Martin Heidegger. Através de levantamento bibliográico e análise das
ilosoias e práticas encontradas em estudos sobre APACs no Brasil e no site da FBAC (Fra-
ternidade Brasileira de Assistência aos Condenados) foi possível perceber que esta meto-
dologia propõe o recuperando como ser mutável, focando na condição de existente de cada
um, condição esta que se projeta metaforizando um contínuo “vir-a-ser”, trazendo a luz
o conceito de dasein. Entre suas práticas está a constituição do Conselho de Sinceridade
e Solidariedade (CSS) composto somente de recuperandos, que representa um espaço de
escuta entre eles e de busca de soluções práticas, simples e econômicas para os problemas e
anseios da população prisional. Conclui-se que a valorização humana, o tratamento digno, o
respeito aos direitos humanos, o reconhecimento do ser humano por detrás do crime, é uma
possibilidade de intervenção na realidade do sistema penitenciário tradicional, que passa
por uma grande crise, crise de sentido.
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E ste trabalho é baseado no projeto de dissertação que estuda a percepção do idoso insti-
tucionalizado sobre o cuidado prestado pelo cuidador. A nova coniguração da família
brasileira, envolvendo a modernização da sociedade, que incluiu a inserção da mulher no
mercado de trabalho, o uso de contraceptivos, a redução do tamanho das famílias e a falta
de tempo na vida atual vêm modiicando a relação do cuidado. Decorrente disso, a insti-
tucionalização é um fenômeno irreversível, a que boa parte da população idosa deverá se
submeter, tendo em vista as mudanças nas relações sociais de gênero, que desobrigaram
a mulher do ônus do cuidado dos idosos. Nesta perspectiva, temos como objetivo dessa
pesquisa compreender na vivência de idosos institucionalizados como se dá o cuidado des-
tinado a eles pelos cuidadores, a im de subsidiar estratégias para a qualidade do cuidado
prestado a essa população. Esse estudo é de natureza qualitativa e para compreensão do
fenômeno pesquisado, o estudo está ancorado na Hermenêutica Gadameriana para des-
velar os sentidos, através das narrativas suscitadas pelos participantes. Como estratégias
metodológicas para o acesso às narrativas utilizamos três instrumentos: O “baú de recorda-
ções”, a entrevista em profundidade e a oicina com uso de “cenas”. Os idosos participantes
precisam ter 60 anos ou mais e não podem apresentar estados demenciais ou doenças em
fase terminal. Com a inserção no campo identiicamos preliminarmente alguns eixos temá-
ticos. “EnvelheSER: da infantilização, as alegrias e dores e a busca de autonomia”, no qual
identiicamos a presença da relação do ser idoso com a infância, como também a identii-
cação do ser idoso com a busca de autonomia, apontando para relevância da historicidade.
Nesse eixo surgiu também o caráter negativo quanto ao processo de envelhecimento, assim
como as alegrias. “O bom cuidador: uma questão de zelo!”, eixo no qual os colaboradores
trouxeram o signiicado forte do zelar e tratar bem, portanto com indícios de um cuidado
envolvendo afetividade e atenção, porém também foi apontado o cuidado instrumental,
básico. No eixo “A convivência com o outro que não escolhi”, encontramos evidências de
diiculdades no relacionamento interpessoal, ou seja, na relação com o seu novo mundo
atual e com os demais seres que se encontram nele. Este estudo visa agregar relexões aos
conhecimentos já existentes para que juntos vislumbremos novos scripts e estratégias que
valorizem o idoso institucionalizado.
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E ste trabalho visa discutir o cuidado prestado aos acamados, na atenção básica, em uma
cidade do interior do Rio Grande do Norte, tendo como fundamento a discussão de
cuidado trazida pelo ilósofo Heidegger. Para tanto, utilizou-se como embasamento os
registros da Unidade Básica, as vivências de duas residentes multiproissionais em atenção
básica/Saúde da Família e comunidade, e literatura a respeito do tema. Ao longo do conhe-
cimento do território adscrito desta Equipe de Saúde da Família, icou nítido a expressiva
quantidade de pessoas acamadas neste território, sendo que dentre cerca de 3400 usuário
85 são acamados, em sua maioria idosos, com doenças crônicas, que em geral requerem
um cuidado integral por parte da equipe e dos familiares. A Atenção Domiciliar (AD) que
é uma alternativa ao cuidado hospitalar demanda ações sistematizadas, articuladas e regu-
lares, em que se tenha integralidade das ações de promoção, recuperação e reabilita¬ção
em saúde, trabalho em equipe e intersetorial, requerendo também o uso de tecnologias de
alta e baixa complexidade. A AD, portanto, lança diversos desaios e responsabilidades para
atenção básica, podendo ser mencionado aqui à diiculdade de veículos para a locomoção
até os domicílios, equipes incompletas e tempo insuiciente para realização regulares de
visitas e acompanhamentos. Posto estas questões, cabe pensar ainda sobre o desaio do
cuidado, neste sentido, Heidegger traz que há dois modos fundamentais deste, um é o da
ocupação que ocorre na relação do ser-aí com entes que são simplesmente dados, e outro
modo seria o da preocupação, que diz respeito à relação do Dasein com outros Daseins.
No tocante a esta última forma de cuidado, ele pode tomar a dimensão tanto de uma pre-
ocupação substitutiva, em que se antecipa à existência do outro, assumindo o seu lugar ou
querendo substituí-lo; ou pode emergir como uma preocupação antepositiva, em que se
põe o outro diante de suas possibilidades existenciárias de ser. Nesta direção, cabe reletir
a respeito do desaio que se coloca para equipe de saúde e para os cuidadores de pessoas
acamadas, no manejo destes tipos de cuidado, visto que, devido à dependência e perca de
muitas funções biopsicossociais por parte do usuário, percebe-se uma tendência de predo-
minar o cuidado substitutivo, icando a relexão e o questionamento, em que medida estas
pessoas não possuem condições de exercer alguma autonomia, e ser posto diante de suas
possibilidades existenciais de ser-no-mundo.
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P odem ser meses ou anos, mas longos períodos de internação em Hospital pressupõem
a quebra da cotidianidade que o paciente tinha, antes de ser acometido por limitações
físicas e/ou psicológicas. A possibilidade que se apresenta ao paciente internado é a factici-
dade de ser – doente. Este trabalho tem por objetivo analisar implicações clínicas e psico-
lógicas, em um paciente adulto que se encontra hospitalizado por um longo período, numa
perspectiva fenomenológica – existencial. O presente estudo de caso foi acompanhado na
Unidade de Internação e Reabilitação, de um hospital no município de Mogi das Cruzes -
SP. Ocorreram 10 encontros semanais, com duração de 50 minutos, a um paciente adulto
que se encontra internado há mais de 20 anos. Participaram da elaboração deste trabalho,
graduandas do 9º período, do curso de Psicologia da Universidade de Mogi das Cruzes - SP.
A doença pode ser compreendida segundo as características fundamentais da existência e
conceito de privação. Assim, na doença, a liberdade, dentro das possibilidades de realiza-
ções nos modos de existir do Dasein, estaria privada em uma maneira de realizar a própria
existência que se encontra prejudicada em sua totalidade. Os resultados demonstram que
estar internado é como ser condenado a diversas imposições terapêuticas, as quais mui-
tas vezes, são dolorosas não somente ao corpo que se encontra adoecido, mas à existência
de modo mais amplo. O paciente tem, em seu ser – aí, a plenitude de suas possibilidades
restringida, bem como alterações na temporalidade e espacialidade por ele signiicadas. E
mesmo rodeado pela equipe multiproissional, do hospital, este paciente só tem como certa
uma única e diária companhia: a solidão. A partir da prática de atendimento psicológico em
estágio, na modalidade de Psicologia da Saúde, pôde-se compreender e sentir as vicissitu-
des das possibilidades e limitações do paciente, em contexto hospitalar. A visão de trabalho
do Psicólogo, no hospital, deve ser ampliada indo além de interpretações lógicas, possibi-
litando que o paciente possa voltar a ser – no – mundo, fundamentado por meio de sua
história, de acordo com a sua liberdade, que se encontra restringida. O Psicólogo tem como
responsabilidade, a importância do cuidado a ser manifestado ao paciente hospitalizado.
Revela-se, neste estudo de caso, a relevância do trabalho do Psicólogo, ampliando possibi-
lidades de um espaço para diálogo com a equipe multiproissional, em âmbito hospitalar.
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O objetivo deste trabalho consistiu em realizar uma discussão acerca da inclusão escolar
a partir de uma ótica fenomenológica. Partir-se-á das deinições encontradas nosdocu-
mentos internacionais que tratam da educação inclusiva (Conferência mundial de Jomtien
de 1990, Declaração de Salamanca de 1994, Convenção Internacional dos Direitos das pes-
soas com deiciência de 2006) para conceber a inclusão escolar. Com relação a fenomeno-
logia, foram utilizadas as noções de desenvolvimento, abertura e mundo na ótica do ilósofo
Merleau-Ponty para a discussão dos resultados. Este estudo se valeu de uma pesquisa docu-
mental acerca dos tratados internacionais seguido de uma pesquisa bibliográica de artigos
sobre o tema escola inclusiva datados de 2009 a 2013. Os resultados indicaram que nos
artigos pesquisados, o tema da inclusão escolar estava associado às ações e práticas escola-
res dos diferentes proissionais que atuaram na escola inclusiva principalmente ao abordar
a inclusão de pessoas com deiciência. Ao nos remetermos a este fato,baseamo-nos princi-
palmente nos cursos proferidos por Merleau-Ponty na Sorbonne (1949-1952) para realizar
uma possível leitura sobre o desenvolvimento no que se refere a um olhar para o indivíduo,
não classiicatório em etapas de desenvolvimento como é comumente encontrado na psico-
logia do desenvolvimento. Esta noção sugeriu uma leitura da deiciência, da mesma forma,
como o ilósofo critica o olhar adultocêntrico para a criança como se tratasse de um ser
incompleto. A partir dessa perspectiva fenomenológica podemos pensar na inclusão como
uma abertura da escola perante a diversidade humana e consequentemente a necessidade
de receber o educando em sua singularidade. O que remete a premência de discutir práticas
coerentes com essa visão, que demandam da escola uma postura não apriorística perante
o educando que se apresenta, tenha ele uma deiciência ou outra particularidade. Como
conclusão, partindo da noção de mundo, enquanto uma interseção de experiências inter-
subjetivas, pode se referir à inclusão escolar como uma postura a ser assumida por todos os
proissionais da instituição escolar para a efetivação de um ambiente inclusivo.
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Camila Muhl
Adriano Furtado Holanda
O Brasil vive uma época de mudanças na legislação e nas diretrizes de saúde mental, e
este estudo se insere nesse contexto, com o objetivo de pesquisar a atuação do prois-
sional da psicologia nos serviços de saúde mental de Rede de Atenção Psicossocial – RAPS,
instituída pela Portaria 3.088 de 2011. Nesse estudo pesquisou-se uma RAPS especíica,
a formada pelos municípios do litoral paranaense (Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba,
Matinhos, Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná), abrigados na 1ª Regional de Saúde
do estado. Seguindo uma metodologia fenomenológica, foi realizada entrevista aberta com
seis psicólogos que atuam em quatro Centros de Atenção Psicossocial na referida Regional
sobre a sua atuação proissional. A análise e discussão dos dados encontram-se distribuídos
em três eixos distintos: 1º eixo: as particularidades que o território traz para as práticas dos
psicólogos, nesse caso, a temporada de verão que acaba por afastar os usuários do serviço,
além das especiicidades geográicas, culturais, econômicas e históricas da região; 2º eixo:
a descrição das atividades desenvolvidas pelos psicólogos dentro do serviço que se apresen-
tam com objetivos distintos – clínico, burocrático e político – e também são desenvolvidas
de maneira distinta por cada um dos proissionais entrevistados e nem sempre de forma
condizente com o que prega a legislação na área; 3º eixo: a vivência desses proissionais no
seu cotidiano, que se apresenta como muito conlituosa e cercada de dualidades e sentimen-
tos contrários em relação aos mesmos estímulos como satisfação versus frustração, iden-
tiicação com a área de saúde mental versus designação aleatória para o cargo, legislação
versus realidade do serviço, e vida proissional versus vida pessoal. Pode-se perceber com
esse estudo que a rede de atenção a saúde mental ainda está em fase de formação no litoral
do Paraná, o que traz imensas diiculdades para a atuação dos psicólogos na RAPS, que
precisam se reinventar e reinventar as suas práticas para dar conta da realidade do serviço.
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a FenoMenoloGIa-heRMenÊUTICa e SUa
ConTRIbUIÇÃo PaRa o CUIdado eM dISPoSITIVoS
de aTenÇÃo PSICoSSoCIal
O presente trabalho tem como objetivo discutir as práticas assistenciais em Saúde Men-
tal, tendo como fundamentação a fenomenologia hermenêutica, tal como elaborada
pelo ilósofo alemão Martin Heidegger. A proposta é partir da desconstrução do conceito
de território presente nas discussões sobre desinstitucionalização, podendo ser restrito na
ideia de posse ou como pertencimento de um lugar já existente, no qual resta aos sujeitos
adequarem-se ou não. Ao abrir para outros sentidos que ultrapassam a ideia de um terri-
tório físico normativo, parte-se da hipótese de que há territórios existenciais possíveis na
experiência de pacientes agudos dentro de uma instituição de cuidado, e apontar algumas
contribuições de tal experiência para o processo terapêutico do usuário. Alguns dos pro-
tagonistas do movimento Reforma Psiquiátrica propõem que o modelo de assistência psi-
cossocial em saúde mental passe por transformações, que implicaria em dizer não à práti-
cas psiquiátricas tradicionais e em repensar alguns conceitos que fazem parte da estratégia
de cuidado. A discussão do presente trabalho pensa as atuais transformações nos serviços
assistenciais, tendo como referência a prática das autoras num serviço de internação psi-
quiátrica no município de Niterói. Por meio da explicitação ontológica do pensamento feno-
menológico hermeneutico, é traçado um percurso meditativo acerca da noção de mundo,
entendido aqui como horizonte de sentido, e suas articulações com a ideia de territórios
existenciais possíveis no tratamento de casos que se mostram como agudos, com sofri-
mento psíquico importante. Corresponder a ideia de território como a noção de mundo em
seu caráter ontológico. Nesse sentido, pensar numa perspectiva daseinsanalítica em saúde
mental requer o afastamento de qualquer tentativa de objetiicação do paciente, além de
possibilitar uma relexão sobre as possibilidades e limites das práticas de assistência em
Saúde Mental. Pode-se assim considerar um projeto de cuidado para o usuário com vários
possíveis na sua existência.
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o SeR-PaRa-a-MoRTe eM PaCIenTeS
onColÓGICoS PalIaTIVoS
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O presente trabalho, pretende propor uma relexão sobre o modo tradicional de se pensar
e fazer educação no Brasil e, mais precisamente, as diferentes concepções de infância,
assim como suas possíveis consequências nas práticas pedagógicas. Para tal, faz-se necessá-
rio uma contextualização histórica da noção de sujeito vigente no ocidente. A este horizonte
ocidental, Heidegger denomina como predominante, um fazer técnico-cientíico, calculante,
que permeia, a princípio, toda prática do homem moderno e, portanto, as práticas educati-
vas não escapam a ele. Característica marcante desta época é a pretensão de previsibilidade
e de controle, da qual o homem não escapa, assim como a infância. E, é no contexto da
infância, que pretendo provocar algumas relexões, ainal: de onde falam as crianças? Para
quem elas falam? O que escutamos nós, adultos, daquilo do que elas - as crianças - dizem
nas suas mais diversas formas de falar? A criança, assim como tudo e todos, está inserida
neste contexto de controle e previsibilidade e, talvez, de modo mais “violento”. Esta infân-
cia, costumeiramente, está referenciada a um ideal de sucesso, de um dever ser, de um vir-
-a-ser de um projeto do qual não participa como autora. Estabelecem métodos e caminhos
que se justiicam por seus ins e, deste modo, incessantemente, negligenciam ou calam a
infância que grita um novo lugar e uma nova forma de participação. Então, como pensar a
infância de um modo diferente, e consequentemente, como pensar a educação de um lugar
outro? Parece necessário, portanto, desacostumar e desnaturalizar o lugar de onde se fala
da infância, proponho, enquanto possibilidade para tal, a fenomenologia-hermenêutica de
Martin Heidegger. O autor em questão propõe uma forma de compreensão de mundo e de
homem que difere da tradição ocidental. Mas como seria então, pensar um novo lugar para
educação – e para infância – à luz da fenomenologia de Heidegger? Parece imprescindível,
que a previsibilidade e o controle não tenham a regência do método e das práticas educa-
tivas. Mas que possamos caminhar e construir juntos novas práticas e lugares. Caminhar
junto, em um caminho que se faz no próprio caminhar, e não antes, sem que haja, um im
que determine esta caminhada. Assim, talvez seja possível, então, pensar a infância não
como um produto inal, resultado de processos controláveis e mensuráveis de formação.
Mas pensar esta infância com alteridade.
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O período inicial em que o adotado chega à casa da família postulante à sua adoção se
conigura em um tempo de adaptação mútua e construção de relações, em que se des-
velam os sentidos singulares da parentalidade e iliação. De acordo com a Lei 12.010/09,
esse período é deinido como estágio de convivência e necessita de acompanhamento pela
equipe técnica das Varas da Infância e da Juventude, a im de tentar assegurar que os ado-
tantes estão suicientemente preparados, para assim, indicar o deferimento da adoção. Para
a Psicologia, é relevante acompanhar indivíduos aproximando-se afetivamente e se reco-
nhecendo como família. Tendo em vista essa realidade, este trabalho tem como objetivo
reletir acerca desse processo, a partir de uma experiência de estágio na 2ª Vara da Infância
e da Juventude da Comarca de Natal-RN, à luz de um olhar fenomenológico. Dado que a
Fenomenologia não se orienta pelos fatos dados, e sim pela realidade da consciência como
doadora de sentido e fonte de signiicado para o homem e o mundo, o estágio de convivên-
cia passa a ser um processo de compreensão frente aos modos de ser e aos sentidos dados à
experiência da adoção. À vista disso, o caminhar do estágio de convivência vai sendo cons-
truído pelos envolvidos, entendendo que o mundo tal como é apreendido pelo indivíduo é
que vai determinar maneiras de ele se perceber enquanto membro de uma família, no exer-
cício de determinados papéis. Parte-se da ideia de um Dasein que possui a sua existência
em um horizonte de abertura de sentidos e sobre o qual não caberia qualquer determina-
ção apriorística. A partir do espaço de escuta compreensiva proporcionado nesse período,
os pais se colocam diante do vivido, expondo sua angústia, anseios e dúvidas. A equipe
técnica, a partir de um olhar fenomenológico, passa a ter um papel solene em ajudá-los a
desvelar sentidos, apropriando-se da experiência em curso. Durante o estágio na Vara, foi
possível testemunhar, algumas desistências de adoção, pelo deparar-se com o não lugar
da maternidade e paternidade no momento da chegada do ilho. Em contraposição, pude-
mos acompanhar, na maioria dos casos, a construção gradativa dos sentidos de habitar, de
pertencimento, a partir da disponibilidade para serem pais e ilhos. Destarte, o olhar feno-
menológico revela-se promissor no estágio de convivência, possibilitando ao psicólogo ir
além da avaliação, promovendo relexões ao longo do processo e contribuindo, assim, para
a concretização de projetos adotivos.
Trabalhos 210
5. FenoMenoloGIa, RelIGIÃo e
eSPIRITUalIdade
Sumário
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SeRenIdade MÍSTICa:
eXPeRIÊnCIa e SenTIdo no MonaQUISMo benedITIno
Trabalhos 212
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MISTéRIo e abISMo
Trabalhos 213
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Trabalhos 214
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Trabalhos 215
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a FUndaÇÃo onTolÓGICa do
lIVRo VeRMelho de CaRl JUnG
A intenção deste ensaio é abordar o “LiberNovus”, de Carl Gustav Jung, a partir de dis-
cussões antropológicas e ilosóicas contemporâneas. O “LiberNovus”, ou “Livro Ver-
melho”, é conhecido por ser um dos trabalhos mais importantes para o pensamento de
Jung. Percebe-se que ideias desenvolvidas pelo autor posteriormente encontram ali sua fase
germinativa e nascente. Tal hermenêutica é extremamente produtiva, mas reduz Jung e
sua obra. Para isso, faz necessário estabelecer o diálogo com autores contemporâneos, que
pensam os problemas simétricos àqueles do “Livro Vermelho”. O horizonte disto é uma pro-
posta intelectual, de nossa autoria, que airma que a teoria de Jung não está apenas ocupada
em fundar uma escola psicológica, mas uma ontologia do Si-Mesmo.
Trabalhos 216
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FeRdInand ebneR:
a PalaVRa e o eSPIRITUal no hoMeM
O presente trabalho visa apresentar a relexão ebneriana, qual ponto de referência para
pensar a questão do espiritual no homem. Ferdinand Ebner é considerado junto a
Martin Buber, Gabriel Marcel, Franz Rosenzweig, um dos pais do pensamento dialógico.
Segundo o autor austríaco, a palavra é a dimensão chave do existir humano e em Cristo-
-Palavra o desvelar por excelência de uma tal dimensão espiritual. A palavra é para Ebner
a “revelação” do espírito e do espiritual no homem. Considerando a posição não natural na
qual se encontra o homem, dentro de um isolamento cada vez mais agudo e estruturado na
contemporaneidade, para Ebner, o homem dorme e sonha que vive e a ausência de rela-
ção é nociva diante desta necessidade ontológica. Na hipótese ebneriana, o que pode tirar
o homem de dento de sua “muralha chinesa”, expressão utilizada por ele para represen-
tar essa situação de fechamento, é unicamente interpela-lo acordando nele a palavra certa.
Esta interpela o outro como um tu e, pronunciada com o espiritual que está no homem
para o espiritual diferente dele, pode operar o despertar e então desencadear o real viver.
O fator da existência do homem encontra-se no coração da relexão do autor. Existir, para
ele, não é tarefa. Seu sentido é mais profundo e há o perigo de que o trabalho social distraia
o homem do desaio do sentido da existência. A palavra certa é o que pode tirar o homem
do sono em que vive hoje e colocá-lo diante das questões fundamentais do viver-existir. A
palavra, enquanto questão espiritual, abre a relexão para a tuidade da consciência, o fato de
o homem ser antes um tu e depois disso constituir-se eu. Para Ebner, a passagem do nada
ao ser/existir acontece por uma interpelação. A consciência se origina por uma palavra que
é dirigida ao homem e isso é demonstrado pelo fato de que o homem só é homem, porque
possui a palavra. A palavra se torna o dado espiritual que diferencia o homem, enquanto o
espírito humano é dotado de palavra, decisão e escolha, e essas faculdades são próprias do
humano. A atividade do espírito, no pensamento ebneriano, é o colocar-se do homem em
relação, o que provoca o homem à expressão da sua palavra no mundo, qual expoente de sua
singularidade e subjetividade. Através de pesquisa historiográica, buscou-se incrementar a
ideia do espiritual no homem com vistas a oferecer mais amplitude à relexão sobre o tema,
dentro da proposta da ilosoia do diálogo.
Trabalhos 217
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
a InFlUÊnCIa da eSPIRITUalIdade na
SaÚde na ConTeMPoRaneIdade
E nquanto a ciência avança com novas descobertas tecnológicas ica cada dia mais difícil
o acesso da maioria da população a tais descobertas. Como consequência esta mesma
população busca formas alternativas de tratamento. Nesta busca se volta para o universo
do sagrado a im de encontrar respostas para suas necessidades. Se por um lado a ciência
de apresenta fria distante, por outro a espiritualidade se apresenta para o individuo como
um mundo que o acolhe e protege, oferecendo muitas vezes as resposta que o individuo
não consegue encontrar na ciência e na tecnologia. Preenche as lacunas de sua existência
fornecendo sentido para a vida a partir do transcendente, da crença em algo que vai além de
si mesmo. Somente compreendendo a construção do processo saúde doença sob a ótica da
religião em um mundo globalizado e tecnológico, dinâmico, instável de mudanças frequen-
tes e desencadeador de instabilidades sociais e emocionais, é que poderemos entender a
inluência da espiritualidade enquanto forma alternativa de tratamento ou busca de sentido
para aquilo que este mundo não oferece ao individuo. Um dos aspectos muito peculiar na
inluencia da religiosidade é a crença proporcionado pela fé em um ser superior. Este tra-
balho é parte integrante da pesquisa de doutorado em psicologia na Universidade Católica
de Pernambuco tem como objetivo compreender a inluência da espiritualidade na saúde
na contemporaneidade. Pesquisa de natureza qualitativa numa perspectiva fenomenológica
existencial. Os instrumentos da pesquisa serão a narrativa a observação participante, e o
diário de campo da pesquisadora. A fundamentação teórica será a analítica existencial de
Heidegger, a postura no campo será aberta ao diálogo, tradição e modernidade numa pers-
pectiva de fusão de horizontes.
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Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Frederico Pieper
O livro O sagrado de Rudolf Otto causou grande impacto por ocasião de sua publica-
ção em 1917. Husserl, por exemplo, reconheceu na obra um primeiro movimento no
sentido de um desenvolvimento de uma fenomenologia da consciência de Deus, sendo ela
ainda determinante para várias escolas (principalmente na Alemanha e Holanda) que se
ocuparam da interpretação do fenômeno religioso de uma perspectiva fenomenológica. No
entanto, a partir da segunda metade do século XX, o texto foi alvo de duras críticas, sendo
algumas delas imprecisas. Nesse sentido, essa comunicação tem por objetivo mostrar as
limitações de uma dessas recentes abordagens, notadamente a pequena nota de G. Agam-
ben em “Homo sacer”. Especial atenção é dada às acusações de que a visada de Otto sobre o
sagrado seria marcada por certo psicologismo, emocionalismo e irracionalismo. Em diálogo
com essas críticas, essa comunicação argumenta que o texto de Otto deve ser lido como uma
tentativa de se pensar a religião após Kant. Isso implica em pelo menos dois movimentos
complementares. Em primeiro lugar, é preciso considerar como a subjetividade tematiza a
religião, ao invés de se ocupar em abordar diretamente o objeto da experiência religiosa. Por
isso mesmo interpretar a religião implica em se voltar para uma abordagem da subjetivi-
dade. Em segundo lugar, Otto busca fundamentar a religião numa categoria a priori, deno-
minada de sagrado. Essa categoria é composta de elementos racionais (conceituais) e ele-
mentos não-racionais (intuídos) em todas as suas manifestações. Uma vez que Otto entende
o sagrado como categoria a priori, que permite responder à pergunta pela possibilidade da
religião, ela envolve a subjetividade, mas não se reduz a um psicologismo. Dessa perspectiva
também é preciso diferenciar sentimento (Gefühl – empregado por Otto) de emoção, de
modo que sentimento implica em uma forma de conhecimento, não se tratando, portanto,
de mera defesa de um emocionalismo. Por im, Otto entende o irracional não como algo que
se opõe ao racional, mas como aquilo que o ultrapassa, portanto não se conigurando como
anti-racionalismo. O diálogo com essas três críticas de Agamben resulta no reconhecimento
de que a proposta de R. Otto para interpretação da religião se revela mais complexa do que
algumas leituras rápidas permitem vislumbrar. A comunicação utiliza como obra de refe-
rência O sagrado de R. Otto, mas não se furta a recorrer a outras obras do autor.
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bRUXaRIa e eSPIRITUalIdade:
UMa CoMPReenSÃo FenoMenolÓGICa daS
VIVÊnCIaS de SeUS/SUaS PRaTICanTeS
A bruxaria hoje enquanto vivencia espiritual está relacionada a uma espiritualidade base-
ada nos ciclos da natureza e na experiência dessas fases como: as fases da lua; mudança
das estações; fases do desenvolvimento humano. Porém ao mesmo tempo em que a vivência
dessa espiritualidade permite uma experiência de conexão com o meio e todas as coisas vivas,
ainda existe preconceito e estigmas que foram construídos através da história. Dessa forma
a bruxaria se torna uma prática relacionada a questões negativas e demoníacas. Os objetivos
deste trabalho foi compreender as experiências dos(as) praticantes da bruxaria. Como isso
procurou aprender a respeito do que levam as pessoas a escolher a bruxaria, compreender
como as(os) bruxas(os) percebem-se enquanto praticantes de uma crença holística, como
avaliam os possíveis episódios de preconceito e intolerância religiosa; e, ainda, analisar se
há diferença entre homens e mulheres quanto à vivência de suas crenças e práticas na bru-
xaria. Foram contatados(as) 4 participantes, maiores de 18 anos, sendo 2(duas) mulheres
e 2(dois) homens que tenham escolhido a bruxaria como expressão de religiosidade. Para a
análise dos dados foi utilizado o método fenomenológico. Como síntese que submergiram
das falas apresentadas pelos(as) participantes chegou-se a 6 Unidades de Sentido: 1) Rela-
ção familiar; 2) Impor-se ao mundo; 3) Forma de ver o mundo e o sagrado dentro de si; 4)
Incompreensão, preconceito e exclusão; 5) Diiculdade de acesso; 6) Desempenho de papéis
diferentes entre homens e mulheres. Percebeu-se que as experiências dos(as) participantes
dessa pesquisa são semelhantes em alguns aspectos e ao mesmo tempo existem diferenças
signiicativas relacionadas a essas experiências religiosas. Em comum entre os participantes
emergiram temas sobre o julgamento e não aceitação de suas respectivas famílias, a expe-
riência religiosa no sentido da vivência holística em relação as crenças e o meio (natureza)
em que vivem e diiculdade de praticar e verbalizar as suas crenças – em decorrência de
problemas relativos ao preconceito religioso. Aqui foi percebido que que as experiências
de exclusão vivenciadas pelas mulheres foram mais intensas e estereotipadas do que os
homens, possivelmente pelos resquícios da história no imaginário coletivo; e, ainda, pelos
diferentes papeis que cada gênero desempenha nas práticas da bruxaria.
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
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O presente trabalho tem por objetivos compreender a experiência religiosa como parte
da construção subjetiva do homem, bem como o de discutir sobre a vivência da religio-
sidade sob a ótica da Fenomenologia, relacionando essa religiosidade à Psicologia em seu
modo de se voltar a ela. Para isso, foi utilizado como caminho metodológico a pesquisa de
referenciais teóricos diversos da Fenomenologia, principalmente da Fenomenologia da reli-
gião. Refere-se à religiosidade como a tentativa do homem de objetivar, apreender e tornar
inteligível aquilo que por vezes não pertence à sua condição de existência no mundo, diante
do que ele atribui sentido às suas vivências, sacralizando-as. Ressalta-se que considerar o
mundo e o homem como pertencentes à ordem do sagrado signiica se posicionar diante
deles com respeito e solidariedade e que as questões do sagrado e do profano que se apresen-
tam para cada pessoa e que repercutem na sua maneira de ser e estar no mundo devem ser
devidamente consideradas em uma escuta clínica mais atenta na atuação do psicólogo e não
ignoradas como se a religiosidade não tivesse nenhuma relação com a Psicologia. Discute-se
a espiritualidade como sendo própria da construção subjetiva e pessoal de cada homem, de
forma intransferível; portanto, não podendo ser negada nem deinida por outrem. Daí surge
a problemática diante do equívoco presente principalmente no universo acadêmico e/ou
cientíico, onde muitas vezes a religiosidade é criticada e apontada como crença irracional e
veneração injustiicada. A partir dos estudos, evidencia-se, então, como resultados parciais:
o distanciamento no qual a Psicologia se pôs em relação ao fenômeno religioso, em sua ten-
tativa baseada em teorias lógico-matemáticas de airmar-se como ciência; a desvalorização
do mundo-da-vida de cada pessoa que ocorre concomitante à incompreensão da experiên-
cia religiosa como parte da construção pessoal de cada um. É válido destacar que este é um
trabalho em andamento e que apresenta a possibilidade de muitas discussões serem feitas
a respeito. Propõe-se, dessa forma, que a Psicologia não mais enxergue o homem de forma
incompleta e limitada desconsiderando suas vivências de religiosidade e de espiritualidade,
mas que, em seu estudo do homem, ela se volte para o fenômeno religioso como único e
dotado de sentido para cada pessoa.
Trabalhos 224
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deSCRIÇÃo FenoMenolÓGICo-eXISTenCIal
da PRÁTICa MedITaTIVa VIPaSSana:
ConTRIbUIÇÕeS PaRa a PSIColoGIa do eSPoRTe
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E ste trabalho se propõe a uma compilação e análise das atuais evidencias acadêmi-
cas a respeito das correlações entre a saúde mental e a espiritualidade/religiosidade.
Partindo da premissa que haja uma correlação positiva entre os elementos de análise, os
resultados de estudos das Escolas de pesquisa Estadunidense, Italiana, Belga e Brasileira
em Estudos de Psicologia da Religião foram considerados, bem como um levantamento
do campo religioso Brasileiro, especiicamente na religiosidade popular. De acordo com
Moreira-Almeida; Lotufo Neto; Koening (2006) há diversas controvérsias no que se trata
da relação entre religiosidade e saúde mental, em que observaram que a maior parte dos
estudos de boa qualidade aponta que maiores níveis de envolvimento religioso são asso-
ciados positivamente a indicadores de bem estar psicológico, tais como satisfação com a
vida, felicidade, afeto positivo, bem como a menores índices de depressão, pensamento e/
ou comportamento suicida, uso/abuso de álcool/drogas. Os autores apontam que a reli-
giosidade pode inluenciar a saúde mental através do suporte social que a religião oferece
ao crente; das prescrições religiosas sobre estilo de vida e comportamento adequado; das
práticas religiosas, privadas ou públicas, que promovem a coniança pessoal preventiva à
distúrbios emocionais (seja por técnicas ou rituais religiosos de perdão, liturgia, comunhão,
oração, etc); direção espiritual; meio de expressão e catarse. Para Paiva (2000) o conceito de
cura, como cuidado e recuperação, associa-se ao enfrentamento religioso enquanto forma
especíica de cuidado: a partir do reconhecimento da eicácia do sagrado no enfrentamento
(e não do religioso) denotam-se as competências complementares do psicólogo e teólogo
para o cuidado da psique-alma. Paiva estabelece relação entre religião, psicologia e cura:
elementos motivacionais, responsabilidade social, senso de justiça e Direito. Aponta que
os recentes estudos registram de modo consistente que aspectos do envolvimento religioso
são ligados a resultados esperados em saúde mental, e que rigorosos métodos de pesquisa
revelam efeitos positivos do envolvimento religioso associados a resultados de saúde física.
Dessa forma, os resultados apontam uma correlação positiva entre o comportamento reli-
gioso e o bem estar subjetivo, bem como menor correlação para transtornos de humor e
ansiedade, ou uso abusivo de substâncias psicoativas.
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E ste trabalho tem como inalidade apresentar uma possibilidade do diálogo clínico versar
sobre religião, que tem se conigurado como algo que não pertence ao âmbito das psi-
coterapias. Uma vez que a psicologia se ailiou à ciência, parece que a religiosidade perdeu
seu lugar, sendo considerado um assunto que não diz respeito aos cuidados dos clínicos.
Assuntos desta ordem restringiram-se a espaços instituídos como religiosos, e muitas vezes
tem sido tomado como algo de menor relevância diante do que é de caráter cientíico. O que
se quer levantar nesta comunicação é o quanto a clínica pode se afastar de sua essência no
encontro psicoterápico, quando exclui um tema que se constitui em uma das dimensões
da existência. A clínica pode encontrar pontos de contato com a religião quando dirige seu
olhar para a religiosidade, ou sentimento religioso, e seu caráter existencial na experiencia
de cada um. Assim como qualquer outro tema relevante no diálogo clínico, as experiências
de cunho espiritual também ocupam um lugar legítimo na historia de vida daqueles que
vem buscar psicoterapia. O desaio que se apresenta é que o diálogo clínico não se perca
em ter de se ailiar a alguma religião especíica do próprio psicoterapeuta, como também
a ter que se enquadrar ou corresponder a alguma expectativa de instituição religiosa. O
diálogo clínico ao manter-se livre de correspondências pode assim ensejar que aquele que
busca psicoterapia possa se aproximar de suas experiências religiosas livre de preconceitos
ou resultados a se alcançar quanto a qualquer tipo de fé. Um outro desaio importante a
se dirigir atenção é quanto as escolhas religiosas advindas do próprio psicoterapeuta e sua
inluencia no cotidiano psicoterápico. Cabe aqui diferenciar as diversas possibilidades de
atuação a partir desta perspectiva, sem restringir o movimento de relexão, como também o
quanto pode enriquecer o processo psicoterápico quando a dimensão espiritual é respeitada
tanto quanto todas as outras dimensões existenciais.
Trabalhos 231
6. SoFRIMenTo e PSICoPaToloGIa
FenoMenolÓGICa
Sumário
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O contato com pacientes de expressão agressiva sempre se mostra difícil, tanto pela sen-
sação de aniquilamento eminente quanto pelo risco concreto que se está exposto. É
dentro deste campo que o presente texto deseja circular. Através da exposição de elementos
presentes em dois casos de Transtorno de Personalidade Antissocial será feita uma discus-
são sobre o estilo das expressões de suas estruturas, mais precisamente da Espacialidade e
da Interpessoalidade, e de que forma estes pontos podem contribuir para um diagnóstico
diferencial. Reletindo sobre o caminho percorrido por proissionais que se deparam com
fenômenos de ordem destrutiva, agressiva e/ou transgressora em suas experiências clíni-
cas, especiicamente da adolescência, e da diiculdade em viver este contato de forma pos-
sível e terapêutica, fez-se necessária a produção deste trabalho. Tal exposição será extraída
de meu percurso clínico e estritamente permeada pelo olhar da Psicopatologia Fenomeno-
lógica. Tomo como elemento base deste trabalho a discussão acerca de dois constituintes da
estrutura do ser: a Espacialidade e a Interpessoalidade Farei a exposição da forma com que
estas expressões surgem no contato com pacientes diagnosticados com transtornos de per-
sonalidade relacionados a conduta antissocial, e de como construir, juntamente com eles,
meios para uma movimentação positiva em seus quadros. Não apresentarei um paciente em
especíico para atingir este im, farei somente a exposição de recortes de alguns elementos
que revelam as estruturas já mencionadas, bem como o esforço feito para transformá-los
em relexões de densidade e clareza clínica. É necessário esclarecer que não é tarefa deste
texto defender de forma alguma a ideia de que sempre existirá uma possibilidade de con-
tato terapêutico com tais pacientes, ou que nunca haverá, deste modo desejo aqui expor
uma crença pela possibilidade e a consciência de que também pode ser impossível. Esta
será uma pequena contribuição para diagnósticos diferenciais, entendendo-os como impor-
tantes para o processo terapêutico. O presente trabalho foi elaborado através de pesquisa
bibliográica, tendo como base os textos do periódico Psicopatologia Fenomenológica Con-
temporânea, além de textos clássicos da Fenomenologia.
Trabalhos 233
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Rodrigo Alvarenga
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E ste trabalho apresenta um estudo de caso com uma participante do grupo de ajuda
Amigos Solidários na Dor do Luto, uma mulher que perdeu sua ilha por suicídio em
dezembro de 2012. Para tanto, foi realizada uma entrevista aberta de duração de aproxima-
damente uma hora em dezembro de 2014, a qual foi iniciada por uma pergunta disparadora
com a inalidade de investigar o processo de ressigniicação do luto na perda de um ente
querido por suicídio, além de descrever os sentidos do luto e suas repercussões psicológicas
na participante. Depois de transcrita, a entrevista foi submetida à análise fenomenológico-
-psicológica do método de Giorgi, a im de articulá-la com o discurso teórico fenomeno-
lógico. Além disso, foi realizado um levantamento de literatura sobre a temática, a im de
evidenciar aproximações e afastamentos dessa literatura com a experiência relatada pela
participante. Segundo a literatura nacional, dezesseis unidades de sentido foram identii-
cadas dentro do luto materno, as quais apenas quatro não foram identiicadas no relato da
participante (deinição do luto, culpa, quebra do tabu da imortalidade e vontade de mor-
rer). Além disso, dentro das unidades em comum, algumas apareceram com especiicidades
referentes à vivência da própria participante, como por exemplo, a “negação”, descrita pelos
autores como negação da própria morte, porém encontrada na entrevista como negação
da causa da morte. Por outro lado, a literatura internacional, ao analisar entrevistas de
pessoas que vivenciavam o luto por suicídio, encontrou quatro temáticas predominantes:
controlar o impacto de suicídio, dar sentido ao suicídio, experiências em encontrar pessoas
após o suicídio e experiências de como o suicídio mudou suas vidas. Dentro desses temas, o
segundo, referente a dar sentido ao suicídio, é a vivência que mais se expressou ao longo da
entrevista realizada neste estudo, contendo elementos presentes no subtema sobre tentativa
de compreensão do ato suicida. Dessa forma, podemos veriicar uma grande similaridade
com os estudos realizados sobre o luto materno. Considerando a especiicidade do suicídio,
evidencia-se uma falta de estudos nacionais realizados sobre o tema, para compreender tal
fenômeno dentro da cultura brasileira.
Trabalhos 238
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Trabalhos 239
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E ste trabalho tem o intuito de apresentar uma investigação sobre a vivência do luto em
perdas por doenças crônicas. Buscou-se uma compreensão das vivências e seus proces-
sos de ressigniicação em diferentes posições familiares. A doença crônica, segundo litera-
tura nacional, é demarcada pelo grande impacto na vida dos atingidos no início da doença,
a degeneração que causa no organismo a doença em si e/ou tratamento durante sua croni-
cidade e por im a fase terminal em que a possibilidade da morte se faz mais presente até ser
concretizada. A partir desta literatura surge a necessidade de se investigar o luto em perdas
por doenças crônicas, analisando se há uma elaboração do luto diferenciada das demais e
compreender essa vivência e ressigniicação. Para tal, foram realizadas de acordo com a
análise fenomenológico-psicológica do método de Giorgi, três entrevistas abertas de dois
casos de perda de ente querido por doença crônica, especiicamente o câncer. As entrevistas
foram de caráter aberto com duração entre uma a três horas, realizadas em Janeiro de 2015.
Cada entrevista foi iniciada por uma pergunta disparadora para nortear a entrevista, estas
foram transcritas e articuladas com o discurso fenomenológico. A análise dos dados seguiu
os seguintes passos até o momento: leitura de todos os dados colhidos para apreender o
sentido geral, discriminação das unidades de signiicado com foco no fenômeno pesquisado
e a elaboração dos agrupamentos por temas como categorias abertas. Foram encontradas
similaridades e discrepâncias das vivências e ressigniicações do luto por doenças crônicas
diante dos demais tipos de luto, os discursos retratam que há uma forte relação entre a ela-
boração do luto e a elaboração do sofrimento da doença, um luto que se remete ao período
da doença como um dos lados do luto antecipatório. As principais categorias abertas agru-
padas por temáticas que evidenciam nossa airmação foram: durante a doença (as consequ-
ências na relação do enlutado e enfermo no qual a intimidade e aproximação se acentuam
com os cuidados paliativos), especiicidade do câncer (o sofrer e ver o outro sofrer pela
doença, a visão social sobre a doença, a degeneração do corpo até o momento da morte, luto
antecipatório e ambiente hospitalar) e a descrição do luto (características e distinção deste
luto com os demais, como a imensa solidão que o luto causa, devido ao período de cuidado
quando o ente estava enfermo).
Trabalhos 240
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E ste trabalho tem como tema a questão da audição de vozes, considerada pelo horizonte
biomédico moderno ocidental como um sintoma de sofrimento existencial grave. Pro-
curou-se abordá-la a partir de um trabalho com um grupo de ouvidores de vozes num Cen-
tro de Atenção Psicossocial do Distrito Federal, destinado ao cuidado de pessoas diagnos-
ticadas com algum transtorno psiquiátrico. Em razão do enfoque psicopatológico tradicio-
nal privilegiar um tratamento medicamentoso que visa a remissão desses sintomas, pres-
cindindo de um manejo que possibilite trabalhar o contexto vivencial que contribuiu para
que o sofrimento grave tomasse lugar na existência dessas pessoas, levantamos o seguinte
questionamento: seria possível compreender e ampliar os sentidos decorrentes desta expe-
riência de ouvir vozes – para além dos já legitimados pela lógica biomédica -, oferecendo
um cuidado clínico diferenciado no CAPS com pessoas que escutam vozes, na perspectiva
fenomenológico-existencial? Desse modo, este estudo se justiicativa pela necessidade de
problematização de lógicas de cuidado que tem como foco a remissão dos sintomas, e que
podem contribuir para restringir ainda mais as possibilidades existenciais de pessoas que
frequentam serviços de saúde mental, considerando que muitas delas sofrem os efeitos
colaterais das medicações, sem que compreendam o que pode estar se passando em suas
vidas. Além disso, formas de cuidado que não privilegiem outras alternativas de tratamento
acabam não atendendo alguns dos pressupostos da Lei da Saúde Mental de nosso país.
Este estudo traz, portanto, como objetivo, apresentar uma possibilidade de trabalho psico-
terápico na abordagem fenomenológico-existencial através de um espaço de escuta e troca
de vivências em grupo no CAPS, com pessoas em sofrimento existencial grave que escu-
tam vozes, a im de que, a partir desse fenômeno, sentidos diferentes àqueles legitimados
pelo horizonte biomédico moderno possam surgir. Para tal, adotou-se o método fenome-
nológico-hermenêutico. Como resultados parciais, consideramos que ao se proporcionar
um ambiente de suporte mútuo, com troca de experiências e valorização das vivências das
pessoas que escutam vozes, entendendo que esse evento deve ser problematizado a partir
das várias possibilidades dos seus modos de expressão, e não como um processo de doença,
é possível que as pessoas consigam compreender o sentido dessas experiências, e ampliar
suas possibilidades existenciais.
Trabalhos 241
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Trabalhos 242
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Josimar Cassol
O presente artigo tem por objetivo apresentar um possível diálogo entre Soren A. Kierke-
gaard (1813-1855) e Michel Henry (1922–2002) a partir da temática do sofrimento
humano. Visto que os dois autores descrevem ao longo de sua s obras, belíssimas rele-
xões acerca do sofrimento na vida do homem. Embora sejam autores de épocas diferentes,
procuraremos e isso é uma possibilidade, estabelecer um possível diálogo entre eles par-
tindo das semelhanças e dessemelhanças entre seus pensamentos. A análise da existência
humana em Kierkegaard nos leva a defrontarmo-nos com uma série de categorias como, o
sofrimento, a subjetividade, verdade, a inquietação, a angústia, o pecado, a fé, o desespero,
o paradoxo do absurdo, a possibilidade, a liberdade, a singularidade, a temporalidade, o
eterno, etc. O homem do século XIX vê o castelo de cartas das verdades incontestáveis da
religião desmoronar e isso deixa em crise sua relação com o mundo e consigo mesmo. É
nesse contexto da crise da religião que a obra de Kierkegaard se insere e nos é apresentada
como uma expressão concreta de sua existência subjetiva. Para Michel Henry “viver signi-
ica ser” desde que compreendamos esse ser de tal modo que signiique identicamente a
vida. A vida é uma revelação uma auto revelação que precede a ideia de vida. Nesse sentido
vida é pura experimentação de si, em outras palavras, a vida sente a si mesma, aí reside
sua essência, na auto-afecção. A vida em sua afecção primeira, não é afetada por nada além
dela mesma, ou seja, ela própria que constitui o conteúdo que recebe e que a afeta, sem
intermediários. Em Henry o sofrer é uma tonalidade fenomenológica originaria da vida, e é
apenas a partir do sofrer primitivo que todo sofrimento particular é possível. Em suas ana-
lises Henry distingue o que é um falar “sobre o sofrimento” e um falar “do sofrimento”. No
primeiro caso, quem fala “sobre o sofrimento” o faz como se o sofrimento nada tenha a ver
consigo, como que este lhe seja exterior, diferente, desligado de si. Esse modo de abordar a
vida acaba por implicar numa objetivação na qual a vida não passa de uma representação,
seguindo essa perspectiva a vida é algo que está fora e que é projetada sobre a mesa dos
experimentos e só pode ser conhecida se a coisiicarmos.
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D evido às diversas críticas que surgiram durante a produção do Diagnostic and Statisti-
cal Manual of Mental Disorders (DSM-5) e, posteriormente, ao seu lançamento, entre-
vimos a necessidade de realizar o presente trabalho, cuja intenção é analisar o status da psi-
copatologia e da clínica psiquiátrica contemporâneas. Primeiramente, expusemos como o
DSM-5 realiza e justiica os diversos diagnósticos psiquiátricos nele descritos. Em seguida,
foram levantados, revisados e apresentados artigos cientíicos que abordam, criticamente,
o DSM-5, através de pesquisa nas bases de dados PsycINFO, Web of Science, Scopus, PeP-
SIC e ScIELO. Observamos, a respeito dessas críticas, uma série de pontos convergentes,
os quais levantam muitos questionamentos sobre os signiicados e a real aplicabilidade que
aportam a psiquiatria e a psicopatologia dominante às categorias nosográicas em relação
à vida das pessoas. Encontramos, também, dúvidas sobre a ética na produção do DSM-5,
uma vez que o próprio Allen Frances, chefe da equipe que elaborou o DSM-IV, criticou a
construção deste novo manual, afastando-se de toda a equipe responsável por tal emprei-
tada. Assentados nos fundamentos do método fenomenológico husserliano e em um de seus
principais desdobramentos, a psicopatologia fenomenológica, nossa discussão baseou-se
em colocar pontos de relexão sobre a seguinte pergunta fundamental: estamos realmente
conseguindo ajudar pessoas que estão em sofrimento psíquico ao basearmo-nos no rol diag-
nóstico oferecido pelo dispositivo do DSM-5? Postulamos, ao inal, que a psiquiatria e a
psicopatologia pós-modernas devem reformular-se desde suas bases epistemológicas mais
originárias, situando o sofrimento psicopatológico do sujeito em sua biograia pessoal, na
construção de signiicados e contextos sociais e na experiência vivente da pessoa (Krank-
sein). Por meio desta via, concluímos, é possível trabalhar no sentido de reconhecer, acolher
e ajudar na aceitação e destinação do sofrimento psíquico das pessoas.
Trabalhos 244
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S aúde para a fenomenologia implica a busca incansável pela liberdade existencial, visando,
sobretudo a plenitude da existência. Com isso, o sofrimento humano está pautado na
restrição das possibilidades dos modos de ser e estar no mundo. O objetivo deste resumo
é descrever através do olhar fenomenológico compreensivo a possibilidade de mudança do
ser em sofrimento para o desvelamento do ser sadio. O fenômeno psíquico mórbido da
depressão apresenta várias caraterísticas que a fenomenologia tenta descrever e compreen-
der. A temporalidade é afetada, traduzindo-se em um tédio profundo da existência. O indi-
víduo acometido pela depressão se fecha em apenas um modo de ser, ocultando suas poten-
cialidades. O dar-se conta não lui, e o seu objetivo de integração não é alcançado. Assim, o
conceito de ser-para-morte, contribui fortemente com a psicopatologia, pois é através disso
que podemos apreender as várias formas de morrer perante o mundo. Um “morrer” de um
ser doente, em sofrimento, obscurecido em sua existência, e principalmente um ser restrito
em seu campo vivencial. Observamos que o ser sadio se presentiica buscando uma nova
compreensão do homem e de sofrimento, a partir do mundo vivido, pois temos uma ilia-
ção, somos do mundo, no mundo e para o mundo. A mudança percebida é a abertura desse
homem a um novo olhar (holístico), às relações que estabelece, sem aprioris, pré-conceitos
ou fórmulas mágicas. Somos uma inteireza, uma totalidade e adoecemos também porque
nos vemos e nos sentimos partes, incompletos. Buscando no fora algo para tampar nossos
vazios interiores, quando na verdade o movimento é o inverso, buscar dentro de si mesmo
a possibilidade de vivências plenas. Com isso, a depressão se incumbe por si só de resgatar
seu valor como vivência afetiva, constitutiva e eminentemente humana, e não somente como
um problema, na crença de que o sofrimento é algo inerente à condição humana. É funda-
mental ter um olhar acolhedor para o sofrimento, para que assim, possamos transmutá-lo,
ainal, nascemos, trabalhamos e vivemos para suportar a angustia da morte. O ser sadio dá
novo sentido ao sofrimento, e consequentemente à vida. Acolher a dor e ressigniicá-la pode
fortalecer o sujeito de tal forma a permitir que ele se aproprie ou se reaproprie de si mesmo,
melhorando sua vida interior de forma criativa e plena, numa sociedade onde o que importa
é “Ser e Estar” feliz.
Trabalhos 246
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O termo primeira crise do tipo psicótica se refere a uma vivência de sofrimento geral-
mente intensa e que pode evoluir ou não para uma desorganização maior da vida do
sujeito e de sua família. A assistência precoce a essa clientela demonstra uma menor mor-
bidade, recuperação mais rápida, melhor prognóstico, preservação de capacidades psicos-
sociais, maior apoio dos familiares, menor necessidade de hospitalização e menor gasto à
rede de atenção à saúde. No Brasil temos alguns grupos de intervenção precoce, um dos
destaques é o Grupo de Intervenção Precoce nas Primeiras Crises do Tipo Psicóticas - GIPSI
- que realiza há 15 anos pesquisas e intervenções com essa clientela em Brasília. O grupo
atua no Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, coordenado pelo Prof. Dr. Ileno
Izídio da Costa, e conta com a participação de alunos de graduação e pós-graduação, além
de proissionais voluntários, de diferentes áreas. O grupo desenvolveu ao longo dos anos
um modelo de atenção baseado em uma ação interdisciplinar, que focaliza o cuidado não
apenas no sujeito em primeira crise, mas também em sua família e rede afetiva. Busca-se
compreender as possibilidades de existência do sujeito e potencialidades em sua relação
com o mundo. Parte-se de uma ação de cuidado conjunta ao sujeito em oposição a uma
atitude interventiva de retirada de sintomas, na qual, almeja-se o retorno a uma suposta
“normalidade”, destacada do sujeito, de suas demandas e de seu contexto. A pesquisa de
doutorado aqui proposta se encontra em andamento e tem como objetivo implementar e
avaliar os resultados do modelo de atenção às primeiras crises do grupo GIPSI em compa-
ração aos tratamentos de rotina disponibilizados pela rede de Saúde Mental de Curitiba. A
pesquisa será realizada em um CAPS III de Curitiba e utilizará uma metodologia mista con-
vergente fenomenológica. A fenomenologia serve a essa pesquisa enquanto suporte episte-
mológico, como ilosoia em suas relexões críticas a respeitos dos fenômenos humanos e
processos psicopatológicos e enquanto metodologia compreensiva e integrativa. A atenção
à crise ainda é um desaio à reforma da atenção à saúde mental, assim, a implementação do
modelo GIPSI e avaliação desse modelo de intervenção pretende trazer contribuições tanto
ao município quanto às pesquisas e ações na atenção à crise, e em especial às primeiras
crises do tipo psicóticas.
Trabalhos 256
7. CoRPo e CoRPoReIdade na
FenoMenoloGIa
Sumário
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Rudimar Barea
Trabalhos 260
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Silmara Mielke
Trabalhos 261
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Jaqueline Eyng
Priscila Ferreira de Oliveira
Sylvia Mara Pires de Freitas
A história nos mostra diversas maneiras de se compreender o que sugere ter sido foco
constante de estudos e relexões: o corpo e a mente. Contudo, observamos uma pre-
dominância de entendimentos que dissociam ambos e tendem a colocar o corpo num lugar
secundário. Por sua vez, ante a crescente popularização e aumento do uso das tecnologias
cibernéticas e o contexto fértil de investigações que se abre a partir desse fenômeno, per-
cebeu-se a contemporaneidade do assunto e a importância de se traçar uma investigação
que relacionasse a temática corpo com o ciberespaço. Para tanto, iniciou-se Pesquisa de
Iniciação Cientíica (PIC) de cunho teórico-conceitual – cujo nome deu título a este traba-
lho, objetivando compreender as dimensões corporais na relação do ser humano com e na
realidade virtual, a partir da ontologia do corpo de Jean-Paul Sartre. Para conseguirmos
alcançar os objetivos propostos foi realizada revisão bibliográica acerca da concepção do
corpo na ilosoia ocidental clássica, a im de elucidar as heranças provenientes desta que se
perpetuam na atualidade e suas contribuições e divergências ao pensamento de Sartre. Para
fundamentar as análises e discussões, utilizou-se como fundamento a concepção de corpo
de Sartre em O ser o nada, que delimita três dimensões ontológicas: o corpo como ser-Para-
-si (concreto), o corpo como ser-Para-outro (abstrato) e o corpo como ser-Para-si-Para-
outro, e que compreende o corpo e a consciência como entidades indissociáveis. A partir de
relexão crítica sobre os assuntos, pretendeu-se identiicar as contribuições de Sartre para a
compreensão da realidade virtual, bem como, os possíveis encontros entre essa concepção
e as investigações feitas por outros estudiosos sobre o tema, principalmente Pierre Lévy. Ao
inal desta pesquisa, compreendemos que a concepção sartreana de corpo abstrato nos for-
nece subsídio para entender o papel do corpo num contexto de relações virtuais, revelando-
-se também pelos complexos-utensílios que o indicam.
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ConTRIbUIÇÕeS da FenoMenoloGIa-eXISTenCIal
PaRa a CoMPReenSÃo da doR CRônICa
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E ste trabalho tem como objetivo discutir a questão dos esportes de combate, a partir da
fenomenologia de Merleau-Ponty. O presente estudo resgata as noções de corpo pró-
prio, intersubjetividade, e as concepções acerca da motricidade, todas exploradas na obra A
fenomenologia da percepção. Com base nestas discussões, realizadas pelo ilósofo, abre-se
a possibilidade de investigação do corpo a corpo em combate, entendendo que uma luta
só é possível a partir do encontro entre dois corpos em movimento. Portanto, trata-se da
necessidade de se ater a estas três noções fundamentais, contempladas por Merleau-Ponty.
A primeira – corpo próprio – consiste em uma compreensão ambígua acerca do corpo,
que pode ser visto como objeto, mas também se relaciona com o mundo enquanto sujeito.
Nesse sentido, trata-se não apenas do corpo que tenho, mas também do corpo que sou. Já
o campo da motricidade, segundo conceito a ser trabalhado neste estudo, contempla uma
intencionalidade originária, que desloca a noção de consciência, anteriormente exclusiva
a um eu penso, para um eu posso. A compreensão merleau-pontyana de corpo em movi-
mento implica em um modo de apropriação espaço-temporal. No tocante à intersubjetivi-
dade, outra concepção importante nesta discussão, Merleau-Ponty trata do reconhecimento
do outro a partir do seu desenvolvimento acerca da temática da percepção. Assim o outro
aparece para mim sob dada perspectiva, do modo como me é possível percebê-lo. Nesse
sentido, este trabalho aponta para novas formas de compreensão dos esportes de combate,
principalmente com relação aos processos de controle/descontrole do movimento, aten-
ção, concentração e distração com ênfase no papel da modulação da agressividade. Ainda,
pode contribuir como base para futuras discussões em torno na psicologia do esporte e do
exercício, com foco nas modalidades de combate, tornando possível aos proissionais uma
compreensão das lutas em que seja permitido um olhar e uma prática para além de técnicas
previamente estabelecidas.
Trabalhos 267
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
RoMPendo o eSCaFandRo:
eMeRGÊnCIa de noVoS SIGnIFICadoS eXISTenCIaIS
eM UM ConTeXTo de adoeCIMenTo
O objetivo geral deste estudo foi analisar as interfaces entre “silêncio primordial” e corpo
no contexto de adoecimento, a partir de uma narrativa fílmica. Em “O Escafandro e a
Borboleta” descrevem-se as percepções existenciais do protagonista, partindo de uma aná-
lise das limitações corpóreas provenientes do adoecimento. Por meio de relexões de pas-
sagens de sua vida relatadas na narrativa, identiicam-se circunstâncias em que uma “fala
autêntica” traduz este silêncio fundante. Quanto à metodologia, esta investigação teve cará-
ter qualitativo e cunho exploratório visando a uma aproximação dos conceitos delineados
no marco teórico. Para a transformação de dados obtidos em resultados de pesquisa utiliza-
-se uma análise empírico-documental de conteúdo, que conduz a descrições sistemáticas e
a reinterpretação das mensagens, ampliando os signiicados. Os resultados indicam que a
privação do movimento e expressividade do corpo põem o sujeito em contato com o que lhe
é mais próprio, seu silêncio fundante, que se traduz em uma fala originária, primeira em
termos de vivência. Uma análise crítico-relexiva acerca da noção de corpo sugere que este
tem uma dimensão totalizante do humano, sendo herdeiro de um legado existencial e que
diante do adoecimento, novos signiicados podem atravessar o sujeito, que terá oportuni-
dade de expressar uma fala que traduza o que experimenta, ressigniicando sua história. O
personagem do ilme em estudo se posiciona de forma ativa e redescobre, diante da fata-
lidade e sob as camadas de uma existência que o levaram a afastar-se de uma vida plena,
o sensível e humano que o constituem. A expressão de si, mediante uma escrita paciente e
determinada através de um meio rudimentar de comunicação, foi a forma escolhida pelo
personagem para expressar um momento existencial fecundo. Cabe inferir, por im, que a
mesma angústia que coloca o homem diante de uma situação-limite e instaura uma crise
radical, pode também originar um projeto novo, único, rico de possibilidades.
Trabalhos 268
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
E dith Stein, nas pegadas de Edmund Husserl, analisou em sua tese de doutorado o pro-
blema da empatia, identiicando-a como vivência ontológica através da qual podemos
conhecer a experiência do outro e suas modalidades de posicionamento pessoal. Em pes-
quisas posteriores, chegou a identiicar a possibilidade de conhecer a motivação vivenciada
pelo outro, através de uma explicitação dos motivos que fundamentam a experiência e as
tomadas de posição. A corporeidade, via de acesso da experiência interna alheia, também
se apresenta como expressão deste posicionamento pessoal. O presente trabalho tem por
objetivo explicitar a relação entre empatia, corporeidade e núcleo pessoal, a partir das aná-
lises realizadas por Edith Stein. As obras da autora, O Problema da Empatia, Psicologia e
Ciências do Espírito: contribuições para uma fundamentação ilosóica e A estrutura da
pessoa humana, respectivamente publicadas originalmente em 1917, 1922 e 1930-32,foram
analisadas em sua tradução italiana, a partir do método fenomenológico, onde buscamos
ressaltar os aspectos essenciais dos fenômenos e descrever as conexões de sentido presente
nos textos. Através da empatia, vivenciamos o conteúdo experienciado pelo sujeito empati-
zado, colhendo inicialmente suas sensações, estado de ânimo ou vivências de sentimento a
partir da expressão de sua corporeidade. Considerando o outro como ponto zero de orien-
tação no mundo, podemos adentrar na compreensão de sua experiência, identiicando os
objetos intencionais aos quais está voltado e se posiciona espontânea ou voluntariamente.
Neste processo, o sujeito empatizado responde a valores pessoais que podem mobilizá-lo
em sua experiência, dentro de um continuum, de maneira mais profunda e intensa ou de
maneira mais sutil ou supericial. O posicionamento pessoal diante dos valores apreendidos
na experiência da pessoa pode ser guiado por padrões culturais gerais e/ou seguir impulsos
advindos das sensações, mas também pode expressar uma autenticidade, onde a pessoa-
lidade marca a ação e o tipo de escolha realizada, imprimindo nos gestos, as característi-
cas pessoais próprias, revelando aspectos do núcleo pessoal. Assim, através da vivência da
empatia, podemos apreender através da corporeidade e da linguagem, os aspectos da expe-
riência alheia que constituem seu centro ou núcleo pessoal, assim como os critérios pessoais
utilizados no próprio posicionamento, explicitando o centro de orientação próprio de cada
sujeito envolvido nas tomadas de posição.
Trabalhos 269
8. FenoMenoloGIa e FoRMaÇÃo
eM PSIColoGIa
Sumário
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Trabalhos 271
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
I NTRODUÇÃO: O encontro entre o psiquiatra suíço Medard Boss e o ilósofo alemão Mar-
tin Heidegger e a posterior amizade entre ambos, que durou quase trinta anos, resultou
na criação de uma nova possibilidade de olhar o homem no âmbito psicoterapêutico. Esta
possibilidade se deu, sobretudo, através da inluência que a leitura da obra Ser e tempo
(2002) de Heidegger exercia sobre Boss e das questões que emergiram sob os entraves com
os quais o psiquiatra se deparou em sua clínica. O rompimento de Boss com a psiquiatria
clássica e posteriormente com a psicanálise se deu concomitantemente com o gradual posi-
cionamento dele em favor das ideias propostas por Heidegger em sua Analítica do Dasein, e
desta forma Boss pôde conceber a sua Daseinsanalyse e passar a olhar o fenômeno humano
não mais através do prisma do cientiicismo naturalista, do psiquismo ou do subjetivismo,
mas como uma abertura para o surgimento da questão do ser. Para marcarmos esta inlu-
ência discutiremos o conceito de angústia na ótica de Heidegger e de Boss, bem como a
inluência do ilósofo no psiquiatra. OBJETIVOS: Geral: Apresentar ao leitor o psiquia-
tra suíço Medard Boss, através de um pequeno recorte biográico do autor, e apontar seu
rompimento com a Psiquiatria e a Psicanálise bem como seu contato com um novo modo
de pensar sua clínica. Especíico: A partir deste ponto nossos objetivos especíicos serão:
Apontar o produto da inluência exercida, mutuamente, entre o ilósofo Martin Heidegger e
o psiquiatra suíço Medard Boss; Possibilitar uma introdução conceitual à Analítica ontoló-
gica heideggeriana; Assinalar a importância do conceito de angústia para ambos os autores,
para Heidegger em sua ontologia e para Boss em sua concepção de psicoterapia. METO-
DOLOGIA: Nos valeremos em nossa metodologia de uma pesquisa bibliográica. Como tra-
taremos de dois autores, e da relação entre ambos, utilizaremos algumas de suas próprias
obras, sendo elas: Ser e tempo – Parte I (2002) e Seminários de Zollikon (2001) de Martin
Heidegger; Angústia, Culpa e Libertação (1977), e artigos da Revista da Associação Brasi-
leira de Daseinsanalyse números 1 (1974), 2 (1976) e 11 (2002), todos de autoria de Medard
Boss. Para ampararmos nossas discussões nos valeremos também de diversos comentado-
res, tanto da obra de Medard Boss, como Ida E. Cardinalli, autora do livro Daseinsanalyse e
Esquizofrenia: um estudo sobre a obra de Medard Boss (2004), entre outros.
Trabalhos 272
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Trabalhos 273
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N o presente estudo, a Fenomenologia é destacada pela dimensão de sua crítica aos limi-
tes da ciência positivista, ciência esta que rege a grande maioria das áreas do conheci-
mento, abrangendo, inclusive, a própria Psicologia. No que se refere ao processo de forma-
ção clínica no curso de Psicologia, existe uma diiculdade peculiar por parte dos estudantes
estagiários que adotam a fenomenologia como referencial clínico. Tal diiculdade se deve à
incompatibilidade entre o aporte teórico advindo do curso de Psicologia, ciência esta pau-
tada, tradicionalmente, em paradigmas cientiicistas, e a proposta teórico-metodológica
adotada pela abordagem supracitada. Como pano de fundo desse cenário, buscamos um
aprofundamento no pensamento do ilósofo Martin Heidegger, principalmente no que se
refere à Era da Técnica. Esta sociedade tecnicista e contemporânea foi abordada para que
pudéssemos entender o cenário sócio-cultural em que esta formação está inserida. Diante
disso, questionamos se esse panorama no qual a Psicologia Clínica repousa favorece o
desenvolvimento de uma atitude fenomenológica e de um olhar diferenciado para os senti-
dos da existência, tal como é pensado na clínica fenomenológica. Reconhecendo esses limi-
tes, tivemos como objetivo de pesquisa compreender a experiência de formação de psicólo-
gos clínicos que desenvolvem estágio na perspectiva fenomenológico-existencial. Tal estudo
se conigurou, portanto, como uma pesquisa fenomenológico-hermenêutica, baseada na
ontologia heideggeriana, e utilizou como instrumento de acesso à experiência a entrevista
semiestruturada. Os participantes desta pesquisa foram seis estagiários do curso de Psico-
logia da UFRN que estavam desenvolvendo estágio supervisionado em psicologia clínica
na abordagem referenciada. A pesquisa revelou que a etapa de formação fenomenológico-
-existencial abre uma possibilidade de descobertas por parte do estudante estagiário que
transcendem a dimensão do outro, pois reletem um auto desvelamento enquanto pessoa
lançada no mundo. Embora com os desconfortos iniciais pelo próprio formato do currículo
do curso e pela liberdade de atuação clínica, característica da fenomenologia, as narrativas
demonstraram que tais diiculdades são capazes de instaurar um processo de busca por
novos sentidos, sentidos esses que reletem uma busca por uma ainação de suas práticas e
um trilhar de caminhos no compasso com a existência do outro.
Trabalhos 274
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Trabalhos 275
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
Bruno Marchesi
Sandra Maria Sales de Paula da Silva Sousa
E mbora existam vários trabalhos publicados sobre o tema de supervisão clínica, não há
tantos trabalhos empíricos descrevendo as experiências de supervisão em si, e menos
ainda sob o ponto de vista do discente. Buscando preencher este espaço, o presente artigo
descreve as percepções de um aluno de graduação no decorrer do último ano do curso de
Psicologia na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), com referência às supervisões de seu
grupo de estágio clínico, de orientação Rogeriana. Somando-se aos diversos autores que
já publicaram estudos sobre supervisão, objetiva unir ao coro mais uma voz, ao chamar
a atenção para a aplicabilidade da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) ao processo de
supervisão, nos grupos que trabalham com esta mesma, bem como em outros, indepen-
dentemente de linhas. Refere-se a um relato de experiência, contendo descrição de proce-
dimentos e estratégias de intervenção, muito embora não ofereça evidência metodológica
apropriada de avaliação de eicácia – a não ser o testemunho do próprio autor – uma vez
que as observações colhidas no grupo de supervisão foram através de observação pessoal.
São apresentadas as características estruturantes do estágio clínico na UTP, comuns a todas
as abordagens, e se descreve como decorrem as supervisões na ACP. Em seguida, partindo-
-se não só da conceituação desenvolvida pelo próprio Rogers, mas também por seus dire-
cionamentos práticos, procura-se correlacionar o processo de supervisão com o de psico-
terapia, ao menos em suas fases iniciais, e de que modo a supervisão poderia trabalhar de
forma a catalisar o processo na relação intersubjetiva, distanciando-se portanto da estrutu-
ração relato-orientação. Observa-se, além disso, que esta forma de trabalho pode propiciar
diferentes mecanismos de interação entre os membros do grupo, para além do controle do
tempo disponível a cada estagiário, do rodízio de alunos e das participações estanques. Pro-
cura-se argumentar que esta aplicação da ACP à supervisão clínica poderia trazer ganhos,
não só para os alunos, mas também para os supervisores.
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E ste trabalho tem como objetivo fazer uma descrição e uma análise fenomenológica exis-
tencial de um caso clínico. A cliente é do sexo feminino, casada, tem 32 anos, dois ilhos
e é natural de uma cidade da Paraíba. O motivo que a levou a buscar terapia foi o sentimento
de que estava “entrando em depressão”, por estar com uma carga de estresse muito grande,
tanto familiar como no trabalho. Os atendimentos ocorreram durante o período estágio
obrigatório para a conclusão do curso de Psicologia, que tem por inalidade complemen-
tar os estudos teóricos e a prática clínica, na Clínica Escola de Psicologia da Universidade
Federal da Paraíba. A terapia tem como objetivo o sentido de buscar o desenvolvimento
das potencialidades do indivíduo envolvido, promovendo a integração das mesmas, permi-
tindo que o indivíduo encontre o próprio equilíbrio e o limite entre ele e o mundo através
da tomada de consciência de si mesmo e do contexto espacial e histórico ao qual pertence,
possibilitando a integração e conscientização do aqui/agora. Foram realizadas nove ses-
sões, no período de outubro de 2013 a dezembro de 2013, com duração de 50 minutos cada.
Nesta análise, busca-se perceber como a psicoterapia de base fenomenológica existencial
age como facilitadora para uma libertação da dependência subjetiva da cliente para com os
outros, possibilitando-a separar o que é seu e o que é do outro, para que tenha consciência
que o que lhe acontece é posterior a uma escolha sua. Basear-se no método fenomenológico
existencial é acreditar que o homem não é algo pronto, mas um conjunto de possibilidades
que se atualiza no decorrer da sua existência. É livre para escolher em muitas possibilidades,
levando em consideração que cada escolha signiica um ato de renúncia às outras. É possível
perceber que, no decorrer dos atendimentos, a cliente está em constante desenvolvimento
de suas potencialidades e reconhece cada vez mais suas possibilidades, como ser que está
no mundo e nele atua. Os pontos trabalhados durante este curto período de tempo foram a
construção de sua auto-imagem, relacionamentos interpessoais e atuação no trabalho. Ao
término do período, pôde-se veriicar uma melhora de visão da própria cliente sobre sua
auto-imagem e maior autonomia em tomar decisões que facilitam seu processo de vir a ser.
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9. PeSQUISa FenoMenolÓGICa
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PanoRaMaS da adoleSCÊnCIa:
UM eSTUdo FenoMenolÓGICo SobRe aÇÕeS
PSICoedUCaTIVaS eM InSTITUIÇÕeS
Trabalhos 287
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Trabalhos 288
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O objetivo desse trabalho é discutir o que é método para a fenomenologia. Esse tema é
bastante controverso, uma vez que essa palavra é muito presente no meio cientíico e no
senso comum, âmbitos nos quais ela se encontra encoberta por sedimentações de preconcei-
tos e bastante desgastada. Assim sendo, a compreensão vulgar de método acaba facilmente
tornando-se a compreensão corrente e dominante. Em vista disso, nosso intuito é despren-
der um olhar rigoroso para essa palavra, principalmente no que tange a seara do método
dentro da perspectiva fenomenológica-hermenêutica, baseada no pensamento de Martin
Heidegger. Para alcançar tal objetivo, iniciaremos uma discussão indicativa-formal ilosó-
ica sobre o termo, elucidando qual a concepção de Heidegger sobre essa palavra. A seguir,
apresentaremos uma experiência concreta de efetivação essa concepção, levada a termo na
dissertação de mestrado da autora, intitulada “As Cores de Pastore: Graite, Arte, Vida”, na
qual foi utilizado o método fenomenológico de pesquisa. Essa dissertação é um trabalho
em psicologia da arte, que tangencia as áreas da psicologia, das artes e da ilosoia, e tem
como objetivo compreender a vida e a obra de um graiteiro-poeta: a partir do convívio com
o artista Bruno Pastore foi possível constituirmos um mundo de acontecimentos, imagens
e palavras. Revelamos sua trajetória de vida, trazendo à tona acontecimentos importan-
tes e denúncias diversas. Elaboramos paralelamente leitura de suas principais produções
artísticas, entre elas graites e poesias. Concomitantemente, apresentamos ensaio ilosóico
baseado nas referências teóricas que essa pesquisa suscitou, inspirado principalmente em
Martin Heidegger e seus comentadores. O recorte da dissertação que será apresentado diz
respeito exatamente ao modo como ela foi desenvolvida, aos caminhos percorridos para que
o material inal pudesse ser trazido à tona. Mais do que os resultados, nos interessa salientar
a trajetória trilhada como um exercício de pesquisa fenomenológica.
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MéTodo PRoGReSSIVo-ReGReSSIVo:
UMa PoSSIbIlIdade PeSQUISa eM PSIColoGIa
O presente texto tem como proposta discutir o método progressivo-regressivo como pos-
sibilidade de pesquisa. O intuito de abordarmos tal tema em psicologia aparece sob o
indicativo da ilosoia fenomenológica-existencial de Jean-Paul Sartre. O pensador fran-
cês, no decorrer de sua obra ilosóica, procura compreender um caminho que permita o
desvelamento rigoroso do desdobramento da existência, sem perder de vista o que chama
de homem concreto. O que isso quer dizer? Sartre procura, a partir do método progres-
sivo-regressivo, vislumbrar uma outra possibilidade de se pensar e articular os fenômenos
que emergem no mundo, sem prescindir da experiência em si. Ou seja, Sartre procura um
outro modo de compreender os fenômenos, indo ao encontro dos mesmos, tais como são
experienciados. Tal método se funda na compreensão de co-originariedade entre homem
e mundo. Isto quer dizer que a apropriação desse método só é possível quando se parte da
não cisão entre o homem, como abertura, e o mundo, como as articulações de sentido que
sustentam as possibilidades de ser em determinado horizonte histórico. Podemos apontar
com isso uma ruptura com os métodos tradicionais utilizados nas pesquisas de psicologia
moderna, e, até mesmo, com o próprio transitar por este saber. O iluminar dos fenômenos
que aparecem na existência rompe com a ambição moderna de controle, previsibilidade
e adequação do humano a um modo especíico de ser. Uma vez que há, como indicativo
norteador, o homem singular-universal, tal como apresentado por Sartre. Assim, o singular
se dá na articulação particular dos sentidos já dados no mundo, em que foi lançado; e, o
universal, essa trama de sentidos em que o homem já sempre se sustenta. Ao tomarmos a
condição humana como indeterminação, compreendemos que não há mais um im último,
uma essência ou algo mais próprio, além de sua própria abertura. Nesse sentido, o método
progressivo-regressivo tem a pretensão de romper com as proposições em que se sustenta a
psicologia tradicional, tais como: estrutura psíquica, bases biológicas, natureza humana. E,
ainda, busca na existência mesma o próprio aparecer dos fenômenos. O debruçar-se sobre
o método progressivo-regressivo aparece, então, como possibilidade de re-visada sob os
modos em que a psicologia moderna opera, assim como, uma outra possibilidade de pers-
pectiva acerca das questões que muito custam à modernidade.
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R ealizar pesquisas em psicologia cujo tema é a imaginação encontra diversos reveses teó-
ricos e metodológicos, tanto na circunscrição e deinição daquilo que é estudado, quanto
no método utilizado para a coleta e sistematização dos resultados encontrados. O presente
trabalho visa estabelecer possibilidades de pesquisa em psicologia articulando a metodolo-
gia fenomenológica de investigação em psicologia, derivada da fenomenologia husserliana,
e a hermenêutica simbólica, cuja origem remonta ao círculo de Eranos. A fenomenologia de
Husserl tem como noção principal a da intencionalidade da consciência e da necessidade de
um retorno às coisas mesmas, ou as essências dos fenômenos. Adaptada à investigação em
psicologia, a fenomenologia procura captar, através de relatos de experiências, os aspectos
invariáveis dessas experiências relatadas, ou suas essências. O olhar fenomenológico busca,
através da descrição dos fenômenos relatados, uma compreensão objetiva do fenômenos
psicológico em oposição ao estabelecimento de relações de causa e efeito como ocorre nas
ciências naturais, evitando também a redução do fenômeno a um psicologismo subjetivo.
A hermenêutica simbólica tem origens paralelas à fenomenologia de Husserl, partindo da
antropologia simbólica de Cassirer que compreendia o homem como animal symbolicum
em oposição ao animal rationale, isto é, tem sua experiência no mundo mediada através
de símbolos, estes nunca idênticos à experiência vivida mas que apontam para além das
limitações da linguagem que a descreve. A hermenêutica compreende o símbolo como
elemento ambivalente que aponta para um sentido em oposição a um conceito, compre-
endendo o fenômeno tanto em seu sentido manifesto quanto em seu aspecto latente, este
último necessitando uma interpretação em função de sua constituição polissêmica. Ambas
as visões inluenciaram direta ou indiretamente os pensadores ligados ao Círculo de Eranos.
A perspectiva de pesquisa em psicologia tendo como objetivo compreender a imaginação
como fenômeno psicológico e experiência vivida necessita da articulação das duas metodo-
logias, partindo da imaginação como experiência vivida e da realidade do aspecto simbólico
contida no próprio relato desta experiência. O imaginar e a imagem podem fornecer, apre-
endidos desta maneira, uma melhor compreensão da experiência humana, compreendido
aqui em sua essência imaginal, produtora de sentido que ultrapassa o racional, sem reduzi-
-lo a psicologismos ou a um epifenômeno arbitrário.
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D oenças renais e urológicas levam a óbito cerca de 850 mil pessoas anualmente sendo
considerada como a 12ª causa de morte no mundo. A cada ano tem se observado um
aumento signiicativo no diagnóstico da DRC no Brasil, que em seus estágios mais avança-
dos impossibilita que o rim funcione de maneira adequada, causando a Insuiciência Renal
Crônica e necessitando de métodos eicazes para substituição da função renal. Pelo acesso
deicitário dos pacientes aos serviços especializados de saúde em nosso país, o desconhe-
cimento da própria patologia, os sintomas, suas causas, acarreta a um pior prognóstico da
Doença Renal Crônica a e consulta com o nefrologista é tardia necessitando iniciar a Tera-
pia Renal Substitutiva (TRS) o mais rápido possível pela progressão da doença. O diagnós-
tico da insuiciência renal é extremamente impactante na vida deste paciente, por se carac-
terizar como um tratamento rigoroso que por vezes vivencia mudanças na esfera familiar,
social, sexual e proissional, prejudicando fortemente sua qualidade de vida. Ao submeter-
-se a procedimentos que por muitas vezes são extremamente invasivos, restrições hídricas,
alimentares, e ao próprio processo de diálise, ocasiona grande dependência de familiares
ou acompanhantes, modiicando totalmente a rotina do paciente. É uma realidade que por
muitas vezes o paciente não é preparado para lidar e no início passa a ser negada, por que
falta o lugar de reconhecer-se enquanto portador de tal patologia. A experiência de ser Insu-
iciente Renal Crônico que realiza hemodiálise é singular e signiicativa para cada sujeito,
os modos de vivências e enfrentamento utilizados inluenciam diretamente na qualidade
de vida e adesão do tratamento destes pacientes. Estes pacientes não preparados para a
hemodiálise iniciam a terapia de modo inesperado, acarretando em intenso sofrimento
emocional decorrente do processo da dependência do equipamento de diálise. Compreen-
der o signiicado da primeira sessão de hemodiálise pode favorecer maior enfrentamento e
adesão ao tratamento dialítico destes pacientes. O objetivo geral deste estudo é Compreen-
der a experiência vivenciada pelo paciente Renal Crônico ao se submeter à primeira sessão
de hemodiálise. Para a realização deste estudo descritivo será utilizado o Método Fenome-
nológico de Investigação em Psicologia de Amedeo Giorgi de metodologia qualitativa, que
estuda o sentido da experiência humana nas suas mais variadas relações com o mundo.
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A psicologia é um ramo do conhecimento que visa estudar a forma como o ser humano
interage com o seu meio e, para tanto, a mesma conta com uma pluralidade de teorias
que visam dar suporte para as abordagens clínicas, sendo algumas delas a Análise do Com-
portamento, Gestalt-terapia, Psicanálise e Psicodrama. Perante esta multiplicidade, o estu-
dante de psicologia se vê deparado com diferentes possibilidades de atuação no contexto clí-
nico tendo que, em um dado momento do curso, escolherem uma das abordagens clínicas.
Deste modo, o contexto teórico e prático da psicologia, assim como o contexto acadêmico
bem como características próprias do aluno podem estar implicados no processo de escolha
da abordagem de atuação clínica do estudante de psicologia. Concernente às questões aca-
dêmicas, a relação aluno-professor se faz importante, pois é a partir da mesma que o estu-
dante se prepara para a convivência em grupo e sociedade e, além disso, é também a partir
desta relação que o universitário começa a desenvolver a sua dimensão proissional e a se
preparar para o mercado de trabalho. Diante disso, a partir do que foi exposto, observou-se a
necessidade de compreender como ocorre o processo de escolher do graduando no segundo
semestre do quarto ano do curso de Psicologia, considerando a relação estabelecida com os
seus professores. Nesse sentido, foi realizada uma investigação fenomenológica com quatro
estudantes de psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), regular-
mente matriculados no segundo semestre do quarto ano, de ambos os gêneros, com idade
entre 21 e 25 anos e que tivessem notas iguais ou maiores que cinco. Esta Investigação Feno-
menológica foi realizada por meio das seguintes perguntas disparadoras: “Como você pode
descrever o processo da construção do seu vínculo com seus professores da graduação?” e
“Gostaria que você descrevesse também as possíveis inluências dos seus professores na sua
escolha por uma das ênfases clínicas”. Assim, a partir dos dados obtidos pelas respostas dos
graduandos referentes a estas duas perguntas, pôde-se veriicar a inluência da dimensão
do entre (professor e aluno) nos seus processos de escolha de abordagem, sendo necessário
haver a aceitação e a conirmação dos dois polos envolvidos na relação.
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oS RaSTRoS da CUlPabIlIdade,
UMa leITURa de o GRande InQUISIdoR
E sta comunicação diz dos resultados de uma leitura que se debruçou sobre O Grande
Inquisidor de Fiodor Dostoiévski buscando ver e fazer ver os Rastros da Culpabilidade
presentes na obra. Apropriou-se, para tanto, da hermenêutica de Paul Ricoeur nas obras
A simbólica do mal e Finitude e culpabilidade. E da compreensão heideggeriana de Feno-
menologia. Culpabilidade é para Ricoeur condição antropológica correlata e correlativa da
condição falha/errada do homem e do seu devir. Esta condição sempre foi simbolizada nos
mitos, que mais que explicar uma condição inexplicável manifesta a relação do humano
com o sagrado e perfeito. Esta condição falha/errada/incompleta mancha o homem com-
preendida no pecado, na culpabilidade que traz na experiência do relato da mancha um
dizer da condição e das emoções inerentes à consciência humana de culpabilidade. O relato,
Ricoeur chama de conissão do pecado. A obra de Dostoiévski narra o discurso O Grande
Inquisidor na voz de Ivã, o mais velho dos irmãos Karamazov e cético, a Aliocha, o mais
novo e crédulo. O Grande Inquisidor, diz da volta de Cristo em Sevilha nas palavras de
Dostoiévski, durante a mais terrível inquisição. Cristo é reconhecido por todos até que mais
importantes dos inquisidores o Grande Inquisidor avista-o e ordena seu encarceramento.
No cárcere Jesus é visitado pelo Grande Inquisidor que inicia com ele um diálogo. O dis-
curso de Ivã visa provocar Aliocha, airmando que a instituição cristã e particularmente o
homem não anseia a liberdade. É importante dizer que aqui a instituição cristã é qualquer
instituição. Para Ivã, o homem tem verdadeiramente aversão à liberdade e que, indesejada,
ela só pode ser suportada vivida na forma da angústia. A liberdade é correlata da angustia
sentida por ter, o homem que lidar com a própria vida e destino; correlata à sensação de
que algo poderia ter sido diferente e de que algo icou para trás. A instituição é para estes
homens a resolução da angustia na medida em que está fornece segurança e orientação para
a condução da existência e o im da dúvida quanto ao futuro. Seguir os rastros da culpabili-
dade em textos literários possibilitou perguntar pela culpabilidade no discurso psicológico,
uma vez que cada matriz uma a sua maneira, estabeleceu e legitimou leituras da queixa do
sofrimento, pautadas em suas epistemologias e assim, estipularam prerrogativas para a lei-
tura do discurso/queixa vivo da culpa. Estas prerrogativas-semiológicas o discurso mesmo
seja esquecido.
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E ste estudo apresenta uma relexão sobre o conceito de Experiência e suas implicações
teórico-metodológicas nas pesquisas de inspiração fenomenológica desenvolvidas pelo
Grupo de Pesquisa “Atenção Psicológica Clínica em Instituições: Prevenção e Intervenção”
do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas-SP. A partir de um levantamento de dissertações e teses já concluí-
das por alunos do referido grupo no período de 2005 a 2014 efetivou-se uma análise com
foco na questão metodológica. Objetivou-se descrever os norteadores teóricos que funda-
mentaram o caminho metodológico adotado nessas pesquisas a im de identiicar os aspec-
tos epistemológicos. Constatou-se, inicialmente, o caráter interventivo das pesquisas que
encontra respaldo na perspectiva husserliana segundo a qual o eu psíquico só tem sentido
quando envolvido numa experiência vital, num campo fenomenológico. Revelou-se como
elemento fundamental o conceito de experiência que norteia os encontros dialógicos entre
pesquisador e participantes. Experiência refere-se à emoção sentida diante de um acon-
tecimento, considerando o luxo do vivido, a experiência intencional que conirma a exis-
tência humana, assumindo uma conotação de presença. Adota-se, predominantemente, o
Lebenswelt (mundo vivido) como foco da intenção de compreender o fenômeno. Destaca-
-se o conceito de intencionalidade da consciência em relação à experiência do pesquisador,
em seu modo ativo de se constituir como presença ao encontrar-se com cada um dos par-
ticipantes. Esta postura de disponibilidade autêntica e empatia por parte do pesquisador
que encontra inspiração na psicologia humanista rogeriana, propicia um clima facilitador
para a expressão autêntica da experiência vivida. Ressalta-se que as pesquisas buscam a
compreensão do fenômeno como um caminho exploratório de descoberta. O encontro dia-
lógico consiste no envolvimento existencial entre pesquisador e participante, conigurando
o campo fenomenológico experiencial. Neste modo de fazer pesquisa, o uso de narrativas
enfatiza o desvelamento do sentido das experiências que emergem a partir do encontro
dialógico entre participante e pesquisador num movimento intersubjetivo que leva a uma
síntese interpretativa.
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PeRSPeCTIVa FenoMenolÓGICa eM
SonhoS e anÁlISe SIMbÓlICa
O sonho e o sonhar são tanto aspectos psicológicos quanto experiências vividas durante
o sono. Compreender e decifrar tanto suas origens e desvelar os possíveis signiicados
contidos nas imagens oníricas tem se mostrado um desaio para a psicologia, havendo diver-
sos métodos destinados a decifrar seus conteúdos. O presente trabalho tem como objetivo
discutir a possibilidade de uma metodologia para o trabalho com sonhos em uma perspec-
tiva fenomenológica, considerando o sonho como fenômeno que ocorre para a consciência,
portanto passível de ser objeto de estudo de uma psicologia fenomenológica. Este método,
portanto, consiste numa metodologia qualitativa, adequada e rigorosa, direcionada para
estudar o sentido da experiência humana, nas mais diversas relações que estabelece com
o mundo. Hillman contribui com esta perspectiva, descrevendo as imagens oníricas como
sendo uma experiência a nível do sujeito e realiza alguns questionamentos metodológicos a
partir deste fenômeno: como e o que causou o sonho, quais os seus conteúdos manifestos,
qual o signiicado no sentido da experiência, que problemas e processos podem reletir na
vida desperta dos sonhadores. Neste sentido, os manuais, modelos clássicos de interpreta-
ção e categorização dos signiicados dos sonhos não são considerados. Boss autor da feno-
menologia defende que grande parte das associações e interpretações realizadas sobre os
sonhos, consistia inteiramente em banalidades teóricas, que soavam lógicos, mas que, de
fato, não passavam de uma intelectualização que limitava seriamente o que o sonho em si
tinha a dizer. O método fenomenológico de pesquisa em sonhos, contribui desta forma, na
compreensão, descrição da experiência e vivência particular do sonhador com suas imagens
oníricas, permitindo captar o sentido ou signiicado deste processo simbólico. A tarefa da
interpretação de qualquer fenômeno humano é, neste contexto, a de levar o indivíduo a
uma apropriação de seu modo de ser e estar no mundo. O método Analítico articula com
esta perspectiva, partindo de uma análise simbólica destes conteúdos narrados por meio
do método da ampliicação. Este é um procedimento resultante da consideração dos princí-
pios de associação e do pensamento analógico do dinamismo do símbolo. Os resultados do
trabalho com sonhos podem apontar para um processo de autoconhecimento e consciência
dos fenômenos psicológicos.
Trabalhos 302
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A Psicologia do Esporte compõe uma das sub-áreas da Psicologia em geral. Embora nesta
sub-área existam perspectivas hegemônicas, a abordagem fenomenológica se apresenta
buscando uma nova compreensão, almejando outro direcionamento prático na Psicologia do
Esporte e, da mesma maneira, na Psicologia em geral. Seu interesse se fundamenta na com-
preensão dos fenômenos não apenas de uma maneira qualitativa, mas de modo a estabele-
cer-se na espessura intencional que lhes é de origem. Nessa perspectiva, pretende-se abran-
ger o atleta de modo integral levando em conta o momento da sua carreira esportiva, sua
trajetória e suas características pessoais a im de compreendê-lo em sua totalidade, notando
seu horizonte existencial, seu contexto cultural e sua temporalidade. Dessa maneira o obje-
tivo desta investigação foi identiicar e compreender o horizonte de experiências vivencia-
das por jovens, na condição de atleta de base de time de futebol morando em alojamento do
clube. Foram entrevistados 19 jogadores da categoria sub-17 na primeira divisão dos cam-
peonatos paulista e mineiro. A fenomenologia clássica embasou metodologicamente a aná-
lise que deu acesso às vivências determinantes da situação estudada. Existencialmente, as
vivências individuadas interpenetram-se conigurando a percepção dos jogadores, a partir
das unidades de sentido encontradas. Estas unidades são: Brincadeira X Seriedade; Diicul-
dade de estar fora de casa; Processo de ambientação; Projeto de proissionalização; Correr
atrás. A medida entre sacrifício e meta articula e respalda as decisões fundamentais para o
posicionamento desses jovens. A justiicativa e o valor do esforço de correr atrás constituem
os atos espirituais fundamentais do sentido de ser jogador. No contato com a dimensão do
projeto existencial é que a atuação do psicólogo joga seu papel ético nesse delicado contexto
esportivo. Assim, surge a demanda pela compreensão da experiência singular dos atletas e
por uma atitude do proissional de Psicologia do Esporte que priorize atenção à liberdade e
ao sacrifício das escolhas pessoais, favorecendo as condições psicológicas de sua realização.
Trabalhos 303
10. FenoMenoloGIa, SoCIedade e
dIÁloGoS InTeRdISCIPlInaReS
Sumário
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Trabalhos 305
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O desenvolvimento das lideranças hoje nas organizações tem sido uma temática frequente
entre os psicólogos que atuam no campo organizacional. No entanto, essa prática da
psicologia deve ser compreendida no horizonte histórico-temporal em que tais articulações
se encontram envolvidas. Veriica-se que o papel das lideranças nas atuais corporações se
encontra bastante comprometido com a ordem atual das coisas, qual seja, a de um ente
cujo propósito é potencializar resultados, elevar cada vez mais a produtividade nas orga-
nizações. Visando alcançar essa produtividade, são requeridos comportamentos padrões
dos líderes, tomando a questão da liderança como um meio para se atingir um im. Nesse
modo de pensar, podemos veriicar o exercício da liderança marcado não por um deixar ser
do seu si mesmo ou por uma presentiicação da liderança na liberdade do modo próprio
de existir do homem. Nota-se, ao contrário, uma orientação totalmente voltada para um
funcionar do homem ao objetivo de produzir resultados. Trata-se de uma objetiicação do
sujeito, que se serve apenas a uma única possibilidade. Esvaziado em sua capacidade de
se mostrar por si mesmo e tomado como um objeto adaptável a uma realidade que clama
preponderantemente pelo sentido da produtividade, o homem, enquanto líder de equipe
nas organizações, perde-se em seu si mesmo e se deixa levar pela impessoalidade da exis-
tência, o que torna esse homem passível de diversos distúrbios psíquicos. A Psicologia, ao
desenvolver seus programas de liderança nas organizações, parece tomá-los pelo modo de
pensamento da técnica moderna, ao partir simplesmente do que é proposto pelo contexto
atual, sem tematizar o sentido da liderança para o próprio sujeito. A proposta desse tra-
balho é pensar o desenvolvimento das lideranças organizacionais tomando como base o
método fenomenológico-hermenêutico em Heidegger, em que o fazer da psicologia consista
em facilitar a experiência das pessoas na questão da liderança, tomando-a a partir do modo
como ela se mostra, no horizonte histórico em que se situa. O lugar da psicologia se daria no
reconhecimento da liderança, facilitando-lhe sua apreensão pelo próprio sujeito, levando-o
a apropriar-se de seu modo próprio de liderar e não pelo modo determinista, pautado pela
via única da técnica moderna.
Trabalhos 306
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Trabalhos 307
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J ean-Paul Sartre foi um ilósofo com grande presença no século XX. Conhecido pela
vasta contribuição cultural concretizada em milhares de páginas escritas. Além disso,
o fato de dominar diversos gêneros literários posiciona Sartre entre os grandes escritores
desse século. A despeito dessa envergadura intelectual, Sartre parece ser reconhecido ape-
nas como o ilósofo da liberdade. Temáticas relevantes do movimento intelectual sartreano
como, por exemplo, as revisões dos fundamentos da Psicologia e do Marxismo, geralmente
não recebem grande atenção. Nesse sentido, o presente trabalho procura lançar luz a uma
dimensão que nos parece pouco explorada da obra sartreana. Trata-se, basicamente, de
precisar o estatuto da antropologia em sua ilosoia articulado com a noção de liberdade.
Tendo em vista tal objetivo, vislumbramos dois momentos na ilosoia sartreana: o primeiro
com L’Être et le Néant (1943), obra na qual se realizaria uma antropologia ilosóica, e o
segundo com a Critique de la raison dialectique (1960), obra que realizaria uma antropo-
logia histórica. O primeiro momento fundamenta, por meio da ontologia fenomenológica,
a subjetividade como uma uniicação, sempre frustrada, de si (para-si), ou seja, o sujeito
não é dado (em-si), porque é projeção e não coincidência de si. O segundo momento opera
essa noção como chave para a compreensão dos movimentos histórico-sociais, na qual
dinâmica da história é vista como processo de totalização. É nesse sentido que Sartre, em
conferência proferida em Araraquara, expõe a possibilidade de uma antropologia estrutu-
ral e histórica, ou seja, uma perspectiva que torne inteligível o processo de historicização
do homem. Assim, Sartre busca a não reiicação da estrutura social articulando o sentido
da história à liberdade humana. Tendo em vista essas considerações, é possível airmar
que nos dois momentos a liberdade, primeiro como projeto e segundo como totalização
histórica, é levada em consideração, sendo central no primeiro e ativa implicitamente no
segundo. Assim, a intenção do presente trabalho não é ignorar a relevância da liberdade em
todo percurso intelectual sartreano, mas mostrar que tal conceito ainda é ativo nas obras
inais do ilósofo francês.
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Fabíola Langaro
Daniela Ribeiro Schneider
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ConSIdeRaÇÕeS FenoMenolÓGICo-heRMenÊUTICaS
aCeRCa da naTURalIzaÇÃo do hoMeM:
UM eXeRCÍCIo daSeInSanalÍTICo
Trabalhos 311
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V ivemos em uma sociedade imediatista, que foca no binômio saúde-doença como exclu-
sivamente pessoal/individual, como se toda inadequação às normas sociais fosse,
exclusivamente, de origem orgânica, expressa no adoecimento do indivíduo. Desta forma,
observa-se um processo mundial de medicalização dos modos de vida, por meio da banali-
zação de diagnósticos das diversas desordens emocionais e comportamentais, a crescente
prescrição de medicamentos e protocolos de atenção. O Fórum de Medicalização da Educa-
ção e da Sociedade é um movimento social que entende como medicalização, todo e qualquer
processo que transforma todas as questões sociais e não médicas, em questões orgânicas e
médicas; e a crescente inluência da indústria farmacêutica tem contribuído para a medica-
lização de todas as esferas da vida humana. O grande alvo desta prática medicalizante são as
crianças e adolescentes, que são medicados inadequadamente devido à formação proissio-
nal que ainda é fortemente marcada por um olhar higienista, principalmente nos processos
de ensino-aprendizagem, que tem sido a maior fonte de encaminhamentos para avaliação
e prescrição de medicações nas questões educacionais. Os efeitos da banalização da medi-
calização da existência humana são perversos, pois compreende que as pessoas é são por-
tadoras de ‘problemas’, são ‘disfuncionais’, ‘não se adaptam’, são ‘doentes’, transformando-
-as em ’consumidoras’ de tratamentos, terapias e medicamentos, além de eximir famílias,
proissionais, autoridades, governantes e formuladores de políticas de sua responsabilidade
quanto às questões sociais. O presente trabalho visa compreender a lógica medicalizante
como uma expressão da era da técnica que compreende a existência como algo que precisa
ser submetido a uma lógica externa. Neste contexto, o psicólogo é compreendido como o
proissional que deve auxiliar na adaptação no indivíduo à norma. Na contramão desta ten-
dência, o referencial fenomenológico-existencial pode ser usado como forma de auxiliar o
psicólogo a reencontrar o sentido do cuidado em sua atuação e a redeinir os objetivos de
sua atuação como sendo o de facilitar o indivíduo a reencontrar sentidos em sua existência,
bem como, o de contribuir para a formulação de políticas públicas que respeitem as diferen-
ças individuais sem considerá-las como objeto de adequação.
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N este trabalho apresentaremos uma aproximação entre angústia e poesia para tanto
abordaremos algumas discussões e compreensões da angústia por Heidegger. Parti-
mos da perspectiva da angústia como disposição que ‘nadiica’ permite ao homem ver pela
primeira vez o mundo como mundo. Na angústia estamos mergulhados no ‘nada’ como
algo que é constitutivo da existência, próprio da vida. Por sua indeterminação, não havendo
uma localidade, ontologicamente constitui e possibilita uma abertura e uma diferenciação
do que está no mundo enquanto ‘ente’, incluindo aí o homem. A experiência originária do
mundo na qual o homem se encontra não se dá numa representação onde um sujeito con-
cebe a realidade como um objeto, saindo da vida, mas sim, em sua totalidade, num sentir-
-se lançado no mundo, em um sentido. Estende-se a angústia como um dispositivo afetivo
que possibilita a abertura ao ser ai, o poético, por sua vez, retoma o sentido mais próprio
da linguagem, ontológico, linguagem que é o lugar de morada do Ser, manifestação de um
ente particular, do humano. A experiência da ausência de palavras para a apropriação do
sofrimento remete à angústia, quando o falatório é insuiciente o silêncio pode possibili-
tar a fala autêntica ou poética. A palavra poética revela o que é próprio do humano, nesta
direção a angústia possibilita a apropriação dessas condições pela palavra poética e é isso
que nomear quer dizer, e não o ato de conferir signo gráico ou fonético às coisas, o que nos
tornaria calculantes. No afastamento da realidade pelo estranhamento na experiência da
angústia, as coisas perdem o caráter de coisa, de nome, tornando-se anônimas, para nova-
mente serem nomeadas, criadas, e é no fazer poético enquanto ato de criação que se pode
novamente nomear e atribuir sentido, pois em todo processo de criação está presente a
angústia. A angústia que proporciona a experiência de estranheza, processo de afastamento,
distanciamento das coisas, ao nos afastar delas enquanto algo determinado, coisiicado, nos
aproxima do seu afeto. A poética aponta para a possibilidade de apropriação da existência
de modo mais próprio. Na analítica existencial de Heidegger a angústia surge como afeto
fundamental que proporciona uma abertura do humano para a sua existência da mesma
maneira que a poesia, ambas possibilitando uma abertura e um modo de vida mais autên-
tico. Assim como a angústia, a poesia é um fenômeno de estranhamento, rompem com os
limites do cotidiano, do falatório.
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E ste trabalho visa lançar um olhar crítico-relexivo sobre alguns dos preceitos que silen-
ciosamente subjazem às práticas educacionais, à luz de uma ótica fenomenológico-
-hermenêutica, inspirado em alguns conceitos do ilósofo alemão Martin Heidegger (1889
– 1976). Para tal, lançar-se-á mão de uma metodologia de pesquisa bibliográica, funda-
mentalmente calcada na primeira e mais conhecida obra do ilósofo, Ser e Tempo, de 1927.
Em uma época em que a tessitura dos saberes e fazeres são demandados a se reconstitui-
rem a cada momento, este ensaio visa contribuir para uma apropriação mais vigorosa das
práticas educacionais buscando compreender seus atravessamentos históricos, o papel da
psicologia neste percurso, culminando com a interpelação do fenômeno educativo cunhado
pelo olhar fenomenológico hermenêutico. Em Ser e Tempo, Heidegger nomeia de Dasein
(“existência”, “ser-aí” ou “ser-no-mundo”) o modo de ser deste ente que somos. Sua dife-
rença fundamental com relação aos demais entes co-mundanos a ele é que, enquanto o seu
ser está sempre em jogo no seu existir, o modo de ser dos entes não humanos é denominado
como “ser-simplesmente-dado” porque o que eles são, o seu sentido, nunca está em jogo
em seu devir temporal. Sendo o ser do homem pura abertura de sentido, a intencionali-
dade na fenomenologia husserliana, enquanto propriedade fundamental da consciência de
estar sempre dirigida para um objeto, é substituída pela noção de Cuidado (Sorge), ou seja,
o Dasein, a existência, é a abertura através da qual se desvela o sentido dos entes que lhe
vêm ao encontro no mundo, marcando assim a sua característica ontológica de estar sem-
pre referido a outro ente. Entendemos que a fenomenologia hermenêutica pode fornecer
importantes contribuições para uma compreensão das questões de ordem educacionais que
se anunciam no âmbito escolar cotidiano, bem como dos recorrentes desaios que eclodem
na escola contemporânea, e assim, anunciar possíveis visadas que permitam um constante
re-fazer das práticas educacionais vigentes.
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A música é uma forma de relação do homem com seu mundo, com seus pares e consigo.
Ela tem sido utilizada, há milhares de anos, também como forma de cuidado à saúde
do homem. A música possui diferentes representações que dependem do contexto cultu-
ral, social e histórico em que se encontra inserida, uma delas é a de que “música faz bem”.
Mas ao longo da história podemos observar seus efeitos tanto prejudiciais quanto benéicos.
Hoje, na rede de atenção à Saúde Mental, utiliza-se a música e a Musicoterapia em diferen-
tes locais e de diferentes formas. Esta é uma pesquisa de mestrado que teve como objetivo
investigar as repercussões clínicas apresentadas por sujeitos em sofrimento psíquico grave,
frente a uma experiência em grupo de Musicoterapia. Trata-se de um estudo qualitativo
de orientação fenomenológica com onze sujeitos que frequentavam um CAPS II na cidade
de Curitiba. Para compreender as repercussões dessa experiência foram realizadas entre-
vistas individuais e 17 sessões de Musicoterapia em grupo, ao longo de dois meses. Como
procedimento de análise das entrevistas foi utilizada a análise fenomenológica de Giorgi.
As repercussões clínicas apresentadas foram: mudanças na relação com a música; intera-
ção; descontração; conquista de objetivos pessoais; elaboração de experiências recordadas;
catarse; um projeto de vida; repensar a relação com o outro, repensar-se frente ao outro;
realizar coisas novas; um espaço para estar; sentir-se compreendido; desconforto. Diversas
relexões foram disparadas durante a pesquisa a respeito da prática clínica da Musicotera-
pia e referentes às práticas em Saúde Mental de um modo geral. A partir dessa experiência,
percebemos o potencial da música para auxiliar no cuidado à Saúde Mental, criando um
espaço mais descontraído, que facilita a interação e cria um ambiente que tem como foco a
vida e não a doença. Mas também notamos que não é um processo que será indicado a toda
a população em sofrimento psíquico grave, já que pode haver desconfortos signiicativos em
alguns membros no contato com a música produzida em grupo. Referentes às práticas em
saúde mental, notamos o entrecruzamento de duas formas conlitantes de compreender o
sofrimento psíquico grave e na forma da atenção à saúde. Uma, ainda voltada a um enfoque
na doença mental e a busca por um retorno do doente a uma normalidade e, outra, colo-
cando o sujeito como foco do processo buscando compreender seu contexto e demandas
para então modelar os processos de cuidado.
Trabalhos 327
11. FenoMenoloGIa eXPeRIMenTal
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E mbora existam algumas teorias aparentemente completas sobre o senso de agência (SA),
este conceito ainda está sendo discutido no âmbito da literatura ilosóica e psicológica
atual. O SA é considerado um aspecto da fenomenologia da ação, entendida no sentido de
experimentar certos fenômenos durante a execução de uma ação. O SA se refere à sensa-
ção de controlar um evento externo por meio das próprias ações. Prejuízos no SA podem
ser encontrados em pacientes esquizofrênicos os quais questionam suas próprias ações ou
pensamentos. Estudos recentes apontam que além da esquizofrenia, psicopatologias como
bulimia e sintomas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (checagem compulsiva) possuem
déicits na agência. O SA tem sido investigado nos settings laboratoriais por meio de diver-
sas medidas. Alguns estudos lançaram mão de experimentos a im de compreender melhor
o fenômeno. Um dos experimentos utilizados é o chamado The Alien-Hand Experiment,
traduzido como Experimento da Mão Alienígena (EMA). O EMA é caracterizado por uma
condição de engano visual induzido aos participantes, cujas respostas indicam o nível de
consciência das próprias ações em tarefas motoras. O EMA foi reaplicado em um grupo
clínico de pacientes esquizofrênicos (com o objetivo de investigar a consciência da ação,
autoconsciência e a agência) e de mulheres bulímicas (para estudar o esquema corporal,
a imagem corporal e a agência) em diferentes estudos. Os resultados indicaram menor SA
tanto nos indivíduos esquizofrênicos quanto nas bulímicas em relação aos participantes
sem diagnóstico. O objetivo do presente estudo é discutir as diferentes perspectivas teóricas
do SA, bem como suas distintas formas de investigação no contexto cientíico e aplicação no
campo clínico, especialmente o EMA. Espera-se encontrar divergências na literatura sobre
medidas de investigação do construto nos settings laboratoriais. O método utilizado será a
revisão narrativa de literatura e a teoria que embasa o estudo é a fenomenologia da ação. Os
resultados serão apresentados conforme o andamento da pesquisa.
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Sumário
Índice Remissivo
Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia e
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PENSAR E FAZER FENOMENOLOGIA NO BRASIL
a
Achilles Gonçalves Coelho Júnior .................................................................................................................... 269
Adriana Raquel Negrão Duarte Forte .............................................................................................................. 274
Adriana Siman ......................................................................................................................................... 188, 189
Adriano Furtado Holanda.......................................................... 32, 160, 162, 169, 203, 222, 230, 249, 256, 327
Alberto Marcos Onate ....................................................................................................................................... 61
Alekssey Marcos Oliveira Di Piero .................................................................................................... 129, 225, 323
Alessandro de Magalhães Gemino.......................................................................................................... 105, 206
Alexia Vasconcelos Martins .............................................................................................................................. 224
Aline Passos Pereira ............................................................................................................................................ 98
Aline Sampaio .................................................................................................................................................. 272
Almerinda Botelho Prazeres ............................................................................................................................. 196
Almir Ferreira da Silva Junior ...................................................................................................................... 168, 97
Álvaro Hideki Odasaki ..................................................................................................................................... 308
Amanda Acco Rosa ......................................................................................................................................... 265
Amanda Fernandes Rodrigues Alves ............................................................................................................... 102
Amanda Martinez Lourido ............................................................................................................................... 185
Amanda Mendes Cavalcante dos Santos ........................................................................................................ 114
Amanda Suellen Costa Carrasco ..................................................................................................................... 138
Ana Andréa Barbosa Maux ...................................................................................................... 174, 204, 208, 210
Ana Carolina Arima.................................................................................................................................. 173, 240
Ana Carolina de Oliveira Parra ......................................................................................................................... 129
Ana Cecilia Faleiros de Padua Ferreira ...................................................................................... 113, 116, 120, 128
Ana Gabriela Rebelo dos Santos...................................................................................................................... 130
Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo ...................................................................................................................... 45
Ana Maria Monte Coelho Frota ......................................................................................................................... 38
Ana Maria Scanavachi Moreira Campos .......................................................................................................... 133
Ana Tereza Camasmie ............................................................................................................................. 141, 231
Anderson Nunes Pinto..................................................................................................................................... 191
Andre Gugelmin Valente ......................................................................................................................... 293, 302
Andrea Cristina Morganti................................................................................................................................. 103
Andréia Elisa Garcia de Oliveira ............................................................................................................... 271, 284
Andreia Paula Hagers Bernardo ......................................................................................................................... 89
Andrés Eduardo Aguirre Antúnez ...................................................................................... 54, 215, 242, 244, 285
Anete Marília Pereira ........................................................................................................................................ 317
Anna Paula Zanoni ............................................................................................................................................ 99
Antônio Renan Maia Lima ............................................................................................................................... 288
Ariadne Lecher Possibom ................................................................................................................................. 205
Arley Andriolo .......................................................................................................................................... 100, 289
Artur Alves de Oliveira Chagas ........................................................................................................ 199, 286, 311
b
Bárbara Penteado Cabral ................................................................................................................................. 206
Beatriz Mendes Pereira..................................................................................................................................... 282
Bernardo Rocha de Farias ........................................................................................................................ 104, 291
Bethânia Cabrera de S. Bortolato .................................................................................................................... 126
Bianca Galván Tokuo ....................................................................................................................................... 122
Braz Dario Werneck Filho................................................................................................................... 96, 111, 237
C
Cairu Vieira Corrêa ........................................................................................................................................... 222
Camila Muhl .................................................................................................................................................... 203
Camila Tomé Peralba ............................................................................................................................... 204, 210
Cândida de Oliveira Carpes ............................................................................................................................. 156
Carine Naldi Sawtschenko ....................................................................................... 132, 133, 134, 135, 136, 139
Carla Elias de Moura .......................................................................................................................................... 89
Carla Maria Voitena ......................................................................................................................................... 144
Carlos Augusto Serbena .................................................................................................................... 76, 293, 302
Carolina Brum Faria Boaventura ...................................................................................................................... 246
Carolina Freire de Araujo Dhein ................................................................................................................. 91, 241
Carolina Freire de Carvalho.............................................................................................................................. 312
Caroline Pértile ................................................................................................................................................. 266
Cátia Cilene Lima Rodrigues .................................................................................................................... 228, 229
Celana Cardoso Andrade .................................................................................................................................. 64
Cíntia Guedes Bezerra Catão .......................................................................................................................... 254
Clarissa De Franco ........................................................................................................................................... 228
Claudine Alcoforado Quirino ................................................................................................................... 121, 315
Claudinei Aparecido de Freitas da Silva ............................................................................................................. 82
Conceição Aparecida Fonseca......................................................................................................................... 195
Crisóstomo Lima do Nascimento ............................................................................................................ 124, 324
Cristiane Choma Chudzij ................................................................................................................................. 307
Cristiano Roque Antunes Barreira ...................................................................................... 72, 227, 267, 269, 303
Cristina Martins Ribeiro .................................................................................................................................... 251
Cynara Carvalho de Abreu ...................................................................................................................... 194, 313
d
Daniel de Olival Pestana .................................................................................................................................. 273
Daniel Marcio Pereira Melo ................................................................................................................................ 51
Daniela Ribeiro Schneider ................................................................................................................................ 309
Daniele de Souza Paulino ................................................................................................................................ 313
Daniele Rodrigues Jordão ................................................................................................................................ 187
Danielle de Gois Santos ............................................................................................................................. 87, 118
Danilo Salles Faizibaioff .................................................................................................................... 215, 244, 285
Danilo Saretta Verissimo .......................................................................................................................... 146, 161
Danilo Souza Ferreira ....................................................................................................................................... 148
Danilo Suassuna ........................................................................................................................ 75, 252, 298, 299
Débora Callegari Hertzog Fonini ..................................................................................................................... 330
Débora Lopes Rodrigues Araujo ...................................................................................................................... 195
Demétrius Alves de França .............................................................................................................................. 242
Diego Luiz Warmling........................................................................................................................................ 171
Diogo Arnaldo Corrêa ..................................................................................................................... 107, 108, 277
e
Eberson dos Santos Andrade .......................................................................................................................... 109
Editéia Miranda de Sousa ................................................................................................................................ 123
Eduardo Henrique Tedeschi ............................................................................................................................ 235
Eduardo Luis Cormanich ................................................................................................................................. 159
Elenice Onetta ................................................................................................................................................. 287
Eliane Monteiro Kuramoto ............................................................................................................................... 199
Élida Mayara da Nóbrega Cunha ............................................................................................................ 155, 259
Elina Eunice Montechiari Pietrani ..................................................................................................................... 306
Elis Cibele Targino Moreira Gomes .................................................................................................................. 208
Elisa Smile Teixeira de Oliveira .......................................................................................................................... 297
Ellen Araújo Lima Feitosa ................................................................................................................................. 123
Ellen Cristina Fabri............................................................................................................................................ 323
Ellika Trindade .................................................................................................................................................. 172
Elza Dutra .......................................................................................................................................... 35, 254, 274
Elza Maria do Socorro Dutra ...................................................................... 87, 137, 155, 174, 194, 259, 313, 318
Emilio Romero ................................................................................................................................................... 81
Eraldo Carlos Batista ........................................................................................................................................ 253
F
Fabiana Tavolaro Maiorino............................................................................................................................... 325
Fabio Barbosa Filho ......................................................................................................................................... 106
Fabíola Freire Saraiva de Melo.......................................................................................................... 117, 187, 192
Fabíola Langaro ............................................................................................................................................... 309
Felipe Carvalho de Castro................................................................................................................................ 129
Felipe Fook Bastos ........................................................................................................................................... 279
Felipe Luis Fachim ............................................................................................................................................ 287
Felipe Schimidt Smania .................................................................................................................................... 101
Fernanda Martingo Tulha ................................................................................................................................ 192
Fernando Gastal de Castro ................................................................................................................................ 48
Flávia Augusta Vetter Ferri ............................................................................................................................... 144
Flavia Cristina Gorni ................................................................................................................................. 140, 255
Flávia Roberta de Araújo Alves ........................................................................................................................ 207
Flavio Kenji Murahara ...................................................................................................................................... 200
Francielle Machado Beria ................................................................................................................................. 331
Francisco Valberto Dos Santos Neto ............................................................................................................... 152
Francislane Bonfim Freitas ............................................................................................................................... 224
Frederico Pieper................................................................................................................................................ 220
G
Gabriela Alves Martins Guimarães Lyrio Todo.................................................................................................. 275
Gabriela da Silva Rudolpho .............................................................................................................................. 314
Gabriela Letícia Duarte .................................................................................................................................... 128
Gabriela Schimaneski de Carvalho .......................................................................................................... 140, 255
h
Hayanna Carvalho Santos Ribeiro da Silva ...................................................................................................... 251
Hellen Kadja Mendes de Oliveira ..................................................................................................................... 282
Hellen Regina Grande ..................................................................................................................................... 217
Heloisa Szymanski ........................................................................................................................................... 200
Henrique Campagnollo D´ávila Fernandes .................................................................................... 141, 178, 241
Henrique Shody Hono Batista ......................................................................................................................... 265
Hernani Pereira dos Santos .............................................................................................................................. 146
Hinayana Leão Motta ...................................................................................................................................... 219
I
Ileno Izídio da Costa .................................................................................................................. 78, 226, 251, 256
Isadora Silveira Ligório ...................................................................................................................................... 331
Itala Daniela da Silva ................................................................................................................................ 121, 223
J
Janaína Bertholdo ............................................................................................................................................. 95
Janete de Paiva Borges ............................................................................................................................ 184, 310
Jaqueline Borges Vieira .................................................................................................................................... 255
Jaqueline Eyng ................................................................................................................................................ 262
Jean Luca Lunardi Laureano da Silva ....................................................................................................... 286, 311
Jean Marlos Borba ............................................................................................................................................. 49
Jean Marlos Pinheiro Borba ............................................................................................................. 152, 245, 279
Jean-Marie Barthélémy ................................................................................................................................... 242
Jeniffer Soley Batista ........................................................................................................................................ 222
Jennifer da Silva Moreira .......................................................................................................................... 162, 265
Jessica Caroline dos Santos ..................................................................................................................... 293, 302
Jéssica Priscylla de Oliveira Medeiros ............................................................................................................... 204
Jéssica Priscylla Medeiros de Oliveira ....................................................................................................... 207, 210
Jéssica Wunderlich Longo................................................................................................................................ 250
Joana Santos Montalvão ................................................................................................................................. 225
Joanneliese de Lucas Freitas .................................................................... 173, 238, 240, 248, 265, 266, 297, 332
João Pedro Benzaquen Perosa ........................................................................................................................ 290
João Ricardo Castanha Pinheiro ...................................................................................................................... 238
João Ricardo Teixeira Leite de Souza ................................................................................................................ 185
k
Karin Aparecida Casarini .................................................................................................................................. 106
Karine Costa Lima Pereira ................................................................................................................................. 230
Kassia Fonseca Rapella ..................................................................................................................... 186, 206, 236
Katarine Luvizoto ............................................................................................................................................. 128
Katya Litcy Schmidke ............................................................................................................................... 188, 189
Kélia Wenia de Freitas Pereira Rebouças........................................................................................................... 198
l
Laís da Rocha Borges ....................................................................................................................................... 299
Laura Cristina Santos Damásio de Oliveira .............................................................................................. 155, 179
Laura Villares de Freitas ...................................................................................................................................... 99
Leandra Rossi ............................................................................................................................................. 98, 102
Leandro Monteiro Oliveira Pinho ............................................................................................................. 175, 294
Leonardo Alves Passos ..................................................................................................................................... 287
Letícia de Paula Traficante Jacintho.................................................................................................................. 128
Lia Spadini da Silva ................................................................................................................................... 273, 290
Lilian Della Torre Sousa Cabral ......................................................................................................................... 273
Lílian Lima Queiroz .......................................................................................................................................... 239
Lindalva Maria Silva de Souza Oliveira ............................................................................................................. 139
Lívia Nayara Tomás Silva .................................................................................................................. 252, 298, 299
Lucas Alves Siqueira ......................................................................................................................................... 225
Lucas Henrique Nigri Veloso ............................................................................................................................ 294
Lucia Cecilia da Silva .................................................................................................................................... 52, 93
Lúcia Helena Studart Montenegro Uchoa ....................................................................................................... 268
Lúcia Regina da Silveira Scarlati ................................................................................................................ 104, 292
Luciana da Silva Santos ............................................................................................................................ 180, 221
Luciana Fernandes Santos ............................................................................................................................... 296
Luciana Francielle e Silva .................................................................................................................................. 278
Luciana Szymanski Ribeiro Gomes .......................................................................................... 185, 273, 287, 290
Luís Carlos do Nascimento Silva .............................................................................................................. 223, 115
Luis Eduardo Franção Jardim................................................................................................................... 321, 322
Luís Henrique Fuck Michel ............................................................................................................................... 248
Luiz Ernesto Merkle .................................................................................................................................. 154, 316
M
Maiara Cristina Pereira...................................................................................................................................... 323
Maíra Leite Escórcio ......................................................................................................................................... 264
Maíra Mendes Clini .................................................................................................................................. 100, 289
Maitê Sartori Vieira ............................................................................................................................................. 90
Mak Alisson Borges de Moraes ........................................................................................................................ 153
Malu Nunes de Oliveira ................................................................................................................................... 281
Marcelle Matiazo Pinhatti ................................................................................................................................ 331
Marciana Gonçalves Farinha ..................................................................................................................... 58, 182
Márcio Luis Costa .................................................................................................................................... 288, 300
Márcio Luiz Fernandes ....................................................................................................................................... 67
Márcio Melo Guimarães de Souza..................................................................................................... 94, 235, 312
Marcos Aurélio Fernandes ................................................................................................................................. 73
Marcos Ricardo Janzen ...................................................................................................................................... 42
Marcos Thadeu Gurgel Cordeiro de Faria ........................................................................................................ 119
Marcus Tulio Calds ........................................................................................................................................... 218
Margoth Mandes da Cruz ............................................................................................................................... 240
Maria Angélica Aires Gil ................................................................................................................................... 282
Maria Aparecida da Silveira Brígido .................................................................................................................. 110
Maria Aparecida Viggiani Bicudo ....................................................................................................................... 60
Maria Conceição de Freitas Barbosa ................................................................................................................ 268
Maria Conceição dos Reis ................................................................................................................................ 287
Maria Eduarda de Avila.................................................................................................................................... 199
Maria Elisa Barbosa Faria Neder....................................................................................................................... 134
Maria Jeane dos Santos Alves.......................................................................................................................... 218
Maria Júlia Alves Souza.................................................................................................................................... 120
Maria Virginia Filomena Cremasco .................................................................................................................. 248
Mariana Cardoso Puchivailo .................................................................................................................... 256, 327
Mariana Cristina Gonzaga Silva ....................................................................................................................... 135
Mariana Mielke ................................................................................................................................................ 297
Mariana Vieira Pajaro ....................................................................................................................................... 125
Marília Camargo Tuma .................................................................................................................................... 182
Marília Zampieri da Silva .................................................................................................................................. 164
Marlise Aparecida Bassani................................................................................................................................ 108
Martha Franco Diniz Hueb .............................................................................................................................. 106
Melina Séfora Souza Rebouças ........................................................................................................................ 137
Mharianni Ciarlini de Sousa Bezerra................................................................................................................. 301
Mônica Botelho Alvim ....................................................................................................................................... 69
Mônica da Costa Heluany Dias ......................................................................................................................... 98
Mônica Maria Bezerra Costa............................................................................................................................ 196
Monique Pimentel Diógenes ................................................................................................................... 155, 197
Myriam Moreira Protasio .................................................................................................................................... 92
Myrna Coelho .................................................................................................................................................. 117
n
Nágila Maria Azevedo Rocha........................................................................................................................... 123
Natali Cristofolli ................................................................................................................................................ 275
Natalia Campos Bernardo ............................................................................................................... 193, 201, 205
o
Olívia Mentone Nogueira ................................................................................................................................ 192
Oyama Braga Martins Netto ................................................................................................................... 177, 214
P
Pandora Ferreira dos Santos............................................................................................................................. 196
Patricia El Horr de Moraes ................................................................................................................................ 238
Patrícia Filenga Manzutti .................................................................................................................................. 129
Patrícia L. Meker ............................................................................................................................................... 205
Patrícia Teixeira Honório dos Santos................................................................................................................. 109
Patrick Wagner de Azevedo ............................................................................................................................. 213
Paula Carmem Balivo ....................................................................................................................................... 225
Paula Guimarães Guerreiro ...................................................................................................................... 204, 210
Paula Payão Franco .................................................................................................................................. 240, 266
Paula Pilatti ....................................................................................................................................................... 140
Paulo Coelho Castelo Branco .................................................................................................................. 123, 156
Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista ...................................................................................................... 46
Pedro Fernando Bendassolli ............................................................................................................................. 194
Pedro Henrique Martins Valério ....................................................................................................................... 227
Pedro Henrique Santos Decanini Marangoni .................................................................................................. 161
Pedro Henrique Zani Jovanelli ......................................................................................................................... 319
Pedro Vanni ..................................................................................................................................................... 169
Placido Lucio Rodrigues Medrado .................................................................................................................... 246
Poliana Carneiro De Medeiros Aguirre González ............................................................................................. 282
Poliana Lorena de Oliveira ............................................................................................................................... 131
Priscila dos Santos Bueno ................................................................................................................................ 199
Priscila Ferreira de Oliveira ................................................................................................................................ 262
Priscilla Camilo de Andrade .............................................................................................................................. 229
R
Rafael Pereira dos Santos ................................................................................................................................. 185
Rafaella Maria de Varella Domingues .............................................................................................................. 155
Raíssa Dias Vieira de Assis ................................................................................................................................ 119
Raphaela Thuane Antunes e Silva.................................................................................................................... 196
Raquel de Paiva Mano ..................................................................................................................................... 226
Rayza Alexandra Aleixo Francisco ...................................................................................................................... 88
Rebeca Oliveira Cruz........................................................................................................................................ 280
Reginaldo José de Lima Filho .......................................................................................................................... 136
Reinaldo Furlan ................................................................................................................................ 157, 158, 308
Reynaldo Thiago da Silva Rocha .............................................................................................................. 233, 272
S
Sâmara Araújo Costa ....................................................................................................................................... 326
Sandra Maria Sales de Paula da Silva Sousa ..................................................................................................... 276
Sara Campagnaro ............................................................................................................................................ 176
Saulo da Rocha Rodrigues ............................................................................................................................... 127
Sheila Corrêa da Silva ....................................................................................................................................... 118
Silmara Flores ................................................................................................................................................... 280
Silmara Mielke .................................................................................................................................................. 261
Siloe Cristina do Nascimento Erculino ............................................................................................. 165, 166, 181
Sílvia Regina Cassan Bonome .......................................................................................................................... 323
Silvia Seiko Saito Yamamoto..................................................................................................................... 286, 311
Sônia Grubits ................................................................................................................................................... 250
Susan Sanae Tsugami ...................................................................................................................................... 221
Suyane Oliveira Tavares ................................................................................................................................... 195
Sylvia Mara Pires de Freitas................................................................................................................... 52, 88, 262
Symone Fernandes de Melo ............................................................................ 194, 204, 207, 208, 210, 282, 313
T
Tamires Melo dos Santos ................................................................................................................................. 129
Tatiana Benevides Magalhães Braga ............................................................................................................... 258
Tatiana de Lucena Torres ................................................................................................................................. 194
Tatiana Nunes Cavalcanti ................................................................................................................................ 131
Tatiana Slonczewski ......................................................................................................................................... 109
Tatiane Oliveira Meira da Silva ......................................................................................................................... 198
Thabata Castelo Branco Telles ......................................................................................... 138, 267, 275, 278, 319
Thaís Morais Lima ............................................................................................................................................ 163
Thauana Santos de Araújo .............................................................................................................................. 160
Thiago Gomes de Castro........................................................................................................... 43, 329, 330, 331
Thiago Oliari Ribeiro......................................................................................................................................... 332
Tommy Akira Goto .................................................................................................................... 31, 163, 164, 167
Tulio Rodrigo Teixeira Peixoto ........................................................................................................................... 305
V
Valdir Barbosa da Silva Júnior .......................................................................................................................... 219
Valdir Barbosa Lima Neto ........................................................................................................................ 147, 239
Valéria Christine Albuquerque de Sá Matos....................................................................................................... 97
Valeska Maria Zanello de Loyola ...................................................................................................................... 178
Vanessa Furtado Fontana................................................................................................................................ 149
Vanessa Oliveira Ferreira .................................................................................................................................. 106
Vania Cristina Vieira ......................................................................................................................................... 277
Vânia Midori Bruneli e Silva ................................................................................................................................ 93
Vera Engler Cury ................................................................................................................................ 57, 284, 301
Vinicius Xavier Hoste ....................................................................................................................................... 143
Virginia Elizabeth Suassuna Martins Costa ...................................................................................... 252, 298, 299
Virgínia Lima dos Santos Levy .......................................................................................................................... 190
Vitor Alexander Cortez de Oliveira ................................................................................................................... 313
Vitor Bezerra de Menezes Picanço ................................................................................................................... 209
Viviane Vaz Di Rossi Arantes Curvello.............................................................................................................. 128
w
Wellington Rafael Missias ................................................................................................................................. 225
William Barbosa Gomes............................................................................................................................. 42, 331
Willian dos Santos Godoi ................................................................................................................................. 145
Willian Perpétuo Busch .................................................................................................................................... 216
y
Yuri Alexandre Ferrete ...................................................................................................................................... 101
Yuri Amaral de Paula ........................................................................................................................................ 167
Yuri Andrei de Jesus Morais ............................................................................................................................. 245
z
Zara Cristina de Andrade Barbosa ................................................................................................................... 318
Zirlana Menezes Teixeira .................................................................................................................................. 112