JUSNATURALISMO
JUSNATURALISMO
JUSNATURALISMO
Para os jusnaturalistas, a sociedade deve ser regida por normas implícitas, ou seja, que
"já nascem conosco", essas normas estão em nossa consciência. O direito natural está
acima da lei, logo, se a lei for contrária ao direito natural, ela não poderá ser considerada
válida.
Assim, o direito natural é algo que decorre da natureza das coisas, algo inerente à
natureza humana. De acordo com esse pensamento, só haverá justiça quando a
vontade humana se dirigir para os fins da natureza, que são naturalmente bons e justos.
Assim, o verdadeiro direito não é aquele que se fundamenta em vontades arbitrárias,
mas sobre as ideias morais inatas ao homem.
Da mesma forma que as leis da física são inerentes à natureza humana, o direito natural
também é. Sendo o direito natural inerente à natureza humana, ele provém de duas
fontes:
O direito natural surge pela primeira vez na história do pensamento com os gregos, que
demonstraram a ligação do direito com as forças e as leis da natureza. Na Grécia antiga
a razão (lógos) era considerada a fonte do direito natural. Para os gregos, acima da lei
estava o direito natural, acima da lei estava a razão de modo que as leis produzidas
pelos homens deveriam ser uma manifestação dessa razão. Assim, se uma lei fosse
contrária à razão, portanto contrária ao direito natural, ela não poderia ser considerada
Direito.
Já o direito positivo começa onde o direito natural termina, tornando obrigatórias por
convenção todas as condutas que são indiferentes ao direito natural.
A decadência do jusnaturalismo
A partir do século XVII passa-se a ter uma concepção inovadora de direito natural, que
ficou conhecida como Doutrina do Direito Natural Racionalista ou do Direito Natural
Abstrato, que afasta o vínculo teológico e procura o fundamento de validade do direito
natural na própria razão humana. É significativa para a compreensão dessa nova visão
a célebre afirmação de Hugo Grócio, de que o direito natural existe, mesmo que, por
absurdo que seja, se admita que Deus não existe.
A primeira distinção sistemática entre Direito e Moral, através do critério do foro, que
pode ser interno ou externo. O foro interno é o lugar do julgamento da consciência,
enquanto que o foro externo é representativo do Direito. O Direito deve cuidar apenas
das ações humanas exteriorizadas. Evidentemente, essa distinção teve enorme
repercussão para a reivindicação da liberdade de pensamento, numa época em que não
só a Igreja, mas o próprio Estado, se atribuíam a prerrogativa de impor determinada
crença, punindo não só o culto diverso (manifestação externa da crença), como a
consciência religiosa contrária.
Entende-se que os fatos históricos possibilitaram ao jusnaturalismo racionalista dar o
passo decisivo da ideia de direito natural objetivo para a concepção de direitos naturais
subjetivos. E essa concepção, por sua vez, muda a história, até porque liberdade,
igualdade e propriedade são valores caros à burguesia e ao Estado liberal nascente.
O jusnaturalismo de base racional possui uma certa semelhança com o direito natural
tradicional porque ele considera que existe algo que está acima da lei e que a lei retira
o seu fundamento de validade disso que está acima dela. Esse algo que está acima da
lei é a Constituição para o jusnaturalismo de base racional (ou jusnaturalismo
racionalista). Como a Constituição é um fenômeno positivado (aprovado pelo poder
legislativo), trata-se de um jusnaturalismo de base racional.
Referências
Aranha, Guilherme Arruda, O jusnaturalismo e o positivismo jurídico de Hans Kelsen. site www.passeidireto.com,
acesso em 02-02-20.
Bittar & Almeida. Curso de Filosofia do Direito. São Paulo : Saraiva, pág.316, 2018.
Steudel, Adelângela de Arruda Moura. Publ. UEPG Ciências Humanas, Ci. Soc. Apl., Ling., Letras e Artes, Ponta Grossa,
15 (1) 43-52, jun. 2007.