A Ininteligibilidade Da Linguagem Jurídica Pela Sociedade
A Ininteligibilidade Da Linguagem Jurídica Pela Sociedade
A Ininteligibilidade Da Linguagem Jurídica Pela Sociedade
RESUMO
O presente artigo teve como objetivo pesquisar acerca do uso da linguagem jurí-
dica, através da pesquisa bibliográfica, utilizando o método de procedimento descriti-
vo. Para melhor sistematizá-lo, foi dividido em três partes, sendo na primeira a respei-
to da linguagem jurídica; na segunda, a ininteligibilidade da linguagem jurídica pela
sociedade, buscando evidenciar que a linguagem jurídica pode ser simplificada, sem,
no entanto, abandonar a técnica necessária exigida no âmbito jurídico. Sabemos que é
através da linguagem que os seres humanos, se comunicam, manifestam sua vontade;
mas para tanto, necessário se faz ter certo domínio sobre ela. No entanto, a sociedade
de maneira geral é leiga, em relação à linguagem jurídica. Os termos técnicos repre-
sentam um desafio para ela quanto ao entendimento da mesma e, assim, ficam sem en-
tender quando necessário buscar auxílio da justiça. Por fim, fizemos algumas conside-
rações finais ressaltando a importância da simplificação da linguagem jurídica, na so-
ciedade atual.
Palavras-chave: Linguagem jurídica. Operadores do direito. Acesso.
1. Introdução
“Comecemos por dizer que a linguagem é, ao mesmo tempo, efei-
to e condição do pensamento” (DELACROIX). É efeito por traduzir com
palavras e fixar o pensamento; e condição porque, quanto maior for o co-
nhecimento de palavras, mais claro é o pensamento. “Pensamento e lin-
guagem progridem, correlativamente: o primeiro, desenvolvendo-se, leva
à expressão mais exata e o sinal permite-lhe maior precisão” (CAVIL-
LER, 2003). A linguagem socializa e racionaliza o pensamento. É axio-
mático, modernamente, que quem pensa bem escreve ou fala bem. As-
sim, cabe ao advogado e ao juiz estudar os processos do pensamento, que
são o objeto da lógica, conjuntamente com a expressão material do pen-
samento, que é a linguagem. Talvez, nenhuma arte liberal necessite mais
de forma verbal adequada que a advocacia, isso porque o jurista não
examina diretamente os fatos, porém fá-lo mediante uma exposição de-
les, e essa exposição é, necessariamente, de textos escritos ou depoimen-
tos falados. (NASCIMENTO, 2007, p. 3)
linguagem jurídica pela sociedade, objeto deste artigo, e, por fim, as con-
siderações finais.
2. Linguagem jurídica
É oportuno, num primeiro momento, distinguir linguagem jurídica
e linguagem forense. O termo
linguagem jurídica, por mais extenso, é gênero de que linguagem forense é
espécie. No primeiro, encontram-se a linguagem legislativa, a da jurisprudên-
cia, entre outro. Já a linguagem forense é a do advogado, cuja função é cavere,
scribere et respondere. Na acepção geral, scribere é escrever. Na linguagem
forense, é redigir peças jurídicas. (NASCIMENTO, 2007)
que, literalmente, estão foram daquele contexto. Até mesmo para o jul-
gador fica difícil entender o que o advogado está pedindo àquele juízo.
Por conseguinte, as partes acabam por ficar desassistidas.
Nesse sentido, Viana (2006) diz que se exige do profissional do
direito competência linguística e capacidade intelectual, pois ele deve
dominar as técnicas da redação forense para veicular com propriedade
sua mensagem jurídica. Muitas vezes, os juízes de direito indeferem as
petições iniciais, porque elas não transmitem uma mensagem jurídica in-
teligível.
Para Voese (2002, p. 25),
As palavras agregam os heterogêneos interesses sociais a seus sentidos e,
por isso, têm força de produzir efeitos de sentido que atuam sobre o auditório
de modo a facilitar ou dificultar a sua adesão: à escolha da palavra o auditório
reagirá positiva ou negativamente, dependendo dos interesses a ele ligados e
que interferem na interpretação.
4. Considerações finais
Reiterando, escrever bem, não significa escrever muito. Trazendo
tal afirmação para o âmbito do direito, o que buscamos neste artigo é al-
go bastante simples, ou seja, o uso da linguagem jurídica de maneira
adequada, sem a utilização de brocardos, jargões, expressões latinas, ge-
ralmente empregadas exageradamente.
A linguagem jurídica, evidentemente, é uma linguagem técnica,
mas nem por isso deve ser ininteligível aos seus destinatários. Deve ser
clara, objetiva, concisa, deixando de lado o uso de palavras e expressões
que em nada acrescentam, apenas dificultam o entendimento e a interpre-
tação, não apenas pelos operadores do direito, como também de todos.
Simplificar a linguagem jurídica não significa vulgarizá-la, nem
tão pouco estimular o desuso de seus termos técnicos, necessários para o
contexto, afinal, esta é uma linguagem técnica. Simplesmente que esta
seja acessível e que pessoas comuns possam entender o que os operado-
res do direito querem dizer ao representá-los em juízo, afinal, o direito
existe para harmonizar, resolver conflitos entre partes. Entendemos que o
excesso de utilização de termos rebuscados, arcaicos, são plenamente
desnecessários ao contexto jurídico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRETO, M. Novíssimos estudos da linguagem portuguesa. Rio de
Janeiro: Presença/INL-FCRB-MEC, 1980.
BARTHES, R. A retórica antiga. In: ___. Pesquisas de retórica. Seleção
de ensaios da revista Communications, n. 10. Petrópolis: Vozes, 1975.
BITTAR, E. C. B.; ALMEIDA, G. A. Curso de filosofia do direito. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2008.