Redação Escolar: Análise, Síntese e Extrapolação

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Presidente da República
João Baptista de Oliveira Figueiredo

Ministro da Educação e Cultura


Rubem Carlos Ludwig

Secretário-Geral
Sérgio Mário Pasquali

Secretária de Ensino de 1º e 2º Graus


Zilma Gomes Parente de Barros
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
SECRETARIA DE ENSINO DE 1º E 2º GRAUS

REDAÇÃO ESCOLAR: ANÁLISE,

SÍNTESE E EXTRAPOLAÇÃO

Este documento foi elaborado por:


• Elias José

BRASILIA, 1980
É proibida a reprodução total ou parcial
deste livro, salvo com autorização da Secretaria
de Ensino de 1º e 2º Graus do Ministério da
Educação e Cultura, detentora dos direitos
autorais.
Forarn depositados cinco exemplares deste
volume no Conselho Nacional de Direitos Auto-
rais e cinco exemplares na Biblioteca Nacional.

Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de


Ensino de 19 e 29 Graus. Redação escolar: análise,
sintese e extrapolação. Brasília, 1980. 208 p. (Série
Ensino Regular, 27).
Elaboração de Elias José.

1. Língua portuguesa - ensino de redação. 2. Re


dação. I. , Elias José. II. Título. III. Série.
Do mesmo autor:

"A Mal-Amada", contos. Imprensa Oficial, B.H., 1970. 2a edição: Interlivros,


B.H., 1977.

"O Tempo, Camila", contos, Imprensa Oficial, B.H., 1971.

"Inquieta Viagem no Fundo do Poço", contos, Imprensa Oficial, 1974 - Prêmio


Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, como "o melhor livro de contos de 1974"
— Prêmio Brasília, da Fundação Cultural do Distrito Federal, como "melhor li-
vro de ficção de 1974".

"As Curtições de Pitu", novela infanto-juvenil, Editora Melhoramentos, 1976.

"Um Pássaro em Pânico", contos, Coleção Nosso Tempo, São Paulo, Editora Ática,
1977.

Inéditos:

"Inventário do Inútil", romance, sairá pela Editora Civilização Brasileira, Rio.

"Do Sonho à Lucidez", contos, sairá pela Editora Símbolo, SP.

"A Estranha (Im)Potência da Palavra", ensaios sobre Literatura Brasileira e Teoria


Literária.

"Um Fantasma no Porão", sairá pela Melhoramentos, novela infantil.

Participação em Antologias:

"Círculo 17", São Paulo, Editora do Escritor, 1975.

"Os Melhores Contos do Brasil", Editora Globo, Porto Alegre, 1975.

"Assim Escrevem os Mineiros", Editora Alfa-ômega, São Paulo, 1977.

"Nuevos Narradores del Brasil", Revista Crisis, Argentina, 1975.

Colaborações nos órgãos de imprensa: Revista Vozes, Escrita, Ficção, El Cuento


(México) Chasqui (EE.UU.), Inéditos e Suplementos Literários de todo o país.
APRESENTAÇÃO

Para a Secretaria de Ensino de l? e 29Graus do Ministério da Educação e Cul-


tura, reveste-se de dupla satisfação iniciar a publicação e a divulgação dos trabalhos
vencedores nos três Concursos Nacionais do Ensino de Redação, promoções vitorio-
sas do Ministério, que receberam a adesão de centenas de professores.

Primeiramente, pela importância do momento em que as autoridades educa-


cionais e os educadores brasileiros se empenham em elaborar e instrumentalizar
propostas que correspondam à melhoria da qualidade do ensino, sobretudo a do
ensino da língua portuguesa, a nosso ver, um dos problemas que gera todos os ou-
tros que debilitam o nosso Sistema Educacional.

Em segundo lugar, pela certeza de oferecer aos educadores brasileiros uma va-
riedade de instrumentos mais condizentes com suas expectativas de trabalho, já que
produzidos a partir do exercício das atividades docentes, permitindo que todos
obtenham, com a sua leitura e a sua aplicação, vantagens que melhorarão os índices
de aprendizagem dos alunos e estimularão o "fazer pedagógico" pessoal.

As experiências que hoje divulgamos, todas elas consolidadas na sala de aula,


em vez de se proporem como modelos acabados ou sugestões fechadas, se prestam,
sobretudo, ao exercício da criatividade de cada educador, dentro dos parâmetros
ditados pelas condições e pelas realidades sócio-culturais de crianças e adolescentes
das comunidades em que exercem o magistério.

Estimular a criatividade, a comunicação e a expressão, nas suas formas verbal


e escrita, foi a intenção do Ministério da Educação e Cultura ao instituir o concurso,
como forma de melhorar a aprendizagem da língua materna. Implementar tais prá-
ticas, subsidiando o professor com o trabalho de outro colega, foi o caminho utili-
zado pela nossa Secretaria. Que todos façam bom proveito das atividades aqui pro-
postas.

ZILMA GOMES PARENTE DE BARROS


Secretária de Ensino de lº e 2º Graus
SUMARIO

Introdução: Redação Escolar: Uma Experiência Enriquecedora ........................ 11

1ª parte: Redações Explorando Problemas de Linguagem................................. 15

Módulo 1 : Níveis e Registros ........................................................................... 17


Módulo 2: Tipos de composição .................................................................... 25
Módulo 3: Desenvolvimento do Diálogo .......................................................... 29
Módulo 4: Estilo Nominal................................................................................. 30
Módulo 5: Linguagem Afetiva.......................................................................... 33
Módulo 6: Linguagem Técnica - Científica ...................................................... 35
Módulo 7: Regionalismos e Gírias.................................................................... 37
Módulo 8: Funções da Linguagem ................................................................. 38
Módulo 9: Funções da Linguagem II ................................................................ 43

2a Parte: Redações Explorando Elementos da Narrativa ................................... 45

Módulo 10: Introdução ao Estudo das Personagens....................................... 47


Módulo 11 : A Criação das Personagens ......................................................... 50
Módulo 12: Foco Narrativo: I: Reconhecimento ........................................... 52
Módulo 13: Foco Narrativo: Prática Individual ............................................. 59
Módulo 14: Foco Narrativo em Dupla de Alunos.......................................... 60
Módulo 15: Foco Narrativo em Grupo ........................................................ 63
Módulo 16: Exploração do Espaço Provinciano ............................................ 64
Módulo 17: Exploração do Espaço Metropolitano......................................... 66
Módulo 18: Exploração de Variados Tipos de Ação ..................................... 68
Módulo 19: Ação II........................................................................................ 70
Módulo 20: Exploração do Tempo Cronológico e Psicológico ..................... 72

3a Parte: Redações Relacionadas com Elementos da Teoria Literária e Aná


lise de Texto....................................................................................... 77

Módulo 21: Problemas Relacionados com Arte e Literatura ......................... 79


Módulo 22: O Estilo Individual e o Literário .............................................. 80
Módulo 23: Estudo do Texto Literário .......................................................... 82
Módulo 24: Esquema de Análise de Textos Narrativos................................. 83
Módulo 25: Roteiro de Análise de um Poema ............................................... 85
Módulo 26: Funções da Literatura ................................................................. 88
Módulo 27: Funções da Literatura II ........................................................... 90
Módulo 28: Entrevista Hipotética com Poetas ............................................... 91
Módulo 29: Exploração dos Estilos de Época ................................................ 92
Módulo 30: Decodificação Poética ................................................................ 94
Módulo 31 : Redação Surrealista ................................................................... 99
4aParte: Redações Explorando a Criatividade em Elementos Lógicos 101

Módulo 32: Estímulo do Pensamento através da comparação........................ 103


Módulo 33: Estímulo à Capacidade de Conceituar......................................... 107
Módulo 34: Operações do Pensamento e compreensão de Textos ................. 108
Módulo 35: Estímulo do Pensamento Através da Classificação...................... 110
Módulo 36: Testando a Capacidade de Ouvir e Assimilar .............................. 111
Módulo 37: Análise/Síntese/Extrapolação...................................................... 113
Módulo 38: compreensão de Textos e Operações do Pensamento ................. 116
Módulo 39: Coordenação de Idéias ................................................................ 118
Módulo 40: Introdução à Dissertação............................................................. 120
Módulo 41: A Dissertação em Prática ............................................................ 123
Módulo 42: Sugestão de Temas Dissertativos ............................................. 124
Módulo 43: Sugestão de Temas Dissertativos II............................................. 125

5a Parte: Redações e Análises sôbre os Meios de comunicação de Massa .... 127

Módulo 44: Redação sobre a Televisão: Painel ............................................ 129


Módulo 45: Análise de Histórias em Quadrinhos........................................... 134
Módulo 46: Análise de Propagandas .............................................................. 136
Módulo 47: Análise de Fotonovelas ............................................................ 138
Módulo 48: Análise de Revista Manchete...................................................... 140
Módulo 49: Análise de Desenhos Humorísticos ............................................ 142
Módulo 50: Pesquisa sobre Televisão............................................................. 143
Módulo 51 : Análise de um Jornal.................................................................. 144

6a Parte: Redações para treinamento da Pontuação e Acentuação .................... 147

Módulo 52: Reestruturação de Texto ............................................................. 149


Módulo 53: Reestruturação de Texto: Diálogos............................................. 157
7a Parte: Redações Criativas Apenas .............................................................. 159
Módulo 54: Carta de Amor como Motivo ...................................................... 161
Módulo 55: Fotografia como Motivo .......................................................... 164
Módulo 56: O Trabalho de Meninos como Motivo ........................................ 167
Módulo 57: Situações Hipotéticas .................................................................. 169
Módulo 58: O Cotidiano como Motivo .......................................................... 171
Módulo 59: Fotografia como Motivo II ......................................................... 174
Módulo 60: Construção Lúdica...................................................................... 177
Módulo 61: com Início Tradicional................................................................ 179
8a Parte: Redações Através de Testes de Sondagem ......................................... 181

Módulo 62: Sondagem de Classe Desconhecida............................................ 183


Módulo 63: Entrevista Montada pela Classe.................................................. 184
Módulo 64: Entrevista Introduzindo Problemas de Redação ......................... 186
Módulo 65: Sistema Proustiano de Avaliação de Personalidade.....................
................................................................................................................188
Módulo 66: Sugestões do Mundo Familiar.................................................... 191

9a Parte: Redações Sugeridas pelas Datas comemorativas.................................. 193

Módulo 67: Para Aplicação em l? de Maio ................................................... 195


Módulo 68: Para Aplicação na Semana da Pátria .......................................... 197
Módulo 69: Para Aplicação no Dia da Cidade ............................................... 201
Módulo 70: Para Aplicação na Semana do Folclore ...................................... 202

Bibliografia........................................................................................................ 205
INTRODUÇÃO

Redação Escolar: Uma Experiência Enriquecedora

Há vários anos, sou professor de Português no 29 Grau (na Escola Estadual de


1º e 2º Graus de Guaxupé) e de Teoria Literária e Literatura Brasileira (Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Guaxupé) e escritor, com vários livros escritos e
cinco deles publicados. A união das duas profissões, ambas exercidas com paixão e
entrega total, deu-me possibilidades de enriquecimento interior e de transferir para
novas gerações o amor aos livros e o gosto de redigir. O convívio diário com jovens
me tomou mais humano e abriu meus olhos para as transformações do mundo e
para a maneira de ser e agir da juventude de hoje. Minha literatura cresceu à medida
em que eu, ligado aos alunos mais afetivamente, percebia o mundo de todos e de
cada um. Fui aprendendo a ler as expressões faciais, os gestos, cada palavra dita ou
escrita, até o silêncio carregado de expressividade. Minha linguagem se atualizava e
adquiria novas tonalidades assimiladas com a linguagem dos alunos. Fui percebendo
que a literatura tinha que abandonar certo elitismo se quisesse falar alguma coisa para
a gente nova, para o mundo novo e diferente que é o nosso. Seria egoísmo só receber
e não fazer nada além das aulas convencionais, nada para enriquecer também a vida
dos meus alunos. Procurei analisar bem o meu papel de professor de língua
portuguesa, levantando problemas com alunos e colegas de magistério. Cheguei a
algumas conclusões, como:
a) o aluno não estava preparado para 1er nem para escrever;
b) ele não tinha iniciação suficiente nem hábito de leitura, por deficiência do
lar e da escola;
c) não redigia por falta de leitura, por estar bloqueado (culpa dos métodos
antigos, da dificuldade do idioma e rigidez na correção) e, principalmente, por falta
de uma motivação provocadora;
d) a teoria gramatical, sem aplicação, não levava a nenhum resultado;
e) os professores estavam acomodados com livros didáticos que traziam tudo
resolvido;
f) os alunos estavam comunicando pouco, lendo pouco e resolvendo muitos
testes de múltipla escolha, que exigiam pouco e acabavam por saturar ou padroni-
zar;
g) o ensino de língua, que deveria ser vivo, era monótono e repetitivo;
h) o uso da língua como criação ficava num plano inferior, pois professores,
preferindo o já digerido, pouco valorizavam o espírito criativo e as possibilidades
expressivas do aluno;
i) sendo assim, o ensino de língua não satisfazia nem alunos nem professores.
Após essas conclusões, só me restavam três caminhos: buscar uma saída para
um trabalho mais ativo e criativo, acomodar-me ao ensino como ele é, na maioria
das vezes, ou abandonar de vez o magistério. Dos três caminhos, preferi o primeiro
e comecei uma experiência criativa nos primeiros anos do 2º grau e, depois de ver
os resultados, continuei a aplicá-la nos outros dois anos.
Primeiro passo: abandonei um pouco o livro didático e a rigidez do programa
de ensino e começamos a trocar idéias. Fiz os alunos falarem deles mesmos, dizer o
que pensavam de determinados problemas levantados, que praticamente pouco ti-
nham a ver com a matéria dada. Um aluno entrevistava o outro, um grupo montava
perguntas e dificuldades para outro. Eu só interferia quando as coisas tomavam ru-
mo indesejado. Era uma maneira de redigir oralmente. Descobri uma coisa muito
velha: eles não escreviam, mas falavam; era falso dizer que a juventude de hoje não
tem idéias nem palavras para expressar nada.
Levantei uma série de assuntos preferidos pelos alunos e, depois, busquei tex-
tos que tratavam deles. Entre as opiniões dos alunos, fui introduzindo opiniões de
autores de cartuns, propagandas, letras de música, artigos de jornal e literatura. Fa-
ziam juntos análises dos textos, discutindo as opiniões controvertidas. Das análises,
partíamos para a síntese, tanto dos pontos de vista dos autores, como de maneira a
extrapolar, sintetizando e exigindo a apresentação do que o grupo concluiu. Havia,
é lógico, no começo, uma forte resistência, pois preferiam falar a redigir.
Por ordem de preferência deles, letras de músicas popular e reportagens ilus-
tradas foram os primeiros textos. Depois, vieram as análises de crônicas, de histó-
rias em quadrinhos, de propagandas, fotonovelas, programas de televisão. como es-
critor doía-me deixar a literatura em último plano, mas haveria de chegar a hora de-
la.
No primeiro bimestre, incentivei uma pesquisa sobre música popular, cada
grupo com um compositor, deveriam coletar material sobre ele (críticas, comentá-
rios sôbre o estilo, tipo de melodia e letra preferidas) e apresentar também letras
comentadas. Cada grupo quis apresentar melhor que o outro, apareceram gravado-
res, eletrolas, fitas, discos, fotos, cartazes. Ainda no mesmo bimestre, dei um rotei-
ro e pedi leitura e análise de um número de Manchete, revista de fácil leitura e agra-
dável pelo número de ilustrações. Após a leitura, antes de montarem as análises,
organizei discussões em grupo de quatro alunos, aqueles que tinham lido o mesmo
número da revista. Discutiram muito: capa, reportagens importantes e as que apenas
apelavam para a venda fácil da revista, fotos, humor, propagandas, aspectos gráfi-
cos, qualidade e quantidade do material, aspectos cromáticos, como montar a análi-
se, seguindo o roteiro dado. Depois, cada aluno montou sua análise sem reclamar
sequer do tamanho do roteiro.
No segundo semestre, começamos o traballio de organização de uma antologia
de textos escolhidos pelos alunos. Cada um poderia escolher o material que quisesse
e antes de arquivar para futura apresentação ao professor, traziam o material para a
classe, trocavam os recortes e todos eram obrigados a fazer uma pequena observação
sobre a escolha do colega. Ao lado disso, dei material teórico sobre os elementos da
narrativa: foco narrativo, estória, ação, personagens, tempo e espaço, climas e
estrutura. Depois, em análises de letras de música e crônicas, fomos praticando
análises de narrativas. Para a coisa não ficar muito séria, para dar certo tom lúdico,
crônicas foram transformadas em histórias em quadrinhos, quadrinhos sem palavras
passaram a narrativas verbais, propagandas foram dramatizadas, letras de música ser-
viram de pretexto para paródias. Sem sentir, entravam num roteiro longo para aná-
lise de todos os textos da "Antologia Escolar de Crônicas". Redigiam sem sentir,
sem perceber que estavam fazendo a tão falada e temida redação.
No segundo semestre, pedi uma apresentação das antologias que organizaram
com textos alheios e lancei a idéia da antologia pessoal, com trabalhos de pesquisas
e redações que foram ou que seriam feitas durante o ano todo. Ninguém reclamou,
pelo contrário, gostaram da idéia. Agora, o roteiro era para o livro "Antologia Esco-
lar de Contos". Depois, fizemos leitura dramatizada de duas peças de teatro: "O
Pagador de Promessas" e "Auto da compadecida", sempre analisando os elementos
da narrativa. Chegamos à análise de poemas e romances e, sem sentir, de maneira
viva, estavam distinguindo os gêneros literários. Todos os dias, por uma ou outra
provocação, verbal ou/e visual falavam e redigiam um pouco, estavam desbloquean-
do e tomando gosto pela leitura. Entre uma atividade e outra do programa de ensi-
no, todas as semanas, em aulas duplas, sem o aluno sentir, fazia redação. O que é
mais interessante, escrevendo sem preocupação com avaliação ou correções exces-
sivas, sem a frieza de um tema no quadro (que quase sempre nada tem a ver com o
que ele quer dizer), com muita provocação (situações hipotéticas, fatos sobre os
quais deveria opinar, perguntas, textos interessantes, fotos, desenhos, reproduções
de pinturas, música), com debates e técnicas diversas de discussão, estava fazendo
um trabalho gostoso, porque era um traballio criativo, capaz de deixar alegres pro-
fessor e aluno. Até os mais indiferentes acabaram se envolvendo, pois eram sempre
chamados a opinar, a participar criativa e ativamente.
Há anos faço esse tipo de trabalho nas três séries do 2? grau. Sempre que "bo-
lo" uma técnica nova, anoto tudo. acompanho o resultado dela bem de perto e passo
para os colegas, quando obtenho sucesso. Este livro pretende mostrar algumas
técnicas que usei para levar o aluno a redigir. Estou apenas passando, sem qualquer
egoísmo, um material testado com algum sucesso e muita satisfação pessoal. Se ele
servir para outros professores menos experientes e que tenham dificuldades com o
ensino de redação, terei alcançado outro objetivo. Se há algum mérito no traballio,
acho que ele reside no caráter dismistificador da redação escolar e na conscientiza-
ção de que, para o professor exigir criatividade do aluno, terá que ser ele também
criativo. A redação aqui não é vista como obrigação rotineira nem como matéria
teórica (só há teoria nas técnicas ligadas à dissertação, tipos de composição que está
preso a determinadas normas estruturais), mas como exercício criativo, lúdico. Não
há proposição de temas ou títulos, nem limites de linhas, como nos métodos antigos.
Não vejo redação como aula especial, boa para o aluno trabalhar e o professor des-
cansar. É um trabalho que envolve motivação e participação entusiasta do professor.
Sempre que está escrevendo algo, ou mesmo falando, o aluno está redigindo. Assim.
nenhuma unidade deve abrir-se ou fechar-se sem que o aluno dê sua opinião sobre
ela. faça um trabalho que envolva as três coisas mais importantes para o professor
de Português: Síntese/Análise/Extrapolação.
O professor deve levar o aluno a conscientizar-se (sem sermões ou conselhos)
da importância de redigir como forma de auto-crescimento e participação ativa na
vida escolar. O aluno deve saber que redigindo estará comunicando-se, mostrando
sua opinião, expondo seus sentimentos, falando de suas vivências, fazendo um de-
poimento sobre o mundo, desabafando mágoas e problemas, coisas pouco comuns
na escola, onde ele recebe quase passivamente os ensinamentos. Não foi outra a mi-
nha intenção ao organizar esse material, ao ficar horas pensando no que deveria
levar para a sala no outro dia, algo que pudesse sensibilizar o aluno, a pessoa mais
importante na escola.
O trabalho apresenta apenas algumas técnicas que foram experimentadas com
sucesso, deixamos de lado uma boa quantidade de material que não funcionou. Mais
que tudo, pretendo deixar claro que é uma obra aberta (no sentido que Umberto
Ecco dá à palavra), que pode ser modificada, cortando ou acrescentando coisas, se-
gundo o tipo de classe, de escola, de aluno, de tempo. Ao trabalhar com alunos do
noturno mudei muita coisa, para atender aos interesses e vivências deles. As mesmas
técnicas foram dadas em cursos de redação para alunos de Letras, também com mo-
dificações na motivação e escolha de material. Também os textos devem sofrer mu-
danças. Inclusive, no caso de músicas, é melhor optar pelas atuais, pelos sucessos do
dia, desde que não fiquem estranhas ao que foi proposto. Os textos aparecem como
forma de fazer o aluno 1er mais, analisar estruturas, captar elementos sugestivos, am-
pliar suas visões de mundo com as dos autores, ver como se aborda determinados as-
suntos. Não pretendo, com eles, dar modelos que atrapalhem a capacidade criativa
do aluno ou incentivem o plágio. Também não pretendo que eles sejam ouvidos
apenas pelas estórias que contam ou pelasonoridade, quero que sejam material de
estudo, análise, sugestão para provocar o aluno a extrapolá-los.
O trabalho está dividido em partes apenas para agrupar módulos que se apro-
ximam no tratamento dado ou na temática. Cada módulo é autônomo e poderá ser
usado segundo os interesses do professor ou distribuição do plano de curso.
Também não há rigidez quanto à série, são módulos para os três anos do 2? grau.
Contudo os módulos relacionados com os elementos da narrativa, com problemas
de linguagem e teoria literária, parecem-me mais adequados ao 1º ano, pois se ajus-
tam melhor ao programa. O caderno de "Redações Através de Sugestões Verbais e
Visuais" fornece material que poderá ser usado também no 1º grau: são redações
mais curtas, apenas criativas, sem envolver problemas de análise e síntese.
Por achar redundante, portanto dispensável, não explico cada parte ou módulo,
deixando que a simples descrição técnica e/ou a conversa com o professor ou aluno
fale(m) mais. Afinal, não é a teoria desenvolvida que interessa, mas o como aplicar o
material.
Também acho redundante continuar essa apresentação, atrasando o contato
com o material de cada módulo, que é realmente o mais importante. pela atenção
que deram ao trabalho, meu muito obrigado. Se ele acrescentar alguma coisa ao
trabalho de redação escolar, sentirei completamente recompensado.
REDAÇÕES EXPLORANDO PROBLEMAS DE LINGUAGEM
MÓDULO 1

Redação comparando a língua falada, escrita, jornalística, didática, científica,


literária (níveis e registros): aula dupla.

Leia, atentamente, os cinco textos:

Texto 1 :
PARA ESCREVER MELHOR

J.R. Whitaker Penteado

"Aprenda a escrever bem ou nunca escreva


nada".

(Hohn Dryden)

1. Escreva com naturalidade

Embora seja impossível escrever de maneira simples e despretenciosa, colo-


quialmente devemos nos esforçar para ser naturais. Nada mais desagradável do que
um estilo rebuscado, difícil, obscuro.

2. Conheça a língua

O escritor que não conhece a língua é um pintor sem braços. Não se exige ma-
estria gramatical de quem escreve, mas, não é admissível o desconhecimento ou a in-
diferença pela sintaxe. A Gramática é indispensável à língua, como as Constituições
são indispensáveis às sociedades humanas — cartas de princípios disciplinadores da
linguagem e da sociedade.

3. Aprenda a pensar

Sem organizar as idéias é muito difícil escrever bem. A clareza depende dos
cuidados em dar uma ordem aos conhecimentos, e seqüência à composição escrita.
Cada coisa a seu tempo, cada coisa em seu lugar, são normas de aperfeiçoamento da
escrita.

4. Escreva para o leitor

A linguagem escrita subordina-se aos princípios gerais da comunicação humana,


à sua mecânica e aos seus processos. Quem escreve, o faz para transmitir alguma
coisa; escreve para ser lido. Quem lê deve compreender o autor, estabelecendo com
ele uma comunhão do significado. É o leitor que condiciona quem escreve. Deve es-
crever-se com a preocupação do leitor.
5. Escreva legivelmente

Um dos mais sérios problemas na comunicação escrita é a grafia das palavras.


Deve escrever-se de maneira a facilitar a leitura.
Há pessoas que escrevem hieróglifos à procura de novos Champollions...
Precisamos escrever com clareza. Nossa letra deve ser fácil de 1er, à primeira vista.
Quem escreve com clareza, escreve com inteligência. Letra ruim é como estilo rebus-
cado e difícil; muitas vezes revela mediocridade.

6. Use a sua capacidade de observação

Para escrever, utilizamos a observação, direta ou indireta. No primeiro caso,


ao escrever sobre o nosso trabalho, colocamo-nos diante dos companheiros, no
escritório, ou na fábrica, vemos as máquinas, a movimentação, o processamento de
todas as atividades. No segundo, se vamos escrever sobre o trabalho nas minas de
carvão, e nunca estivemos em uma, temos de recorrer às fontes.
Ao escrever sob o impacto da observação direta, é a fidelidade que conta. Ao
escrever por observação indireta, recorremos à memória e à imaginação.

7. Seja conciso e preciso

Concisão é não escrever mais do que o indispensável à compreensão. Precisão


é não escrever menos do que o indispensável à compreensão.

8. Leia em voz alta

Lendo em voz alta o que escreveu, tenha a certeza da harmonia e do equilí-


brio na redação. Corte as palavras penduradas; muita gente, para dar harmonia à
frase, inclui no texto palavras sonoras. Desde que nada acrescentam ao conhecimen-
to do texto, essas palavras agradam aos ouvidos, mas prejudicam o estilo, oferecen-
do o perigo da prolixidade. A harmonia do estilo depende da variedade: do sentido
de equilíbrio entre frases nem muito longas, nem muito breves. Aprenda os 10 man-
damentos da boa redação:

1) Use palavras e frases simples.


2) Use palavras e frases coloquiais.
3) Use pronomes pessoais.
4) Use ilustrações e exemplos gráficos.
5) Use preferivelmente parágrafos e sentenças curtas.
6) Use verbos ativos.
7) Economize adjetivos e floreados.
8) Evite rodeios.
9) Faça com que cada palavra tenha a sua função no texto.
10) Atenha-se ao essencial.
Texto 2:

CONVERSINHA MINEIRA

Fernando Sabino

— É BOM mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?


— Sei dizer não senhor: não tomo café.
— Você é o dono do café, não sabe dizer?
— Ninguém tem reclamado dele não senhor.
— Então me dá café com leite, pão e manteiga.
— Café com leite só se fôr sem leite.
— Não tem leite?
— Hoje, não senhor.
— Por que hoje não?
— Porque hoje o leiteiro não veio.
— Ontem ele veio?
— Ontem não.
— Quando é que ele vem?
— Não tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no
dia que devia vir, não vem.
— Mas ali fora está escrito "Leiteria"!
— Ah, isto está, sim senhor.
— Quando é que tem leite?
— Quando o leiteiro vem.
— Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?
— O que: coalhada? Então o senhor não sabe de que é que é feita a coalhada?
— Está bem, você ganhou: me traz um café com leite sem leite. Escuta uma
coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?
— Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
— E há quanto tempo você mora aqui?
— Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco
mais, um pouco menos.
— Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
— Ah, o senhor fala a situação? Dizem que vai bem.
— Para que Partido?
— Para todos os Partidos, parece.
— Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.
— Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que é outro. Nessa
mexida...
— E o Prefeito? Que tal é o Prefeito?
— O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
— Que é que falam dele?
— Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito
— Você, certamente, já tem candidato.
- Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
- Mas tem ali o retrato de um candidato pendurado na parede.
- Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...

Texto 3:

POÉTICA

Cassiano Ricardo

1
Que é a Poesia?

uma ilha
cercada
de palavras
por todos
os lados.

2
Que é o Poeta?

um homem que trabalha o


poema com o suor do seu
rosto. Um homem que tem
fome como qualquer outro
homem.

Texto 4:

VARIEDADES LINGÜISTICAS

Nelly Novaes Coelho

A gíria, em sentido restrito, é uma linguagem fundamentada num vocabulário


peculiar e restrito aos membros de um grupo ou categoria social. Normalmente os
vocábulos da gíria coexistem ao lado dos comuns à língua. como diz G. Krapp, "ela
só se torna tal porque se projeta num fundo de tela que não é gíria" (apud Mattoso
Cámara Jr., DTG-107). Via de regra, o seu linguajar é bem pitoresco. Eis alguns
exemplos: "entrar em fria" ou "entrar pelo cano" (= ser mal sucedido); "levar
bomba" (= ser reprovado); "cuca" (= cabeça); "dar tratos à bola" ou "fundir a cuca"
(= refletir muito sobre algo); "por no olho da rua" (= despedir); "espírito de porco"
(= pessoal que está sempre contra); "encher a caveira" (= embrigar-se);
"dar uma de bonzinho" (= fingir-se de acordo); "badalação" (= muita promoção, em
vários sentidos); "fofocas" (= intrigas); "lelé da cuca" (= louco, maluquinho,
distraído); "perna-de-pau" (= pessoa que não entende daquilo que está fazendo, ou
também mau jogador de futebol); "o cara" (= a pessoa); "empetecar" (= enfeitar-se,
embonecar-se); "estar por fora" (= não saber de que assunto se fala). Os termos de
gíria nascem em quaisquer classes sociais (embora sejam muito mais freqüentes nas
populares) e não decorrem necessariamente de uma intenção de humorismo, grosse-
ria ou petulância. Assim, existem palavras e expressões de gíria meramente expressi-
vas, e outras cuja intenção declarada é fazer humor ou sátira. Tanto num caso
quanto no outro, porém, elas decorrem de uma atitude apenas: o impulso de criar
novos nomes para as coisas e fenômenos, impulso da mesma natureza daquele que
leva os homens à criação da Arte: a atitude estilística. Focalizada sob esse aspecto,
veremos que a gíria é por um lado uma criação espontânea (= resultado de uma si-
tuação vivida no imediato), por outro, uma criação artificial (nasce de um "artifí-
cio", de uma arte, pois cria um vocábulo ou uma frase, isto é, uma representação
lingüística de uma experiência real). Daí entendemos por que vários lingüistas afir-
mam que no povo está a grande fonte criadora e renovadora da linguagem. com-
preendemos ainda por que em nosso século - desde que a literatura entrou em crise -
ela foi invadida, com enorme sucesso, pelos termos de gíria, ou, mais simplesmente,
linguagem cotidiana. A escrita nervosa e pitoresca dos artigos de jornais e das
novelas publicadas em revistas se presta de modo admirável à estilização dessa
braçada de termos, soma de um todo vivificante - diz Matila Ghyka.

Texto 5:

PARANÁ RETÉM O ALGODÃO

MARINGÁ — (Sucursal) - Os produtores de algodão do Paraná não estão


satisfeitos com a política de preços do mercado. No começo da safra, uma arroba do
produto podia ser comercializada a 105 cruzeiros, sendo que atualmente o preço
não passa de 83 cruzeiros em Maringá. Na esperança de uma reação do mercado, os
cotonicultores recusam-se a vender sua produção, retendo-a ou nas suas proprie-
dades ou nos armazéns das cooperativas, às quais estão filiadas. Segundo informa-
ções da Cooperativa de cafeicultores de Maringá, apenas 35 por cento do algodão
colhido este ano foi comercializado, sendo que 65 por cento estão estocados es-
perando melhores preços.
como conseqüência no próximo ano o Paraná não plantará mais algodão,
transferindo suas áreas para o cultivo de soja, cultura bem mais rentável.
Classifique as diferenças dos textos, colocando sinais matemáticos de mais
(+) e menos(-) nas colunas próprias. Quando não houver relação nenhuma, deixe o
espaço em branco.

Características texto 1 texto 2 texto 3 texto 4 texto 5

Científico

Didático

Literário

Jornalístico

Fala da Língua
escrita
Fala da língua
falada
Usa a língua
falada
Uso estético
da língua
Aproveitamento da
linguagem coloquial
Carga de informação

Carga de normas

Análise e formação

Sensibilidade

Trabalho formal

Naturalidade

Clareza

Dificuldade de
interpretação

Conotação
texto 1 texto 2 texto 3 texto 4 texto 5
Denotação
Características

Simplicidade de
vocabulário

comunicação
direta

comunicação
ambígua

Poder de síntese

Colabora com sua


redação escolar

A visualização é
importante (espa-
ço branco, letras)

Elaboração de
linguagem

Rompimento com a
pontuação lógica

Segue a pontuação
lógica

Mostra subjetividade

Mostra objetividade

Fato
Opinião

Público Culto

Público que lê

Público que estuda


texto 1 texto 2 texto 3 texto 4 texto 5
Coloquialismo e
naturalidade da fala
Formalismo da lingua-
gem escrita

Narração

Diálogo

Dissertação

Grau de imprevisibi-
lidade.

Redação: Agora responda justificando:


Quais diferenças são mais marcantes entre a língua escrita e a
falada? A noção de erro vale para os dois níveis? A língua falada pode
ser aproveitada na literatura? Em que tipo de textos? Na fala do autor
ou dos personagens? A preocupação de quem fala é a mesma de quem
escreve? A preocupação do jornalista ou cientista, ao escrever seu tra-
balho, é a mesma do literato? E a sua linguagem, em redação, como
deve ser?
MÓDULO 2
Redação: explorando os tipos de composição — aula dupla. Um pouco de teoria
antes para o aluno entender a força de cada tipo de composição e seus
discursos:

Discurso Descritivo: descrever é fotografar com palavras, é uma representação do


visível. É um recurso para conseguir que o leitor visualize os aspectos físicos dos
personagens, da natureza, de um animal, de um objeto ou de um ambiente. uma
descrição tem sua força maior nos artigos, substantivos e adjetivos, podendo dispen-
sar os verbos (uma cadeira alta, preta, desenhada, assento colorido de veludo). 0 es-
critor toma uma atitude contemplativa.

Discurso Narrativo: autor toma uma atitude ativa. Narrar é contar estória ou um
acontecimento, com personagens reais (notícia, história) ou fictícios (conto, novela,
romance, crônica, poema narrativo). 0 verbo é importante porque é ele que marca a
ação das personagens, dá animação, dinamismo ao texto.

Discurso Dissertativo: dissertar é expor uma idéia, dar um depoimento intelectual


sobre determinado assunto. É um discurso mais intelectual que afetivo. Exige pes-
quisa e conhecimento do assunto, bem como capacidade de argumentar. Pede uma
estrutura fixa: introdução ao assunto, desenvolvimento das idéias ou argumentação
e conclusão. Pouco usado em Literatura, é usado em artigos de jornal, editorial,
redações de provas, de teses, de monografias e ensaios.

Discurso do Diálogo: método dramático, personagens falando com espontaneidade


e coloquialismo, de maneira direta (discurso do personagem) ou narrador falando
por ele (discurso indireto). Se direto, há a vantagem do ponto de vista dos próprios
personagens.

Discurso do Monólogo: discurso de um só narrador, falando consigo mesmo (monó-


logo interior) ou com um ouvinte real ou imaginário. Só temos o ponto de vista do
falante. É subjetivo explora o sentimento. Muito usado em poesia lírica.

OBSERVAÇÃO: Num só texto podem aparecer dois ou mais tipos de composição,


havendo um predominando.
Reconheça o tipo de composição e a quem pertence o discurso nos textos seguintes:

VERSO DE NATAL

Manuel Bandeira
(fragmento)

Espelho, amigo verdadeiro, tu


refletes as minhas rugas, os meus
cabelos brancos, os meus olhos
míopes e cansados.

Tipo de composição predominante:

Razão:

MOMENTO NUM CAFÉ

Manuel Bandeira
(fragmento)

Quando o enterro passou


Os homens que estavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida

Tipo de composição:

Razão:
PNEUMOTÓROX

Manuel Bandeira

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos. A


vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse,
tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:


- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.

- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.


- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não, a única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Tipos de composição que aparecem, onde aparecem:

LITERATURA E DESENVOLVIMENTO

Afrânio Coutinho
(fragmento)

"A idéia de que as letras se destinam exclusivamente, à motivação de fatos


emocionais ou ao prazer lúdico do homem domina o juízo comum a respeito. No
entanto, isso é um grande erro. As letras enriquecem o conhecimento com a mesma
força, ainda que sob ângulos diversos, com que se apresentam os recursos científicos
e os aperfeiçoamentos tecnológicos. Hoje, o estudo das letras se coloca na mesma
posição intelectual que faz a justa glória dos pesquisadores e professores da área
científica."

Aula Magna de 1968, Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro,


1968, página 16.

Tipo de composição:

Razões:
Sugestão de redação:

Faça uma pequena narrativa:

Faça um pequeno monólogo interior:

Faça uma pequena dissertação sobre o problema do café na economia Sul-Mineira:

Faça um diálogo direto entre dois jovens:

Faça uma descrição nominal de um ambiente fechado:


MÓDULO 3

REDAÇÃO PARA DESENVOLVER O DIÁLOGO - AULA DUPLA:

Urna aula para cada aluno criar os seus diálogos, outra para que leiam. Dar noções
de diálogo antes.

Há, em uma crônica de Carlos Drummond de Andrade, "Luzia", um diálogo


entre um homem e uma moça que se reencontram - ela havia sido empregada dele e
ele a encontra mudada. Só há narração no último parágrafo, no mais, a crônica re-
trata o diálogo dos dois. As falas são feitas de uma maneira viva, natural, coloquial,
como convém a esse tipo de composição. Luzia fala mais do que o ex-patrão. Con-
tudo, só vamos pôr as falas dele e você vai criar as dela. Depois que cada aluno 1er
o resultado de sua criatividade, leremos a crônica:

LUZIA

Carlos Drummond de Andrade

- Oh, Luzia, desculpe. Ando com a vista meio fraca. Mas você está um boca-
do alinhada, criatura!
- Acho, não. É um fato. Você se casou, Luzia?
- Você estava noiva quando saiu lá de casa.
- Você foi muito careta, Luzia.
- Tão cedo!
- Também não gostou dele?
- Sendo assim...
- É pena, Luzia. Mas não fique triste, há tanto marido ordinário nesse mun-
do, quem sabe você escapou de um!
- E que é que você fez?
- Ótimo, Luzia.
- Que apartamento, Luzia?
- Não é difícil, é um sonho. E você se queixa dos homens?
- Parabéns, minha filha, você venceu.
E seguiu — o alegre estampado, a saia curta, as pernas longas e bem esculpi-
das, o bico fino dos sapatos, o sorriso de dentes alvos no belo moreno carregado do
rosto.

Após a leitura das redações, o professor escolherá um aluno e uma aluna para
fazerem uma leitura dramática da crônica "Luzia", que está nas páginas, 131 e 132
de "A Bolsa e a Vida", livro de crônicas de Carlos Drummond de Andrade, publi-
cado pela Editora do Autor. Rio de Janeiro, em 1963.
MÓDULO 4

REDAÇÃO EXPLORANDO O ESTILO NOMINAL - AULA DUPLA

1ª fase:
Escrever bem rápido, apenas substantivos e/ou adjetivos, que façam uma des-
crição, do que você está vendo agora, ao seu redor. Lembre-se de que é uma descri-
ção e, como tal, pretende ser uma fotografìa da realidade, dispensando ações e nar-
ração. como exemplo, ouvir e comentar o disco "Águas de Março" de Antônio
Carlos Jobim, suprimindo o verbo ser.

2ª fase:
Leitura do conto "Circuito Fechado" de Ricardo Ramos, como exemplo e
forma de motivação.

CIRCUITO FECHADO (1)

Ricardo Ramos

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, es-
puma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria,
água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça,
meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, len-
ço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pi-
res, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro. Fósforo. Mesa
e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas,
bloco de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, qua-
dros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis,
telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, papéis.
Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiro, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fós-
foro, bloco de papel, caneta, projetor de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósfo-
ro, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos,
pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos.
Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis. Telefone, revista, copo de
papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e
papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e pa-
pel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro.
Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Qua-
dros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósfo-
ro. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abo-
toaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia.
água, escova, creme dental, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

3ª fase:
Fechar os olhos e tentar captar sua casa, por um minuto. Por cinco minutos,
escrevendo bem rápido, você vai tentar recompor sua casa nominalmente.

4? fase:
Leitura de textos em que, em estilo nominal, Lourenço Diaféria mostra o seu
personagem chegando a uma cidadezinha do interior de ônibus.

BERRA CORAÇÃO

Lourenço Diaféria
(fragmento das páginas 21, 22)

... fumaça, touceira, chaminé, pedreiro, cerca de pau, arame farpado, capim
gordura, touca de criança, bode com os chifres presos em cordinha, pito, lenço
branco acenando, caixa de papelão bem amarrada escrito ao lado "frágil", chupeta,
poncho, bota, espora, telhado, criança, engraxate, chapéu de boiadeiro, trator, trem
sobre a ponta, pedro almoçando, capela com flores, galinhas no mangueirão, tudo
verde, aviso, cachorro sobre a grama, laçando boi, fazenda, mamoeiro, cozinha, ca-
nil, nuvem, espigão, placa escrito "vende-se", placa escrito "aluga-se", aviso, bezerro
branco, ônibus, mãe e nene, paisagem com roupa no varal, porteira branca, aparta-
mento a briga, descarregando banana, violão, automóvel amassado, cavalo, pasto,
boi, carreta, quintal, casa grande, casa amarela, enterrando a vaca, coando café,
vista do sítio, paisagem em azul, mastro de santo antônio, tratando dos carneiros,
recolhendo a roupa, escadaria do colégio, égua, pasto, passo-preto, anum no fio,
andorinha, jacá, abacateiro, barraco, quintal, cruz de madeira, caminho de terra, reta
de asfalto, barranco, urubu rodopiando, campo de malha, assando frango, cobertor de
três cores, pedro indo para casa, Porquinhos, perus, ônibus na chuva, colhendo café,
campo com trigo, paisagem com algodoal, cantor, galinhada, casa azul, colônia de
ferroviários, carreiro, transportando lenha, caminhão de soja, derrubada, residência,
roda de vento, plantação de laranja, terra ao deus-dará, placa escrito propriedade de
fulano de tal, entrada proibida, sacaria, bar com vitrina cheia de coxi-nha, empada,
asa de frango, gato, pinto, quadro de são jorge, ferradura, amuleto, vela apagada,
placa verde de sinalização, defumador pai-jacó, ponte vazia, propaganda de político,
barraca de melancia, bombacha, espingarda, borboletas, reprodutor, moranga,
acostamento, cascalho, boqueirão, ribanceira, jardim, alpendre, puxado, silo, fonte
luminosa, luz de mercúrio, praça, bancos na praça, sino, cemitério, tuba, mascate,
balança manual, moço do tiro-de-guerra, casal se beijando, Coletoria, cer-zideira,
médico de senhoras, ambulatório odontológico, doutor cicrano, morro, flor-zinhas,
preá, mata-burro, queimada, transportando lenha, usina, recolhendo o barro,
descanso no terreiro, milharal, casas na curva da estrada, pau a pique, tapera, barra-
cão, pirambeira, sopé, fruta sem nome, enxada, colono, mulher magra, mulher mais
magra, ponteiro, rastelo, arado, prancha, cratera, descida, subida, lombada, palmei-
ras, charco, arbustos, poeira, experimente os freios, ondulações no horizonte,
pedras, carcará, bota, salsa, na hora, balastro, estação, pedro indo para casa, cerâmica
preta, portão de ferro, depósito com esplanada, posto de gasolina com bomba
manual, forno, camélia, quaresmeira, riscos de sangue no céu, estrela, seta indicando
— Mamangaba, variante a 500 metros.
O ônibus suspira fundo, diminui a marcha, encosta à direita, pára. A
baldeação é feita lentamente para a jardineira repintada de roxo.

5a fase:
Faça uma redação, em estilo nominal, seguindo uma das sugestões ou criando
outras situações:
1ª sugestão: Em casa / indo para o colégio / no colégio / em casa novamente.
2a sugestão: Preparando para um baile ou festa / no baile ou festa / e casa de-
pois. 3asugestão: uma viagem: preparação / a viagem / a chegada.
MÓDULO 5

REDAÇÃO EXPLORANDO A LINGUAGEM AFETIVA - AULA DUPLA

MINHA NAMORADA

Vinícius de Moraes

SE VOCÊ quer ser minha namorada Ah, que


linda namorada Você poderia ser, se quiser
ser Somente minha, exatamente essa
coisinha Essa coisa toda minha Que de
ninguém mais pode ser... Você tem que me
fazer um juramento De só ter um
pensamento: Ser só minha até morrer... E
também de não perder esse jeitinho De falar
devagarinho Essas histórias de você E de
repente me fazer muito carinho E chorar
bem de mansinho Sem ninguém saber
porque...

E se mais do que minha namorada


Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você...
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio do depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.

MENTIRAS
Mário Quintana

Lili vive no mundo do Faz-de-Conta... Faz de conta que isto é um avião.


Zzzzuuu... Depois aterrizou em piqué e virou trem. Tuc tuc tuc tuc... Entrou pelo
túnel, chispando. Mas debaixo da mesa havia bandidos. Pum! Pum! Pum! O trem
descarrilhou. E o mocinho? Onde é que está o mocinho? Meu Deus! onde é que está
o mocinho? No auge da confusão, levaram Lili para a cama, à força. E o trem ficou
tristemente derribado no chão, fazendo de conta que era mesmo uma lata de sar-
dinha.

Você já sabe que a linguagem afetiva reflete os sentimentos mais do que o


pensamento lógico; que ela pode aparecer apenas nas modulações da fala e transfor-
mar uma mesma palavra em tom de afeto ou desprezo (exemplo: as palavras coisa,
coisinha, benzinho); que as exclamações e reticências são pontuações afetivas; tam-
bém são os diminutivos que não marcam tamanho (paizinho), os possessivos que
não marcam posse (meu Deus. minha nossa Senhora), as repetições enfáticas, a con-
cordância ideológica, as figuras literárias, a maneira de usar a adjetivação anteposta
ou proposta ao substantivo, a escolha da pessoa no tratamento, a mistura ou troca de
tempos verbais, as interjeições, o uso enfático de certas classes gramaticais (advérbios,
artigos, verbos, substantivos), o uso enfático dos pronomes de primeira pessoa (eu /
me / minha / meu revelam egoísmo), a escolha do vocabulário (concreto, abstrato,
conotado, denotado), o rompimento com a pontuação lógica e tantas outras
modalidades lingüísticas.

Risque a linguagem afetiva ligada ao amor, no texto de Vinícius de Moraes, e


a ligada à infância, no texto de Mário Quintana.

Agora, aproveitando palavras de um dos dois textos e colocando outras (afeti-


vas) suas, faça uma redação em que predomine a linguagem afetiva dos namorados
ou das crianças.
MODULO 6

Para o 2º ano colegial/normal

LINGUAGEM TÈCNICA: Procurar em dicionários especializados as seguintes pala-


vras ou expressões:
Linguagem técnica da Psicologia
(lista fornecida pela professora Tereza Bufoni)
Adolescência - Abstração - Adaptação - Associação - Avaliação - Apercepção -
Agressividade - Aprendizagem - Aptidão - Aquisição - Atitude - Atividade -
Aceleração - Ataxia — Atenção — Afetividade - Atrofia — Ambiente - Aferição
- Ajustamento - Auto-afirmação - Ato - Amnésia - Capacidade - Caráter -
Coerência - competição - Conflito - Conduta - Concentração - comportamento
- Cognitiva - Conhecimento — Consciência - Contraste - Conversão — Conver-
gência - Correlação - Censura - Controle - Concepção - Crescimento - Catarsis —
complexo - Coordenação - Conceito - Cretinismo - Cromossomo - Desejo -
Desenvolvimento - Deliberação - Decisão - Desvio - Diagnóstico - Devaneio —
Desajustamento - Diferenças - Discernimento - Distúrbios - Discriminação -
Disfarce - Dedução - Dispersão - Distração - Determinismo - Efeito - Evocação
- Eficiência - Emoção - Ego - Empatia — Equilíbrio - Esquizofrenia - Esqueci-
mento - Estágios - Estímulo - Estrutura - Egocentrismo - Estabilidade - Expressão -
Experimentação - Extroversão - Excepcional - Fadiga - Fantasia - Fatores - Fixação
- Fobia - Frustração — Generalização - Glândulas - Grupo — Hábito - Habilidade -
Hipotireoudismo - Hereditariedade - Hormônio - História
- Hipótese - Histograma - Hipnose - Idéia - Idiota - Identificação - Incentivo
- Ilusão Imagem - Imaginação - Imitação — Impulsos — Inconsciente - Individual
- Inibição - Instinto - Inteligência - Intelecto - Indução - Intensidade - Interação -
Interesses - Interferência - Introspecção - Introversão — Localização - Libido -
Maturação - Mecanismo Mental - Meio - Memória -Motivação - Metabolismo -
Masturbação - Modificação - Motivo - Movimento
- Método - Necessidade - Neurônios - Neurose - Nível - Narcisismo - Objeto
- Observação - Obstáculos - Orientação - Participação - Pensamento - Percepção -
Percentil - Projeção - Patológico - Personalidade - Psicose - Psicogêni-cos -
Psicastenia — Padrões - Potencialidade - Puberdade - Platônico - Paixão — Previsão
- Paranóica - Probalidade - Psicoterapia - Psiquiatria — Psiquiatria - Punição -
Prontidão - Psíquica - Psicodrama — Perturbação — Quociente - Resposta -
Raciocínio - Racionalização - Reação - Reflexo - Realização - Receptores -
Rejeição - Recompensa - Regressão Recuperação - Repetição - Resistência
- Retenção - Sensação - Sentimento - Sinais - Sinapse - Síntese - Sonolencia
- Sublimação - Substância - Subjetivo - Semelhança - Sugestão — Segurança —
Superstição Susto - Super-E^o - Simpatia - Temperamento - Teorias — Teste —
Tendência - Temor - Traços - Treinamento - Terapia - Timidez - Transferência -
Transposição - Terapêutica - Vadiação - Variável - Visão - Vivacidade — Vontade
- Vocação - Volitivo.
LINGUAGEM TÉCNICA DA DIDÁTICA GERAL

(Lista fornecida pela professora Maria Conceição Ribeiro)

Sistema - método - processo — técnica — forma e modo de ensino — currículo -


programa - disciplinas — matérias — objetivos — meios fins — atividades curricula-
res - atividades extra-curriculares - plano de curso - plano de unidade - plano de
aula - planejamento — comportamento didático — tipologia — ética profissional -
ensino - aprendizagem - material didático - material áudio-visual - diagnóstico
educacional - sondagem - estimativa — motivação — incentivação - orientação pe-
dagógica - súmulas de trabalho antipedagógico - currículos diferenciados - escola
experimental — dinàmica de grupo — liderança - estudo programado — escola
unitária - rendimento escolar - índice de aproveitamento - métodos dogmáticos e
heurísticos - ativo - passivo - (atividade — passividade), educador - professor
— instrutor - mestre - atividades correlatas - experiências correlatas — experiências
comunitárias — estudo dirigido — metodologia - momentos didáticos - articulação
das disciplinas - previsão — comunicação — transmissão - margem de segurança
adequação - conteúdo - verificação de aprendizagem - provas objetivas e subjetivas
- testes - exames - promoções - reprovações - notas - globalização
— sincretismo - classe - série - turma - problemática - educacional - política
educacional - linguagem didática — ensino ocasional - tarefas — recapitulação -
revisão - argüição — recreação — compêndio - livro texto — livro básico —
diorama - realias - sociograma - normas disciplinares — comportamento - direção
da aprendizagem - diferenças individuais -educação inintencional ou assistemática
— auto educação — heteroeducação — preparo técnico profissional.

LINGUAGEM TÉCNICA DA SOCIOLOGIA

(Lista fornecida pelo professor Antônio Loreno)

Fato social - contato social - isolamento — iteração - concorrência - conflito


— acomodação - assimilação - grupo de pressão — grupo primário — grupo secun-
dário - estrutura social - coerção social — "Bias" - civilização - classe - comuni-
cação - comunidade - contato primário - contato secundário - controle social -grupo
fechado - cultura de folk - cultura - ecologia - institucionalização - etnocentrismo —
estereótipos — excitação coletiva — "folkways" — estratificação — herança cultural
- "hinterland" — imperialismo - inquietação social - instituições
— "mores" — mudança social - opinião pública — pesquisa — pirâmide social — pre-
conceito - status social - "rapport" — revolução — simbiose - socialização —
sugestão - renda per capita - produto nacional bruto - alienação - antropocentrismo -
condicionamento - endogania - exogamia - "Habitat" - imperialismo -modalidade
social - monopólio.
MÓDULO 7

Redação de Pesquisa sobre Gírias e Regionalismos - para casa, com apresentação


posterior em sala de aula.

Faça uma pesquisa sobre:

Gírias de jovens de hoje:

Jargão usado por bancário:

Regionalismos mineiros:

Regionalismo gaúchos:

Regionalismos paulistas:

Regionalismos baianos:

Gírias do passado, que cairam em desuso:

Estrangeirismo:
MÓDULO 8
REDAÇÕES SUGERIDAS PELAS FUNÇÕES DA LINGUAGEM - AULA DUPLA

Recordar oralmente os elementos que entram na comunicação: Emissor +


contexto + mensagem + canal ou meio + código + receptor.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM: O linqüista Roman Jakobson (partindo de es-


tudos anteriores, feitos pelo psicológo Karl Bühler) levantou as seis funções da lin-
guagem, relacionando-as com os elementos que entram numa comunicação: o emis-
sor que passa a mensagem ao receptor, usando um código comum, através de um ca-
nal, tendo como referência o contexto. Cada elemento dá origem a uma função da
linguagem, de acordo com a predominância no discurso. São as seguintes as fun-
ções apontadas:
1? função: função referencial: que tem o contexto como o centro - isto é, o
conteúdo transmitido quer dar uma informação sobre o contexto. É a linguagem
que aparece na notícia de jornal, nos livros científicos, nas estórias muito realistas.
E uma linguagem objetiva, direta, denota coisas reais; mostra conhecimentos sobre
fatos, pessoas, objetos; sempre aparece na 3a pessoa.
2a função: função emotiva: que tem o emissor como centro, o conteúdo fala
dele, das emoções dele. É a linguagem que aparece muito em poesias líricas, em
monólogos interiores, em livros de memórias, em auto-biografia. Aparece quase
sempre na 1ª pessoa do singular, ou em colocações subjetivas, é afetiva, pode estar
carregada de interjeição, exclamação, opiniões do autor ou narrador.
3a função: função conativa ou apelativa: que tem o receptor como centro, o
conteúdo tem um destino certo, a pessoa com quem o emissor apela para quem o
ouve, dirige-se ao receptor (tu, você, o nome de pessoa).
Ê a linguagem usada nos sermões, discursos, nos monólogos diretos, em mui-
tos diálogos, em textos em tom de conversa do emissor com o receptor, nos apelos
da propaganda (compre já!) são muito usados os imperativos e os vocativos.
4a função: função fática - referente a fato - tem como centro o canal (ou meio,
ou veículo), serve para testar o canal, ver se funciona (alô, está me ouvindo? Então,
né?) e para estabelecer (era uma vez), prolongar (aí então), interromper (espere um
pouco) ou dar desfecho (é isso aí) à comunicação. Aparece nos anúncios de prefixos
radiofônicos (está falando a P.R.E. 8, Rádio Nacional do Rio de Janeiro), no
trabalho do rádio-amador, nas falas telefônicas, nas narrativas de estórias (Entende?
Vou te contar uma... Aí, antes... E fim...).
5a função metalingüística: Centrada no Código, é uma linguagem que fala de
outra linguagem.
A crítica literária, por exemplo, é um texto que fala de outro texto, do lite-
rário. Há certos poemas que falam da literatura, de sua função, de como o poeta vê
a criação, a literatura é o tema para a literatura. Há peças de teatro que falam do
teatro, filmes que falam do filme ("Noite Americana", por exemplo).
6a função poética: Tem como centro a mensagem especial, sensível, bem cui-
dada, que leva a várias interpretações, é mais sugestiva e metafórica, mais afetiva,
mexe com a nossa capacidade de fantasiar. Não aparece apenas nos poemas, mas
também na propaganda bem feita, nos diálogos de namorados, na fala das crianças,
nas letras de músicas.

OBSERVAÇÃO:
A função não aparece de forma pura; em muitos textos, pode haver mais de
uma função. Roman Jakobson mesmo diz: "Embora distingamos seis aspectos bási-
cos da linguagem, dificilmente lograríamos, contudo, encontrar mensagens verbais
que preenchessem uma única função. A diversidade reside não no monopólio de
algumas dessas diversas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de função".
Roman Jakobson - "Lingüística e comunicação", Editora Cultrix — São Paulo
- 1969.

Distinga, nos textos, as funções da linguagem e justifique — comente se há


alguma função secundária ao lado da central.

CANÇÃO AMIGA

Fragmento - Carlos Drummond de Andrade

"Eu preparo uma canção que


faça acordar os homens e
adormecer as crianças."

Função(ões):

Justificativa:

POEMA TIRADO DE uma NOTICIA DE JORNAL

Manuel Bandeira

"João Gostoso era carregador de feira e morava no morro da Babilônia num


barracão sem número.
uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

Função(ões):

Justificativa:
BODAS DE PRATA

Aldir Blanc

Você fica deitada De olhos arregalados Cheirando a cerveja Se


Ou andando no escuro De penhoar... Não atirar de sapatos Na cama
adiantou nada Cortar os cabelos E jogar vazia E dormir na hora
no mar Não adiantou nada O banho de Murmurando: Dora... Mas
ervas. Não adiantou nada O nome da você é Maria Você fica
outra No pano vermelho. Pro anjo das deitada com medo do
trevas Ele vai voltar tarde, escuro Ouvindo bater no
ouvido O coração
Função(ões): descompassado. É o
tempo, Maria, Te
Justificativa: comendo feito traça Num
vestido de noivado.

S
ONO

Fragmento - Geraldo Dias da Cruz

Oh, nenhuma paisagem


que inventei adoça meu
sonho. A noite é fria em
mim como sigilo dos
peixes.

Função(ões)

Justificativa:
ENIGMA

Fragmento - Mário de Oliveira

Bem no fundo em todo poço


há uma criança escondida que
quase sempre está morta mas
que às vezes está viva.

Função(ões):

Justificativa:
ALGEMA

Fragmento - Wilson Pereira

A poesia me (...)
exila, me 0 poema
exala e me com algema
fervilha me prende
ao infinito
e a mim.

Função(ões):

Justificativa:

NARRATIVA

Fragmento - Wilson Pereira

- Bola com Gerson O povo domina a


entrega a Rivelino espera no peito
este levanta pro Pelé.
O mundo está em pés de
O rei domina a rei preto
esfera no peito — vai
chutar...
A festa nasce
com a força desse chute no
coração brasileiro:
- É gooooooooooooooool!

Função(ões):

Justificativa:
ARGUMENTO

Fragmento - Paulinho da Viola

Tá legal
tá legal
Eu aceito o argumento.
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
de um cavaco, de um pandeiro
ou de um tamborim.

Função(ões):

Justificativa:

Milton, a idéia é essa aí.


O disco fala de coisas da natureza, da vida das pessoas simples e das transas
de amor: (infinitas formas de amar e viver...). Eu gostaria que ele começasse e aca-
basse com as músicas indicadas. Não sei, vé se dá. Depois eu te telefono. Um abraço
do irmão
Paulinho

(Bilhete de Paulinho da Viola a Milton


Miranda, que aparece no long-play com o
nome do cantor-compositor).

Função(ões)

Justificativa:
MÓDULO 9

REDAÇÃO SEGUNDO AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM - AULA SIMPLES

1º) Faça um pequeno texto usando a função emotiva:

29) Idem, usando a função referencial:

39) Idem, usando a função apelativa:


REDAÇÕES EXPLORANDO ELEMENTOS DA NARRATIVA
MODULO 10

REDAÇÃO PARA INTRODUZIR OS ESTUDOS DA PERSONAGEM


AULA DUPLA

Discutir com a sala as perguntas:


A personagem de ficção é gente ou não? De que material ela é constituída?

Serão as personagens cópia de conhecidos do autor?


Serão fantasias apenas? As duas possibilidades são possíveis?

Ouça a música e observe a letra de:

CAROLINA

Chico Buarque de Holanda

Carolina,
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor:
A dor de todo esse mundo.
Eu já lhe expliquei que não vai dar.
Seu pranto não vai nada ajudar.
Eu já convidei para dançar.
É hora, já sei, de aproveitar.
Lá fora, amor,
uma rosa nasceu;
Todo mundo sambou;
uma estrela caiu.
Eu bem que mostrei sorrindo
pela janela: ai que lindo!
Mas Carolina não viu.

Carolina,
com seus olhos tristes
Guarda tanto amor:
O amor que já não existe.
Eu bem que avisei: vai acabar.
De tudo lhe dei para aceitar.
Mil versos cantei pra lhe agradar.
Agora não sei como explicar.
Lá fora, amor, uma rosa
morreu; uma festa acabou;
Nosso barco partiu. Eu
bem que mostrei a ela. 0
tempo passou na janela E
só Carolina não viu!

Em poucas palavras, discutir com a classe a personagem Carolina:

Crie você uma personagem (pode partir de pessoa conhecida, gente de sua
casa, de sua sala de aula, de sua rua).

FISICAMENTE ela/ele é:

PSICOLOGICAMENTE é:

ECONOMICAMENTE é:

CULTURALMENTE é:

como ela se relaciona com as pessoas?

Cite alguns fatos marcantes da vida dela:

VIDA VIDINHA

Carlos Drummond de Andrade

A solteirona e seu pé de begònia a


solteirona e seu gato cinzento a
solteirona e seu bolo de amêndoas a
solteirona e sua renda de bilro a
solteirona e seu jornal de modas a
solteirona e seu livro de missa a
solteirona e seu armário fechado a
solteirona c sua janela a solteirona
e seu olhar vazio
a solteirona e seus bandós grisalhos a
solteirona e seu bandolim a solteirona
e seu noivo-retrato a solteirona e seu
tempo infinito a solteirona e seu
travesseiro
ardente, molhado
de soluços.

Menino Antigo - Sabiá/José Olímpio - Rio - 1973 - Página 74.


comentários orais sobre o texto: razões do título, o espaço, o efeito da repe-
tição; o levantamento de coisas do mundo da personagem: materiais, animais, mar-
cações de religiosidade, coisas domésticas, fugas, o noivo-retrato, a solidão.. comparar
a personagem com Carolina.

AGORA, SEGUINDO A MESMA ESTRUTURA, VOCÊ VAI


COLOCAR SUA PERSONAGEM VIVENDO SUA ROTINA

O/A_____________________________ e seu ____________________________

O/A_____________________________ e seu ____________________________

0/A _____________________________ e seu

O/A_____________________________ e seu

O/A _____________________________ e seu

O/A_____________________________ e seu

O/A______________________________ e seu

O/A_____________________________ e seu

O/A_____________________________ e seu

O/A___ . ________________________ e seu


O/A e seu

O/A_____________________________ e seu

O/A e seu

O/A_____________________________ e seu
MÒDULO 11

REDAÇÃO PARA CRIAÇÃO DOS PERSONAGENS II: - AULA DUPLA

JOÃO VALENTÃO

Dorival Caymmi

João Valentão
é brigão,
pra dar bofetão
não presta atenção
e nem pensa na vida.
A todos João intimida;
faz coisas que até Deus duvida;
mas... tem seu momento
na vida...
É quando o sol vai quebrando,
lá pro fim do mundo
pra noite chegar.
É quando se ouve mais forte
o ronco das ondas na beira do mar.
É quando o cansaço da lida da vida
obriga João se sentar.
É quando a morena se encolhe,
se chega pro lado querendo agradar.
Se a noite é de lua,
a vontade é contar mentira,
é se espreguiçar...
Deitar na areia da praia
que acaba onde a vista não
pode alcançar...
E assim adormece esse homem
que nunca precisa dormir
pra sonhar,
porque não há sonho
mais lindo
do que sua terra
não há.

Escreva como você vê João Valentão:

Se João Valentão é brigão deve ter arranjado muitos inimigos. O personagem


principal de uma estória é o protagonista e o(s) seu(s) inimigo(s) é/são o(s) antago-
nista(s). Nas novelas de televisão ou filme de caubói, os antagonistas são os bandi-
dos, os vilões ou as mulheres fatais.
Quais são, no caso, as características do mocinho?
Quais são as características do(s) antagonista(s)?

ANDORINHA

Manuel Bandeira

Andorinha lá fora está dizendo:


"Passei o dia à toa, à toa!"
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...

comentar as possibilidades da literatura dar vida humana, fala aos animais ou


coisas. Nesse caso, houve personificação. Manuel Bandeira, por exemplo, faz a ando-
rinha conversar.

Crie uma estória em que um animal ou objeto ganhe característica humana e


fale, como nas estórias infantis em que, por exemplo, por um processo de perso-
nificação, a cigarra e a formiga dialogam.
MÓDULO 12

FOCO NARRATIVO I - RECONHECIMENTO

REDAÇÃO PARA INTRODUÇÃO DOS ESTUDOS DO FOCO NARRATIVO


( Aula Dupla)

Observe as seguintes narrativas e veja a maneira que os autores escolheram


para apresentar a estória. Essa maneira é o que se chama foco narrativo — como já
lhe foi explicado. Após 1er os textos, dê a classificação do foco narrativo, segundo o
código:

A) para o foco narrativo com o discurso na 1a pessoa, autor personagem con-


tando sua estória, usando subjetividade. Visão de dentro, ponto de vista interno, o
leitor só tem um ponto de vista.
B) para o foco narrativo na 1a pessoa, discurso de um narrador, que não é o
autor mas personagem, e narra com as mesmas características do foco anterior.
C) para o foco narrativo na 3a pessoa, discurso do narrador também persona-
gem, porém secundário.
D) para o foco narrativo na 3a pessoa, discurso de um narrador objetivo, não
personagem, que narra só o que vê, sem opinar. O ponto de vista é externo e a visão
é por trás dos acontecimentos.
E) para foco narrativo na 3a pessoa, discurso de um narrador não personagem
que narra objetiva e subjetivamente, pois dá opinião. Ponto de vista externo, visão
por trás.
F) para foco narrativo na 3a pessoa, discurso de um narrador não personagem,
que entra dentro do personagem, sabe o que ele pensa (usa onisciência) e está onde
ele está (usa onipresença).
G) para foco narrativo com visão estereoscópica: vários discursos, não se
prende a um só narrador, pluralidade de visão, ponto de vista variado.
H)para foco narrativo dramático: visão variada, segundo os dialogantes, dis-
pensando a narração — ponto de vista direto, discurso dos dialogantes.
I) para foco narrativo monologado - o discurso do narrador é dirigido a uma
pessoa que só ouve, não fala.

( ) Texto 1

SINAL FECHADO

Paulinho da Viola

Olá, como vai?


Eu vou indo; e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo, correndo,
pegar meu lugar no futuro. E você?
Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono
Tranqüilo, quem sabe?
Quanto tempo...
Pois é, quanto tempo...
Me perdoe a pressa
é a alma dos nossos negócios...
Oh! não tem de quê.
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona,
precisamos nos ver por aí.
Pra semana, prometo, talvez
nos vejamos, quem sabe?
Quanto tempo...
Pois é, quanto tempo...

Tanta coisa que eu tinha a dizer,


mas eu sumi na poeira das ruas.
Eu também tenho algo a dizer,
mas me foge a lembrança.
Por favor, telefone, preciso beber
alguma coisa rapidamente
Pra semana...
O sinal...
Eu procuro você...
Vai abrir, vai abrir...
Prometo, não esqueço.
Por favor, não esqueça, não esqueça, não esqueça
Adeus...

( ) Texto 2

QUADRILHA

Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
( ) Texto 3

A LAÇADA

Oswald de Andrade

O Bento caiu como um touro


No terreiro
E o médico veio de Chevrolé
Trazendo um prognóstico
E toda a minha infância nos olhos.

( ) Texto 4

O VIOLEIRO

Oswald de Andrade

Vi a saida da lua Tive um gosto


singulá Em frente da casa tua
São vortas que o mundo dá

( ) Texto 5

CONFIDÊNCIAS DO ITABIRANO

Fragmento - Carlos Drummond de Andrade

Alguns anos vivi em Itabira.


Principalmente nasci em Itabira.
Pro isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
( ) Texto 6

O MEDROSO

Oswald de Andrade

A assombração apagou a candeia


Depois no escuro veio com a mão
Pertinho dele Ver se o coração ainda
batia

( ) Texto 7

SAFIRO, O AUTÔMATO

Cassino Ricardo

Ouve, meu amor: Sofre


de Automatismo e de
azulgagarisma Mas
tenho os pés de animal
mecânico no chão em
flor.

( ) Texto 8

PRIMEIRO AUTOMÓVEL

Carlos Drummond de Andrade

Que coisa-bicho
que estranheza preto-lustrosa.
evêm-vindo pelo barro afora?

É o automóvel do Chico Osório é o


anúncio da nova aurora é o primeiro
carro, o Ford primeiro é a sentença
do fim do cavalo do fim da tropa, do
fim da roda do carro de boi.

Lá vem puxado por junta de bois.


( ) Texto 9

RODOVIÁRIA

Luiz Vilela

- o quê? Deus me livre de cidade grande,


não sei como você acostuma com essa correria, essa gente, essa barulhada.
- alô - bem que eu gostaria...

BEBA COCA-COLA E SORRIA FELIZ

na roça pelo menos a gente, olha ali aquele tipo esquisito, estrangeiro? Mas estava
dizendo, aquela ali deve ser a mulher dele.
- como? - não dá rapaz...
ei o senhor aí!
- ah; sim; sei; eu? — eu gostaria muito...
passageiros que se destinam ao Rio de Janeiro no horário das dezessete horas.
Cinco já? e a Maria, meu Deus, ela nunca mais que chega, que será que ela — você
está afobado a toa, compadre, ainda faltam quinze minutos - mas se ela - o ônibus
nem chegou ainda
Sete mil?
se ela perdeu na rua

"O HOMEM DOMINA O COSMOS"

foi lá naquela rua, perto daquela estátua - estátua? Mas há tantas - aquela naquela
praça perto daquele mercado - ah, sei, não há perigo, é pertinho daqui - mas numa
cidade grande assim.

BEBA COCA-COLA E SORRIA FELIZ

Lista Telefônica
1965 - pois é...
- alô; pronto; é
o máximo de mulher só te digo isso
- pronto; alô, quem está - isso é que eu falei...
falando? É o Moura? Hem? é sim... é...
ela não sabe andar direito na rua, ela fica apavorada com os carros
com licença
vai ser um programão
- sim, é o Celso que é... ótimo...
que aconteceu? - mesmo? Não diga...
um desastre, um carro, um desses lotações, ela não sabe
- meu Deus! Seja Breve
— claro...
olha que coisa mais linda
mais cheia de graça
é ela menina que vem e que passa
num doce balanço
a caminho do mar
a gente pode ver se ainda encontra ônibus
- mas quando? Que hora? — então até por lá...
olha lá, não é ela - onde? - lá na frente - lá - aquela que vem lá - não, ela está de
vermelho - estava parecendo - fico pensando na Betinha, ela é muito sapeca, pode
ter escapulido e corrido pra rua

BEBA COCA-COLA E SORRIA FELIZ

passageiros que se destinam a São José do Rio Preto horário das dezessete e quinze só
cinco minutos minha Nossa Senhora
- é o Jairo? Olha, eu só tou achando
— não deu tempo de chamar o daquele
parafuso maior, como que faz?
médico? compra assim mesmo?
quero dizer these agitation you understand?
these oh yes it's wonderful!

- mas deviam ter me falado, — tá... tá bom...tá... então telogo.


é minha mulher...
alá alá ela Maria! - não te falei pra não afobar que ela chegava? - olha a hora olha a
hora vamos depressa corre o ônibus já está pondo as malas betinha dá a mão pro
paizinho então até à volta - boa viagem - muito obrigado por tudo — lembranças ao
pessoal — depressa corre - Mamãe olha ali o homem chorando.

- não... sei... não, não tem im


portância; que que tem importân
cia agora, Moura... e sei, mas de- - alô?... é da casa do Ferreira?...
pois disso... não, não precisam se
preocupar... é claro, mas como
você queria que eu... o quê?...

BEBA COCA-COLA E SORRIA FELIZ

passageiros no horário das dezessete e quinze com destino


a São José do Rio Preto confiram suas passagens e boa-via-
gem!
ali no fundo; é, logo ali na frente

— não, só de passagem; estamos indo para


a nossa lua-de-mel... felicíssimos!... hem?
se ela tivesse me falado... como? fale mais alto, estou telefonando
da rodoviária e aqui faz um barulho da-
nado.
MÒDULO 13

FOCO NARRATIVO II - PRÁTICA INDIVIDUAL

REDAÇÃO PARA PRATICAR OS VÁRIOS FOCOS NARRATIVOS


(Aula Dupla)

l9 - Faça um pequeno relato de um fato acontecido em sua vida - foco narrativo


subjetivo— 1a pessoa.

29 — Conte um fato objetivamente (usando a 3a pessoa).

39 — Conte uma pequena estória na 3a pessoa, usando onisciência e onipresença e


opinando sobre os fatos ou personagens.

49 — Crie uma personagem e faça-a contar sua própria estória, na 1a pessoa.


MODULO 14

FOCO NARRATIVO III - REDAÇÃO EM DUPLA

Redação praticando o foco narrativo dramático.


Um aluno e uma aluna lerão essa ou mais cenas de peças teatrais com casais
dialogando.

A FALECIDA

Nelson Rodrigues

TUNINHO furioso - Que peso tremendo!


ZULMIRA desperta - Que foi?
TUNINHO - Imagina tu - talvez o Ademir não jogue.
ZULMIRA atônita - Que Ademir?
TUNINHO - Ora, não aborrece você também! Que Ademir? Ou tu nunca
ouviste falar em Ademir? Parece que vive no mundo da lua!
ZULMIRA - Ai!
TUNINHO enfurecido - Machucou-se no treino. Estupidamente! (Z. tosse, ele
nem liga). E se ele não jogar, não sei não. Vai ser uma tragédia
em 35 atos! Porque o Ademir sozinho vale meio time. Ah,
vale! (mulher tossindo, ele feroz) Sabe quem deu o super-
campeonato ao Fluminense? Ademir! Decidiu todas as parti-
das! (Z. tosse, ele melancólico). Às vezes, eu tenho inveja de ti.
Tu não te interessas por futebol, não sabes quem é Ademir,
não ficas de cabeça inchada, quer dizer, não tens esses aborre-
cimentos... Benza-te Deus!
ZULMIRA acesso - Ai meu Deus, ai meu Deus! (sangue) Tuninho! Tuninho!
TUNINHO salta - Eu!
ZULMIRA - Olha, espia!
TUNINHO - Que é isso?
ZULMIRA - Sangue!
TUNINHO - De onde? (apavorado)
ZULMIRA - Pulmão!
TUNINHO - Deita!
ZULMIRA - Eu não te disse que o Dr. Borborema não entendia tostão de
coisa nenhuma?
TUNINHO - Vou chamar a Assistência!
ZULMIRA - Não quero! Fíca aí!
TUNINHO - Mas Zulmira!
ZULMIRA - Eu vou morrer... Sei que vou morrer. Já não sou mais deste
mundo.
TUNINHO - Isola!
ZULMIRA - Vou sim. Mas antes tenho um pedido, um último pedido, úl-
timo! Sim, Tuninho? A uma morta não se recusa nada! (chora)
TUNINHO — Meu coração, ouve! Você vai se tratar, vai ficar boa!
ZULMIRA enfurecida - Mentira! Olha pra mim! me pega! Passa a mão por
aqui! pelo meu peito! Agora responde: tu sabes, não sabes?,
que eu vou morrer? Pelo amor de Deus, diz que eu vou morrer!
Vou morrer?
TUNINHO soluço dominado - Vai.
ZULMIRA — Oh, graças! E agora jura! Jura que atenderás o meu pedido!
Jura!
TUNINHO - Juro!
ZULMIRA - Deus te abençoe!
TUNINHO - Qual é o pedido?
ZULMIRA - Nessa rua, quando souberem que eu morri, vão pensar que meu
enterro vai ser mambembe, Tuninho. Então essa gata aí do
lado já sabe... Por isso eu quero, e não peço nada senão isso,
senão um enterro como nunca houve aqui, um enterro que dei-
xe a Glorinha com a cara deste tamanho, possessa... (riso) É
uma pirraça minha, confesso! Depois, tu apanhas, na minha
bolsa branca, um papelzinho, onde tem tudo tomado nota. Ao
todo, uns 36 mil cruzeiros...
TUNINHO - Quanto?
ZULMIRA - Trinta e seis mil cruzeiros. Está tudo tratado! Numa casa da
Praça Saens Pena, "Casa Funerária São Geraldo". Guarda o
nome.
TUNINHO — Meu amor, eu sei que tu mereces muito mais, não há dúvida,
mas a questão é o seguinte: eu estou desempregado, sem ní-
quel... Ainda temos, de indenização que eu recebi, uns duzen-
tos cruzeiros, no máximo... Onde é que eu vou arranjar tanto
dinheiro? São trinta e seis mil cruzeiros! I
ZUOMIRA - Há uma pessoa que te dará esse dinheiro todo. Até mais. De
mão beijada.
TUNINHO pulando - Quem?
ZULMIRA — Eu te direi nome, endereço, tudo. Mas promete que não farás
perguntas. Sim, Tuninho?
TUNINHO - Vá lá. Fala.
ZULMIRA - Essa pessoa chama-se João Guimarães Pimentel.
TUNINHO assombrado - João Guimarães Pimentel? Esse não é um que "O
Radical" publicou um retrato descascando a lenha, chamando
de gatuno pra baixo? Esse?
ZULMIRA - É.
TUNINHO - Continua.
ZULMIRA - Você também apanha na minha bolsa branca outro papel, com o
endereço dele, da casa, do escritório, os telefones. Assim que
eu morrer, pega um táxi, vai à casa dele, ao escritório, seja lá
onde for, e diz o seguinte: que eu morri. Mas que antes de mor-
rer, pedi que ele me pagasse um enterro de quarenta mil cruzei-
ros. Ele te dará o dinheiro... E não diz que é meu marido. Diz
que é primo...
TUNINHO - Mas quem é esse homem que eu nunca na vida vi mais gordo?
Que apito toca? Vai largar 40 mil cruzeiros por quê? A troco
de quê?
ZULMIRA - Mais sangue... Prometeste que eu teria enterro bonito, lindo, de
penacho... 36 mil cruzeiros... Jura outra vez, Jura!
TUNINHO soluço - Juro.

Dois alunos, uma aluna e um aluno de preferência, escreverão uma cena de


teatro - após a primeira aula, ou em outra, se não houver tempo, farão uma leitura
dramática da cena criada.
MODULO 15

FOCO NARRATIVO IV - REDAÇÃO EM GRUPO: COLAGEM

Os alunos farão uma leitura tipo jogral do conto "Rodoviária" de Luiz Vilela.
Depois, os alunos se reunirão em grupo. Cada grupo escolherá um espaço movimen-
tado, bastante povoado (um estádio, quermesse, circo, recreio, baile de carnaval)
para ser o espaço da estória que criarão. uma vez escolhido o espaço, cada aluno,
separadamente, criará frases, diálogos, pedaços de músicas ou anúncio, enfim, coi-
sas ligadas ao espaço. Depois, reunidos, todos montarão a redação-colagem, tendo o
conto por modelo. Após terminada a redação, cada grupo fará leitura de seu traba-
lho, em forma de jogral.
(Observação: tiramos a idéia base para esta relação da antologia "Contos Jo-
vens", n9 6, publicado pela editora Brasiliense - organizada por Marisa Lajolo e
Gilberto Mansur).
MÒDULO 16

REDAÇÃO EXPLORANDO O ESPAÇO - 1ª FASE: ESPAÇO PROVINCIANO

Colocar músicas que tenham relação com o espaço: "Saudades do Matão",


"Tempo de Criança" de Ataúlfo Alves, por exemplo . Mostrar e comentar fotos de
cidades pequenas.

complete os espaços brancos com o maior número de palavras ou expressões


que conseguir:

Numa cidadezinha é comum:

Na falta do que fazer, as pessoas: Não

há:

Em compensação, há:

CIDADEZINHA QUALQUER

Carlos Drummond de Andrade

Casas entre bananeiras


Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar

Um homem vai devagar. Um


cachorro vai devagar. Um burro
vai devagar. Devagar... as
janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

Fazer um comentário oral com os alunos:

Na 1a estrofe, o poeta fez uma descrição do espaço (fotografia), num estilo


nominal, a ação é estática, o foco narrativo é objetivo, marcação do espaço: ho-
mem/natureza.
Na 2a estrofe: há uma narração; a ação é dinâmica, porém não muito dinâmi-
ca, pois está modificada pelo advérbio devagar; o foco narrativo é ainda objetivo,
marcação do espaço: a unidade de cada elemento, animais/homem/; a janela simbo-
lizando a falta do que fazer e fofocas, mas, também, falta de gente; a força das re-
ticências, o cotidiano marcado pelas repetições; o verbo ir no presente, marcando o
tempo cronológico da narrativa no instante em que estão acontecendo as coisas; o
estilo é verbal.
Na 3a estrofe: já não há descrição, nem narração, mas monólogo interior, o
narrador usa subjetividade; depois de fotografar o espaço, depois de narrar os fatos,
faz uma interiorização e dá sua opinião; a linguagem é coloquial; o clima é de desa-
bafo, apesar do ponto final, fíca na gente a sensação de uma exclamação profunda e
triste; o estilo volta a ser nominal.

Redação: Aproveitando o texto de Drummond como estrutura, faça uma das três
sugestões, ou as três, se houver tempo e vontade:
a) um texto (com os mesmos números de estrofes e versos e seguindo o
foco narrativo, a ação, os tipos de composição e estilo) explorando
um espaço fechado (um estádio, um baile, por exemplo);
b) aproveitando os mesmos dados, mude o espaço para uma cidade
grande;
c) abandonando a estrutura do poema, faça uma crônica sôbre uma
cidade pequena, podendo até dar o titulo de "Cidadezinha Qualquer
n° 2".
MÓDULO 17

REDAÇÃO EXPLORANDO O ESPAÇO:


2ª fase: o espaço metropolitano - Aula dupla.

Coloque discos ou fitas que focalizem temas relacionados com a cidade gran-

Numa cidade grande a vida é:

Na agitação, o homem:

Em compensação, há:

Vamos ouvir Simone e acompanhar a letra:

DE FRENTE PRO CRIME

Poema de Aldir Blanc - com música de João Bosco

Tá lá o corpo estendido no chão,


Em vez de rosto uma foto de gol,
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém.
O bar mais perto depressa lotou,
Malandro junto com trabalhador,
Um homem subiu na mesa do bar
E fez discurso pra vereador.
Veio o camelô vender anel, cordão,
perfume barato
E baiana pra fazer pastel e um bom
Churrasco de gato...
Quatro horas da manhã baixou o
Santo na porta-bandeira,
A moçada resolveu parar e então...
Sem pressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou num time.
Olhei no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime.

Oralmente, levar os alunos a descobrirem: o foco narrativo, a modificação que


houve nos dois últimos versos, personagens e marcação do espaço cidade-grande,
ações dos personagens frente ao acontecimento, ação do narrador, a linguagem colo-
quial usada e efeitos conseguidos com ela.

Agora você, bem rápido, vai levantar:


Tipos da cidade grande:

Marcações espaciais de uma cidade grande:

Se der tempo, 1er o conto "uma Vela para Dario" de Dalton Trevisan e discutir,
oralmente, as aproximações e diferenças entre o conto e o poema "De Frente pro
Crime". Mostre fotos de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro ou outras
metrópoles.

Agora você já armazenou muito material sobre a cidade grande, releia o que
escreveu, bem como volte a dar uma olhada na letra de Aldir Blanc e crie um estó-
ria com personagens e marcações bem coerentes com esse espaço.
MÓDULO 18

REDAÇÃO EXPLORANDO OS TRÊS TIPOS DE AÇÃO:


ESTÁTICA, DINÂMICA E PSICOLÓGICA
(Aula Dupla)

Escreva palavras (verbo, substantivo, adjetivo ou advérbio) que indiquem ação


dinâmica: dança, correr, depressa.

Agora, ação psicológica: pensar, sonho, calmamente.

Palavras que indiquem ação estática: aposentar, parado, poste.

NOTA SOCIAL

Carlos Drummond de Andrade

O poeta chega na estação.


O poeta desembarca.
O poeta toma um auto.
O poeta vai para o hotel.
E enquanto ele faz isso
como qualquer homem da terra,
uma ovação o persegue
feito vaia.
Bandeirolas
abrem alas.
Bandas de música. Foguetes.
Discursos. Povo de chapéu de palha.

Máquinas fotográficas assestadas.


Automóveis imóveis.
Bravos...
O poeta está melancólico.

Numa árvore do passeio público


(melhoramento da atual administração)
árvore gorda, prisioneira
de anúncios coloridos,
árvore banal, árvore que ninguém vê
canta uma cigarra.
Canta uma cigarra que ninguém ouve
um hino que ninguém aplaude.
Canta, no sol danado.
O poeta entra no elevador o
poeta sobe
o poeta fecha-se no quarto. O
poeta está melancólico.

Discussão oral: procurando situar, no poema, a ação dinâmica do personagem e do


povo; quando a ação é verbal, quando é nominal; contraste da ação psicológica do
povo e do poeta; a ação da cigarra e do povo, com relação a ela e seu canto; força
dos períodos curtos, tipo manchete de jornal.

Pense na ação de um jogador de futebol, após uma partida em que brilhou e


escreva:
MÒDULO 19

A AUSENTE

Augusto Frederico Schmidt

Os que se vão, vão depressa,


Ontem, ainda, sorria na espreguiçadeira.
Ontem dizia adeus, ainda, da janela.
Ontem vestia, ainda, o vestido tão leve côr-de-rosa.

Os que se vão, vão depressa.


Seus olhos grandes e pretos há pouco brilhavam,
Sua voz doce e firme faz pouco ainda falava,
Suas mãos morenas tinham gestos de bênçãos.
No entanto hoje, na festa, ela não estava.
Nem um vestígio dela, sequer.
Decerto sua lembrança nem chegou, como os convidados -
Alguns, quase todos, indiferentes e desconhecidos.

Os que se vão, vão depressa.


Mais depressa que os pássaros que passam no céu,
Mais depressa que o próprio tempo,
Mais depressa que a bondade dos homens,
Mais depressa que os trens correndo nas noite escuras,
Mais depressa que a estrela fugitiva
Que mal faz um traço no céu.
Os que se vão, vão depressa.
Só no coração do poeta, que é diferente dos outros corações,
Só no coração sempre ferido do poeta
É que não vão depressa os que se vão.

Ontem ainda sorria na espreguiçadeira,


E o seu coração era grande e infeliz.
Hoje, na festa ela não estava, nem a sua lembrança.
Vão depressa, tão depressa os que se vão...

comentário oral: A ação dinâmica da morte, a ação psicológica do poeta sentindo a


amada; como ele fala de todos os mortos e, depois, da amada; palavras que indi-
quem o dinamismo e onde ele concentra a ação psicológica do poeta; efeito das re-
petições e das comparações; o clima de tristeza que envolve todo o texto; detalhes
da morta que ficaram marcantes no espírito do poeta.

Escreva, rapidamente, um monólogo (ação psicológica) de alguém diante de


um momento de dor ou de alegria:
Agora, observe a ação predominante no narrador desse poema sem título de
Fernando Pessoa:

De aqui a pouco acaba o dia.


Não fiz nada.
Também, que coisa é que faria?
Fosse a que fosse, estava errada.

De aqui a pouco a noite vem.


Chega em vão Para quem como
eu só tem Para contar o coração.

E após a noite e irmos dormir


Torna o dia. Nada farei senão
sentir. Também que coisa é que
faria?

Você agora vai criar frases com situações bastante estáticas:


MÓDULO 20
REDAÇÃO PARA INTRODUÇÃO DO TEMPO CRONOLÓGICO E PSICOLÓGICO
(Aula Dupla)

Escreva o que sentir vontade, partindo das palavras:

Ontem:

Hoje:

Amanhã:

Domingo, 15 de Julho

Helena Morley

Hoje domingo poderia ter estudado as lições e feito meus exercícios, mas
mamãe nos levou desde cedo para a Chácara e passou o dia no jogo da politaina com
minhas tias até tarde. Nós na mesma brincadeira de sempre, os primos todos.
Hoje deu-se uma coisa bem aborrecida, para nós todas. Mamãe e minhas tias
acharam que nos deviam mandar, todas as primas, visitar Seu Carneiro pela morte
da mãe dele. Mas antes de irmos, nos recomendaram que tivéssemos modos e que
fizéssemos cara triste. Naninha também, como mais velha, não cessava de recomen-
dar: "Não façam cara de riso. Lembrem que é visita de pêsames." Só isto bastou
para dar-se o pior que podia acontecer.
Chegamos, subimos a escada, e batemos palmas na entrada da sala. Seu Car-
neiro veio abrir a porta vestido de sobrecasaca comprida e disse, com voz fanhosa:
"Podem entrar; façam o favor." Nesse instante eu, que já vinha engasgada de vonta-
de de rir, pus a mão na boca para me conter, mas não foi possível. Dei uma risada
tão espremida que as outras não puderam resistir e descemos todas escada abaixo,
num frouxo de riso que não parava mais. O homem ficou de pé, no alto da escada,
nos olhando espantado e sem saber o que era aquilo. Saímos pela rua afora rindo e
Naninha me xingando.
Estou pensando agora é no meu encontro com as filhas dele, que são minhas
amigas e hão de querer que eu lhes explique a causa daquilo. Vou procurar inventar
uma história qualquer para lhes contar.
Você observou o texto, é uma página de um diário e a autora vai narrando os
acontecimentos seqüentes. Quando alguém narra os acontecimentos em tempo mar-
cado pelo relógio, tempo concreto (ontem/hoje/amanhã - 1960/1961/1962 —
cedo/tarde/noite), não importa que o tempo esteja no presente ou no passado, o
tempo será narrativo ou cronológico. Vamos ver se acontece o mesmo no poema:

PROFUNDAMENTE

Manuel Bandeira

QUANDO ontem adormeci


Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas

No meio da noite despertei Não


ouvi mais vozes nem risos Apenas
balões Passavam errantes

Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

- Estavam todos dormindo


Estavam todos deitados Dormindo
Profundamente

Quando eu tinha seis anos


Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo


Minha avó
Meu avô
Totonio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
- Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

O que você notou nos versos grifados? Continuou o tempo cronológico? Se o


narrador rompeu a cronologia, voltou a um fato passado, geralmente provocado por
um semelhante no presente, o tempo é psicológico. Não confundir tempo
psicológico com ação psicológica, será sempre ação psicológica se o narrador se lem-
brar de fatos passados, mas se os fatos têm seqüência narrativa, o tempo será crono-
lógico. Assim, em "Profundamente", o tempo é cronológico (ontem/no meio da
noite/hoje) e psicológico nos versos 25, 26, 27 e, depois, 29,30, 31, 32 e 33.

DIA-A-DIA

Elias José

Segunda-feira. Hoje
tenho que juntar cacos do que fui. Preciso de ternura urgente para conseguir colocar
coisas e sorrisos nos devidos lugares. Tantos gestos estudados para aturar o jantar,
os parentes, os amigos, ela...

Terça-feira.
Qualquer coisa me diz que é mesmo o fim. O telefone tocou e tudo foi tão frio.
como as coisas se transformam sem a gente esperar!

Quarta-feira. Se a
gente tivesse coragem, seria tudo mais claro. Bastaria um bate-papo franco. Mais
uma vez simulamos, enfeitamos palavras duras para que elas, despersonalizadas,
fossem ferindo aos poucos.

Quinta-feira.
Uísque. Cigarros. Amigos sugerindo saídas menos dramáticas. Na eletrola uma
música que antes dizia tanto. O garçon me lembra o que o dinheiro pode. Se eu não
tivesse nada, seria mais fácil testar sinceridades. Talvez ela e eles, garçons e amigos,
nunca saberão o que sou e valho, só o que eu tenho.

Sexta-feira. Encontramos, mas nada acrescentou ou diminuiu. Os mesmos abraços e


insultos, alegrias raras e longos momentos de tristeza. Depois, uma náusea talvez
maior.

Sábado.
Marquei encontros. Precisava transbordar-me em companhias, chatas ou não. Não
podia ficar só. comprei um livro e não saí de casa. Preciso me acostumar com a
falta de gente. Preciso muito de falar comigo. Acertar ponteiros..
Domingo.
Novo almoço em família, com amigos, com ela. Sorrisos idênticos aos da semana
passada, do século passado. Alguns me acharam mais magro; "mais gordo", ela
afirmou. Volto a repetir tudo, a me repetir, agora com menos coragem ainda.

0 texto é montado como num diário - por quê? Qual é o tema usado pelo narra-:r?

Você, seguindo a estrutura de "Dia-a-Dia", vai fazer, em casa, de segunda a


domingo, o registro de acontecimentos de sua vida, em tempo cronológico.

Agora, em sala, você fará uma pequena estória em que o personagem, esti-
mulado por um fato presente, é levado a voltar à infância, quando aconteceu algo
semelhante. Não se esqueça que vai narrar em tempo cronológico e tempo psicoló-
gico.
REDAÇÕES RELACIONADAS COM ELEMENTOS DA

TEORIA LITERÁRIA E ANÁLISE DE TEXTO


MÓDULO 21

REDAÇÃO INTRODUZINDO PROBLEMAS RELACIONADOS com ARTE


LITERATURA / ESCRITOR I - AULA DUPLA

A classe discutirá em grupo as seguintes questões e, depois, cada grupo fará sua
exposição:
1) O que é arte?
2) Quais são as artes?
3) Quem faz um bolo está fazendo Belas Artes ou Artes Utilitárias? Por quê?
4) Qual a diferença entre ciência e arte?
5) O que as artes e as ciências representam para a cultura de um país?
6) como vocês vêem o artista (em sua vida, sua maneira de ser e criar), ele-
mento criador da Arte?
7) Qual é a matéria prima de cada Arte?
8) O que é conteúdo e o que é forma? Podemos separar claramente o conteú-
do da forma?
9) O que é Literatura para vocês? Quem faz? Há diferença entre a prosa e a
poesia? Quais? Será diferença mais de forma, de linguagem, de ritmo ou de
conteúdo?
10) Tudo o que se encontra em letra de forma é literatura?
11) Que diferença vocês vêem entre a linguagem usada nos nossos diálogos (a
coloquial), a jornalística, a científica, a técnica usada nos documentos e a
literária?
MODULO 22

REDAÇÃO INTRODUZINDO PROBLEMAS RELACIONADOS com A


LITERATURA E O TRABALHO DO ESCRITOR - II - aula dupla.

Os grupos desenvolverão a interpretação das citações de grandes escritores e


responderão as perguntas - depois, cada grupo fará exposição de suas conclusões:
1ª - Que sentido tem a palavra estilo para vocês?
2a— Tanto o aluno redigindo como os autores, aparecem os problemas de
estilo? Aparecem os mesmos problemas, com a mesma intensidade?
3a— São qualidades de estilo: correção, clareza, originalidade, capacidade de
síntese, harmonia (musicalidade, evitar mau som), emoção, criatividade
- separe as mais importantes para o escritor e as mais importantes para
quem não pretende escrever Literatura, mas apenas comunicar bem ver-
balmente.
4a - Quais as coisas que podemos observar no estilo de um autor?
5a - O que chamamos de preferência temática para estudar uma obra?
6a- Alguém disse que escrever é inspiração e transpiração — o autor precisa
de talento e de assento — como você entende as afirmativas?
7a - Todos os escritores terão o mesmo tipo de problema ao criar a obra de
arte? Todos vêem a criação da mesma maneira?

Agora, vamos aos depoimentos dos autores que vocês interpretarão:

"A obra é inteiramente construída. Tôda matéria é organizada".


Chklovski

"Nenhuma fase da obra literária pode ser, em si, uma expressão direta dos sentimen-
tos pessoais do autor, ela é sempre uma construção e jogo..."
Eichenbaun

"A técnica é tudo: envolve e classifica tudo aquilo que entra na constituição do ro-
mance. Há, pois, tantas técnicas quantos são os romances vivos. Em verdade, não se
deveria falar em técnicas do romance, mas de técnicas do romance."

A.A. Mendilow

"Tudo ou quase tudo nesse livro é medido e pesado, premeditado. O quanto isso é
possível em obra de criança. É verdade que nem todos percebem o desenho geral, a
composição estudada do livro, o que é capaz de ser fallía minha; mas sentem o efeito
que quis dar, o que é capaz de ser vitória minha. A maioria fíca na estrela, não
percebe a constelação, o "sete estrelo", para usar a comparação de que gosto..."

Autran Dourado - explicando seu livro: "O Risco do Bordado ".


"Fazer literatura é quase um trabalho bracai. (...) A primeira fase da criação é in-
consciente. Só depois é que o escritor começa a tratar conscientemente o texto, mo-
dificando certas coisas. Nessa reelaboração surgem suas convicções".
Murilo Rubião

"Estas minhas frases balbuciadas são feitas na hora mesmo em que estão sendo es-
critas e crepitam de tão novas e ainda verdes. Elas são o já. Quero a experiência de
uma falta de construção. Embora este meu texto seja todo atravessado de ponta a
ponta por um frágil fio condutor - qual? O do mergulho na matéria da palavra? O
da paixão? Fio luxurioso sopro que aquece o decorrer das sílabas."
Clarice Lispector - na bôca da personagem narradora de "Agua Viva".

Que proveito vocês poderão tirar das afirmativas para o trabalho de redação escolar?
MODULO 23

REDAÇÃO INTRODUZINDO O ESTUDO DO TEXTO LITERÁRIO - aula dupla

Respondam as seguintes perguntas, em grupo de quatro alunos. Depois, cada


representante dos grupos terá os resultados:
1º — Poderemos ensinar alguém a fazer uma página literária?
2º— Podemos ensinar alguém a entender um texto? Poderemos criar o gosto
pela literatura, educar a sensibilidade, desenvolver o espírito crítico?
como? 39 - Que diferença há em saber 1er e 1er sabendo? 49-0 que é
preciso para entender um texto literário? 59- Há diferença em comentar,
analisar e criticar um texto? O que é preciso
para cada uma dessas atividades? 69-0 que é
possível descobrir num texto literário?

Agora, faremos várias afirmativas e vocês vão interpretá-las. justificá-las:


A - Cada texto é um enigma, uma comunicação e um apelo.
B - Cada texto traz uma carga de experiências humanas que podem conferir
com as nossas ou nos ensinar novidades.
C — Cada texto traz um depoimento intelectual sobre o mundo.
D - Em cada texto há parcelas da realidade, vistas por uma sensibilidade es-
pecial.
E — Cada texto traz as marcas da época em que foi criado, na linguagem, nas
visões de mundo, em seu todo.
F - Um texto tem a capacidade de mudar nosso comportamento e de alargar
nossas visões de mundo.
G - Cada texto é uma experiência lingüística que pode endossar ou romper
com a linguagem coloquial.
H — "Um poema é uma aventura planificada". Décio Pignatari.
I - "Sem a sensibilidade especial para o fenômeno poético, seriam vãs e es-
téreis todas as reações da ciência da Literatura e sua aplicação nunca re-
sultaria convenientemente" - (explicar o que se entende por ciência da
Literatura).
J - "A arte é uma experiência que não pode ser distinguida apenas pelo
esforço intelectual ou exercício de percepção, pois é uma experiência
do Eu, à qual só se pode ter acesso e viver, a partir do exato momento
em que se aceite o inconsciente, o desconhecido da vida e a dificuldade
de se viver o próprio conflito particular."
Vom Franz.
MÒDULO 24

ESQUEMA DE ANÁLISE LITERÁRIA


ANÁLISE DE TEXTOS NARRATIVOS

Observação: todos os tópicos levantados servem para análise de conto, romance


e novela, filmes, peça de teatro, histórias em quadrinhos, bem como para alguns
poemas narrativos.
1º) Parte Informativa: nome do texto-autor-gênero: espécie, dados biográ-
ficos e bibliográficos do autor - opinião da crítica sobre o autor e sobre
aquela obra - Estilo de Época a que o autor e obra se enquadram.

29) Parte analítica: Tema - Motivo - Assunto.


Estruturação: Divisão em partes ou segmentação, mudanças de plano.
Foco narrativo: ponto de vista-pessoa da narrativa, objetivismo, subjeti-
vismo - narrador onisciente e onipresente, co-participante ou persona-
gem principal ou secundário - externo e interno. Prólogo - trama e
epílogo - Exposição - complicação - detalhes importantes - Clímax
principal, secundários - os incidentes - o horizon-talismo e o
verticalismo.
O Tempo: cronológico ou narrativo e o psicológico - influência do tem-
po nos personagens e no enredo - marcação de época: fala, usos, costu-
mes, sentimentos, visão de mundo.
O flasback - unidade, simultaneidade e pluralidade — Tempo geral e
particularização - corte temporal - tempo emoção. O espaço:
cronológico ou psicológico - físico — social - cultural - social
(relacionamento humano) - econômico - rural ou urbano - aberto ou
fechado — visto objetivo ou subjetivamente — natural ou ambiental
geral ou particularizado - influência do espaço nos personagens e no
enredo - marcações espaciais.
O Clima ou Atmosfera: estados de espírito criados pelo texto: climas de
solidão, alegria, ironia, sarcasmo, humor, religiosidade... Fatos ou
situações: caóticas, lógicas, ilógicas, de suspense, inesperadas, o mistério
e o esclarecimento dele, o insólito, o onírico. Ação: estática, dinámica,
psicológica, mista, verbal, nominal, adverbial, ação dos personagens e da
estória.
Os personagens: análise física, psicológica, cultural, econômica, social
(relacionamento no espaço e com os demais personagens) — os antago-
nistas e os protagonistas e seus ajudantes e oponentes — os principais,
os secundários, os participantes e os citados - os planos e os redondos -
confidentes indivíduos, tipos e caricaturas - os heróis - os anti-heróis —
os mitos - a verrossimilhança - a personificação. Visões do Mundo
Apresentadas: idéias ou tomadas - de posição - colocação direta (autor)
ou indireta (personagens, fatos) - crítica clara e a sugerida - posições
políticas, religiosas, morais, científicas, sociais,
filosóficas - engajamento ou alienação - o "eu" e o "não eu" - só deleite
ou lição de vida - funções da literatura na obra.
— engajamento ou alienação — o "eu" e o "não eu" — só deleite ou
lição de vida - funções da literatura na obra.

Características Estéticas: universalismo e individualismo - realismo —


irrealismo - sunealismo - realismo mágico - absurdo - o aspecto mítico —
romantismo — simbolismo, etc. 39) Parte: Recursos usados pelo autor:
a) - Formais: verso ou prosa — composição: narração (vertical ou hori-
zontal), descrição, dissertação, monólogo (direto, indireto ou in-
terior), diálogo (direto ou indireto). - parágrafos - partes -
capítulos - versos — ou estrofes.
b) - Fónicos: o ritmo, a musicalidade do texto, assonância, aliteração,
eco, rima, onomatopéias - pontuação rítmica - preferência silá-
bica.
c) - De Linguagem: síntese ou discursivo — níveis e registros: regiona-
lismos - gírias, arcaísmos, neologismo — adjetivação - polisse-
mia - Conotação e denotação - vocabulário da área semântica do
tema - vocabulário concreto e o abstrato — Carga poética: lin-
guagem popular coloquial - linguagem científica ou técnica, fun-
ções da linguagem, segundo Roman Jakobson.
d) - Sintáticos: ordem das orações: rompimento para afetividade — es-
truturação dos períodos, orações e termos - frases nominais e de
circunstância — orações caóticas — pontuação afetiva — concatena-
ção de idéias - figuras de sintaxe - conexão dos elementos
sintáticos: concordância, colocação e regência. Concordância afe-
tiva - sintaxe individual — sintaxe visual.
e) - Especiais: cromatismo, plasticidade, visualização nas ilustrações,
na disposição do texto e na sugestão — o texto e os sentidos.
4º) Parte: Problema da comunicação: obra aberta (segundo Umberto Ecco)
fechada - comunicável ou hermética - o autor na obra.
5º) Parte: Conclusão Crítica: reestruturação do que foi analisado - montagem
da análise.
MÒDULO 25

ROTEIRO DE ANÁLISE DE UM POEMA

1. Discutir a estrutura do poema: versos, estrofes, rimas, métrica - mostrando a


sua razão e funcionalidade no poema.
2. Classificar o poema, justificando: lírico, épico, satírico.
3. Dizer o motivo e o tema, seu desenvolvimento no todo do poema.
4. comentar a importância das imagens, metáforas e conotações, sempre obser-
vando o relacionamento entre estes elementos e o tema e o contexto.
5. comentar a importância de determinadas palavras existentes no poema que
funcionem como imagens visuais, auditivas, olfativas, gustativas, táteis.
6. Reduzir a termos gerais o conflito emocional expresso na estrofe.
7. Há efeitos cômicos obtidos de situações ilógicas ou absurdas expostas no
poema?
8. Qual a alusão básica do poema e quais as suas implicações com o restante do
mesmo?
9. Dizer sobre que é o poema, demonstrando-o.
10. Que significa tal tempo de verbo no poema?
11. Há algumas afirmações sentenciosas no poema? Apontá-las e interpretá-las.
12. Que conselhos dá o poeta acerca do modo como deve ser conduzida a vida?
13. Mostrar como determinada imagem se liga ao contexto e ao restante esquema
imagístico.
14. Apontar contradições no poema.
15. Analisar e interpretar as repetições das palavras e seu efeito ou intenção.
16. Apontar e discutir as ambigüidades ou conotações do poema, mostrando se
enriquecem o significado do mesmo.
17. Há ambigüidades gramaticais e, em caso afirmativo, que efeito delas decorre
para o significado do poema?
18. Mostrar o caráter alegórico de um determinado poema.
19. Mostrar as comparações num poema e analisar o seu efeito.
20. Mostrar a mistura de elementos clássicos e modernos num poema.
21. Mostrar em que os diversos detalhes da versificação contribuem para o seu rit-
mo.
22. Mostrar o significado do título.
23. Mostrar como o poema foge aos perigos do didatismo.
24. Qual a razão por que o poeta escolheu tal imagem ou símbolo como o que
melhor exprime o tema?
25. Há alguma relação entre o tema e a forma poética adotada?
26. Apontar a imagem central e controladora do poema.
27. Há algum paradoxo no poema'.'
28. comparar tal poema com outro de igual tema. apontando as diferentes ima-
gísticas usadas e o efeito obtido.
29. Apontar a relação entre tema e imagem no poema.
30. Alguns dos sentimentos do poema exprimem uma atitude romántica? E rea-
lista? E simbolista? E impressionista? E expressionista?
31. Mostrar a adequação do padrão métrico ao poema.
32. Analisar o caráter descritivo do poema e seu significado.
33. Há no poema algum simbolismo que o domina?
34. como conseguiu o poeta transformar a confidência em assunto de caráter ge-
ral?
35. comentar a sintaxe do poema.
36. Explicar as diversas figuras no poema.
37 Explicar o paradoxo essencial sobre o qual é construído o poema.
38. Qual a filosofía da vida implícita no poema?
39. Que convenções poéticas há no poema?
40. O poema é uma fantasia ou uma narrativa?
41. Analisar as divisões do poema, explicando parte por parte, e mostrando as
relações entre umas e outras.
42. Estudar cuidadosamente a imagística do poema, a sua variedade, como ela
afeta o tom do poema, qual foi o princípio que regulou a sua escolha, e como
o poeta dela depende para a efetiva comunicação de sua idéia ou sentimento.
43. Mostrar a unidade do poema, e como obteve o poeta essa unificação.
44. Que interpretação se pode retirar da descrição no poema? E da narração? E
do monólogo?
45. Interpretar o uso do enjembement, da assonância, da aliteração, da repetição,
da métrica.
46. Que acontecimento inspirou o poeta, pessoal, político, social?
47. Sobre que detalhes concentra a emoção?
48. O lirismo do poema é direto ou indireto?
49. Que tipo (ou tipos) de emoção o poema expõe?
50. Analisar a adequação do sistema formal do poema, em relação com a emoção
predominante.
51. Analisar em que medida o poeta transforma o acontecimento em poema.
52. Apontar as características do vocabulário poético do autor.
53. Definir a forma lírica adotada.
54. Analisar os diversos tipos de versos contidos no (ou nos) poema(s).
55. Tempo-espaço, climas e ação no poema.

Fonte: "Antologia Brasileira de Literatura"


Afrânio Coutinho Adaptação de
Elias José
VERSIFICAÇÃO

Verso: "é a unidade rítmica do poema" — Bandeira — Linosigno: linha de sentido


Estrofe: agrupamento de linhas (versos) com unidade rítmica e psicológica. Ritmo:
distribuição cadenciada de acentos tônicos, após átonos — som alternado
— cadência. Ritmo melódico:
mecânico (métrica tradicional)
psicológico (versos e estrofes livres) Pausas: Fim de verso, fim de
estrofe, enjambement (pausa não respeitada no fim
do verso). Pausa no interior do
verso: cesura Icto: tônica
predominante Sílabas gramaticais
e poéticas: Eu / gos/to / de /
cri/an/ça Um / pon/to a/pa/re/ce
elisão
Tipos de Elisão
Crase: Que es/tra/nha /po/tên/cia a/ vos/sa (união de vogais iguais)
Sinalefa: 0/ mel/do a/mor/ cris/ta/li/za (união de vogais diferentes)
Liberdade poética
Sinérese: o poeta diminui o nº de sílabas: crian/ça - saú/de
Diérese: p poeta aumenta o nº de sílabas, separando vogais normalmente juntas
qui/e/ta.
MÒDULO 26

FUNÇÕES DA LITERATURA I

Redação partindo do estudo das Funções da Literatura - aula dupla

Antes de qualquer teoria, você deverá responder às perguntas (que depois, em


outra aula, serão analisadas pelo professor e pela classe e levadas ao quadro com a
sistematização do assunto):

A - Para que alguém escreve um livro de poesia ou de ficção?

B - Para que 1er um livro de literatura?

C - Para que serve a literatura para o país do autor?

D - O que fica de um livro lido?

E - O que fica do autor no livro escrito?

O professor dará os nomes das funções da literatura levantadas pelos téoricos:

19 — Função Lúdica: é a literatura que pretende apenas divertir, é uma espé-


cie de jogo do espírito para entreter o leitor — as novelas policiais, de espionagem,
de aventuras, por exemplo, ou os textos muito formais, tendo o autor, como única, a
preocupação de agradar pela beleza estética.
29 - Função Social: é a literatura com compromisso com a realidade, que
procura denunciar o lado torto da vida, a miséria, os erros humanos. Um romance
como "Vidas Secas", por exemplo, que denuncia a vida miserável do nordestino em
tempo de seca.
39 - Função Pragmática: a literatura tem uma finalidade prática, além da be-
leza estética. Ela pode ensinar alguma coisa ao leitor, tanto dentro do aspecto moral
como social. Há quem use a literatura como forma de transmitir uma ideologia
política ou religiosa, o que pode levar ao panfleto, sem maior valor artístico. Na
escola, os professores de línguas usam o texto literário para levar o aluno a interpre-
tá-lo, a sentir-se influenciado por ele a escrever melhor, a mostrar a língua usada de
forma superior. Há os que lêem para se tornar mais interessantes nas relações
humanas.

49 - Função Cognitiva: a literatura pode enriquecer o leitor, mostrar-lhe


realidades desconhecidas, desenvolver-lhe o espírito.
59 — Função Evasiva: levar o autor e/ou leitor a um mundo ideal, permitindo
uma compensação para as frustrações do mundo real - é uma função estudada pela
psicanálise, que aponta para ela dados positivos e negativos - positivos, quando gera
liberação do "eu" atormentado; negativo, quando leva à alienação.
69- Função Catártica: faz com que escritor e/ou leitor façam catarse, isto
é, libertem-se dos fantasmas interiores, das grandes emoções recalcadas.
79— Função Sinfrônica: ou Sintonizadora: a literatura é capaz de vencer o
tempo e o espaço, tem capacidade de imortalizar a obra e o autor, torná-los sempre
atuais. As tragédias gregas, por exemplo, são representadas até hoje.

O professor deve fazer o aluno sentir que essas funções não são as únicas e
que, para um mesmo autor/leitor ou obra, podem caber variadas funções — nos
estudos de arte, tôda classificação é apenas uma tentativa didática de explicar fe-
nômenos não lógicos, pouco possíveis de enquadramentos.

Os alunos classificarão as funções desejadas e as criticadas pelos autores das


seguintes afirmações:

"A poesia é indispensável - se eu ao menos soubesse para que serve".


Cocteau

"A poesia é doce e útil. Um poema deleita e ensina"


Horácio

"A beleza é em si própria a justificativa de sua existência".


Emerson

"O isolamento é uma tomada de posição contra a vida, uma atitude contra os seus
rumos e só pode gerar formas desesperadas de expressão por isso mesmo".
Sartre

"O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer. Não há
senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. O criador, com efeito, deve ser um
mundo para si mesmo e encontrar tudo em si e nessa natureza a que se aliou".
Rilke

"A arte não é apenas um prazer. É uma atividade criadora da consciência humana
da qual deriva toda criação espiritual. A arte é tudo".
Gabo

"A arte deve, literalmente, descer à rua, sair do zoo cultural".


Lebel

"Eu sou um pintor que constato, ou seja, que contesto".


Gerard Tisserrant

"A arte deveria levantar questões".


Bruce Nauman
MÒDULO 27

FUNÇÕES DA LITERATURA II

Redação partindo da análise e estudo das funções da Literatura - aula dupla.

Agora, você deverá analisar as funções da literatura pretendidas e as rejeita-


das por Carlos Drummond de Andrade no poema "Mãos Dadas":

MÃOS DADAS

Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco. Também


não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e
olho meus companheiros. Estão taciturnos mas
nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero
a enorme realidade. O presente é tão grande, não
nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos
de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,


não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Funções desejadas:

Funções rejeitadas:

Também numa redação escolar, podemos e devemos escolher uma função —


nada existe sem uma função, se existe, não tem valor, não tem utilidade.

Faça uma pequena estória, procurando dar a ela uma função social.

Faça uma piada, que tenha como função apenas divertir você e o leitor.

Agora, você vai fugir da realidade e criar um mundo onde gostaria de viver.
(função evasiva).
MÒDULO 28

REDAÇÃO CRIATIVA: Entrevista Hipotética - aula dupla

Você sabe que os poetas não gostam de dar entrevista. Carlos Drummond de
Andrade, por exemplo, é procurado pela imprensa e pela tevisão constantemente e
sempre se nega a falar, dizendo que o que tem a dizer já diz em sua obra. Sendo
assim, vamos propor, como modelo, uma entrevista hipotética com ele. Lógico que
as respostas se encontram nos próprios livros de poesia do autor.

— Drummond, como o senhor sente o tempo?


- "Sinto que o tempo sobre mim abate/ sua mão pesada. Rugas, dentes, cal
va.../ uma aceitação maior de tudo,/ e o medo de novas descobertas."
— Quais seriam essas descobertas?
- "Descobri na pela certos sinais que aos vinte anos não via./ Eles dizem o
caminho,/ embora também se acovardem/ em face a tanta claridade roubada ao
tempo".
- Quem é o senhor, Drummond?
— "Sou apenas um homem./ um homem pequenino à beira do rio./ Vejo as
águas que passam e não as compreendo./ Sei apenas que é noite porque me cha-
mam de casa./ Vi que amanheceu porque os galos cantaram".
— O que acha do amor?
- "Que pode uma criatura senão,/ entre criaturas amar?/ mar e esquecer,/
amar e malamar/ amar, desamar, amar?"

Bem, foi apenas um exemplo. Vocês, sim, entrevistarão os poetas, seguindo


o exemplo dado. A sala será dividida em oito grupos e cada grupo entrevistará hipo-
teticamente um dos poetas abaixo relacionados:

Grupo um: Carlos Drummond de Andrade.


Grupo dois: Manuel Bandeira.
Grupo três: Mário de Andrade.
Grupo Quatro: Cecilia Meireles,
Grupo cinco: Murilo Mendes.
Grupo seis: Cassiano Ricardo.
Grupo sete: Mário Quintana.

Após o trabalho (marcado antes para que os alunos consigam os livros dos au-
tores escolhidos), cada grupo fará a leitura dele, sempre com um aluno lendo a par-
te do entrevistador e outro a do entrevistado. No final dos trabalhos, deverá vir a
bibliografia usada; se possível, cada resposta deverá vir numerada para, no fim, le-
vantar o nome do poema usado. Para divisão em versos, o aluno deverá usar barras,
como no exemplo.
MÓDULO 29

REDAÇÃO EXPLORANDO OS ESTILOS DE ÉPOCAS VISTOS


DUAS AULAS

Descreva um homem romântico, rapidamente, sem parar para pensar muito:

Descreva um homem realista:

Descreva, agora, um homem moderno:

Leia o texto:

HOJE

De: Taiguara

Hoje
Trago em meu corpo,
As marcas do meu tempo
Meu desespero
A vida num momento
A fossa, a fome, a flor
O fim do mundo

Hoje
Trago no olhar imagens distorcidas
Cores, viagens, mãos desconhecidas
Trazem a lua, a rua,
As minhas mãos, mas...

Hoje
As minhas mãos
Enfraquecidas e vazias
Procuram nuas, pelas luas, pelas ruas,
Na solidão das noites frias, por você

Hoje
Homens sem medo aportam no futuro Eu
tenho medo acordo c te procuro Meu quarto
escuro é inerte como a morte

Hoje
Homens de aço esperam da ciência
Eu desespero e abraço a tua ausência Que
é o que me resta vivo em minha sorte

Ah! sorte...
Eu não queria a juventude assim perdida Eu
não queria andar morrendo pela vida Eu não
queria amar, assim, como eu te amei.

Escrever nas colunas próprias, palavras ou expressões do texto que marcam o


homem ou o mundo romântico e o moderno:

MUNDO DO ROMÂNTICO MUNDO DO HOMEM MODERNO

Será o narrador um homem romântico ou moderno? Razões.

Será o homem moderno mais realista ou mais romântico? Razões.

REDAÇÃO:
Faça uma estória em que um homem romântico discuta com um realista sobre
coisas do mundo (descobertas, natureza, amor, sonho, etc).
MODULO 30

REDAÇÃO PARTINDO DA DECODIFICAÇÃO POÉTICA


AULA DUPLA

Teoria: todo texto, narrativo ou poético, traz uma "mensagem", no todo


(poema, conto, romance) ou nas partes (imagens poéticas, disposição gráfica, sons,
idéias, personagens, espaços) que têm variadas possibilidades conotativas, que só
podem ser conhecidas quando fazemos um levantamento de elementos decifradores
de seu código.
"O código compreende muitas relações sutis e intricadas, mas pode-se dizer,
em geral, que consiste de um conjunto de classes de elementos lingüísticos e de um
conjunto de regras para combinar ou correlacionar esses elementos. O conhecimento
do código capacita-nos a codificar e decodificar mensagens.
Num texto comum, notícia de jornal, por exemplo, cada código só funciona
com determindo sentido, o seguinte de dicionário (denotativo). O código poético,
porém, é ambíguo, multissignificante, conotativo. Aprender a decodificar esse có-
digo especial (um super-código) pode nos ajudar a entender poemas herméticos,
como os simbolistas. Também pode nos dar as medidas de preferências por deter-
minados códigos em certos poetas. Alguns vão preferir códigos cromáticos (cores),
outros sociais (ligados aos problemas humanos), outros ainda, preferirão códigos
naturais (flor, pássaros e outros elementos da natureza). Vamos juntos decodificar
um poema "Viagem" de Paulo César Pinheiro, que, inclusive, foi musicado por João
de Aquino.
VIAGEM
João de Aquino e Paulo Cesár Pinheiro

Oh! tristeza me desculpe


'tou de malas prontas
hoje a poesia veio ao meu encontro
já raiou o dia, vamos viajar.

vamos indo de carona


na garupa leve do vento macio
que vem caminhando
desde muito longe
lá do fim do mar

Vamos visitar a estrela da


manhã raiada que pensei
perdida pela madrugada
mas que vai escondida
querendo brincar
Senta nessa nuvem clara minha
poesia, ainda se prepara traz uma
cantiga vamos espalhando música
no ar.

Olha quantas aves brancas minha


poesia, dançam nossa valsa pelo
céu que um dia fez todo bordado
de raios de sol.

Oh! poesia me ajude


vou colher avencas,
lírios, rosas, dálias
pelos campos verdes,
que você batiza de
jardins do céu.

Mas pode ficar tranqüila


minha poesia pois nós
voltaremos numa estrela
guia num clarão de lua
quando serenar.

Ou, talvez, até quem sabe


nós só voltaremos num
cavalo baio no alazão da
noite cujo nome é raio
raio de luar.

DECODIFICAÇÃO POÉTICA

Códigos afetivos: Oh, ponto de exclamação, possessivos minha, você como


tratamento íntimo, as repetições enfáticas, os adjetivos, a mistura de tempo e pessoa
verbal.
Códigos líricos: tristeza, poesia, raiou o dia, viajar, estrela, manhã, madruga-
da, brincar, nuvem clara, cantiga, espalhando música no ar, aves brancas, dançam
nossa valsa, céu bordado de raios de sol, avencas, lírios, rosas, dálias, campos ver-
des, jardins do céu, estrela guia, clarão de lua, serenar, cavalo baio, alazão da noite,
raio de luar.
Códigos relacionados com a viagem, deslocamento, ação dinâmica: malas
prontas, vamos viajar, vamos indo de carona, garupa, caminhando, visitar a estrela,
senta nessa nuvem, se prepara, vamos espalhando música, nós voltaremos.
Códigos ligados à viagem como lugares ou transportadores, num sentido
simbólico, metafórico: malas prontas, garupa leve do vento macio / que vem cami-
nhando / desde muito longe / !á do fim do mar, visitar a estrela, vai escondida /
querendo brincar, campos verdes, jardins do céu, estrela guia, clarão de lua, cavalo
baio, alazão da noite, raio de luar.
Códigos sinestésicos:
táteis: garupa, leve, vento macio, serenar;
auditivos: cantiga, música no ar, valsa;
olfativos: avencas, lírios, rosas, dálias, campos verdes;
visuais: estrela, manhã raiada, madrugada, nuvens clara, aves brancas, dan-
çam, céu, bordado de raios de sol, avencas, lírios, rosas, dálias, cam-
pos verdes, jardins do céu, estrela guia, clarão da noite, serenar, ca-
valo baio, alazão da noite, raio de luar.
Códigos cosmológicos: dia, estrela, madrugada, manhã, nuvem sol, céu, lua,
noite, raio, luar.
Código natural: mar, aves, avencas, lírios, rosas, dálias, campos verdes, cavalo.
Códigos apelativos: vamos viajar, vamos visitar, senta, anda se prepara, traz
uma cantiga, vamos espalhando... olha, poesia me ajude, mas pode fi-
car tranqüila.
Código de dúvida: ou, talvez, até quem sabe.
Códigos estéticos: poesia, cantiga, música, valsa.

comentar o sentido de todo o poema, a multiplicidade de sentidos dos códi-


gos, as possibilidades de levantar, em outros textos, outros códigos (sociais, religio-
sos. míticos, abstrato, concretos, visuais através de letras maiúsculas ou disposição
gráfica, auditivos, através das figuras de som, ligados à morte, à vida, ao lado amoro-
so. etc).
Os alunos decodificarão um poema simbolista, seguindo os códigos dados e
criando outros. Antes, é preciso ir ao dicionário para buscar o sentido das palavras
desconhecidas.

ANTÍFONA

Cruz e Sousa

Ó Formas alvas, brancas. Formas claras


De luares, de neves, de neblina!... Ó
Formas, vagas, fluídas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...

Formas do Amor, constelarmente puras,


De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras E
dolencias de lírios e de rosas...
Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da
Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas,
extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz
resume...

Visões, salmos e serenos, Surdinas de


órgãos flébeis soluçantes... Dormências de
volúpicos venenos Sutis e suaves,
mórbidos, radiantes...

Infinitos espíritos dispersos, Inefáveis,


edénicos, aéreos, Fecundai o Ministério destes
versos com a chama ideal de todos os mistérios.

Do Sonho as mais azuis diafaneidades Que


fuljam, que na Estrofe se levantem E as
emoções, todas as castidades Da alma do Verso,
pelos versos cantem.

Que o pólen de ouro dos mais finos astros


Fecunde e inflame a rima clara e ardente... Que
brilhe a correção dos alabastros Sonoramente,
luminosamente...

Forças originais, essência, graça De carnes de


mulher, delicadezas... Todo esse efluvio que por
ondas passa Do Éter nas róseas e áureas
correntezas...

Cristais diluídos de clarões álacres,


Desejos, vibrações, ânsias, alentos.
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...

Flores negras do tédio e flores vagas De amores


vãos, tantálicos, doentios... Fundas
vermelhidões de velhas chagas Em sangue,
abertas, escorrendo em rios...

Tudo! vivo e nervoso e quente e fortes, Nos


turbilhões quiméricos do Sonho, Passe,
cantando, ante o perfil medonho E o tropel
cabalístico da Morte...
Em outra aula dupla, professor e aluno discutirão o poema, inclusive fazendo
comentários sobre os códigos predominantes e simbólicos e correlacionando-os com
características do autor e seu estilo, e do Simbolismo.

Sugestão de Redação: levantar o maior número de códigos que conseguir,


relacionados com os cinco sentidos humanos. Depois, criar um texto aproveitando
boa parte desse material, criando, se possível, uma codificação ambígua, conotada.
MÓDULO 31

REDAÇÃO SEGUINDO CARACTERISTICAS DO SURREALISMO:

Observe a seguinte afirmação de Mário de Andrade, em seu "Prefácio Interes-


santíssimo", que introduz o livro "Paulicéia Desvairada", pois ela poderá ser útil
para o seu processo de redigir:
"Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu incons-
ciente me grita.
Penso depois: não só para corrigir, como para justificar o que escrevi. (...)
Acredito que o lirismo, nascido no subconsciente, acrisolado num pensamen-
to claro ou confuso, cria frases que são versos inteiros, sem prejuízo de medir
tantas sílabas, com acentuação determinada".

Mário de Andrade, com esse processo, estava seguindo a teoria da "escrita


automática" que aparece no manifesto do Surrealismo, redigido por André Breton,
que em determinada parte aconselha:
"Escreva depressa, sem um assunto pré-concebido, bastante depressa para não
conterem e não serem tentados a reler. A primeira frase virá sozinha, tanto é
verdade que a cada segundo é uma frase estrangeira ou estranha a nosso pen-
samento consciente que só pede para se exteriorizar. (...) Continuem até
quanto quiserem. Confiem no caráter inesgotável do murmúrio".

Tradução de Gilberto de Mendonça Teles em "Vanguarda Européia e Moder-


nismo Brasileiro" - Editora Vozes - 1972 - páginas: 146-147.

Agora é a sua vez:


Faça como Mário de Andrade - escreva sem pensar, escreva tudo o que seu
consciente grita. como aconselha Breton, depressa, sem assunto preconcebido,
bastante depressa, sem reler, confie no murmúrio. Palavras ou frases, não importa,
importa é escrever o mais depressa possível.

Mário de Andrade fala que também usava o intelecto. "Penso depois: não só
para corrigir, como para justificar o que escrevi." Os Surrealistas evitam esse traba-
lho lógico - mas você pode tentar o processo de Mário de Andrade. Tente escrever -
agora, dando certa ordem, certa correção ao texto:
REDAÇÕES EXPLORANDO A CRIATIVIDADE

EM ELEMENTOS LÓGICOS
MÓDULO 32

I - REDAÇÃO: ESTIMULO DO PENSAMENTO, ATRAVÉS DA COMPARAÇÃO.

COMPARAÇÃO

"Talvez uma das maneiras mais simples para estimular o pensamento seja pe-
dir que os alunos comparem coisas, percebam diferenças e semelhanças. No entanto,
pode-se perguntar por que é que isso ocorre. O discernimento pode ser entendido
como a aquisição de padrões que, por sua vez, resultam de observação e explora-
ção. À medida que aumentamos as oportunidades para comparação, ampliam-se as
bases para julgamento. uma capacidade para julgar depende de um conjunto de es-
quemas. O crítico profissional de belas artes tem conhecimento, experiências, e é
através disso que julga (na realidade, compara) a obra que critica com uma obra an-
terior. Por isso, quando pedimos aos alunos que façam comparações, nós os ajuda-
mos a construir esse conjunto através do qual os discernimentos futuros serão maio-
res e mais refinados, e com o qual será auxiliado o crescimento de julgamento dis-
criminativo, de gosto e apreciação.
As expressões comuns — "sim, mas isso é diferente" e "qual é a diferença?" —
podem dar certa indicação da freqüência com a qual ocorre a comparação, isto é, a
verificação de semelhanças e diferenças. Quando formamos conceitos, chegamos a
generalizações ou a uma nova idéia; a criação resulta, em todos os casos, de pelo
menos uma, e, em alguns casos, de inúmeras comparações.
Às vezes, algumas pessoas confundem os termos igualar e comparar. Quando
igualamos as coisas, dizemos que são iguais ou idênticas; focalizam-se as semelhan-
ças. No entanto, quando as comparamos, dizemos que há semelhanças e diferenças;
focalizamos as duas coisas. Quando contrastamos as coisas, focalizamos apenas as
diferenças. Por isso, a expressão convencional "essas duas coisas são tão diferentes
quanto o dia e a noite; é impossível compará-las", provavelmente pretende dar a
impressão de que não podem ser consideradas iguais. Quando damos oportunidades
para comparação, os alunos podem ser levados a ver a possibilidade de diferenciar
semelhanças e igualdades.
Às vezes, quando comparamos, vemos que as diferenças são mais numerosas
ou mais decisivas do que as semelhanças. Nesse caso, tendemos a usar a expressão
"isso é completamente diferente". Evidentemente, com isso queremos dizer que o
número de diferenças supera o número de semelhanças. Quando as semelhanças são
mais numerosas ou mais decisivas, tendemos a usar a expressão "isso é a mesma
coisa; não existe diferenças entre elas." Evidentemente, também aqui queremos di-
zer que as diferenças são em menor número.
Talvez isso se torne mais claro quando nos referimos aos objetivos. Quando
não há necessidade de fazer escolha, nossa tendência é a de perguntar: "qual é a di-
ferença?" Quando não há necessidade de fazer escolha, as diferenças entre maçã,
pera, ameixa e pêssegos, por exemplo, podem desaparecer na verificação de que
"são frutas". De forma semelhante, muitas palavras de diferentes partes de lingua-
gem podem tornar-se indiferenciáveis - "é apenas um grupo de palavras" - se não
temos, por exemplo, o propósito de identificar adjetivos. Quando "não faz diferen-
ça", reduzimos as distinções e na verdade as eliminamos ao passar para a categoria
mais ampla. Quando "tem importância", aumentamos as distinções, tanto as peque-
nas quanto as grandes. Ao fazer comparações, o fato de as diferenças serem em
maior número ou mais decisivas está ligado aos objetivos.
Na técnica pedagógica, o professor pode escolher dois itens e apresentá-los
para comparação. Pode precisar mostrar aos alunos que a comparação pode ser feita
atomisticamente, uma reação parcial ou global à totalidade. Os estudantes podem ser
levados a descobrir tais diferenças de métodos se precisarem comparar dois conjuntos
de comparações; por exemplo, uma vírgula e um ponto, e depois o jogo de pingue-
pongue com o jogo de tênis de praia. No primeiro conjunto haverá necessidade de
comparar a totalidade, enquanto que no segundo a comparação provavelmente
conterá uma mistura de reação à totalidade e às partes. A reflexão indicará porque é
que isso ocorre. No primeiro caso, como se trata de objetos físicos com funções
mais específicas, não há tanta possibilidade de subdivisão como no segundo.
Pode ser interessante pedir que os alunos façam listas denominadas "seme-
lhanças" e "diferenças", e depois fazer com que as comparem item por item. Às
vezes é desejável uma reação à totalidade; outras vezes, a reação a aspectos parciais
é mais adequada. Inicialmente, é uma boa idéia fazer uma verificação — ver se o que
está em A está também em B - pois é relativamente fácil lidar com isso. É também
possível que no início as coisas concretas possam ser reunidas. Por exemplo, compa-
ra-se um alfinete a um dedal, compara-se um poema a um ensaio, em vez de misturar
um termo abstrato e outro concreto.
Recomenda-se que, inicialmente, o professor peça semelhanças, pois parece
haver uma tendência para focalizar diferenças. Pode-se escrever uma lista no quadro
negro, ou pode ser útil fazer com que os alunos tentem lembrar-se da lista. Depois,
pedem-se as diferenças. Neste ponto, os alunos podem ser solicitados a descrever
exatamente o que foi dito ou resumir as listas como uma unidade. Vários outros
processos são indicados. É possível marcar as semelhanças. Quando não há um obje-
tivo, não há necessidade de escolher uma coisa ou outra. Se se define o objetivo e
se é preciso fazer uma escolha, o ponto decisivo de diferença é escolhido com rela-
ção a esse objetivo. Por isso, como conclusão da comparação, os alunos podem ter
oportunidade para apresentar uma interpretação, uma avaliação ou uma generaliza-
ção.
Abaixo há vários exemplos de exercícios que empregam, entre outras, a ope-
ração de comparação. Pode-se ver que são representadas diferentes áreas. Pode-se
observar, também, que a operação de comparação não inclui a adição de novo curso
ao currículo, nem mudança no conteúdo existente. Exige a adaptação de materiais e
talvez um ajustamento nas técnicas pedagógicas do professor. É útil lembrar que
cada área dá materiais suficientemente ricos e significativos para a exploração da
operação; não há necessidade de empregar exemplos artificiais, triviais, sensacio-
nalistas e não-produtivos."
Exemplo: comparar: granizo e neve com chuva.

(Abaixo são apresentadas algumas respostas de alunos)

Diferenças atomísticas

Granizo Neve com Chuva

1- palavra simples expressão composta


2- dura mole
3- pesada leve
4- Forma-se no verão forma-se no inverno
5- Derrete-se mais lentamente derrete-se rapidamente
6- camadas congeladas de umidade chuva congelada
7- às vezes circular no ar cai diretamente no chão
8- maior menor
9- forma-se ao circular na atmosfera forma-se ao cair na terra.

Semelhanças Atomísticas

1 - As duas palavras começam com consoantes


2 - Formam-se com umidade ou vapor d'água.
3 - Têm cristais de gelo
4 - compostas de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio
5 — Muito comuns em climas temperados.
6 - Sem cor
7 - Opacos
8 - Ligados à meteorologia
9 - Forma sólida de água
10 — Tornam-se líquidos como o calor
11 — Podemos observar e tocar suas formas
12 - Caem na terra ou se evaporam na atmosfera.

Semelhanças Globais

1 - Formas de precipitação
2 - Formam-se na atmosfera
3 - Caem na terra por causa da força da gravidade
4 Formam-se em nuvens
5 - Formas de tempo
6 - Substantivos
Pontos de semelhança decisiva: Pontos de diferença decisiva:

1 - Formam-se com evaporação de 1 - A chuva com neve é chuva que se


vapor d'água torna parcialmente congelada ao
descer para a terra.
2 - Inicialmente caem como chu- 2—0 granizo e a neve com a chuva se
va formam de maneira diferente.
3 - Ambos contêm pequenas par-
tículas de gelo.

Do livro "Ensinar a Pensar" - Capítulo dedicado ao 2?


grau - de Raths, Jonas, Rothstein e Wassermann — Tra-
dução de Dante Moreira Leite - Editora Herder - S.P. —
1972 - páginas 178/179/180 - 195/196.

Exercícios: compare (semelhanças / diferenças), seguindo o modelo ensinado ou


criando outras possibilidades:

cerveja e guaraná
jornal e livro
escrita e fala
arte e ciência
vogai e consoante
geografia e história
telegrama e carta
MODULO 33

REDAÇÃO PARA TESTAR A CAPACIDADE DE CONCEITUAR:

Dar a natureza e a função das coisas (como ponto de partida para o trabalho
com a dissertação). Conscientizar o aluno da necessidade de saber distinguir essas
três coisas para aprender a pensar com lógica.
Vamos ver o que o dicionário diz que é conceito, natureza, função (só apa-
nhamos os significados que nos interessam nesse trabalho):
Conceito: (do latim conceptu) S. m. 1. Filosoficamente. Representação de um
objeto pelo pensamento, por meio de características gerais (Cf. abstração (3)
e idéia) 2. Ação de formular uma idéia por meio de palavras, definição, carac-
terização: O professor deu-nos um conceito de beleza absolutamente subjeti-
vo. 3. pensamento, idéia, opinião: Emitiu conceitos reveladores de grande
competência. 4. Noção, idéia, concepção: seu conceito de elegância está ul-
trapassado, meu caro.
"Novo Dicionário Aurélio" - Aurélio Buarque de Holanda Ferreira - página
358.
Natureza: (é) S.f. 4. Aquilo que constitui um ser geral, criado ou incriado. 5.
Essência ou condição própria de um ser ou de uma coisa. 6. Constituição de
um corpo.
Dicionário Melhoramentos da Língua Portuguesa - Vários autores - página
628.
Função: (do Latim functione) S.f. 1. Ação própria ou natural de um órgão,
aparelho ou máquina. 4. Utilidade, uso, serventia: Esta caixa não tem função.
"Novo Dicionário Aurélio - Aurélio Buarque de Holanda Ferreira - página
664.
O aluno deverá saber que o conceito, a natureza e a função devem aparecer de
modo objetivo, não devem ser opiniões mas refletir o fato, sem enfeites de lin-
guagem, sem palavreado sobrando.

Modelo: O que é isso? é um lápis.


O que é um lápis? : um objeto.
Objeto de que natureza? : é um estilete de grafite, envolvido em madeira,
com feitio de cilindro longo e fino.
Para que serve? (função) : serve para escrever ou desenhar.
O professor deverá mostrar vários outros objetos ou fotos de animais ou pes-
soas, ou apontar para elementos da natureza que cercam a escola e pedir para cada
um escrever o conceito, a natureza, a função deles. Depois, no quadro-negro, um
aluno por vez transcreverá um exercício e a sala e o professor julgarão se houve
coerência e objetividade, se o aluno não caiu no exemplo dado por Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira: o professor deu-nos um conceito de beleza absolutamente
subjetivo.
MÓDULO 34

REDAÇÃO PARTINDO DE ANÁLISES DE PERIODOS QUE MOSTREM


OPERAÇÕES DE PENSAMENTOS
E COMPREENSÃO DE TEXTO

Faça uma correlação segundo as idéias expressas nas frases da 1a coluna —


você pode escolher mais de uma alternativa, desde que justifique a escolha.

( ) ( 19) As baianas são bonitas.


( ) ( 29) Tenho minhas próprias idéias pessoais.
( ) ( 39) O cinema brasileiro é melhor do que o argentino.
( ) ( 49) Não li esse livro e não gostei.
( ) ( 59) Se não fosse a cara amarrada, ele seria uma boa companhia.
( ) ( 69) A vida é mar tempestuoso.
( ) ( 79) Ele tem idéias excelentes sobre o Brasil.
( ) ( 89) O rapaz está morrendo de amor.
( ) ( 99) Vamos combinar: ora você pesquisa, ou eu.
( ) (109) O avião sobrevoou sobre a cidade.
( ) (119) Então você não sabe que quem vê televisão é sempre burro.
( ) (129) O pé da mesa quebrou.
( ) (139) Ou você fala ou come!
( ) (149) Ficou doente de tanto torcer pelo seu time.
( ) (159) O joão acertou na loteca e ficou podre de rico.
( ) (169) Se não fossem as festas, estudar seria bom.
( ) (179) Estudar é importante na vida.
( ) (189) A vida é a arte do encontro.
( ) (199) A tevê é o mais dinâmico, moderno e eficiente veículo de in
formações - no Brasil, porém, a televisão ainda não é veículo de
cultura.
( ) (209) Dia sim, dia não, há aula de matemática.
( ) (219) Apenas, alguns filmes brasileiros são bons.
( ) (229) Não há música brasileira rúim.
( ) (239) As músicas de Chico Buarque são sucessos no Brasil todo, pois ele
é o melhor compositor brasileiro.
( ) (249) melhor que Chico Buarque é Caetano Veloso.
( ) (259) Viver é muito perigoso.
( ) (269) Maria Bethânia é a Edith Piafe brasileira.
a) há expressão de um julgamento preconceituosos
b) exagero, muita ênfase;
c) idéia de generalidade;
d) restrições do falante;
e) idéia alternativa; O
a relação causal; g)
afirmação de valor; h)
redundância;
i) analogia;
j) comparação;
1) imagem poética, conotação;
m) fato misturado com opinião.

Agora, você vai criar um exemplo para cada letra - de A a M.


MÓDULO 35

II - REDAÇÃO: ESTÍMULO DO PENSAMENTO,


ATRAVÉS DE CLASSIFICAÇÃO:

Há uma lista de palavras, abaixo, que podem ser agrupadas seguindo vários
critérios (de semelhança ou diferença), desde que sejam coerentes — por exemplo:
palavras sólidas / líquidas - frutas (de maneira geral) / frutas ácidas / de maneira
particular por semelhança no número de sílabas, pela tonicidade, pelo número de
letras, pela classe de palavras e várias outras possibilidades de combinação. O traba-
lho será mais rico se apresentar maiores possibilidades.
É uma quase brincadeira, mas faz pensar, devolve sua capacidade de redigir.
Vamos agrupar, eis as palavras:
Chuva, maçã, verde, terra, água, pente, livro, ar, amor, notícia, laranja, mar,
azul, camisa, trabalho, homem, escova, ódio, gelo, amizade, macaco, pedra,
jornal, velho, pau, peixe, propaganda, mulher, bezerro, caderno, paletó, des-
canso, meia, adorno, ferro, caneta, coca-cola, guarda-roupa, produção, vento,
adolescente, sol criança, fogo, pitanga, revista, vaca, cachaça, limão.
MODULO 36

REDAÇÃO TESTANDO CAPACIDADE DE OUVIR E CAPTAR


ELEMENTOS DO TEXTO

1ª fase: O professor lê, os alunos apenas ouvem, sem anotar nada. A leitura deve ser
pausada, nem ligeira, nem lenta, bem clara:

FESTA DE ANIVERSÁRIO

Fernando Sabino

LEONORA chegou-se para mim, a carinha mais limpa deste mundo:


- Engoli uma tampa de coca-cola.
Levantei as mãos para o céu: mais esta, agora! Era uma festa de aniversário, o
aniversário dela própria, que completava seis anos de idade. Convoquei imediata-
mente a família:
- Disse que engoliu uma tampa de coca-cola.
A mãe, os tios, os avós, todos a cercavam, nervosos e inquietos, abre a boca,
minha filha. Agora não adianta: já engoliu. Deve ter arranhado. Mas engoliu como?
Quem é que engole uma tampa de cerveja? De cerveja, não: de coca-cola. Pode ter
ficado na garganta - urgia que déssemos uma providência, não ficássemos ali, feito
idiotas. Tomei-a ao colo, vem cá, minha filhinha, conta só para mim: você engoliu
coisa nenhuma, não é isso mesmo? — Engoli sim, papai — ela afirmava com deci-
são. Consultei o tio, baixinho: o que é que você acha? Ele foi buscar uma tampa de
garrafa, separou a cortiça do metal:
- 0 que é que você engoliu: isto... ou isto?
- Cuidado que ela engole outra - adverti.
- Isto - e ela apontou com firmeza a parte de metal.
Não tinha dúvida: Pronto-Socorro. Dispus-me a carregá-la, mas alguém sugeriu
que era melhor que ela fosse andando: auxiliava a digestão.
No hospital, o médico limitou-se a apalpar-lhe a barriguinha, cético:

- Dói aqui, minha filha?


Quando falamos em radiografia, revelou-nos que o aparelho estava com de-
feito: só no Pronto-Socorro da cidade.
Batemos para o Pronto-Socorro da cidade. Outro médico nos atendeu com
solicitude:
- Vamos já ver isto.
Tirada a chapa, ficamos aguardando ansiosos a revelação. Em pouco o médico
regressava:
- Engoliu foi a garrafa.
- A garrafa? - exclamei. Mas era uma gracinha dele, cujo espírito passava
muito ao largo da minha aflição: eu não estava para graças. uma tampa de garrafa!
Certamente precisaria operar não haveria de sair por si mesma.
O médico pôs-se a rir de mim:
— Não engoliu coisa nenhuma. 0 senhor pode ir descansado.
— Engoli - afirmou a menininha.
Voltei-me para ela:
— como é que você ainda insiste, minha filha?
— Que eu engoli, engoli.
— Pensa que engoliu — emendei.
— Isso acontece - sorriu o médico: - Até com gente grande. Aqui já teve um
guarda que pensou ter engolido o apito.
— Pois eu engoli mesmo - comentou ela, intransigente.
— Você não pode ter engolido — arrematei, já impaciente: - Quer saber mais
do que o médico?
— Quero. Eu engoli, e depois desengoli — esclareceu ela.
Nada mais havendo a fazer, engoli em seco, despedi-me do médico e bati em
retirada com toda a comitiva.

2ª fase: O professor distribui o seguinte roteiro, mimeografado, e os alunos escreve-


rão as respostas:
- Qual foi a 1ª fala da menina?
- Qual foi a reação e a atitude do pai?
- Qual a atitude da família? Quais familiares aparecem?
- Quais passagens cômicas você lembra na discussão da família sobre o
problema da menina?
- O que aconteceu no hospital?
- O que aconteceu no Pronto-Socorro primeiro?
- O que disse o médico?
- Qual a reação do pai?
- Diante da reação do pai, qual a resposta do médico?
- Qual a atitude da menina?
- Qual estória lembrada pelo médico?
- Qual a discussão entre pai e filha? Qual o argumentou melhor?
- Qual a atitude final do pai?
- Que dia aconteceu o fato?
- Quantos médicos aparecem?
- A família foi até o Pronto-Socorro também?

3ª fase: (escrita) levantar no quadro as respostas, escolhendo primeiro um aluno e,


após, outros alunos completarão o que outro deixou de citar.

4ª fase: 1er novamente o texto e os alunos completarão o que ficou faltando.


MÓDULO 37

REDAÇÃO TRABALHANDO com: ANÁLISE/SÍNTESE/EXTRAPOLAÇÃO


TRÊS AULAS

lª parte:Análise (uma aula):

Leia o poema abaixo e faça uma análise, comentando o tema/ os aspectos


visuais e auditivos/ as imagens poéticas em função do tema/ o efeito dos
parênteses e da composição de palavras agrupadas numa só/ a função so-
cial do poema:

CAUSA MORTIS

Stella Carr

Morreu o menino
que o cão mordeu.
Morreu o menino
(queria tanto)
um cão pequenino
— queria! A fome
polissílaba
(fomefomefome)
andava escrita
nos tabiques onde se amontoa o lixo. O
menino vagava um não sei que fazer mais
pelas ruas
cada um por seu lado
Menino e cão se pareciam o cão
na grafofagia das vagabundo
costelas. Quem disse um não ter
que a miséria razão de ser
aproxima os seres? O nesse mundo
menino morreu
deraivadefomedeção.
O jornal nem deu.
2a parte:Síntese (uma aula):
Leia e faça uma síntese do seguinte texto, apanhando as idéias principais e
transcrevendo-as com suas palavras:

O VALOR ESTILÍSTICO

Nelly Novaes Coelho

Os valores estilísticos jamais poderão ser registrados dentro de um esquema


teorizador completo, pois as suas possibilidades de expressão são infinitas: nascem
da imaginação, da fantasia ou da necessidade de expressão do homem, e levam a
modificar o uso comum do esquema lingüístico convencional. Ao lado dos proces-
sos imagísticos registrados aqui nesta unidade, existe porém, uma série de peculia-
ridades estilísticas ligadas às classes de palavras que podem ser agrupadas por afini-
dades, resultando em um esquema orientador de pesquisa.
como determinar os elementos estruturais que condicionam a "temperatura"
de um texto litarário? A sua visualidade? O seu ritmo? A sua atmosfera? Vejamos
algumas das possíveis impressões produzidas pela leitura de um texto. A atmosfera
é leve ou pesada, fria ou quente? Abafada, aberta? Expansiva, constrangedora? O
ritmo é lento ou acelerado? Marcado ou difuso? Nítido ou amorfo? A musicalidade é
sonora ou surda? De tonalidades agudas ou graves? Estridentes ou suaves? Monótona
ou variada? A visualidade possui imagens nítidas ou amorfas? Brilhantes ou
embaçadas? Estáticas ou dinâmicas? A luminosidade é clara ou escura? Cromática
ou acromática? Refulgente, brilhante ou opaca? A imagística tem predominância do
simile? Da imagem? Da metáfora? Qual a matéria constituinte dessas imagens?
Concreta? Sólida fluída? Resistente? Abstrata?
Essas impressões, transmitidas pela leitura de um texto, podem ser inicialmente
procuradas na estrutura lingüística que o caracteriza: qual a classe de palavra do-
minante? De que natureza são os vocábulos ali registrados? Qual a posição sintática
que assumem na frase? Qual o processo imagístico utilizado?
3a parte:Extrapolação (uma aula):
Agora, bem rápido, você vai criar uma estória, ou melhor, vai estender a
estória sugerida por Cassiano Ricardo no Poema, sem excluir os persona-
gens (narrador namorado/a namorada), o espaço (sua porta) e o tempo (lua
morta)

SERENATA SINTÉTICA

Cassiano Ricardo

Lua
Morta

Rua
Torta

Tua
porta

Extrapolação - uma aula:


Estender as seguintes afirmações de Aníbal Machado, exemplificando com
sua experiência:
"As coisas ardentemente esperadas chegam-nos frias".
"Cada um de nós é afetuosamente desconhecido pela maioria de nossos ami-
gos e parentes."
"Os ornatos da fonte não melhoram o teor da água captada. Apenas dão mais
sabor ao ato de tomá-la."
"Ninguém pode abrir sozinho o seu túnel pessoal para a claridade do dia, sem
o risco de morrer sob os entulhos."
MÒDULO 38

REDAÇÃO, PARTINDO DE ANÁLISES DE PERÍODOS QUE MOSTRAM


COMPREENSÃO DE TEXTOS E OPERAÇÕES DO PENSAMENTO
AULA DUPLA

Correlacione as duas colunas, dando à da esquerda a letra correspondente:

( ) ( 1 ) Cada dia pesquiso um a) Período que mostra início da ação;


pouco.
( ) ( 2 ) Terminei de 1er seu livro. b) Ação completa;
( ) (3) Tenho pena daquela viúva.
( ) ( 4 ) Ele está tentando resolver o c) Interrupção da ação;
problema.
( ) ( 5 ) Maria aposentou e só tìfica d) Ação em desenvolvimento;
em casa.
( ) ( 6 ) Palmas, palmas, vaias, e) Ação gradativa;
discursos.
( ) (7) O pai espancou o menino f) Ação dinâmica;
( ) ( 8 ) O atleta corre que corre
para ganhar. g) Ação psicológica; h)
( ) ( 9 ) Ela fingiu-se interessada no Ação estática;
assunto.
( ) (10) Estou para ir à França. i) Ação nominal;
( ) (11) Até logo - já vou trabalhar.
( ) (12) Parei de 1er o livro no 39 j) Ação agressiva; 1)
Capítulo. Ação dissimulada;
( ) (13) Parou de estudar e es-
queceu tudo. m) Ação iminente;

n) Ação resultativa.

Segundo o sentido dos verbos, correlacione as colunas:

( ) (1)0 avião caiu no deserto. a) Verbo que indica acontecimentos;


( ) ( 2 ) Faça seu trabalho agora. b) Verbo que indica impressão;
( ) ( 3 ) Senti que as coisas estavam c) Verbo que indica posse;
péssimas.
( ) ( 4 ) Teresa pensou muito no d) Verbo que indica sentimento;
menino doente.
( ) ( 5 ) Ele chegou e ficou com e) Verbo que indica vontade;
tudo.
( ) ( 6 ) Quero ajudá-lo na pesquisa. f) Verbo que indica julgamento;
( ) ( 7 ) Ela sabe os segredos de g) Verbo que indica situações;
beleza.
( ) ( 8 ) Meus amigos passam di- h) Verbo que indica conhecimentos;
ficuldades financeiras.
( ) ( 9 ) Ela culpou a amiga sem- i) Verbo que indica mando.
pensar.

Crie um exemplo para cada tipo de ação e de indicação verbal.


MÓDULO 3º

REDAÇÃO PARTINDO DE COORDENAÇÃO DE IDÉIAS


AULA DUPLA (OU TRÊS)

1º) A Itália está situada no mundo mediterrâneo europeu.


2º) A Itália, ao norte, divide-se com a Austria e Iugoslávia.
3º) A Itália produz trigo.
4º) A Itália exporta máquinas de escrever e de calcular.
5º) A Itália é rica em metais.
6º) A Itália tem bom rebanho bovino.
7º) A indústria, na Itália, produz vinho.
8º) A Itália importa milho.
9º) A Itália produz petróleo bruto.
10º) A Itália tem judeu e gregos que são ortodoxos.
11º) A Itália ocupa uma área de 301.225 km2.
12º) A Itália controla as comunicações audio-visuais (1º72).
13º) A Itália produz tomate.
14º) A Itália não tem bom entendimento na parte de saúde pública.
15º) A Itália vende muito o seu azeite de oliva para o exterior.
16º) A Itália compra do estrangeiro resíduos de ferro.
17º) A Itália participa de organismos internacionais, como a UNESCO.
18º) A Itália tem o italiano como língua oficial.
19º) A Itália exporta veículos.
20º) A Itália oferece ao turista um mundo de belezas.
21º) A Itália tem 78 jornais diários.
22º) A Itália faz parte do Mercado comum Europeu.
23º) A Itália tem rebanho ovino.
24º) Em estatística de 1º74 a Itália tinha uma população de 55.504.418 habitan
tes.
25º) A Itália só tem uma estação de televisão (1º72).
26º) A Itália produz batata.
27º) A Itália divide-se ao norte com a Suíça.
28º) A Itália exporta calçados pequenos.
29º) A Itália tem também pequenas áreas costeiras.
30º) Na Itália há minério de ferro.
31º) A Itália tem rebanho ovino.
32º) A Itália é um país escarpado.
33º) A Itália é produtora de tecido de algodão.
34º) A Itália é rica em obras de Renascença.
35º) Para a Itália vem do estrangeiro carvão de pedra.
36º) A Itália é berço das civilizações mais antigas.
37º) A Itália pertence à ONU.
38º) A Itália apresenta grande variedade de marcas regionais.
39º) Entre as cidades turísticas da Itália está Roma, a Capital.
40º) Na Itába, há apenas uma estação de radar.
41º) A venda de jornais, na Itália, é, em média, de 133 exemplares por mil habi-
tantes (1º74).
42º) A Italia é montanhosa.
43º) A Itália tem ºº% de católicos.
44º) Os serviços públicos na Itália apresentam grandes deficiências.
45º) A Itália tem fronteiras terrestres, ao norte, com a França.
46º) A Itália tem em Veneza uma das maiores atrações.
47º) A Itália tem no Vale do Pó uma exceção na geografia física.
48º) A Itália tem pequenas comunidades protestantes.
49º) A Itália oferece uma variedade de dialetos locais, usados por minorias.
50º) A Itália tem uma indústria desenvolvida.
51º) A Educação, na Itália, não acompanhou o desenvolvimento industrial.
52º) A Itália passa por profundas modificações políticas, econômicas e culturais.
53º) A Itália tem procurado um sentido nacional que quebre com as profundas
diferenças regionais.
54º) A Itália, dado ao seu desequilíbrio social, tem sido palco de greves de operá-
rios e estudantes e pensionistas do estado.

Análise as várias afirmativas e faça uma coordenação de elementos conver-


gentes, colocando apenas o número (da afirmativa). Vamos dar três exemplos e
você encontrará muitos outros:

A geografìa da Itália: Nºs .............................................


A produção agrícola da Itália: Nºs...............................
A produção mineral da Itália: Nºs ...............................

Agora, redija um parágrafo para cada convergência, se possível, unindo os da-


dos próximos num só período, eliminando palavras supérfluas (como: A Itália tem,
que deve aparecer apenas no começo do período, vindo os outros elementos com
vírgula, seguindo uma enumeração).
MODULO 40

REDAÇÃO INTRODUZINDO A DISSERTAÇÃO


AULA DUPLA

Dissertar é fazer exposição de um determinado assunto. Há dissertação objeti-


va, que faz exposição de um assunto (pesquisado ou com posicionamento do autor),
sem qualquer interferência de quem redigiu. Também há dissertação, que é um de-
poimento do autor, que se envolve, dá seu ponto de vista, usa expressões subjetivas,
como: acho, penso, na minha opinião - ou aparece em uma primeira pessoa do plu-
ral, para indicar certa modéstia: pensamos, cremos, em nossa opinião. O primeiro
tipo de dissertação é mais comum e aconselhável.
A dissertação aparece em editoriais, artigos, ensaios, teses, monografias, aná-
lises, conceitos, em todo tipo de redação que pretende desenvolver um assunto.
A narração e os monólogos interiores estão mais ligados ao mundo das idéias,
da fantasia, do sentimento, no plano da invenção. A descrição está mais ligada à
capacidade de descrever, de fotografar um ambiente, pessoa, objeto ou espaço por-
tanto, depende da percepção que se tem da realidade. Já a dissertação está mais li-
gada ao pensamento lógico, à capacidade de levantar material e desenvolver uma ar-
gumentação com seqüência e clareza. Diferente dos outros tipos de composição,
que não têm necessariamente uma estrutura rígida, a dissertação exige três partes
distintas:
a) uma introdução ao assunto, em um ou mais parágrafos;
b) o desenvolvimento ou argumentação, parte mais rica na qual aparecem
visões divergentes e convergentes do problema, sendo possível citações de autores
e obras e posicionamentos variados;
c) conclusão, também em um ou mais parágrafos, de maneira a deixar no lei-
tor a impressão de fecho, de síntese e reforço do que foi afirmado no desenvolvi-
mento.
Para maior profundidade, lógica e clareza (qualidades de uma dissertação), é
preciso muito exercício de reconhecimento de elementos ligados à dissertação,
como: objetividade/subjetividade, fato/opinião, causa/conseqüência, conceito/na-
tureza/função, análise/sintese/extrapolação, margem/parágrafo, posicionamento/
citação de autoridades, geral/particular, individual/universal.
uma boa dissertação pede, antes, um esboço, levantando material relacionado
com o assunto: pontos positivos e negativos, convergências ou divergências no ma-
terial pesquisado, o maior número possível de argumento.

Leia a seguinte dissertação e faça a divisão em três partes: 1


— introdução - 2- desenvolvimento — 3— conclusão.
Passe um risco embaixo dos conceitos levantados; dois riscos embaixo das argumen-
tações mais fortes.
Responda às perguntas, sintetizando as respostas:
Quais funções são apresentadas para autores, pessoas ligadas aos jovens e para a lei-
tura? Há fato e opinião?
Quais e em quais partes? Há citações de leituras feitas pela autora? Qual o efeito
das palavras em letras maiúsculas? O título é coerente com o assunto desenvolvido?
É sintético? Há pontos positivos e negativos sobre o problema? O que apresenta de
convergente e divergente?

O Papel da Leitura no Desenvolvimento das Crianças e Jovens em Nossa Sociedade


em Transformação.

Odete de Barros Mott

Vivemos num mundo de perspectivas novas e apaixonantes.


pela primeira vez na história, a UNIDADE DO GÊNERO HUMANO é efetiva,
atuante, real.
Seres afastados por quilômetros e quilômetros de distância, absorvem quase
que simultâneamente, os mesmos conhecimentos, porque técnicas modernas trans-
formaram os sonhos de outrora, numa realidade tangível: - UM MUNDO AO NOS-
SO ALCANCE!
Vivemos numa época em que o rádio, o cinema, a televisão, penetram em nosso
meio familiar, exaltam nossa imaginação, buscam nossa cooperação nessas mo-
dificações que se tornam, dia a dia, mais céleres.
E, nesse mundo, o papel do jovem é marcante, de importância indiscutível. O
homem de amanhã não deve ser um número a mais na massa, pois de sua meta-
morfose individual, vai depender, em grande parte, a nova face deste mundo evoluti-
vo.
Aos educadores, pais, mestres, teatrólogos, escritores, a todos que contribuem
de uma forma mais direta na formação dos jovens, duas alternativas são oferecidas:
— formar indivíduos capazes de se ajustarem a essas mudanças, de responderem aos
novos problemas colocados a cada instante ou formar indivíduos não participantes
da realidade atual.
O jovem é, mais do que o adulto, veículo de notícias, vulnerável que é à cul-
tura. Tudo vê, canal aberto e receptivo as mais variadas informações que lhe sejam
oferecidas. E, a obrigação do adulto consciente é, em aproveitando essa receptivi-
dade, fornecer-lhe amplo material, para alimentá-lo, capacitando-o intelectualmen-
te.
Ele é um ser que caminha, não uma realidade concluída.
Educar não é reproduzir um modelo, é fazer um novo homem na progressão
genética de seu destino evolutivo.
"NENHUM HOMEM É uma ILHA", afirmava Tomas Merton, anos atrás. O
ser humano anseia por comunicar-se e, comunicar é transmitir, transferir seu "eu" a
alguém, para dele receber algo em troca.
O jovem de nossos dias procura compreender o mundo que o cerca, não só
observando, estudando, mas também atuando, donde a grande importância dos
meios de que se utiliza para exaurir seus conhecimentos.
E, uma das fontes mais profícuas, é a da leitura!
Ela o obriga a pensar. Pensar e julgar. Evidentemente, tanto mais idôneo será
seu julgamento, quanto maior cabedal de conhecimentos científicos, de valores
humanos lhe tiverem sido fornecidos.

Assim, partir "a priori" da idéia de que a leitura é uma forma de divertimento,
ou de que o livro se destina apenas à função de ensinar matérias escolares, é
destender aos fatos, distorcer o verdadeiro valor do mesmo, pois quer se deseje ou
não, ele será SEMPRE O PORTADOR DE uma MENSAGEM.
Se o escritor, disso não se compenetrar, se não estiver convencido dessa ver-
dade, não deverá escrever, pois da leitura de seus escritos, o jovem nada poderá ti-
rar, que satisfaça o sentido abstrato de seus sentimentos.
É preciso ainda não deixar no esquecimento essa procura de heróis, por parte
dos jovens, heróis que possam admirar, aos quais possam se referir.
Num processo natural de identificação, processo conhecidíssimo em psicolo-
gia, ele capta o modelo, a ele se integra, passando a utilizá-lo.
Vive, passo a passo, suas emoções, seu modo de agir.
O escritor, mesmo quando a isto não se propõe explicitamente, oferece ao
leitor uma visão do mundo e, pelo tema escolhido, pelo desenvolvimento que dá ao
mesmo, leva-o a tirar desta ou daquela ação, desta ou daquela situação, determina-
das conclusões e escolhas. Por conseguinte, transmite ao jovem sua visão do mundo,
implantando um pouco de seu código de valores no pai, esposo, cidadão de ama-
nhã, hoje em formação.
Enorme responsabilidade, pois o adulto é, em grande parte, um produto de
estímulos, de situações vividas durante a infância.
O conjunto de suas experiências, estruturadas dentro dele, forma um núcleo
privilegiado, a propiciar-lhe um sentido de continuidade, de identidade ELE, é ELE
MESMO, agora, MAS CONTINUARÁ EM OUTROS, através dos anos.
Os meios de comunicação de massa, que podem ser aceleradores ou refreado-
res de mudança, têm atuado, não só, como refreadores, por apresentarem uma rea-
lidade deformada e ultrapassada, não oferecendo ao jovem todas as gamas, que essa
mesma realidade pode assumir.
Dentre os meios de comunicação valiosos, um dos mais capazes de preparar as
novas gerações para viverem em uma sociedade em mutação, está a leitura. Mas qua-
se nada de positivo se tem feito nesse campo.
Urgente é, pois, uma reestruturação da literatura juvenil, para que se possa atra-
vés dos livros, fornecer aos jovens o maior número possível de experiências; expe-
riências diversas das que ele é capaz de viver, para formar homens voltados para rea-
lidades futuras.
MODULO 41

A DISSERTAÇÃO
AULA DUPLA

Proposição do assunto: A comunicação Humana

1ª fase: periodo de levantamento e alimentação do material: discutir o assunto com a


sala, levantando possíveis abordagens como: conceito, natureza e funções da
comunicação. 2ª fase: I - Fazer uma revisão dos tipos de comunicação: A - mímica:
facial e corporal;
B- a sensitiva: auditiva, visual, olfativa, tátil e gustativa; C -
a verbal: falada e escrita.
II — Rever os elementos que entram numa comunicação:
contexto+comunicador+código+veículos+mensagem+decodificador.
III - Os veículos naturais e os cibernéticos.
IV - A comunicação através dos tempos (da caverna à aldeia global). V-A
comunicação e o desenvolvimento da sociedade, da humanidade
e do indivíduo.

Cada aluno fará a sua redação sobre "A comunicação Humana" (podendo consultar
livros também), seguindo o esquema: Título: Autor:
Parágrafo inicial com introdução: o assunto, a comunicação e a importância dela pa-
ra a vida humana, cabendo conceitos.
Desenvolvimento: argumentação variada, para cada tópico (conceitos, funções, tipos
de comunicação, elementos da comunicação, comunicação através dos tempos,
etc.) um parágrafo.
Conclusão: um parágrafo, concluindo que através da comunicação cresce a socieda-
de, a humanidade e o indivíduo.
MÒDULO 42

A DISSERTAÇÃO: SUGESTÕES DE TEMAS PARA VARIAS AULAS

São apenas sugestões, os alunos poderão escolher outros temas, principalmen-


te quando aparecer um assunto em destaque nos jornais e em outros meios de
comunicação:

A Televisão como Veículo de comunicação


O Homem e a Sociedade
O Divórcio
O Livro no Mundo de Hoje
A Escola e a Vida
A Música Popular Brasileira
0 Folclore
O Mundo do Jovem
A Luta das Gerações
O Trabalho Humano
O Cinema como Cultura e Diversão
Influência da Vida e da Leitura numa Redação
A Literatura Medieval
O Renascimento
O Estilo Barroco
O Estilo Romântico
O Estilo Realista
O Estilo Naturalista
A Poesia Parnasiana
A Semana de Arte Moderna
O Estilo Modernista
A Bossa-Nova na Música Popular Brasileira
Língua Falada, Língua Escrita
Arte e Ciência
Prosa e Poesia
Linguagem Técnica, Científica, Jornalística e Literarária
O Homem e os compromissos Sociais
MÓDULO 43

A DISSERTAÇÃO: SUGESTÕES DE TEMAS PARA VÁRIAS AULAS

Novos Temas, muito em moda, principalmente em concursos e vestibulares:


Homem Nenhum é uma Ilha
Redação em Vestibular: prós e contras
Será a Geração Atual Sem Palavras?
Vivemos Num Mundo Audiovisual
O Divórcio
O Saber como Forma de Crescimento Humano
A Força da Imprensa
A Personalidade
O Homem e os Vícios
A Família
uma Filosofia de Vida
É Preciso Saber das Coisas
comércio Internacional
O Café e a Economia Brasileira
O Petróleo no Mundo de Hoje
Pensar é uma Arte
O Livro como Forma de comunicação Cultural
A Cultura de Massa
História em Quadrinhos: Prós e Contras
A Linguagem dos Jovens de Hoje
Por que as Gerações não se Entendem?
Coisas que o Estudo Pode Proporcionar.
O Cinema como comunicação Cultural.
REDAÇÕES E ANÁLISES DOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO DE MASSA
MÓDULO 44

REDAÇÃO SOBRE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA -


A TELEVISÃO - ATRAVÉS DE TRABALHOS EM GRUPO E
TÉCNICA DE PAINEL - AULA DUPLA

1ª fase: aplicação da técnica do cochicho (ou Phillips 22) - durante dois


minutos, dois alunos conversam sobre o assunto dado e durante dois minutos regis-
tram o que discutiram, as conclusões ou idéias levantadas.

2a fase: maneiras de ver um assunto, exposição do professor.

3a fase: distribuição de textos sobre o assunto tratado para que os alunos, em


grupo de cinco, discutam (durante dez minutos para cada texto) as posições toma-
das pelos autores.

TEXTO 1:

ELA TEM ALMA DE POMBA

Rubem Braga

Que a televisão prejudica o movimento da pracinha


Jerônimo Monteiro, em todos os Cachoeiros de
Itapemirim, não há dúvida.

Sete horas da noite era hora de uma pessoa


acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois
pegar a sessão das 8 no cinema.

Agora todo mundo fica em casa vendo uma novela,


depois outra novela.

O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver


um jogo do Cachoeiro F.C. com o Estrela
do Norte F.C, se pode ficar tomando cerveginha e
assistindo a um bom Fla-Flu, ou a um Internacional x
Cruzeiro, ou qualquer coisa assim? Que a televisão
prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. Eu
mesmo confesso que lia mais quando não tinha
televisão.
Rádio, a gente pode ouvir baixinho, enquanto está
lendo um livro. Televisão é incompatível com livro
- e com tudo mais nesta vida, inclusive a boa
conversa, até o making love.
Também acho que a televisão paraliza a criança numa
cadeira mais do que o desejável. 0 menino
fíca ali aparado, vendo e ouvindo, em vez de sair por aí
chutar uma bola, brincar de bandido,
inventar uma besteira qualquer para fazer. Por
exemplo: quebrar um braço.

Só não acredito que televisão seja "máquina de


fazer doido".

Até acho que é o contrário, ou quase o


contrário: é máquina de amansar doido, distrair doido,
acalmar, fazer o doido dormir.

Quando você cita um inconveniente da televisão, uma


boa observação que se pode fazer é que não existe
nenhum aparelho de TV, em cores ou em preto e
branco, sem um botão para desligar.

Mas quando um pai de família o utiliza, isso pode


produzir o ódio e rancor no peito das
crianças, e até de outros adultos.
Se o apartamento é pequeno, a família é grande, e a TV
é só uma, então sua tendência é para ser
um fator de rixas intestinas.
- Agora você se agarra nessa porcaria de
futebol...
— Mas, francamente, você não tem vergonha de
acompanhar essa besteira dessa novela?
— Não sou eu não, são as crianças!
- Crianças, para a cama!
Mas muito lhe será perdoado, à TV, pela sua ajuda aos
doentes, aos velhos, aos solitários. Na grande cidade -
num apartamentinho de quarto e sala, num casebre de
subúrbio, numa orgulhosa
mansão a criatura solitária tem nela a grande
distração, o grande consolo, a grande companhia.
Ela instala dentro de sua toca humilde
o tumulto e o frêmito de mil vidas, a emoção, o suspense,
a fascinação dos dramas do mundo.

A corujinha da madrugada não é apenas


a companheira de gente importante, é a grande amiga
da pessoa desimportante e só, da mulher velha,
do homem doente... É a amiga dos entrevados, dos
abandonados, dos que a vida esqueceu para
um canto... ou dos que estão parados, paralizados, no
estupor de alguma desgraça... ou que no meio
da noite sofrem o assalto de dúvidas e melancolías...
mãe que espera filho, mulher
que espera marido... homem arrasado que espera
que a noite passe, que a noite passe,
que a noite passe...

(Revista "Veja" - n?447, de 30 de março de 1º77, página º).

TEXTO 2:

Fragmentos de uma entrevista do professor/escritor Abraham Moles,


na revista "VEJA ", de 06/05/1º70:

VEJA - como o senhor vê o papel da televisão no mundo moderno? MOLES -


No mundo moderno, as pessoas estão mais ou menos aprisionadas em seus
apartamentos. Nessas celas, a sociedade se toma cada vez mais distante para
elas. No interior dessa concha familiar, quase sempre um centésimo
octogésimo terceiro andar de um edifício de 800 metros de altura, as pessoas
se encontram em pleno céu, com as portas fechadas para o mundo exterior. E
nessa caixa estritamente pessoal, em que o homem está cercado de objetos
familiares como seu cão, sua poltrona c, quem sabe, até sua mulher, fica
também a televisão, a "pequena janela" através da qual entram todos os
acontecimentos do mundo. Poder-se-ia pensar que esta é uma imagem mila-
grosa e poética: a janela aberta, por onde o mundo penetra com todos os seus
acontecimentos na esfera pessoal. Mas eu creio que isso é uma ilusão. A tele-
visão não é uma janela aberta para o mundo, mas uma pequena fresta aberta
para alguns pontos deste mundo que os jornalistas escolhem para mostrar.
Quando se faz a análise psicológica dos fenômenos da televisão, constata-se
quo o indivíduo familiarizado com aquilo que se passa na Sibéria, no Japão,
na Oceânia, não importa onde, não importa quando se torna superficial. E ele
reage de maneira passiva, exatamente ao contrário do que seria de esperar,
dizendo para si mesmo: "Depois de ver tanta confusão, como é gostoso estar
em casa!' Em lugar de se abrir para o mundo, na verdade ele se fecha sobre si
mesmo, pois, já que pode ter tudo na hora em que quiser, tudo se torna para
ele sem importância e sem interesse. Só o que é interessante é a diversão. Aí
está porque penso que a televisão não é uma janela aberta para o mundo, mas
apenas um periscópio que as pessoas tiram de seu submarino pessoal para
mergulhar no oceano do social. É uma imagem bem menos sedutora, mas
creio que mais verdadeira. A televisão permite que as pessoas aprisionadas
em seus pequenos apartamentos participem de todos os acontecimentos, se-
jam eles esportivos, políticos, trágicos ou artísticos. com o simples gesto de
apertar o botão de sua TV, elas ouvirão falar de descobertas submarinas, da
lua, dos quadros de pintores famosos, do último filme francês e da última par-
tida da Seleção Brasileira. Mas todos esses acontecimentos são armazenados
em seus cérebros de uma maneira desordenada e superficial, formando uma
cultura que eu chamo de cultura em mosaico, isto é, feita de pequenos peda-
ços de conhecimentos como os ladrilhos que decoram nosso banheiro.

TEXTO 3.

O SEGREDO DA PROPAGANDA É A PROPAGANDA DO SEGREDO

Fragmento - Leon Eliachar

Depois de tantos anos vendo televisão diariamente, chego a uma conclusão


definitiva: e muito mais divertido e mais prático ver os anúncios. Enquanto as ou-
tras pessoas ficam aflitas tentando decorar os horários das novelas, das paradas de
sucesso e dos chamados programas humorísticos, eu não tenho problema: ligo a
televisão em qualquer canal e vejo os anúncios sem preocupação de horário. Vocês
talvez achem que é loucura ver os mesmos anúncios diversas vezes, mas posso garantir
que os anúncios variam muito mais que as piadas e as músicas que são servidas
todos os dias. Pelo menos os anúncios são bem bolados, alguns até inteligentes. A
técnica é chatear tanto até ficarem em nosso subconsciente - se é que alguém con-
segue ter subconsciente assistindo televisão.

Geniais mesmo são as geladeiras que duram toda a vida. Mas muito mais ge-
niais são os textos garantindo que cabe tudinho dentro delas, mas acho que não têm
tanta certeza, pois fazem questão de botar uma moça bem bonita para mostrar a
geladeira e a gente tem é vontade de comprar a moça, mesmo sem o "certificado de
garantia".

Existe anúncio de todo tipo: tecidos que não amarrotam, tecidos que dão
prêmios, tecidos que dão desconto, tecidos coloridos que são apresentados em preto-
branco, tecidos brancos que ficam cada vez mais brancos à medida que vai surgindo
um novo sabão em pó. Mas é o que eles pensam: o branco deles, lá em casa, todo
mundo tá vendo que é cinza.
O mais engraçado são os anúncios de inseticidas que matam todos os insetos,
menos as moscas do estúdio.
Anuncia-se também muita banha, muito pneu, muito perfume, muito sapato,
muito automóvel, muita calça, muita bebida e muita pílula pra dor de cabeça. Pa-
rece até que um anúncio depende do outro - é como se fosse uma novela, com a
vantagem de que a gente sempre sabe qual o final de cada anúncio. E não pensem
que sou o único a achar os anúncios mais interessantes que os programas: os donos
das emissoras também acham - senão não ocupavam a maior parte do tempo com
anúncios. Nos intervalos é que colocam alguns programas — por absoluta falta de
mais anúncios.
Reparem só: os programas de humor mostram o lado negativo das pessoas, os
personagens são quase todos fossilizados, gagos, surdos, cegos, velhos, boroco-chôs
ou sem sexo definido. As novelas exploram seres anormais dentro de um mundo de
misérias e lágrimas. Já os anúncios apresentam um mundo de otimismo, onde tudo é
bom e saudável, não quebra, dura toda a vida e qualquer um pode adquirir quase de
graça, pagando como puder, no endereço mais próximos da sua casa. O único
detalhe que nos deixa um pouco frustrados é que a moça que dá os endereços fala
tão preocupada em não errar que a gente não consegue decorar nenhum endereço.
Em compensação, sabe de cor a moça todinha.

4a fase:
Agora, os grupos discutirão, durante dez minutos, as posições que levarão ao
painel. Cada grupo elegerá seu debatedor para o painel.

5a fase:
Mudando a posição das cadeiras, alunos escolhidos pra o painel, frente à sala,
iniciarão os debates. Cada debatedor terá três minutos para expor as posições do
grupo. Terminadas as exposições, se houver tempo, serão permitidas perguntas aos
debatedores.

6a fase:
Professor fará uma conclusão dos trabalhos, com ajuda da sala, inclusive dis-
cutindo os tipos de visão dos assuntos que aparecem.
MÓDULO 45

ROTEIRO DE ANÁLISE DE uma HISTÓRIA EM QUADRINHOS

1º) como é apresentada a narrativa: só diálogos? Diálogos e narração? Mais de um


narrador? Narrador é personagem? Sintetize a história.
2º) A ação dinâmica dos personagens e da estória é importante na História em
Quadrinhos - comente a ação da história lida. Qual personagem age mais?
como age? Quais personagens o acompanham na ação?
3º) Quais os personagens centrais? Há heróis? como são eles física, econômica,
psicológica e culturalmente? Há personagens fantásticos ou todos são próxi-
mos do homem?
4º) Do ponto de vista de relacionamento, levante:
— personagens ajudantes — personagens antagonistas
— personagens bons — personagens maus.
5º) Que conteúdo é apresentado: romántico, aventuresco, fantástico, etc?
6º) A história pretendeu apenas divertir ou também ensinou-lhe alguma coisa?
Justifique a posição. 7º) Em que espaços a estória se passa? Há cortes
espaciais? Levante elementos dos
espaços. 8º) Em que tempo se passa? Há cortes temporais? Levante elementos do
tempo. ºº) Segunda as mudanças sofridas na narrativa, divida a estória em partes e
faça um síntese do assunto delas.
10º) comente como a estória foi introduzida: houve prólogo? começou na trama?
Qual foi o epílogo? O epílogo corresponde ao clímax?
11º) Os personagens aparecem como símbolos de: bondade / maldade /violência
/ inteligência / força / coragem — justifique.
12º) A história em quadrinhos quer ser, como o cinema, a arte da fotografia
movimentada — você observou que recursos cinematográficos? Justifique,
exemplifique.
13º) A história em quadrinhos se vale das cores (uma diferente para cada qua-
drinho próximo) para dar ritmo à história - aconteceu isso nessa história
lida por você? — comente.
14º) Os balões são recursos extraordinários para dar vida à história. Eles podem
indicar raiva, alegria pensamento, fala, sonho. Selecione balões diferentes
e mostre como funcionam na história lida.
15º) As onomatopéias (imitações de ruídos, de sons da natureza) aparecem sem-
pre como elementos sonoros do espírito das personagens. Procure onoma-
topéias na história lida e justifique, exemplificando.
16º) A mímica, tanto a corporal como a gestual, tem muita importância nas his-
tórias em quadrinhos: elas fazem a história ficar mais sintética e dispensam
palavras - comente a mímica dos personagens.
17º) Além da mímica e dos balões, que outros recursos não verbais apareceram
na estória lida?
18º) Levante os elementos de suspense, de riso, de tragédia que aparecem.
19º) Será a história lida puramente nacional, importada, ou houve misturas de
elementos?
20º) Os diálogos usados se aproximam da linguagem coloquial ou forarn força-
dos? Eles correspondem ao tipo de personagens apresentados?
21º) A linguagem apresentou alguma novidade ou a história em quadrinhos é
pobre em vocabulário? Quais recursos de linguagem aparecem com desta-
que?
22º) As histórias em quadrinhos são criativas e divertem; devem ser lidas tam-
bém, mas não só; podem trazer preguiça mental; colaboram para a infor-
mação mais do que para a formação — justifique as afirmativas e tome uma
posição diante delas.
23º) Extrapolação: Sugestão de atividades referentes ao tema.
MÓDULO 46
ROTEIRO DE ANÁLISE DE UM TEXTO DE PROPAGANDA

Parte teórica:
1. Distinção entre propaganda e publicidade: a 1ª refere-se a transações co
merciais, tem a função de apelar, de convencer o consumidor; a 2a refere-se
a qualquer divulgação de idéias, mesmo comercial, tem função de partici
par, de esclarecer.
1.2. A propaganda é feita pelas agências especializadas, que possuem diversos
departamentos, como: a média (que cuida da divulgação nos veículos), a
pesquisa (que apura a expectativa e verifica os resultados), os contatos
(que colhem as informações junto as clientes) e a criação (onde nascem as
idéias, tanto as visuais, como verbais).
1.3. Nomenclatura especial importada: rough: rascunho; lay-out: o projeto; out-
door: cartazes; spots: na televisão, fala com imagem e fundo musical;
jingles: propaganda cantada.
1.4. Características fundamentais: linguagem sintética, usando poucas palavras
e muito impacto - criar um clima de familiaridade para o receptor, para que
confie no produto, como se já o conhecesse - destacar, com cores ou tipos
gráficos, as palavras mais importantes; mostrar vantagens do produto que
ultrapassem outros concorrentes; articular bem o visual ao verbal.

Parte analítica:
2. Leitura denotada (fazer uma descrição) dentro do registro visual e do ver
bal. Verbal: palavras, frases, períodos. Não verbal: imagens, gestos, dese
nhos, fotos.
2.1. Leitura conotada (procurar os possíveis símbolos para os personagens, o
espaço, a linguagem) para o registro visual e verbal.
2.2. Como se interligam os registros verbal e visual? E em que renova. O que é
redundante?
2.3. Levantamento de elementos de impacto no visual (fotografia, letras) e no
verbal. Comentário sobre elementos cromáticos (cores).
2.4. Como a propaganda se distribui no espaço?
2.5. Que espaço é retratado na propaganda?
2.6. Análise dos elementos da propaganda (personagens, objetos, elementos
naturais, etc.). Quais aparecem em destaque? Qual a razão do destaque?
Aspectos físicos das personagens são destacados? Quais? Qual a razão?
2.7. Que relação de tempo aparece no texto?
2.8. Que tipo de apelo aparece para provocar o consumidor: apelo à sensação
de poder? Possibilidades de amor? Segurança econômica? Segurança emo-
cional? Auto-valorização? Satisfação do ego? Oportunidades tentadoras?
Convite à vida mais livre? Convite à fantasia? - justifique a escolha.
29. Destaque os apelos afetivos que aparecem (você - seu carro - sua vida).
Destaque os adjetivos, as hipérboles, a linguagem enfática, a linguagem fi-
gurada, a pontuação, a disposição das palavras, elementos verbais estranhos,
a musicalidade do texto. Quais funções da linguagem aparecem?
2.10. comentar o texto em seus apelos aos sentidos: visão, audição, paladar, tato e
olfato.
2.11. Clima criado: de paz, de festa, de tranqüilidade, de agitação, etc.
2.12. Para que tipo de consumidor a propaganda é dirigida?
2.13. É apenas uma propaganda ou tem elementos da publicidade?

3. Extrapolação: sugestão de atividades referentes ao tema.


MODULO 47

REDAÇÃO SOBRE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA: A


FOTONOVELA - AULA DUPLA - SERVE PARA INTRODUZIR

O aluno leu a fotonovela em casa, o professor fornece as coordenadas do


gênero (foto/tele/rádio novela):
1º) Há uma estrutura constante, apresentando o assunto com os mesmos
elementos, com raríssimas modificações: mocinha + mocinho + caso de amor +
oponentes + obstáculos (sociais, religiosos, civis, familiares) + ajudantes + venci-
mento parcial dos obstáculos + novos obstáculos + lutas + clímax (antes houve
outros secundários) + vencimento total + "happy end."
2º) A ação é sempre dinâmica, com alguns "flash backs" para que o passado
dos personagens seja focalizado.
3º) O tempo é cronológico, dando algumas voltas ao passado, mas a pre-
ferência é pelo presente.
4º) Os espaços são ricos, variados, ornamentados - fora da realidade do(a)
leitor(a).
5º) As personagens são planas: a mocinha é sempre pura, bonita, não importa
ser inteligente, sofredora, muito rica ou muito pobre (eleva-se economicamente
através do amor), com capacidade de resignação e sofrimento, com qualidades
morais; o mocinho é bonito, forte, inteligente, caráter superior, orgulhoso, pertence
a uma profissão exótica e, mesmo se for rico, quer vencer pelos seus próprios
méritos; ao outro(a), antagonista, tudo de mau é reservado, os meios justificam o
fim a ser alcançado.
6º) A linguagem é romântica, vazia, cheia de chavões e adjetivação inútil, os
diálogos não são nada coloquiais, há gosto pelas reticências e exclamações; é
interessante a escolha do nome das revistas, das estórias e dos personagens, pois
seguem de perto o gosto da massa.
As visões de mundo apresentadas são de um romantismo exagerado, são con-
formistas, valorizam aspectos fantasiosos nas relações amorosas, o bem sempre
vence o mal, quem luta consegue tudo, o amor vence todas as barreiras, os oponen-
tes devem sacrificar-se para a felicidade dos dois namorados, o casamento é a extre-
ma felicidade, não há qualquer compromisso com o cotidiano sofrido dos casais.
A COMUNICAÇÃO é fácil, denotada, a imagem é mais importante do que as
palavras, aproxima-se da tevê e do cinema e afasta-se da leteratura, onde a palavra é
que deve criar todo o clima de envolvimento do leitor.
O público a quem é dirigida é de baixo nível de escolaridade, tem mentalidade
de adolescente: são operários, domésticas, donas de casa de pouca cultura e adoles-
centes românticas. Deve-se observar o público pela publicidade apresentada entre
as estórias.
Faça uma análise da fotonovela lida, observando no que ela confere com os
elementos do roteiro e no que ela quebra com a estrutura tradicional da espécie.

Para verificação bimestral: leia um romance romántico ("Helena" de Machado


de Assis ou "Senhora" de José de Alencar) e faça uma análise comparativa entre o
que foi a COMUNICAÇÃO em massa no passado e em que difere das rádio/tele/
foto-novelas de hoje - principalmente diferenças de linguagem, de criação do per-
sonagem, da estória, da ação, do uso do tempo e do espaço.
MÓDULO 48

REDAÇÃO SOBRE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA:


ANÁLISE DA REVISTA MANCHETE - TRABALHO PARA CASA
com POSSÍVEL VERIFICAÇÃO EM SALA

Roteiro de análise:
Cabeçalho: Nome da revista, número, editora, local e data da edição.
1º) Faça uma descrição geral da revista, observando: tamanho, capa, recursos
gráficos, assuntos em destaque na capa, ligação da capa com o todo da revista,
manchetes, importantes e superficiais, qualidade e quantidade de fotos, disposição
gráfica, qualidade e quantidade de assuntos e de propagandas.
2º) Manchete explora assuntos diversos, preferindo informar a formar. Faça
um gráfico dos assuntos culturais e formativos e dos apenas informativos para
confirmar ou negar a afirmativa.
3º) Manchete é feita para a massa, assim, procura destacar assuntos fúteis
(futebol, concurso de "miss", carnaval, praias), deixando em segundo plano coisas
mais sérias. Esse número confirma ou não a afirmativa? - prove sua posição com
exemplos tirados do material apresentado só nesse número.
4º) com relação à cultura brasileira, escolha o assunto de maior valor e faça
uma análise do texto e das fotos apresentadas.
5º) com relação às aulas, faça um levantamento do material, comentando:
qual arte é mais divulgada? predominam as nacionais? As entrevistas falam do traba-
lho artístico ou fazem "fofocas" íntimas sobre a vida dos artistas? Predominam os
textos ou as fotos?
6º) Em "Literatura Dinâmica", há um apanhado rápido sobre os fatos e
pessoas em destaque. Sintetize cada tópico.
7º) Faça o mesmo com as seções "O Mundo em Manchete", "O Brasil em
Manchete".
8º) Cronistas sociais e revistas de massa confundem sociedade com alta-
sociedade ("high-soçaite"), vida social com festas fúteis. As reportagens ou crônicas
sociais promovem pessoas que, muitas vezes, só têm o mérito de freqüentar festas
de granfinos e de vestir-se bem. Você observou esse tipo de trabalho jornalístico?
Quem focalizaram? como focalizaram?
9º) uma inauguração de uma escola ou de uma usina e/ou uma enchente em
determinada cidade são assuntos verdadeiramente de cunho social, atingem a
sociedade brasileira - comente reportagens que mostrem a sociedade brasileira.
10º) Semanalmente, Manchete traz uma das "Obras Primas que poucos le-
ram", falando de livros e autores famosos, porém mais comentados do que lidos.
comente o que há sobre o autor e a obra, com riquezas de detalhes, pois essa é
talvez a parte de maior importância para o estudante de literatura.
11º) Quase sempre, Manchete traz crônicas de bons autores - apareceu al-
guma nesse número? Qual o assunto dela?
12º) A última página de Manchete é dedicada ao humor, que é uma forma in-
teligente de satirizar a sociedade, os fatos, as pessoas e as coisas. como recurso, apa-
recem desenhos, fotografias, slogans, figuras em COMUNICAÇÃO mímica (de
gesto ou facial), palavras ou uma mistura de linguagens. Mostre que você é inteligente
e tem malícia: explique o assunto da sátira e comente os recursos usados pelo
humorista. 13º) O mundo de hoje está cheio de "slogans", muitas vezes bem
bolados, outras vezes de péssimo gosto. As grandes empresas produzem e precisam
vender mais. Para atingir o consumidor, as agências de publicidade "bolam" cartazes
com recursos variados (fotos, desenho, palavras, slogans) e apelando para coisas que
tocam o consumidor (apelo ou poder econômico, à vida divertida, ao bom gosto, à
inteligência, à conquista amorosa). Escolha dez propagandas, cinco bem boladas e
cinco infelizes e analise os recursos usados, faça uma descrição dos assuntos,
comente os apelos feitos, fale da força de sugestão usada.
MODULO 4º

ROTEIRO DE ANÁLISE DE UM TEXTO OU DESENHO HUMORÍSTICO

lº) Conte o assunto desenvolvido. O que o texto ironiza?


2º) comente os elementos verbais e não verbais, levantando traços, detalhes, re-
cursos usados (colagem, foto, desenho, palavras, cores). como ironiza? O que
se destaca mais?
3º) Aparecem personagens? como os analisa? Quem o texto ironiza?
4º) Em que espaço e tempo se desenvolve o texto? Quando e onde se passa o fato?
5º) Quais os elementos provocadores do riso?
6º) Há elementos que fazem pensar, que chamam a uma realidade próxima?
7º) Relacione o texto com o contexto histórico-social.
8º) Há uma realidade aparente (denotada) e outra simbólica (denotada)? Se houver,
comente.
ºº) Extrapolação: sugestão de atividades referentes ao tema.
MÓDULO 50

PESQUISA SOBRE TELEVISÃO

1º) Você vê televisão?


2º) Segue novelas? O que vê nelas? Quais prefere? Quais autores e atores prefere?
3º) Vê noticiários? Quais? Quais notícias interessam-lhe?
4º) Gosta de programas de humor? Quais? Quais são seus humoristas preferidos?
5º) Você gosta de música? Encontra bons musicais na teve? Quais? Quais cantores
aprecia? E conjuntos musicais? E compositores?
6º) A propaganda na tevê convence mais o comprador? Justifique.
7º) O que acha dos enlatados? E das dublagens? Vê melhor um filme no cinema
ou na tevê?
8º) E o futebol é melhor na tevê ou no rádio? Que diferença vê entre as duas ma-
neiras de apresentação?
ºº) O que acha da televisão como invento? 10º) O que acha da televisão como vem
sendo feita no Brasil? 11º) Levante programas que você considere bons, ótimos, e
medíocres e justifique o julgamento.

12º) Extrapolações: a) dê as características de um relatório e mande o aluno fazer,


em casa, um sobre um programa de televisão, comentando objetivamente: o
assunto, a apresentação, os recursos usados, informações transmitidas, as
variadas formas de abordagem, b) Trabalhe com o texto de Abraham Moles e
Rubem Braga, levantando convergências e divergências.
MÓDULO 51

ROTEIRO DE ANÁLISE DE UM JORNAL

O aluno terá o jornal em casa — o professor indicará os melhores jornais bra-


sileiros: Jornal do Brasil, A Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Estado de
Minas, O Globo. O professor explicará cada parte do jornal. 1º) O aluno classificará
as várias partes do jornal: as notícias, as reportagens, o editorial, as entrevistas, as
colunas (de esporte, cinema, etc.) a parte de variedades (quadrinhos, horóscopo,
passatempo), os classificados, as crônicas de nível literário, publicidades diretas e
indiretas, noticiário nacional e estrangeiro, noticiário local e regional, noticiário
ligado à: economia, saúde, educação, cultura, artes, etc. 2º) Separadas as notícias,
ver se elas respondem às perguntas fundamentais à espécie jornalística que
representam: o que aconteceu? com quem? Onde? como? Quando? Resultado? 3º)
Separar, no editorial, os fatos das opiniões.
4º) Classificar as propagandas originais e não originais, comentando o que marca
a originalidade ou a mesmice.
5º) Levantar o nº de matéria cultural, política, esportiva, informativa e varieda
des para ver o que predomina no jornal analisado.
6º) como a matéria é apresentada graficamente?
7º) E a redação é feita em linguagem fácil ou difícil? Há termos técnicos?
8º) Há cadernos de variedades, culturais, de lavoura, de turismo, de moda?
ºº) As fotos são de qualidade? São visíveis? São bem ilustradas?
10°) comente a força visual e o impacto das manchetes.
11º) O que você achou de mais interessante nesse número?
12º) Há alguma coisa faltando ou sobrando, para seu gosto de leitor?
13º) Você lê jornal sempre, foi a primeira vez ou leu algumas vezes? - comente.
14º) Para que público é dirigido o jornal que você leu?
15º) Há algum apelo para a massa, alguma coisa apresentada só para vender jornal?
16º) Extrapolação: atividades sugeridas pelo tema.
Em outra aula, simples:
Você agora se colocará hipoteticamente na condição de jornalista, com duas
missões:
1ª) redigir uma notícia e uma publicidade. Antes, lembre-se: a notícia deve
ser objetiva, direta, simples, sem adjetivos, sem interjeições, sem reticências ou ex-
clamações, só o fato, sem opinião. Deve responder às perguntas: o que aconteceu?
Onde? Quando? como? com quem? Resultado?
2a) Você foi contratado para "bolar" a publicidade de um produto novo
(invente o produto também) e para redigir terá que saber que a publicidade deve ser
um apelo ao consumidor para que compre o produto, a linguagem deve ser sintética
e sugestiva, deve causar um impacto, fazer o consumidor sentir-se elevado ao usar o
produto (apelo do poder econômico, às conquistas amorosas, os divertimentos, às
facilidades).

Vamos à notícia e à publicidade?


REDAÇÕES PARA TREINAMENTO DE
PONTUAÇÃO E ACENTUAÇÃO
MÓDULO 52 - A
NOÇÕES DE PONTUAÇÃO

Ao redigir, o candidato deve estar sempre atento às normas de pontuação. São


os seguintes os sinais de pontuação:
Ponto-final . Travessão -
Vírgula , Aspas
Ponto-e-vírgula ; Reticências
Ponto-de-exclamação ! Parêntese ()
Ponto-de-interrogação ? Dois-pontos :

Razões que orientam a pontuação

A pontuação obedece a exigências fisiológicas. É claro que os alunos de maior


capacidade pulmonar preferirão os períodos longos. Quem necessita de maiores
pausas para respirar empregará muitas vírgulas e se ajustará aos períodos curtos. É
certo, também, que existem certas razões lógicas que policiam a pontuação. O pen-
samento tem uma ordem, e assim os termos que o representam. O aluno perceberá
quais as unidades sintáticas que não podem ser separadas, e estará atento para que a
quebra da ordem direta não torne obscuro o pensamento. Mas a prosa não é só fruto
da inteligência e, muitas vezes, inspira-se na sensibilidade, na emoção. Os tempe-
ramentos mais nervosos, mais sensíveis abusam de exclamações, interrogações e
reticências. Os calmos, os frios, diante de um espetáculo da natureza, não diriam
"que maravilha!", e, sim, "é uma bonita paisagem", empregando um lacônico ponto-
final. como se pode observar, razões afetivas poderão, amiúde, dirigir a pontuação.

O obrigatório e o optativo

Tendo a pontuação muito de pessoal, porque inspirada em princípios lógicos,


fisiológicos e afetivos, ela não pode ser colocada dentro de esquemas rígidos e leis
invioláveis. O aluno terá inúmeras ocasiões de optar por este ou aquele sinal,
atendendo às conveniências de interpretação ou obedecendo aos reclamos do seu
temperamento. Observem as possibilidades abaixo:

Ele é estudioso, mas não passará.


Ele é estudioso, mas... não passará.
Ele é estudioso, mas não passará...

Ele, saliente-se esta qualidade, é orador eloqüente.


Ele - saliente-se esta qualidade - é orador eloqüente.
Ele (saliente-se esta qualidade) é orador eloqüente.
Erros considerados graves

Não se separa o sujeito do seu verbo, e o complemento, da palavra comple-


tada. Seria alvo das iras do examinador quem escrevesse períodos como os seguin-
tes:
Pedro, esteve aqui. (sujeito separado do verbo) Eles amam, a vida rural, (verbo
separado do objeto direto) A inclinação, pelas riquezas levou-o ao crime,
(complemento separado da palavra completada).
Eles gostam, de travar amizades, (objeto indireto separado do verbo).

O ponto-final

Indica uma pausa mais longa, ao encerrar um período de sentido completo:


Ele trocou a toga pela espada. Para os alunos que abusam dos períodos longos, ex-
cessivamente longos, nunca é demais lembrar: abusem do ponto-final.

Os dois-pontos

1. Antes de uma citação: Jesus disse: "Amai-vos uns aos outros".


2. Antes de uma enumeração: comprei várias coisas: caderno, lápis e borracha.
3. Antes de uma resposta ou de uma pergunta: perguntei-lhe: "Sabes nadar"?
O moço respondeu: "Nunca pude fazê-lo".
4. Antes de uma reflexão ou observação: Não caçoe do moço: ele está apai-
xonado...
5. Depois de expressões como "a saber", "exemplo" e outras: Conheci dois
deputados, a saber: Pedro e Paulo.

O Travessão

1. Indica mudança de interlocutor:


- A senhora não sabe, então, que é uma simples agulha?
- Sei.
- E não sabe que, sendo agulha, é mulher?
- Sei.
(Humberto de Campos)

2. Dá maior relevo ou evidência à palavra ou à frase, equivalendo à vírgula ou


ao parêntese: O homem - diga-se de passagem — é egoísta. Aquela palavra - liber-
dade - ecoou no ouvido de todos.

3. Depois do diálogo, indica o dialogante:


- Eu não sei estudar sozinha - disse ela.
Os parênteses

Empregam-se para separar orações intercaladas: "Um dia (que linda manhã
fazia!) ela saiu a passear".

O ponto-de-interrogação

Usa-se no fim de um período em que há pergunta direta: Quem são eles?

O ponto-de-exclamação

Emprega-se depois das interjeições e das orações que exprimem espanto ou


admiração: Que surpresa! Ah! Você chegou!

As reticências

Iniciam suspensão de sentido, interrupções de pensamento: Se ele for... Não


sei...

As aspas

1. Antes e depois de citações alheias: Jesus disse: "Amai-vos uns aos outros".
2. Antes de palavra ou expressão ainda não aportuguesadas ou a que se quer
da realce: "Querer é poder" deve ser o nosso lema. Ele tem humor".
3. Para indicar monólogo interior: "Não sei porque penso assim..."
4. Em certos autores, no lugar do travessão, para indicar diálogo.

O ponto-e-vírgula

1. É uma pausa maior que a da vírgula e menor que a do ponto-final. Empre-


ga-se para separar vários grupos de orações coordenadas: "Estes edificam,
aqueles destroem; estes sobem pelos degraus da honra; aqueles outros des-
cem".
2. Em fim de cada item de uma enumeração, menos no último número ou le-
tra.

A vírgula

1. Nas enumerações de vários termos ou orações, menos entre os dois últimos


que vêm geralmente ligados por "e": Pedro, Paulo e João aqui estiveram.
Pedro chegou, falou com seu pai, dirigiu um cumprimento aos amigos e foi-
se embora.
2. Para separar vocativos e apostos: Pedro, venha cá! Machado, o grande ro-
mancista, também foi poeta.
3. Para separar orações subordinativas adverbiais quando vêm antes da prin-
cipal: Conforme haviam previsto, forarn dispensados. Se eles forem, não
voltarão. Embora tivesse estudado, não foi aprovado.
4. Para separar algumas subordinativas adverbiais quando vêm depois da prin-
cipal. Na maioria dos casos, é optativa: Serei candidato, se insistirem. Irei,
embora me proíbam. Foram derrotados, porque não se prepararam.
5. Para separar orações reduzidas de gerúndio ou participio: Acabada a festa,
os cantores saíram. Os homens, fitando o orador, ameaçavam-no terrivel-
mente.
6. Para separar orações intercaladas: A vida, exclamaram elas, é alegria, é
felicidade. Isto, convenhamos, não é nossa especialidade.
7. Para indicar a supressão do verbo: Vocês gostam de futebol e eles, de tênis.
Conseguiste emprego e eu, serviço.
8. Se houver objeto pleonàstico, põe-se a vírgula depois do primeiro: Ale-
gria, sinto-a no coração. Aos pobres, não lhes dou esmola.
º. Para separar expressões expletivas como: a saber, isto é, por exemplo, ou
melhor e outras: É o que eu estava dizendo; ou melhor, é o que eu já havia
dito.
10. Para separar advérbios aos quais se quer dar ênfase, no início dos perío-
dos: Sim, irei hoje. Não, não quero ir.
11. Para separar certas palavras (advérbios, conjunções, etc.) quando interpos-
tas: Hoje, porém, saí satisfeito. Ela não deveria, contudo, agir dessa manei-
ra.
12. Para separar orações adjetivas explicativas: "O homem, que é mortal, tem
a alma imortal".
13. Para separar adjuntos adverbiais de certa extensão: Aguardo, para os próxi-
mos meses, notícias dele. Ele, com essa vida de trabalho, não chegará aos
quarenta.

(Adaptação, completando regras dadas em "Noções de Pontua-


ção" - Capítulo do livro "A Redação do Vestibular" de José
Armando Macedo).
Reestruturar o texto "SAMBA NO AR" de Carlos Drummond de Andrade,
Observando: Parágrafo, pontuação, acentuação.

SAMBA NO AR

Carlos Drummond de Andrade

tão absorto estava em seu trabalho que nem reparou nos rostos emoldurados pela
janela estamos incomodando não podem continuar de repente o susto continuar o
que so então se deu conta de que na altura do 12º andar dois estranhos olhavam para
ele e esses estranhos não estavam em seu escritorio mas suspensos la fora como
aparições quer fazer o favor de fechar a vidraça ai compreendeu que se tratava dos
pintores encarregados de restaurar as paredes externas do edifício como e hoje
exigido na cidade tinham chegado ali pelo andaime e dispunham-se a pintar a face
externa das esquadrias pois não vou fechar levantou-se para atende-los mas antes de
fechar a vidrança deu uma espiada no estrado balouçante onde os dois se equili-
bravam meio perigoso não ambos sorriram e o de voz nordestina comentou a gente
pinta a gente morre na BR-3 o outro carioca de morro quem é do samba não estra-
nha essa ginga doutor voces aceitam um cafezinho aceitaram ate que chegasse o ca-
fezinho o trabalho naturalmente foi interrompido então não tem medo de cair de
ficar aleijado sim respondeu o carioca ai o cara não pode mais se virar mas se empa-
cotar tanto faz ne o cara tem de empacotar memsmo pois eu prefiro empactoar na
rede manifestou o outro estou nesta so ate arranjar serviço de pisar no chão ele quer
ser motorista doutor em vez de morrer o sentido dele e mandar os outros embora
cabra da peste o doutor não de confiança a esse careta o que ele fala e conversa de
tirar leite de bode os dois riram contentes de se xingarem atiravam-se mutuamente
as farpas que gostariam de desfechar em outros nos socios da firma de pintura ou
nos condominos do edificio todos no seu bem bom enquanto eles dependurados
naquela caranguejola se expunham a virar noticia para que a casa alheia ficasse bem
limpa por fora conjeturando isto o morador sentiu uma coisa parecida com remorso
que direito lhe assistia de arriscar assim a vida do proximo enfim era o governo que
dava ordem de pintar as casas e todos obedeciam salvando a boa aparência pelo me-
nos esta trabalhar nessas condições devia ser proibido ou senão cada um que apren-
desse a pintar e pintasse o seu pedaço de edificio e nos doutor sem serviço catando
minhoca no asfalto ora serviço não falta neste pais que ninguém segura a transama-
zonia o doutor não vai querer mandar a gente pra la não hem alarmou-se o nordestino
aqui mesmo a gente remedeia com a graça de deus e do santo da gente o carioca
desviou a conversa a doutor tem um bocado de livro estou apreciando e ferramenta
de trabalho vivo disto tem ai os livros de freud voce conhece o freud so umas tinturas
de noite a gente da uma lida e que mais voce gosta de 1er ah gosto de tdo mas
gostava mesmo e de escrever e etceteras o outro interrompeu-o ele e danado pra
fazer samba doutro aperta ele que ele canta se o senhor faz questão vou cantar um
que fiz na semana passada e simplesinho mas diz umas coisas que estavam me ca-
tucando para sair entende então pule a janela e venha cantar ca dentro precisa não
doutor aqui mesmo aprumou-se limpou a garganta a tábua oscilava ele deu um passo
inseguro olha que voce cai rapaz quem disse que caiu era pintor das alturas era sam-
bista era carioca e o samba saltou no ar como se nele vivesse e florisse todas as jane-
las do edifìcio se abriram dos edificios próximos também e uma salva de palmas
coroou a audição.

Distribuir o original depois que todos acabarem o exercício: conferir exercício


e texto.
MÒDULO 52 - B

SAMBA NO AR

Carlos Drummond de Andrade

Tão absorto estava em seu trabalho que nem reparou nos rostos emoldurados
pela janela.
- Estamos incomodando?
- Não. Podem continuar.
De repente, o susto. Continuar o quê?! Só então se deu conta de que, na altura
do 12º andar, dois estranhos olhavam para ele, e esses estranhos não estavam em
seu escritório, mas suspensos lá fora, como aparições.
- Quer fazer o favor de fechar a vidrança?
Aí, compreendeu que se tratava dos pintores encarregados de restaurar as
paredes externas do edifício, como é hoje exigido na cidade. Tinham chegado ali
pelo andaime, e dispunham-se a pintar a face externa das esquadrias.
- Pois não. Vou fechar.
Levantou-se para atendê-los, mas antes de fechar a vidrança deu uma espiada
no estrado balouçante onde os dois se equilibravam.
- Meio perigoso, não?
Ambos somaram, e o de voz nordestina comentou:
- A gente pinta, a gente morre na BR—3. O
outro, carioca de morro:
- Quem é do samba não estranha essa ginga, doutor.
- Vocês aceitam um cafezinho?
Aceitaram. Até que chegasse o cafezinho, o trabalho, naturalmente, foi in-
terrompido.
- Então, não tem medo de...
- Cair? De ficar aleijado, sim — respondeu o carioca. — Aí o cara não pode
mais se virar. Mas se empacotar tanto faz, né? O cara tem de empacotar mesmo.
- Pois eu prefiro empacotar na rede — manifestou o outro. — Estou nesta só
até arranjar serviço de pisar no chão.
- Ele quer ser motorista, doutor. Em vez de morrer, o sentido dele é mandar
os outros embora. Cabra da peste.
- O doutor não dê confiança a esse careta. O que ele fala é conversa de tirar
leite de bode.
Os dois riram, contentes de se xingarem. Atiravam-se mutuamente as farpas
que gostariam de desfechar em outros: nos sócios da firma de pintura, ou nos con-
dôminos do edifício, todos no seu bem-bom, enquanto eles, dependurados naquela
caranguejola, se expunham a virar notícia, para que a casa alheia ficasse bem limpa
por fora.
Conjeturando isto, o morador sentiu uma coisa parecida com remorso. Que
direito lhe assistia de arriscar assim a vida do próximo? Enfim, era o Governo que
dava ordem de pintar as casas e todos obedeciam, salvando a boa aparência — pelo
menos esta.
— Trabalhar nessas condições devia ser proibido... Ou senão, cada um que
aprendesse a pintar, e pintasse o seu pedaço de edifício.
— E nós, doutor? Sem serviço, catando minhoca no asfalto?
— Ora, serviço não falta neste país que ninguém segura. A Transamazônica...
— O doutor não vai querer mandar a gente pra lá não, hem? — alarmou-se o
nordestino. — Aqui mesmo a gente remedeia, com a graça de Deus e do santo da
gente.
O carioca desviou a conversa.
— O doutor tem um bocado de livro. Estou apreciando.
— É ferramenta de trabalho. Vivo disto.
— Tem aí os livros de Freud?
— Você conhece o Freud?
— Só umas tinturas. De noite a gente dá uma lida.
— E que mais você gosta de 1er?
— Ah, gosto de tudo. Mas gostava mesmo é de escrever e etcéteras... O
outro interrompeu-o:
— Ele é danado pra fazer samba, doutor. Aperta ele que ele canta.
— Se o senhor faz questão, vou cantar um que fiz na semana passada, é sim-
plesinho, mas diz umas coisas que estavam me catucando para sair, entende?
— Então pule a janela e venha cantar cá dentro.
— Precisa não, doutor, aqui mesmo. — Aprumou-se, limpou a garganta. A
tábua oscilava, ele deu um passo inseguro...
— Olha que você cai, rapaz!
Quem disse que caiu? Era pintor das alturas, era sambista, era carioca. E o
samba saltou no ar, como se nele vivesse e florisse. Todas as janelas do edifício se
abriram. Dos edifícios próximos também. E uma salva de palmas coroou a audição.
MÓDULO 53

Exercício de pontuação: Os textos abaixo estío caóticos - é lógico, por falta


de pontuação. Você vai reestruturá-los: ambos os autores são modernos e preferem
períodos curtos, oração absolutas ou coordenadas; toda narração deve iniciai ou
reiniciar após o diálogo com parágrafo; toda fala de um diálogo vem em parágrafo.

NA IGREJA

Pedro Bloch

Cristianinha de quatro anos foi à igreja com a tia de repente deu bicho carpin-
teiro na pirralhinha e ela começou a mudar de lugar ia pra banco depois outro outro
um nunca acabar Cristianinha você podia ficar rezando quietinha pra nossa senhora
que está ali em vez de fazer essa bagunça que fíca mal numa igreja não é Cris-
tianinha obedeceu passado certo tempo vendo a tia rezar fervorosamente e a imagem
impassível de nossa senhora observou não sei pra que você está rezando tanto nossa
senhora está ali parada e nem te liga.

OPERAÇÃO

Pedro Bloch

o Dr. Meireles havia operado aquela criança da garganta e recomendou você


não fale por favor você tem aqui este bloco e um lápis tudo o que você quiser é só
escrever tá tá concordou o pirralho vamos ver se você é obediente disse o médico
daí a pouco o menino berra mamãe a senhora quer escrever neste bloco que eu que-
ro cuspir

DIÁLOGO ENTRE UM E OUTRO

Leon Eliachar

garçon traz mais um café pois não já é o décimo quinto que tomo e esse ma-
caco não some da minha frente nem vai sumir esse aí é o gerente

você jura meu bem que não vai me esquecer depois que acabar este baile que
baile

embrulhada quatro velas das grandes bem depressa sua luz apagou não senhor
quem apagou foi meu marido

vamos dançar fui proibida pelo médico quem é o seu médico meu marido

este uísque está falsificado como é que o senhor sabe os morcegos que estou
vendo não conseguem nem levantar vôo

quando bebo sinto vontade de fazer mil e uma loucuras quais são as outras
mil

Após a classe terminar de restruturar, o professor mandará alguns ao quadro,


até corrigir todos os textos. Aparecerão certas diferenças que, bem explicadas, po-
derão ser aceitas
REDAÇÕES CRIATIVAS APENAS
MÒDULO 54

REDAÇÃO. CARTA DE AMOR - AULA DUPLA

Se possível, tocar discos ou fitas ou tentar lembrar com a turma canções que
falem em carta de amor ("Quando o Carteiro Chegou / e o meu nome gritou / com
uma carta na mão" - "se você sentir saudades / pega no lápis, escreve" - por
exemplo).
Falar dos velhos e antes tão usados "Manual de Cartas de Amor e Suas
Respostas" e da impossibilidade de seguir um manual quando se pretende falar dos
sentimentos.
Cada aluno escreverá palavras gastas e hipérboles que aparecem nas cartas de
amor de pessoas menos cultas:

Em "Legião Estrangeira" de Clarice Lispector:

A COZINHEIRA FELIZ, A GRANDEZA DA SINCERIDADE

Clarice Lispector

'Therezinha meu amor. Estás sempre em meu coração. Desde o momento em


que a vi meu coração tornou-se cativo de seus encantos. Ao vê-la tão meiga e bela
senti minh'alma perturbada minha vida até então vazia e triste. Tornou-se cheia de
luz e esperança acesa em meu peito a chama do amor. O amor que despertou em
mim. Therezinha queridinha do coração é iluminado pela sua pureza e encontro em
meu coração a grandeza de minha sinceridade. Que felicidade podemos encontrar
um dia num coração que pulse junto ao nosso, irmanados nas doçuras e agruras da
vida um coração amigo que nos conforte uma alma pura que nos adore e leve ao céu
doce balada de amor a mulher querida com que sonhamos. Eternamente seu
apaixonado Edgard. Da Therezinha querida peço-lhe Resposta. Estrada — São Luiz,
30-C, Santa Cruz é o meu endereço."

COMENTAR A CARTA, principalmente com relação à linguagem gasta e sen-


timentalóide do personagem remetente.

Que acham os poetas das cartas de amor? Vamos ouvir Fernando Pessoa ou
Álvaro de Campos, heterônimo de Pessoa:

Todas as cartas de amor são


Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,


Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia


Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas.

A verdade é que hoje


As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxuias,


como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente Ridículas.)

Obras completas - Aquilar Editora - Rio - 1º65 - Página 3ºº/400.

comentários orais sobre o poema.

"como é difícil, como é difícil, escrever uma carta...

Antes de escrever "Os Lusíadas!" — disse o poeta Mário Quintana — e você o que
pensa do ato de escrever uma carta?

E de receber uma carta?

Você acha certo guardar as cartas que recebemos?


Ainda é o poeta quem se queixa:

A CARTA

Mario Quintana

Hoje eu encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida,


Rasgueia-a sem procurar ao menos saber de quem seria...
Eu tenho um medo
Horrível
A essas marés montantes do passado,
com sua quilhas afundadas, com
Meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros e Gáveas...
Ai de mim,
Ai de ti, ó velho mar profundo,
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!

comentários orais sobre o poema.

Mesmo achando ridículo, ou achando que é melhor escrever "Os Lusídas",


você vai escrever uma carta de amor. Depois, vamos ver quem conseguiu ser mais
romântico. A não ser que você tenha sido tão pessoal que prefira rasgar a sua...
MÒDULO 55

REDAÇÃO TENDO A FOTOGRAFIA COMO MOTIVO - AULA DUPLA

l?fase:
As palavras não estão desligadas umas das outras, elas também têm família e
amigos íntimos, inseparáveis, por exemplo: existe uma família etimológica, palavras
derivadas, que são criadas a partir de uma primitiva e que levam as marcas familiares
no radical: fotografia, fotógrafo, fotografar, fotografado. Também há as palavras
que se ligam mais afetivamente, são parentes por escolha, pertencem a uma mesma
família semántica ou ideológica, como fotografia, tempo, cara, colorida...

Continue fazendo ligações com a palavra fotografia:

O professor distribuirá várias fotos ou sinais tirados de jornais e revistas, e


pedirá para que os alunos façam descrições bem curtas delas, bem rápidas, de modo
que as fotografias corram por toda a sala.

Descrição da foto 1 :

Descrição da foto 2:

Para maior motivação, um poema de Cecilia Meireles:

ENCOMENDA

Cecília Meireles

Desejo uma fotografia


como esta - o senhor vê? — como esta:
em que para sempre me ria
com um vestido de eterna festa.

como tenho a testa sombria.


derrame luz na minha testa. Deixe
esta roupa, que me empresta um
certo ar de sabedoria.

Não rneta fundos de floresta


Nem de arbitrária fantasia...
Não... Neste espaço que ainda resta.
Ponha uma cadeira vazia.

Agora, um texto para ser sentido, não analisado:

"RETRATO DE FAMÍLIA"

Oírlos Drummond de Andrade

Este retrato de família está um


tanto empoeirado. Já não se vê
no rosto do pai quanto dinheiro
ele ganhou. Nas mãos dos tios
não se /percebem as viagens que
ambos fizeram. A avó ficou lisa,
amarela, sem memória da
monarquia.

Os meninos, como estão mudados. O


rosto de Pedro é tranqüilo, usou os
melhores sonhos. E João não é mais
mentiroso.

O jardim tornou-se fantástico. As


flores são placas cinzentas. E a
areia, sob pés extintos, É um
oceano de névoa.

No semicírculo das cadeiras nota-


se certo movimento. As crianças
trocam de lugar, mas sem
barulho: é um retrato.

Vinte anos é um grande tempo.


Modela qualquer imagem. Se uma
figura vai murchando, outra, sorrindo,
se propõe.

Esses estranhos assentados, meus


parentes? Não acredito. São
visitas se divertindo numa sala
que se abre pouco.
Ficam traços da família
perdidos no jeito dos corpos.
Bastante para sugerir que um
corpo é cheio de /surpresas.

A moldura deste retrato em vão


prende suas personagens. Estão ali
voluntariamente, saberiam-se
preciso-voar.

Poderiam sutilizar-se no claro-


escruro do salão, ir morar no fundo
dos móveis ou no bolso de velhos
coletes.

A casa tem muitas gavetas e papéis,


escadas compridas. Quem sabe a
malícia das coisas, quando a matéria
se aborrece?

O retrato não me responde, ele


me fita e se contempla nos
meus olhos empoeirados. E no
cristal se multiplicam

Os parentes mortos e vivos. Já não


distingo os que se forarn dos que
restaram. Percebo apenas a estranha
idéia de família

viajando através da carne.

comentários orais sobre o poema.

REDAÇÃO:

Agora, cada um apanhará uma das fotografias e criará uma estória para ela.
Ou se achar melhor, criará uma estória explorando a reação de alguém olhando um
álbum de família.
MODULO 56

REDAÇÃO SUGERIDA POR UM TEXTO - AULA SIMPLES

O que você acha do trabalho?

E do trabalho de crianças?

MENINOS CARVOEIROS

Manuel Bandeira

Os meninos carvoeiros Passam a


caminho da cidade.
— Eh, carvoero ! E vão tocando os animais
com um relho enorme.

Os burros são magrinhos e velhos. Cada um leva


seis sacos de carvão de lenha. A aniagem é toda
remendada. Os carvões caem.

(pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um
gemido).

—Eh, carvoero! Só mesmo essas crianças


raquíticas Vão bem com esses burrinhos
descadeirados. A madrugada ingênua parece
feita para eles... Pequenina, ingênua miséria!

Adoráveis carvoeiros que trabalhais como se brincásseis!


-Eh, carvoero! Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado.
Encarapitados nas alimárias, Apostando corrida, Dançando, bamboleando
nas cangalhas como espantalhos desamparados!

("O Ritmo Dissoluto", in Poesia completa e Prosa pág.


228)
Aproveitando a sugestão de Manuel Bandeira, crie uma estória que tenha meninos
trabalhadores como personagens. Aproveite, se quiser, a estrutura do poema de
Manuel Bandeira, que coloca o foco narrativo na 3a pessoa, discurso do narrador,
que narra e mostra subjetividade (carinho para com os meninos) e também crie
diálogos, discurso dos meninos, anunciando o tipo de trabalho, de modo bem co-
loquial.
MODULO 57

REDAÇÃO DE PEQUENAS ESTÓRIAS, PARTINDO DE


SUPOSIÇÕES OU SITUAÇÕES HIPOTÉTICAS - PARA ESTIMULAR
A IMAGINAÇÃO E CRIATIVIDADE

1ª. fase:
Professor coloca no quadro situação hipotética ou suposições e os alunos,
imediatamente, escrevem a continuação do que ficou no ar, criando uma pequena
estória num período ou dois.

SUGESTÕES:

O menino estava no circo, atento e alegre, quando...

Você acabou de receber a notícia de que foi premiado pela loteca e começou a
planejar:...

— O que será aquele sinal diferente no céu?

No porão escuro, quando a luz apagou, ouvi passos e...

2a. fase:
Cada aluno, num pedaço de papel, escreve uma sugestão e vai passando para
os outros e apanhando papéis dos outros. Anotada a sugestão, todos devem conti-
nuar o período, a narração, e passar o papel. Assim, aparecerão várias sínteses de
estórias, que poderão ser devolvidas em outras aulas. É preciso chamar atenção para
que criem situações originais e que escrevam bem rápido.

Algumas sugestões aparecidas, nos pedaços de papel recolhidos pelo profes-


sor na sala do 1o Colegial B da Escola Estadual de 1º e 2º Graus de Guaxupé(M.G-):

— Quando abri o jornal, vi que...


Era l?de abril e...

Descendo a escada do colégio...

Sábado à tarde, eu estava em minha casa quando...

Problema, sempre problemas, todos causados...

Eu estava atravessando a rua...


Havia um vermelho no céu...

Estava no zoológico e, de repente,...

Numa tarde triste, pensava...

Quando Ju foi falar com o pai da Bebei, ele...

A senhora do comendador saiu de manhã e...

O Lucas ficou louco, deixou...

As folhas, balançando ao vento, dizem ao mundo que...

Na casa de meu tio, acontecem coisas fantásticas, como...

com essa falta de educação, você...

Corri p'ra janela, porque ouvi...

Na Europa, numa escola, entrou um elefante...

Estava assistindo a uma partida de futebol...


MÒDULO 58

REDAÇÃO SOBRE O COTIDIANO - AULA DUPLA

1ª fase: Escrever, bem rápido, durante cinco minutos, sem parar para pensar,
palavras ou expressões relacionadas com a palavra cotidiano.

2a fase: Três textos sobre o cotidiano:


Discutir, oralmente, os três textos, observando diferenças e aproximações entre
eles, nos seguintes aspectos:
atitudes do narrador / presença e jeito de ser das mulheres / presença de filhos
/ marcações de elementos do cotidiano / acomodação, desespero, semi-deses-
pero do narrador / presença de códigos sociais / presença de códigos ligados à
sociedade de consumo / tipo de classe social, idade e cultura dos narradores /
a repetição como recurso de linguagem que retrata o cotidiano, o repetir das
coisas / código religioso / presença do tempo / linguagem metafórica.

3a fase: Escrever o que captou da discussão oral, observando a relação de ele-


mentos comparados.

4a fase: Fazer uma redação que tenha o cotidiano como motivo, seguindo ou não
uma das três sujestões:
1a) Seu cotidiano : um dia em sua vida.
2a) Cotidiano de Um Personagem Inventado.
3a) uma das mulheres de um dos textos, em foco narrativa na 1a pessoa,
dá sua versão sobre o cotidiano, uma vez que só ouvimos o ponto de
vista masculino.

VOCÊ NÃO SABE NADA

Caetano Veloso

Quando eu chego em casa nada me consola


Você está sempre aflita
com lágrimas nos olhos de cortar cebola
Você é tão bonita
Você traz a coca-cola eu tomo
Você põe a mesa eu como, eu como,
Eu como, eu como, eu como,
Você não está entendendo
Quase nada do que eu digo
Eu quero é ir embora,
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo,
" " " " " "
" " " " " "

" " " " " "

Eu me sento, eu como,
Eu fumo, eu não agüento
Você está tão curtida
Eu quero é boti foga neste apartamento
Você não acredita.
Traz o meu café com Suita eu tomo
Bota a sobremesa, eu como,
Eu como, eu como, eu como, eu como,
Você tem que saber que eu quero correr
Mundo... correr perigo.
Eu quero é ir embora, eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo..

COTIDIANO

Chico Buarque de Holanda

Todo dia ela faz tudo sempre igual Me


sacode às seis horas da manhã Me sorri um
sorriso pontual E me beija com a boca de
hortelã Todo dia ela diz é p'ra eu me
cuidar E essas coisas que diz tôda mulher
Diz que está me esperando pro jantar E
me beija com a boca de café Todo dia eu
só penso em poder parar Meio dia eu só
penso em dizer não Depois penso na vida
pra levar E me calo com a boca de feijão.
Seis da tarde como era de se esperar Ela
pega e me espera no portão Diz que está
muito louca pra beijar E me beija com a
boca de paixão. Toda noite ela diz pra eu
não me afastar Meia noite ela jura eterno
amor e me aperta pra eu quase sufocar e
me morde com a boca de pavor.
COTIDIANO DOIS

Hay dias que no se lo que me passa Eu


abro meu Neruda e apago o sol Misturo
poesia com cachaça E acabo discutindo
futebol

Mas não tem nada não


Tenho meu violão...

Acordo de manhã, pão com manteiga E


muito muito sangue no jornal Ai a
criançada toda chega E eu chego achar
Herodes natural...

Mas não tem nada não


Tenho meu violão...

Depois faço a loteca com a patroa


Que sabe nosso dia vai chegar Me
rio porque rico ri à toa Também
não custa nada imaginar

Mas não tem nada não


Tenho meu violão...

Aos sábados em casa tomo um porre E


sonho soluções fenomenais Mas quando o
sono vem e a noite morre 0 dia conta
histórias sempre iguais

Mas não tem nada não...

Às vezes quero crer mas não consigo É tudo


uma total insensatez Aí pergunto a Deus:
Escute amigo, Se foi pra desfazer por que é
que fez?

Mas não tem nada não...


MÓDULO 5º

REDAÇÃO TENDO A FOTOGRAFIA COMO MOTIVO - AULA DUPLA

2ª fase:
Urna música que fale em fotografía de fundo: "Retrato em Branco e Preto" de
Antônio Carlos Jobim e Chico Buarque, ou "Iracema" de Adoniram Barbosa, por
exemplo.

Várias fotografias bem sugestivas, (recortes de jornais e revistas) circulam


pela classe, cada aluno, ao apanhar uma foto, dará um título para ela.

Leitura do conto:

"A FOTO"

Jorge Medauar

— Mas esse retrato está uma droga...


Disse. O fotógrafo encolheu os ombros. Que é que tinha com isso? Milagre
não poderia fazer. A máquina e o filme registram o que está na sua frente. Tudo que
poderia fazer, fizera: uns retoques no canto da boca, a diluição de uns pés-de-ga-
linha na curva do pescoço. No mais, era uma foto fiel, com nuanças que só mesmo
um profissional entendido poderia avaliar.
— Deixe as fotografias aí, se não estiverem de seu agrado.
— Bem — disse Rômulo — é que... não sei...
O fotógrafo desabotoou um sorriso. Isso era assim mesmo. Muita gente es-
tranava a própria imagem, no primeiro impacto. Principalmente se não mantinha o
de fotografar-se de quando em vez.
— Que é que o senhor viu de mais, seu Rômulo?
— Não sei. Parece que há qualquer coisa de menos. E demais também. Não
sei bem o que é. Não sei... O senhor pode tirar a nota.
Pagou. Meteu as fotos no bolso do paletó, andou. No ônibus, no caminho de
casa, retirou-as. A seu lado não havia ninguém, poderia espiá-las de novo. Fez, com
as mãos no vão das pernas, como se as fotos fossem um mistério, uma coisa
proibida. Na verdade não queria que o companheiro do banco de trás espiasse. Iria
pensar que fosse um narcisista, um vaidoso, com certeza.
Correu as seis fotografias, descartando-as como se fossem cartas de um ba-
ralho. Ali estava a sua cara, seis vêzes reproduzidas, dizendo-lhe que a sua imagem
já não era a mesma. Lembrou-se da última vez que fora fotografar-se. Quanto tem-
po? Seis, sete, oito anos? Seis. Tinha certeza. Seis. Foi quando a filha nascera. Ou-
tubro, fazia sol. Entrara no fotográfo, no velho amigo Gino, o mesmo artista que
fotografara seu casamento, depois seu primeiro filho e muito mais tarde a menina.
como o diabo o tempo poderia castigar tanto? Tornou a pegar no envelope, mas
achou que não valia a pena rever as fotos: estava para chegar, no outro ponto des-
ceria. Mas assim mesmo apalpou o bolso, como se ali estivesse um ser vivo. Engraça-
do: uma vez, andara no seu tempo de colégio com uma rã no bolso. Lembrou-se
que a rã se aquietara, mas bem que ele sentia, através do brim colado ao corpo, o
pulsar vivo do bicho. Por que se lembrara disso agora?
Espiou com jeito no ônibus o banco de trás, para certificar-se de que ninguém
estava acompanhando seus pensamentos. Sim. Os pensamentos. Considerou que
certos pensamentos pareciam ter força, saltar da cabeça, revelar-se como letras de
um painel que de repente fosse acendido. Tinha gente que lia o jornal do
companheiro da frente, acompanhava com os olhos os menores movimentos da pes-
soa. Passageiro de ônibus devia ter uma natureza especial. Um sentido meio diferen-
te. Adivinhava a hora de descer. Conhecia mulher que precisava sentar, gente com
vocação para conversa, torcedor de futebol, partidário do PTB, colecionador de
selo. Lê todos os anúncios de soslaio, sabe nomes de pomadas, elixir, cesta de Na-
tal. Ele também fora durante muito tempo passageiro de ônibus...
Tirou o envelope amarelo, deslizou os dedos por uma das fotos, sempre
olhando para diante. Fazia os movimentos no vão das pernas, como alguém que es-
tivesse comendo pipoca e ao mesmo tepo, prestando muita atenção a um espetáculo
atraente. Retirou uma, meteu o envelope no bolso. Só agora desceu os olhos, para
ver a foto protegida entre as suas mãos quase em concha. Sim senhor, tinha que ser
discreto. A seu lado, de pé, rente a seu ombro, vinha um passageiro. Que diria,
vendo-o como uma criança embasbacada diante da própria fotografia? Ergueu os
olhos para o homem, mas o passageiro estava com o rosto desviado. Talvez en-tretido
com a propaganda que exibia uma pequena de maio, sentada sobre uma caixa de
protetores higiénicos. Assim mesmo, não confiou. Passageiro de ônibus é o diabo,
concluiu. Sonso. Fingidor. Ele também fora assim, como não...
Avaliou de novo o passageiro, desceu os olhos, cravou-os na foto. Não, não
era a mancha escura, nem eram as rugas. Aquela foto, em todos os seus pormenores,
era de outra pessoa. Entre essa e a que tirara quando sua filha nascera, havia uma
diferença enorme. Enorme, como não. Por mais que uma pessoa, todos dos dias, se
visse num espelho, nunca que pudesse notar o tempo passando, os desenhos e sul-
cos que cada dia iam tatuando a pele. O retrato do tempo da filha era um. Este era
outro. Acostumara-se com aquele que estava na moldura prateada, na cantoneira da
sala. E ainda se fazia com aquela imagem. O rosto liso, os olhos tinindo, o pescoço
até a fronte. Esta é uma fotografia de um homem velho, concluiu. E foi metendo de
novo a foto entre as outras.
Notou que o ônibus estava chegando... Estendeu a mão, puxou o cordel...
- com licença — pediu.
O passageiro que estava a seu lado afastou-se, para dar-lhe passagem.
- Brigado, disse ao passeiro.
E quando deu o primeiro passo, o passageiro tocou-lhe a ponta do paletó.
Virou-se. Que diabo queria o homem?
- 0 senhor deixou cair uma fotografia.
Antes de entregar, o passageiro botou os olhos na foto, disse:
- É sua.
- É, confirmou.
Quando o ônibus saiu, ainda em marcha lenta, esperou que a janela do passa-
geiro passasse diante de seus olhos. Foi passando, devagar. O passageiro cruzou os
olhos nos dele. O vidro estava arriado. O passageiro sorriu. Disse: — Tá boa.
Rômulo entrou em casa. Chamou a mulher, mostrou-lhe as fotos. A mulher
começou a examinar, em silêncio, passando as fotos (todas iguais) entre os dedos.
Depois beijou uma delas, dizendo que o marido não mudara coisa nenhuma. A fo-
tografia estava muito melhor do que a que tirara antes.
- Você acha?
A mulher sentiu que o marido ficara com a pergunta pendurada nos lábios.
Precisa responder. Agora, não mais ao marido, mas a ela mesma. Amanhã ou depois
também teria que fotografar-se, para substituir a foto que estava na mesma mol-
dura, ao lado de Rômulo. Então ergueu a cabeça, retesou o busto meio escorrido,
meteu os dedos nos cabelos do marido, afirmou:
- Acho.
comentários orais sobre o texto.
Leia em silêncio, buscando entender, em toda a profundidade, um texto que o
poeta Carlos Dummond de Andrade escreveu ao visitar uma exposição do fotógrafo
Aécio:

DE DRUMMOND PARA O FOTOGRÁFO AÉCIO

"Olha, descobre este segredo: uma coisa são duas - ela mesma e sua imagem.
Repara mais ainda. uma coisa são inúmeras coisas. Sua imagem contém uma
infinidade de imagens em estado de sonho, germinando no espaço e na luz. E
as criaturas são também assim, múltiplas de si mesmas. A variedade de
imagens revela o mundo que nasce a cada instante em que o contemplo:
formas, ritmos, ângulos, expressões, fragmentos, síntese."

"A imagem é um ser vivo, como os demais seres.


E quer penetrar em teu espírito, habitá-lo como hóspede afetuoso.
Se a recolheres com toda pureza da vista e completa simpatia da mente, ela
te enriquecerá".

Reveja as fotos, procurando ir além do visível, e escreva o que sentiu, coisa


solta, sem necessidade de ter sentido lógico:

Agora, você já tem material suficiente para criar uma redação. Escolha você
mesmo o tema; Se preferir, pode escrever uma redação bem engraçada, tendo esse
título: "Essa casa não me é Estranha".
MÓDULO 60

REDAÇÃO EXPLORANDO ASPECTOS LÚDICOS NA CONSTRUÇÃO DE


UM TEXTO - AULA DUPLA

1ª fase: Abaixo estão cinqüenta e nove palavras, desordenadas. Elas foram


retiradas de um poema de Manuel Bandeira (não dizer antes qual). Você vai cons-
truir uma redação com todas as palavras, sem repetir ou acrescentar outras, usando
o seguinte processo:
a - como num jogo, você vai escrever cada palavra num pequeno pedaço de
papel;
b - depois, coloque em cima da carteira as palavras que servirem para a frase
ou período que vai construir;
c - após a construção de cada período ou frase, registre-a no caderno e deixe
de lado as palavras usadas;
d - continue o jogo até terminarem todas as palavras;
e — se sobrar(em) alguma(s), retome as frases ou períodos e veja a possibi-
lidade de encaixá-la(s) neles;
f - tente distribuir os períodos num texto, obedecendo a uma relativa ordem
(você já sabe que até no pensamento caótico há uma ordem subjacente);
g - não será dada a relação da pontuação usada, para você trabalhar mais li-
vremente, fazendo a sua pontuação.

Vamos ao jogo, como naqueles brinquedos de armar de nossa infância:

meu diabo revi saí leve afinal coração menino ficava de o quem terra pequeni-
no Recife terra pôs diabo minha completamente arranha-céus bonita de mu-
dada tem é hoje passei hoje avenidas e trinta dele está de minha uma foto sua
bonita mudado uma está quando anos longe me completamente arranha-céus
bonita tem vez terra avenidas em cidade é diziam cidade.

2a fase: Cada aluno terá a sua redação.

3a fase: O professor passará no quadro ou distribuirá o poema mimeografado.


Poema utilizado no jogo de palavras:

MINHA TERRA

Manuel Bandeira

Saí menino de minha terra.


Passei trinta anos longe dela.
De vez em quando me diziam:
Sua terra está completamente mudada,
Tem avenidas, arranha-céus...
É hoje uma bonita cidade!

Meu coração ficava pequenino.

Revi afinal o meu Recife.


Está de fato completamente mudado.
Tem avenidas, arranha-céus.
É hoje uma bonita cidade.

Diabo leve quem pós bonita a minha terra!


MÓDULO 61

REDAÇÃO COM INÍCIO TRADICIONAL - AULA DUPLA

Na boca dos contadores de caso, as estórias sempre começavam com um "era


uma vez".
Drummond, aproveitando o era uma vez, nos conta essa:

ANEDOTA BÚLGARA

Carlos Drummond de Andrade

Era uma vez um Czar naturalista


que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam borboletas, e andorinhas,
Ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.

Vamos fazer uma brincadeira: aproveitando a estrutura e algumas palavras do


poema, você vai criar outra estória, começando com o "era uma vez", é lógico:

Anedota.............................
Era uma vez um............................................................................................................
que ...............................................................................................................................
Quando lhe disseram que .............................................................................................

ficou muito,
e achou....

Clarice Lispector sentia-se impossibilitada de escrever uma estória que come-


çasse com o "era uma vez", conforme confessa na crônica:

ERA uma VEZ

Clarice Lispector

Respondi que eu gostaria mesmo era de poder um dia afinal escrever uma his-
tória que começasse assim: "era uma vez...". Para crianças? Perguntaram. Não, para
adultos mesmo, respondi já distraída, ocupada em me lembrar de minhas primeiras
histórias aos sete anos, todas começando com "era uma vez"; eu as enviava para a
página infantil das quintas-feiras, do jornal de Recife, e nenhuma, mas nenhuma,
foi jamais publicada. E era fácil de ver por que. Nenhuma contava propriamente
uma história com os fatos necessários a uma história. Eu lia as que eles publicavam,
e todas relatavam um acontecimento. Mas se eles eram teimosos, eu também.
Mas desde então eu havia mudado tanto, quem sabe ou agora já estava pronta
para o verdadeiro "era uma vez". Perguntei-me em seguida: e por que não começo?
agora mesmo? Seria simples, senti eu.
E comecei. Ao ter escrito a primeira frase, vi imediatamente que ainda me era
impossível. Eu havia escrito:
"Era uma vez um pássaro, meu Deus."
Contudo, em 1º71, ela conseguiu escrever uma estória começando com o
"era uma vez" no livro "Felicidade Clandestina". A estória se chama "uma História
de Tanto Amor". Só que não vamos contá-la aqui. Vamos apenas iniciá-la, dar o
primeiro período dela e você continuará escrevendo-a, como se o começo fosse seu:

Era uma vez uma menina que observava tanto as galinhas que lhes conhecia a
alma e os anseios íntimos.
REDAÇÕES ATRAVÉS DE TESTES DE SONDAGEM
MÓDULO 62

Entrevista para sondagem de classe desconhecida.

Poderá ser redigida ou com respostas orais, em mais de uma aula, chamando os
alunos individualmente. Deverá ser no(s) primeiro(s) dia(s) de aula.

1º) Faça um currículo de sua vida escolar: onde e quando estudou — como
foram o pré-primário, o 1º grau, o 2º grau (se for aluno do 2º grau,
transferido ou novo para o professor).
2º) O que acha do ensino da língua portuguesa? Qual a função dele? como
deve ser feito? Qual a importância do ensino de regras gramaticais? As
regras valem mais como teoria ou como prática?
3º) Já foi reprovado em Português? Razões.
4º) Você gosta de 1er? Que tipo de livro? Quais livros leu? De quais gostou?
— Razões. Lê jornais e revistas? Quais? Por quê? Quais assuntos procura
com maior interesse? Há algum livro que gostaria de ter lido? Que im-
portância tem à leitura de jornais, revistas e livros de literatura para a
aprendizagem da língua?
5º) Você conversa com pessoas que lêem? Se a resposta for positiva — que
diferença nota entre elas e as que não lêem?
6º) Você conversa com pessoas que falam corretamente o Português? como
falam em seu meio ambiente? Em suas conversas, você procura falar
corretamente? Já combinou com sua turma de um corrigir o(s) ou-
tro(s)?
7º) Você tem hábito de redigir? Qual a importância da redação no ensino de
uma língua?
8º) Que tipo de aula você prefere?
ºº) Você participa da aula? 10º) Gosta de
trabalhar sozinho ou em grupo? 11º) Que tipo de
revisão prefere?
12º) Você vê ligação do Português com quais matérias do currículo escolar?
13º) como gostaria que fosse seu professor de Português? 14º) Faça sugestões
para o nosso trabalho no ensino da língua portuguesa. 15º) Muitos dizem que
os jovens não lêem, consequentemente, não escrevem; quando falam, usam
meia dúzia de gírias, que estão gastas e servem para tudo (curtir, legal, bacana,
é isso aí, fala). Você concorda com a afirmativa? Argumente bem sua posição.
MODULO 63

REDAÇÃO: entrevista em grupo — levantar perguntas de cultura geral de toda a sala


— cada aluno fará uma pergunta, supondo-se jornalista que está entrevistando
alguém. Depois, cada aluno responderá todas as perguntas, colocando-se no lugar
do entrevistado. Essa redação pode ser feita em todas as salas do 2º grau. Escolhe-
mos as perguntas abaixo relacionadas feitas no 2º ano de magistério, sem censura
ou ajuda do professor:

Aluno 1 — Você viu o filme "Os Sobreviventes dos Andes?" Você aprova ou
reprova os sobrevientas terem comido came humana?
Aluno 2 — Na sua opinião, qual a mais importante das descobertas
Aluno 3 humanas?
Aluno 4 — Dos livros que você leu, de qual gostou mais?
Aluno 5 — Qual sua opinião sobre o escritor Jorge Amado?
Aluno 6 — Para você, o que é canibalismo?
Aluno 7 — Qual a qualidade que mais admira no ser humano?
Aluno 8 — O que acha da Literatura Brasileira?
Aluno º — Qual o filme mais interessante que você assistiu? Por qué?
Aluno 10 — Em quais disciplinas tem mais dificuldade?
Aluno 11 — O que pensa dos acontecimentos políticos em Angola?
Aluno 12 — O que acha da música?
Aluno 13 — como vê a juventude de hoje?
Aluno 14 — O que acha do mundo atual?
Aluno 15 — As pesquisas sobre o câncer darão resultados?
Aluno 16 — Fale sobre sua posição diante do racionamento de gasolina.
Aluno 17 — Dê sua opinião sobre a exploração espacial.
Aluno 18 — Você acredita no fim do mundo?
Aluno 1º — Qual seu objetivo fazendo magistério?
Aluno 20 — Os crimes e os vícios derivam da fraqueza?
— Você aprova ou não as reportagens sensacionalistas em
Aluno 21 torno do crime de Doca Street?
Aluno 22 — O que o governo pode fazer pela juventude?
Aluno 23 — Que acha do cinema nacional?
Aluno 24 — Já leu Érico Veríssimo? O que achou?
Aluno 25 — como vê o preconceito racial?
Aluno 26 — Qual é a situação do escritor brasileiro?
Aluno 27 — Até onde a TV proporciona cultura?
Aluno 28 — Que tipo de leitura prefere?
Aluno 2º — Você acredita que a poluição terá fim?
Aluno 30 — Qual a sua reação diante de tantas enchentes?
Aluno 31 — O que mais valeu a pena pra você até hoje?
Aluno 32 — O que acha do limite de 80 Km por hora?
— como vê a Língua Portuguesa?
Aluno 33 — O que acha de liberdade?
Aluno 34 — Qual a importancia do dinheiro em sua vida?
Aluno 35—0 que é comunidade?
Aluno 36—0 que é mais importante para a humanidade?
Aluno 37—0 que pensa da vida?
MÓDULO 64

ENTREVISTA PARA INTRODUZIR AS AULAS


DE REDAÇÃO - AULA DUPLA

Trabalho que poderá ser feito escrito ou oralmente. 1º) Qual é mais difícil -
falar ou escrever? Razões. 2º) Você tem hábito de redigir ou só redige na
escola? 3º) Na escola, gosta de redação com tema dado pelo professor ou
com temas que você mesmo escolhe? Razões. 4º) Será melhor redigir sem
ter lido nada sobre o assunto ou um texto motivador ajuda a nascer idéias?
5º) Que tipo de assunto você prefere para redigir? Enumere alguns e dé as
razões da escolha. 6º) Você escreve carta regular ou esporadicamente? Que
tipo? Para que tipos de pessoas? 7º) Escreve diários íntimos? Tem o hábito
de anotar coisas que acontecem
com você? 8º) Você acha que redigir seja um dom? Ou redigir um texto
literário é
que exige um dom especial? 9º) O que é conteúdo? O que é forma? As duas
coisas andam juntas ou podem ser olhadas separadamente? 10º) Se o aluno
diz que tem muitas coisas pra escrever, mas não sabe como,
o que falta a ele? 11º) Se pelo contrário, ele diz que não tem o que
escrever embora saiba
escrever, o que lhe falta? 12º) Sempre que você está escrevendo está
redigindo? 13º) O vocabulário que você deve usar em suas redações deve ser
o ativo (que faz parte de sua vivência, que você usa normalmente) ou um
vocabulário passivo (superior, difícil, que está nos dicionários)? 14º) Os
temas melhores para redação são aqueles tirados do nosso dia-a-dia, de nossa
fantasia, ou aqueles extradotrinários, que dariam um romance? 15º) Pode-se
ensinar alguém a escrever?
16º) Leia as afirmativas relacionadas abaixo, com atenção, e pergunte ao
professor a que não ficou bem clara para você:

A) Afirmativa: a redação é um depoimento escrito em que o aluno


(que quase sempre é obrigado a ficar calado, a assistir passivamente
às aulas) tem oportunidade de dizer o que pensa, mostrar suas vi-
vências seus interesses, sua capacidade criadora — portanto, ele pas-
sa a ser o centro da escola.
B) A leitura é a base da arte de escrever.
C) A vida fornece todos os temas, até os irreais.
D) Só comunicará bem aquele que criou o hábito de leitura e aprendeu
a olhar a vida com profundidade e abertura.
E) Todo mundo tem o que dizer, até o analfabeto - olhe para os lados,
pense, lembre coisas e os temas nascerão.
F) A clareza é a qualidade essencial de uma redação.
G) A correção está ao lado da clareza, é qualidade complementar.
H) Há outras qualidades que são adquiridas com o tempo, como a har-
monia, a riqueza de idéias, o poder de síntese, a argumentação
lógica, a riqueza vocabular.
I) Há qualidades de apresentação que enriquecem um texto, como:
limpeza, caligrafia, ilustração, bom uso do parágrafo (que ajude na
clareza), das margens,
J) Todos podem ser relativamente originais, mas a escola não está
querendo de você originalidade absoluta, não está querendo que
você faça literatura e, sim, um texto comunicativo. Originalidade
plena é para os artistas das palavras: os poetas, os prosadores. Mas
a originalidade relativa está ao alcance de todos nós.
MODULO 65

REDAÇÃO TENDO O SISTEMA PROUSTIANO DE AVALIAÇÃO


DE PERSONALIDADE COMO MOTIVAÇÃO - AULA DUPLA.

SIMENON RESPONDE A PROUST

José Carlos de Oliveira

Um jornal de São Paulo me envia uma cópia do famoso Questionário Proust,


solicitando resposta para pulicação. É jornal de circulação local, embora nacio-
nalmente conhecido. Tanto que o contacto comigo se faz pelo Correio. Portanto,
posso muito bem publicar as respostas aqui neste espaço, esperando que eles as
republiquem lá, para seu público específico; não creio estar sendo deselegante.
Lá se vão muitos anos, aceitei o desafio de Proust para meu divertimento pes-
soal e o de alguns amigos. Algum tempo depois um suplemento feminino me subme-
teria o mesmo jogo, ao qual não me furtei. Mas já não me lembro quem eram esses
dois que, em épocas diferentes, usaram o meu nome e manifestaram as minhas opi-
niões e caprichos; e estou certo de que, hoje, não concordaria com um nem com
outro. Por coincidência (atenção: doravante falaremos seguidamente em coinci-
dências), por mera coincidência, dizia eu, procurando um livro que devo começar a
1er e que se perdeu na barafunda que é o meu escritório, em vez dele encontrei o
que restou de uma antologia de contos policiais publicada em Lisboa. O volume
mutilado começa na página 413, já no desfecho de uma narrativa intitulada Crime
em 1999, de Fredric Brown. Na página 674 se inicia o último conto da antologia:
Morte na Aldeia, de Georges Simenson, precedido de uma nota biográfica do autor
e das respostas que ele deu ao sistema proustiano de avaliação da personalidade.
Não resisto à tentação de transcrever, limitando-me a abrasileirar construções e vo-
cábulos. (Meu próprio depoimento será publicado em seguida).
Marcel Proust - O principal rasgo do seu caráter?
Georges Simenon — A falta de confiança em mim.
- A qualidade que mais aprecia no homem?
- Que não desfaleça apesar da sua debilidade.
- A qualidade que mais aprecia na mulher?
- A de ser mulher.
- O que mais admira nos seus amigos?
- O gosto pela vida.
- Seu principal defeito?
- Tenho muitos: dava para um capítulo, ou até para uma novela.
- Sua ocupação preferida?
- Ser marido e extremoso pai de família.
- Seu sonho de felicidade?
- O equilíbrio.
- Qual seria a sua maior desgraça?
— Faltar aos meus, ou que eles me faltem.
— Que desejaria ser?
— Um Homem.
— Onde desejaria viver?
— Em todos os lugares ao mesmo tempo.
— Sua cor preferida?
— O amarelo.
— A flor preferida?
— A margarida.
— O pássaro que prefere?
— O pintassilgo.
— Seus autores favoritos na prosa?
— Checov e Faulkner.
— Seus poetas favoritos?
— Nenhum.
— Seus heróis de ficção?
— Não tenho preferência.
— Suas heroínas de ficção?
— Nenhuma.
— Seus compositores preferidos?
— Não entendo de música, mas gosto de ouvir Bach.
— Seus pintores prediletos?
— Entre os antigos, Goya; nos modernos, os fauves e Bernard Buffi.
— Seus heróis na vida real?
— Não creio em heróis.
— Suas heroínas na vida real?
— A mesma coisa.
— Os nomes que prefere?
— Os mais simples e os mais clássicos. Dei aos meus filhos nomes de evange-
listas ou apóstolos, que nunca passam de moda.
— Que é que detesta acima de tudo?
— Perder tempo.
— Quais os caracteres históricos que despreza especialmente?
— A grandeza.
— Qual o feito militar que mais admira?
— Nenhum.
— Qual a reforma que mais aprecia?
— A supressão da pena de morte.
— Que dons naturais gostaria de ter?
— A serenidade.
— como gostaria de morrer?
— Discretamente.
— Estado atual do seu espírito?
— Máximo bem-estar, dentro do possível (para mim).
— Fatos pelos quais tem mais indulgência?
— Todos.
— O seu lema?
— Esmerar-me.

Agora que você leu o texto, percebeu as inteligentes respostas de Simenon,


responda a toda as perguntas de Proust, procurando justificar as respostas que exi-
jam argumentação maior.
REDAÇÃO APROVEITANDO SUGESTÕES MÓDULO 66
FAMILIARES - AULA SIMPLES

complete com o que der vontade:

Eu nasci:

A minha mãe

O meu pai

Os meus parentes

Em minha casa

Minha vida familiar é


REDAÇÕES SUGERIDAS PELAS DATAS COMEMORATIVAS
MODULO 67

REDAÇÃO PARA SER APLICADA EM DATA


PRÓXIMA A 1º DE MAIO-DIA DO TRABALHO:

Cada aluno entrevistará um trabalhador, dentro das várias atividades exercidas


na cidade. Caberá ao professor escolher o tipo de trabalhador e fornecer um roteiro
padrão, que será enriquecido por cada aluno, de acordo com o seu entrevistado.
Caberá ao aluno entrevistar e fazer a apresentação da entrevista, lendo-a ou apre-
sentando-a oralmente, através de gravação em fita.
Alguns profissionais lembrados (também essa lista poderá ser enriquecida ou
diminuída, de acordo com o número de alunos em sala): advogado, professor,
médico, engenheiro, sapateiro, dentista, alfaiate, mecânico, bancário, jornalista,
radialista, escritor, comerciante, comerciário, padre, livreiro, delegado, juiz, promo-
tor, trabalhador em banca de revista, coveiro, diretor de escola, diretor de clube,
industrial, lavrador, farmacêutico, motorista de praça, garçon, viajante comercial,
contador, enfermeira, doméstica, funcionário público, jogador de futebol, músico.

ROTEIRO com SUGESTÕES DE TRABALHO (QUE O ALUNO DEVERÁ


ENRIQUECER E FAZER AS DEVIDAS ADAPTAÇÕES):

a - Currículo do(a) entrevistado(a) como introdução: nome, idade, local de trabalho,


horário, tempo de serviço, outros locais de trabalho ou outras profissões que o(a)
entrevistado(a) já teve, dados sobre o tipo de traballio, opinião do entrevistador
sobre o entrevistado(a). b - Possíveis perguntas:
I - O que acha de seu serviço economicamente e como realização humana? II
— Que futuro o(a) senhor(a) vé para esse tipo de trabalho? III — Quais os seus
planos profissionais? IV — como acha que as pessoas vêem o seu traballio? V
— Qual as possibilidades de desenvolvimento de sua profissão dentro da
cidade, dos estado, do país? VI — Dentro do plano de convivência humana, seu
trabalho é bom? VII — O(a) senhor(a) se sente feliz nessa profissão? Razões.
VIII - Já pensou algum dia em abandonar essa sua atividade, trocá-la por outra?
Se já, quais os motivos? IX — Acha seu traballio criativo ou rotineiro? X -
Que estórias interessantes, acontecidas em seu trabalho poderia nos con
contar? XI — Cada profissão tem seus espinhos e, também, suas
compensações —
conte pra nós quais são os pontos positivos e negativos da sua. XII - O que o(a)
senhor(a) costuma fazer em suas horas de descando? Tem alguma ocupação fora
da profissão que lhe dá alegria? Qual? Que tipo de diversão procura nos domingos
e feriados?
XIII - Toda profissão tem certas palavras próprias dela (aqui o aluno explicará e
exemplificará, já orientado, o que é linguagem técnica profissional - se necessário)
- dé alguns exemplos do vocabulário usado especialmente em sua profissão.
c — Conclusão do trabalho: aluno fará uma narração oral, falando o que observou
no(a) entrevistado(a) e na profissão dele.
MÓDULO 68

REDAÇÃO PARA A SEMANA DA PÁTRIA:


O HOMEM BRASILEIRO - AULA DUPLA

complete os espaços: O

brasileiro é:

O brasileiro gosta de:

O brasileiro não gosta de :

O brasileiro: trabalha (só verbos)

Há pouco tempo, numa propaganda indireta, as Empresas do Grupo Rhodia"


publicaram, na Revista Veja, sem dar o nome do autor, deliciosas "Estórias do Povo
Brasil". Vamos 1er essa:

AS DESAVENÇAS DE UM PAPAGAIO DE PENSÃO

- Dã o pé. Louro...
- O nome dele não é Louro, é Cícero. E
o próprio papagaio confirma:
- Cícero. Cícero.
Gente nova na pensão acha muita graça mas nem todos os hóspedes antigos
concordam. O papagaio tem inimigos. Culpa dele, que não sabe a hora de calar da
boca.
A Dona Leontina não tolera o papagaio. Toda vez que passa pela área de ser-
viço da pensão ouve o comentário do desbocado Cícero.
- Gorda!
E o Dr. Juvelino, que um dia caiu nas asneira de gritar, durante uma discus-
são na mesa, "Eu sou insuspeito!" e depois não podia chegar perto do desentendido
Cícero, sem ouvir o chamado:
- Suspeito! Suspeito!
Os defensores de Cícero, uma minoria dentro da pensão, argumentam que o
papagio não faz por mal. Ele simplesmente repete o que ouve. Mas Dona Dulce,
mulher do escrivão Morgadinho, que vive se queixando de dores e da vida — e por
isso Cícero sempre diz "Ai, ai" quando ela está perto - insiste que ele sabe muito
bem o que está fazendo.
— É um animal malvado.
Os outros concordam:
— Desrespeitoso:
— Debochado.
Dona Leontina completa, com ênfase:
— Um acinte!
Identificando a voz de Dona Leontina, Cícero grita da área de serviço:
— Gorda!
Mas a dona da pensão, claro, é quem tem a última palavra, e ela se recusa a
ouvir as queixas contra Cícero. Pobrezinho do Cícero.
É uma boa alma. Um pouco malcriado, mas no fundo é um anjo. Cícero acei-
ta esta análise do seu caráter e repete:
— É um anjo.
Todas as manhãs a pensão acorda com os insólitos diálogos da cozinheira
Celestina com Cícero. Os dois se adoram mas vivem se insultando.
— Cala a boca, diabo.
— Romão. Olha o Romão.
Romão é um antigo namorado que abandonou a Celestina, e que a velha co-
zinheira inclui em todas as suas pragas.
— Cala a boca senão hoje vai ter!
— Véia. Véia.
— Te passo na faca!.
E ninguém mais consegue dormir.
Um dia Cícero ficou doente.
Abatido, sem fome, passava o dia roncando baixinho. Parecia asma. A facção
pró-Cícero logo suspeitou do pior. Cícero fora envenenado pelos seus inimigos. Mas
todos protestavam inocência. Não se rebaixariam a tanto.
Durante uma semana não se ouviu a voz do papagaio dentro da pensão.
Dona Leontina, o Dr. Juvelino, dona Dulce, todos passavam e repassavam pe-
los domínios de Cícero sem arrancar um comentário.
A velha Celestina provocava o amigo — "Fala, diabo" — mas nada. O Cícero
paradão. Às vezes trocava de pé, c era só. Nem uma palavra.
Até seus inimigos tomaram dó do bicho. Chegavam na pensão e iam logo per-
guntando: melhorou? E iam espiar o pobrezinho do Cícero, uma boa alma, um anjo
no seu silêncio. Chamaram um veterinário.
O Dr. Alcebíades.
— Aquele com cara de bode?
Ele mesmo. O Dr. Alcebíades chegou e foi examinar o Cícero. E este, num es-
forço, baixinho, com a voz rouca:
— Cara de bode...
Foi uma festa. Todos se abraçavam em redor do poleiro. Menos o Dr. Alce-
bíades, que foi embora indignado.

Daremos três modelos de pequenas estórias, de um período apenas, tendo o


povo brasileiro como personagem. Você criará outras com as mesmas características,
durante dez minutos:

1 - Marina, menina humilde, pés no chão, brinca com sua boneca de pano
e é feliz.

2 — Geraldo pôs brillantina no cabelo, acerta a gola da camisa, apanhou


seus cadernos e foi assobiando assistir à aula do Mobral.

3 - como se me interrogasse com o olhar, o velho vendedor de bilhetes


insistia na cobra, jogo bom e certo que eu não quis.

4 - .........................

Vamos 1er outra das "Estória do Povo Brasileiro":


"Genival, a Vaca Valente e a Terrível Onça Assassina".

- Respeitable público!
Todo apresentador de circo tem sotaque espanhol. Por isto o Genival também
tem, apesar de ser de Caruaru.
- Respeitable público! Hoy, aqui mismo, no Gran Circo American's Show,
apresentaremos a grande luta, até a morte, de una vaca e de una onça! Quem tiver
coraçon fraco é melhor ir embora. Criança se esconde, mulher fecha os olhos do
marido e marido fecha a boca da mujer!
O público dá risada. Durante dias foi anunciado na cidade: Não percam! uma
luta até a morte da onça com a vaca! A casa está cheia. O público está nervoso.
- Atención. Vamos começar nosso maravilhoso desfile de atrações interna
cionais com a equilibrista Valquíria!
O público não conhece Valquíria. com o rosto maquiado e o saiote de cetim,
ela não se parece com a moça que vendia entradas na bilheteria do circo.
Um acordeom e um pistão acompanham o número de Valquíria, que caminha
sobre o fio a dois metros do chão. O acordeonista é o próprio Genival. Valquíria
encerra o seu número sob aplausos.
- Não esqueçam, senhores e senhoras. No final do espetáculo, uma onça fe
roz e uma vaca lutarão até a morte. Quem estiver na primeira fila, cuidado que pue
de espirrar sangue.
O espetáculo continua. Três palhaços - dois filhos de Genival e o chofer do
circo - divertem o público. O número dos três termina com um dos palhaços sen-
tado no colo de uma velha na primeira fila. Mais risadas e aplausos.
- Atención. Eu quero saber. A vaca está pronta? E Genival coloca a mão em
concha atrás da orelha, para ouvir a resposta que vem dos bastidores.
- Está!
- E a onça está pronta?
A mão em concha na outra orelha.
— Está!
— Mas a luta vai ser no fim do espetáculo. Quem não quiser ver ainda pode
ir embora.
Quem não quiser sujar as calças com medo da onça, é melhor ir para casa.
Sujar as calças! O público ri de se dobrar, que circo melhor nunca apareceu
na cidade.
Há um número musical.
Acordeom, pistão e Rudiléia - mulher de Genival, que ele apresenta como
Índia Noara — cantando com seu violão pintado com uma paisagem tropical.
Depois, os palhaços outra vez. Depois, Valquíria e o chofer (agora eles são
Soraia e Sarão) cantam e dançam. E quando os filhos de Genival voltam para equi-
librar cadeiras no queixo, o público começa a ficar impaciente. Mas chega a hora da
luta.
— E agora, senhores e senhoras, chegou el grande momento que todos espera
vam. A grande luta da onça e da vaca!
Aplausos frenéticos.
— Apresentando... A Vaca Valente !
Palmas para Vaca Valente, que entra no picadeiro puxada pelo pistonista,
meio a contragosto.
— E, atenção: apresentando... a terrível onça assassina que...
Apagam-se todas as luzes. Há gritaria. Genival pede calma e silêncio. Ouvem-se
vozes vindas dos bastidores. "Segura!" "Cuidado!" "Não deixe fugir!" "Fugiu"!".
Grande confusão. Quando as luzes se acendem, só a Vaca Valente mantém sua tran-
qüilidade, sem se mexer do lugar. Um dos filhos de Genival corre até o apresentador
e sussurra alguma coisa, dramaticamente, no seu ouvido.
Genival faz gesto teatral de desespero.
— Respeitable público! uma notícia muito grave. A onça fugiu!
O público sai do circo em debandada, ouvindo atrás de si os conselhos do
apresentador.
— Não saiam de casa. Tranquem a porta. A onça já comeu cristão e gostou!
Genival manda prepararem tudo para o circo partir em seguida. No escuro
ninguém se lembrará de ir atrás deles para pedir o dinheiro de volta.
Ainda mais que ninguém pode ter certeza, mas certeza mesmo, que a onça
não existe. Afinal, a vaca existia.

Agora, releia suas pequenas estórias, as que escreveu sobre o povo brasileiro
e crie você também uma das "Estórias do Povo Brasileiro". Note que o humor é
nota marcante nos dois textos lidos. Ou você é daqueles que concordam que o brasi-
leiro é um homem triste?
MÓDULO 69

REDAÇÃO EM COMEMORAÇÃO AO DIA DA CIDADE


AULA SIMPLES

Através de entrevista escrita e, depois, leitura em sala. A redação poderá ser feita
também em aula dupla, com música ou/e textos sobre a cidade natal dos autores, bem
como com postais da própria cidade. Também poderá ser feita a entrevista em forma de
painel.
1º) Descreva sua cidade fisicamente e dentro do ponto de vista de urbanização.
2º) Quais são os produtos que se destacam na economia de sua cidade?
Eles são ligados ao meio rural ou industrial? 3º) como você vê o nível
cultural de sua cidade? 4º) Quais as entidades estudantis e de
COMUNICAÇÃO que contribuem para
nossa cultura? como contribuem? 5º) Quais as pessoas que se destacam no plano
cultural? Nas artes? Nas ciências? Nos meios de comunicações? 6º) como você
vé a administração da cidade?
7º) O que a cidade oferece para jovens de sua idade? (o aluno deverá observar
oportunidades de estudo, trabalho, desenvolvimento cultural, diversões e
integração social). 8º) como você vê a atitude dos mais velhos aqui?
9º) Fale dos usos, costumes, linguagem, tradições, festas populares, parti-
cularidades e outros dados interessantes da cidade. 10º) O que falta aqui,
principalmente? 11º) Explique o nome de sua cidade — e conte, se houver,
lendas ligadas a
ele. 12º) Quais são os tipos populares da cidade? Afinal você gosta de viver aqui?
Por quê?
MÓDULO 70

REDAÇÃO PARA A SEMANA DO FOLCORE - AULA DUPLA

Introduzir a aula com músicas folclóricas, com gravação ou cantadas pela tur-
ma ("Meu Boi Morreu", "Ciranda, Cirandinha", "O Cravo Brigou com a Rosa",
"Peixe Vivo" e outras).

Sabedoria Popular, os provérbios, o professor dá um o aluno dá três:

1 - Pé torto, chinela velha.


1 - _______________________________________________
2 - _______________________________________________
3 - ____________ __________________________________

2 - Boca fechada não entra mosquito.


1 - ____________________________________________________
2 - ____________________________________________________
3 - ______________________ _________________ . ________

3 - De grão em grão a galinha enche o papo.


1 - _____________________________________________________
2 - _____________________________________________________
3 -----------------------------------------------------------------------------------

4 - Pra quem sabe 1er um pingo é letra.


1 - ____________________________________________________
2 - ____________________________________________________
3 - ________________________________________________

5 — Em terra de cego quem tem um olho é rei.


1 - ____________________________________________________
2 - ____________________________________________________
3 - ____________________________________________________

DESSACRALIZAÇÃO DA FILOSOFIA POPULAR:

BOM CONSELHO

Chico Buarque

Ouça um bom conselho


Que eu te dou de graça
Inútil dormir Que a dor
não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado
Quem espera nunca alcança

Venha meu amigo


Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar

Faça como eu digo


Faça como eu faço Aja
duas vezes Antes de
pensar

Vou atrás do tempo Vim de


não sei onde Devagar é que
não se vai longe

Eu semeio o vento Na
minha cidade Vou pra
rua E bebo a
tempestade

comentário sobre a letra da música, situando quais provérbios foram negados e


como.

A Metáfora popular - o professor dá uma, o aluno dá três:

1 — Um gosta dos olhos, outros da remela.


1 - _______________________________________________
2 - _______________________________________________
3 - _____________________________________________________

2 — Deu com os burros n'água.


1 - _______________________________________________
2 - _____________________________________________________
3 - _____________________________________________________

3 - Veio para-pôr-os-pingos-nos-is.
1 - _______________________________________________
2 - _____________________________________________________
3 - _____________________________________________________
4 - Jogou verde pra colher maduro.
1 - ____________________________________________________
2 - ____________________________________________________
3 - ____________________________________________________

5 — Está chovendo no molhado.


1 - _______________________________________________
2 - _______________________________________________
3 - _______________________________________________

ADIVINHAS: O professor dá um, o aluno dá outro: 1


— Tenho dente, não sou gente.
Tenho barba, não sou homem.
A minha cabeça, eles comem.

1 - _________________________________________________________
2 - _________________________________________________________
3 ------------------------------------------------------------------------------------------

TRAVA-LÍNGUA: O professor dá um, o aluno dá outro: 1


- Quem a paca paga caro, Paca caro pagará.

1 - ___________________________________________________
2 ____________________________________________________
3 ____________________________________________________

Cada um tentará reescrever uma lenda popular, se possível, dando um toque


pessoal, modificando alguma coisa.
BIBLIOGRAFIA

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VILELA, Luiz. No Bar. Edições Bloch, Rio, 1868.

Capas e folhetos que acompanham discos de João Bosco, Paulinho da Viola, Dorival
Caymmi, Taiguara, Caetano Veloso, Marisa.
Revistas: Veja, Cultura.
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