A Maconaria - Rizzardo Da Camino

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A MAÇONARIA

Rizzardo Da Camino

@DACAMINO
www.dacamino.com.br
ÍNDICE
Apresentação
Os primeiros passos na Maçonaria
Salomão edifica a Casa do Senhor
O Profano
A Iniciação
A Câmara das Reflexões
O Ensaio
O Templo
O que é o Templo
Disposição e decoração do Templo
O Altar
O Livro Sagrado
O Esquadro
O Compasso
A Borda Festonada
A Estrela Flamígera
A Corda de 81 Nós
As Colunas
A Abóboda Azulada
A Luz
A Régua de 24 Polegadas
As Joias
O Painel da Loja
O Mar de Bronze
O Altar dos Perfumes
O Incenso
O Avental
As Espadas
Os Timbres
A Cadeia de União
A Teoria Atômica
O Balandrau
O Templo
O Rosário
O Compasso
A Saudação
A Comunhão com Deus
Vida e morte, o mistério maior
APRESENTAÇÃO
A Ordem Maçônica tende, sem afastar-se dos princípios
filosóficos e litúrgicos, a criar ”corpo nacionalista”, ou seja, caminhar
por si só, semeando e colhendo os próprios frutos através de uma
experiência que já tem quinhentos anos.
Sem a preocupação de proselitismo, a Ordem se mostra muito
acanhada no que diz respeito à divulgação, limitando-se à
publicação de revistas e jornais, porém de circulação interna.
Nesses periódicos são colhidos artigos, ensaios, estudos
apresentados espontaneamente pelos maçons, havendo portanto,
uma constante troca de pensamentos que de certo modo vêm definir
a existência de uma filosofia brasileira, complementação da filosofia
geral universal.
O outro aspecto da divulgação fixa-se nos livros; muitos
autores, brasileiros estão surgindo, deixando os mais antigos
marcando passo, pois estes repisam conceitos arcaicos e em
desuso.
No entanto, a divulgação literária apresenta-se promissora, pois
temos cerca de sessenta títulos, apresentados por um grupo que
oscila entre quarenta e cinquenta escritores.
Observa-se, em todo território nacional, que as Lojas,
mensalmente, programam iniciações, trazendo para os seus
quadros, sempre mais, novos elementos que vêm engrossando as
fileiras dos adeptos da Arte Real.
Quem tem a oportunidade, como nós, de percorrer o País e
frequentar as Lojas, observa a sede existente, tanto por novidades
quanto por obras já esgotadas.
A dificuldade econômica que atravessamos encarece o livro,
não tanto para o adquirente, mas para o Editor que necessita
empatar um expressivo capital, cujo retorno poderá ser certo porém
demorado.
A divulgação de uma obra, o seu marketing não beneficiou, até
agora, a literatura maçônica; isto porque nas feiras que se
organizam em todos os recantos, encontrar uma estante de livros
maçônicos é um verdadeiro milagre!
Sem o empenho dos Editores, as obras não estimulam a
aquisição simplesmente porque não atingem o maçom.
Existe, ainda, em muitos lugares, o hábito retrógrado de manter
a literatura maçônica dentro das Lojas, em cujos saguões há uma
modesta estante, invariavelmente desfalcada, que oferece certas
obras tradicionais sem a preocupação da atualização e, muito
menos, a presença do Editor.
O nosso primeiro livro, A Cadeia de União, publicado em 1972
pela Editora Aprendiz, dirigida pelo incansável maçom Alberto
Mansur, já teve em outra Editora, a Aurora, do competente editor
Francesco Molinaro, sucessivas reedições. Citamos este exemplo
para dizer que A Cadeia de União é obra no momento esgotada.
O maçom, em sua maioria, desconhece os meandros de uma
publicação e crê que o autor e o editor se confundem. São
raríssimos os autores que, às suas expensas, editam as próprias
obras, motivo porque, também, não cabe a eles a divulgação e a
venda.
Nos nossos contatos com os maçons do Brasil, sem exceção,
nos é solicitado, com grande empenho, o fornecimento dos nossos
livros. Pelas razões acima expostas, obviamente nâo os podemos
atender. Dessa experiência é que temos autoridade para informar
que o livro maçônico tem pouca divulgação.
Se os maçons têm tanto interesse em adquirir as obras
maçônicas, porque as Editoras não se empenham em estendê-las a
todos os recantos do País? Por esse motivo é que nos propusemos
a dar mais um passo, visando satisfazer o maçom brasileiro e atingi-
lo: propiciar a mais de uma editora a edição dos nossos livros.
Somos do Sul e residimos em Porto Alegre: justo e agradável o
encontro que tivemos com os Diretores da Tchê! Editora, novel
empreendimento, em franca expansão, que vem conquistando o seu
predestinado lugar ao Sol no País. Fomos acolhidos de forma
cavalheiresca; a finesse de seu Editor Executivo nos
conquistou. De imediato lhe entregamos um novo título, na
expectativa de que seja o primeiro passo para a construção de uma
estante. O primeiro passo, dado com firmeza, constrói o caminho
que poderá ser uma alameda, uma avenida, enfim, um mundo. Já
escrevemos dezoito livros e temos programados alguns mais, na
esperança de que o Grande Arquiteto do Universo permita uma
eficiente divulgação.
Nossa preocupação maçônica é atingir o novo maçom, as
novas gerações que denominamos aprendizes, para quem sentimos
o impulso de os orientar nos seus primeiros passos.
O presente livro não constitui novidade maior; são conceitos,
fruto de uma longa vivência maçônica e a experiência de que, se a
Maçonaria deseja manter-se ativa e íntegra, deverá instruir os seus
neófitos.
Muitos propalam que o maçom é um eterno aprendiz; não
somos dessa opinião; o maçom passa por várias fases; a primeira é
o do aprendizado, para depois alcançar o companheirismo, o
mestrado, os graus superiores e, assim, alcançar o ápice da
pirâmide.
Ao entregarmos ao público maçom, e também ao profano -
porque os conceitos expendidos são universais, cabem em qualquer
meio —, o nosso trabalho, uma vez que como semente alcance solo
fértil, teremos a esperança de estarmos sendo úteis e colaborando
no aperfeiçoamento do homem, este símbolo excelso que nos dias
atuais encontra sérios obstáculos na realização do seu ideal.

O Autor
OS PRIMEIROS PASSOS NA
MAÇONARIA
A natureza é sabia e nos dá lições constantes, ansiosa para
nos desvendar os seus mistérios. As coisas primárias e banais são
composições complexas de uma Vontade Superior, e o homem se
eterniza na busca da compreensão a respeito da imensidão do
Cosmos, do seu nascimento e do porque se aflige com as mínimas
contradições e obstáculos que encontra em seu caminho.
O recém-nascido, após aprender a chorar, a sorrir e balbuciar
as primeiras palavras carinhos, encera os primeiros passos,
amparado por mão maternas, cuidadosas e protetoras. A dificuldade
está, justamente, nesta satisfação inata de andar, porque traduz a
liberdade de movimentos.
Depois que a criança se afirma, já não quer apenas alguns
passos, mas que andar, correr, pular, enfrentar perigos e se
desprende da mão protetora.
Assim é o Maçom.
Os seus primeiros passos não os pode dar sozinho; alguém o
ampara e lhe indica o caminho. Todo caminho é construído de
passos e se alguém não se lança ao primeiro, jamais prosseguirá. O
Aprendiz Maçom, depois de sua iniciação, é auxiliado a percorrer o
caminho a cujo percurso anuiu através de promessas e juramentos
prestados perante a Comunidade Maçônica. Torna-se impossível ao
Aprendiz, por si só, assimilar tudo o que lhe é dito, mostrado e
exemplificado. Terá necessidade de se instruir.
Ser Maçom, hoje, difere muito da situação de alguns séculos
atrás, quando não havia literatura específica alguma para os
estudos preliminares. Os compêndios filosóficos ressentiam-se de
esclarecimento dirigido para que se convencionara designar por Arte
Real. As lições eram transmitidas oralmente, dentro dos Templos
com as cautelas rigorosas, para se evitarem a profanatização e a
perseguição, essa, dos poderosos e da Igreja. Hoje o homem sente-
se livre, até para errar e sucumbir.
Para ingressar na Maçonaria, basta demonstrar interesse e
encontrar numa roda de conhecidos algum maçom que,
prontamente, não só lhe esclarecerá sobre o que seja a Maçonaria
como o poderá propor a alguma Loja, mais comumente à sua
própria Loja.
Hoje torna-se fácil ingressar nas fileiras da Maçonaria,
obviamente sendo o aspirante um cidadão correto de
comportamento e apto para assimilar os conceitos sócio-filosóficos.
Há uma expressão lapidar que diz respeito ao ingresso na
Ordem Maçônica: “ser uma pessoa livre e de bons costumes”.
Toda frase pequena. Simples e aparentemente inofensiva, na
maioria das vezes, resulta em algo extremamente difícil. O “ser livre
e de bons costumes” envolve certas situações sociológicas e
morais. Hoje não existe mais a escravidão, o trabalho forçado, a
subjugação aos poderosos, o temor às coisas sobrenaturais, a
dependência de uma outra vontade. O conceito liberdade é amplo.
O homem atual é completamente livre; como dissemos no
início, até para sofrer. O homem pode matar, roubar, enfim, delinquir
à vontade. Obviamente, quem age contra a liberdade de outrem, ou
delinque, encontrará a sua compensação, a resistência da Lei e o
castigo. Maçonicamente, ser livre não significa ser libertino e abusar
de sua liberdade, pois esse ser livre vem condicionado a ser de
bons costumes. É preciso, pois, que o maçom saiba que para ele a
liberdade é condicionada.
Quem ingressa na Maçonaria deve estar preparado e instruído
para saber que encontrará preceitos, estatutos, regulamentos,
normas, tradição, superiores hierárquicos e, pela frente, muito e
muito trabalho que visa o aperfeiçoamento próprio e dos seus
irmãos.
Hoje, se é fácil ingressar na Ordem Maçônica, é muito difícil
permanecer nos seus Quadros. Assim, o conceito de liberdade sob
a ótica maçônica difere do conceito vulgar. O maçom não é livre
para lançar contra um seu irmão qualquer palavra que o possa
melindrar; já não é exigido que essa palavra possa ser ofensiva,
mas basta que cause ao atingido o mal estar e a posição incômoda.
Disso resulta que a liberdade, conceituada maçonicamente,
apresente rigorosos freios.
Não é fácil conviver um longo tempo com um grupo de pessoas
sem que surja qualquer, mesmo diminuta ação que possa ser
interpretada como agressão. O equilíbrio do comportamento deverá
ser tão preocupante que em nenhum momento possa cambalear.
Alguém poderá contrapor: mas que liberdade é essa? Mais
parece escravidão! Realmente, a essência maçônica é construída
com o Amor, e para que haja sempre a harmonia, o bem estar, a
felicidade e o progresso, deve existir à frente de tudo o Amor!
Curva-se ao culto da fraternidade não significa abdicar da liberdade,
pois a verdadeira liberdade é sustentada pela moral.
A Liberdade é forjada como se fosse um cristal; esse deve ser
límpido, transparente, sem mácula e com o seu peso específico
para que se vislumbre a pureza e a beleza. Por outro lado, o
complemento da Liberdade, que é o bom costume, importa num
comportamento compatível como existente dentro da Loja onde o
Aprendiz ingressou. Os bons costumes podem ser os bons hábitos,
as atitudes corretas, o comportamento honrado, a fidelidade, a
confiança, a moral no sexo, nos costumes familiares, no
desenvolvimento do trabalho, no trato com os superiores, com os
mais velhos, com os desvalidos, com os deveres profissionais, com
o empenho no estudo, com a constância para o crescimento
espiritual, enfim, uma gama de situações positivas.
Tudo isso reunido forma o homem livre e de bons costumes, de
modo que se um candidato que aspire o ingresso na Ordem
Maçônica não tiver a bagagem necessária, poderá ser acolhido,
mas certamente por pouco tempo, porque as suas falhas e defeitos
aflorarão logo com as consequências que se pode imaginar.
No entanto, centenas de aspirantes que lograram ingressar na
Ordem Maçônica não possuindo as condições exigidas, pelo
empenho, pelo amparo encontrado, pelo trilhar do caminho, um
passo após outro conseguiram a reabilitação e, de forma uníssona,
acompanhar os Mestres, tornando-se elementos úteis à Ordem
Maçônica, à sua Família e à Sociedade.
Os Mestres, a cada reunião, são repetitivos quanto à orientação
aos novos, e insistem para que os Aprendizes possam burilar-se na
busca incessante do aperfeiçoamento. Por este motivo os
Aprendizes recebem a recomendação de não faltarem. Às reuniões,
podendo até sofrer certas punições pelas faltas não justificadas.
Pareceria, à primeira vista, inapropriado sugerir aos Aprendizes
como devem comportar-se para honrar o nome de Maçom com que
foram investidos. No entanto, os maçons sabem como na
atualidade, seja por reflexo da situação incerta que vivemos,
enfrentando a violência, a corrupção, os vícios, o tráfico de drogas,
a enfermidade, a pobreza, seja pelas filosofias disseminadas que
são deletérias e tentam destruir conceitos seculares, a Maçonaria
encontra-se em crise, com as suas Lojas vazias enfrentando toda
espécie de dificuldades.
Para exemplificar: frequentemente são noticiadas expulsões
dos Quadros da Ordem Maçônica, tanto de membros novos como
antigos, o que reflete a errada atuação, seja dos que são expulsos,
seja dos que expulsam. Aqueles por comportamento incompatível,
estes pela falta de tolerância e desejo de reconstrução; não existe
mais o Pastor que, ao notar o extravio de uma ovelha, coloca o
rebanho em lugar seguro e vai enfrentando os perigos em busca da
ovelha perdida.
O Aprendiz maçom encontra-se na fase específica de ouvir e de
aprender. Ele é comparado à Pedra Bruta.
A Maçonaria apresenta nos seus diversos departamentos o
material adequado à construção de alvenaria; assim, a cada setor,
cada motivo, cada passo recebe um nome simbólico.
A pedra, alicerce de qualquer construção, quando usada para
que a obra seja sólida, não necessita de maior preparo, apenas,
com o esquadro, o malho e as cunhas é preparada toscamente para
o destino que o construtor previu.
Crescendo a obra, as pedras necessitam de melhor
preparação, e passam a ser buriladas, para que as suas arestas
sejam retiradas e de forma mais nobre passam a se ajustar,
complementando as partes que se tornam visíveis, que sobressaem
dos alicerces.
A mesma pedra serve para a ornamentação e por isto passa a
ser polida, adquirindo lustro de modo a espelhar e refletir.
O Aprendiz é como essa pedra: inicialmente bruta, cheia de
pontas que podem ferir as mãos daqueles que a manejam. Com a
instrumentação adequada, que é o esforço, o empenho, o auxílio
dos mais capazes e o manejo dos instrumentos, ele se burila e se
apresenta sem as arestas que ferem. Ao final, aprende a polir a
pedra que foi burilada e que antes era bruta e se apresenta
embelezada.
Interpretar essa linguagem simbólica não é difícil, mas o
Aprendiz deve estar ciente de que fatalmente deverá passar por
todas essas fases. Para uma compreensão um pouco mais
aprofundada, o Aprendiz deve, antes de mais nada, penetrar na
construção do Grande Templo de Salomão, que é o repositório de
todo conhecimento maçônico.
Ainda em Israel, mais especificamente em Jerusalém,
continuam os arqueólogos descobrindo novos resíduos daquela
monumental construção. Até hoje não foi encontrada a Arca da
Aliança, provavelmente oculta aos babilônios destruidores do
Templo; e possivelmente ainda poderá ser encontrada.
Como o Aprendiz constatará mais tarde ao evoluir nos seus
estudos, ele é considerado pelo Senhor o Grande Templo. Esta é a
parte espiritual da Maçonaria, que deve ser assimilada de forma
paralela com a parte histórica e litúrgica. Tudo no seu devido tempo.
Há uma canção popular onde está um verso, descrevendo a
simbiose entre a cidade do Rio de Janeiro e o cantor, que diz,
referindo-se à estátua do Cristo Redentor: “Quem abre os braços
sou eu”. O cantor se coloca no lugar das belezas do Rio de Janeiro
fundindo-se com elas, revelando uma filosofia muito profunda.
Realmente, se o homem é o Templo do Deus vivo, ele também será
todo o material usado para a sua construção.
Portanto, como ponto de partida para que o Aprendiz possa
assimilar a sua própria Iniciação, cumpre lhe seja apresentado o
plano que Deus arquitetou para a construção do seu imenso
símbolo. Não só a construção em si, mas o seu embelezamento
pelas mãos do artífice Hiram Abif, personalidade mitológica que, por
sua vez, reflete o que o Aprendiz possa vir a ser dentro da Ordem
Maçônica.
Num misto de história e de lenda, de filosofia e profunda
espiritualidade apreciemos estes aspectos.
A Maçonaria tem as suas profundas raízes nas lições do
passado e nos Livros Sagrados. Vejamos o que nos dizem as
Sagradas Escrituras a respeito de sua espinha dorsal.
SALOMÃO EDIFICA A CASA DO
SENHOR
“Começou Salomão a edificar a Casa do Senhor em Jerusalém,
no monte de Moriá, onde o Senhor aparecera a Davi, seu pai, lugar
que Davi tinha designado na eira de Ornã, jebuseu.
Começou a edificar no segundo mês, no dia segundo, no ano
quarto do seu reinado.
Foram estas as medidas dos alicerces que Salomão lançou
para edificar a casa de Deus: o comprimento em côvados, segundo
o primitivo padrão, sessenta côvados, e a largura vinte.
O pórtico diante da casa media vinte côvados no sentido da
largura do Lugar Santo, e a altura cento e vinte, o que cobriu de
ouro puro.
Também fez forrar de madeira de cipreste a casa grande, e a
cobriu de ouro puro, e gravou nela palmas e cadeias.
Também adornou a casa de pedras preciosas; e o ouro era de
Parvaim.
Cobriu também de ouro a casa; as traves, os umbrais, as
paredes e as portas; e lavrou querubins nas paredes.
Fez mais o Santo dos Santos, cujo comprimento, segundo a
largura da casa, era de vinte côvados; cobriu-a de ouro puro do
peso de seiscentos talentos.
O peso dos pregos era de cinquenta ciclos de ouro. Cobriu de
ouro os cenáculos.
No Santo dos Santos fez dois querubins de madeira e os cobriu
de ouro.
As asas estendidas, juntas, dos querubins mediam o
comprimento de vinte côvados; a asa de um deles, de cinco
côvados, tocava na parede da casa; e a outra asa de cinco côvados
tocava na asa do outro querubim.
Também a asa do outro querubim era de cinco côvados, e
tocava na outra parede; era também a outra asa igual mente de
cinco côvados, e estava unida à asa do outro querubim. As asas
destes querubins se estendiam por vinte côvados.
Eles estavam postos em pé, e os seus rostos virados para o
Santo Lugar.
Também fez o véu de estofo azul, púrpura, carmesim e linho
fino; e fez bordar nele querubins.
Fez também diante da casa duas colunas de trinta e cinco
côvados de altura; e o capitel sobre cada uma de cinco côvados.
Também fez cadeias, como no Santo dos Santos, e as pôs
sobre as cabeças das colunas; fez também cem romãs, as quais
pôs nas cadeias.
Levantou as colunas diante do templo, uma à direita e outra à
esquerda; a da direita chamou-lhe Jaquim, a da esquerda Boaz.
Também fez um altar de bronze de vinte côvados de
comprimento, vinte de largura e dez de altura.
Fez também o mar de fundição, redondo, de dez côvados duma
borda até a outra borda, e de cinco de alto; e um fio de trinta
côvados era a medida de sua circunferência.
Por baixo da sua borda em redor havia figuras de colocíntidas,
dez em cada côvado; estavam em duas fileiras, fendidas quando se
fundiu o mar.
Assentava-se o mar sobre doze bois, três olhavam para o norte,
três para o ocidente, três para o sul e três para o oriente; o mar
apoiava-se sobre eles, cujas partes posteriores convergiam para
dentro.
A grossura dele era de quatro dedos, a sua borda como borda
de copo, como flor de lírios; comportava três mil batos.
Também fez dez pias, e pôs cinco à direita e cinco à esquerda,
para lavarem nelas o que pertencia ao holocausto; o mar, porém,
era para que os sacerdotes se lavassem nele.
Faz também dez candeeiros de ouro, segundo fora ordenado,
pós no templo, cinco à direita e cinco à esquerda.
Também fez dez mesas, e as pôs no templo, cinco à direita e
cinco à esquerda; também fez cem bacias de ouro.
Fez mais o pátio dos sacerdotes e o pátio grande, como
também as portas deles as quais cobriu de bronze.
E o mar pôs ao lado direito da casa para a banda sueste.
Depois fez Hiram as panelas, e as pás, e as bacias. Assim
terminou ele de fazer a obra para o rei Salomão, para a casa de
Deus; as duas colunas, e os dois globos, e os dois capitéis que
estavam ao alto das duas colunas; as duas redes, para cobrir os
dois globos dos capitéis que estavam no alto das colunas.
As quatrocentas romãs para as duas redes, isto é, duas fileiras
de romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capitéis
que estavam no alto das colunas.
Fez também os suportes e as pias sobre eles, o mar com os
doze bois por baixo.
Também as panelas, as pás, os garfos e todos os utensílios fez
Hiram Abif para o rei Salomão, para a casa do Senhor, de bronze
purificado.
Na planície do Jordão, o rei os fez fundir em terra barrenta,
entre Sucote e Zeredá.
Fez Salomão todos este objetos em grande abundância, não se
verificando o peso do seu bronze.
Também fez Salomão todos os utensi1ios do Santo Lugar de
Deus; o altar de ouro, e as mesas, sobre as quais estavam os pães
da proposição.
E os candeeiros com as suas lâmpadas de ouro puro, para as
acenderem segundo o costume, perante o Santo dos Santos.
As flores, as lâmpadas e as tenazes eram do mais fino ouro;
como também as espavitadeiras, as bacias, as taças e os
incensários, de ouro finíssimo; quanto à entrada da casa, as suas
portas de dentro do Santo dos Santos e as portas do Santo Lugar
do templo eram de ouro.
Assim se acabou toda a obra que fez o rei Salomão para a casa
do Senhor, então trouxe Salomão as cousas que Daví, seu pai,
havia dedicado; a prata, o ouro e os utensílios, ele pôs entre os
tesouros da casa de Deus.”
O PROFANO
O profano, no conceito maçônico, é o estranho que demonstra
inclinação, interesse e curiosidade de tudo o que se relaciona com a
Maçonaria.
Destacam-se tipos variados, os que têm a Maçonaria como
religião totalmente desconhecida e misteriosa, chegando a temer o
contato com os maçons, seja por influência negativa da sua
educação no período da infância, seja por ignorância, pois o mínimo
que se pode exigir de alguém interessado e que busque nas
bibliotecas as informações desejadas.
Apenas com o intuito didático poderíamos apresentar uma
classificação a respeito; assim teríamos o comum, o normal, o
espiritualizado, o desprevenido, o preparado, o alfabetizado - no
sentido de ser portador de uma cultura primária - e o culto seja ou
não intelectualizado.
As origens, por sua vez, têm grande influência, assim o
europeu, o hebreu, o egípcio, o oriental, o americano e, por fim, o
brasileiro se apresentam com aspectos diferentes; um maçom de
origem hebraica difere em muito de um de origem europeia,
especialmente portuguesa, - espanhola ou italiana, povos que se
entrosaram com o africano e o índio para formar, a grosso modo, o
brasileiro.
O oriental, obviamente, com a sua formação na maioria das
vezes herdada de seus antepassados, altamente mística, verá na
Maçonaria uma grande aproximação de seu culto familiar e
compreenderá com extrema facilidade o misticismo maçônico.
O egípcio, especificamente, traz dentro de si os mistérios das
Pirâmides e da Esfinge; aparentemente encontraremos transitando
pelas avenidas do Cairo um povo rude, agressivo, desconfiado e
vazio de religiosidade; mas se nos determos a analisar o seu
comportamento espiritual íntimo, o veremos em suas mesquitas,
profundamente recolhido, entregue ao sabor místico muçulmano,
sendo que para ele essa religião foi importada do Islã.
Foi-nos dito, no Cairo, que há um grupo apreciável de egípcios
que mantêm o culto de seus antepassados; atuam com muita
discrição. A Maçonaria egípcia difere bastante da nossa; nota-se a
tendência mística com um interesse acentuado na busca de suas
origens.
O Governo planeja recolocar as múmias retiradas dos túmulos
pelos arqueólogos europeus, que profanaram impiedosamente a
morada dos antigos reis; as múmias existentes em todo mundo não
constituem um grupo anônimo; de forma geral, seus nomes são
conhecidos.
A crença do Governo Egípcio é de que o País somente
retornará ao progresso merecido, quando os seus mortos forem
venerados nos seus sacrários; difícil será, indiscutivelmente, reunir
essas múmias; somente um trabalho consciencioso, elaborado
pelas Nações Unidas, seria capaz de restabelecer esta harmonia
mística. A Humanidade tem para com o povo egípcio este
compromisso.
O hindu e o tibetano inclinam-se de forma muito acentuada a
reconhecer nos mistérios maçônicos filamentos com as suas
filosofias; assim, temos nesses povos cultos maçônicos tão
diferentes dos nossos, latino-americanos, que numa comparação
grosseira poderíamos apresentá-los como filosofia superior diante
da primariedade dos nossos trabalhos em Templo.
O homem comum constitui o maior celeiro, onde vamos buscar
os candidatos. Consideramos a Maçonaria brasileira formada de
homens comuns, pois é esta a Maçonaria que conhecemos; homem
comum não é depreciativo, mas constitui a normalidade e se explica
isto, porque é o candidato mais vulnerável ao convite.
De certo modo, o homem comum é pedra bruta que se adapta
melhor à evolução; é aquele que aprende com mais facilidade e
poderá, caso encontre o seu Mestre, vir a ser elitizado.
A Maçonaria busca aperfeiçoar o homem; se o encontrar na
condição de candidato, já evoluído, o caminho a ser percorrido será
ameno, porém se necessitar serem suas arestas removidas, o
trabalho deverá percorrer um longo caminho.
O risco é conhecido; assim, temos um volumoso grupo, uma
apreciável parcela formada de maçons comuns que envelhecem e
se mantêm teimosamente comuns.
Dentro da classificação comum encontramos o QI baixo, grande
suscetibilidade, pouca tolerância, escassa vontade de ilustração e
acentuado espírito crítico.
São os que afirmam “eu sou um eterno aprendiz”, pois não se
acham capazes de progredir, de evoluir, de crescer e voar em busca
de altitudes.
São os que não saem da horizontalidade.
São os que criticam a elitização; não lêem e nada produzem,
apenas contribuem - o que já é suficiente - para somar forças
espirituais.
Distinguimos o homem comum do homem normal. Comum será
aquele a quem não conhecemos e que nos é apresentado como
elemento apto a ingressar na Ordem. Normal, contudo, é o
candidato previamente comprovado, isto é, já analisado pelo Grupo
e que foi encontrado limpo e puro.
A seleção é tarefa maçônica das mais importantes, porque
estaremos trazendo para dentro dos Templos quem será nosso
irmão.
A norma a ser seguida, obedecendo a tradição, é encontrar no
candidato um homem livre e de bons costumes; livre no aspecto
amplo, liberdade de pensamento, limpo filosoficamente,
independente em todos os sentidos. Os bons costumes envolvem
não só a moral mas todo um comportamento, incluindo o espiritual,
os bons hábitos, a trajetória salutar, o conhecimento geral sobre a
vida e a morte, apenas desconhecendo os mistérios da Maçonaria.
O homem espiritualizado forma um grupo à parte na
Humanidade, porque mais compreensivo, conhecedor de uma vida
do além túmulo e apreciador do sobre-humano. Nao se confunda
espiritualizaçao com religião. A espiritualidade conduz à Grande
Libertação. A religião, frequentemente à estagnação, isto é, ao lado
de um fanatismo e de exclusividade de conceitos e crenças.
O maçom deve ser espiritualizado; poderá o candidato adquirir
esta espiritualidade no curso de seu aprendizado, companheirismo,
mestrado e caminhada filosófica, porém o risco será grande se este
candidato não estiver propenso a esta espiritualidade, eis que
tomará por norma o seu comportamento e os de seus irmãos no
terreno exclusivamente da moral.
Na maioria os homens comuns são desprevenidos, os que
jamais esperam encontrar dentro de uma Instituição ou Ordem a
parte mística e a realização de seus desejos inconscientes.
Desprevenido no sentido de ingressar vazio, por curiosidade, na
busca de um apoio. Estes poderão encontrar desilusões e
resultarem no peso morto existente em todas as Lojas.
O homem preparado, não no sentido da cultura e do
conhecimento, mas preparado para ser iniciado, demonstrará desde
o início a sua tendência, a sua inclinação, o seu destino, até para a
descoberta da possibilidade de uma auto realização, de um auto
aperfeiçoamento, mas num trabalho de dualismo; ao mesmo tempo,
colaborar para que o Grupo se auto realize e se auto aperfeiçoe.
O preparo comporta uma profunda incursão no campo
metafísico, pois o maçom aceita a parte mística na escolha; em
resumo, para simplificar o processo, que é sutil, quem seleciona não
é o membro de uma Loja Maçônica mas sim o Grande Arquiteto do
Universo, que, em última análise, é o forjador da nova
personalidade, pós-iniciação.
A personalidade não deve ser aceita como destino fatal e
imutável, eis que contamos com inúmeros meios para transformar o
homem. Apenas para citar exemplos comuns, temos o resultado do
trabalho científico exercido por psiquiatras e psicólogos, por
ministros de religiões e até por analistas de uma simples assinatura.
A assinatura revela não só o estado físico da pessoa mas a sua
personalidade. Os números correspondentes às letras do alfabeto
que usa e aprendeu a grafar desde os bancos escolares em sua
alfabetização, a alteração da grafia, a redução ou ampliação do
nome, a parte da grafologia, enfim, os aspectos já conhecidos
podem alterar, sempre para melhor, uma personalidade.
Que dizer, então, de um trabalho consecutivo, pertinaz,
amoroso, no sentido de uma nova fase educativa, como se o
iniciando retornasse aos bancos do curso primário, recebesse a
paciente orientação de como deve comportar-se o conhecimento de
sua vivência interior e o reflexo da espiritualidade que um novo
nascimento propicia para os restantes dias de sua vida neste
mundo.
O candidato à iniciação deve atingir uma idade posterior à sua
maioridade; esta idade os regulamentos fixam em 25 anos, quando
o indivíduo já é adulto. Plasmar uma nova personalidade em um
adulto é trabalho que exige conhecimento dos nossos mestres.
Assim, o homem preparado nos mínimos detalhes, antes ou durante
a fase iniciática, há de resultar um membro da Ordem, em
condições vantajosas com resultados tão positivos que seu ingresso
na Cadeia de União passará a ser um benefício geral.
O homem profano não significa homem vulgar; o homem
comum traz consigo todas as perspectivas de vir a ser um limpo e
puro elemento, pois nele foi feita a preparação para a rotulagem que
a Maçonaria exige: ser livre e de bons costumes. No que diz
respeito à instrução, temos o simplesmente alfabetizado, o de
cultura média e o culto. Nem sempre um simples alfabetizado
encontra obstáculo para a iniciação.
Num país como o nosso, onde a cultura se apresenta, ainda e
infelizmente, incipiente, onde há um grande número de analfabetos,
a ponto de ser permitido o seu voto político, a Maçonaria não pode
ser exigente como é a da Europa.
Analisando-se com cuidado a situação do alfabetismo - e
podemos nesse rol incluir os que possuem apenas o curso primário
- de certa forma podemos ver, nestes, elementos de grande valor.
A mente dos que não alcançaram, geralmente por falta de
maior oportunidade, estudos mais avançados, se apresenta virgem
e passa a aceitar com extrema facilidade a orientação que lhe é
dada, porque notam que o mestre está imbuído da melhor boa
vontade e amor fraterno para moldar uma nova personalidade.
Se, psicológica e misticamente, o iniciando perece para
renascer nova criatura, obviamente a sua mente deverá vir
esvaziada dos conceitos que possui a respeito da existência de uma
morte e de uma nova vida.
A nossas Lojas não são elitistas; aceitam a todos os que se
apresentarem livres e de bons costumes, pois o material de que o
homem é feito, além de sagrado, é o de melhor qualidade que possa
existir.
Quanto ao homem culto, o universitário, o excepcional que se
destaca no meio em que vive, pela oportunidade que teve em
vencer na vida, indubitavelmente apreenderá com maior facilidade
os mistérios que a Ordem lhe revelar.
No entanto, algumas ressalvas devem ser feitas; o homem culto
é analítico e usa a sua razão com propriedade; pouco empírico, vê
tudo com olhos experientes.
Caso ele satisfaça a sua ansiedade de transpor de forma
natural o limite entre a morte e a vida, então aceitará os princípios
maçônicos, sem reservas.
Na nossa experiência, no que diz respeito à alteração do nome
ou grafia da assinatura, temos encontrado homens cultos,
professores de universidade, religiosos instruídos, que aceitaram as
sugestões passando, de um momento para outro, a adotar nova
assinatura, simplificar seu nome, aceitar as adaptações e com
resultados altamente positivos.
Nem sempre a cultura se torna obstáculo para o ingresso no
difícil campo da espiritualidade e da mística. Portanto, o candidato é
retirado do celeiro comum; curiosamente, um candidato será
portador das mesmas qualidades e condições de seu proponente.
Cada maçom tem o direito, atingido o mestrado, de apresentar
um candidato; será o seu candidato, porque é ele quem faz a
seleção inicial. À congregação cabe aceitar ou não essa seleção.
Portanto, a Loja Maçônica não seleciona, apenas aprova ou
desaprova. Neste processo é desenvolvido um trabalho meticuloso,
iniciando pela apresentação do candidato.
O mestre apresenta à bolsa de propostas e informações, por
escrito, o nome, características e todas as informações sobre o seu
candidato. O faz de forma reservada, pois só o Presidente dos
trabalhos conhecerá o autor da proposta, mantendo-se sigilo.
Para melhor compreensão, façamos um paralelo, ainda que
grotesco, de como o Cristo agia quando formava o seu grupo.
Dirigia-se a uma determinada pessoa que encontrava por acaso e
lhe dizia: “tu, vem e segue-me“. Era a escolha direta; nem sempre
acertada, porque entre os doze houve um que não se ajustou ao
trabalho; um que não passou pela verdadeira iniciação. Na
Maçonaria é muito diferente, ninguém é chamado - o candidato é
apresentado.
Embora saibamos que o inspirador para a apresentação será
sempre o Grande Arquiteto do Universo, atua inicialmente uma
vontade humana, isolada e sem a percepção de que o impulso é
espiritual. O aspecto místico vem revelado, posteriormente, quando
o candidato é aceito e passa pela iniciação; esse elemento, contudo,
não se ajusta ao grupo e se afasta. O proponente, que trouxe o
novo elemento, num sentido geral passa a se preocupar com o
destino de seu candidato. Chega a esquecer que é o responsável e
até, por sua vez, também abandona a grei.
Porém, quando a escolha (seleção) obedece a verdadeiros
impulsos místicos, quando o proponente leva a sério o seu papel, a
sua participação, tudo fará para recuperar o seu candidato, o seu
afilhado e não o deixará perdido.
Numa segunda comparação com o Cristianismo, temos a
parábola do Bom Pastor que, colocando numa casa segura suas 99
ovelhas, sai em pleno temporal para buscar a última que se
desgarrara do rebanho. Infelizmente, na prática a Maçonaria não
segue a lição da parábola; o Presidente abandona a ovelha perdida
e diz: ela tinha por obrigação não se afastar do grupo.
Apresentado o candidato, é pronunciado o seu nome inúmeras
vezes até o término da sindicância e do escrutínio, sendo a sua
sorte lançada através da coleta total das esferas brancas.
O lançamento do nome do candidato por escrito, numa
proposta, numa sindicância, num boletim, não desperta maiores
efeitos esotéricos e místicos.
Porém, esse nome escrito é lido inúmeras vezes; a leitura em
voz alta produz sons; esses sons se expandem, como se fora uma
nuvem de gases radioativos; alcança a todos e são permanentes;
ecoam pelo Universo, de forma permanente, eterna, irreversível.
O fato em si é científico; sabemos que o som se propaga pela
atmosfera; ele é matéria e é indestrutível. O pensamento humano
pode transmudar-se em ondas sonoras; são ondas especiais, nem
hertzianas nem provindas de um raio laser. Há, ainda, muito mistério
em torno destes fatos; a realidade, porém, é que acontecem,
in.dependentemente de nossas certezas ou dúvidas.
A Maçonaria não é um clube, uma associação, um grupo seleto,
que repete os mesmos fenômenos encontrados entre os seres
humanos civilizados. Quando um estudante se inscreve num
vestibular para ingressar em uma faculdade, o seu nome passa por
setores vários, é escrito e pronunciado, mas esses sons, embora
permanentes, não trazem consigo o misticismo.
Quando foram criados aparelhos eletrônicos, impossíveis de ser
por agora, imaginados, a ponto de colherem esses sons perdidos na
atmosfera, teremos um estoque infinito de vozes que dificilmente
poderão ser identificadas e analisadas pelo grande volume, pelos
bilhões de seres vivos que emitem sons, inclusive os animais.
Porém, em se tratando de Maçonaria, e podemos ainda afirmar de
um agrupamento de indivíduos iniciados, que podem existir em
outras filosofias ou religiões, esses sons têm a finalidade de se
chocarem com os outros de igual identidade mística. Assim, o
pronunciamento do nome de um candidato à Arte Real produzirá
encontros e afinidades e completará uma determinada Cadeia de
União.
Nem todo maçom conhece este mistério, este fenômeno, esta
prática, mas é chegado o momento para que medite, examine e
chegue a uma conclusão. Após a descoberta conscientizará a
relevância destes conhecimentos, e o seu agir será muito diferente e
compreenderá o que significa “amar o próximo como a si mesmo”,
cultivando o amor fraternal de seu grupo.
Em nosso mundo visível são milhares as Lojas maçônicas; os
sons que formam o nome de um candidato, atingirão a todas as
Lojas Maçônicas, portanto, uma grande assembleia será atingida. O
processo de aceitação de um candidato não é mero ato
administrativo de uma Loja.
Se por acaso - e isto acontece seguidamente - um candidato é
rejeitado, haverá uma comoção geral, em todo mundo, porque a
influência mística deverá ser anulada. E como7 Se o som é eterno.
Que males poderão advir da interrupção do processo iniciático?
A iniciação começa no momento em que um mestre coloca
bolsa de propostas e informações o nome de seu candidato.
A rejeição, feita muitas vezes levianamente, importa em um ato
de enorme responsabilidade; quem coloca uma esfera negra de
rejeição, deve ter muito cuidado, porque, se agiu por motivos
levianos, toda carga desta rejeição é dirigida a ele, com
consequências imprevisíveis.
É o retorno fatal.
As vibrações decorrentes do pronunciamento do nome do
candidato e posteriormente a aclamação para a sua integração são
atos místicos. Desde os primeiros momentos que a pessoa inicia a
sua instrução lhe é dito que possuímos cinco sentidos de onde
partem as nossas atividades. Nem sempre é dito que paralelamente
(dualismo) a esses sentidos outros existem. Por exemplo, o sentido
da autodefesa e os sentidos denominados de espirituais, como a
terceira visão e o ouvido apurado que percebe a música das
esferas.
Como preparação para a iniciação, temos o despertar dos
sentidos, processo que se desenvolve dentro do Templo. Depois de
aprovado, limpo e puro, o candidato é despertado para a Grande
Libertação, obviamente, para a grande maioria, situada no
subconsciente.
Poucos e mesmo raros os candidatos que percebem, que
sentem a existência de um grupo que se preocupa consigo e o
prepara. Além desta preparação atingir páramos desconhecidos, há
uma grande preocupação do grupo para que o novo elemento possa
integrar-se, comungar com todos e, sobretudo, participar. Ninguém
desejará admitir no seio do grupo um estranho desafinado. Todos
desejam receber um iniciado que lhe seja irmão.
A INICIAÇÃO
Uma Iniciação sempre traduz uma expectativa porque é um
princípio, e todo começo importa em fato novo.
Em Maçonaria a Iniciação é a chave, o ponto de partida,
precedida, tão somente, pelos atos preparatórios já referidos no
capítulo anterior.
O vocábulo Iniciação não se apresenta isolado; deve-se
entender a palavra sob o aspecto filosófico, portanto ela é
compreendida como sendo entrar em iniciação, ou seja, ingressar
num início.
Uma iniciação não é um ato comum e tampouco exclusivo da
Maçonaria ou de outra Instituição paralela. A criança é iniciada na
escola quando ingressa no complexo (para ela) mundo das letras e
dos números, da escrita e da oralidade. A puberdade envolve uma
iniciação ao sexo; a maioridade, a iniciação à vista.
A evolução normal dos povos civilizados apresenta uma
tendência para a simplificação. A iniciação maçônica de hoje difere
muito da dos tempos iniciais, como acontece com os processos
iniciáticos religiosos. O homem atual desenvolveu o poder da
síntese, deixando de lado as evoluções desnecessárias. Questiona-
se muito a respeito da validade ou não deste comportamento que,
atingindo a Igreja, lhe causou certos transtornos.
O fator que mantém as tradições e que apresenta a iniciação
maçônica como tradição do que era em séculos passados, é o
símbolo. A supressão de certos atos, com a justificativa de
modernizá-los, de simplificá-los, de adaptá-los às circunstâncias da
atualidade, vem ferir a validade do símbolo. A Maçonaria atual,
modernizada, não abre mão de certos atos simbólicos porque eles
representam de modo compreensível todo um conjunto de mistérios.
A revelação não supre o valor do símbolo. O mistério
permanece e cada vez mais ele pode ser fortalecido e também
ampliado, renovado e recriado. A mística é a grande atração para os
maçons. Eles aceitam e mantêm a tradição.
Paralelamente à iniciação, o iniciado deixa ou adquire hábitos,
jura e promete novas atitudes, novos comportamentos, nova filosofia
de vida. Podemos exemplificar com a iniciação do sacerdote da
Igreja que faz voto de celibato. Os Templários faziam voto de
pobreza.
Se fôssemos verificar a respeito das variações iniciáticas entre
os povos, religiões, raças e posições geográficas, nos perderíamos
em um emaranhado de conceitos, válidos todos eles quando
questionados e quando recebida a justificativa.
A criação do homem, embora lendária, foi uma iniciação.
Juntado o pó com a água, feito o barro, concluída a modelagem,
veio o sopro divino e, ainda que surgindo adulto, o primeiro homem
símbolo teve um longo aprendizado. A sua posição era cômoda
porque nada tinha para deixar atrás ou de lado. Tudo era princípio.
Houve, sim, um voto. Apenas um: o de não comer dos frutos da
Árvore do Conhecimento.
Não temos qualquer preocupação em duvidar desse princípio
da criação. Mesmo que tenha sido uma tradição simbólica, início da
saga hebraica, ele representa um ponto de partida. Se, antes, já
existia o ser humano - os denominados “filhos da terra” — desses
não temos a história. Iremos nos defrontar com teorias, as mais
credenciadas, mas não poderemos sobre essas teorias construir
nossa filosofia. A Maçonaria acredita num princípio e aceita a tese
hebraica, porque obedece aos Landmarks, que são os 25 princípios
básicos de sua doutrina. A importância de estabelecer critérios
analíticos em torno desse princípio não é vital. O posicionamento
maçônico atual é o de crer e aceitar a existência de um Deus a
quem denomina de Grande Arquiteto do Universo e dá existência de
uma vida após a morte.
Portanto, iniciação implica em aceitarmos um novo princípio,
com todas as injunções que o compõem, inclusive com abrir mão de
tudo o que era antes da iniciação.
Esta secção, separando o passado do presente, não é possível
ocorrer no plano físico.
O iniciado, ao deixar o Templo, ao retornar ao “mundo”,
esquece a sua nova condição e readquire o comportamento que
tinha, isto paulatinamente, porque a “natureza não dá saltos”. O
mundo então o recebe como ser mais aperfeiçoado. Toda iniciação
se desenvolve no plano mental, espiritual e místico.
Muitos tendem a dar à Maçonaria um aspecto religioso e assim
dentro das Lojas, formam-se correntes as mais diversas. O religioso,
de forma geral, tende a adaptar a Maçonaria aos seus princípios;
assim, sob o ponto de vista espírita, o maçom espírita praticante
construirá em sua iniciação um panorama que não conflitue com sua
crença. Porém, sem afirmar que a Maçonaria é agnóstica, a religião,
embora extremamente necessária, não está incluída na filosofia
maçônica. Crer em Deus e numa vida futura não implica em
qualquer princípio religioso. A religião fundamenta-se, sempre, na
fé. A Maçonaria prescinde desta fé. O maçom religioso será,
sempre, um maçom compreensivo, embora os seus conhecimentos
religiosos possam frear a sua caminhada para o alto.
O religioso crê no dualismo: Deus e Diabo. A Maçonaria aceita
a Deus como um Princípio, sem a preocupação de perquirir sobre a
origem deste Princípio. O homem, é criatura; o Criador é Deus. O
homem é eterno; a Eternidade é Deus.
Temos, portanto, na iniciação um aspecto curioso: trata-se de
uma Iniciação Maçônica e não de uma iniciação religiosa. Uma
iniciação escolhida, aceita, experimental, e não uma iniciação
imposta. A religião pode ser seleção, mas genericamente é imposta.
Nossos pais, por exemplo, nos impõem um nome que devemos
suportar até a morte. Paralelamente, nossos pais nos dirigem para
uma religião: a religião deles. Na maturidade, o homem pode
escolher o seu próprio destino religioso, porém, a influência do lar
será a base de tudo. A Maçonaria tem a faculdade de reconduzir o
descrente para a sua crença inicial.
A Maçonaria aproxima o seu adepto a Deus. Ela o apresenta
como uma obra perfeitamente construída, adornada e acabada por
um Grande Arquiteto. O mistério se denomina, também, Deus. Para
a Maçonaria o Diabo nada é; ela aceita o dualismo como equilíbrio
de forças. O Diabo será apenas oposição, descrença, desamor.
O homem passa constantemente por iniciações. Nem sempre,
são iniciações conscientes.
A Iniciação Maçônica, como vimos, é formada por um conjunto
de fatores. Inicialmente individual, para posteriormente integrar-se a
um grupo.
As iniciações inconscientes resultam de uma evolução
espiritual; o que se processa no homem, dentro de seu universo,
ainda não está muito bem definido, mas existe. É a materialização
do “conhece-te a ti mesmo”, da revelação do grande mistério da
Criação. Homem, quem és7
A Maçonaria dá muitas respostas, mas se torna necessário que
o candidato passe, efetivamente, por uma Iniciação. A Maçonaria
precisa com muita urgência, para sobreviver, de iniciados, e não de
elementos que passam por uma iniciação sem que a morte se
efetive. Para uma comparação, com a finalidade de que haja
compreensão maior, foi necessário para Jesus que morresse para
cumprir a sua missão de redimir o homem. Sem uma morte, não
haverá iniciação.
É o objetivo do presente livro, como veremos, adiante.
Portanto, em resumo, a Iniciação nada mais é do que a
aceitação da morte. Assim, esta morte perde o seu aspecto trágico.
Quando o homem se convencer de que a morte é redenção e
não castigo, não a temerá; a receberá como Iniciação para uma
nova aventura. Todos aqueles que tiverem um amigo maçom e que
forem propostos como candidatos ao ingresso na Maçonaria, terão
uma oportunidade única e exclusiva. Sempre, contudo, que o
candidato busque entender a Iniciação.
Nos Estados Unidos, onde a Maçonaria é levada a sério, as
Lojas distribuem aos candidatos um manual que serve de
orientação. Nós, brasileiros ainda temos tabu quanto ao ingresso na
Ordem. O candidato, já adentrando a Câmara das Reflexões, ainda
ignora o que seja a iniciação. Esta falha é imperdoável.
Cabe ao apresentador, ao padrinho esclarecer seu afilhado
acerca do que seja a iniciação maçônica. Obviamente se esse
mestre souber realmente da importância deste conhecimento.
O homem em núpcias prepara <e para a iniciação do
casamento, tendo já passado por um período de noivado. O
casamento, indubitavelmente, é uma das fases mais importantes
tanto para o homem quanto para a mulher. Trata-se de uma
iniciação séria que cada vez menos é assim considerada, pois
assistimos a desfazimentos de casamento por motivos os mais
fúteis possíveis.
O importante da iniciação do casamento é que se apresenta
contínua. Cada dia que passa surgem problemas que devem ser
solucionados, e isto perdura até o fim; não o fim de um casamento,
mas o da vida.
Passado o período de “mel”, surgem os filhos e a grande
problemática do amadurecimento, o encaminhamento dos filhos
para a vida, as questões que eles geram, as preocupações. Depois,
vem os netos, as enfermidades, a velhice. Muitas vezes o
casamento se interrompe com a morte da companheira,
afastamento permanente que causa traumas. Mesmo havendo
separação, prematura ou não, as funções geradas pelo casamento
não cessam; em caso de separação judicial, subsiste a manutenção
do outro cônjuge, dos filhos menores e desamparados: uma
continuidade trágica, perturbadora, que traz, sempre, infelicidade.
Assim é o maçom. A sua iniciação não apresenta um ponto
estanque; é contínua e permanente, porque a cada dia que passa
novas experiências surgem. Até o fim, o fim da vida, o maçom
prossegue nos atos misteriosos e místicos da iniciação. O maçom é
para sempre, in eterno.
Temos a iniciação profissional. No início entusiasta, depois
rotineira. Conforme a profissão, ela se apresenta insossa, repetitiva,
um castigo, tudo sempre igual: um patrão, uma tarefa, sempre em
busca da aposentadoria. Há profissões, porém, que exigem
progresso, atividade constante, e que dão grande satisfação; como
acontece nas pesquisas científicas. A Maçonaria também possui
essa parte: a grande busca, a experiência, o próximo como
elemento de trabalho operativo. Essas iniciações são simultâneas:
religiosas, espiritualistas, científicas, operacionais, místicas, enfim,
um corolário de princípios que não cessa prossegue até o fim da
vida, desta vida.
Não podemos fixar uma norma a respeito da iniciação; a
Maçonaria dispõe de tradição para realizar iniciações formalmente
iguais, revestidas de simbolismo escolar. No entanto, nem a
Maçonaria, nem as religiões, nem a própria vida, iniciam alguém. A
iniciação é mística individual, pois ela se realiza dentro do indivíduo.
Se obedece os ritos rígidos, esses são externos, daí que a
cerimônia iniciática se reveste de características fixas, enquanto a
cerimônia mística envolve a personalidade do iniciando e difere de
indivíduo para indivíduo. Com isto, surge a incógnita da
possibilidade ou não de encararmos uma iniciação rotulada de
atualizada ou moderna.
A iniciação, seja qual for, será sempre paralela ao
desenvolvimento espiritual do indivíduo. Uma obra clássica não
significa antiga, de séculos passados. O clássico pode ser moderno
e atual; o que classifica é o lugar que encontra na sociedade. Assim,
podemos fixar uma iniciação clássica como a aceita por uma
maioria. Sempre, porém, ela será atual no conceito do iniciando e
não no conceito do iniciador.
A instrução era feita, há cinquenta anos atrás, de conformidade
com os métodos tradicionais; primeiramente, a alfabetização, para
depois, ano após ano, num trabalho de paciência beneditina, incutir
na mente do aluno o conhecimento previamente programado, numa
escala crescente para desenvolver o raciocínio até atingir a
universidade, onde a personalidade do mestre passava a plasmar a
cultura.
Hoje, a televisão se encarrega de tudo. Amanhã, quem sabe, a
telepática dará a orientação precisa e correta.
Portanto, quando se cogita de entender o que seja uma
iniciação, deve-se atentar a todas as suas nuances e facetas, para,
depois, colher os resultados. É por este motivo que sempre
alertamos: o iniciado não é o que passa por uma iniciação, mas o
que se inicia.
O segredo, o grande segredo maçônico é o comportamento do
iniciando na Câmara das Reflexões, tão conhecida pelos maçons e
de certo modo um assunto esotérico, ainda particular desvendado
de forma muito discreta numa linguagem apropriada à compreensão
dos maçons, daqueles verdadeiramente iniciados.
O candidato, concluída a sindicância e aprovado pelo plenário,
sem voto divergente, é chamado. Esta chamada contém muito
misticismo. Dissera Jesus ao discípulo: “vem e segue-me”. O
candidato, nesta altura já avisado de que a sua entrada para a
Maçonaria foi aceita, responde a chamada. É muito importante ser
chamado.
Na competição atual, o homem busca alcançar um espaço; ele
desbrava caminhos, luta e nem sempre vence.
Porém, na Maçonaria, quando menos espera, recebe o
chamado, transmitido pelo seu apresentador, seu padrinho. Esse
chamado deve ser atendido? O que passa pela mente do
candidato? O atender o chamado significa um ato de obediência. A
obe3diência, de modo geral, significa submissão, ou seja, uma
concordância tácita de que tem disposição para ingressar em uma
Instituição onde anuiu ingressar, ignora a filosofia do grupo, os
conceitos, a parte esotérica. Porém, aceita e acompanha o padrinho
até o Templo.
Atender o chamamento é o resultado do trabalho de preparação
que aludimos acima. Toda Loja, toda jurisdição maçônica trabalhou
com muito interesse para atrair o novo irmão que irá beneficiar com
a sua personalidade e presença a fraternidade universal. É o
retorno, o eco das vibrações enviadas através da mente, da voz,
das práticas, do misticismo, do mistério. Se o chamamento for bem
equacionado, se as vibrações emanadas tiverem sido bem
distribuídas, indubitavelmente atingiram em cheio o candidato e ele
não poderá, de modo algum, negar o chamamento.
Não será ele quem decide. A congregação é que decidiu
recebê-lo. É a fatalidade da preparação a que ninguém escapa, a
atração irresistível em busca, inconsciente, da perfeição. Assim, o
candidato se entrega totalmente à iniciação. Aqui cessa a
participação individual para dar lugar à participação do grupo.
A CÂMARA DAS REFLEXÕES
Pouco se tem escrito a respeito da Câmara das Reflexões. Os
maçons a tem como assunto reservado, obviamente sem razão. Isto
porque ela não passa de um símbolo. Ela simboliza a parte interior
do homem. Um dos seus aspectos apenas, porque o homem tem
dentro de si todo um universo a que se denomina de microcosmo.
O homem é um ser curiosamente construído. Diante da
eternidade é considerado feito em partes distintas: passageiras,
permanentes, eternas, cósmicas, universais, podendo serem
acrescentadas muitas outras.
Há algo no homem que se convencionou denominar de
consciente. O termo nada tem a ver com a consciência. Temos a
considerar algumas fases: o homem desperto, ou seja, consciente
— aquele que pensa e age; o homem adormecido, quando repousa,
sonhando ou não (o sonho está sendo, pela ciência, definido, mas
desperta pouco interesse filosófico e nenhum, maçônico.); o homem
em estado de coma (esta situação decorre de muitas
consequências: o coma resultante de um traumatismo, quando há
vítima de um acidente, portanto por fatores externos, ou do próprio
organismo — como resultado de uma embolia cerebral ou de
qualquer outra enfermidade, incluindo coma alcoólico ou
proveniente do abuso de drogas estupefacientes. Obviamente há
uma gradação no coma: mais leve ou mais profundo; instantâneo,
passageiro ou permanente. Inclusive temos casos em que uma
pessoa permanece no estado de coma durante longos anos e sua
sobrevivência decorre do funcionamento de aparelhos apropriados).
Para o nosso estudo, como veremos mais à frente, o comado
se encontra em um estado mórbido, aproximado ao sono, mas se
desconhece se sonha. Não se chegou ainda e uma conclusão
satisfatória, no sentido científico. Contudo, o comado declarado pela
medicina como morto e que ’ressuscita’, voltando à vida, narra a sua
aventura. Estará descrevendo um sonho ou uma realidade?
A meditação é a condução do homem consciente para o estado
de subconsciência, ou seja, a caminhada para dentro de si, onde irá
encontrar o seu mundo, o seu universo, o que equivale ao
conhecimento do homem de dentro. Nesse mundo tão estranho é
que o homem passa a reflexionar, a ver-se como através de um
espelho de enigma.
É a segunda parte de que o homem é constituído.
O contato com o mundo espiritual é denominado de transporte,
as viagens telepáticas, o uso dos seus sentidos espirituais, a
satisfação consciente do conhecimento. Este fenômeno,
denominado assim porque não é usual, tem muita ligação com o
estado comatoso. Atingir a capacidade do exercício das funções
espirituais pode decorrer, ou da meditação ou do coma.
Este mundo espiritual faz parte do homem. É perfeitamente
viável. Entra ou não no terreno da religião. Pela fé conhecem-se
muitos casos. A ciência espiritista nos fornece exemplos
impressionantes. Os transportes, embora considerados casos raros,
acontecem. Como exemplo temos o caso de Santo Antônio de
Pádua.
A capacidade do homem é tão grande, que certas atitudes
passam a ser consideradas milagres, pela falta de esclarecimento e
compreensão. O homem foi assim constituído: com poderes
materiais e espirituais.
Na terceira parte de sua constituição temos a vida após a
morte. Essa vida indubitavelmente faz parte da constituição
humana.
As religiões têm criado fantasias que se arraigaram na história
da humanidade, como a classificação: Paraíso, Purgatório e Inferno.
Muitos literatos tentaram descrever essas situações; temos como
grande exemplo a Divina Comédia, de Dante Allighieri. Não nos
deteremos a respeito, a Maçonaria não se preocupa com essa
classificação.
A primeira parte, ou seja, o homem exterior, quase totalmente
conhecido através da moral, medicina, psicologia e parapsicologia,
foi e continuará sendo a grande preocupação de todos. Não cessam
os estudos a respeito do “grande conhecido”, e a Maçonaria, por
sua vez, busca aperfeiçoar esse homem exterior.
A parte interior do homem, com as suas emoções, reflexões,
descobertas e satisfações, também nela os estudiosos se
encontram em permanente vigília; não descansam um momento
sequer, e milhares de livros são lançados no mercado na tentativa
de anunciar “descobertas sobre descobertas”, na busca incessante
de revelações.
A Maçonaria também está nesta busca, pois observa os
resultados em Templos, dos fluidos e vibrações, do calor,
eletricidade, benefícios, transportes (na Cadeia de União), e
desperta todas estas capacidades em benefício do grupo.
Porém, o terceiro homem, aquele que ingressa no princípio de
sua real vida - após morte - ainda não está sendo considerado com
a importância e valor merecido. É a tentativa que estamos fazendo,
neste livro - buscando o interesse coletivo - para que o maçom se
convença de que é um ser realmente constituído de materiais
preciosos.
Se consideramos a parte interior do homem como uma Câmara
de Reflexões, teremos, em sua parte exterior, uma antecâmara.
Assim é na Iniciação Maçônica.
Quando o candidato é entregue ao experto, que se apresenta
trajado de modo convencional, portanto um capuz para ocultar o seu
rosto, é colocado em uma antecâmara, onde nada há que possa
chamar a atenção do candidato.
Lhe é ordenado que retire parte de sua roupa, descalce os pés,
e lhe é colocada uma venda. Abandonado naquele recinto isolado e
silencioso, o candidato fica em expectativa. Nada sabe. Nada ouve.
Nada vê. Ignora o que lhe sucederá, qual o próximo passo, quanto
tempo deverá aguardar.
Talvez jamais tenha passado por um cerimonial semelhante.
Sente-se de certo modo humilhado, porque obedeceu sem contestar
as ordens do encapuçado, mostrando-se submisso, obediente,
humilde. Não importa sua posição social. Foi despojado de seus
documentos, haveres, joias. Enfim, tornou-se um anônimo, um
símbolo. Talvez naqueles momentos silenciosos pense o significado
de retornar a ser um homem comum. Ele não sabe que, no
momento oportuno, lhe será perguntado se deseja prosseguir ou se
quer desistir.
O que se passa pela mente do candidato? Somente os que já
passaram por isso é que podem avaliar. Infelizmente, raras vezes o
maçom retorna àquele momento que tem um significado muito
importante. É a gestação: está como um embrião. Saberá se virá à
luz, se nascerá, se retornará ao convívio da família?
Um embrião não sabe quem é e como é a sua futura família.
O candidato desconhece a sua futura família maçônica!
Despoja-se de sua própria opinião porque aguarda uma
informação. Sabemos que a informação tem duas origens: a que
vem de dentro do homem e a que lhe chega de fora. Não temos a
intuição do que nos acontecerá, embora a soma dos gens,
acumulados através de múltiplas gerações, nos trazem uma notícia
segura do que possa ser uma iniciação. Nossos pais, avós, bisavós,
enfim, nossos antepassados, certamente, pelo menos alguns, foram
em seu tempo maçons. O conhecimento que eles tiveram, nos
transmitiram através dos gens de que somos formados. Embora
esses filamentos possam ser muito sutis, não deixam de ser uma
realidade.
Porém, o candidato se despoja desses elementos partidos de
sua intuição para permanecer na expectativa. Para reforçar isto há o
despojamento material, ou seja, é retirado do candidato tudo o que
possa representar posse. Ele é despojado de tudo, e isto se
denomina em linguagem maçônica de despojamento, como é óbvio.
O candidato está no mundo. Tem consciência disto e passa a
encarar a sua experiência como uma aventura, uma excursão a
alguma parte que não conhece. O Universo abarca tudo. O
candidato é parte deste universo e isto lhe dá uma certa segurança,
porque ele não teme qualquer ato que lhe possa causar dano.
Surgem, porém, pensamentos negativos. Se o candidato tiver
em sua consciência algum peso e temer que seu segredo seja
descoberto, justamente na antecâmara surgirá a preocupação.
O homem teme, apenas, que seu íntimo possa ser desvendado,
que alguém, especialmente um estranho, possa ler os seus
pensamentos, penetrar e sua alma, descobrir os seus sentimentos.
O despojamento causa este desconforto, e a finalidade daquele
lapso de tempo despendido na antecâmara conduz, de forma
planejada, ao estado de consciência nervoso do candidato.
A retirada do candidato de parte de sua vestimenta,
obedecendo a um costume tradicional, implica na demonstração de
que o dualismo sempre presente também é aplicado na parte
exterior. Assim ele ingressará na Câmara das Reflexões, nem nu,
nem vestido, ou seja: parte convencional, segundo os costumes da
civilização, e parte natural, como o homem veio ao mundo.
Esse dualismo está sempre presente na Maçonaria. O homem
deve se convencer que não é um indivíduo isolado e independente;
sempre fará parte de um todo, e ao ingressar na Maçonaria passará
a fazer parte do Grupo, de Fraternidade, da Cadeia de União. Isto
não significa que o maçom perca a sua personalidade e a sua
liberdade; apenas ele deve saber que é parte da Natureza, parte do
Universo.
Alguns expertos, ou seja, os credenciados para prepararem o
candidato, cometem falhas; a principal que temos observado, e que
pode passar desapercebida de muitos, é a de colocação da venda
nos olhos do candidato. Esta venda deve ser colocada de imediato,
e não depois do início do despojamento. O candidato não deve se
ver, não deve sentir-se estranho, semi-vestido. Ele apenas terá
conhecimento do que lhe estão fazendo pelo tato, sentido que, se
não enxergar o que acontece, ficará mais apurado.
O despertar dos sentidos é uma passagem muito importante
porque, durante a preparação na antecâmara, e depois, no
ingressar ao Templo para as provas, os sentidos do tato, audição e
olfato serão aguçados; lição que o candidato aprende de como usar
os seus sentidos e o quanto são importantes!
O curioso é que esta passagem se apresenta como novidade,
pois o candidato jamais passou por fase semelhante. Quando à
noite acordamos com um certo sobressalto — desconfiados de que
possa haver alguém dentro de casa, nestes tempos de tão grandes
incertezas, assaltos e violações do lar —, nos vemos no escuro e
aguçamos o sentido de audição.
Os cinco sentidos materiais atuam como um conjunto e o
homem não percebe o papel que cada um desempenha.
Precisamos nos exercitar para aperfeiçoarmos estes nossos
sentidos, para conhecer as reações. Os cegos têm o sentido do tato
muito desenvolvido, mais que o da audição, porque sentem as
vibrações, resultado da reação do tato frente a qualquer obstáculo.
Um cego experimentado sabe se está indo ao encontro de uma
árvore, de um poste ou de uma pessoa.
A Maçonaria é escola, das mais úteis e minuciosas: sempre e
em tudo estamos aprendendo.
O candidato com os olhos vendados não se encontra
propriamente em escuridão. Inexiste a escuridão total. A percepção
da visão é muito acurada, pois embora com os olhos vendados, as
vibrações alcançam o fundo do olho e a retina passa a perceber
certas luzes, certos lampejos até então desconhecidos.
Estas vibrações formam quadros coloridos. Cada cor tem o seu
significado e se o candidato tiver percepção acurada, saberá fazer
distinções. A escuridão límpida difere da escuridão confusa e opaca.
O órgão da visão reage à escuridão. Ele passa a funcionar com
maior intensidade, com a vantagem de que não gasta a mesma
energia se os seus olhos estivessem abertos. O candidato de olhos
vendados coloca na visão a sua maior preocupação. Ele busca
encontrar uma definição, dentro do seu casulo.
Passado um determinado momento, o Mestre de Cerimônias
toma a mão direita do candidato e diz: "acompanhe-me". Não há
resistência. Obediente, submisso, com muita dificuldade porque o
candidato está sentado e não experimentou caminhar às cegas,
acompanha o estranho e, após percorrer determinado trecho, ouve
o seu guia bater a uma porta.
Ninguém responde. A Câmara das Reflexões está situada
numa parte muito restrita, oculta, na maioria das vezes, em um
porão e cerrada por uma porta robusta, maciça. O candidato ouve
os sons das batidas e sabe que a porta é de madeira maciça. Já
pressente que adentrará em alguma parte oculta, segura, quiçá
perigosa.
Passados instantes, a porta é aberta. O candidato não sabe se
alguém a abriu de dentro. O guia e o candidato entram. A porta se
fecha com certo estrépito: um ferrolho é manejado, o ruído é
característico. O candidato sabe que seu guia ou alguém cerrou a
porta e sente, pelo olfato, que se encontra em um recinto fechado,
com pouco ar. Cheiro de mofo, de coisas velhas.
Sem esperar, o guia retira a venda dos olhos do candidato. A
luz é escassa, uma lanterna ou uma vela, colocada sobre uma
mesa, um tanto tosca. Pouco a pouco o candidato percebe que está
em uma masmorra, ou caverna, em suma, em um local tenebroso.
Não vê o guia porque está encapuçado.
Por que este guia é o Mestre de Cerimônias e não o Experto?
Quem pode passar por uma porta, batendo ou não, só pode ser um
Mestre de Cerimônias. Ninguém mais tem a faculdade de bater à
porta, senão um Mestre de Cerimônias. Ele será o guia do candidato
até posterior ingresso no Templo, quando o entregará a um dos
Expertos.
O candidato é abandonado ao seu destino. É deixado sozinho e
nada lhe é explicado; apenas lhe é dito que deve meditar, ler o que
está sobre a mesa, preencher o questionário e fazer seu
testamento. O silêncio se faz tumba.
Ele nota que há uma cadeira, na verdade um banco tosco, e
senta. Perscruta tudo. Paulatinamente, seus olhos descobrem os
objetos, os símbolos, e que se encontram em um lugar um tanto
tenebroso. A curiosidade, o exame acurado e a observação o
afastam abruptamente do misticismo.
Não se dá conta sobre o que lhe foi dito (deve meditar) porque
os escritos colocados nas paredes são curiosos: todos despertando
o seu interesse para o além da vida.
Vê o questionário e o lê.
Vê a fórmula do testamento e então iniciam as suas
conjecturas: para que deve ele deixar um testamento?
Nem sempre um candidato possui bens, e não entende que
esse testamento é apenas mais um símbolo — para que materialize
a possibilidade de vir a sucumbir, deixando para sua família uma
última mensagem.
Não se poderá, aqui, proceder a uma análise a respeito da
instituição do testamento. Obviamente não é assim que um testador
dispõe de seus bens. No entanto, trata-se de um alerta, de que a
vida é fugaz e que, de certa forma, sempre é conveniente estar
prevenido e deixar aos seus queridos, aos amigos, aos vivos uma
última vontade sua.
Temos assistido — e muitas vezes testemunhado — a
testamentos.
Nossa lei prevê duas modalidades de testamento: o público e o
fechado. Este último, escrito do próprio punho do testador e
ninguém tendo acesso às disposições que contém. É entregue ao
tabelião na presença de cinco testemunhas, aquele o dobra, o
autentica, o costura com linha grossa e forte e apõe selos, lacrando-
o e o colocando num envelope que, fechado, é assinado pelas cinco
testemunhas. O testador leva consigo o seu testamento, o guarda
ou o entrega à guarda; mas não há registro dessa sua última
vontade.
O testamento público, também é escrito, é elaborado pelo
tabelião e ditado pelo testador na presença das cinco testemunhas
que tomam conhecimento de seu conteúdo. É feito um termo,
registrado e permanece uma cópia em cartório.
Se da primeira modalidade ninguém toma conhecimento do
conteúdo, da segunda, de certa forma pública, no entanto, sem que
haja exigência a respeito, as testemunhas, escrivão e tabelião
guardam um sigilo espontâneo.
O respeito a uma última vontade é ato de boa educação, de
sensibilidade e de consideração. Quando alguém faz um testamento
cerrado, trazendo-o já pronto, os momentos de emoção por que
passa o testador são de foro íntimo, e ele os supera quando
comparece na presença do tabelião.
Porém, o testador, ao tomar parte no ato que reflete os seus
últimos desejos, dispondo do que lhe pertence, aquinhoando mais a
quem mais preza, propicia momentos de grande emoção para
todos. Temos assistido a quadros pungentes, com lágrimas vertidas,
porque o testador se crê próximo dos seus últimos momentos. São
emoções muito naturais, normais.
No entanto, vendo-se o candidato nas circunstâncias já
descritas — cercado de símbolos que lhe dão certeza absoluta da
existência de um momento que, fatalmente, há de vir —, a emoção
toma conta de todo seu ser e ele passa então, como início de uma
meditação, ao exame de consciência. Momentaneamente se vê às
portas da morte.
Pouco a pouco, porém, reage e nota que está passando por
uma prova, e descobre que por mais lúgubre que possa ser o
recinto onde se encontra enclausurado, jamais será como a
realidade. A meditação se aprofunda e o candidato, descobrindo sua
situação física, nem nu nem vestido, só e abandonado, aspirando
um ar mofado, enxergando pouco, ouvindo apenas o bater do
coração, percebe o que possa ser a passagem da vida para a
morte.
O questionário contém perguntas que nas atuais circunstâncias
lhe parecem bastante adequadas.
Como define Deus?
Percebe então que sua situação tem várias dependências.
Deve se preocupar com a permanente questão sobre a existência
ou não de um Deus. A cada questão, maior é a sua ânsia, o seu
desconforto. Um turbilhão de ideias, definições apressadas, enfim,
propósitos que deseja cultivar, contrastando com a serenidade da
caverna, com a tranquilidade da tumba, com a realidade de seu
íntimo, transformam a curiosidade inicial em um torvelinho de
confusões, que cessa somente quando ouve batidas à porta.
Nem sempre a luz da lanterna ou da vela permanece por muito
tempo acesa. O candidato, ao se ver em total escuridão, passa a
outro estado de consciência: o temor. Nota que a antecâmara da
morte é a falta da luz.
As batidas na porta têm o dom de estancar os pensamentos
que afligem o candidato. Há, no entanto, candidatos de certa forma
já com um conhecimento a respeito do que possa ser a morte.
Esses não se afligem. Sua meditação será serena e apreciará a
oportunidade de um contato tão real com o seu Eu interno. A morte,
ao final, não é a chegada do terror e da desgraça, mas o primeiro
passo para a eternidade.
Analisamos, porém, com mais cuidado, o comportamento do
homem comum, que se situa na faixa mais numerosa. As batidas na
porta não significam que o candidato deva abrí-la, pois sabe
perfeitamente, e não esqueceu, que quando o seu guia saiu, fechou
a porta e aferrolhou-a por fora. Se alguém bateu é porque o
candidato já não está só. Então fica na expectativa.
A porta se abre, surge o guia que entra e recoloca no candidato
a venda, conduzindo-o pela mão até a algum lugar, onde para.
Novamente uma porta é batida. Alguém de dentro pergunta: "quem
bate"? Recebida a resposta adequada, a porta se abre.
O ENSAIO
A iniciação maçônica é um ensaio, uma preparação, um ato que
envolve todo o ser. Todos nós passaremos pela Grande Iniciação.
Está na dependência da crença e fé de cada um, para aceitar ou
não, a existência de mais de uma Iniciação. Não mera iniciação
litúrgica decorrente da aceitação de uma determinada doutrina, mas
a Grande Iniciação, que é o ensaio para o primeiro passo de real
importância em nossa vida.
Poucas são as doutrinas que se dirigem à especulação séria a
respeito da morte. Trata-se de uma palavra assustadora.
Como se fora um grande espetáculo, uma maratona, uma prova
definitiva, o homem precisa ensaiar a sua decisão. Não basta a
expectativa e a certeza de que um dia chegará a sua vez, esta
fatalidade que a todos aflige. A Maçonaria é sábia neste ponto, onde
já não busca aperfeiçoar o ser, mas sim esclarecer qual o destino
final deste ser que aperfeiçoou. Já foi dito que a Maçonaria peca
pelo excesso de símbolos mortuários que emprega. Mas muitos
esquecem que a morte é o primeiro e fatal destino. Ou será que há
quem aceite o arrebatamento das religiões, hindus, judaicas, cristãs
ou islâmicas?
Temos exemplos por demais conhecidos, como Buda, Elias,
Cristo e Maomé, que foram arrebatados, ou subiram em
arrebatação, sem passar pela morte. Quanto a Jesus, realmente
havia morrido, mas com ele surgiu a perspectiva de uma
ressurreição.
Se nos dedicássemos à pesquisa, constataríamos que dezenas
e dezenas de casos ocorreram no mundo, em todos os lugares e
dentro das mais diversas concepções religiosas. Porém, de nada
nos valeria este conhecimento, uma vez que a experiência que nos
serve deverá ser a nossa experiência.
Ensaiar a morte constitui um ato deveras surpreendente, e
sabemos de centenas de casos, tanto ocorridos dentro da família
quanto resultantes das notícias que nos chegam, das leituras que
fazemos, da troca de ideias que mantemos com nossos amigos. A
morte aparente não passa de um ensaio à margem de qualquer
iniciação. Trata-se de uma experiência involuntária, que
simplesmente ocorre, sem que a tivéssemos desejado ou buscado.
A parada cardíaca, o afogamento, o coma ou o traumatismo, se
socorridos em tempo e adequadamente, não são fatais. Os
pacientes podem retornar à vida. Num sentido geral, face à
ignorância e desinteresse generalizados, as pessoas acometidas
desses fenômenos retornam à vida e apenas alegam ter ocorrido
um milagre.
Nem sempre a parada cardíaca — quando o coração cessa
seus impulsos — significa morte aparente. Se observarmos uma
intervenção cirúrgica, um implante cardíaco, constataremos que a
pessoa fica alguns minutos sem o órgão a quem atribuímos toda
vitalidade do organismo. Colocado novo órgão, ligados os vasos e
artérias, normalizando o fluxo sanguíneo, o coração não bate por si
só; torna-se necessário proceder a uma vigorosa massagem ou
aplicar-lhe uma determinada descarga elétrica. No entanto, o
cérebro desse paciente não morre porque, através de uma
sofisticada aparelhagem, continua incessantemente a receber a
irrigação sanguínea. Logo, outros órgãos podem ser afetados para
apresentar-se o quadro de uma morte aparente.
Este aspecto puramente científico não altera a tese de que essa
morte aparente não passa de um ensaio para a morte definitiva. Do
por que algumas pessoas passam por esta experiência ainda não
sabemos esclarecer. Contudo, deve haver uma razão para que
houvesse uma escolha, para que determinadas pessoas, pinçadas
em toda parte do mundo, passem por esses ensaios. A preparação
constitui um grande privilégio, e ninguém deveria menosprezá-la.
No entanto, uma pequena percentagem é que nos transmite
notícias de sua experiência. Do que sentiu, constatou, e que lições
recebeu de tão misterioso fenômeno. Fenômeno, porque inusitado.
A Maçonaria tem em sua lenda maior — a de Hiram Abif — o
ponto central da passagem desta vida para a outra. A cerimônia da
iniciação maçônica reveste-se de todas as gamas necessárias para
uma exata compreensão de sua liturgia. Porém, da mesma forma
como um paciente que passou pela morte aparente e dela não tirou
a lição que lhe fora destinada, assim, a grande maioria dos iniciados
maçônicos não tira da experiência a grande e única lição: a
oportunidade do ensaio para a fatal passagem do aqui para o além.
Na medicina ninguém prepara um ensaio, determinando dia e
hora para o acontecimento. Trata-se de um acidente. A Iniciação
maçônica, por sua vez, não tem data prevista para o homem.
Ninguém destina seu próprio filho recém-nascido para uma
determinada data a fim de ser iniciado na mesma Loja Maçônica do
pai. Existem muitos maçons, de certo modo fanatizados, que
passam grande parte de sua existência preocupados
exclusivamente com a Maçonaria e pretendem, fazendo
proselitismo, que os filhos varões devam seguir o seu exemplo.
Alguns anos atrás isto seria possível. Hoje a mocidade, com a
independência que conquistou, aceita ou não, com extrema
facilidade, ser participante da Maçonaria.
Portanto, não se poderá programar o ensaio, mesmo que tudo
conduza a ser uma experiência produtiva com alcance muito maior
do que a quase totalidade suspeita atingir. A iniciação presta-se a
muitas confusões, especialmente a de que ela servirá para uma vida
terrena melhor, na sociedade e na família. Puro engano. A iniciação
destina-se à preparação para a morte, na maçonaria ou em
qualquer outro agrupamento religioso, místico ou sectário.
O ensaio não é para auferir maiores vantagens nesta filosofia
de vida que a Maçonaria orienta. Mas será sempre para que a fatal
passagem para o além possa ser consciente e tranquila, sem o
temor de que chegou o fim dos tempos, o próprio Apocalipse, a
grande tribulação. Fazer da morte um castigo, pinçando de forma
isolada a frase evangélica de que a morte "é o fruto do pecado".
Para conseguirmos este ensaio necessitamos, por sua vez,
ensaiá-lo também, ou seja, ensaiar o ensaio.
Quem passa pela iniciação maçônica pode não compreender a
sua finalidade. Pode entregar-se a um exame de introspecção, de
consciência, de arrependimento, meditar profundamente sobre se o
seu viver condiz com a sua crença, e quais as consequências que
possam advir de suas leviandades, maldades, traições, enfim,
genericamente, de seus pecados.
Tudo isso será muito salutar se da Câmara das Reflexões
saírem candidatos limpos e puros; teremos grandes vantagens: a
melhora do ser humano. Mas dentro de uma iniciação, o espaço
maior a ser ocupado não será o bom propósito ou o início de uma
nova filosofia de vida.
Será o ensaio para que o candidato possa aquilatar o valor de
vida, no sentido de que é um estágio para atingir uma boa morte.
Temos na religião uma Nossa Senhora da Boa Morte; temos os
amuletos, os escapulários, que nos preservariam em momentos de
distração, ou quando desprevenidos, dessa introspecção, deste
ensaio. Há séculos que os homens se preocupam com a passagem
da vida para a morte.
Na Maçonaria Filosófica temos lendas apropriadas, como
sucede no grau do Grande Pontífice, que faz dessa passagem uma
ponte. Ponte que já encontramos construída ou que devemos
construir.
Quando fechados na Câmara das Reflexões, se previamente
orientados dirigirmos nossos pensamentos para o grande e fatal
pas-so, estaremos passando pelo túnel em busca de sua parte final.
Nenhum túnel deixa de ter um final, nenhum princípio deixa de ter
um fim. O que desejamos encontrar ao final do túnel? Obviamente a
Luz que contém em si a Verdade.
Se, porém, chegando ao fim do túnel, nos depararmos com
mais escuridão, então nos desesperaremos e, por ser um ensaio,
teremos a oportunidade, que nos foi concedida como uma graça, de
nos preparar para o encontro da Luz e da Verdade, já que, para
encontrar mais escuridão nos encontramos infelizmente sempre
preparados.
O médico busca encontrar numa morte aparente as causas, o
processo e as consequências. As causas e as consequências, por
serem parcelas do conhecimento da medicina, são relativamente
fáceis de constatar e definir. Porém, o processo, no aspecto médico,
jamais será definido. Surgem as mais desencontradas teorias
porque não se trata de uma questão científica e filosófica, mas sim
de um ato espiritual.
A morte aparente cessa na maioria dos casos através de atos
mecânicos, como as massagens, a respiração boca a boca, a
aplicação de oxigênio em aparelhamento específico, os choques
elétricos, enfim, os recursos científicos. Porém, a morte aparente,
que tem a mesma duração que as acima referidas, também poderá
cessar espontaneamente, retornando a criatura à vida sem qualquer
interferência de outra pessoa ou aparelho. Há iogues que em
concentração paralisam as batidas de seu coração e deixam de
viver para ressurgir no momento programado.
Para o ensaio, entre uma e outra morte obviamente há muita
diferença, porque o iogue se entrega à preparação adequada,
passando a ensaiar tantas vezes quantas queira.
O conceito morte, no sentido vulgar, é a cessação da vida. No
entanto, ela apenas se apresenta como uma das esferas da vida. Se
a encararmos assim, verificaremos que a vida é una e infinita e que
a morte é apenas um dos seus aspectos.
Nós nos habituamos a ver na morte um fato negro, lutuoso,
dolorido, porque assistimos e participamos do quadro nem sempre
atraente, do qual geralmente fugimos. Não podemos encarar a
morte como um combatente que vê cair ao seu lado o companheiro
de luta, que assiste a trucidações, a múltiplos atos sangrentos, os
quais lentamente nos fazem indiferentes. O médico encara a morte
com naturalidade: está habituado a presenciá-la.
Assistimos, certa feita, em uma academia de ioga, à morte
súbita de um participante. Já no vestíbulo, pronto para retirar-se,
perdeu os sentidos e caiu com a testa sobre uma quina de um
móvel, recebendo fundo corte. Sem qualquer hesitação foi chamada
a autoridade policial, porque aparentemente se tratava de um
acidente, com ferimento e sangue. Compareceu o médico e,
constatando a morte, os policiais que o acompanhavam seguraram
o morto por um braço e o arrastaram pelo chão até o elevador. No
andar térreo seria transportado até o camburão sem qualquer
cerimônia. O quadro foi tremendamente chocante, não pela morte
em si, mas pelo tratamento dado pelos policiais, indiferentes àquele
ser humano que morrera.
A trágica consequência da ausência de uma solidariedade
humana, não tanto para o morto, mas para os circunstantes, foi
duramente criticada, despertando em todos o pensamento de que
aquele morto poderia ser qualquer um de nós.
A família recebe a morte com profunda dor, com sentimentos
mortificantes, com desespero, perdurando a tristeza por muito
tempo. O quadro que uma longa enfermidade apresenta, a agonia
nem sempre rápida as situações imprevistas nos dão um panorama
terrífico. É esta sugestão que cada um de nós tem da morte. O
cerimonial dos funerais, a constante visita dos mais atingidos ao
túmulo, as recordações das passagens mais sentimentais; tudo isto
nos prepara para encararmos a morte, quando nos chegar, com
pessimismo.
A realidade é que poucos de nós se encontram preparados
quando a morte chega.
As viagens que nos afastam da família, o sono, que por
algumas horas nos alheia de tudo, as mudanças de locais,
prolongando nossa ausência são ausências passageiras, mais ou
menos demoradas. A morte também é uma ausência; definitiva para
alguns, temporária para outros. A nossa vida, como o homem a
concebe, não seria realmente uma ausência à verdadeira vida? Ao
todo universal? Por que então invertemos as posições?
Escreveu Divaldo Pereira Franco: "A morte de forma alguma é a
coisa pior, desencarnação, antes é uma abençoada libertação numa
antemanhã de luz total e de felicidade real. Logo chegue o instante
do restabelecimento da convivência, momentaneamente
interrompida. E isto, por mais que pareça demorar, logo mais
sucederá, facultando que numa consideração retrospectiva parecerá
ter sido esse grande e largo período da ausência nada mais do que
um minuto, um lapso de tempo, ora fartamente recompensado pela
perfeita comunhão em inefável clima de ventura integral".
Há sempre quem se aproveite do mistério da morte para incluir
em sua essência a religiosidade. Nós morremos, dizem, para nos
unificar a Deus numa harmonização total. Embora na Vida
Verdadeira ela possa ocorrer, e devemos crer que ocorra — assim
orienta a Maçonaria --, a compreensão de Deus passa a ser clara e
inteligível: não é a morte o meio para atingir essa harmonização,
antes disto nos cabe ingressarmos luminosamente na Vida. A
vivência para atingirmos a finalidade suprema da Vida (estamos
escrevendo Vida com a inicial maiúscula) deve transcorrer no outro
piano, na outra esfera, na outra magnitude.
"Mortos não tornarão a viver, sombras não ressuscitam; por isto
os castigaste e destruíste e lhes fizeste perecer toda memória"
(Isaías 26-14).
Isaias[1] que viveu muito depois de Davi, aceitou a sua filosofia
e a repete, quando à "desmemorização" dos mortos e à
impossibilidade de uma ressurreição.
Notamos o conceito que Isaías fazia dos mortos; os reduz à
sombras, ou seja, sem qualquer corpo, e os considera destruídos
por Jeová.
O valor do profeta Isaías reside na anunciação da vinda do
Cristo e na redenção do homem.

Eis os versos proféticos anunciando a vinda do Senhor:


"E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo: 'Pede ao
Senhor teu Deus um sinal, quer seja em baixo, nas profundezas, ou
em cima, nas alturas.'
Acaz, porém, disse: 'Não o pedirei nem tentarei ao Senhor.'
Então disse o profeta: 'Ouvi, agora, ó casa de Davi: Acaso não
vos basta fatigardes os homens, ainda fatigais também ao meu
Deus?'
Portanto o Senhor mesmo vos dará sinal. Eis que a virgem
conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel. Ele
comerá manteiga e mel quando souber desprezar o mal e escolher
o bem; será desamparada a terra, ante cujos dois reis tu tremes de
medo".

Prossegue Davi:

"Pois na morte não há recordação de ti, no sepulcro quem te


dará louvor?" (Salmos 6-5)
Alia-se aqui morte com sepulcro, o que sugere que o período de
escuridão e de esquecimento ocorre no sepulcro, na mesma terra e,
embora oculto, sempre debaixo do sol.
Portanto o Senhor é o dono exclusivo da vida, eis que a dá e a
tira.
Continua Salomão a descrever o seu conceito, que só a atual
doutrina espírita tente alterar:
"Porque os vivos, sabem que hão de morrer, mas os mortos não
sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa,
porque a sua memória jaz no esquecimento.
Amor, ódio, inveja para eles já pereceram; para sempre não têm
eles parte alguma do que se faz debaixo do sol". (Eclesiastes 9-5,6)
Salomão não faz referência expressa ao homem, mas aos
vivos, e não faz qualquer distinção no sentido de que a morte
poderia ser uma surpresa. "Os vivos sabem que hão de morrer".
A sentença fatal nos causa, no entanto, certa perturbação,
porque poderíamos questionar vários aspectos, como o do recém-
nascido ou ainda daquele que está prestes a nascer.
O conhecimento sobre esta fatalidade em nossos dias é
generalizado, porque existe uma notícia permanente, um exemplo a
ser notado. Nos tempos primitivos, porém, só tomavam
conhecimento de que o vivo haveria de morrer através da palavra de
orientação dos sábios, mestres e profetas.
Neste trecho, Salomão "desmemoriza" os mortos, fazendo da
memória um dos pontos vitais do homem: homem morto, homem
desmemorizado.
A memória, dos mortos jaz no esquecimento, não dos que
permaneceram vivos, mas dos próprios mortos. Assim não esperam
receber qualquer recompensa. "Sobem" vazios.
Essa memória, curiosamente, tem ligações exclusivamente
quanto ao comportamento do morto: amor, ódio, inveja — uma
trilogia curiosa.
O sol, na expressão de Salomão, indubitavelmente é o nosso
Astro Rei que ilumina a galáxia. A situação astronômica é clara e a
mensagem, também, pois o retorno do morto à terra se torna, talvez
não impossível ou inviável, mas desnecessário, porque com a morte
paralelamente há perda de memória, há o esquecimento e, assim,
de nada resultaria o retorno de um morto na condição de
desmemoriado.
A filosofia hebraica retira do morto a Luz. Deve-se aceitar que
essa luz é a que provém do Sol ou da mão do homem. Sintomática
esta passagem:
"Pois o inimigo me tem perseguido a alma; tem arrojado por
terra a minha vida; tem-me feito habitar na escuridão, como aqueles
que morreram há muito". (Salmos 143-3)[2]
O reinado de Davi foi tumultuado e a sua filosofia foi usada com
toda plenitude por Salomão, seu filho. Daví compara a sua
escuridão à dos mortos, o que nos conduz a crer que a escuridão
não é privilégio dos mortos. "Os que morreram há muito, habitam na
escuridão" - segundo Daví —, ou seja, sem a luz.
A ressurreição é conceito Cristão. Como se percebe, além da
vida continua uma existência, mas no esquecimento e sem
memória. A expressão "morreram há muito" traduz um conceito
definitivo, irreversível: há muito morreram, ou seja, todos os que
morreram passariam a viver na escuridão.
A Maçonaria dá muita ênfase neste dualismo: Luz e Trevas.
Assim o dava também o Cristianismo.
O TEMPLO
Desejamos evitar o erro que a maioria dos autores maçônicos
cometem ao descrever, analisar e interpretar os símbolos, as
próprias lojas, os instrumentos, as joias, enfim, tudo o que há para
ser conhecido iniciando a jornada com a interpretação que lhes
sugere a própria língua de seus país.
Se disséssemos que a palavra templo é derivada do latim
templum, estaríamos restringindo o conceito aos países que
possuem linguagem com raiz latina. Não podemos confundir a
definição latina: "é um edifício destinado a celebrar qualquer dos
cultos à divindade". Estaríamos cometendo um erro irreparável, pois
o Templo Maçônico não deriva de nenhuma definição.
Houve uma época em que os maçons penderam para a
arquitetura, e passaram a ser denominados de "pedreiros livres", ou
free mason, e essa época tem duas referências: as pirâmides e a
Esfinge egípcias e o Templo de Salomão. Essas são as referências
conhecidas, pois é provável que tenham existido construções muito
mais remotas, seja na Babilônia, seja em qualquer país.
Mas a partir dessas duas referências, com espaços mais ou
menos longos e indeterminados, a Maçonaria veio burilando essa
faceta arquitetônica até atingir a renascença, onde o belo e as linhas
harmônicas se igualaram às construções da Grécia. Tudo levava a
crer que a Maçonaria manteria em secreto as fórmulas conquistadas
quiçá com que empenho e sacrifício.
Mas eis que não se conseguiu estabelecer o estilo maçônico,
onde se pudesse vislumbrar em uma construção a origem do
arquiteto.
Os estilos foram se sucedendo, até que a Maçonaria perdeu a
primazia e hoje, o que presenciamos? Que as construções dos
templos são entregues a firmas especializadas que seguem as
linhas modernas, que evoluem substituindo tudo que fora tradicional,
seja na forma, seja nos materiais empregados. Os templos
passaram a abrigar fiéis das mais diversas religiões e
transformaram-se em monumentos de fé, imensos, ricos, refletindo
poder.
No mundo cristão não se pode negar a hegemonia da religião
Católica, com suas catedrais, tendo como exemplo o próprio
Vaticano, obra da renascença onde os mais famosos arquitetos e
pintores o embelezaram, revestindo-o de arte. E é essa Igreja
Católica que hoje, rompendo as tradições seculares, volta-se para
uma arquitetura moderna e constrói obras revolucionárias, como a
catedral de Brasília, fugindo completamente ao que era
convencional. Daqui em diante, cada nova geração de arquitetos
passará a empregar materiais dos mais estravagantes e inusitados,
e dentro de um século toda e qualquer concepção que se pode fazer
de um templo não atingirá a realidade.
O cérebro eletrônico substituiu o que se poderia denominar de
obsoletos — compasso, régua, nível -, forçando a todos, face a
evidência, a uma reformulação geral. Por isso que uma definição de
algo que se transmuda constantemente já nasce obsoleta.
Definir o que seja um templo, visualizando-o no sentido
material, será, portanto, inadequado. O acertado será dizer ser
indefinido símbolo limitado pelos nossos pensamentos.
Escrevem os autores tradicionais que o Templo simboliza o
universo e possui a forma de um cubo, porque corresponde a um
corpo geométrico quaternário, representando os quatro elementos
da natureza, os quatro pontos cardeais, a abóbada celeste e assim
por diante.
A sua área, possui a forma de um paralelogramo,
representando a antiga concepção que os geômetras tinham do
mundo, antes que Ptolomeu apresentasse o seu sistema
cosmográfico.
O quadrilátero está orientado na direção leste e oeste como
longitude e norte e sul como latitude; suas dimensões abrangem o
centro da ferra ao infinito.
Ao seu redor acham-se distribuídas dez colunas que, somadas
às duas que se encontram no vestíbulo totalizam doze. Cada coluna
corresponde a um signo do zodíaco, e sustentam a abóbada celeste
bordada de estrelas.
Circundando o recinto, à altura do friso, corre um cordão,
enlaçado de espaço em espaço, formando doze nós ou 81
(conforme o rito), e nos extremos, duas borlas apoiadas nas colunas
de entrada. Esse cordão é uma alegoria à elipse. Ao Oriente ergue-
se um estrado formado de três partes sobrepostas, cujo peitoril é
formado por uma balaustrada. Na parte posterior e centralizado,
ergue-se outro estrado igual, porém com dimensões menores que
suporta o trono do Venerável Mestre. O trono ergue-se sobre quatro
degraus, e é de forma circular e sob um dossel com franjas ou orla
dentada, segundo o rito adotado. Ao fundo e às costas de onde
senta o Venerável vê-se um triângulo centralizando um olho, ou a
palavra que simbolize O Grande Arquiteto do Universo. Diante do
trono — a cadeira do Venerável — está uma mesa circundada de
símbolos, e sobre ela um candelabro, exemplares das Leis, rituais e
utensílios necessários. Defronte ao altar, seja no Oriente para
alguns ritos ou na câmara do meio para outros, ergue-se o altar
propriamente dito, que não se confunde com o trono.
O altar, ou mais comumente chamado Ara, tem o formato de um
triângulo, mede um metro de altura e comporta somente o Livro
Sagrado, um esquadro e um compasso. Sobre a plataforma do
Oriente, junto à balaustrada à direita e à esquerda, estão duas
mesas triangulares elevadas sobre três degraus, colocadas uma à
frente da outra, e são ocupadas pelos Irmãos Orador e Secretário.
Sobre a mesa do Orador colocam-se as leis; na mesa do Secretário,
os livros de seu uso e no trono, bem como nessas mesas, um
candelabro com sete luzes.
À direita e à esquerda do trono colocam-se cadeiras para serem
ocupadas por visitantes ou para os que tenham direito face o seu
grau e posição hierárquica.
Aos pés da balaustrada, já na câmara do meio, à direita e à
esquerda, outras duas mesas triangulares ocupadas pelo Tesoureiro
e pelo Chanceler. À frente, os irmãos Hospitaleiro e Mestre de
Cerimônias. Diante de cada coluna sobre um estrado de três
degraus, estão as mesas triangulares dos Irmãos 1º e 2º Vigilantes.
Ao lado de cada coluna estão os lugares destinados aos
Aprendizes e Companheiros. Os Mestres sentam-se dentro da sala.
Ao lado dos Vigilantes, os Irmãos Expertos. Na porta o Irmão
Cobridor.
Sobre a mesa do 1º Vigilante colocam-se o candelabro com três
luzes, um malhete e um esquadro.
Na mesa do 2º Vigilante colocam-se o mesmo candelabro, um
malhete e uma régua com 24 polegadas.
Consoante o rito adotado, há algumas modificações nos
degraus, dossel e pequenos detalhes.
As Colunas devem ser bronzeadas, em estilo coríntio. Sendo a
do Norte mais escura e a do Sul, brilhante. A do Norte é coroada
com uma esfera "terrestre", sustentada por romãs e lírios, cobertos
por uma rede. Ao centro do fuste estão as letras J e B. Sobre essas
colunas descansa um grande triângulo equilátero, destacando-se
em seu centro uma estrela radiante. Ao pé da coluna do Norte se
coloca uma pedra bruta; da do Sul, uma pedra cúbica. Conforme o
rito alteram-se as posições das colunas.
Ao fundo do Oriente, sobre a direita observa-se um sol
resplandecente, que simboliza o dia. A esquerda vê-se a imagem da
lua, que simboliza a noite. O assoalho é formado de mosaico, em
quadrados negros e brancos. Sobre o dossel do Venerável vê-se a
estrela flamígera.
Dependendo do rito e grau de trabalho e bom gosto da
Diretoria, o Templo pode sustentar adornos e pinturas adequados.
Junto à balaustrada, podem-se colocar o estandarte ou a bandeira
máquina e a Bandeira Nacional. À porta da entrada do Templo
coloca-se o Cobridor externo.
Essa é a descrição convencional de um Templo que abriga
maçons dos três graus e impressiona pela quantidade de símbolos
que contém, relembrando polidamente o que fora o Grande Templo
dedicado ao Senhor, idealizado por Davi e construído, por ordem de
Salomão, pelo arquiteto Hirão.
É evidente que a Maçonaria não se contenta em possuir belos
templos de características externas e internas, adotadas
universalmente. Se o estilo é preestabelecido e conservado, não o é
a decoração interna. Cada Templo apresenta as suas características
peculiares ao local, à idade, e às posses da Loja.
O Estandarte da Loja é arvorado na balaustrada do Oriente, à
esquerda do Secretário. Chama-se Atrio ou Vestíbulo, o
compartimento que precede o Templo e que tem a mobília que o
espaço permitir.
Ao vestíbulo do Templo precede a sala dos Passos Perdidos,
onde devem estar os visitantes antes de se lhes dar ingresso,
mobiliada e ornada de quadros com figuras emblemáticas alegóricas
ou retratos.
O Templo poderá apresentar-se numa trilogia, mantendo-se
assim com o aspecto simbólico. A sua parte exterior, a interna e a
oculta. A parte exterior será o edifício que deveria obedecer a um
estilo maçônico, de há muito tempo abandonado e esquecido. A
interna é composta da Loja, do átrio ou vestíbulo, da sala dos
passos perdidos e da Câmara das Reflexões.
A disposição interna da Loja, dos símbolos e móveis, os
próprios rituais a fornecem. Suas dimensões decorrem do desejo e
dos recursos daqueles que a constroem. Temos nos Estados Unidos
alguns templos suntuosos, como temos no Brasil templos muito
simples e modestos. Não há >um critério rígido para as dimensões
de uma Loja porque essas dimensões ultrapassam o poder do
homem medi-las.
As ideias de longitude, latitude, altura e profundidade não
podem e não devem ser limitadas a uma concepção humana e
comum.
A explicação mais usual dessas medidas é a de que a longitude
de uma loja estende-se de Oriente a Ocidente; a latitude, de Norte a
Sul e a altura e profundidade, desde o zênite até o centro da terra.
Há duas dificuldades para o escritor definir as medidas de um
templo e são as mesmas que encontramos para definir o Universo
externo; que é o cosmos e o universo interno, que é o indivíduo.
O homem encerrado nos seus mistérios insondáveis; em sua
razão, em sua mente, em sua alma, em sua consciência . . .
Porém, todos se põem de acordo em aceitar que uma Loja deva
ter a forma de um paralelogramo, devidamente orientado de Oriente
a Ocidente, completamente isolado e com um teto alto para que se
possa construir uma abóboda.
Sempre que possível, o Templo será construído de Leste para
Oeste, ou seja, Oriente, onde se situa o Altar, deverá corresponder
ao local onde se assenta o Venerável.
Seja porque o Sol nasce no Oriente, seja porque assim era
construído o Templo de Salomão, ou por efeito da força magnética
que se situa entre Equador e os Pólos, será inquestionavelmente a
forma correta de situar-se um Templo.
Outros autores afirmam que a Loja deva assemelhar-se a um
cubo, por corresponder esse corpo geométrico ao número quatro ou
quaternário, que é o emblema da Natureza, porém a planta baixa da
Loja. Confirmam que deva ser um paralelogramo, porque assim
concebiam os antigos geólogos ser o formato da Terra, antes que
Ptolomeu a descobrisse redonda.
No sentido espiritual, a Loia possui dimensão alguma, pois
abrange as distâncias que a mente do homem conseguirá atingir.

O que é o Templo

Mas o que é o Templo?


Aqui não podemos abrir mão dos Evangelhos. E tampouco
omitir a parcela que o Novo Testamento possui como prova de que
Jesus de Nazaré abriu novos horizontes e novas dimensões à
Maçonaria.
Quer se aceite sua origem essênica, quer se aceite sua origem
messiânica, pondo-se de lado o aspecto dogmático, temos em
Jesus de Nazaré e no Cristianismo um marco sólido do que
poderíamos denominar de Maçonaria espiritualista.
Certa feita, ao se aproximar a festa pascal dos judeus, Jesus
subiu a Jerusalém e entrou no Templo, como era de seu hábito; ali
encontrou gente a vender bois, ovelhas e pombos, e cambistas que
lá se tinham estabelecido. Fez um azorrague de cordas expulsou-os
todos do Templo, juntamente com as ovelhas e os bois, arrojou ao
chão o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas. Aos
vendedores de pombos disse: "Tirai daqui essas coisas e não façais
a casa de meu Pai de mercado". Recordaram-se então os seus
discípulos do que diz o Salmo 68: "O zelo pela tua casa me devora".
Os judeus porém, protestaram, dizendo-lhe: "Com que feito
poderoso provas que tens autoridade para fazer isto?" Respondeu-
lhes Jesus: "Destruí este Templo, e em três dias o reedificarei".
Disseram os judeus: "Quarenta e seis anos levou a construção
deste Templo, e tu pretendes reedificá-lo em três dias?"
Ele porém se referia ao: Templo de seu corpo.
É então que encontramos pela primeira vez o verdadeiro
significado do que seja um Templo!
São Paulo, alguns anos após repetia:
"Não sabeis que sois Templo de Deus e que o espírito de Deus
habita em vós? Quem destruir o Templo de Deus será por Deus
destruído; porque o Templo de Deus é santo. E isto sois vós."
Eis o que é um Templo Maçônico. E será para penetrar nesse
templo que o candidato é colocado na Câmara das Reflexões.
Isto abre uma nova dimensão para o homem.

***

É evidente que o vocábulo templo conduz o pensamento em


busca do Templo de Salomão, mas os templos modernos maçônicos
não refletem o Templo de Salomão, a não ser em raros aspectos
coincidentes. Não se poderá criar confusão entre os dois templos,
nem em seu aspecto interno nem externo, contudo subsiste o
ambiente espiritual.
Já dissemos que a Maçonaria moderna perdeu as pegadas
deixadas pelos pedreiros-livres no que tange ao estilo de
construção. Inexiste na atualidade um estilo maçônico, de modo que
a forma externa de um templo maçônico não reflete de imediato a
identificação de que ali existe Maçonaria. Alguns templos
apresentam exteriorizados símbolos maçônicos, ora discretamente,
ora com exuberância.
O Ritual do Grau de Aprendiz, adotado oficialmente pelo
Grande Oriente do Brasil, detentor do maior número de Lojas,
afastado de certa forma do ritual tradicional, contém os elementos
suficientes para conduzir com perfeição uma Loja. Portanto, resta-
nos verificar o que a Maçonaria atual compreende por Templo.
Disposição e decoração do Templo

O local de reunião da Loja chama-se Templo. Tem interiormente


a forma de um retângulo. A parte do fundo, à qual se sobe por um
degrau (ou por quatro pequenos degraus, se a altura da sala o
permitir), chama-se Oriente, que é separado, à direita e à esquerda,
por uma balaustrada.
A porta de entrada é no Ocidente, a meio da parede que faz
frente para o Oriente. O templo não deve ter janelas ou outras
aberturas, a não ser que por elas nada se veja do exterior. As
paredes são decoradas em azul, havendo na friza um cordão que
forma, de distância em distância, nós emblemáticos no total de 81 e
termina em uma borla pendente em cada um dos lados da porta de
entrada.
O teto figura uma abóbada azulada, com estrelas formando
grande número de constelações. Na parede do fundo, no Oriente,
em um painel, são pintados ou bordados os astros do dia e da noite
(sol e lua), ficando esta ao Sul e aquele ao Norte, e bem assim a
estrela rutilante sobre um triângulo em fundo dourado. Este painel
fica bem em frente à porta de entrada e sob um dossel de damasco
azul celeste com franjas de ouro. Debaixo do dossel está a cadeira
do Venerável, sobre um trono ou estrado ao qual se sobe por três
degraus.
Na frente da cadeira fica uma mesa retangular, fechada na
frente e nos dois lados por painéis de madeira, podendo haver no da
frente um esquadro entrelaçado com um compasso. Sobre esta
mesa estarão um candelabro de três luzes, um malhete, um
exemplar da Constituição, do Regulamento Geral da Ordem, do
regimento particular da Loja, do ritual e o necessário para escrita e
as espadas.
A Bíblia é Livro Sagrado geralmente usado nas Lojas do mundo
ocidental. Todavia, não é obrigatória, porque pode ser substituída
por outro Livro Sagrado, visto que o Iniciado ou o Maçom tem o
direito de prestar os Juramentos, que a Ordem exige, sobre o Livro
de sua própria fé.
O Compasso tem a abertura de 45 graus e as pontas voltadas
para o Ocidente.
Diante do altar dos juramentos, uma almofada azul com
esquadro bordado a ouro.
À direita e à esquerda da cadeira do Venerável deve haver
cadeiras de honra.
Próximo à grade do Oriente, ao Norte ou à direita do Venerável,
há uma cadeira e uma mesa para o Orador e, simetricamente, ao
Sul ou à esquerda do Venerável, uma cadeira e uma mesa para o
Secretário.
Em cada uma dessas mesas há uma luz e um exemplar da
Constituição, do Regulamento Geral da Ordem e do regimento
particular da Loja.
No Ocidente, de cada lado da porta, há uma coluna ôca,
bronzeada, de ordem coríntia, com uma capitel suportando três
romãs entreabertas.
No fuste da coluna, à direita da entrada ou no Sul, deve estar
gravada a letra B e no da coluna à esquerda ou no Norte, a letra J.
Há sobre um estrado móvel e de dois degraus a cadeira para o 1º
Vigilante, e na frente desta uma mesa triangular que pode ter duas
de suas faces revestidas por painéis de madeira, podendo nestes
painéis estar gravado ou pintado um nível de pedreiro.
Na parte Sul, no meio, está a mesa do 2º Vigilante, sobre um
degrau, semelhante à do 1º Vigilante, e decorada com um prumo ou
perpendicular.
Sobre cada uma dessas mesas há um candelabro de três luzes,
um malhete e um exemplar do Ritual.
À direita da mesa do Orador, por fora da balaustrada, há uma
mesa triangular para o Tesoureiro, e simetricamente, à esquerda do
Secretário, uma outra para o Chanceler.
Estas mesas podem ser revestidas de painéis simples.
Ao Sul e ao Norte, no Oriente e fora dele, estão bancos
colocados longitudinalmente em duas ou mais linhas paralelas,
conforme as dimensões do templo.
Os aprendizes sentam-se na última bancada do Sul e os
companheiros na última do Norte.
Por extensão, dá-se o nome de colunas do Norte e do Meio-Dia
ao conjunto dos irmãos que se sentam nas bancadas diante dessas
colunas.
A Bandeira do Brasil, nas sessões magnas, é arvorada na
balaustrada do Oriente, à direita do Orador.

O Altar

Ainda, por incrível que pareça, existe grande confusão entre


Altar e Dossel do Venerável, que são duas coisas distintas. O Altar é
o lugar onde o homem entra em contato com Deus. É a
materialização do espiritual. A posição do Altar varia de
conformidade com os ritos, mas sempre é colocado em lugar de
destaque, preferivelmente no centro e defronte ao Dossel. Há os
que afirmam que sua colocação deverá obedecer à Constelação
Austral, tanto que o Altar também é conhecido com o nome de Ara.
Ainda, infelizmente, pelo menos no Brasil, não se conseguiu
uniformizar a construção e uso do Altar. Uns o constroem em forma
de triângulo, outros, quadrado, e por fim há os que apenas o
apresentam como uma pequena coluna com caneluras.
No Templo de Salomão era quadrado, tendo em cada canto, na
parte superior do cubo, um pequeno corno e sobre ele o Livro
Sagrado aberto onde descansam o esquadro e o compasso
entrelaçados.
Nos cantos, três luzes, permanecendo um ângulo vazio ao
Norte, onde não há luz.
Já entre nós é mais usado o Altar triangular, onde são
colocados a Bíblia, um compasso e um esquadro.
Outros ritos colocam em cada face do triângulo um candelabro;
no centro uma pequena almofada com franjas de ouro e sobre ela o
Livro Sagrado, quando aberto, o compasso entrelaçado pelo
esquadro e a espada flamígera.
Os altares sempre foram locais onde o homem apresentava
sacrifícios a Deus. Para os cristãos, considerando o Senhor o último
Cordeiro dado em sacrifício, queimam incenso.
Espiritualmente representaria o desconhecido e materialmente,
o túmulo.
Mas o seu significado mais coerente diz respeito apenas aos
juramentos. Sobre o Altar somente devem ser colocados o Livro
Sagrado; quando aberto, sobre ele o esquadro com o compasso
entrelaçado.
Não se poderia emprestar ao Altar o significado de uma tumba,
eis que o túmulo é representado pela Câmara das Reflexões.
O homem que sai da Câmara das Reflexões é alguém
renascido ou ressuscitado, e a Nova Criatura não mais poderá ser
entregue ao sacrifício.

O Livro Sagrado

Muitos são os Livros Sagrados, dependendo da situação


geográfica em que estiver a Loja. No Brasil, como em toda parte
ocidental do mundo, o Livro Sagrado será a Bíblia. É evidente que
poderá surgir uma Loja no Brasil composta de membros hindus e
que coloquem sobre o Altar o Bhagavad-Gita.
Sem nos preocuparmos com a antiguidade dos Livros Sagrados
-- pois este trabalho não é erudito mas apenas ilustrativo —,
iniciaremos com o livro que os israelitas colocam sobre o Ara: o
Talmud, livro que contém todo o direito civil e religioso dos Judeus
bem como todos os regulamentos de todas as cerimônias de seu
culto, os preceitos que devem seguir e seu uso particular.
Divide-se em duas partes, sendo que a primeira serve como
texto e é chamada de Misna, e a segunda é o comentário do texto e
se denomina Gerama.
Muitos ritos e graus maçônicos derivam do Talmud,
especialmente o rito de Misraim,
A descrição da Bíblia, ou Sagradas Escrituras, para nós,
Ocidentais, torna-se supérflua, pois trata-se do livro mais lido,
impresso e traduzido que possa existir, contudo, nunca é demais
analisá-la cronologicamente, como orientação para aqueles que se
sentem atraídos pelo seu misterioso conteúdo.
A Bíblia divide-se em duas partes: Antigo e Novo Testamento.
O Antigo Testamento é dividido em nove períodos:
1º período:Desde a criação até o dilúvio. 1656 anos.
2º período:Do Dilúvio à vocação de Abraão. 426 anos.
3º período: Da vocação de Abraão até a saída do Egito. 430
anos.
4º período:Da saída do Egito à entrada em Canaã. 40 anos.
5º período:Da entrada em Canaã até o rei Saul, 356 anos.
6º período:De Saul até a morte de Salomão; o Reino das Doze
Tribos. 120 anos.
7º período:Da separação das Doze Tribos até o cativeiro da
Babilônia; Reinos de Jubá e Israel. 369 anos.
8º período:O cativeiro da Babilônia. 70 anos.
9º período:Do cativeiro da Babilônia até o nascimento de Jesus,
o Cristo. 236 anos.

O Novo Testamento é dividido em dois períodos.

1º Período:

1ª época: Da anunciação de João Batista até o nascimento de


Jesus Cristo.
2ª época: Do nascimento de Jesus Cristo até o seu Ministério.
3ª época: Do Ministério de Jesus Cristo até a prisão de João
Batista. 4ª época: Da prisão de João Batista até a missão dos Doze
Apóstolos. 5ª época: Da missão dos doze Apóstolos à missão dos
setenta discípulos.
6ª época: Da missão dos setenta discípulos até o ingresso
triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém.
7ª época: Do ingresso triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém até
a sua prisão.
8ª época: Da prisão de Jesus Cristo até a sua morte.
9ª época: Da morte de Jesus Cristo até a sua ascenção.

2º Período:

1ª época: O Evangelho é anunciado aos Judeus e aos


Samaritanos.
2ª época: A evangelização dos Gentios tementes a Deus.
3ª época: Missão entre os Gentios idólatras. Primeira viagem de
S. Paulo.
4ª época: Segunda viagem de São Pado.
5ª época: Terceira viagem de São Paulo.
6ª época: Da viagem de São Paulo até o fim de sua prisão
naquela cidade.
7ª época: Da última viagem de São Paulo até o final do Novo
Testamento.

O Esquadro

Antes de tecermos considerações sobre o esquadro cumpre


esclarecermos a respeito da distinção entre os símbolos. De uma
forma generalizada tudo deverá ser considerado corno símbolo, eis
que o próprio homem é um símbolo, mas nem sempre devemos
generalizar. Para melhor compreensão passaremos a classificar os
símbolos, sem nos preocuparmos com a maior ou menor
importância deste ou daquele objeto.
Assim, tanto o Livro Sagrado quanto Esquadro e Compasso
passarão a ser conhecidos como utensílios.
A supressão do Livro Sagrado, em certos ritos, equivale a
suprimir um utensílio que evidentemente fará falta para a construção
do edifício físico-espiritual que é o futuro maçom.
O Esquadro é um utensílio que para os egípcios era um
quadrado geométrico, ou seja, a figura de quatro lados iguais a
quatro ângulos retos.
Também não deixa de ser uma joia móvel, símbolo de mando
que é colocado no Venerável da Loja.
Encontramos sua origem e uso no culto do Osíris na sala do
Juízo, onde são julgados os homens que, encontrados com a
perfeição necessária, são admitidos a prosseguir.
Embora um só esquadro, possui dois significados, sendo que o
primeiro é para a construção reta e perpendicular a fim de que
resulte forte e segura.
Nas mãos do Venerável servirá para julgar e decidir. Era o
símbolo do Deus Rá, o deus-sol, filho de Osíris e de Isis, que o
empunhava na forma de um malhete, de haste longa e testa em
forma de flecha pela composição de dois esquadros. Deus
descendente e Deus ascendente. Quase que um prelúdio da Cruz
cristã.
A matemática que faz parte da filosofia, através de Pitágoras
demonstrou que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos
quadrados dos catetos.
Esquadro, do latim ex-cuadrare não deixa de ser, também, um
instrumento de desenho, usado na geometria. É um ângulo reto ou
um triângulo. Sem dúvida trata-se do símbolo mais usado e
conhecido na Maçonaria, podendo-se até sugerir como sinal de
identificação. Por ser o quadrado perfeito, representa a terra e
orienta a marcha do aprendiz do átrio até o Venerável na posição de
ordem.
Esta posição apresenta quatro esquadros que em astronomia
significam o corte dos diâmetros do círculo zodiacal, resultando as
quatro partes conhecidas como as estações do ano. Todos os graus
da Maçonaria contêm como símbolo primário o Esquadro, porque
todos os graus conduzem ao aperfeiçoamento humano no caminho
reto da justiça e comportamento. Por ser uma figura geométrica, é
um utensílio de medida, sendo portanto quem equilibra o
comportamento humano.
Nos três graus simbólicos o aprendiz usa o Esquadro como
signo de sua marcha; cada passo forma um Esquadro.
O companheiro também em sua marcha entrelaça o Esquadro
com o compasso e, finalmente, o Mestre o usa, rememorando a
lenda de Hirão que recebera o segundo golpe mortal por meio de
um Esquadro.
O aprendiz que segue pelo seu caminho, quer espiritual, quer
material, o faz em linha reta, mas jamais deixará de verificar o que
está ao seu lado. Seguindo a linha longa do Esquadro em frente,
acompanhará a linha mais curta em direção oposta lateral; percorre,
assim, o Universo, afastando-se cada vez mais do vértice para o
infinito, abrangendo o que lhe está à direita.
À esquerda, terá o incognoscível, mas por tempo limitado,
porque ao retornar de sua viagem percorrerá parte do caminho
trilhado, já com a soma de uma experiência, abrangendo porém a
amplitude que em sua ida não pudera discernir. E no passar dos
ciclos, em sua eternidade, o homem compreenderá o que significa
romper horizontes.
O Compasso

O símbolo é tão antigo como o homem. A inteligência


desenvolveu-se face à interpretação dos símbolos que podem ser
materializados em objetos ou simplesmente expressos através da
palavra para complementar a ideia. A parábola é um símbolo, pois o
orador em seu discurso apresenta a ideia através de uma imagem
simples e atraente.
Existe uma ciência dos símbolos sem a qual a inteligência
humana não abre horizontes.
A religião não pode dispensar a ciência dos símbolos e como a
Maçonaria antecede à qualquer religião, eis que nada tem para
religar, por sua vez, pode ser considerada a criadora dessa ciência.
A Maçonaria fala a voz silenciosa do símbolo! Um paradoxo real
e constatado diuturnamente.
Os símbolos maçônicos foram derivados dos símbolos
primitivos e aplicados à arte de construir desde a origem desta arte,
sem esquecer a construção do homem que teve início mesmo antes
que a matéria surgisse.
Desde os Templos Egípcios até os da Índia e China, todos
contém resquícios de uma época em que o símbolo realmente era
usado abundantemente; hoje aparentemente os símbolos estão
sendo abandonados, isso no que diz respeito aos símbolos usuais e
conhecidos, mas não desapareceram e não desaparecem, apenas
cedem seu lugar a novas figuras e nomenclaturas. A prova é o que
se tornou tão vulgar entre nós: as pequenas figuras que expressam
ou um complexo industrial ou uma potência comercial. Até na
administração pública as siglas, que se contam aos milhares,
simbolizam todo um complexo departamento estatal. São os atuais
logotipos.
O alfabeto e o número são símbolos permanentes, e o homem,
logo que aprende a assinar, lança no papel a sua própria
personalidade através de sua assinatura. Para o grafólogo, uma
assinatura espelha totalmente o indivíduo que o grafou. Os signos
do Zodíaco, os elementos da química e, agora, a incomensurável
linguagem cosmo-científica são expressas em símbolos.
Os símbolos maçônicos de construção dos Templos, depois de
um período áureo, quase que se eclipsaram durante a decadência
de Roma, estacionando-se até o ano de 1249 quando Alberto
Magno (Conde de Volstá´dt) criou o estilo germânico ou gótico,
conservando o sigilo da construção através dos símbolos sob os
quais se escondia, por sua vez, a perseguida Maçonaria.
O retorno ao uso intensivo dos símbolos foi fator favorável às
Lojas, que assim puderam selecionar os novos aprendizes que
ingressavam, exigindo-lhes condições excepcionais e aptidões
especiais, bem como conhecimentos à altura da nova missão.
Assim, um simples obreiro ufanava-se de possuir o segredo da
construção. O resultado está vivo ainda hoje, e impresso na beleza
arquitetônica dos templos europeus.
Os utensílios maçônicos, que são os símbolos maçônicos,
traduzem em seu aspecto extrínseco o seu uso: todos para a
construção de alvenaria. Esquadro, compasso, régua, nível, prumo,
trolha, cinzel, malho etc.
Estes símbolos, por sua vez, eram esculpidos durante a Idade
Média nas próprias construções e, como hieroglifos, falavam a
linguagem secreta dos "pedreiros livres" transmitindo a mensagem.
A construção de um Templo adquiria um sentido espiritual e era
motivo de orgulho para todos aqueles que haviam contribuído para a
obra. Devemos nos ater ao fato de que as construções passadas
diferiam muito das atuais. Hoje constroem-se edifícios muito mais
altos e amplos em uma centésima fração de tempo do usado pelos
antigos.
Uma Catedral levava dezenas de anos para ser concluída e,
ainda, como a Catedral de Notre Dame e a de Colônia, algumas que
até hoje não foram acabadas.
O orgulho do artífice reside no fato de admitir, com seu esforço,
sacrifício e dedicação que "ajudara a construir uma Catedral"! Quem
coloca uma pedra ou une com argamassa, está desempenhando
uma tarefa indispensável, sem o que o todo ficaria inacabado.
Assim, teremos uma parte prática e outra especulativa; não é
diferente em Maçonaria. Uma é a utilidade dirigida para que o
homem possa se sentir realizado e feliz; outra é a ciência profunda
que se ocupa das investigações do mais além da vida terrena, da
sobrevivência e do Infinito Eterno.
O ponto de união, o laço, o elo que une estes dois aspectos, é o
símbolo. Pode-se tentar uma definição literária afirmando que este
elo é a Maçonaria!
Tentam, os que querem um aggiornamento da Maçonaria,
suprimir os símbolos. Basta omitir um sequer para que o conjunto
deixe de ser harmônico. A subtração de um símbolo será o
rompimento de um elo e o desfazimento da Cadeia de União. O
caos, portanto.
O Compasso evidentemente é um instrumento ou utensílio
composto de dois braços articulados que se unem, até formar um
ponto, e que se separam até permanecerem opostos, formando uma
linha reta. Destina-se a traçar uma das mais perfeitas figuras
geométricas; o círculo. Mas também é um utensílio de medida, que
transfere medidas.
A posição do compasso traduz a estática e a dinâmica. Com
seus braços ou hastes fechados somente poderá marcar o ponto. O
ponto não significa morte ou estagnação, mas é a partida para a
grande aventura da vida. Entreabrindo-se o compasso, já traça uma
curva que forma o círculo e a circunferência.
Abre-se então o cortinado do Infinito, porque dentro da
circunferência tudo acontece. São os raios que partem do ponto
central que se dirigem ao Infinito sem jamais se encontrarem. São
as figuras geométricas todas que se formam na circunferência, entre
as quais os polígonos estrelados.
Daremos como ilustração algumas definições que a geometria
nos fornece para melhor compreensão de certos símbolos dentro da
Loja e em especial as próprias Colunas.
Circunferência é a curva plana e fechada cujos pontos
equidistam de um ponto fixo chamado centro.
O segmento que une o centro a qualquer ponto da
circunferência é o raio.
A reta que corta a circunferência é a secante; a porção da
secante limitada pela circunferência é a corda. A corda que passa
no centro da circunferência denomina-se diâmetro.
A reta que tem um só ponto de contato com a circunferência é a
tangente. Então, a tangente é o limite para que tende a secante
quando os dois pontos de contato se confundem.
É tão complexa a construção através do compasso que
insistiremos na descrição ilustrativa tão somente, já que esta obra
não é de erudição.

Aplicação de concordância de linhas


Curvas abertas
Curvas fechadas
arcos espirais policên tricas
ovais irregulares
[plenos abatidos super-elevados boiantes ou viajados
[normais alongadas
ovais regulares ou falsas elipses

Até para traçar uma linha reta não pode ser dispensado o uso
do compasso; os triângulos, polígonos, elípses, parábolas,
hipérboles, as curvas de erro, etc.
Portanto, dentro e fora da Loja havemos de encontrar alguma
figura geométrica, e esta, forçosamente, para ter existido, não
prescindiu do uso do compasso.
O compasso é a causa e origem de todas as coisas, e seu uso
na Loja diz mais partes do grau de Mestre que dos demais.
Simboliza a virtude porque é a verdadeira medida dos nossos
desejos.
O homem dentro do círculo é o ponto. Mas este ponto onde
descansará uma das hastes do compasso para traçar suas figuras
não é algo que tenha origem espontânea.
Jesus, o Cristo (note-se como escrevemos: Jesus — o Cristo, e
não Jesus Cristo; em castelhano escreve-se Jesucristo) definiu o
ponto de forma sublime ao dizer: Eu e o Pai somos um.
No ponto nós estamos em Deus e Deus está em nós; não
somos deuses em igual potência, mas limitados pelo círculo. Não
podemos nos afastar em direção ao Infinito pelas linhas horizontal e
vertical que partem do ponto. O homem somente poderá romper as
linhas do círculo em harmonia com Deus. Somente em companhia
do Criador poderemos sair pelo infinito, somente com o Grande
Arquiteto do Universo poderemos percorrer o Universo (um em
diversos).
É por isto que o compasso limita as nossas paixões e equilibra
os nossos anseios.
O ponto confirma o nosso Eu. O círculo é o campo experimental
do Eu a circunferência recebe o Ego. O Eu é o que realmente
somos; o Ego é o que aparentamos ser. O Eu é real; o Ego é fictício.
O compasso é a porta que nos introduz à filosofia maçônica. O Livro
Sagrado, o Esquadro e o Compasso constituem as grandes joias e
as grandes luzes da Maçonaria, devendo ser considerados juntos
para que exerçam com plenitude o total domínio na Loja.
A Bíblia, enquanto a Loja está fechada, permanece também
cerrada; ao abrir-se a Loja, abre-se o livro e sobre as suas páginas
coloca-se o Esquadro com o ângulo para o Ocidente, e sobre o
Esquadro coloca-se o Compasso com a abertura de 45° com as
pontas voltadas para o Ocidente.
No grau de Aprendiz a Bíblia será aberta na página que contém
o Salmo 133:

"A Excelência da União Fraternal

Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os Irmãos! É


como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a
barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes.
É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes
de Sião. Ali ordena o Senhor a sua bênção, e a vida para
sempre."

No grau de Companheiro abre-se a Bíblia no Livro de Amós,


capítulo 7, versículo 7:

"Isto me mostrou ele: eis que estava Jeová junto a um muro,


feito a prumo, e tinha na mão um prumo.
Jeová disse-me: que vês tu, Amós? Eu respondi: Um prumo.
Então disse Jeová: Eis que porei um prumo no meio do meu
povo de Israel, e não tornarei mais a passar por ele; os altos de
Isaac serão desolados, e os santuários de Israel serão
assolados; e me levantarei com a espada contra a casa de
Jeroboão."

No grau de Mestre a Bíblia será aberta em Eclesiastes, capítulo


12, versículo 13:

"Além disso, filho meu, sê admoestado: de fazer muitos


livros não há fim, e muito estudar é enfado da carne. Este é o
fim do discurso. Já tudo foi ouvido: teme a Deus e observa os
seus mandamentos, porque isto é o tudo do homem.
Pois Deus trará a juízo todas as obras, mesmo as que estão
escondidas, quer boas, quer más."

Em muitas Grandes Lojas a Bíblia é aberta em Eclesiastes,


capítulo 12, versículo l:

"Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes


que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venha
a dizer: Não tenho neles contentamento."

***

O Esquadro e o Compasso estão presentes nas almofadas do


Venerável, dos Vigilantes, enfim, onde o senso artístico de quem
ornamenta a Loja, desejar. Quer entrelaçados, quer isolados; juntos
ou separadamente.
Retornando ao Oriente teremos uma parte do fundo, separada
por um ou por quatro degraus, limitada à direita e à esquerda por
uma balaustrada. É evidente que tudo deveria ser de alvenaria e a
balaustrada esculpida em pedra; porém, a maioria dos templos as
possuem de madeira.
Na parede dos fundos, no Oriente, um painel, onde se colocam
os astros do dia — O Sol — e da noite — a Lua —, ficando este ao
sul e aquele ao norte onde também se vê a estrela rutilante sobre
um triângulo em fundo dourado.
A cadeira do Venerável — o trono — fica sob um dossel, e para
atingi-lo sobem-se três degraus. Defronte à cadeira fica sua mesa,
retangular, fechada, repleta de símbolos, instrumentos, livros, luzes,
enfim, o que o Venerável necessita para conduzir os trabalhos.
Sobre a cadeira, e também sob o dossel, um triângulo luminoso
onde se vê um olho humano simbolizando a presença material de
Deus.
Esse triângulo não é obrigatório e muitos o substituem por
outros símbolos. Em vez do olho, colocam a letra G, ou a palavra
lod em caracteres hebreus. A letra G pode ser colocada ao alto das
colunas de entrada sob a porta, no Ocidente. O lod deve ser pintado
dentro de um triângulo de vidro transparente.
Esse símbolo significa o Grande Geômetra, expressão usual
para o Grande Arquiteto do Universo, e tem dado margem a um sem
número de significados especulativos como Gama, Ghimel, Gomai,
Gum, Glucinio, God, Gad, Gannes, Gott, Genealogia, Geração,
Geometria, Geografia, Gramática, Geologia, Gnosis, Gravidade,
Gravitação universal e quantas outras interpretações a fantasia
humana possa conceber.
Porém, trata-se de um símbolo moderno embora os obreiros
construtores da Idade Média o usassem. Assume importância maior
no grau de companheiro.
O olho encontra interpretações as mais diversas. Não há uma
explicação convincente a respeito de que olho deva ser colocado, se
o direito, se o esquerdo, e sobre a questão indefinida — se Deus
realmente possui dois . . .
Aquele que tudo vê e sabe evidentemente será Deus, e nada
melhor que o olho para simbolizar esta constante presença.
A explicação mais racional, e para fugir à incógnita e à dúvida,
seria a que informa da existência de um terceiro olho.
Todos nós teríamos esse terceiro olho, que fazia parte de nossa
origem, como um órgão especial para registrar as vibrações mais
sutis do mundo físico, o reino dos éteres.
Estaria localizado entre os dois olhos, na base do nariz, e com
ponto de apoio próximo à glândula pineal. A lenda nos diz da
existência dos Ciclopes, que só possuíam esse terceiro olho. No
início o homem possuía apenas esse órgão para sentir as variações
do tempo, calor e frio. Com o tempo o órgão entrou em atrofia,
dando lugar ao primeiro sentido, o tato, que se expandiu pelo
sistema nervoso através da pele.
A medida que a terra esfriava e se solidificava, o homem
passou a desenvolver os dois olhos para ver o mundo sólido.
O terceiro olho regrediu e foi localizar-se no plexo solar.
Através de exercícios espirituais o terceiro olho poderá
desenvolver-se e o homem passará a ver todas as criaturas e
atividades do éter, nelas penetrando e conquistando o pleno
conhecimento espiritual, recebendo dons e atributos que o tornam
criador, curador de males, vidente, auditivo, enfim, uma pessoa
dotada de múltiplos dons.
No Cristianismo esses dons seriam os do Espírito Santo,
proporcionados pelo terceiro olho ou o olho da alma.
A sede dessa força criadora estaria localizada na laringe, na
glândula tiroide. Quando o magnetismo da alma domina o corpo, ele
retira a força de reserva da base da espinha onde era usada para a
natureza animal, trazendo-a para a laringe.
O atual "gutural" faria parte do exercício para o reavivamento
dessa força adormecida. Sobre este assunto de interesse maçônico
voltaremos ao tratarmos das posturas e sinais maçônicos.
No Oriente são colocados os lugares para o Orador e
Secretário. Tanto na mesa do Venerável como na do Orador e
Secretário são colocados candelabros com uma luz e três para o
Venerável. Nas mesas devem ser colocados os livros
administrativos — Constituição, regulamentos, regimentos etc.
Na entrada da balaustrada colocam-se a bandeira e o
estandarte.
No centro está a Câmara do Meio, entre o Oriente e o Ocidente,
e nela sentam-se os Vigilantes, Tesoureiro, Chanceler, Expertos, os
aprendizes, companheiros, enfim, todos os membros do quadro e
nisto nada há de maior interesse, porque são disposições comuns e
muito conhecidas.
"Através de pequeno orifício feito numa parede, deixava ele
penetrar num quarto escuro um feixe de luz do Sol, que recebia num
prisma de vidro — prisma equilátero, com ângulos de 60° — virado
para baixo. Saindo do prisma, o feixe era recebido numa folha de
papel branco. Se não tivesse atravessado o prisma, o feixe luminoso
formaria um pequeno círculo luminoso no papel.
Em lugar disso, porém, o que aparecia era uma larga faixa
que tinha cerca de 25 centímetros. A faixa obtida encerrava várias
cores, sendo a de cima violeta e as outras, de cima para baixo, anil,
azul, verde, amarelo, alaranjada e vermelha.
Dá-se a tal faixa o nome de espectro e às cores o de cores do
espectro.
Talvez pareça estranho que a luz branca encerre todas essas
cores, porém Newton mostrou que, intercalando no leque de cores
outro prisma, colocado ao contrário, para desviar os raios noutra
direção, todas as cores saídas do primeiro prisma não reunidas pelo
segundo, que então projeta luz branca.
Inicia-se, então, uma jornada de mistério. Para além da cor
vermelha existe a "infra-vermelha"; para aquém da cor violeta, existe
a ultra-violeta, ambas invisíveis, porém, para o olho humano e
visíveis para o terceiro olho.
O olho humano não percebe no raio do Sol as sete cores do
espectro, embora as perceba já polarizadas nos seres.
A abelha, entre todos os insetos, não distingue a cor vermelha.
Os daltônicos, por sua vez, não conhecem a cor vermelha.
Os corpos coloridos, como as flores, não são coloridos porque
adicionam qualquer coisa à luz branca que sobre eles incide, mas
porque lhes filtram alguma coisa. Uma flor vermelho-escura absorve
todas as cores da luz branca, com exceção da vermelha. A luz que
dela escapa será quase vermelha pura.
Uma substância azul absorve todo o vermelho, o alaranjado e o
amarelo, deixando escapar, apenas, o azul, geralmente misturado
com um pouco de verde, anil e violeta.
Se colocarmos sob a luz colorida diferentes objetos de cor
obteremos resultados curiosos. Para obter a luz colorida poderemos
colocar diante da lâmpada de uma lanterna vidros coloridos de cor
tão pura como possível. Usando na lanterna um bom vidro azul,
uma papoula vermelha nos parecerá negra, porque absorverá toda
cor azul e não refletirá a vermelha. A luz verde a papoula parecerá
muito escura; à amarela, relativamente brilhante, pois não absorve
todo o amarelo, e à luz vermelha parecerá vermelha brilhante, pois
não absorve nenhum vermelho. Um livro azul exposto à luz
vermelha parecerá negro.
A luz artificial encerra muito menos azul do que a do Sol,
porque é muito mais vermelha. Há contudo luzes artificiais de
diversas espécies, como as lâmpadas de flúor, mercúrio etc.
Este é o motivo porque as coisas azuis sempre parecem muito
escuras à luz artificial. Elas absorvem tudo o que não seja azul, e na
luz artificial que sobre elas incide existe muito pouco azul para
escapar a essa absorção. As cores vermelhas tornam-se mais vivas
à luz artificial.
Porém, se misturarmos tintas, que são químicas, os efeitos
serão diversos. Uma tinta azul absorve o vermelho, o alaranjado e o
amarelo; uma tinta amarela absorve o azul, o anil e o violeta.
A única cor que escapa à dupla absorção é o verde e por isso a
mistura parecerá verde. Se misturarmos, porém, não tintas mas
luzes azul e amarela, dirigindo um feixe azul e outro amarelo sobre
um pedaço de papel branco, que reflete as duas luzes misturadas, o
resultado não será verde, mas branco. Certos pares de cor formam
uma espécie de branco que o olho não pode distinguir do branco
formado pela mistura das cores primárias.
A cor pode ter uma grande influência sobre o ser humano, pois
tudo o que é colorido possui uma frequência vibratória e um som e
isso pode provocar harmonia ou desarmonia, no corpo.
A combinação das cores assume relevante importância na vida
e até já possuímos uma ciência que se denomina de Dinâmica das
Cores, com finalidades educativas e terapêuticas.
Por exemplo: a pessoa precisa de uma combinação de cores
adequada à sua própria formação. Ela pode ser seis no plano físico,
cinco no astral, oito no mental e três no espiritual. Com tanta
diversidade, é óbvio que somente poderá sentir-se bem em um
ambiente multicolorido.
Para o seu desenvolvimento físico, a pessoa deveria usar o
vermelho e o azul; para o psíquico, o amarelo pálido e prata, e para
o desenvolvimento superior, o rosa e o escarlate.
Um templo, uma sala de meditação deveria ter enfeites ou
bandeiras de todas as cores para que, de acordo com o
desenvolvimento gradativo de consciência, fosse possível meditar-
se sobre cada cor.
Dentro do figurativo dos Evangelhos, vemos os planos
celestiais, em que cada anjo, arcanjo, serafim, querubim etc. possui
uma cor. Temos a influência das pedras preciosas coloridas.
Dentro das diversas religiões vamos encontrar sem aparente
explicação, altares multicoloridos, principalmente nas religiões
africanistas. Inconscientemente, talvez, os dirigentes ornamentam
os seus altares com cores berrantes que poderiam ferir às pessoas
de gosto mais apurado, mas que solucionam perfeitamente as
necessidades dos seus adeptos.
Os próprios signos do zodíaco são coloridos.
Na Maçonaria, há ritos de diversas cores, predominando o
vermelho e o azul. Há cores quentes, as da tonalidade vermelha e
há cores frias, as da tonalidade azul. Umas são repousantes, outras,
irritantes. O vermelho denota masculinidade e o azul, feminilidade.
Portanto, o Pavimento de Mosaico contém todas as cores e
representa todas as raças, unindo-as, igualando-as, amparando-as
e evoluindo-as, constituindo um dos mais belos e significativos
ornamentos da Loja.

A Borda Festonada

A Borda Festonada é colocada no perímetro da Loja, e também


é um dos ornamentos. Sua forma e colocação tem variado, sendo
que no Templo de Salomão era colocada de forma marchetada ou
entalhada em volta de todas as paredes, tanto interna como
externamente, e formada de querubins, palmeiras e flores abertas.
Posteriormente, já nos templos maçônicos, a Borda Festonada
era marcada no piso e formada com símbolos da Ordem,
Finalmente, foi colocada entre as paredes e o piso, simplificada,
com fios torcidos ou franjas. Geralmente é pintada.
A Borda Festonada se presta para muitas interpretações
simbólicas. Simboliza a borda que ao redor do Sol formam os
planetas em suas diversas revoluções. É a muralha protetora em
torno da humanidade, qual muralha da China protegendo seu povo.
Os laços que se vêem formados pela Borda nos quatro cantos da
sala, simbolizam temperança, fortaleza, prudência e justiça.
Também simbolizam as quatro ordens relacionadas com os
elementos da terra, água, ar e fogo. Espiritualmente relembram a
Cadeia de União, o Círculo protetor e a unidade ininterrupta entre os
maçons.
Outros nomes são dados à Borda Festonada, como Borla
Dentada, Franja Dentada. A Borda Festonada termina com uma
borla em cada extremidade, sem maior significado. simbólico. A sua
cor varia, mas de preferência, será dourada.

A Estrela Flamígera

É o terceiro ornamento da Loja e sua colocação tem sido objeto


de discussões, pois seu lugar será de destaque e no centro da
Abóboda Celeste, tanto por ser o lugar próprio para uma estrela
como porque simboliza a Divindade.
Porém, nas Lojas a vemos colocada, ou sobre o dossel do
Venerável, ou sobre a porta de entrada; portanto, ou no Oriente, ou
no Ocidente, e também sobre o altar do 2º Vigilante.
Contudo, a posição material não acarreta muita dificuldade. O
seu nome a define como uma estrela flamante cujos raios são
ondulantes.
Não é a única estrela existente dentro de uma Loja. Além das
constelações que formam os signos do Zodíaco, encontramos três
estrelas: uma de cinco pontas, outra de seis e a terceira de sete.
A Flamígera possui seis pontas e usualmente é feita de cristal,
iluminada por dentro com luz artificial. Como reflexo no piso coloca-
se uma réplica, mas móvel. No centro grava-se a letra G que
significa o Grande Geômetra. Outros colocam a letra J, significando
Jeová. Também a letra G pode ser substituída por uma Cobra que
morde a própria cauda, simbolizando a inteligência suprema e
eterna. A evolução da cobra deu margem à letra G.
A imaginação criou várias formas de Estrela Flamígera,
chegando a torná-la como que um candelabro contendo luzes que
se acendem, alimentadas a óleo. O candelabro sobe e desce por
uma roldana.
Em algumas Lojas a estrela é de ouro com pontas alongadas e
retorcidas imitando raios flamígeros. Ela pode simbolizar o próprio
Sol ou o Fogo Sagrado, como reflexo da Luz de Deus. É chamada
também a Estrela, de Daví, e representa o homem de braços e
pernas abertos, sendo a ponta que desce em perpendicular o
membro viril.
É um emblema da unidade do Espírito com a matéria de Deus
manifestado em seu Universo.
A estrela de cinco pontas coloca-se no Oriente, na parede
acima do dossel do Venerável, sendo a Estrela do Oriente ou a
Estrela da Iniciação. É a que simbolizou o nascimento de Jesus.
É o símbolo do homem perfeito, da harmonização plena entre
Filho e Pai; o homem em seus cinco aspectos: físico, emocional,
mental, intuitivo e espiritual. Totalmente realizado e uno com o
Grande Arquiteto do Universo. É o homem de braços e pernas
abertos, mas sem virilidade, porque dominou a paixão.
A estrela de sete pontas é desenhada no painel da Loja e é
colocada sobre a escada de Jacó, que conduz aos Céus. Seu
simbolismo é setenário; as sete principais direções em que
lentamente se move toda vida até entrar em perfeita Harmonia com
o Grande Arquiteto do Universo; as sete maneiras através das quais
o homem pode chegar à perfeição; as sete emanações ou raios em
que o Grande Arquiteto do Universo espargiu no Universo; a ideia
crística dos sete espíritos que estão ante o Trono do Criador; os
sete poderes peculiares que o adepto conquistou para chegar à
perfeição; as sete cores do Arco-Iris; as sete notas musicais; os sete
sentidos sensoriais; os sete estados de consciência do homem etc.
As estrelas são construídas usando-se Compasso, Esquadro e
Régua, e são resultado de um longo aprendizado de sete anos,
destinado aos aprendizes maçônicos.

A Corda de 81 Nós

Em torno da Loja, entre o término das Colunas e o início da


Abóboda Celeste, coloca-se um cordão que de espaço em espaço
apresenta um nó simples, terminando as pontas do cordão em duas
borlas; a grossura do cordão e o material de que é feito dependem
do que disporá o Arquiteto da Loja.
Este Cordão tem significado simbólico porque diz respeito aos
próprios Obreiros. O Cordão é composto de múltiplos fios que,
isolados são frágeis, mas que no conjunto apresentam-se muito
resistentes, e confirma o adágio de que a União faz a Força,
lembrando aos maçons que, unidos, podem lutar contra o vício.
Representa, outrossim, a Cadeia de União, interrompida porque
ornamento. Os nós significam os elos da Cadeia de União, ou seja,
representam a todos os maçons, sem qualquer distinção, que fazem
parte integrante da Loja sem, por isso, fundirem-se e perderem a
individualidade.
Representam os nós, também, as dificuldades da Vida, que o
maçom deve esperar sempre o pior e o difícil, e que para conquistar
algo, faz-se necessário o desfazimento do nó.
São 81 nós, e este número é altamente simbólico porque
representa a máxima multiplicação do número 9, que é considerado
o número perfeito por ser múltiplo de três e sua elevação ao cubo.
Desde que surgiu, o número 9 é considerado o perfeito entre os
perfeitos, pois qualquer combinação que se faça com ele, o
resultado será sempre o mesmo. É o símbolo da Imortalidade, da
Regeneração e da Vida Eterna.
Algumas seitas religiosas usam este cordão em torno de sua
cintura e verificamos com facilidade entre os religiosos capuchinhos
da Igreja Católica Apostólica Romana o cordão com nós.
Serve entre alguns povos, como instrumento de oração, de
alfabeto, de mensagem, e deu origem ao Rosário Católico. Os
próprios indígenas norte-americanos, gravavam suas mensagens,
como o faziam os incas e os astecas, por meio de nós em barbantes
coloridos.

As Colunas

Ao nos referirmos às colunas maçônicas seja-nos permitido


dizer que o desenvolvimento da arquitetura afastou dos templos
maçônicos o estilo primitivo, pois as que se adotam na atualidade
são de três ordens: dórica, jónica e coríntia. Até as duas colunas do
átrio distanciaram-se tanto das idealizadas por Salomão que apenas
conservaram os símbolos representados pelas romãs.
A história das colunas é atraente, embora pouco se saiba a
respeito dos seus criadores. Iniciaremos o estudo descrevendo o
que seja uma coluna no aspecto material. É um pilar cilíndrico
destinado a sustentar uma abóboda ou a ornamentação.
As primeiras colunas foram erguidas para expressar
sentimentos religiosos, isoladas, como um bloco monolítico,
encontradas simultaneamente em todos os povos e em todas as
épocas.
As colunas não são necessariamente construídas de pedra ou
alvenaria. As colunas de um jornal, coluna de vértebras, de objetos
superpostos, de fogo, de água, de fumaça, coluna de soldados,
colunas moral etc.
No antigo Egito as colunas eram monólitos. Temos na ordem
arquitetônica clássica oito espécies: salomônica, egípcia, assíria,
dórica, jônica, coríntia, compósita, toscana.
Em toda parte, desde a antiguidade até os nossos dias,
erguem-se colunas comemorativas. As mais célebres são: as de
Trajana, em memória da vitória de Trajano sobre os Dácios com
uma altura de 29 metros; a Antonina, exigida no campo de Marte a
Antonino, o Pio, com 23 metros; a Coluna de D. Pedro IV, em
Lisboa; a de Nelson, em Londres; e a do Grande Exército, em
Bolonha.
Com a arquitetura moderna, tudo o que se ergue ao alto
também é uma coluna, embora assuma formas e posições
inusitadas.
Há em Nova Délhi uma coluna de ferro que não oxida devido ao
clima seco, como há outras curiosidades em toda parte, desde a Ilha
da Páscoa até as grandes metrópoles.
A coluna do Templo de Salomão vem descrita à parte, fielmente
transcrita do que narra a própria Bíblia.
Algumas peculiaridades dessas colunas. Por exemplo, a coluna
Dórica, que é a mais simples e vigorosa e a mais antiga.
Caracteriza-se pela ausência de base, assentando a coluna sobre o
embasamento geral. É de forma cônica com um ligeiro
engrossamento do terço superior. O fuste é canelado de arestas
vivas. O capitel tem vários filetes, um toro ou espinha dilatados que
suporta uma goteira quadrada. O entablamento compõe-se de uma
arquitrava elevada e lisa, de um friso decorado com métopes e
tríglifos e de uma cornija guarnecida de mútulos inclinados. No
Partenon, nos Propilios e no Templo de Pestum são encontradas
essas colunas dóricas.
A coluna jônica caracteriza-se por possuir um capitel ornado de
duas volutas laterais.
A coluna coríntia é a mais formosa pela harmonia de suas
proporções e pela decoração de folhas de acanto dos seus capitéis.
A princípio essa ordem foi usada isoladamente como ornamento,
como no monumento corégico de Lisicrato e Torre dos Ventos, em
Atenas, e posteriormente como as demais colunas nas partes
secundárias dos grandes edifícios. Os exemplares mais perfeitos
encontram-se na Itália: no Templo de Vesta, em Tivoli; de Minerva,
em Assis; o Panteon e o Templo de Antonino, em Roma.
A coluna coríntia possui um fuste liso ou canelado com vinte a
trinta e duas caneluras. A base é ótica ou jônica. A altura do
entablamento é a quinta parte da altura da coluna. O friso é muito
ornamentado ou liso, e a cornija também varia nas suas proporções
e decoração.
As colunas árabes que se vêem em Portugal e Espanha fogem
aos estilos clássicos romano e grego. Há também a composição
entre várias ordens e estilos, surgindo belos trabalhos, como a
coluna compósita.
Miguel Ângelo, Bellini e outros adornaram o Vaticano com
colunas exóticas.
Há um sem número delas em estilos modernos: ática, gótica,
rostada, abalaustrada, embebida, isolada etc.

***

As colunas do templo maçônico moderno são em número de


doze, correspondendo cada uma delas a um signo do zodíaco, e
diferem uma da outra, obedecendo aos estilos arquitetônicos acima
referidos, incluindo as salomônicas.
Os construtores de templos modernos não se puseram, ainda,
de acordo para unificar um estilo maçônico. Em cada templo vemos
uma confusão de estilos e a colocação desordenada.
Cremos que o certo seria seguirmos os moldes, guardadas as
proporções do Templo de Salomão, e deixarmos as duas colunas
salomônicas, a B e J, do lado de fora do Templo, em seu átrio.
Caso contrário, teremos dentro de um templo, ou apenas doze
colunas que sustentam a abóbada celeste e representam o zodíaco,
ou então quatorze. Ou incluímos as duas colunas salomônicas na
soma das colunas para perfazerem doze, ou as omitimos e teremos
quatorze.
As colunas são colocadas, seis ao norte e seis ao sul.
Representam, além do zodíaco, os meses do ano e as suas
estações.
O seu sentido simbólico tem muito mais amplitude porque as
colunas são a base mental da Loja.
As principais colunas, porém, não são visíveis porque estão
representadas: a dórica pelo Venerável Mestre, a Jônica pelo
Primeiro Vigilante e a coríntia pelo segundo Vigilante.
Há uma coluna inteiramente invisível e que não pertence a
nenhuma ordem ou estilo. É a coluna que se ergue a partir do ara
até o Grande Arquiteto do Universo.
Esta Coluna totalmente invisível é a soma das outras três, como
o Espírito Uno é a soma de Pai, Filho e Espírito Santo, ou de
qualquer trindade religiosa — Siva, Vishnu e Brahma etc.
A Sabedoria, a Força e a Beleza são os três atributos do
Grande Arquiteto do Universo. No cristianismo maçônico o
Venerável representa a Vontade Crística; o Primeiro Vigilante
representa o Amor Crístico; o Segundo Vigilante representa o
Pensamento Crístico.
Cada Dignidade e Oficiais da Loja representam uma coluna,
bem como cada Mestre, Companheiro e Aprendiz. Podemos dizer,
para que haja exata compreensão, que uma Loja é um conjunto de
colunas visíveis e invisíveis e que cada coluna sustenta algo.
Essas colunas não são da mesma dimensão e altura, pois as
medidas variam de conformidade com o conhecimento que cada um
possui, que lhe dá a evolução mental.
Mas todas dirigem-se aos astros, como demonstraremos a
seguir: A do Venerável; ao Sol (ciência e virtude). A do Primeiro
Vigilante, a Netuno (purificação e estabilidade). A do Segundo
Vigilante, a Urano (eternidade e imortalidade). A do Primeiro
Experto, a Saturno (consciência, firmeza e experiência). A do
Orador, a Mercúrio (força e firmeza). A do Secretário, a Vênus
(beleza e candura). A do tesoureiro, a Marte (honra e valor). A do
Mestre de Cerimônias, à Lua (pureza e temperança).
As colunas colocadas no pórtico, as denominadas Colunas de
Salomão, são as colunas espirituais da Loja.
Por sua vez, elas também sofreram alterações desde as épocas
imemoráveis, pois representavam as estrelas polares do Norte e do
Sul, Horus e Set, para modificarem-se com os nomes de Tat e Tatu,
que significa "em fortaleza" e "estabelecer", e finalmente, com as
palavras Boaz (em fortaleza) e Jachin (estabelecer) com o
significado final de que a Casa do Senhor será estabelecida em
fortaleza.
Dentro do Templo de Salomão as duas colunas representavam
a lembrança da fuga do povo de Israel do Egito, quando Jeová o
dirigia, de dia por meio de uma coluna de fumaça, à noite, por uma
de fogo.
Segundo a descrição feita no Livro I Reis, capítulo 7, versículos
15 a 22, assim era as duas colunas:
"Pois formou as duas colunas de bronze, tendo cada uma delas
a altura de dezoito cúbitos (ou côvados, igual a 66 centímetros) e
uma circunferência que correspondia a uma linha de doze cúbitos.
Fez também dois capitéis de bronze fundido para os pôr sobre
o alto das colunas; um capitel tinha cinco cúbitos de altura, e o outro
capitel tinha também cinco cúbitos de altura.
Havia redes de malhas e grinaldas de cadeias para os capitéis
que estavam sobre o alto das colunas: sete para um capitel e sete
para o outro.
Fez as colunas, e havia duas ordens de romãs ao redor por
cima duma rede para cobrir os capitéis que estavam no alto das
colunas; assim também fez para o outro capitel.
Os capitéis que estavam no alto das colunas, no pórtico, na
parte que figurava lírios, tinham quatro cúbitos.
Perto da parte globular, próximo à rede, os capitéis que
estavam em cima, sobre as duas colunas, tinham duzentas romãs,
dispostas em ordens ao redor sobre um e outro capitel.
Levantou as colunas no pórtico do templo: tendo levantado a
coluna direita, pôs-lhe o nome de Jachin; e tendo levantado a coluna
esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.
O trabalho figurando lírios estava em cima das colunas; assim
acabou a obra das colunas."
Os detalhes de construção das colunas obedeceram,
evidentemente, à riqueza do artesanato da época ciosamente
guardado em segredo. As colunas eram ocas e serviam para a
guarda dos arquivos, os Livros da Lei e outros documentos.
O formato do capitel, lembrando uma urna, sugeriu a alguns
autores que simbolizaria o globo terrestre, com os pólos achatados.
As primeiras notícias a respeito de que a Terra seria redonda, a
temos dos Gregos antigos, e tudo nos faz acreditar que Hirão
conhecia perfeitamente a teoria e a concretizara nessas colunas.
Somente com a descoberta da América é que ficará
comprovado que a Terra seria um globo.
Os ornamentos compostos de lírios, folhas e romãs certamente
deviam ter o seu significado.
A grinalda composta de três fileiras de lírios que encobre a linha
que une o fuste com o capitel, mostra as flores abertas e
desabrochadas intercaladas com folhas. A grinalda colocada acima
é composta de botões de lírios, pendentes e de pé.
Não podemos esquecer o significado das colunas, de que
"como é acima, também o é abaixo", ou seja, que a Terra reflete os
céus. Se acima do fuste foram colocadas flores, frutos e uma rede,
forçosamente simbolizariam algo de espiritual.
O lírio tem o mesmo significado do lótus para o povo oriental,
sendo uma flor "espiritualizante" que revela pureza e candura,
simbolizando o próprio homem em êxtase.
Os lírios são os iniciados e são dispostos em três etapas; os
botões da fila superior simbolizam os iniciados nos mistérios de Isis
os da fila central e desabrochados simbolizam os iniciados de
Serapis, com o seu esplendor; a terceira fila, dos lírios pendentes,
simboliza os iniciados nos mistérios de Osiris que desceram ao
mundo para auxiliar e iluminar a humanidade.
Para relembrar a construção do Templo, significariam os três
graus — de Aprendizes, Companheiros e Mestres.
As romãs são os frutos que surgem do labor executado pelos
iniciados. Cada romã contém em si um sem número de sementes
perfeitamente unidas e dispostas com equilíbrio, de uma cor
vermelha luminosa. Simboliza a união e a fecundidade.
As cadeias com os seus elos diferentes simbolizam as raças,
mormente porque diversos povos foram empregados para a
construção do Templo.
A rede que envolve o capitel simboliza a evolução, formada de
figuras geométricas, todas iguais à semelhança de um favo de
abelha. Não há referência de que material teria sido construída a
rede, mas sem dúvida seria de fios de ouro.
O aspecto colorido das colunas, de bronze, encimadas com
flores brancas, frutos sazonados, rede dourada, devia ser de efeito
artístico muito belo.
O segmento superior e esferóide apresentava-se
completamente liso e despido de ornamentos significando que,
ainda havia alguma coisa inexpressível e incognoscível.
A colocação das colunas obedecia a uma razão iniciática,
porque por elas teriam de passar os que provinham do mundo
profano em busca da iniciação, perdendo as suas paixões e
vontades.
Entre colunas, o profano neutralizava-se e despia-se de tudo o
que julgava possuir valor. Somente depois do homem "estar
estabelecido em fortaleza" teria forças para viver em sabedoria.
Jamais podemos esquecer, contudo, que muitas das
interpretações que os autores cabalísticos e teosóficos pretendem
dar às colunas, não podem ser aceitas sem antes verificar se não
vão de encontro à tarefa que Salomão se propusera executar:
construir um templo ao Senhor!
As únicas figuras que Salomão se permitira colocar dentro do
templo, foram os Querubins e os Touros, no "Mar de Bronze"; não
há nenhuma imagem, nem de Isis ou ()siris.
Não poderia Salomão enganar ao seu Senhor, construindo as
Colunas em substituição às imagens, para que simbolizassem
outros poderes e que viessem mais tarde dar margem à idolatria de
seu povo.
Porém, analisando com profundidade os textos bíblicos,
podemos deduzir deles grande parte do significado simbólico, não
só das duas colunas, mas de tudo o que fora construído. Esse será
um trabalho de erudição e que foge ao programado para a presente
obra.
As Colunas modernas são uma pálida imagem das colunas
salomônicas, e de uma forma geral encontramos nos templos as da
ordem dórica, jônica ou coríntia, prevalecendo desta última,
encimada por um globo sobre o qual se colocam três romãs.
São construídas de gesso, mantendo-se brancas e raramente
apresentam-se douradas ou bronzeadas.
A rigor, seriam a Coluna B, bronzeada, e a Coluna J, dourada,
sendo uma opaca e outra brilhante.
A Coluna B recorda a coluna de fumaça que obscurecia a visão
dos egípcios perseguindo os israelitas em sua fuga. Simboliza a
força e representa a terra, eis porque é encimada por um globo
terrestre. Essa coluna deveria, pelo menos, conter alguns lírios e
tudo coberto por uma rede. O seu tamanho não vem fixado por
nenhuma norma. Nem sequer obedece a qualquer proporção,
fixando-se geralmente em três metros. A original deveria ter quinze
metros e dezoito centímetros, ou seja, 23 cúbitos ou côvados.
As colunas atuais servem exclusivamente de ornamento, pois
não são ocas e não contêm os três repartimentos onde eram
colocados os tesouros, as ferramentas e o Livro da Lei.
A Coluna B pertence ao Segundo Vigilante, e aos seus pés é
colocada uma pedra bruta, tendo ao lado um Maço ou Malho.
A Coluna J deveria ser construída de uma ordem diversa à da
Coluna B, sendo o certo a ordem jônica. É de cor mais clara e
brilhante, embora esse detalhe não seja observado. Representa a
coluna de fogo que dirige os fugitivos através do deserto.
A Coluna é encimada por uma esfera celeste representando o
universo. Possui as mesmas romãs, lírios e rede. Aos seus pés
coloca-se a Pedra Polida e pertence ao Primeiro Vigilante.
***

São três as colunas do Templo: o Saber, o Belo e a Força —


isto para fugir às palavras convencionais.
Há muito convencionalismo dentro de um Templo, e isto nos
torna fleumáticos; a rotina mata o entusiasmo maçônico.
As três colunas do Templo, cerca ocasião, foram colocadas no
monte Calvário.
A do centro estava ocupada pelo Cristo: o Supremo Saber; ao
seu lado direito, Dimas, o belo (sua Beleza proveio do
arrependimento e do pedido humilde que fez ao Mestre: "Lembra-te
de mim quando estiveres em teu Reino").
A Força é representada pelo malfeitor, à sua esquerda: um
homem, também filho de Deus, que só conhece um atributo. Por
absurdo que pareça e por contraditório que possa ser, o quadro se
completa com as três cruzes, que se fundem em uma só.
Dentro do Templo temos a fraqueza humana, equilibrada pela
humildade e beleza de quem se arrepende. Tudo isto é sabedoria.
Jesus morrera crucificado, conduzindo consigo, em sua sorte —
que no momento parecia pesadelo -, os outros dois, que diante das
leis humanas eram considerados malfeitores.
Cumprira-se uma profecia, mas que isso — uma trilogia
desconcertante mas gloriosa.
Aquilo, que pode escandalizar o homem, para o Grande
Arquiteto do Universo é traçado perfeito.
A compreensão de um símbolo deve ser, às vezes, afastada do
convencionalismo.
A simetria, as regras, as habitualidades, as rotinas — devem
desmoronar.
O próprio véu do Templo de Salomão não se rasgara com a
morte dos três crucificados?
As três colunas do Templo são vivas. Perfeitas sempre, porque
é obra de Deus. Incompreensíveis para os homens, porque o
Templo é de Deus. Desconcertantes, porque o que deve imperar é a
Vontade de Deus e não a dos homens!
Ninguém pode julgar ninguém.
A Maçonaria está acima da concepção humana do que possa
estar certo ou errado. Ainda hoje, há Lojas nos Estados Unidos que
vedam a entrada do maçom negro. Nós recebemos o maçom negro,
mas lhe exigimos certas qualidades que não possui. O que, em
última análise, também é uma proibição.
Muito do que alegamos ser certo, está errado e não serei eu,
autor desta crônica, a apontar erros e acertos. Os erros e os acertos
também podem ser simbolicamente interpretados, dependendo do
estado d'alma de cada um.
São três as colunas do Templo: O meu eco superior e interno; o
meu ego, que está na superfície de meu ser; e a minha
personalidade, que amoldo de conformidade com as conveniências.
Duas falsas perante uma só real.
Três são as colunas do Templo: Eu, meu próximo maçom, meu
próximo profano.
Posso unir os três?
Posso colocá-1os no topo de um Calvário?
Poderá meu eu crístico (ou Excelso Arquitetônico Universal)
redimir esses dois próximos?
As colunas do Templo são três: a Sabedoria da minha
compreensão e entendimento e a beleza de minha alma refletindo o
conhecimento e a fortaleza de meu espírito enriquecido pela
trindade simbólica maçônica.
Fugindo ao convencionalismo, entremos em nós mesmos
dentro do verdadeiro templo, e coloquemo-nos ajoelhados diante de
cada coluna.
Sentiremos então, tenho certeza, a proteção benéfica das três
colunas!

A Abóboda Azulada

O teto da Loja é feito de modo a representar o firmamento onde


se vêem os astros celestes, algumas nuvens, o Sol e a Lua e as
constelações zodiacais.
É curial que nem todos os Templos podem construir uma
abóbada celeste perfeita e que realmente reflita o seu elevado
sentido simbólico.
A abóbada é pintada, iniciando no Oriente, com um azul
celeste, pelo brilho do Sol, escurecendo gradativamente até formar
um azul escuro a fim de permitir que as estrelas brilhem.
A abóbada é sustentada pelas colunas, e considerando que
cada Obreiro é uma coluna, equivale a afirmar-se que o iniciado é
quem sustenta o universo mental.
A luz que o iniciado irradia, luz refletida do Grande Arquiteto do
Universo, a quem os espiritualistas denominam de aura, forma um
conjunto colorido (o firmamento é formado de todas as nuances e
gamas de cores, como o demonstra o arco-íris) que se funde em um
azul brilhante — cor celeste — dos seres espiritualizados.
É evidente que a Abóbada Azulada — ou Pavilhão Celeste, ou
Abóbada Celeste — contém ensinamentos múltiplos derivados da
astronomia e da astrologia, ciências que os maçons primitivos
ciosamente guardavam. Cada constelação em si é um mundo
simbólico que deve ser estudado à parte.
O que se poderia dizer do Sol e da Lua, refletor e refletido, na
sua imensidão misteriosa, na sua luz fantástica e na sua energia
ímpar!
À luz do Sol não é a luz do Grande Arquiteto do Universo.
Escreve Isaías (24:23): "Então a Lua se confundirá e o Sol se
envergonhará, porque Jeová dos exércitos reinará no monte de
Sião, e em Jerusalém e na presença dos seus anciãos haverá
glória".
E mais adiante (30:26): "Demais a luz da Lua será como a luz
do Sol, e a luz do Sol será séptupla como a luz de sete dias, no dia
em que Jeová atar a ferida de seu povo, e curar o golpe de sua
chaga".
Em Mateus (13:43): "Então os justos brilharão como o Sol no
Reino de seu Pai".
Em Atos (2:20): "O Sol se converterá em trevas e a Lua em
sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor".
E finalmente no Apocalipse (21:23): "A cidade não precisa do
Sol nem da Lua para a iluminar; porque a glória de Deus a iluminou,
e o Cordeiro é a sua candeia".
Os livros Proféticos são de muito interesse para a elucidação a
respeito do papel e significado do Astro-Rei e da Lua, satélite de há
pouco conquistado pelo homem, desvirginado em seu mistério.

A Luz

Um dos símbolos mais profundos e essenciais da Maçonaria,


inquestionavelmente, é a Luz. Dentro do cristianismo temos
definições preciosas sobre o significado da luz e nenhum outro
Iniciado a definiu com tanta propriedade e sabedoria. A primeira
referência sobre a luminosidade de Jeová, a temos nos Salmos
(27:1): "Jeová é a minha luz e a minha salvação".
O Grande Arquiteto do Universo possui muitos nomes, e
daquela data em diante passou a ter mais um: Luz.
Jesus, o Cristo, pela primeira vez, apresentou a viabilidade do
homem adquirir essa luz divina. Em Mateus (5:14) encontramos:
"Vóis sois a luz do mundo". E em São João (8:12), uma confissão:
"Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda em trevas, mas
terá a luz da vida".
A vida, portanto, pode ser uma estrada de luz, que conduz ao
Grande Arquiteto do Universo. Houve uma grande valorização do
homem. E, ainda em São João (12:35 e 36): "Ainda um pouco de
tempo estará convosco a Luz; andai na Luz, enquanto a tendes,
para que não vos envolvam as trevas. Quem anda em trevas, não
sabe para onde vai. Enquanto tendes a Luz, crêde na Luz, para que
sejais filhos da Luz".
Sempre em São João (12:46): "Eu vim ao mundo como sendo a
Luz, para que ninguém que crer em mim fique nas trevas".
São Paulo escrevendo aos Tessalonicenses (I Tessalonicenses
5:4 e 5): "Vós, porém, meus irmãos, não andais em trevas, que esse
dia não vos surpreenda como um ladrão; pois que todos sois filhos
da Luz, filhos do Dia".
São João em sua Primeira Epístola (1:5) escreveu: "Deus é
Luz", e mais adiante, numa mensagem fraterna (2:10): "Quem ama
a seu irmão permanece na Luz".
Na Maçonaria há muitos momentos em que a luz desempenha
uma função iniciática.
As luzes colocadas na mesa do Venerável em número de três
representam a fonte da ciência, virtude e verdade. As do Primeiro
Vigilante, também tríplices, representam a constância, o estudo e o
progresso. As luzes trinas do Segundo Vigilante representam a
liberdade, a igualdade e a fraternidade.
Os demais funcionários da Loja têm em suas mesas uma única
luz simbolizando as suas funções, que devem irradiar os
ensinamentos maçônicos pelos quatro pontos cardeais.
Em algumas Lojas, segundo alguns ritos, à esquerda da mesa
do Segundo Vigilante estão colocadas onze luzes representativas
dos onze elementos da natureza.
Na mesa do Venerável ainda é colocada uma luz, tratando-se
de uma vela que se acende ao receber os juramentos dos
candidatos. Algumas Lojas e ritos colocam essa luz no ara, o que se
torna impróprio porque os utensílios nele depositados são sinônimos
da luz. Cada um tem o seu brilho peculiar e dispensam outras luzes.
Os juramentos são feitos perante uma luz que se acende para a
ocasião, porque simboliza a presença visível do Grande Arquiteto do
Universo. O Candidato presta o seu juramento, não perante os
homens, mas tão somente perante Deus.
As demais luzes são as das diversas estrelas, já descritas. Há
também, e por fim, as estrelas móveis usadas em certas cerimônias,
que são as luzes que os Irmãos transportam para a ocasião.
Os trabalhos dentro de uma Loja partem do Oriente para o
Ocidente, ou seja, da Luz para a ausência de luz, erradamente
referida como trevas. As trevas não existem, pois são simplesmente
ausência de luz.
E, obviamente, cada maçom será uma luz isolada e distinta que
em conjunto formará um Sol a iluminar toda a humanidade.

***

Por ser a Maçonaria uma Instituição vinda da "poeira do


passado", o progresso da ciência lhe causa um impacto violento e a
assusta.
A Maçonaria tem na Luz o centro de seu Universo, e lhe
empresta uma dimensão limitada à luminosidade maior que
conhece: a luz do Sol.
Jamais alguém poderia conceber uma luminosidade maior. Pois
bem, a ciência a encontrou múltiplas vezes mais intensa - se
denomina raio laser.
Descrever em que consiste uni raio laser em linguagem profana
seria uma temeridade, mas por certo todos têm uma noção mais ou
menos exata do que deve ser.
O laser provém de uma ciência, a espectroscopia, que em
última análise é aquele pequeno triângulo que polariza a luz do Sol
em sete cores.

Dizem os cientistas:

"A espectroscopia é uma das técnicas mais básicas de


pesquisa em todas as ciências físicas e biológicas. Ela compreende
a análise de vários comprimentos de onda da energia radiante
emitida por um objeto, ou dos comprimentos de onda que são
absorvidos quando essa energia é aplicada a um objeto . . . Na
medida em que a precisão espectroscópia se aperfeiçoa também
melhoram os conhecimentos de incontáveis campos de ciência.
O raio laser, que pode ser sintonizado, representa, num sentido,
o instrumento mais recente desse aperfeiçoamento, porque, em
qualquer ponto do processo de sintonização, ele gera apenas um
comprimento de onda. Tal raio, projetado contra um espécime
minúsculo - como, por exemplo, uma célula - poderia ser sintonizado
através de uma ampla gama de comprimentos de onda. Os milhares
de comprimentos, por meio dos quais o espécime absorve a luz,
indicariam, com uma precisão até agora não atingida, a composição
química desse espécime.
O Dr. Khokhlov (da Universidade de Moscou) acredita que o
método pode ser usado em fotoquímica para produzir novos
materiais e novas drogas. Em consequência de a maior parte do
conhecimento da matéria ter sido derivada da sua interação com a
radiação (inclusive a luz), o raio laser sintonizável deverá ter ampla
aplicação em física básica."
O laser foi desenvolvido nos Estados Unidos em 1960 e tem
uma centena de aplicações, entre as quais, a soldagem por pontos
da retina do olho e a perfuração de diamantes. Após um tempo de
exposição de 30 segundos, esmigalha o mármore e o granito, e
provavelmente o próprio homem e seus artefatos de guerra. Há
pouco foi medida com precisão a distância entre a Terra e a Lua, por
meio de um raio laser para lá enviado e refletido. Será o raio laser a
arma apropriada contra os mísseis atômicos. Através de um raio
laser pode-se reduzir o tamanho dos sinais dos dados
apresentados. Toda uma biblioteca de 20.000 volumes pode ser
armazenada numa chapa de níquel de 8 por 10 polegadas (20,32
por 25,4 cm). O raio laser será utilizado para comunicações, enviado
em tubos fechados e aumentando a capacidade das comunicações
em muitos milhões de vezes.
Esta nova luz, com poderes jamais imaginados e com potência
jamais sonhada, eclipsou todo conceito de luz convencional
existente.
Contudo, resta ainda insuperada a potência mental que, por sua
vez, irradia luz a distâncias imagináveis e em lapso de tempo
incapaz de ser medido. A luz da mente é a própria luz divina, e é
essa luz que o recipiendário obtém durante a sua iniciação.
A Régua de 24 Polegadas
A régua é um instrumento de trabalho e destina-se ao traçado
de linhas retas. Une a distância entre dois pontos e dita as normas
do comportamento humano. A retidão sempre foi a preocupação
principal da Maçonaria, pois decorre de um princípio natural. A
retidão é a observância das leis, e sem uma obediência não poderá
haver ordem.
A Natureza toda obedece, pois é regida por leis primárias e
imutáveis, como a da gravidade que abre as portas a um número
infinito de condições para a existência. As leis do Grande Arquiteto
do Universo, estabelecidas para que o universo possa ser perene e
infinito.
A régua é uma medida. A medida é o equilíbrio de todas as
ações. A régua é um método de realização.
Os gregos atribuíam a construção da régua a Rhico, célebre
arquiteto que construiu o labirinto de Samos.
A Régua Maçônica possui vinte e quatro polegadas
representando as horas do dia. O candidato já admitido e na
qualidade de recipiendário, ao executar o seu primeiro passo, o fará
em linha reta transportando em seu ombro a Régua.
A Régua de 24 polegadas define a unidade do tempo, retirando-
a da evolução que o Sol faz em torno da Terra em 24 horas.
A Régua é a insígnia do Mestre de Cerimônias que divide as 24
horas do dia: 8 para o trabalho, 8 para o repouso e 8 para os
exercícios, físicos e mentais dos Obreiros, intercalados com
momentos de recreação.
A Régua tem aplicação no grau três, pois foi com ela que Hirão
recebeu o segundo golpe mortal.

As Joias

As joias de uma Loja são em número de seis, sendo três


móveis: O Esquadro, o Nível e o Prumo, e três fixas: A Pedra Bruta,
a Pedra Polida e a Prancheta da Loja.
Os ornamentos ou símbolos que os Funcionários da Oficina
ostentam em forma de colar são confundidos como sendo joias da
Loja, o que realmente não são. O Esquadro, o Nível e o Prumo são
usados nos colares do Venerável (o Esquadro), do Primeiro
Vigilante (o Nível) e do Segundo Vigilante (o Prumo). São
denominados joias móveis porque são transmissíveis quando os
titulares dos cargos deixam o mandato.
Posto já tenhamos feito referência ao Esquadro, em seu
simbolismo de utensílio, cabe tecermos, ainda, algumas
considerações no que tange ao seu significado em poder do
Venerável Mestre.
A joia do Venerável Mestre é usada pendente de um colar,
como era usada no antigo Egito. O Esquadro simboliza a moralidade
e foi o emblema dos Operários Construtores de Igrejas. Do colar do
Venerável Mestre o Esquadro passa às suas mãos na forma do
Malhete, símbolo de comando. Em toda a história encontramos nas
mãos dos governantes um símbolo, a partir do homem primitivo que
empunhava um fêmur ou um simples pedaço de pau, até o cetro dos
reis. Ainda hoje os magistrados, ao presidirem um júri, empunham o
malhete.
As formas são as mais variadas e simbólicas; entre os caldeus
vamos encontrar o machado de duplo corte; os aztecas também
tinham um símbolo semelhante. No Templo de Salomão, no local
destinado ao Santo dos Santos, era guardado o machado como um
símbolo misterioso e que se denominava de lábaro.
O lábaro, ou Malhete, nada mais é do que um duplo esquadro,
e tomou forma de um pequeno maço face à evolução da Maçonaria
que de especulativa passara a construtiva; o Malhete nada mais é
do que o martelo do pedreiro.
Indubitavelmente, o Malhete primitivo era construído de
materiais preciosos. O que empunhava um dos faraós — Ramés, o
Grande — era de jade verde com incrustações e ouro.
Para o cristianismo, considerado a cruz primitiva, composta
apenas de uma haste e um braço, em forma de um T, o Malhete
simboliza a Cruz na expressão: Ele desceu, Ele ascendeu. E o
Cristo crucificado e, depois, triunfante. Nas Catacumbas de Roma,
segundo Benjamin Scott, vamos encontrar os símbolos maçônicos e
sua evolução inclusive o Malhete, o Esquadro e ferramentas. A
flecha do deus Rá vem inserida em algumas lápides, bem como os
machados de duplo corte. O T normal e o T invertido que compõem
o avental do Venerável Mestre, não significam níveis, mas sim
figuras formadas por uma linha perpendicular sobre outra horizontal.
A pequena Coluna do Primeiro Vigilante de pé enquanto a pequena
Coluna do Segundo Vigilante se encontra abatida significam que a
Loja está aberta. Cada linha representa um Logus. O primeiro Logue
é o Pai, o segundo o Filho, e o terceiro, o Espírito Santo.
O Venerável Mestre preside às três cerimônias da Potência
Divina.
O Venerável Mestre é a força criadora dentro da Loja e o
Malhete simboliza, também, o órgão viril, com suas gonadas e
membro ereto. O falus sempre foi um símbolo de força criativa. O
avental sempre serviu para encobrir os órgãos sexuais nas três
fases — inocência, puberdade e maturidade.
A joia do Primeiro Vigilante contém o Esquadro sobre um
quadrante gravado sobre uma placa de prata suspensa dentro de
um quadrado. É o postulado nº 47 de Euclides, ou o conhecido
Teorema de Pitágoras (O quadrado da hipotenusa é igual à soma
dos quadrados dos catetos).
Seu significado diz respeito à igualdade e à harmonia. O
Primeiro Vigilante simboliza a Segunda Pessoa do Grande Arquiteto
do Universo, o Filho e irmana a todos dentro da Loja. Os Vigilantes
também empunham malhates, pois são os comandantes de suas
Colunas.
A joia do segundo Vigilante é o Prumo que representa a retidão.
É a perpendicular, uma linha que verticaliza, unindo as duas
extremidades do Universo. O Segundo Vigilante cuida também do
comportamento dos Obreiros fora da Loja para que tenham uma
vida de graça e beleza, no sentido de serem puros nas suas ações,
isentos de maldade e felizes.
Os emblemas dos demais oficiais da Oficina, vulgarmente
chamados de joias, caracterizam as suas funções sem maior
significado, a saber: O Orador, um livro; o Secretário, duas penas de
ganso; o Tesoureiro, duas chaves; o Mestre de Cerimônias, duas
varas; os Diáconos, uma pomba (mensageiro); o Chanceler, um
selo; o Hospitaleiro, uma sacola; o Porta-Bandeira, uma bandeira; o
Porta-Estandarte, um estandarte; os Expertos e os Cobridores e o
Porta-Espada, uma espada; o Mestre de Harmonia; uma lira; o
Mestre de Banquetes, uma cornucópia; o Arquiteto, uma régua.
As joias fixas são a Pedra Bruta, a Pedra Polida e a Prancheta
da Loja. São fixas porque estão sempre expostas à disposição dos
que nelas executem seus trabalhos. Refletem a Potência Divina e
servem de alerta aos maçons.
A Pedra Bruta está colocada ao pé da Coluna do Sul, e ao lado
do Segundo Vigilante. É uma porção de pedra natural, de granito ou
outra espécie, tosca, como foi encontrada na natureza. Representa
o Aprendiz que necessita retirar todas as arestas que a tornam bruta
e disforme. Para executar o trabalho, servir-se-á do Malho e seu
esforço será muito grande. É um trabalho duro e suado. Sem
habilidade e orientação nada conseguirá a não ser fragmentar a
Pedra em outras porções, sempre brutas e sem forma. É a
representação da cegueira e da ignorância, das paixões humanas
indomáveis, do pensamento livre e da teimosia, do mau gosto e do
individualismo egocêntrico.
Muito sutil será a análise dos restos da pedra bruta, após surgir
a obra acabada. Nada se joga fora porque tudo é sagrado.
A Pedra Polida passará a ser trabalhada por quem tenha as
mãos adestradas e que saiba aplicar o Esquadro, a Régua e o
Compasso, o Nível e o Prumo. Saberá manejar o malho e o buril,
transformando o que era disforme e bruto em alguma coisa bela,
polida e útil.
É colocada aos pés da Coluna do Norte e ao lado do Primeiro
Vigilante. Diz respeito mais ao Companheiro que ao Aprendiz.
É evidente que o seu simbolismo ressalte e fale por si, pois uma
pessoa polida é aquela que soube vencer os próprios defeitos e
reflete em si o que há de melhor em seu próximo.
No processo da reencarnação, diz respeito à evolução daquele
que passou através de várias vidas até burilar-se adequadamente.
Como a renovação das células demanda um período de sete anos,
o maçom que passa três graus estará aos vinte e um anos de labor
apto para considerar-se um iniciado.
A Pedra Polida ou Pedra Cúbica, encimada por uma ponta, é
quadrada, terminando em ponta piramidal, apresentando, portanto,
nove faces, múltiplos de três.
Geralmente nas Lojas são colocadas duas Pedras Cúbicas,
sendo uma menor e totalmente lisa, e outra maior onde são
gravadas todas as figuras geométricas.
Erradamente é determinada de Cabala, por conter os hieroglifos
maçônicos.
Na sua faceta principal dirigida para o Oriente, está dividida em
cem casas; vinte e seis contêm os hieroglifos maçônicos, e em igual
número contêm letras itálicas correspondentes à sua tradução. Em
quatro casas estão os hieroglifos compostos, e em outras quatro a
tradução itálica. Em outras dozes casas estão gravadas as
pontuações geográficas, e em igual número os caracteres vulgares
correspondentes. As trinta e duas casas restantes estão ocupadas
por cifras que compreendem da unidade até o número setenta.
Dentro do triângulo está inserida a chave dos hieroglifos
maçônicos, e nas suas faces laterais, à esquerda, um prumo, e à
direita, um nível.
O lado que se dirige ao sul encerra uma divisão de oitenta e
uma casas onde se encontram as letras que contêm todas as
Palavras Sagradas, desde o Primeiro Grau até o Trinta e Três. No
triângulo que corresponde a este lado encontram-se dezesseis
casas distribuídas de tal forma que configuram um Triângulo ou
Delta e estão colocadas as letras que formam a palavra
Tetragromaton, que significa o nome inamovível do Grande Jeová
dentro do Delta da Sabedoria.
A face que se dirige ao Norte contém quatro círculos,
concêntricos que representam os quatro pontos cardeais e as quatro
estações do ano.
O triângulo que corresponde a essa faceta encerra a chave
numérica egípcia.
A quarta e última face dirigida para o Ocidente contém um
grande círculo dividido em trezentos e sessenta graus e representa
o percurso do Sol em vinte e quatro horas para causar o fenômeno
dia a noite. Dentro do grande círculo aparecem três triângulos
superpostos que formam vinte e sete casas triangulares. Nessas
casas estão escritos os nomes das ciências místicas. No centro da
figura há outro pequeno triângulo contendo o IOD hebreu.
O triângulo correspondente a essa face contém os sete corpos
celestes conhecidos na antiguidade e com a seguinte interpretação:
o Sol representa Apoio, deus da Luz, das ciências e das artes; a Lua
representa a deusa Diana, irmã de Apoio, luz noturna; Marte
simboliza o deus da guerra; Mercúrio interpreta a Luz Divina; Júpiter,
o Senhor dos deuses, símbolo da inteligência; Vênus é a deusa da
beleza, mãe do amor e conduz à fecundidade; Saturno, o deus do
tempo.
A base da Pedra Cúbica contém os círculos concêntricos,
aparecendo em seu centro nove estrelas pequenas e no ponto
central exato, a estrela de cinco pontas com um G no meio.
A estrela de cinco pontas representa o homem, dono do
universo, rei da Criação e dominador das forças da Natureza (que
são: matéria, água, ar, fogo, germe, física, química, força e
inteligência).
A Pedra Cúbica no seu aspecto filosófico representa — a
Pirâmide, a Verdade, o Cubo, a Moral. As nove faces representam a
Perfeição.

O Painel da Loja

O Painel é a terceira joia fixa e varia conforme os ritos.


Geralmente é pintado ou bordado e é colocado no centro do
pavimento de Mosaico, ou defronte ao ara, em lugar visível porque
contém todos os símbolos maçônicos.
Tempos houve, há dois ou três séculos atrás, em que o Painel
era desenhado no local, no chão, no momento da abertura da Loja,
e apagado ao término dos trabalhos.
Descrever cada símbolo ali inserido seria repetir o que já
dissemos acima.
Há, contudo, um símbolo que não foi descrito e que somam os
degraus da Loja, conhecido pelo nome de Escada de Jacó.
A origem é hebreia. Eis o que encontramos no Gênesis (28:10-
18): "Jacó partiu de Beer-Sheba e foi para Haran. Tendo chegado a
um certo lugar, ali passou a noite, porque o Sol já se havia posto;
tomando uma das pedras do lugar e pondo-a debaixo de sua
cabeça, deitou-se naquele lugar para dormir. Sonhou, e eis posta
sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu e os anjos de
Deus subiam e desciam por ela. Perto dele estava Jeová, que disse:
Eu sou Jeová, Deus de teu pai Abraão, e Deus de Isaac. A terra em
que estás deitado, a darei a ti e à tua posteridade; a tua posteridade
será como o pó da terra, e te dilatarás para o Ocidente, e para o
Oriente, para o Norte e para o Sul. Por ti e por tua descendência
serão benditas todas as famílias da terra. Eis que estou contigo e te
guardarei por onde quer que fores e te reconduzirei para esta terra;
porque não te abandonarei até ter eu cumprido aquilo de que te hei
falado."
Despertado Jacó do seu sono, disse: "Na verdade Jeová está
neste lugar, e eu não o sabia." E temendo, disse: "Quão terrível é
este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus, é também
a porta do Céu".
Cada degrau da escada simboliza o esforço que o maçom
cumpre executar para ascender até a perfeição; são etapas
vencidas e iniciações ganhas. Os degraus simbolizam os diversos
planos do universo. O quadro que Jacó sonhou, realmente o vira
com os seus olhos mentais e espirituais e, para nos aprofundarmos
mais um pouco, com o seu Terceiro Olho.
Em alguns painéis colocam-se no topo da escada a estrela de
sete pontas e três emblemas: uma cruz, uma âncora e um cálice.
Desses emblemas, atualmente apenas conserva-se o cálice,
conhecido também com o nome de Taça Sagrada ou Taça dos
Juramentos.

O Mar de Bronze

O Mar de Bronze do Templo de Salomão representava uma


gigantesca pia sustentada por doze touros em tamanho natural, tudo
construído de bronze e colocada no átrio do Templo, e destinado
aos sacerdotes para as suas abluções e purificações. Nas Lojas é
simbolicamente representado por uma bacia de metal, para as
iniciações.
Significa o batismo da água, a lavagem das impurezas o
esquecimento dos conhecimentos profanos.

O Altar dos Perfumes

O Altar dos Perfumes apresenta-se como uma mesa de


madeira de lei recoberta de folhas de ouro (folheada) onde se
derramam perfumes em honra ao Grande Arquiteto do Universo, na
cerimônia prevista no grau 14 do Rito Escocês Antigo e aceito.
É colocado diante do trono, ao sul. Outros ritos também o
usam. Deve ser um perfume adequado, cuja essência desperta
sentimentos próprios para os atos que se realizarão.

O Incenso

Não deixa de ser um perfume, e é usado em todas as


cerimônias, espargido por meio do turíbulo.
A queima do incenso é altamente iniciática e desempenha
importante papel, seja pelo perfume característico, seja pela
tradição. Sempre foi usado o fumo que exala do sacrifício. O Senhor
deleitava-se com o odor dos animais queimados em sua honra.
Atualmente a queima do incenso representa os antigos sacrifícios,
quer humanos, quer de animais, ou dos frutos colhidos como
primícias.
O incenso usado nas Lojas purifica a parte do homem que
pertence ao astral. Todas as religiões - menos as Evangélicas -
usam o incenso, a começar pela Católica Romana, sem mencionar
os povos Orientais que sempre o usaram em profusão.
Cada rito usa o turíbulo de uma forma balançando-o tantas
vezes quantas os rituais e graus determinam.
A primeira referência que a Bíblia faz sobre o incenso
encontramos no Livro do Êxodo (30:34 a 38): "Disse mais Jeová a
Moisés: Toma especiarias aromáticas: estoraque, onicha e gálbano;
especiarias aromáticas com incenso puro. Cada uma delas será de
igual peso; e delas farás um incenso, um perfume segundo a arte do
perfumista, temperado, puro e santo. Uma parte dele reduzirás a pó
e o porás diante do testemunho na tenda da revelação, onde virei a
ti; será para vós, santíssimo. O incenso que fareis, segundo a
composição deste não o fareis para vós mesmos; considerá-lo-eis
sagrado a Jeová. O homem que fizer tal como este para o cheirar
será exterminado do meio do seu povo".
Ninguém desconhece que os Reis Magos presentearam o
menino Jesus com ouro, incenso e mirra (Mateus 2:11).
O incenso atua como substância entorpecente; eis porque
Jeová proibira o uso da fórmula dada a Moisés.

O Avental

Simbolicamente, quando o recipiendário que se encontra nu,


terminar as provas de Iniciação, faz-se necessário vesti-lo, e
obviamente não receberá um traje convencional mas apenas um
avental.
O avental, por sua vez, lhe cobrirá apenas uma parte restrita do
corpo, justamente aquela onde está localizado o seu centro
reprodutor.
O maçom não pode entrar na Loja sem vestir o avental, por isto
que cada grau e cada rito possui o seu próprio estilo, que diverge de
região a região, de povo a povo, Obediência a Obediência e, raras
vezes, de Loja a Loja.
Inexiste uma uniformidade e chega-se ao extremo de inserir no
avental desenhos sem significado maçônico.
O primeiro avental de que temos notícia foi o usado no Egito,
peça multicolorida contendo uma infinidade de símbolos que hoje
raramente são reproduzidos, a não ser nas Lojas egípcias.
O traje completo do maçom que penetra na Loja exclui,
obviamente, a sua veste convencional. Fatiota, gravata, sapatos e
demais peças fazem parte intrínseca do próprio homem ocidental.
Deverá, portanto, um homem vestido convencionalmente, ser
considerado simbólica e maçonicamente despido, pois o estar
devidamente vestido significa vestir o avental e demais insígnias,
como barrete, faixas, sandálias, luvas, colares etc.
Porém, a única exigência obrigatória em todas as Lojas
restringe-se ao uso do avental.
Houve sempre celeuma quanto à oportunidade de vestir o
avental, se na sala dos Passos Perdidos, na antecâmara, no Átrio
ou dentro da própria Loja.
Em qualquer local é adequado, menos dentro da Loja, onde o
maçom já deve ingressar devidamente cingido.
Nos vários cultos observam-se idênticas regras, todas
resquícios do uso obrigatório do avental. Nas sinagogas israelitas é
obrigatório o uso do barrete ou chapéu; no islamismo deve-se retirar
os sapatos; na Igreja Católica Romana as mulheres devem penetrar
nos templos com um véu na cabeça e assim, em cada religião,
doutrina e seita permaneceram sinais indeléveis do uso do avental.
O Avental atual divide-se em duas partes, uma quadrada maior
e outra triangular superposta. Para os do grau três são colocadas
três rosetas e duas borlas com sete fios cada uma.
Descrever o significado dos símbolos inseridos no Avental
egípcio seria tarefa ingente e desnecessária; mas a descrição do
atual Avental faz-se necessária pelo que contém de símbólico.
O material empregado para sua confecção deverá ser a pele de
cordeiro, alva e inteiriça, do contrário não se observa com rigor.
O Avental do Aprendiz não comporta nenhum símbolo, da
mesma forma o de Companheiro. Já o de Mestre possui um forro
azul com debruado da mesma cor. Trata-se do azul celeste
simbolizando que o azul do céu começa a tingir a brancura da
inocência (O Aprendiz é uma nova criatura recém-nascida). De sob
a abeta partem duas colunas em cujas extremidades colocam-se
sete fios que simbolizam as sete cores do Arco Íris, os Sete Rios da
Vida e os Sete Graus da Matéria.
Notam-se, porém, em certas Lojas, que os aventais são
debruados em cor vermelha. Não se há de fazer confusão entre os
aventais simbólicos dos três graus com os que ostentem as
dignidades dos demais graus, onde são colocados os símbolos do
respectivo grau filosófico e administrativo.
O significado geométrico do Avental é simples, pois sendo o
corpo do avental quadrado, a sua abeta triangular, sabendo-se que
o quadrado é a soma de triângulos, estão as formas a sugerir a
aplicação de tudo o que se disse a respeito do quadrado e do
triângulo.
O Aprendiz ergue a abeta dando lugar a uma nova figura
geométrica que será o polígono de cinco lados.
O triângulo é o emblema do espírito do homem; o quadrado
representa a matéria e seu corpo, o polígono simboliza o trabalho
material do Iniciado, ao se entregar à modelação da pedra bruta.
O Aprendiz educa o seu Espírito para dominar a matéria,
dominando suas paixões que são os defeitos da matéria. Essa
tarefa o Aprendiz a executa para poder viver harmonicamente entre
os seus Irmãos.
Os três triângulos do Avental representam, também, o trinômio
alma, corpo e mente.
O Aprendiz e todo maçom usam o Avental a fim de que em seu
trabalho não venham a se macular. O trabalho consciente jamais
causará malefícios. A razão ditará todas as normas do trabalhador
que, prudente, sabe precaver-se e resguardar-se.
É evidente que o Avental deverá ser fixado no corpo por meio
de um cordão. É a circunscisão hebraica, que marca para sempre,
de forma simbólica, quem foi iniciado. É por isso que se afirma: o
maçom jamais deixará de ser maçom.
É um dos elos que integralizarão a Cadeia de União; elo
simbólica e misticamente necessário para a completa harmonização
da Loja.
Os aventais podem ser forrados de negro, simbolizando as
trevas em sua face oculta (ignorância) e servindo para os momentos
de dor e contrição (funerais, hecatombes etc.).
A abeta nos ensina outro simbolismo, o de que, erguida, põe à
exposição os órgãos reprodutores. O Aprendiz está na idade da
inocência, e seus órgãos estão em formação, nada podendo criar
ou, reproduzir. Não participa dos trabalhos da Loja, e não se
alimenta a não ser com manjares leves próprios de sua idade.
Já quando Companheiro, abaixa a abeta, porque está atingindo
a puberdade. As glândulas representam papel importante na
Maçonaria, seja por ocasião do Sinal Gutural, ao controlar as
tiroides, seja no uso do avental ou nas diferentes posturas dos ritos.
O Aprendiz usa o Avental de forma curiosa, pois deixa abaixada
a abeta e ergue, apenas, a ponta esquerda, formando um pequeno
triângulo que se notará negro face o forro do próprio avental.
Conforme os ritos e costumes, há Lojas que inserem na abeta,
para os Aprendizes, a letra B, e para os Companheiros a letra J, que
são as letras distintivas das duas respectivas Colunas.
A colocação da abeta em sua forma natural simboliza que o
Aprendiz conseguiu penetrar na matéria e dominá-la (paixões, erros
e vícios) saindo vencedor, ainda que tenha deixado uma diminuta
parte obscura que constituirá o mistério que ainda não conseguiu
desvendar: as trevas do conhecimento.
Os Aventais sempre são brancos, porque além de simbolizar a
candura, a inocência e a pureza, ainda dizem respeito à luz, antes
de ser polarizada pelo prisma triangular (espectro solar).
Os Aventais usados pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes
em nada diferem dos usados pelos Mestres (3º grau), e já descritos,
diferenciando-se apenas no seguinte: no Avental do Venerável
encontram-se duas tochas acesas e em cada ângulo do triângulo,
uma espiga de trigo. Os Aventais dos Vigilantes, contém somente
cinco espigas a do Primeiro, e três a do Segundo. Os demais cargos
— Orador, Secretário e Tesoureiro — trazem duas espigas, e os
demais funcionários, apenas uma.
O simbolismo do trigo é conhecido, eis que sempre foi
considerado um cereal nobre, que se multiplica, alimenta e constitui
o manjar sagrado. O próprio Cristo intitulara-se de O Pão da Vida.
Com o trigo e as romãs temos os dois frutos formados de
múltiplos grãos. A romã fornece o vinho e o trigo, o pão,
simbolizando assim os principais elementos da comunhão
(comunicação) na mesa mística do Grande Arquiteto do Universo.
Ainda no Avental vemos as três rosetas, que simbolizam o
significado do número três, base geométrica e matemática da
Maçonaria, que tomou esta trilogia por constituir realmente o
fundamento de toda sua filosofia.
O número três e seus múltiplos completam o raciocínio e dão
compreensão ao simbolismo.
Deve-se, no entanto, partir do ponto, princípio de toda figura
geométrica. São os três pontos que irão identificar a linguagem
maçônica. Um maçom, ao assinar seu nome, coloca três pontos,
seja ao final da assinatura, seja entre as letras de uma forma mais
discreta, pois os próprios pontos tem este significado: discrição. Os
livros maçônicos antigos, como, ainda, agora os rituais, contêm uma
forma peculiar de escrita. As palavras não são completadas e
terminam sempre em três pontos. Hoje já não temos razão de
proceder assim, porque a evolução natural, a liberdade de
expressão e reunião proporcionaram a revelação total dos mistérios
maçônicos.
Há poucos anos atrás o maçom cumprimentava o outro
erguendo o chapéu e segurando-o pela aba traseira. Hoje, nem
sequer se usa chapéu e o maçom traz na lapela de seu casaco ou
no anel de seu dedo o símbolo maçônico mais usual, o Esquadro
entrelaçado com o Compasso. Não há mais segredo, porque a
Maçonaria deixou de ser uma sociedade secreta. Às suas
festividades são convidadas as autoridades locais e pessoas
gradas, e apenas são tomadas algumas medidas no sentido de
mascarar algumas posturas, sinais e palavras, o que já seria
desnecessário. Entre nós, no Brasil, o religioso Boaventura
Kloppenburg editou um livro que se encontra na 4ª edição, intitulado
A Maçonaria no Brasil, onde apresenta a Maçonaria como é,
embora teça críticas infundadas. Esse livro, muito bem apresentado,
tem encontrado comprador nos próprios maçons e tem servido, não
como obra de combate, mas sim, de propagação. O aparente
esforço desse escritor para reunir os elementos que julgou
preciosos e raros, teria sido poupado se procurasse frequentar as
bibliotecas públicas, onde estão todas as obras maçônicas
necessárias para uma boa ilustração.

As Espadas

Em todos os ritos o uso de espada constitui uma prática


consagrada pelo costume relativamente recente, representando o
poder e a força.
É curial que os guardas do templo, interno e externo, devam
usar uma espada; o Porta-Espada é quem simbolicamente zela pelo
instrumento. Os Expertos (trolhador, preparador, terrível e
sacrificador) por sua vez circulam munidos de espadas. Todos os
Obreiros, em certas oportunidades, munem-se de suas espadas,
que estão colocadas atrás de suas cadeiras, tanto para defesa
(simbólica), quanto para formar a Abóboda de Aço, quando da
entrada de dignidades maçônicas ou visitantes ilustres.
O uso da espada é meramente simbólico, seja porque é uma
arma obsoleta, seja porque a Maçonaria prega a paz, ou mesmo,
porque já não há necessidade de defesa armada.
A espada porém, adquire um valor altamente simbólico quando
nas mãos do Venerável Mestre e no Altar dos Juramentos.
A sua colocação no Ara é imprópria. No altar dos juramentos,
que é a própria mesa do venerável Mestre, é usada para nela serem
dadas as pancadas simbólicas nos três graus — quando da
admissão, elevação e exaltação.
A Espada Flamígera é a insígnia de mando do Venerável
Mestre e o símbolo de segurança, portanto, também é usada pelo
Irmão Guarda do Templo. Sua lâmina difere das demais, pois
apresenta forma ondulada que lembra uma chama de fogo. Ela
simboliza também a Luz e fonte de toda ciência maçônica, irradia
"chamas" em todas as direções. Ela tem a peculiaridade de não
poder ser embainhada mas permanecer sempre desnuda,
lembrando que a Maçonaria está sempre à mostra pronta a ser útil e
ao alcance de quem queira estudar, investigar e progredir.
O recipiendário, ao prestar seus juramentos, o faz sob a
Espada Flamígera, porque simbolicamente os presta a todos os
maçons espalhados pelo mundo.
A primeira notícia que nos chegou a respeito da Espada
Flamígera, a encontramos em Gênesis, capítulo 3, versículo 24:

"Assim expulsou ao homem; e ao oriente do Jardim do Eden


pôs os Querubins e o chamejar de uma espada que se volvia
por todos os lados, para guardar o caminho da Árvore da Vida."

Lendo-se com atenção as Sagradas Escrituras encontramos


vários tipos de espadas nas mãos dos auxiliares do Senhor.
A Espada Flamígera ou Flamejante, que não se embainha, foi
colocada nas mãos dos Querubins; já nas mãos dos Anjos, as
espadas possuem bainha, como atesta o versículo vinte e sete do
capítulo vinte e um do Primeiro Livro das Crônicas:

"Jeová deu ordem ao Anjo, que tornou a meter a sua


espada na bainha."
A Espada é encontrada nas mãos do povo, dos profetas, dos
sacerdotes, dos discípulos, dos Anjos e Querubins do próprio
Senhor; ora em linguagem figurada e simbólica, ora como real
instrumento e arma.

Em Juízes 7:20:

"As três companhias tocaram as trombetas, despedaçaram


os cântaros, segurando com as mãos esquerdas as tochas e
com as direitas as trombetas para as tocarem, e clamaram: a
Espada de Jeová e de Gedeão!"

I Crônicas 21:12:

"Escolhe o que quiseres: ou três anos de fome; ou seres por


três meses consumido diante dos teus adversários enquanto a
espada dos teus inimigos te alcança; ou senão, a Espada de
Jeová por três dias, a saber, a peste da terra, e o Anjo de Jeová
fazendo estragos em todos os termos de Israel."

Isaías 34:6:

"A Espada de Jeová está cheia de sangue, está engrossada


com gordura, com o sangue de cordeiros e de bodes."

Jeremias 121:2:

"Sobre todos os altos escalvados do deserto são vindos


despojadores, porque a espada de Jeová devora desde uma
até outra extremidade da Terra."

Jeremias 47:6:

"O Espada de Jeová, até quando deixarás de repousar?


Entra na tua bainha, descansa e fica quieta."

O Cristianismo usa a Espada com vários significados


simbólicos:
Mateus 10:34:

"Não pensais que vim trazer a paz à Terra, não vim trazer a
paz, mas a Espada."

Lucas 2:35 e 36:

"Pasmaram o pai e a mãe das coisas que se diziam do Menino.


Bendisse-os Simeão, e dirigiu a Maria, sua mãe, estas palavras: "Eis
que este é destinado para ruína e para a ressurreição de muitos em
Israel, e para ser alvo de contradição - e tua alma será transpassada
por uma espada -, para que se manifestem os pensamentos de
muitos corações."

Efésios 6:17:

"Lançai mão do capacete da salvação e da espada do Espírito."


Apocalipse 2:16:

Apocalipse 2:16:

"Do contrário, não tardarei a ir ter contigo para lutar contra eles
com a espada da minha boca."

Apocalipse 6:3-4:

"Ao romper do segundo sigilo, ouvi o segundo ser vivo dizer:


"Vem!". Nisto apareceu outro cavalo, cor de fogo, e ao que nele
estava montado foi dado o poder de tirar a paz da terra, para que os
homens se trucidassem uns aos outros. Pelo que lhe entregaram
uma grande espada."

Provérbios 30:14:

"Há gente cujos dentes são como espadas, e cujos queixais


são corno facas, para devorar da terra os pobres, e dentre os
homens os necessitados."
As espadas bíblicas eram: flamejantes, aguçadas, de um e de
dois gumes. Alguns dos mártires, entre tantos, São João Batista e
São Paulo foram mortos a espada. Dos Apóstolos, quem portava
uma espada era São Pedro.

Os Timbres

Nas mesas do Venerável Mestre e dos Vigilantes estão


colocados os timbres que se destinam a ordenar os trabalhos e são
batidos por meio dos Malhetes.
Cada Timbre emite um som característico e diferente, tantas
vezes quantas forem as batidas do grau e com intensidade ao iniciar
os trabalhos e com suavidade ao encerrá-los.
A música desempenha um papel predominante na Maçonaria,
mormente em certos graus e em certas ocasiões, hoje,
acompanhando a evolução, é a fita magnética gravada que substitui
o mestre de harmonia.
A música é uma arte de produzir e combinar sons de maneira
que possam sensibilizar o ouvido e comover a alma. A primeira
manifestação do homem como ser inteligente foi alimentar-se e,
depois, buscar abrigo e segurança; mais tarde, agasalho e fogo,
para logo em seguida encontrar o som musical. A música foi a
primeira expressão delicada manifestada pelo homem, e por isto é
considerada um atributo divino. Desde o selvagem até o mais
acurado espírito científico, buscam na música o seu devaneio.
O homem vivendo em comum fez da música um rito religioso.
Quem nos traz notícias dos primeiros músicos são fábulas, onde
vamos encontrar Orfeu, que com o seu canto enfeitiçava os
bosques, emudecia os pássaros e domesticava as feras. Anfión
reunia os homens, movia as pedras e edificava os muros de Tróia
com o poder dos acordes de sua lira. Tirteu inspirava com seus
cantos ao amor e aos combates. A música desempenhava um poder
mágico.
É desconhecida a origem da palavra música; uns dizem
proceder da musas, outros do Egito.

Nas Sagradas Escrituras, em Gênesis 4:21, lemos:

"O nome de seu irmão era Jubal, que foi o pai de todos os que
tocam harpa e flauta."
De Jubal vem o termo latino jubilare, que quer dizer alegrar-se,
júbilo, alegria.
Os chineses atribuem ao rei Fou-Ti (2.436 anos antes de Cristo)
o descobrimento da música.
Os gregos atribuem a música aos seus deuses Júpiter,
Mercúrio, Pan, Apoio e outros. Os fenícios a atribuem a Hermione,
de onde proveio o termo Harmonia.
Foi Pitágoras que fixou as primeiras regras para a música.
Os sons terapêuticos modernos, ou a terapia pela música, têm
suas raízes em épocas muito remotas. O rei Saul foi curado de sua
tristeza pelas vibrantes modulações da harpa de David (I Samuel,
16:23).
Os egípcios foram os primeiros a cultivar a arte e a transmitirem
a Moisés e mais tarde a Pitágoras. Osiris é considerado inventor da
flauta e Hermes da harpa. O tambor foi criação egípcia. Ateneu
descreve com riqueza de detalhes a festa que Ptolomeu Filadelfo
deu em Alexandria, onde atuaram seiscentos músicos tocando
cítaras, flautas, harpas e tambores intercalados pelos coros.
Cada povo contribuiu com uma parcela de seu espírito
inventivo, assim os sírios nos legaram o triângulo e a pândora
(bandolim com 18 cordas).
A lira foi invenção de Mercúrio e Apoio era o deus da música.
A arte emigrou de povo a povo até conquistá-los todos, e as
Sagradas Escrituras nos noticiam dos coros celestiais das trombetas
que os anjos e arcanjos tocam.
Os instrumentos de sopro foram inspirados pelo rumor que o
vento produz entre as folhagens. Com o passar dos anos, toda uma
série de instrumentos foram sendo inventados e aperfeiçoados, e
hoje podemos assistir a concertos em que até disparos de canhões,
granadas e rajadas de metralhadoras são intercaladas na
orquestração.
A música eletrônica, composta pelos cérebros eletrônicos, sem
a inspiração humana está abrindo uma nova perspectiva na arte
musical.
A música pôde ser escrita através de sinais convencionais que
se denominaram de notas e cujas formas se denominaram de
semibreve, mínima, semínima, colcheia, fusa e semifusa; quanto ao
seu valor ou sons, também são sete, a saber: dó, ré, mi, fá, sol, lá,
si. Esses nomes foram retirados de uma estrofe do hino a São João
Batista feito pelo monje beneditino Gui de Arezzo, no século XII, que
foi buscar a primeira sílaba de cada verso.

Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solve poliuti
Labii reatum
Sancte Joannes

Inicialmente a nota dó era conhecida com o nome de nota ut, e


só no século XVIII foi consagrada com o nome de dó.
A tradição nos informa que Santo Ambrósio, no século IV, quis
regular a função da música nas diversas cerimônias, e para isso
escolheu nos tons gregos quatro tons ou gamas nos quais seriam
cantados os hinos e as antífonas.
Dois séculos mais tarde, o Papa Gregório Magno, desejando
alargar o quadro da execução musical, juntou mais quatro modos,
elevando a oito o número de tons, constituindo, assim, o cantochão,
existente até hoje. Designaram-se os primeiros quatro tons de
Ambrosianos e os últimos de Gregorianos.
Hoje assistimos, nas cerimônias religiosas, a música popular
folclórica e os sons elétricos e modernos.
Dito isto, compreendemos agora a finalidade dos timbres
possuírem sons distintos.
O do Venerável Mestre será o dó, a primeira nota, pujante,
autoritária e sapiente. O do Primeiro Vigilante, a nota sol,
representando a força; e a do Segundo Vigilante, a nota lá, que
representa a beleza.
Ao som das notas dó, sol e lá, a Loja entrará em harmonia
musical perfeita.
Durante as cerimônias são entoados os hinos maçônicos, de
autoria do grande maçom Mozart, ao lado dos hinos pátrios em
ocasiões de festividades cívicas.
A CADEIA DE UNIÃO
Entre os primeiros passos, o maçom conta com os benéficos
resultados da Cadeia de União que, com a adoção dos rituais
antigos, torna-se ato litúrgico obrigatório.
Esta formação tem o efeito da maré, quando as águas do
oceano crescem, provocando os fenômenos por demais conhecidos
que influenciam o ser humano e toda a natureza.
Para que possa haver um resultado eficiente, cada maçom
participante deve conhecer o que está fazendo, e que a sua
participação é imprescindível para o benefício do grupo.
Por este motivo - porque consideramos esta cadeia como ato
litúrgico relevante - é que a apresentamos, dando as situações
principais, os efeitos mais conhecidos, reservando alguns aspectos
ultramísticos para um ensaio de maior profundidade - como última
parte do presente livro, na certeza de que o retorno à observância
dos antigos rituais seja também a volta de uma Maçonaria mais
consciente, pujante e construtiva. O Termo Cadeia de União
compõe-se de duas palavras, cadeia e união. Vamos analisá-las
para melhor compreensão e entendimento.
O significado comum de cadeia já foi dado no início; cumpre,
agora, conhecermos o significado maçônico.
Dentro do Templo, notamos no pavimento de mosaicos a orla
dentada que o circunda e que expressa o mesmo símbolo de união.
No Manual dos Paramentos e Joias, adotado pela Maçonaria
Simbólica Regular do Brasil (edição 1956), vemos que o Grão
Mestre usa um colar metálico composto de 13 chapas e 7 estrelas.
Não passa de uma cadeia simbólica, usada pela autoridade máxima
do simbolismo. Traz em si, como demonstração externa, o propósito
de unidade espiritual dos que se encontram sob seu Malhete.
Os colares sempre foram altamente simbólicos, usam-nos
quase todas as seitas religiosas do oriente e do ocidente, uns,
colocando-os no pescoço, outros, manuseando-os constantemente.
Exemplo dos mais comuns temos no rosário, composto de contas
que conduzem os fervorosos a uma oração constante.
Em diplomas, figuras, ex-líbris encontramos colares que
expressam Cadeias de União, simbolicamente desenhadas. Os
brasões dos papas, cardeais e bispos sempre contém, ou elos
dispersos, ou colares expressando união.
A orla dentada, borde festonado ou franja festonada é
construída de diversas formas, mas ultimamente se a coloca no
próprio piso da forma mais simples possível, em pequenos
triângulos. A forma não altera o seu significado.
Em princípios do século XIX os símbolos maçônicos eram
desenhados com giz ou carvão no assoalho, e em torno era
colocada uma corda.
Não se confunda com a corda dos 81 nós que circunda o
Templo ao redor do teto, pois essa corda não é contínua; em suas
extremidades pendem duas franjas. O seu simbolismo é muito
diverso do da Cadeia de União.
A orla dentada simboliza, outrossim, o círculo que os planetas
formam ao redor do Sol em suas diversas evoluções.
Simboliza a muralha protetora da humanidade, formada pelos
espíritos evoluídos, que com sua força mental equilibram o ser
humano, salvando-o da miséria e aflição.
Curioso é referir que a Cadeia formada pela orla dentada, toma
o formato de um quadrilátero e não de um círculo, pois representa
os 4 elementos: terra, água, ar e fogo.
A outra palavra - união - a encontramos no sentido maçônico,
no salmo 133, embora cada versão apresente certas peculiaridades
que valem a pena referir.
A tradução mais comum, de João Ferreira de Almeida, edição
revista e atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil,
assim apresenta o primeiro versículo do referido salmo:

"Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos"

A tradução mais antiga, revista e corrigida na grafia simplificada


do mesmo João Ferreira de Almeida, da Imprensa Bíblica Brasileira,
assim diz:

"Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união".


A tradução brasileira dos originais hebraico e grego das
Sociedades Bíblicas Unidas apresenta:

"Eis quão bom e quão agradável é habitarem juntos os irmãos!"

A versão apresentada pela Vulgata, de autoria do padre Matos


Soares, não difere das demais:

"Oh! Quão bom e quão suave é viverem os irmãos em união!"

A tradução dos textos originais pelo Pontifício Instituto Bíblico


de Roma apresenta.

"Oh! Como é belo, como é prazenteiro o convívio de muitos


irmãos juntos!"
Nessa tradução chama a atenção a aparente redundância: "o
convívio de muitos irmãos juntos". Convívio de muitos irmãos juntos
tem significado diverso.
O convívio importa em reunião, em agrupamento. Irmãos juntos
tem o significado de unidos.
O convívio de irmãos unificados, em um só corpo, mente e
espírito.
La Santa Bíblia, versão italiana de Diodati, edição de 1891,
assim informa:

"Quant é buono, che fratelli dimorino insieme."

La Santa Bíblia, antiga versão espanhola de Cipriano de Valera,


publicada em Madrid, diz:

"Mirad cuán bueno y cuán delicioso es habitar los hermanos


igualmente em uno!"

E assim, cada tradução, seja em que língua for escrita, revelará


sempre o espírito do salmista que quis afirmar que a união entre os
irmãos os fazem uma só pessoa.
Cremos que o ponto de partida de nosso estudo deve ser fixado
exatamente na fonte escrita, inquestionavelmente pura, que é o
texto sagrado do Livro da Lei usado em nossas Lojas.
A união dos maçons não poderia ser melhor executada do que
através de um símbolo, a Cadeia de União.
É a universidade em cadeia. Na era nuclear em que estamos
vivendo há uma década ficou assentado que uma série de átomos
ligados entre si formam uma cadeia. Dentro da universalidade
maçônica, o indivíduo representa esses átomos, pois tanto no
microcosmo como no macrocosmo, o universo é encontrado, quer
filosófica, quer cientificamente.
O próprio vocábulo universo quer dizer "diversos em um". Uma
cadeia de maçons forma um só símbolo: o homem maçom, mas
homem universal.
Os elos da Cadeia de União são os mesmos elos de uma
cadeia comum, de metal, isto é, elos interligados entre si, embora
individualmente soltos. Cada elemento conserva a sua
personalidade, de modo que, em cadeia, sentem-se unidos sem
estarem soldados entre si.
O objetivo primário da Maçonaria é unir os Irmãos de tal forma
que devam e possam parecer um só corpo, uma só vontade, um só
espírito.
Um Templo compacto, coeso, uma massa só, mesmo que
composta de partes heterogêneas, formando um todo, uma
instituição.
Esse todo não diminui nem absorve as personalidades isoladas.
Como o universo que subsiste como um todo, porém tendo
perfeitamente individualizada cada parcela, cada átomo de que é
composto.
O maçom unido pela Cadeia de União não é absorvido e
diluído, mas unido através da soma das forças físicas e mentais,
existindo individualmente no todo.

A Teoria Atômica

A teoria atômica do astrofísico Bethe, conforme o esquema por


ele apresentado, dá uma demonstração evidente da obediência à lei
natural.
O que é um átomo?
Em torno de um corpo central, comparável ao Sol, e que se
denomina de núcleo, giram como planetas, em trajetórias de vários
diâmetros, partículas menores denominadas elétrons.
A semelhança com nosso sistema solar certamente não
constitui mero acaso; pelo contrário, permite que se conclua que
onde no universo se agrupam grandes massas, esse agrupamento
aparece como um sistema solar.
Agrupando-se massas minúsculas, elas aparecem como
átomos. Em ambos os casos, a massa principal acumula-se no
centro como sol e pequenas partículas dispersas rodeiam esse
centro como planetas. A diferença entre as dimensões é de
importância relativa.
O sistema solar é o átomo do mundo, do macrocosmo, e o
átomo é o sistema solar do pequeno mundo, do microcosmo.
Os planetas do sistema atômico chamam-se elétrons. Ninguém
ainda sabe exatamente o que seja um elétron.
Demócrito há 2000 anos já havia deduzido pela lógica que
haviam de existir os átomos.
Em 1625, o matemático francês Descartes - portanto, 300 anos
antes da descoberta dos elétrons - deduzira, à base de raciocínios
matemáticos, que, além dos átomos, havia de existir uma partícula
primitiva da matéria, muito menor ainda; dedução esta que hoje
também se acha plenamente confirmada. E, o que é mais
surpreendente ainda, Descartes desenhara aquela partícula
primitiva de acordo com nossos conceitos atuais, como sendo um
redemoinho que borbulhava do éter celeste, o qual então se
presumia existir, como redemoinho etéreo.
A cadeias e os redemoinhos, não passam de círculos. Fácil se
torna compreender que tudo se passa de idêntica forma, para um
átomo como para um homem. Podemos, portanto, fazer uma
afirmação: tudo em nós vive em cadeia.
Esta é a razão da importância vital, da formação da Cadeia de
União se tornar imperativa, como consequência lógica de que o
homem deve obedecer às leis da natureza e às leis espirituais.
O resultado das reações em cadeia, dos átomos, é a energia.
Energia idêntica gera uma cadeia formada pelo entrelaçamento
tríplice do maçom.
Não há diferença entre o universo de fora com o universo de
dentro.
A Cadeia de União nada mais é que a repetição de leis que
regem a natureza; é preciso, porém, entendê-las e conscientizarem-
se, todos, desta verdade.
Eis, portanto, uma das razões do porquê da formação da
Cadeia de União dentro dos templos maçônicos.
Na natureza tudo ocorre em círculo, ou seja, em cadeia; e
mesmo em cadeia, e mesmo em corrente.
Agora demonstraremos o que é a Cadeia de União e como
deve ser executada.
O corpo humano, através do seu sistema nervoso, registra as
excitações que lhe vêm do mundo exterior; os seus órgãos e os
seus músculos dão a estas a resposta apropriada.
É tanto com a sua consciência como com o seu corpo que o
homem luta pela existência.
Este seria o homem receptivo. Mas, obviamente, existindo um
corpo receptivo, ao seu lado existirá um corpo doador.
Não haveria receptividade sem doação.
A união destas duas forças completa o ciclo da natureza, e
nada mais adequado e importante que ser feita a troca dentro da
Cadeia de União.
O corpo humano possui um sistema central. Este compreende o
cérebro, o cerebelo, o bulbo e a medula. O sistema central age
diretamente sobre os nervos dos músculos e indiretamente sobre os
dos órgãos. Esta substância, por meio dos nervos sensitivos, recebe
as mensagens que emanam da superfície do corpo e dos órgãos
dos sentidos. Estas mensagens são enviadas para todos os órgãos
através do sistema simpático.
Uma quase infinita quantidade de fibras nervosas percorre o
organismo em todas as direções. As suas ramificações
microscópicas insinuam-se entre as células da pele, em volta das
glândulas, dos canais de secreção, nas túnicas das artérias e das
veias, nos invólucros contráteis do estômago e do intestino, na
superfície das fibras musculares etc.
O corpo humano, unido em Cadeia de União, submete-se a
uma constante troca através da excitação dos toques. Estes toques
são feitos pelas mãos e pelos pés. Contudo, dada a proximidade
dos corpos, há os toques mentais, eis que as células nervosas
captam à curta ou longa distância as doações.
Recepções e doações não passam de permutas, havendo,
após determinado lapso de tempo e unidade de respiração, um
perfeito equilíbrio. Ninguém mais terá a dar e nem a receber; haverá
uma só identidade. É a vida em união do salmista, ou a
compreensão exata das palavras do Divino Mestre Jesus: "Eu e o
Pai somos um".
Penetrando no terreno difícil e às vezes incompreensível da
mística, notamos que o efeito de uma oração surge quando a mente
pede, não para si mas para outrem. Pedindo com despreendimento
um benefício para o próximo, aquele benefício vem para nós.
Os estados de consciência, produzidos pelo trabalho mental,
refletem no organismo. Bastaríamos lembrar que o prazer faz corar
a face; a cólera e o medo fazem empalidecer, uma notícia trágica
pode provocar a contração das artérias coronárias, a anemia do
coração e a morte repentina. O terror enfraquece as pernas, dobra
os joelhos e causa desfalecimentos.
A vista de um alimento apetitoso provoca a salivação.; uma
mulher, a ereção; a ofensa, dilata os vasos das glândulas supra
renais segregando adrenalina, preparando o organismo para o
ataque. O terror embranquece os cabelos em poucas horas; a
angústia causa o desejo de suicídio.
O controle de tudo isto pode ser realizado através de uma
simples meditação.
O relaxamento muscular, a divagação, a fuga dos problemas
pela substituição (novos quadros e pensamentos dirigidos)
conduzem à meditação e esta ao equilíbrio e ao estado normal.
É a função fisiológica do corpo humano por meio da Cadeia de
União.
Se a Cadeia de União possui este dom e esta faculdade de
modificar o metabolismo e comportamento humanos, que dizer de
sua ação espiritual?
Se a Cadeia de União contribui para esta mensagem e
comunicação entre os homens, como o condão de equilibrar
emoções e normalizar organismos, está claro que para a obtenção
do resultado almejado ela deverá ser construída com perfeição.
Hoje em dia a prática da concentração está condenada e
superada pela prática simples da meditação.
Concentração exige esforço, recolhimento e isolamento;
meditação atua de forma diversa; é suave, sem concentração ou
isolamento. Basta fixar um elemento dentro da mente e com ele
ocupar o pensamento. Uma palavra, um som, um odor, uma cor.
Para a formação da Cadeia de União, é contraproducente a
concentração.
A meditação, diz Eknath Easwaran "pode ser acertadamente
definida como a função mais dinâmica, criadora e importante da
qual o homem é capaz porque ao extinguir nele tudo que é egoísta,
leva-o para aquele estado impessoal de Consciência Crística,
denominado chit pelos sábios hindus".
De um modo geral o Venerável, ao dirigir a Cadeia, pede
concentração. Isto está errado, porque concentração conduz a
isolamento, quando os irmãos reunidos não devem isolar-se mas,
sim, aproximar-se um do outro.
A perfeição pode ser alcançada através de dois caminhos: o do
isolamento e o da comunhão. O isolamento conduz à renúncia. A
comunhão é ação que conquista - a resultante da comunicação.
Ambos os caminhos são válidos para a busca da perfeição,
porém o caminho da comunhão alcança beneficiar o próximo,
enquanto o caminho do isolamento satisfaz apenas um.
Tanto para o que medita isolado como para os que meditam em
grupo, há necessidade que esta meditação alcance certa
profundidade.
A natureza humana possui a capacidade de, em meditação,
produzir efeitos oriundos de agentes provocadores - um deles é o
som.
Não se pode isolar o ato meditativo de um som porque este é o
fornecedor de uma determinada frequência que influencia a mente
de todos os que tomam parte na corrente.
A soma destas influências produz harmonia e prosperidade.
O que medita isoladamente alcança sucesso através do
silêncio.
Os que meditam em comunhão alcançam sucesso com sua
atividade. Daí o fato da Cadeia de União apresentar movimento,
enquanto o meditante isolado, silente em sua postura e sentado,
embora esteja se beneficiando, não alcança sucesso em sua vida.
O maçom que medita isolado habitua-se e não sente atração
pela Cadeia de União. O contrário acontece para os que encontram
na Cadeia o sucesso almejado.
A fim de penetrarmos com mais facilidade na explanação,
exemplifiquemos, atribuindo ao meditante isolado a personagem de
um monge e ao grupo formado em cadeia, a de uma família.
O monge, para meditar, não possui o som que a família
exercita.
A diferença de influência das duas meditações reside na
influência dos sons emitidos.
Toda palavra que pronunciamos transmite-se em onda sonora,
que vai de encontro a todo obstáculo representado pelas coisas
pertencentes à criação.
Todo som, por sua vez, chega a nós e há o choque com os
seus efeitos; ou as ondas que emitimos pelas palavras que
pronunciamos conservam a vida, ou a destruem e danificam. As
ondas sonoras não cessam, elas continuam. Uma vez que as
palavras são pronunciadas, não podem ser recolhidas, porque seu
destino é o de se propagarem.
Uma vez que a palavra é pronunciada, as suas vibrações
espalham-se em todas as direções, e alcançam os quatro cantos da
terra.
Por isto todo o cuidado é pouco sobre o que pensamos,
falamos ou fazemos.
Difícil é sabermos o que é certo e o que é errado. O acertar ou
errar tornam-se tarefas complexas. A natureza é tão complexa, a
vida é tão complexa, e a mente humana tão limitada por falta de
conhecimentos, que se torna realmente impossível compreender
todo campo do certo e do errado.
Eis porque devemos nos esforçar em sintonizar nossa mente
com a do próximo para que a força que surge possa nos beneficiar e
ser para nós o certo.
Selecionar o que está certo e o que está errado, seria
obedecermos à risca os Dez Mandamentos de Moisés, com os seus
"não" e os seus "farás".
As religiões catalogam os sim e os não, e a pureza da vida ou o
pecado dependerão da observância desses "sim" e do afastamento
desses "não".
Mas, por mais que alguém seja religioso, asceta, meditante tipo
monge, não aceitará jamais. Ou dimensiona milimetricamente suas
ações, transformando-se em maníaco observador da lei, perdendo
assim o prazer de viver, ou se une com os outros para sintonizar a
inteligência cósmica, permitindo que a natureza da mente seja
transformada pela luz da Verdade e passando a viver a vida normal
que o Grande Arquiteto do Universo nos proporcionou.
Uma vida correta por natureza.
Uma técnica de vida.
O monge tem o seu som apropriado à sua maneira de vida, e a
família tem seu som apropriado à sua maneira de vida.
O som que propicia a meditação, para o maçom, são as
palavras sagradas que recebe, dentro dos seus graus.
Mas para a formação da Cadeia de União há um som
constituído de uma palavra sagrada recebida semestralmente pelo
poder superior da instituição.
Quando em cadeia é transmitida a palavra semestral, esta
propicia a meditação, não importando ser ela prolongada ou curta.
Não se pode deixar de referir que a palavra semestral deverá
ser fornecida por um Poder Regular, ou seja, uma potência
reconhecida por outras potências face o preenchimento dos
requisitos que lhe propiciam esse reconhecimento internacional.
Caso contrário, será um som inadequado e sem os efeitos
desejados e esperados.
O poder do som aumenta, uma vez que o mesmo é reduzido
durante a meditação. Sabemos que quando entramos nos estados
sutis da criação, o poder aumenta. Se atirássemos uma pedra em
alguém, poderíamos feri-lo; seria uma ação dirigida a um indivíduo
tão somente, mas se pudéssemos entrar na sutileza da pedra e
excitar o átomo, ele bombardearia toda a atmosfera.
O poder é imenso nos estados da criação; o poder é
infinitamente maior nos estados sutis do pensamento.
Quando reduzimos um pensamento a um estado muito sutil, ele
fica consideravelmente mais poderoso do que quando antes do
plano grosseiro da mente.
Quando o pensamento está prestes a desaparecer no seu
estado mais sutil, a força-pensamento criada chega a um máximo.
Assim, quando um pensamento é reduzido durante a meditação, o
efeito aumenta. O valor da meditação está em reduzir o pensamento
até que ele seja reduzido ao nada.
Portanto, a influência física daquele som específico é
intensificada à sua capacidade máxima até que ele alcança o seu
limite absoluto de intensidade, quando sua influência permeia todo o
campo da criação.
Na Cadeia de União, o efeito desejado será a paz interior, a
felicidade interior, maior criatividade, maior sabedoria, maior solidez
de vida e a integração de valores em todos os campos da
existência.
Paz interior e atividade externa com sucesso é a necessidade
do chefe de família.
Este efeito de aumentar a paz interior e ter sucesso externo,
com toda a harmonia, é adquirido pelo efeito de um som especial
próprio para o momento em que, irmãos se unem, para como se
fossem um só, receberem o som que um poder superior fornece.
Este poder superior, no sentido hierárquico.

***

O homem sonha em sair de si mesmo e atingir mundos ignotos,


viajar, como fazem os astronautas pelo firmamento, em busca do
descobrimento, numa espécie de levitação, anseio muito comum e
proclamado desde os primeiros albores da civilização.
Hoje o processo inverte-se, porque o homem tende percorrer
um caminho para dentro de si, usando processos técnicos e
conseguindo penetrar no insondável mistério de si mesmo, onde
existe uma consciência que não conhece, um universo que não
percebe.
O caminho para dentro é simples e natural, quase espontâneo,
partindo da periferia grosseira e atingindo o centro sutil, o seu
mundo de percepção.
A percepção do interior é tão normal como a percepção do
exterior. 'Para ver o mundo externo valemo-nos dos olhos normais,
de um dos cinco sentidos do corpo; para ver o mundo sutil valemo-
nos da terceira visão dos sentidos da percepção interna. Os efeitos
e os métodos são diversos. A percepção de dentro para fora exige
rumor e dinamismo. A percepção interna é silenciosa, serena e
estática.
A percepção para o exterior dispende energias, a para o
interior, acumula energias.
A percepção para dentro - ou para o interior - resulta da
diminuição das atividades de nosso sistema nervoso,
gradativamente, até a sua paralisação completa que se dá quando
encontra um estado maravilhoso de silêncio.
Ao contrário do que muitos poderiam julgar, o silêncio não é
paralisação e morte, mas sim um estado de alerta que põe em
movimento outros fatores. Movimento, aqui, empregado de forma
peculiar, por ser movimento estático, uma forma paradoxal.
A atividade mental é reduzida ao descanso total, ao "ponto de
agulha", como diriam os rishis de outrora. Ponto que se situa na
fonte do pensamento, que é cósmica e pura.
Chegamos ao "centro da vida", que é a divindade em nós, e,
segundo a linguagem evangélica, o Cristo em nós.
Toda figura geométrica possui um centro e a Cadeia de União,
por ser um círculo, possui também.
Cada participante da Cadeia de União no início é um elo, mas
logo passa a ser corrente plena, e dentro de cada um dos seus
participantes, no seu centro, se encontrará nos centros dos demais;
e sem o perceber formará um centro único. O centro da vida
verdadeira.
Diz o Maharishi Mahesh Yogi: "Devemos afirmar que dirigir a
mente para o mundo interior, para o campo transcendental, acaba
por fazê-la chegar ao Campo do Absoluto Transcendental, ao
Campo Cósmico do Imanifestado. Quando aí penetra, eis que a
mente e a consciência se saturam, se impregnam da Energia, ou do
Poder do Eu Supremo, o Poder de Ser Eterno. Eis que encontra
então a plenitude da Felicidade, da Beatitude, de cuja Grande
Plenitude somos herdeiros. Está, pois, impregnada, saturada de
Grande Felicidade, de Plenitude de Felicidade. Equivale a um
mergulho, depois de vários mergulhos de exercício, de prática —
todos profundos — onde nesse mergulho encontrou a Fonte
Cósmica da Plenitude.
É evidente que a meditação instantânea e, mesmo fugaz, tem
seu fim, e nós voltamos à realidade, trazendo conosco os resultados
do mergulho dado, da viagem percorrida.
A mente humana, quando retorna, vem banhada de luz porque
esteve em contato com Deus.
Volta para o mundo.
Mas já o mundo faz-se notar como ser, e nós passamos a amar
o mundo, a respeitar a natureza, a admirar a obra da Criação, e
desejamos um mundo melhor para os nossos semelhantes. O
mundo será melhor porque nós estamos melhorando.
Sentiremos uma inclinação mais acentuada para as coisas do
espírito; buscamos meditar em outras oportunidades e retornarmos
àquele contato que nos deu tanta felicidade!

***
Como formar a cadeia? Simplesmente unindo-se os irmãos em
torno da ara, dando-se as mãos?
A posição por ordem hierárquica tem a sua influência esotérica.
O Venerável, com as costas voltadas para o trono de onde desceu.
Os Vigilantes, cada um ao lado de sua coluna, formando um
triângulo. O Guarda do Templo, de costas à porta de entrada,
ladeado pelos diáconos. Ao lado do Venerável, o orador e o
secretário.
A posição hierárquica tem sua razão de ser, pois selecionados
são eleitos para exercer os cargos de responsabilidade, os mais
capazes; são as "luzes" da Loja. A capacidade não deixa de ser um
dom divino, um privilégio, portanto, alguém portador de maior força
espiritual.
Assim, distribuídos com equilíbrio na Cadeia, as forças também
manter-se-ão equilibradas.
Este equilíbrio convém, porque se evitará que um determinado
irmão de desgaste mais que outro, dando de si em maior
quantidade.

O Balandrau

É o traje antigo usado pelos maçons com formato de opa ou


capote longo, com mangas compridas e capuz, hoje simplificado
como simples capa.
Quando do movimento da Inconfidência Mineira, mencionam os
documentos a existência de certos "encapuçados" que nada mais
eram que maçons vestindo o Balandrau.
O traje serve para unificar a vestimenta de todos, para,
simbolicamente, igualar o rico e o pobre.
Tem, porém, outra função, igual a da toga usada pelos
magistrados para significar que o juiz está sob o manto da Justiça e
que julga em nome dela e não, individualmente.
Quem veste o Balandrau está sob o manto da Maçonaria; não é
o maçom indivíduo que ali está, mas, sim, um membro da
Maçonaria.
Na Cadeia de União o participante deverá usar o Balandrau?
Como o uso do Balandrau não está regulamentado e nem é
oficial, cremos que seu uso será facultativo. Dependendo do
momento em que se forma a Cadeia de União, caso os elementos
os estiverem usando, então é de todo conveniente participarem da
corrente na forma como se encontram.
Se o uso do avental, dos colares, das joias, dos paramentos,
das próprias luvas não impede a formação da Cadeia de União, o
uso do Balandrau também não será motivo impeditivo.
Também, conforme o grau em que a Loja estiver trabalhando,
será observado o uso do Balandrau, e então será mais prático e de
todo conveniente conservá-lo para a formação da Cadeia de União.
O Templo

A Cadeia de União deve ser formada exclusivamente dentro do


Templo?
A concepção Templo não limita o conceito convencional; um
Templo não se traduz em quatro paredes, mas sim onde se cultua a
Deus.
O Evangelho esclarece com palavras exatas o verdadeiro
significado do conceito Templo:
"Em seguida, desceu a Cafarnaum, em companhia de sua
mãe, seus irmãos e seus discípulos; demoraram-se aí uns
poucos dias. Estava próxima a festa pascal dos judeus; e Jesus
subiu a Jerusalém. No Templo encontrou gente a vender bois,
ovelhas e pombas; e cambistas, que lá se tinham estabelecido.
Fez um azorrague de cordas e expulsou-os todos do
Templo, juntamente com as ovelhas e os bois, arrojou ao chão
o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas. Aos
vendedores de pombas disse: Tirai daqui essas coisas e não
façais da casa de meu Pai casa de mercado. Recolheram-se
então os discípulos do que diz a escritura: O zelo pela tua Casa
me devora.
Os judeus, porém, protestaram, dizendo-lhe: Com que
feito poderoso provas que tens autoridade para fazer isto?
Respondeu-lhes Jesus: Destrui este Templo, e em três dias o
reedificarei.
Disseram os judeus: Quarenta e seis anos levou a
construção deste Templo, e tu pretendes reedificá-lo em três
dias?
Ele, porém, se referia ao Templo de seu corpo. Depois de
ressuscitado dentre os mortos, lembraram-se os Discípulos do
que dissera, e creram na Escritura e nas palavras que Jesus
proferira". (S. João cap. 2-21).
Logo, o conceito Templo assume vários aspectos, podendo ser,
inclusive o "corpo", a "alma" e a "mente".
O "corpo místico da Loja" é um Templo todo espiritual que
assume importância muito maior que seu sentido material.
São Paulo, na sua sabedoria cristã e através das espetaculares
cartas dirigidas aos povos e às igrejas, escrevendo aos Coríntios (1º
Coríntios: 6-12 a 20) assim pontifica:
"Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é
permitido, mas não convém que eu me deixe escravizar por
coisa alguma. As comidas são para o estômago e o estômago
para as comidas; e Deus deixará perecer um e outro. O espírito,
porém, não é para o corpo. Deus ressuscitou o Senhor, há de
também ressuscitar-nos a nós pelo seu poder. Não sabeis que
os vossos corpos são membros de Cristo? E eu tomaria os
membros de Cristo e os faria membros de uma meretriz?
Nunca! Ou ignorais que quem se entrega a uma meretriz se
torna um só corpo com ela? Pois foi dito que serão dois em
uma só carne.
Mas, quem se entrega ao Senhor fica um só espírito com
ele.
Fugi da luxúria! Todo o outro pecado que o homem comete
não lhe atinge o corpo; mas quem se entrega à luxúria peca
contra seu próprio corpo. Não sabeis que vosso corpo é Templo
do Espírito Santo, que habita em vós e que de Deus o
recebeste? De maneira que já não pertenceis a vós mesmos?
Fostes comprados por alto preço; pelo que glorificai a Deus no
vosso corpo".
A Cadeia de União poderá ser, também, uma cadeia de
Templos, Templos Crísticos, no conceito espiritual de um estado de
consciência superior cristã pelo menos, no ocidente, onde a maioria
dos povos se intitulam cristãos.
Ainda São Paulo, agora em sua 2ª carta dirigida aos Coríntios
(cap. 6: 11-18):
"Não vos sujeiteis ao mesmo jugo que os incrédulos. Pois
que tem que ver a justiça com a iniquidade? Que há de comum
entre a luz e as trevas? Em que se harmonizam Cristo e Belial?
Que partilha tem o crente com o descrente? Como se coaduna
o Templo de Deus com os ídolos? Pois que somos Templo de
Deus vivo, e Deus disse: 'Hei-de habitar e andar no meio deles;
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos
do meio deles, separai-vos', diz o Senhor; 'não toqueis em coisa
impura! Então vos hei de receber e serei vosso Pai, e vós sereis
filhos e filhas', diz o Senhor, o Onipotente".
"Templo de Deus vivo", constitui uma expressão muito diversa
de um simples "Templo de Deus". Afoitamente, os homens
entregam-se à atividade maçônica sem considerar este aspecto de
servir a um Deus vivo, contentando-se em atuar dentro de um
Templo repleto de símbolos inertes, de um Grande Arquiteto do
Universo estampado, como se fora tão somente um ídolo estático.
Idólatra não é quem adora imagens e sim, quem se une a
símbolos para sentir com eles uma satisfação egocêntrica.
Idólatra pode ser quem supõe adorar apenas a Deus sem
preocupar-se se este Deus é realmente o Deus vivo que habita no
Templo! Templo crístico, Templo interior e espiritual.
O livro do Apocalipse — que significa revelação secreta — é o
único livro do Novo Testamento que se pode chamar de profético.
Verdade é que também nos Evangelhos e nas Epístolas dos
Apóstolos encontramos disseminadas, aqui e acolá, algumas
predições do futuro, mas em reduzido número, enquanto nó
Apocalipse há o anúncio de eventos vindouros. Predomina a
linguagem figurativa, insinuam-se coisas futuras por meio de
símbolos e de visões. No capítulo 3, versículos 12 e 13,
encontramos:
"Ao vencedor fá-lo-ei coluna do Templo de meu Deus, e
daí não sairá mais; nela escreverei o nome de meu Deus e o
nome da cidade de meu Deus, da nova Jerusalém, que desce
do céu, da parte de Deus, e também o meu novo nome. Quem
tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas".
A Cadeia de União, poderá representar, ao invés dos
convencionais elos, uma corrente formada de colunas, já que o
símbolo coluna é dos mais citados e se presta à linguagem
maçônica.
Surge outro aspecto que não pode ser desprezado e diz
respeito ao nome simbólico que cada maçom deveria receber após
a sua iniciação. Quando o recipendiário sai da Câmara das
Reflexões, onde deixou as coisas de seu velho corpo, ingressa no
Templo com novo corpo, novas vestes e novo nome. A última frase,
que é um convite feito pelo Anjo que escreveu a sexta mensagem
("Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas"), reforça o
que dissemos acima, que a "palavra semestral" circula de ouvido a
ouvido, conduzindo sua mensagem. Uma única palavra, sempre
igual durante seis meses, mas que traz em si uma mensagem
diferente para cada coluna, até que, todas equilibradas, recebam a
mensagem unificada - lenitivo, encorajamento, solução.
A descrição que o Apocalipse faz da "nova Jerusalém" é algo
de sublime e transcendental. Em determinado período, assim
encontramos (cap. 21, vers. 22):
“. . . Não vi Templo nela. Deus, o Senhor, o Onipotente, o
Cordeiro, é que são o seu Templo. A cidade não necessita da
luz do Sol nem da Lua. A glória de Deus é que lhe dá claridade.
A sua luz é o Cordeiro. Andam os povos ao seu fulgor, e
os reis da terra entram nela com as suas magnificências. Não
se fecham os seus portais de dia. E noite lá não existe. Serão
nela introduzidos a magnificência e os tesouros dos povos.
Mas não entrará nenhuma coisa impura, nem ímpio nem
mentiroso, senão somente aqueles que estão escritos no Livro
da Vida do Cordeiro".
Dizem os rituais maçônicos que há quatro elementos: a terra, o
ar, a água, e o fogo.
Quando o neófito merece ver a Luz, defronta-se com o quinto
elemento; luz não é claridade, é elemento que pode apresentar
fulgor.
Como vimos acima, a luz da Nova Jerusalém é o Cordeiro.
Onde está Ele, há claridade, sendo desnecessária a presença da
luz-matéria.
Sabemos da existência de mais dois elementos que, a título de
revelação, diremos ser o sexto o esplendor e o sétimo, a Vontade de
Deus.
O Templo pode ser perfeitamente dispensado, considerando-se
que a soma dos elos de uma Cadeia de União formam um novo
Templo espiritual.
Daí respondermos agora, à pergunta inicial, de que não se faz
necessário formar a Cadeia de União dentro de um Templo
convencional para a obtenção do resultado almejado.
***

Para que possa haver um ambiente propício à meditação e à


realização da Cadeia de União, outros fatores são de relevante
importância, como a luminosidade, o som e o perfume.
Quando o Sol está por nascer ou em seu ocaso, quando a terra
começa a iluminar-se, ou a escurecer, os pássaros calando ou
iniciando seus trinados, as flores e folhas a fechar suas corólas ou
unirem-se aos seus ramos, ou desabrochar, e quando a natureza
toda inicia sua dança de agitação ou seu período de descanso,
aproxima-se a hora propícia para a meditação.
Evidentemente, não se poderá pretender que os maçons
realizem os seus trabalhos em horas tão difíceis, e é por isto que
deve ser criado artificialmente o ambiente de luminosidade a
conduzir à meditação, ao silêncio e à introspecção.
Em absoluto, não se exige que a Cadeia de União seja formada
no escuro. A luminosidade deverá ser guardada de conformidade
com o interesse da pessoa encarregada de regulá-la: o arquiteto —
dependendo de sua sensibilidade ou da orientação do Venerável da
Loja.
Muitas Lojas usam tão somente a luz dos três candelabros de
vela. Outras adotam a luz de uma pira que arde alimentada a álcool
Luz elétrica, luz de vela, ou chama a álcool — não estabelecem
regras rígidas.
Poderíamos, outrossim, nos ater ao significado da luz espiritual
que emana dos próprios elementos formadores da Cadeia de União,
que viriam iluminar o ambiente com suficiência e propriedade. O
corpo humano pode gerar luminosidade; trata-se de um fenômeno
raro em nossos dias, mas já os antigos pintores aplicavam às
figuras de santos uma auréola que simbolizava essa luz proveniente
do interior da alma. Todas as divindidades são representadas com
um halo em torno de si. Há um Provérbio de Salomão que diz: "Pois
o ensino é uma lâmpada, e a lei uma luz".
De qualquer forma, a luz é e sempre será algo material que se
mede, se pesa e se vê. O próprio ensino, o conhecimento, a lei
podem ser medidos e analisados.
Muitos conceitos do Velho Testamento em torno da luz que
ilumina o dia encontram, posteriormente, novas concepções diante
do caso que ocorre nos pólos, quando o sol ilumina durante seis
meses, não havendo propriamente noite, e esta, por sua vez dura
também seis meses, embora não exista por lá uma noite negra
como existe entre nós. Trata-se de uma noite cujas sombras
assemelham-se ao crepúsculo dos nossos países sul-americanos.
O Novo Testamento nos dá mais luzes a respeito, porque foi
tomado o termo luz como um símbolo sagrado marcando de uma
forma carinhosa e convincente a presença de Deus no homem.

"Vós sois a luz do mundo. Não pode permanecer oculta uma


cidade no monte. Nem se acende uma luz e se põe debaixo do
alqueire, mas, sim, sobre o candelabro para alumiar a todos os que
estão em casa. Assim brilha diante dos homens a vossa luz, para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai celeste".
(Mateus 5:14-16) "E o Senhor reconheceu que o feitor desonesto
procedera com tino. É que 6s filhos deste mundo são mais atilados,
em sua própria geração, do que os filhos da luz". (Lucas 16:8) "Nele
estava a vida, e a vida era a luz dos homens e a luz brilhava nas
trevas, mas as trevas não a prenderam". (João 1:4) "Era a luz
verdadeira, que ilumina a todo homem que vem ao mundo. (João
1:9) Há nestas frases princípios filosóficos a serem considerados.
Uma distinção entre duas luzes: a verdadeira e a falsa. São Paulo,
na sua 2ª carta escrita aos Coríntios, diz: "Pudera não! Pois se o
próprio Satanás se apresenta como anjo de luz". Satanás, aqui não
é o diabo, demônio ou espírito do mal, mas sim o opositor, o que
nega a Verdade.
É evidente que a sua luz, embora luminosa, não será a
Verdadeira Luz. A importância dessa Luz, seja em que sentido se a
tome, transcende a compreensão do homem comum, do profano e
do maçom primário. E porque a luz tem seu grande significado,
precisamos tê-la sob controle. Como?
A resposta continua um motivo de pesquisa.

***

O som é um elemento que conduz por caminho natural e suave


à meditação. Quando mencionamos o som nos chega
imediatamente à compreensão a música, um fundo musical propício.
Hoje o conceito música se torna um tanto difícil para ser
expressado, principalmente se atentarmos ao que se vê, em
funções litúrgicas religiosas, dentro do ambiente o mais
convencional possível, sons de guitarras elétricas e o frenesi da
música denominada "jovem", com os seus sons diferentes, nem
sempre harmoniosos ou, pelo menos, agradáveis aos ouvidos.
Temos assistido a missas solenes dentro de igrejas católicas
romanas — visto em filmes tanto aqui como em outros países —,
em que jovens, usando as suas vestes características e
multicoloridas, emitem sons e cantam estranhos ritos. Ao som desta
música jovem o sacerdote, impassível, cumpre seu cerimonial.
Nesse misto que denominamos de som jovem há também muito
de folclore. Um curioso é a Missa Criolla composta por Ariel
Ramirez.
Ramirez é natural de Santa Fé, tendo-se especializado em
temas folclóricos após estudos profundos, buscando-os em suas
verdadeiras origens. Não se limitou ao seu país, mas buscou
elementos na Europa, obtendo um título universitário no Instituto de
Cultura Hispânica de Madrid. Em 1952 realizou na Rádio Vaticano
um concerto de música e ritmos argentinos, onde, quiçá, lhe veio a
inspiração de compor sua Missa Criolla. Sua ideia de realizar uma
missa cantada com temas exclusivamente folclóricos encontrou
estímulo e assessoramento de parte de alguns sacerdotes da
Basílica do Socorro. Compôs uma obra para solistas, coro e
orquestra elementos necessários para abranger a riqueza de sua
composição. Os instrumentos, também não poderiam ser
exclusivamente convencionais. A percussão, formada por bombos,
bateria, tumbadora, gongos, cocos, cincerros, instrumentos típicos
de cada região, deram muito colorido e expressão latinos-
americanos à obra.
A Missa Criolla inicia-se com o Kyrie, concebido sobre dois
ritmos — vidala e baguala —, aptos para expressar a profunda
súplica da litania.
O glória é demarcado com o ritmo de uma das danças mais
populares da Argentina, carnavalito, uma forma popular eleita para
traduzir o júbilo da glória ao Senhor.
Um dos momentos mais difíceis é, sem dúvida, o do credo, pela
extensão do seu tema e pelo ritmo escolhido, a chacarera trunca,
melodia muito popular em Santiago del Estero.
O ritmo é obsessionante, quase exasperado, de uma formosura
"nervosa".
O sanctus foi composto sobre um dos ritmos bolivianos, o
carnaval de Cochabamba, de compasso batido, apropriado à
aclamação que enche os céus e a terra.
O Agnus Dei é dito num estilo "pampeano íntimo", terno e
solene.
Diz o comentarista que a Missa Criolla é uma síntese e um
convite. Abre os braços ao homem para dizer-lhe: vem à Igreja com
tudo o que há em sua carne e em seu sangue; com sua cultura e
seus ritmos, com sua forma de expressão e suas paisagens. A
Igreja não quer que no Templo se fale uma língua estranha. Sua
linguagem é a do Pentecostes, língua materna que o homem
aprendeu no contado áspero e vital com seu próprio solo. Venha à
dança e o compasso; venha à terra mesma. É que a Igreja está
enamorada da terra porque ela é criatura de Deus. A terra assumirá
seu próprio espírito, integrará seu próprio tino e o transformará em
veículo de expressão para Deus. E o homem sentir-se-á na casa do
Pai como se estivesse em sua própria casa.
Se compararmos a Missa Criolla com a música da páscoa em
canto gregoriano, com seu responsório Christus resurgens, a
Pascha nostrum, o Salve festa dies, com as suas antífonas,
evidentemente não saberíamos o que dizer.
E se também, comparássemos a música jovem, ao som das
guitarras elétricas, ritmadas pelas características dos Beatles ou dos
nossos Caetano Veloso, Caimi ou Jobim, muito menos saberíamos
o que dizer.
Mas poderíamos dizer da propriedade ou da impropriedade dos
ritmos jovens dentro da liturgia maçônica!
É evidente que deve-se distinguir entre música jovem
apropriada e ritmo inapropriado.
Julgamos que o som deva conduzir à meditação, por isto,
qualquer som será apropriado, mesmo que não seja melódico. Uma
simples nota, algo uníssono, sempre igual, porém que conduza a
mente aos páramos celestes. Um som vibrante, seja em ritmo
popular, clássico (é indiferente). O valor do som não está na melodia
nem no ritmo.
Nas Lojas Maçônicas atuais a música é apresentada por meio
de discos ou fita, sendo selecionada com total preferência para as
peças tradicionais clássicas.
Raríssimas Lojas conservam o órgão e se algumas ainda os
possuem, falta o organista.
O som dentro de uma Loja, entregue sob a responsabilidade do
"mestre da harmonia", não significa parcela muito importante, mas o
som, enquanto se forma a Cadeia de União, adquire importância
relevante e total.
Por isto faz-se necessário muito cuidado na escolha do som.
Ou música jovem, clássica, de câmara, popular, folclórica, ou
qualquer outra, primitiva ou requintada, tudo será válido, uma vez
que produza os efeitos necessários para a comunhão que há de
realizar, no cruzamento dos braços e na união das mentes.
E se por acaso não houver a possibilidade de se obter um som
dentro de uma Loja?
Bastará que um membro do Quadro, fora da Cadeia de União,
emita uma melodia, a mais simples possível. Caso haja quem possa
cantar um cântico apropriado, aceito por todos e que produza o
efeito necessário. Ultimamente tem sido ouvida com frequência a
música eletrônica, que é uma notação musical inteiramente diferente
da tradicional, estranha e dissonante. Novos métodos, novas
técnicas e novos sons nos conduzem a novos conceitos e novas
aplicações que sempre serão válidos.

***

O terceiro elemento é o perfume.


Poderá parecer tarefa singela, especialmente seguindo o uso já
consagrado de ser acendido um defumador.
Defumadores há, em múltiplos aspectos, com perfumes os mais
exóticos - nacionais e estrangeiros. Defumadores preparados,
compactados, bastando acendê-los para que se desvaneçam,
lentamente, perfumando o ambiente com sua tênue cortina de fumo.
Todos os povos, em suas cerimônias religiosas, usaram e
continuam a usar substâncias aromáticas, à guiza de perfume em
seus cultos.
A Maçonaria, por sua vez, não poderia apresentar-se como
exceção. Sempre o usou e continua a fazê-lo.
A melhor das fontes escritas, e a mais antiga que temos e que
com extrema facilidade todos podem consultar, é, sem dúvida, a
História Sagrada. Lemos no livro do Êxodo, no capítulo 30, o
seguinte, sobre o incenso santo:
"Disse mais Jeová a Moisés: toma especiarias aromáticas:
estoraque (resina odorífera extraída da árvore do mesmo nome e
conhecida entre nós com o nome de jenjoeiro), onicha, ou onyque,
(resina, mais conhecida como unha odorífera) e gálbano (planta
umbelífera, sempre verde que fornece uma resina medicinal);
especiarias aromáticas com incenso puro. Cada uma delas será de
igual peso; e delas farás um incenso, um perfume segundo a arte do
perfumista, temperado com sal, puro e santo. Uma parte dele
reduzirás a pó e o porás diante do testemunho na Tenda da
Revelação, onde virei a ti; será para vós santíssimo. O incenso que
fareis, segundo a composição deste não o fareis para vós mesmos;
considerá-lo-eis sagrado a Jeová. O homem que fizer tal como este
para o cheirar será exterminado do meio do seu povo".
Desta passagem do Êxodo deprende-se que o incenso
especialmente preparado segundo as indicações de Jeová teria
duas finalidades. Atrair através de seu fumo e perfume a presença
espiritual de Deus, evitar que o homem o cheirasse, sob pena de
extermínio.
O incenso, considerado como defumador, tem o seu sentido de
provocar ataraxia nas pessoas. Diríamos, hoje, um entorpecente
alucígeno.
Ataraxia, termo grego, é o estado feliz em que a serenidade
mental combina com o bem estar físico numa síntese equilibrada,
livre daquelas violentas subidas e descidas que desarmonizam a
vida emocional.
Não se pode considerar os gregos os únicos a desejarem a
felicidade como condição suprema da vida. A firmeza, a calma
interior e a harmonia foram a têm sido exaltadas por todos os
sistemas religiosos: o Cristianismo, o Budismo, o Taoísmo, o
Vedantismo não há necessidade da pessoa ser santa ou filósofa
para ansiar por essa tranquilidade interior. O desejo de semelhante
estado é natural, pois sem ele a felicidade se torna impossível.
Hoje, o homem moderno, preocupado e ocupado, sem tempo
para notar o sinal vermelho de que deve parar, tem ânsia muito
maior por essa paz íntima.
Houve nos tempos idos, e ainda em raros casos sucede, que a
prática da religião e da filosofia conduziam a esse estado de paz
interior. Ambos, porém, exigiam autodisciplina e muita dedicação, o
que equivale ao uso de tempo, hoje considerado tão precioso.
Eis que o homem buscou, mesmo dentro da religião, um
caminho mais rápido, embora totalmente condenável: o
entorpecente. Teria sido o incenso descrito no Êxodo, um caminho
mais fácil para a aproximação de Deus ou, pelo menos, para que o
homem assim julgasse? A proibição sob pena de extermínio nos faz
suspeitar que sim.
Louis Lewin, famoso toxilogista alemão, em 1924 classificou a
ação das drogas, em seu livro Phantastica, em cinco classes:
"Eufórica, fantástica, inebriante, hipnótica e excitante (euphorica,
phantastica, inebriantia, hypnotica e excitantia).
Hoje os termos empregados são um pouco diferentes: em lugar
de fantástica, chamamos de alucinógenas as drogas capazes de
produzir alucinações, sendo exemplo disso o LSD-25 e a mescalina.
À série hipnótica — drogas que produzem sono como os
barbitúricos — nos referimos mais comumente, agora, como
sedativos.
Dispomos de um novo grupo: os ataráxicos, que tranquilizam
sem produzir letargia. Por fim, a série excitantia, que inclui
estimulantes do sistema nervoso, como a cocaína ou a benzedrina,
também conhecidos como analépticos, pois têm uma ação oposta a
dos sedativos, despertando e estimulando ao invés de acalmar e
serenar.
As drogas, foram por muito tempo empregadas aos serviços
religiosos. O peiote era sagrado para os aztecas, a coca para os
Incas; os deuses, no Veda bebiam soma, ao passo que a ambrosia
era o manjar das divindades. Homero elogiava o nepenthe como
"poderoso aniquilador do sofrimento", e o cânhamo, com a sua
resina charas, era descrito pelos sábios da índia como "propiciador
de delícias".
Por não ter sido proibido por Maomé o uso das drogas, os
maometanos entregaram-se ao consumo do haxixe, um derivado do
cânhamo, cujos efeitos foram elogiados por Baudelaire que fundou o
tristemente célere Le Club des Hachischins, e que corretamente
observou que o "haxixe serve apenas para engrandecer aquilo que
já se acha presente na alma do homem e que cada qual receba a
visão que a sua própria natureza lhe dita."
As experiências sucederam-se e continuam, tendo há bem
pouco anos, Aldous Huxley, em seu livro As portas da percepção, o
céu e o inferno, demonstrado, com o seu estilo de emérito escritor, a
descrição fantástica do mundo visto através da ação do ácido
lisérgico, mescalina e peiote.
Hoje temos os hippies, que se reúnem para consumir drogas a
fim de viverem o irreal.
Levando em conta os efeitos de qualquer droga, é que a mente
pode reagir aos efeitos de um defumador quando, em estado de
meditação, busca o "algo mais" desconhecido que anseia.
Estamos no limiar de um novo estudo neste sentido: o resultado
na formação da Cadeia de União, do ambiente externo, provocado
pela luminosidade, som e incenso. Chegaremos a conclusões
satisfatórias após o período de experiências e análises. Para cada
reunião maçônica, um novo estudo e um novo resultado.
A queima do incenso deverá ser feita no início dos trabalhos
como ação preparatória. E poderá continuar até o encerramento, ou
ser suspensa a reiniciada no momento da formação da Cadeia de
União.

***

A Cadeia de União será formada ao redor da ara onde está


colocado o Livro Sagrado, o Esquadro e o Compasso.
O Livro Sagrado, deverá permanecer aberto no trecho
apropriado ao grau. Muito se tem discutido a respeito da presença
do Livro Sagrado dentro dos Templos, e o Rito Moderno Francês,
que já foi entusiasticamente adotado anos atrás quando o
Positivismo encontrava ambiente propício, durante a primeira
década da República, omitia a presença do Livro Sagrado — o que
causou celeuma e combate de parte da Maçonaria Regular, aliás
com razão.
Todos os povos têm, na presença de um Livro Sagrado, o
símbolo da presença da Divindade. A Maçonaria não exige este ou
aquele livro, mas sim, um Livro Sagrado, e obviamente cada região
terá interesse em abrir o livro que catalise mais atenção e respeito.
Assim, no ocidente será a Bíblia, no oriente, o Alcorão, na índia, os
Vedas, e tantos outros.
Porque a presença de um livro sagrado? Os hebreus tinham
vários livros: O Livro da Aliança, o Livro das Batalhas do Senhor, o
Livro da Lei, o Livro do Direito, o Livro das Memórias, o Livro de
Moisés, o Livro da Vida, o Livro do Cordeiro, mas todos eles,
reunidos, constituem o Livro Sagrado, que para nós, os cristãos, se
denomina de Bíblia, ou seja, coletânea de livros sagrados.
O livro é a presença simbólica da Lei.
Qualquer lei subjuga o homem, por mais altivo e independente
que possa ser. É a presença de uma autoridade que deseja ser
respeitada, e o homem sente a necessidade de respeitar a alguém.
A presença do Livro Sagrado faz notar a existência de alguém
superior, que no caso há de ser o Grande Geômetra, ou seja, Deus.
Não basta a "presença" de um livro, mas que este livro tenha
sido lido para que as palavras pronunciadas permaneçam vivas e na
mente de todos.
No grau de aprendiz, que é o primeiro grau de trabalho
maçônico, o mais usual e apropriado, o Livro Sagrado deverá estar
aberto na parte que evoca a recomendação de os irmãos unirem-se,
o que dá origem à própria Cadeia de União.
A abertura do Livro Sagrado, bem como o seu fechamento,
exige um cerimonial prescrito nos rituais. Não se abrirá um Livro
Sagrado pelo simples fato de que deva ser aberto; os cuidados
serão observados detalhadamente, dentro do mesmo ambiente e
preparação que precedem os grandes atos litúrgicos.
A luz, o som e o incenso também hão de ser adequados à
cerimônia; aquele a quem está afeto a abertura do Livro, deverá
merecer a honra da elevada função, não há, propriamente
dispositivos rígidos a respeito; cada Loja terá sua regulamentação e
suas razões para dispor sobre a cerimônia.
Abrindo-se o Livro Sagrado, apresenta-se aos Irmãos o Espírito
Divino. É. a presença realmente simbólica, não só do Grande
Arquiteto do Universo, mas do que Ele tem representado na
humanidade. A certeza de seu amparo, da sua atualidade e de que
a promessa vindoura se cumprirá. É o momento de fé dentro dos
Templos.
A Cadeia de União é um círculo, e considerando-se que toda
figura geométrica possui um centro, o Livro Sagrado será o ponto
central da Cadeia de União.

***

Para a formação da Cadeia de União os seus componentes


deverão assumir uma postura correta.
Os pés em Esquadro, com os calcanhares unidos e as pontas
tocando a do que lhe está ao lado.
Os braços cruzados, passando o direito sobre o esquerdo de
modo que a mão direita de um aperte a mão esquerda do outro.
As mentes unidas por meio da "palavra semestral".
Portanto, cada elo deverá comunicar-se com o centro através
de três pontos.
O Esquadro, na antiguidade era representado por um quadrado
geométrico, porém foi perdendo sua forma primitiva até transformar-
se em apenas um ângulo de 90°. Temos, hoje, seu estado primitivo
nos quadrados que formam o pavimento de mosaicos.
O maçom jamais se completará conservando a individualidade,
faz-se necessário unir-se a um outro para que encontre a si mesmo.
Os seus pés em ângulo de 90° buscam o seu irmão ao lhe tocar o
pé, formando, assim, o quadrado perfeito e demonstrando o seu
amor fraterno. Sozinho nada é; junto a um irmão, não só encontrará
a si mesmo; como proporcionará a que seu irmão, por sua vez,
realize idêntico mistério.
A marcha em Esquadro tem o seu significado, mas não interfere
com a posição em Esquadro para a formação da Cadeia de União.
Um será o significado do Esquadro como instrumento e outro, o
formado pela posição dos pés.
Originado do latim ex-cuadrare, é um instrumento de desenho,
ou seja, de trabalho, indispensável para uma edificação; as figuras
geométricas não o dispensam para existir. Trata-se de um dos
instrumentos mais usados e mais característicos, principalmente
quando entrelaçados por um Compasso, formando assim o escudo
da Maçonaria.
Símbolo da retidão, transforma-se em joia para o Venerável e
Vigilantes, porque estas luzes devem ser os maçons mais retos e
justos da Loja.
O Esquadro representa a Terra. O Compasso, o Céu. Por isto é
usada a expressão de que o maçom encontra-se "entre o Céu e a
Terra".
O Esquadro, junto com o Prumo, faz do maçom um homem
justo e equitativo; ao lado do Compasso forma a trilogia que o
iniciado deve contemplar.
É o símbolo por excelência do Aprendiz. Sua posição de ordem
forma quatro Esquadros que na interpretação da Astronomia
significam a posição de onde a Terra é dividida em quatro partes,
nos diâmetros do círculo zodiacal, correspondendo cada parte a
uma estação do ano de conformidade com a inclinação do Sol em
seu giro.
O Esquadro é instrumento e também joia móvel, presente em
todos os graus da Maçonaria.
O Esquadro é a primeira das figuras geométricas que nos dá a
noção exata de uma medida aplicável em toda obra humana e que
nos ensina a limitar as nossas ações através das leis naturais para o
cumprimento dos nossos deveres para "conosco e para com os
nossos semelhantes."
Nada nos convence mais, que podemos dominar o Mundo, que
nossos pés bem firmados sobre a Terra.
Outros motivos temos para que nossos pés estejam em
Esquadro dentro da Cadeia de União. Com o movimento dos pés
estaremos abrindo as colunas que encobrem o órgão de
criatividade, expondo-o simbolicamente na intenção de crescermos
e criarmos o mundo melhor que desejamos.
Toda postura tem sua razão de ser; em Maçonaria nada é feito
em vão. A postura deve ser feita com perfeição para que atinja o
seu objetivo.
Infelizmente, assistimos muitos maçons não se preocuparem,
em absoluto, com sua posição, quer de pé e à ordem, quer sentado,
ou genuflexo ao prestar um juramento.
As posturas maçônicas têm origem antiga, e estamos inclinados
a afirmar que procedente da índia. Eis a descrição de um iogue que
faz a saudação ao Sol:
"De pé, olhos fechados, voltado para o nascente, pés unidos,
juntas as mãos à altura do peito, como em oração. Limpa os
pulmões, exalando todo o ar e encolhendo o abdome.
À medida que lentamente inspira, eleva os braços acima e atrás
da cabeça, como que procurando atingir com a ponta dos dedos o
mais distante possível. Sente um estimulante esticamento nos
músculos.
Enquanto expira, abaixa o tronco, braços esticados, com a
cabeça entre eles, até atingir o solo com as palmas das mãos, as
quais chegam ao ponto mais próximo dos pés. A cabeça está
pendente e a respiração presa.
A perna esquerda é conduzida para trás com o joelho tocando o
chão. Flexiona a perna direita até que o joelho encosta no peito.
Levanta ao máximo o queixo. O pulmão ainda vazio.
A perna direita vai para trás até ficar apoiado sobre as palmas
das mãos e sobre a ponta dos pés, formando como se fora uma
tábua com o corpo. Braços esticados. Inicia a respiração.
Flexiona os braços e toca o solo com a fronte, com o peito, os
joelhos e as pontas dos pés, tendo as nádegas levantadas.
Seu abdome abaixa bem como as pernas, apoiando-se sobre o
solo, enquanto os braços se esticam, mantendo o tronco na vertical.
Seu queixo atinge o ponto mais alto possível.
Conservando cheio o pulmão, sem descolar os pés e as mãos,
eleva as nádegas, ficando a cabeça entre os braços.
Começa a expirar, ao mesmo tempo que flexiona a perna direita
e sempre mantendo alto o queixo, o pé vai colocar-se próximo das
mãos e entre elas.
Tendo o pulmão vazio, leva o pé esquerdo para junto do direito
e, com a cabeça o mais perto possível dos joelhos, estica as pernas,
reproduzindo o movimento inicial.
Nova inspiração lenta e profunda, levantando o tronco e
conduzindo as mãos para o alto e para trás da cabeça. As mãos
voltam ao ponto inicial. Seus olhos mantêm-se fechados, e já nota o
brilho do Sol que acaba de nascer."
O iogue não saudou o Sol apenas por reverência. Ele obteve
resultado: "o sistema nervoso lhe foi regularizado, o cérebro,
desanuviado, e toda face se iluminou de santidade".
Para que a Cadeia de União tenha eficácia, a postura se torna
um elemento vital. Faz-se necessário que os pés se unam em
Esquadro e toquem o do irmão ao lado.
Os antigos egípcios faziam a Cadeia de União mais
aperfeiçoada porque usavam apenas o avental. Seus pés uniam
fisicamente; seus calcanhares tocavam-se e os nervos sensitivos -
que os gregos apelidaram de "calcanhar de Aquiles" - para
demonstrar um ponto frágil do organismo, se fortaleciam e
protegiam. Suas irradiações eram mais fortes porque além do toque
das mãos havia o toque dos pés.
Não pretendemos que em nossos dias a Cadeia de União se
faça com os pés descalços.
As pontas de todos os dedos, tanto dos pés como das mãos,
são veículos de irradiação. Tanto são dedos os das mãos como o
são os dos pés.
O homem civilizado não sabe usar os dedos os pés,
conservados em sapatos; Deus os criou para alguma função e o
homem ludibriou a criação de Deus.
Os dedos dos pés e suas plantas têm as mesmas
características das mãos.
A datiloscopia pode identificar o indivíduo tanto pelas mãos
como pelos pés. Pode-se dizer que a História Sagrada também traz
as origens da datiloscopia.

No Livro de Jób, capítulo 37, versículo 7, lemos: "Deus põe um


selo à mão de cada homem, para que o conheçam todos os
homens".
Alguns povos primitivos marcariam com impressões digitais
seus produtos de cerâmica. Desde o século VII da nossa era, os
chineses analfabetos autenticavam com o dedo os documentos de
divórcio. Posteriormente o ato se estendeu ao assinalamento de
criminosos e ao dos documentos de compra e venda.
Coréia e Japão também conheciam o uso.
João de Barros publicava em 1563 um livro, e diz, em
determinado trecho: "Usam deste modo de sinal . . . por ser natural
da pessoa, e mais certo e verdadeiro que os artificiais, que se
podem falsificar".
O inglês Grew, em 1684, apresentou à Real Sociedade de
Londres um trabalho em que descrevia os desenhos papilares da
mão.
No Brasil foi instituído o uso da datiloscopia em 1905.
Até hoje não foram encontrados dois indivíduos com os
mesmos desenhos papilares.
O exame datiloscópico dos dedos e da planta dos pés ainda
não está em uso como método de identificação ou complementação,
a não ser nos hospitais-maternidades que obtêm dos recém-
nascidos os desenhos dos pés para uma perfeita e total
identificação em suas fichas.
Também não podemos deixar passar despercebido que a "orla
dentada" não passa da reprodução do Esquadro formado pelos pés
que, unidos, representam o zig-zag em círculo que se coloca ao
redor do pavimento de mosaicos, como um sinal permanente da
existência da Cadeia de União.
O cruzamento dos braços é a segunda postura que o maçom
deve observar dentro da Cadeia de União, para que o braço
esquerdo permaneça junto ao corpo.
Esta postura abrange dois chakras, o Manipura Chakra e o
Anahata Chakra.
Os Chakras são "acumuladores e transformadores de energia";
os principais são em números de 7.
Os que são abrangidos pelo cruzamento dos braços — um está
situado à altura do umbigo e rege a vida vegetativa, por intermédio
do sistema vago-simpático. Controla a respiração. É o criador do
desejo da realização espiritual. O outro situa-se ao nível do coração
e rege os sistemas circulatório-sanguíneo: é o prânico. Desperta o
amor universal.
As posturas maçônicas devem ser observadas, mas também
conhecidos os seus efeitos.
O sinal gutural controla a função glandular das tireóides e
paratireóides, isto é, domina as emoções. É onde se situa outro
chakra, o Vishudha Chakra.
Um sinal gutural mal feito importará numa postura, senão
inócua, prejudicial.
O sentar com as pernas abertas e os braços e mãos sem
pousar nos joelhos criará dificuldades.
Dissemos que os principais chakras são sete. Referimo-nos aos
centrais e os de mais importância, porque na realidade o seu
número é quase infinito.
As glândulas no organismo também são inúmeras, mas as
principais também são sete: hipófise ou pituitária, tireóides,
paratireóides, timo, pâncreas, supra-renais e sexuais, ou gônadas.
O complexo chakras e glândulas deve ser cuidadosamente
observado e regulado. Se o chakra é um centro de força, a glândula
é um laboratório químico.
A posição do corpo disciplina; influi sobremodo na perfeita
função do organismo.
Na Cadeia de União, com o cruzar dos braços, teremos um
exercício apropriado para desenvolver os dois chakras já referidos
que, de conformidade com a individualidade de cada um, fornecerão
energia suficiente para doar e distribuir entre todos os participantes
da corrente.
Quando os maçons saem dos seus lugares para formar a
Cadeia de União, devem manter o sinal gutural, e este só é desfeito
quando o braço esquerdo se ergue para repousar sobre o plexo
solar, aguardando que o braço direito sobre ele pouse.

***

As mãos se unem num aperto solene de solidariedade e afeto.


Um simples apertar de mãos, consola, alivia, traduz sentimentos.
Foi sempre o gesto das mãos que trouxe cura para os enfermos.
Nenhum ritual se desenvolve sem os movimentos adequados das
mãos. Jesus usou muito o toque para as suas curas.
Na corrente, o estreitar das mãos deve ser forte e sentir,
através deste aperto, a passagem de energia. Nos cultos as mãos
têm função mística, seja no gesto de uma extrema-unção, seja no
símbolo de uma benção.
O aprendiz maçom deve usar suas mãos para desbastar a
pedra bruta, com gestos precisos ainda que primários.
Paulatinamente, educando-as, aprende a dar à cada mão uma
tarefa diferente, usando-as ao mesmo tempo; com o buril em uma
delas, na outra o malho, aprende a dar forma estética à obra, até
que abandona as ferramentas para dedicar-se ao polimento, quando
então usará toda arte e paciência.
A energia é transmitida em grande parcela através das mãos,
saída das forças advindas de um poder central; aquele que se
empenha em doar, receberá em proporção maior. Não se trata,
apenas, de uma troca. Não é uma singela comunicação, mas um
real contato dinâmico, distribuindo equilíbrio.
O acumulador não pode tão somente acumular energias, sob
pena de explodir. As forças contidas no ser humano não podem ser,
apenas, armazenadas; torna-se preciso distribuí-las para que haja
maior produção e criatividade.
O calor fraterno se expressa através do aperto das mãos. Entre
nós, os ocidentais, o aperto das mãos traduz um cumprimento
muitas vezes polido e convencional, de respeito e mesmo
intimidade, contudo, há povos que se cumprimentam de modo
diverso, até esfregando os próprios narizes, como fazem os
esquimós.
Mas na Cadeia de União, aqui ou em qualquer lugar, haverá o
aperto de mãos traduzindo a distribuição de energia e o sentimento
de união fraterna.
Se o toque dos pés produz o primeiro contato, o aperto das
mãos ultrapassa o simples toque, porque há um entrelaçamento de
dedos e uma função de garras que afirma os músculos como que
exigindo a passagem de energia. Para, depois, realizar-se o terceiro
toque imaterial, através da mente.
Qual o toque de maior importância? Evidentemente todos os
três, porque cada um deles possui a sua função e executa a sua
missão peculiar. Os três deverão atuar uníssonos, por isso a
exigência da perfeição.
As mãos unem de uma forma mais evidente, e serão elas que
formarão a corrente, unindo os elos.
A expressão maçônica de que a mão direita não saiba o que a
esquerda faz, na Cadeia de União, assume o seu real significado,
pois a mão direita irá apertar a mão do irmão que está colocado à
esquerda, e a mão esquerda a do irmão que está colocado à direita.
Sendo a função igual, haverá, porém, distribuição de energia para
dois pólos totalmente diversos. Quem poderá medir e pesar a
quantidade de energia dada e recebida, do irmão da direita ou do
irmão da esquerda? A distribuição não é uniforme e nem o
recebimento. A mão direita não saberá o que a esquerda recebe ou
fornece!
A mão traduz poder. Lemos no livro do Êxodo capítulo 7,
versículo 4: "Colocarei a minha Mão sobre o Egito — frase de
Jeová. E mais adiante: "Quando Moisés erguia sua Mão os
Israelitas venciam". E no livro de Deuteronômio (cap. 32:40): "Eu
ergo a Mão ao Céu, e digo . . .". O profeta Zacarias (cap. 14:13)
assim descreve o Reino universal de Jeová: "Naquele dia haverá de
parte de Jeová um grande tumulto entre eles; pegarão cada um na
mão de seu próximo . . ." O Messias fez séria advertência: "E se tua
mão direita for ocasião de pecado, corta-a e lança-a de ti; porque
melhor te é perecer um dos teus membros do que ir todo o teu corpo
para o inferno" (Mateus, 5:30).
A mão pode simbolizar a identidade física da pessoa, como
vemos na expressão do Nazareno: "Mas eis que a mão do meu
traidor está comigo sobre a mesa (Lucas 22:21). No livro de
Apocalipse; "Fez com que todos - pequenos e grandes, ricos e
pobres, livres e escravos — levassem uma marca na mão direita"
(Cap. 13:16). O Salmista canta no salmo 24: "Quem subirá ao
monte de Jeová? E quem estará no seu santo lugar? Aquele que é
limpo de mãos e puro de coração".
A expressão maçônica "livre e de bons costumes" encontra no
salmo acima transcrito toda sua plenitude. "Livre" de qualquer
mácula produto de obra de suas mãos; os "bons costumes"
advindos de um puro coração! O profeta Isaías, descrevendo a
futura felicidade de Sião, diz: "Confortai as mãos fracas, e firmai os
joelhos que vacilam; dizei aos tímidos de coração: sêde fortes, não
temais." (Cap. 35:3)

Sião é a corrente, descrita à perfeição, com os seus benéficos


resultados!

***

Paul Brunton escreveu que "o homem separado de sua carne


converte-se em mente". Para podermos subir além do pensamento
e penetrarmos no Universo, precisamos ser, apenas, mente, mesmo
que apenas por alguns instantes.
Dean Inge assim se expressou: "Desde o ponto de vista
astronômico somos somente criaturas de um dia". O tempo é fugaz.
Um instante dentro da eternidade. O contrário do tempo é a
eternidade, como o contrário do movimento é a quietude. No livro do
Apocalipse (capítulo 10:7) está escrito: "Não há mais o tempo".
Mahatma Ramalingan, no século XIX, disse: "O tempo é uma
invenção da mente".
A unificação mental dentro da Cadeia de União, mesmo que
dure uma fração de tempo, esse intervalo místico será o suficiente
para criar um estado de consciência superior.
O valor não está no tempo, mas no ato.
Dentro deste desiderato faz-se necessário preparar as mentes
para que se esvaziem e sejam ocupadas por novos pensamentos,
adequados ao momento para atingir o alvo perseguido.
Para atingir esse esvaziamento será preciso lançarmos mão de
um mantra.
Mantra é uma expressão hindu, sem tradução em nosso
vernáculo, muito usada para conduzir a meditação e que, trazida
pela tradição da índia até nós, executa os mesmos efeitos.
A própria Maçonaria encontra seus filamentos na expressão de
Teillard du Chardin, na lendária índia, não nas "brumas ou noites do
passado", mas sim na "luz do passado!"
Mantra é uma palavra criada para um efeito esotérico, uma
palavra sagrada. Uma palavra que tem o dom de esvaziar a mente
e, ao mesmo tempo, ocupá-la pelo som que emite.
Os pensamentos emitem sons, isto também é cientificamente
pacífico. O poder do som conduz à unificação das mentes. Os
iogues usam os mantras e obtêm toda sorte de vantagens.
A meditação, por sua vez, pode ser um estado de consciência
muito rápido de alcançar. Traz o seu resultado instantâneo, como a
oração.
O devoto religioso encontra satisfação pelo singelo fato de
penetrar em um Templo, ajoelhar-se e rezar.
O que medita, porém, retira-se dentro de si mesmo e descobre
que seu coração já é o seu lugar sagrado habitado por Deus.
Permuta a imagem material de um Deus que anteriormente adorava,
por uma imagem mental que agora adora em sua mente. Substitui a
pedra por seu próprio coração, a escritura por seu próprio espírito e
o sacerdote por seu próprio pensamento.
A meditação é, portanto, superior à oração, no sentido de que o
maçom capaz de praticá-la possui uma capacidade mental superior
porque já não depende da matéria.
A meditação é despertada pelo som do mantra. Chegado este
ao seu ouvido, desperta a criação de urna oração muda. Ao
penetrar na Alma de dentro, no Universo de dentro, no Templo de
dentro, o maçom encontra o seu verdadeiro mundo onde sentirá a
felicidade. Imerge num oceano de felicidade jamais alcançado com
a meditação.
É evidente que cada corrente orienta de uma forma diferente,
usando métodos todos seus, para que o homem possa entrar em
meditação. A Maçonaria que não é uma religião, pelo menos no
sentido convencional, criou e estabeleceu seu método de meditação
através da prática da Cadeia de União, fugindo violentamente do
convencionalismo e do usual.
O profano não aceita que, através do sussurro de um mantra,
possa a pessoa cair em meditação e realizar-se. Se a Maçonaria
criou este sistema, é porque as suas bases são válidas. O mantra
maçônico é a "palavra semestral", emitida pela Autoridade Maçônica
Superior.
A "palavra semestral", aparentemente uma palavra comum, que
se altera de seis em seis meses e que, em si, nada significa.
É a função da Autoridade Maçônica, inconsciente e
administrativa, emitida com efeitos esotéricos e místicos.
Aparentemente, ela surge ao acaso; uma palavra sonora, ligada
aos nossos símbolos e linguajar característicos, mas na realidade
surgida no momento certo, justo e adequado, que concilia no tempo
e espaço as diversificações existentes. É a vontade do Grande
Arquiteto do Universo manifestada naquele que foi escolhido para
exercer a autoridade maçônica.
O mantra, ao ser ouvido, produz o contato que desperta na
mente a função mediativa que conduz, por sua vez, ao universo de
dentro, e forma o milagre que é desconhecido da maioria dos
próprios maçons: a unificação das mentes dos que participam da
Cadeia de União.
Então, de elo em elo, o mantra produz seu efeito e, ao retornar
após percorrer a Cadeia de União de um lado e de outro, terá
cumprido sua missão mística.
O participante da Cadeia de União deverá preparar-se para
receber o mantra.

***

A preparação consiste em um rápido exercício respiratório


comandado pelo Venerável, para que a inspiração e a expiração
passem a ser ritmadas.
O ritmo é necessário para que o participante, preocupado em
observar o movimento respiratório, limpe sua mente, esvaziando-a
do pensamento que a ocupa naquele instante. A respiração, além
do mais, purifica, a mente e todo organismo.
As Sagradas Escrituras nos ensinam que o homem que não
respirasse seria, apenas, um punhado de terra inerte, pois o Criador
o fez da terra e lhe soprou no rosto, o sopro da vida. Através da
respiração, Adão, o homem simbólico, despertou para a existência
terrena. Com o primeiro sopro integra-se o recém-nascido no ritmo
da vida. Com o seu inspirar e expirar, entra a sentir o fluxo vital em
suas fases alternadamente positiva e negativas, que pulsa dentro de
si como corrente alternada.
A vida é uma cadeia ininterrupta de sopros rítmicos, para fora e
para dentro, até que, com o sopro final, o homem expira, fechando o
elo final corrente.
Diziam os nossos velhos filósofos: "Somos feitos de terra, de
sorte que comemos alimentos sólidos; fomos amassados com água
e por isso bebemos líquidos; o espírito sensibiliza a massa inerte,
portanto, respiramos o ar; e com o fogo divino o espírito anima o
conjunto, de sorte que este se converte no homem". A respiração é
de capital importância porque podemos jejuar, nos abster de
líquidos, mas respirar, apenas podemos deixar de fazê-lo por alguns
minutos.
De acordo com a filosofia hindu, "a cada indivíduo é dado
apenas, determinado número de respirações para cada encarnação.
Aquele que respira açodada e precipitadamente morre mais
depressa, porque não pode respirar mais do que o número prescrito
de vezes."
Por outro lado, aquele que vive tranquilamente e respira
devagar, economiza a reserva de saúde e tem vida longa sobre a
terra. O homem do Oriente não se excita com facilidade porque —
muito sabiamente — prefere empregar a existência terrena na busca
do progresso espiritual. E abana a cabeça quando vê os seus
irmãos do Ocidente encurtarem o divino dom da vida com uma
atividade febricitante e, consequentemente, um respirar acelerado e
superficial.
E o esporte? A prática da ioga, que em última análise é um
esporte porque fortalece e desenvolve os músculos, é feita
lentamente para não acelerar a respiração. Há exercícios de Hata-
yoga que prolongam o ritmo da respiração para um minuto.
No mundo civilizado de hoje, dentro das cidades grandes, há a
poluição do ar, que contamina os nossos pulmões e afeta o nosso
organismo com reflexo na mente.
O homem não tem tempo. O homem corre. O homem respira
ácidos!
Pobre do homem!
Mas se o homem aprendesse a respirar, usando todo volume
de seus pulmões (usa uma terça parte), fazendo-o lentamente,
estaria a ele assegurada vida mais longa.
A respiração ideal é a respiração profunda. Para executá-la
deve ser lenta. Nós respiramos quinze a vinte vezes por minuto e
em cada respiração inalamos cerca de meio litro de ar. O ar residual
que permanece dentro dos pulmões é cerca de um litro e meio. Para
obtermos uma vida saudável precisaríamos três litros e meio em
cada inspiração!

***

Sobre cada cabeça dos participantes da Cadeia de União


forma-se uma auréola que se entrelaça com as demais, formando
uma cadeia mental. Os pintores antigos colocavam ao redor das
cabeças dos santos um aro dourado, simbolizando a santidade.
Essa auréola todos os indivíduos humanos a possuem, ora com
luminosidade, ora opaca sem expressão. Quanto mais
espiritualizada a criatura humana, mais luminosa a sua aura.
Assim, os elos mentais formam uma segunda corrente, com seu
alto significado espiritual. Esta segunda Cadeia de União torna-se a
verdadeira Cadeia de União, que irradia para toda fraternidade
maçônica os seus benefícios.
Os pintores antigos, ao pintarem os santos, colocavam em
torno de suas cabeças o halo luminoso para expressar a sua
santidade mental e, ao Cristo, o halo envolvia todo o corpo.
Leonardo da Vinci pintou a Santa Ceia, criando em torno de
'cada discípulo uma característica zodiacal, sendo o Cristo o
símbolo do Sol. Eram doze os Discípulos e, na mesa formavam a
sua Cadeia de União, pois aquilo que nós julgamos não passa de
uma concepção humana.
Várias vezes os discípulos rodeavam a seu Mestre e, juntos,
oraram, isto é, formaram a sua corrente, cujos benefícios eram
manifestos. Até que, ao se retirar Jesus para meditar, já no horto do
Getsemani, após recomendar a todos que se reunissem em oração,
estes caíram em sonolência, deixando de obedecer ao que lhes fora
determinado. A corrente não se formara e os resultados foram
funestos.
Aquilo que não está escrito não deixa de ter existido, apenas
não houve referência. Mas as conclusões são obtidas face ao que
sucedeu após e ao que a tradição nos trouxe.
Há uma razão para a formação da Cadeia de União, e esta
razão possui raízes, filamentos, ou hermetismo.

O Rosário

Os dicionários o definem como sendo um conjunto de contas


enfiadas, que se fazem passar entre os dedos enquanto se vão
recitando padre-nossos e ave-marias. O Rosário compõe-se de
quinze mistérios ou dezenas de contas menores que representam
as ave-marias. Cada conta é precedida de uma maior que
representa o padre-nosso.
O Rosário é usado da seguinte maneira: reza-se um padre-
nosso e a glória patri para cada conta mais grossa; para cada conta
menor reza-se a ave-maria. Um Rosário compõe-se de cinco
dezenas de ave-marias separadas pelo Pater e Glória Patri. Um
Rosário compreende três terços.
É obrigatório trazer o Rosário à cinta em certas ordens
religiosas, tais como a dos Dominicanos e a das Irmãs de S. Vicente
de Paula.
As contas do Rosário são ordinariamente de maneira torneada
e escavada e geralmente enfiadas numa corrente. Outras religiões
usam o colar de reza, como os Mussulmanos, que o têm com 99
contas, cada uma das quais representa um dos atributos do Ser
Divino.
Na índia quase toda as seitas usam um colar, seja para
simplesmente manuseá-lo, seja para rezar.
Foi São Domingos que instituiu o uso do Rosário, inspirado na
lenda de que por ocasião da batalha de Lepanto, quando D João da
Áustria venceu os turcos em 1571, na cidade marítima da Grécia
(província da Acarnânia e Etólia), junto ao estreito de Lepanto,
apareceu Nossa Senhora que ofereceu um Rosário como talismã,
propiciando, assim, a vitória marítima.
No Museu Real de Madrid encontra-se um quadro pintado por
Ticiano, quando este tinha 94 anos de idade, reproduzindo a batalha
de Lepanto.
O culto do Rosário é muito difundido nos países católicos e
muitas Igrejas são dedicadas a N. S. do Rosário.
Além desta parte histórica e lendária, há, em torno do Rosário,
símbolos que evocam a existência de uma Cadeia de União já
naquele século.
Se tornarmos o círculo cuja superfície é de 360° e o
multiplicarmos pelos quatro elementos (terra, água, fogo e ar),
teremos 1.440 minutos. Igualmente se multiplicarmos as 24 horas
do dia por 60 minutos teremos o mesmo resultado.
Ora, dividindo-se os dias do ano, 365, pelos 12 meses, teremos
o grau sideral, ou seja, o mês composto de 30 dias. Dividindo-se o
mês por 12, encontramos 2 graus e 30 minutos, que equivalem a
150 minutos. 150 minutos divididos pelo ternário teremos 50 minutos
que correspondem ao número de contas do Rosário.
Se multiplicarmos 12 x 12 x 3, teremos 432, que, acrescidos de
7 zeros, segundo a concepção dos hindus, equivale a um dia de
Brahma.
Estes cálculos conduzem a meditação profunda, e teremos o
Rosário como coroamento espiritual, unidas as suas contas através
de uma corrente para proteção da humanidade. Tudo tem sua razão
numérica, e dentro desta concepção vamos também encontrar que
os Salmos de David são 150.
Como símbolo o Rosário encerra admirável lição. É Cadeia de
União e desempenha função esotérica.

O Compasso

O Compasso é uma das três grandes joias da Loja, ao lado do


Livro Sagrado e do Esquadro. Representa a Justiça com que os
atos dos homens devem ser medidos. É com esta joia que se traça
o Círculo, e por isso tem ligação estreita com a Cadeia de União,
que é formada em círculo.
O círculo fatalmente possui um centro que é o ponto,
representado na natureza pela linha do Equador e a estrela Polar,
lembrando o seu traçado o olho que tudo vê. São os círculos
individuais que formam a Cadeia de União mental, unindo-se um ao
outro.
Por ser o traçado mais perfeito, o círculo representa a criação
do universo. A circunferência, a alma universal. A humanidade usa
como símbolo de união entre os sexos a aliança, que não passa de
um círculo de ouro feito anel.
O povo hebreu comemorava a aliança entre Deus e os homens
através da circuncisão, que consistia na retirada do prepúcio, em
forma de anel.
A taça sagrada, o cálice usado em cerimônias maçônicas, está
construída simbolizando o círculo.

A Saudação

Finda a cerimônia ritualística da formação da Cadeia de União,


os maçons, antes de desfazê-la, cumprimentam-se, apertando as
mãos que ainda se encontram entrelaçadas, com mais força e por 3
vezes repetindo em voz alta: "saúde", "força" e "união".
São votos solenes. Votos de saúde física e mental; votos de
força no sentido do realizado, e união para recordar a finalidade da
Cadeia de União.
A tríplice proclamação diz respeito as três luzes da Loja: o
Venerável, e os dois Vigilantes.
A saúde corresponde à coluna da beleza: a força, à da coluna
do Norte; e a união, à sabedoria que a coluna do Venerável
representa.
A confirmação solene de que todos desejam dar o melhor de si
para o seu próximo. E o distribuem de forma materializada e pública,
proferindo as palavras, retornando à matéria, após o giro dado em
sua parte íntima e espiritual.
Os votos não se dirigem tão somente aos participantes da
Cadeia de União. Eles ultrapassam os limites da Loja e vão atingir a
própria direção da Obediência.
São setas que, disparadas com força, atingem o alvo. Alguém
irá beneficiar-se após a realização de uma Cadeia de União,
benefício nem sempre manifestado e notado mas nem por isto
inexistente.
Nada se faz em vão na Maçonaria, nada é desperdiçado. Ao
findar a tríplice saudação, comandados pelo Venerável, todos
erguem o braço direito dirigido ao centro, qual raios convergindo ao
ponto central, e dizem em voz alta: "segredo"!
O segredo não é o silêncio a respeito dos assuntos maçônicos,
o segredo do ato, do místico, do resultado da Cadeia de União. Em
Maçonaria não existe o segredo, mas a discrição, o sigilo, o recato e
tudo o que não profane os sagrados princípios milenares da
instituição, para que o vulgo não iniciado não dê interpretação
improvisada e açodada.
Na formação da Cadeia de União participam o Venerável,
dando as costas ao Oriente, e o Mestre de Cerimônias, colocando-
se à frente do Venerável. Quando o Venerável passa a "palavra
semestral" aos ouvidos que lhe estão à direita e à esquerda, a
palavra chega aos ouvidos do Mestre de Cerimônias. Se em ambos
chega a mesma palavra, obviamente chegou exata, mas se chega
palavra diversa, então o Mestre de Cerimônias avisa em voz alta ao
Venerável que a repita. Chegando certa, o Mestre de Cerimônias
limita-se a inclinar levemente a cabeça.
O hábito do Mestre de Cerimônias retirar-se da Cadeia de
União e repetir a palavra aos ouvidos do Venerável, como
confirmação, está errado, pois o seu desligamento interromperá a
corrente e a sua passagem pelo centro do círculo causará abalo
espiritual.
Se todas as forças mentais são dirigidas ao centro de onde
retornam reforçadas, equilibradas a fim de serem redistribuídas
equitativamente, a interrupção provocada pelo Mestre de
Cerimônias interromperá o efeito. Competirá ao Mestre de
Cerimônias colocar os Irmãos na Cadeia de União, harmonizando-
os.
Como dissemos em capítulo à parte, a Cadeia ideal deveria
compor-se apenas de doze elementos, sendo os restantes
colocados em forma triangular com o vértice para o Oriente.
Cumprirá ao Venerável escolher os doze elementos, e ao Mestre de
Cerimônias distribuí-los pela corrente.
Terminada a Cadeia de União, os maçons dispersam-se
lentamente, deixando que o Venerável retorne ao seu trono e as
demais Luzes ocupem os seus lugares. Os que não estiverem
ocupando cargos serão os últimos, a saírem da posição em que se
encontravam.
Caso a Cadeia de União, seja formada como fecho da sessão,
então o Venerável se retirará e, pela mesma ordem, os demais
membros. Dentro do Templo não se conversa ou se cumprimenta. A
sala dos passos perdidos é o local apropriado para tanto.

A Comunhão com Deus

A comunhão com Deus é ato espontâneo do homem e se


manifesta frequentemente em sua vida. A infância, porque o menino
é facilmente conduzido, é um período em que há uma busca de
comunhão; a criança sente-se feliz e tranquila dentro dos Templos.
Surge o período de libertação, quando todo jovem quer ir em
direção ao mundo, livre e bisonho. É o tempo do filho pródigo da
parábola.
Seu retorno ao lar paterno, na maturidade, faz com que
novamente busque a comunhão com Deus, quando se preocupa
com o conhecimento e a evolução. Esmorece um pouco mas se
reafirma na velhice, quando se integra definitivamente à religião.
A comunhão com Deus é o termo final da nossa jornada
evolutiva, a mais alta perfeição do ser humano considerado em sua
plenitude. Os homens verdadeiramente felizes foram aqueles que
experimentaram a comunhão com Deus.
À primeira vista, os homens julgam que não podem "servir a
dois senhores", aos interesses do mundo e à comunhão com Deus.
Deus não exige o sacrifício supremo de abandonar as "coisas
do mundo", porque o homem está no mundo faz parte dele e seria
incongruente se tanto fosse exigido. Andar na "presença de Deus"
não é incompatível com uma vida normalmente humana e com as
atividades profissionais comuns.
Já não podemos conceber a existência de homens que se
isolam, se enclausuram, como os antigos monges, habitando
cavernas e alimentando-se apenas com o que encontram, sofrendo
toda sorte de privações. O castigar o corpo não fortalece o espírito.
A horizontalidade da vida não é incompatível com a verticalidade
espiritual.
O que é um Esquadro senão o encontro dessas duas linhas, a
horizontal e a vertical? O homem deve buscar o equilíbrio. Nem
tanto horizontal, nem tanto vertical. O homem meditativo do oriente
exagera na verticalidade, ao passo que o homem ocidental exagera
na horizontalidade. Faz-se necessário buscar o meio termo.
Quando o homem descobrir que a Terra também é um "ser"
criado por Deus, compreenderá quão agradável lhe será amar o
mundo. É óbvio que o "ser" Terra não possui as características de
um ser vivente dentro da concepção humana do comum a todos os
seres viventes.
O afastamento do convencional não significa que devam deixar
de existir seres diversos da concepção convencional a que estamos
habituados.
A Terra como "ser" chegando o seu devido tempo há de
despertar e sacudir de sua crosta o que lhe é prejudicial, numa
purificação tão real que apenas os homens que com ela possam se
identificar e comungar possam subsistir . . .
Nós alardeamos a existência de um mundo real porque nos
colocamos sobre ele, mas não imaginamos o quão longe estamos
dele! Logo, como podemos entender a realidade de um mundo
espiritual que não vemos?
A intensa comunhão com Deus não tem outra finalidade senão
a de levar o homem ao âmago da realidade que é suprema beleza e
inefável beatitude. Local mais apropriado para esta comunhão e,
portanto, plena sintonia com Deus, será dentro de um Templo.
Templo material ou espiritual, não importa, porque aqui não existem
dimensões. Por mais difícil que pareça, a princípio essa submersão
no oceano divino, esse banho de luz e força em Deus, vale a pena
praticá-lo intensamente, ainda que fosse apenas durante uma fração
de minuto.
Para Deus o tempo não conta, porque ele regula e disciplina o
tempo. Dentro do circuito de uma Cadeia de União há tempo
suficiente para meditar e submergir nesse oceano de beatitude e
divindade. A comunhão com Deus purifica os pensamentos, e o
mundo necessita de purificação. Um homem purificado em seus
pensamentos será um centro de irradiação benéfica para toda
humanidade.
O certo é que a ciência, afinal, nos deu plena segurança de que
o pensamento é matéria. Evidentemente uma matéria um tanto
diversa do que está corporificado, mas elemento com capacidade
suficiente para que o mundo sinta o ímpeto de uma multidão de
pensamentos puros.
A autorealização não poderá ser manifestada de per si. Sem
uma comunhão com Deus, não haverá lugar para ela. O homem
julga ser totalmente independente da vontade de Deus, mas não é,
ainda mais que sabemos que esta vontade reside dentro do próprio
homem. Este pretende separar a sua vontade humana da sua
vontade divina, quando essas vontades, na verdade, são
inseparáveis. É evidente a vantagem para o homem em inclinar-se
para sua vontade divina ao invés de permanecer exclusivamente na
humana.
Está mais do que provado que o homem tem fracassado
quando pretende inovar a ciência, usando apenas o material que
julga estar em suas mãos. Ele encontrará realização quando sentir
que sua inspiração é a resposta de sua vontade divina. Sem a
comunhão com Deus, o homem não poderá se aproximar de sua
vontade divina, mesmo que tenha, como os xipófagos, uma ligação
necessária com sua vontade gêmea.
O homem não é uma célula isolada. Sua vontade constitui
apenas um elo no conjunto da humanidade. É por isto que a
comunhão com Deus deve ser procurada em conjunto.
"Quão bom e agradável é o homem viver em união", porque em
união, poderá estar em comunhão com Deus. A mente humana
isolada é muito frágil para propiciar o acendimento de uma luz; a
energia é pouca mas, se fizer soma, então a lâmpada acende.
O mundo é conjunto. A fraternidade conquista a força
necessária para a busca da felicidade. O cultivo do amor fraterno
tem a finalidade de formar o esforço conjunto que há de encontrar a
fórmula exata para a solução dos múltiplos problemas humanos. A
redistribuição das forças irá equilibrar a força de cada componente
da Cadeia de União.
Após o minuto de comunhão com Deus, cada ser equilibrado
receberá sua dose igual e exata reduzida do próprio homem, de sua
vontade divina ou, na linguagem evangélica, de seu Cristo interior.
VIDA E MORTE, O MISTÉRIO MAIOR
A Maçonaria é formada por um complexo de mistérios -
denominados de Mistérios Menores - que abrange os três primeiros
Graus do Rito e os Mistérios Maiores que são os graus sucessivos.
A relação do Aspirante para com esses Mistérios é a primeira
preocupação do interlocutor. As perguntas feitas exigem resposta
certa, porque assim serão sopesados os conhecimentos adquiridos
no Grau de companheiro.
Inicialmente, quando introduzido na Câmara, o Aspirante é
bombardeado de perguntas e acusações. É o momento de
expectativa, para, a seguir, tornar-se ele o protagonista da
cerimônia, assumindo o papel de Hiram Abif.
Duas terríveis perguntas são feitas: "Que é a vida?" e "Que é a
Morte?", e o aspirante, colhido de surpresa, gagueja uma resposta.
Por incrível que pareça, toda criatura humana não sabe o que
seja a vida, embora se encontre integrada nela.
Quem souber definir com precisão a vida, certamente saberá
definir a morte.
Encontraremos no Mestre de Nazaré a primeira pessoa,
desligada de qualquer corrente filosófica de seu tempo, que definiu
a vida. Ele disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida".
Logo, a vida é parte de uma trilogia.
Vida é personalidade e ao mesmo tempo individualidade; vida é
um ser.
O Mestre dos Mestres não se referiu à vida vegetal, ou mineral;
restringiu-se à prática, a responder para seres humanos, a dar-lhes
um ponto de Luz.
Quando Moisés notou a presença de Jeová na sarça ardente,
com Ele dialogou, e ao final perguntou como se chamava, Jeová
respondeu: "Eu Sou"; dize ao povo que me chame de Eu Sou.
Implícito está, na resposta do Nazareno, a presença desse Eu
Sou.
"Eu sou a vida". Ou seja, Jeová é a vida, o que significa que a
Vida é divina.
Poderíamos afirmar: "A Vida é Deus em mim".
São Paulo dissera: "Não sou eu quem vive; é Cristo que vive
em mim".
Ou seja, "Eu sou a vida".
Resumidamente, a Vida é algo que se manifesta de dentro para
fora.
Fisiologicamente, fora de nós, na superfície da pele, o invólucro
de nosso corpo, nada há de vital especificamente. Certamente que o
homem não vive sem esse invólucro. Em caso de queimaduras, se
certa percentagem é destruída, a pessoa perece.
Porém, os "órgãos vitais" estão dentro de nós; portanto,
fisiologicamente a vida está "dentro do nosso corpo"; ela se situa
nas partes mais ocultas.
A ninguém é dado ver diretamente e controlar seus próprios
órgãos vitais; os conhece face aos aparelhos mecânicos e
eletrônicos: o raio X ou a ecografia; porém a visualização não
satisfaz, depende de interpretação científica.
Não podemos comandar: "coração, pára; estômago, pára;
fígado, pára". Ou quando o coração tem um enfarto, não podemos
eliminar a moléstia, com um desejo, com um comando de
pensamento. Caso contrário, o homem seria imortal.
O direito de matar é uma questão no mestrado; é preciso que o
Aspirante dê a sua posição.
Esse estranho direito é permitido, apenas, ao Estado e em
defesa da sociedade. Se o verdugo executa uma sentença, essa foi
prolatada por um órgão competente e em nome da própria
sociedade, eis que se cerca de todas as garantias para evitar o
mínimo erro.
O direito de matar se legitima, porém, quando em defesa de
uma vida. Entre o agressor e o agredido, este pode lançar mão
desse direito, pois é inato, faz parte da personalidade; é uma reação
justa contra uma ação injusta.
Temos inúmeros exemplos de pessoas que "morreram" e
retornaram à vida, através de respiração artificial ou de
medicamentos apropriados e mesmo através da energia elétrica.
Essas pessoas, que não são poucas, conseguem recordar o
momento de seu "transporte" para algo desconhecido.
É como um sonho. Existem pessoas que conseguem,
acordando, registrar todo o sonho; outras, em segundos, esquecem
o que sabem ter sido um "bom sonho" ou um "pesadelo". Com
exercício pode-se "programar" um sonho, e pode-se, também,
lembrar o sonhado.
Quem penetrou no "túnel" escuro e conquistou o seu fim,
ingressando na "luz do fundo do túnel", extasiando-se com o que
descobre, ao retornar à vida, como se fora sonho, esquece do que
viu, mas sabe que esteve no limiar da vida e vislumbrou a morte.
Tivemos há alguns anos atrás a oportunidade de conversar com
uma parente que durante uma intervenção cirúrgica para ajustar seu
septo nasal teve uma parada cardíaca.
Sem dúvida, houve um momento de "morte"; uma morte
cerebral, quando os cirurgiões podem perfeitamente extrair órgãos
para implantá-los em outrem.
A pronta massagem no coração, fê-lo retornar às funções de
bombardear sangue para a necessária oxigenação do cérebro.
Essa parenta, pessoa já avançada em idade, nos olhou
admirada e perguntou: "Porque queres saber?".
Esclarecido o motivo, disse-nos: "não conto". Nosso desejo era
de que nos contasse tudo sobre aquela experiência.
Ficamos sem saber o que pensar, porque aquela resposta
poderia conter a solução do mistério.
No início de nossa vida maçônica, ainda aprendiz, fomos em
grupo para uma localidade distante com a finalidade de inaugurar
uma Loja. No caminho, muito cedo, a estrada estava encoberta por
uma forte neblina. O motorista, imprudentemente, ao invés de parar
até boa visibilidade, prosseguiu. Numa curva, sobre um morro, não
percebeu uma curva acentuada e saiu fora da estrada, precipitando
o veículo morro abaixo e chegando ao vale, onde capotou. Éramos
em quatro. O motorista teve ferimentos gravíssimos e de imediato
entrou em coma, falecendo alguns dias após; outro irmão sofreu
ferimentos graves; o terceiro foi jogado fora do veículo e caiu sobre
um monte de palha seca, não sofrendo nenhum arranhão; nós
caímos no leito de um riacho e quebramos algumas costelas e a
clavícula, porém, na angústia do acidente, nosso coração palpitava
aceleradamente e tínhamos a impressão de estarmos na beira da
morte.
Embora naquela época não tivéssemos a experiência de hoje,
abandonamos qualquer outro pensamento e cuidados, nos puzemos
em estado de "alerta", raciocinando rapidamente: "quero assistir
lucidamente a minha passagem da vida para a morte". Fizemos um
grande esforço para não desfalecer.
Obviamente o nosso estado não inspirava maiores cuidados,
mas nós não o sabíamos. Diante do quadro que se apresentava,
tendo uma pessoa sob o veículo e inerte, outra gemendo
assustadoramente e a terceira pedindo socorro, outra colocação não
tínhamos senão a de enfrentar o fato.
Portanto, com esse exemplo ilustrativo, desejamos alertar de
que devemos estar sempre atentos para não perder a oportunidade
de, com plena consciência, "fazermos a passagem", se não
desejada, pelo menos sempre prevista.
Tivemos uma tia muito querida, chamava-se Cristina e já era
uma anciã. Fervorosamente religiosa, não aceitava que algum dia
pudesse morrer. Esperava o "arrebatamento", viria o Senhor e a
"arrebataria", vencendo a morte.
Para isto, temia quando o organismo enfraquecia. Sofria ante a
possibilidade de morrer, desfalecer simplesmente pegar no sono.
De forma alguma ingeria medicamento soporífero. Na mocidade
fora farmacêutica e por esse motivo podia vigiar com segurança o
medicamento que lhe davam. Lia as bulas e se mostrava sempre
alerta.
Quando morreu, poucos instantes antes, em plena lucidez,
admitiu que o "arrebatamento" não existia. E relaxou a musculatura,
entregando-se passivamente. Faleceu serenamente.
Todos nós temos exemplos desses fatos, e é neles que
devemos meditar para nos habilitar à "temida" passagem, que
certamente virá.
Não podemos encarar a morte como uma fatalidade. Vejâmo-la
com serenidade e com a concepção de que é uma fase necessária,
como o é a puberdade, a maioridade e a velhice.
Trata-se de uma realidade que os demais podem ver, mas que
para quem morre é invisível, como o é o "entrar em si mesmo" para
a vida espiritual.
Não sabemos, perfeitamente, o que seja a vida. Como
pretendemos saber o que é a morte?
Quando nos situarmos adequadamente na vida,
compreenderemos a morte. Frequentemente presenciamos alguém
queixar-se de "estar cansado de viver", "levar a vida com
monotonia", etc. Suportá-la em uma prisão - seja civil por ato
criminoso praticado, seja por enfermidade - não significa que
deixamos de viver. Sempre, seja em que condições for, devemos
viver com intensidade, fazer da fraqueza a nossa fortaleza, da dor a
nossa esperança.
Muitos chegam ao conhecimento integral sobre a vida. Isso
constitui apenas uma fase. Resta outra, um pouco mais difícil:
conseguir conhecer a vida espiritual do Universo de dentro.
Por inacreditável que possa parecer, por desafiante que se
apresente, quando chegarmos a conhecer a vida nos seus dois
aspectos, estaremos, concomitantemente, conhecendo a morte.
Tornamos aqui a repetir as palavras do Divino Mestre: "Eu sou o
caminho, a verdade e a vida".
Tentemos, com esforço e inspiração, vivenciar esse "caminho",
essa "verdade" e essa "vida", e teremos descoberto a Palavra
Perdida.
De onde venho e para onde vou continuam sendo a constante
inquirição. Porém, o mestrado orienta com profusão a compreensão
dessas colocações filosóficas.
E a imortalidade? Onde se situa nesse dualismo do “ontem" e
do "amanhã"?
Como fazer para "não vir à vida" ou para "não ir à morte"?
A possibilidade de não nascer - o que equivale a não
reencarnar - é muito remota, porque envolve a Vontade Divina.
Há os que nascem para, de imediato, morrerem. E os que
nascem já mortos.
Aqui temos o aspecto filosófico do "morto em vida". Ainda nos
socorremos das palavras de Jesus: "Deixai os mortos que enterrem
os seus próprios mortos; tu, vem e segue-me".
O indivíduo que não aceita uma vida espiritual, é um "morto
espiritual". A ele incumbe enterrar os seus mortos.
Um país como o nosso, em que a mortalidade infantil supera as
estatísticas de outros países iguais em concepção histórica,
geográfica e econômica, não pode ser acusado de descaso para
com os recém-nascidos. São seres que vêm e passam, sem ter
vivido; permanecem ignorando a existência de vida e de morte. São
os natimortos e isso revela um certo grau de superioridade
espiritual, pois essas reencarnações momentâneas sucedem para
beneficiar os encarnantes e advertir a nós todos de que o viver é
uma bênção celestial. Assim apreciaremos a vida que nos
incentivará a compreendê-la, conhecê-la e vivenciá-la no dúplice
aspecto físico-espiritual.
Anos atrás tivemos a oportunidade de nos aproximarmos de um
microscópio eletrônico.
Uma célula provinda de um corpo humano, colocada no
mostrador, revelou-se "um campo de pontos, rodeados de espaço".
Concentrando a lente potente sobre um daqueles pontos, e fazendo
uma ampliação adequada, resultou que aquele ponto, obviamente
invisível a olho nu, se apresentava num campo de múltiplos pontos
rodeados de espaço.
Sucessivamente, até o permitido pelo aparelho, o cenário não
mudava. Concluímos que somos formados de pontos e espaços.
Esses pontos se "compactam" face à força da gravidade e à
pressão atmosférica. Caso não existissem esses limites, todos
aqueles pontos perde-se-iam na imensidão do Infinito.
Chegamos então à conclusão de que tanto o nosso corpo físico
como o corpo espiritual são constituídos de pontos e espaços. Nos
aventuraríamos a afirmar que os pontos seriam o corpo material, e
os espaços, o corpo espiritual e que, unidos, seríamos nós.
E por que, então, temer que esses pontos e espaços, se dirijam
ao Infinito numa trajetória que denominamos de morte?
O que seria, então, a morte, senão a "libertação" desses pontos
permitindo a reintegração no Infinito e a harmonização no Grande
Arquiteto do Universo?
Nossa "personalidade" não passa de um disfarce para ocultar a
vida espiritual; personalidade provém do latim: persona, ou seja,
máscara.
O fenômeno maçônico da "regeneração" consiste na
manutenção da vida, que no seu movimento permanente altera a
parte física mantendo intacta a parte espiritual. Sabemos há muito
que as células de nosso organismo se renovam a cada sete anos de
vida. A rigor, em cada sete anos nós já não somos nós; outra
pessoa surge, com as mesmas características da anterior, mas
totalmente nova.
Depois da décima regeneração, o compasso da renovação
torna-se mais lento. É o processo do envelhecimento. Chega o
momento em que não haverá mais renovação. As células cessam
sua atividade e o físico se debilita e deixa de existir. Porém a parte
espiritual não se avelhanta; a cada setenário ressurge com mais
ímpeto, e quando o corpo se entrega porque degenerou, o espírito
assume a posição mais robusta e vai em busca do "mais além", com
satisfação e alegria.
A "individualidade" constitui essa parte anímica, espiritual,
esotérica. A própria palavra a decifra: "princípio indivisível". É a
célula da imortalidade, da universalidade, da divindade.
Foi o que inspirou o Nazareno a afirmar: "Eu e o Pai somos
UM".
Na Câmara do Meio o maçom morre para a ilusão da
personalidade, mas renasce para a individualidade, para a Vida
Verdadeira.
Na Cadeia de União, formada com todo o complexo litúrgico,
morremos para a personalidade e renascemos para a
individualidade, porque, embora diversos os elos, a corrente é uma
só. E o universo na concepção de um em diversos, a unidade
formada e inspirada pelo Amor Fraterno.
Ao nascermos, na vida normal e comum, nossos pais nem
sequer ousariam pensar sobre a destinação daquela frágil criança;
se nascêssemos em um lar maçom, onde a Maçonaria já fosse
tradição, possivelmente o pai ou o avô alimentariam a esperança de
que o nascituro viria a ser, no devido tempo, também um maçom.
Contudo, ao sermos concebidos, já nos encontramos
destinados à Maçonaria. Assim como, em outras circunstâncias,
outrem sejam destinados a serem espíritas, tesofistas, religiosos
enfim, com uma destinação espiritual.
Quando da escolha do nome a ser dado ao nascituro, haverá
uma seleção entre as sugestões colhidas.
Contudo, não só na Maçonaria mas em todo o resto, a criança
receberá seu "nome espiritual".
Temos exemplos na História Sagrada das alterações dos
nomes: Abraão, Jacó, João, Simão, enfim, dezenas de exemplos.
Para uma melhor compreensão tomemos um nome referido no
Velho Testamento e um do Novo Testamento.
Jacó, passou a ser chamado Israel.
Simão, passou a ser chamado Pedro.
Esses nomes não foram uma escolha por acaso ou capricho,
mas a "materialização" do nome espiritual.
Descobrir qual o nome espiritual que cada um de nós possui é
tarefa ingente; não conhecemos que alguém tenha se detido em
analisar este aspecto.
Os pais e ascendentes; a data do nascimento e da morte; o
nome, sobrenome e apelidos — são elementos vitais para o homem.
Posteriormente, quando já consciente, esses elementos
passam ao uso normal e comum, bem como a própria assinatura.
A numerologia, inspirada na Cabala hebraica, marca o destino
do homem. Se a soma dos valores de cada vogal e consoante
resulta em um número azíago, o destino do portador será
fortemente marcado, e só depois de uma análise para os
necessários consertos, após uma "terapia do destino" é que o azar
poderá ser afastado.
O maçom ainda recebe um terceiro nome.
Colocamos a palavra "terceiro" entre aspas, porque deveria ser
o nome espiritual, revelado.
Erroneamente, o aprendiz, em certas Lojas, escolhe o próprio
nome simbólico maçônico. Por não ter ainda alcançado o
discernimento suficiente, essa nome resulta mal aplicado e nenhum
efeito lhe trará.
A escolha do nome simbólico, após a proclamação em Loja do
recebimento de um novo irmão, é ato exclusivo do Venerável Mestre
que o obtém após ato de meditação.
O certo seria - e isso é um novo aspecto da Cadeia de União
ainda não bem definido e estudado, e nós reivindicamos nisso o
pioneirismo, como resultado de profundo estudo - que o nome
simbólico fosse dado durante o desenvolvimento da Cadeia de
União, porque atuaria a vontade de todos os seus participantes,
exsurgindo nela o nome espiritual, que o Ser Divino doou àquela
pessoa ao nascer.
Do Livro dos Mortos egípcio extraímos:
". . . tu não morres, tu não te anulas
o teu nome permanece entre as gentes
o teu nome manifesta-se entre os deuses. . ."
A importância dada ao nome nos conduz a pensar que há
profundo Mistério nisso tudo.
Os egípcios pensavam que a morte não seria um
aniquilamento, mas somente constituia-se numa alteração na
harmonia vital.
No Tribunal, por ocasião do julgamento presidido por Osiris,
presente lsis e Anubis, o "defundo" recita:
"Eu venho junto a vós, grande Tribunal
que está no Céu, na terra e na Necrópole.
Salve a ti que presides os Ocidentais.
Eu venho a ti e o meu coração traz a Verdade.
Não há culpa em meu corpo."
A construção do verso e a colocação do verbo pareciam
errados, contudo, o "venho a ti", sugere que é o próprio Tribunal que
fala pela boca do defunto.
E lhe é respondido: “Passa, porque tu tens o conhecimento”.
Inspirada nessas concepções hebraica e egípcia, a Maçonaria
reativa a crença da imortalidade do ser, valorizando assim o que o
vulgo proclama como ilusão. A vida enquanto carne tem passagem
inútil e rápida pelo mundo.

[1] O nome Isaías poderia ser traduzido por Salvação do Senhor. Fixa-se a data de sua
atuação entre os anos 740 a 680 A. C., portanto apenas 60 anos, já que sua idade pode
ser considerada pouca para a época. Participou do reinado de quatro reis de Israel.
[2] Dos 150 Salmos, 73 foram escritos por Davi, doze por Asafe, dois por Salomão, um
por Moisés, um por Etã e doze pelos filhos de Coré. Salmo deriva do grego psalmos,
significando um poema cantado com acompanhamento de instrumentos musicais.

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