Caracterização Histopatológica Da Leishmaniose Visceral Canina No Distrito Federal

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
__________________________________________________________________

CARACTERIZAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DA
LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO DISTRITO
FEDERAL

RAFAELA MAGALHÃES BARROS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM SAÚDE ANIMAL

BRASÍLIA-DF
FEVEREIRO/ 2011
__________________________________________________________________
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
__________________________________________________________________

CARACTERIZAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DA
LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO DISTRITO
FEDERAL

RAFAELA MAGALHÃES BARROS

ORIENTADOR: PROF. DR. MÁRCIO BOTELHO DE CASTRO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM SAÚDE ANIMAL

PUBLICAÇÃO: 037/11

BRASÍLIA-DF
FEVEREIRO/ 2011

ii
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E CATALOGAÇÃO

BARROS, R. M. Caracterização Histopatológica da Leishmaniose Visceral


Canina no Distrito Federal. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária, Universidade de Brasília, 2011, 103 p. Dissertação de Mestrado.

Documento formal, autorizando reprodução desta


dissertação de mestrado empréstimo ou
comercialização, exclusivamente para fins
acadêmicos, foi passado pelo autor a Universidade de
Brasília e acha-se arquivado na secretaria do
programa. O autor reserva para si os outros direitos
autorais, de publicação. Nenhuma parte desta
dissertação pode ser reproduzida sem a autorização
por escrito do autor. Citações são estimuladas, desde
que citada a fonte.

FICHA CATALOGRÁFICA

Barros, Rafaela Magalhães


Caracterização histopatológica da Leishmaniose Visceral Canina no Distrito
Federal. / Rafaela Magalhães Barros orientação de Márcio Botelho de Castro –
Brasília, 2011. 102 p.: il.
Dissertação de Mestrado (M) – Universidade de Brasília/Faculdade de Agronomia
e Medicina Veterinária, 2011.

1.Leishmaniose visceral. 2. histopatologia. 3. Cão 4. Diferentes órgãos.


I.BARROS, R. M. II. Título.
CDD ou CDU
Agris / FAO

iii
__________________________________________________________________
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
__________________________________________________________________

iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus por me dar forças para alcançar mais
esta conquista.

Aos meus pais, Sergio e Doris, por todo carinho, apoio e confiança.
Especialmente minha mãe por ter dedicado sua vida em educar suas filhas e hoje
pelo amor incondicional demonstrado aos netos. Obrigada mãe por cuidar dos meus
filhos como se fossem as jóias mais preciosas desse mundo. Por abdicar de fazer
todas as suas obrigações cuidando dessas crianças, por se mostrar sempre
disponível. Por entender o meu desespero em terminar a dissertação, sem ter outra
pessoa para auxiliar com os pequeninos.

Aos meus filhos, Sarah e Isaac, grande razão da minha vida. Por tornarem
meus dias mais felizes. Por me presentear com cada sorriso, abraço, cada gesto de
amor, irei amá-los sempre. Peço desculpas por ter sido ausente durante esses
últimos meses. Tudo isso, porque quero ser um dia motivo de orgulho para vocês.

Ao meu esposo Raul, por toda paciência. Por ter me ajudado com as
porcentagens deste trabalho, mesmo com a rotina pesada do dia a dia. Por ter
suportado minha ausência, até mesmo nas madrugadas durante todo este tempo. A
minha irmã, Roberta Viviane por todo apoio, incentivo e por saber esperar.

Ao professor Marcio pela orientação e por ter me propiciado a oportunidade


de realizar o grande sonho do mestrado. Ao professor Rafael por todo apoio
estatístico, por toda atenção dedicada a uma pessoa desconhecida. A colega
Isabela pela prontidão e apoio demonstrado quando sua ajuda foi solicitada.

A eterna amiga Fabiana Elias, por acreditar em mim. Por ter me ensinado
tanto. Por ter sido orientadora de graduação, de residência e agora de vida. Por
estar sempre disposta a ajudar.

As amigas Patovets Vanessa, Mirna e Cris por me incentivarem com


palavras sábias e animadoras e por fazerem acreditar que eu poderia conseguir. A
amiga Anahi pela torcida e por entender todas as lágrimas de desespero.
v
A professora Roselene Ecco, quem me fez descobrir o amor pela patologia,
pelo incentivo à pesquisa e pelo carinho depositado em mim.

A toda equipe do laboratório, pelo apoio na confecção das lâminas.

Meus sinceros agradecimentos a todos que direta ou indiretamente


participaram da concretização deste trabalho.

vi
SUMÁRIO

RESUMO xiii
ABSTRACT xiv

CAPÍTULO I 1
Introdução 1
Referencial teórico 3
Objetivos 8
Geral 8
Específico 8
Referências 09

CAPÍTULO II 15
1. Introdução 15
2. Materiais e métodos 17
2.1 Animais 17
2.2 Colheita de material e procedimento histopatológico 17
2.3 Avaliação histopatológica 18
2.3.1 Linfonodo 18
2.3.2 Fígado 19
2.3.3 Baço 19
2.3.4 Pele 19
2.3.5 Rim 19
2.3.6 Olho 19
2.3.7 Pulmão 19
2.3.8 Intestino 20
2.3.9 Estômago 20
2.3.10 Tecido Nervoso 20
2.4 Análise estatística 20
3. Resultados 21
3.1 Alterações histológicas nos Linfonodos 22
vii
3.2 Alterações histológicas no fígado 28
3.3 Alterações histológicas no baço 33
3.4 Alterações histológicas na pele 36
3.5 Alterações histológicas no rim 41
3.6 Alterações histológicas no olho 44
3.7 Alterações histológicas no pulmão 19
3.8 Alterações histológicas no intestino 53
3.9 Alterações histológicas no estômago 55
3.10 Alterações histológicas no tecido nervoso 57
4. Discussão 60
5. Conclusão 82
6. Referências 83

CAPÍTULO III 101


Considerações Finais 101

viii
LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Valores de p para associação de maior carga parasitária em 22


tecidos de cães com baixo grau de inflamação levando em
consideração a significancia acima de 3,841.

TABELA 2: Resultados da avaliação histopatológica de linfonodos (pré- 25


escapulares, axilares e poplíteos) de 58 cães, sintomáticos e
assintomáticos, naturalmente infectados com Leishmaniose
Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília, 2010).

TABELA 3: Resultados da avaliação histopatológica do fígado de 57 cães, 30


sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com
Leishmaniose Visceral Canina, no Distrito Federal (Brasília,
2010).

TABELA 4: Resultados da avaliação histopatológica do baço de 57 cães, 34


sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com
Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília,
2010).

TABELA 5: Resultados da avaliação histopatológica da pele de 45 cães, 37


sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com
Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília,
2010).

TABELA 6: Resultados da avaliação histopatológica do rim de 61 cães, 42


sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com
Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília,
2010).

TABELA 7: Resultados da avaliação histopatológica do olho de 36 cães, 46


sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com
Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília,
2010).

ix
TABELA 8: Resultados da avaliação histopatológica do pulmão de 59 51
cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados
com Leishmaniose Visceral Canina (Brasília, 2010).

TABELA 9: Resultados da avaliação histopatológica do intestino de 61 54


cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados
com Leishmaniose Visceral Canina (Brasília, 2010).

TABELA 10: Resultados da avaliação histopatológica no estômago de 56 55


cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados
com Leishmaniose Visceral Canina (Brasília, 2010).

TABELA 11: Regiões do tecido nervoso com infiltrado inflamatório, de cães 58


sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com
Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília,
2010).

TABELA 12: Resultados da avaliação histopatológica do tecido nervoso de 59


cães sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados
com Leismaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília,
2010).

x
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Infiltrado inflamatório acentuado em cápsula de linfonodo de um 26


cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 2: Infiltrado inflamatório em cápsula de linfonodo, com formas 26


amastigotas de Leishmania spp, dentro e fora do citoplasma de
macrófagos, em um cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE
– Brasília, 2010).

FIGURA 3: Histiocitose sinusal em linfonodo de um cão com Leishmaniose 27


Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 4: Amastigotas no citoplasma de macrófagos na região da 27


histiocitose sinusal em linfonodo de um cão com Leishmaniose
Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 5: Infiltrado inflamatório periportal associado com granuloma 31


intralobular em fígado de um cão com Leishmaniose Visceral
Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 6: Formação de granuloma intralobular em fígado de um cão com 31


Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 7 Formas amastigotas de Leishmania spp em fígado de um cão 32


com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 8: Formas amastigotas no baço de um cão com Leishmaniose 34


Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 9: Periesplenite no baço de um cão com Leishmaniose Visceral 35


Canina (HE – Brasília, 2010). (A) visualização da periesplenite
no aumento de 40x. (B) Visualização da periesplenite no
aumento de 400x.

FIGURA 10: Histiocitose no baço de um cão com LVC (HE – Brasília, 2010). 35

FIGURA 11: Infiltrado inflamatório difuso na derme de um cão com 38


Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 12: Formas amastigotas, dentro e fora de macrófagos, na derme de 38


um cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).
FIGURA 13: Freqüência das glomerulopatias em 61 cães naturalmente 40
infectados com leishmaniose visceral – Brasília, 2011.

xi
FIGURA 14: Glomerulonefrite membranoproliferativa em um cão com 43
Leishmaniose Visceral Canina (Brasília, 2010) A. Proliferação e
aumento da celularidade mesangial; espessamento da parede
capilar glomerular com diminuição de sua luz (seta). Coloração
HE. B. Espessamento e duplicação da membrana basal dos
capilares glomerulares (seta). Coloração PAMS.

FIGURA 15: Glomerulonefrite membranosa em cão com leishmaniose visceral 43


canina. (Brasília, 2010) A. Espessamento da parede capilar
glomerular com diminuição de sua luz (seta). Coloração HE. B.
Depósito de material PAS positivo ao redor de alças capilares
(seta). Coloração PAS

FIGURA 16: Infiltrado inflamatório perivascular no olho de um cão com 47


Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 17: Infiltrado inflamatório na conjuntiva bulbar do olho de um cão 47


com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).
FIGURA 18: Infiltrado inflamatório em córnea do olho de um cão com 48
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).
FIGURA 19: Inúmeras formas amastigotas no olho de um cão com 48
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 20: Infiltrado inflamatório histioplasmocítico perivascular no pulmão 52


de um cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília,
2010).
FIGURA 21: Amastigotas (setas) associadas ao infiltrado inflamatório 52
histioplasmocítico perivascular no pulmão de um cão com
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).
FIGURA 22 Placa de Peyer aumentada no intestino de um cão com 54
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

FIGURA 23: Mineralização na mucosa gástrica de um cão com Leishmaniose 56


Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).
FIGURA 24: Presença de infiltrado inflamatório perivascular no tecido 59
nervoso de um cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE –
Brasília, 2010)

xii
RESUMO

A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma zoonose de grande impacto na


saúde pública. No Brasil, a enfermidade encontra-se amplamente difundida, sendo
considerada endêmica no Distrito Federal. É uma doença progressiva crônica que é
frequentemente fatal. Atualmente é considerada uma das seis principais doenças
endêmicas de prioridade no mundo. Os cães são um dos reservatórios domésticos
do parasita e a principal fonte na infecção para humanos. A fim de avaliar o papel do
cão no ciclo de infecção da LVC, todas as manifestações da doença devem ser
conhecidas, como a extensão e a progressão das lesões em vários órgãos
comprometidos. Apesar da LVC ser uma doença sistêmica severa, existem poucos
estudos descrevendo padrões histológicos detalhados de distintos tecidos afetados
pelo parasito. Com isso o objetivo do trabalho foi determinar as principais
características histopatológicas nos linfonodos, fígado, baço, rim, pele, olho, pulmão,
intestino, estômago e tecido nervoso de animais diagnosticados com LV.
Descrevendo a forma de distribuição e tipo de infiltrado nos diferentes órgãos,
avaliando a presença de amastigotas nos tecidos e analisando outros achados
microscópicos associados à enfermidade. Em virtude da necessidade de notificação
compulsória da doença, o diagnóstico da LV deve ser feito da forma mais precisa
possível. Compreendendo as lesões da leishmaniose nos diferentes órgãos, é
possível traçar estratégias para pesquisar as diferenças fundamentais entre animais
sintomáticos e assintomáticos, com vistas à vigilância epidemiológica eficaz e ao
controle da disseminação da doença. O cão serve como um excelente modelo para
o estudo da LV em seres humanos, uma vez que a doença é causada pelo mesmo
agente que desvenda alterações semelhantes. Por conseguinte, prejuízo em cães
pode ser considerado um parâmetro a ser usado para avaliar a doença em seres
humanos.

Palavra chave: leishmaniose visceral, histopatologia, cães.

xiii
ABSTRACT

Canine visceral leishmaniasis (CVL) is a zoonosis of major public health


impact. In Brazil, the disease is widespread and is considered endemic in the Distrito
Federal. It is a chronic progressive disease that is often fatal and presents a wide
spectrum of pathological events. Currently, is considered one of the six main priority
endemic diseases in the world. Dogs are domestic reservoirs of the parasite and the
main source for the infection to humans. To assess the role of dogs in the infection
cycle of CVL, all manifestations of the disease must be known, since clinical and
pathological features to the extent and progression of lesions in various organs
affected. Despite the CLV being a severe systemic disease, there are few studies
describing detailed histologic patterns in distinct compartments affected by the
parasite. The aim of this study was to determine the main histopathologic features in
lymph nodes, liver, spleen, kidney, skin, eye, lung, intestine, stomach and nervous
tissue of animals diagnosed with VL. Describing the distribution and type of infiltration
in different organs, evaluating the presence of amastigotes in the tissues and
analyzing other microscopic findings associated with illness. Because of the need for
mandatory reporting of disease, the diagnosis of VL should be done as accurately as
possible. Understanding the lesions of leishmaniasis in different organs, it is possible
to devise strategies to search for the fundamental differences between symptomatic
and asymptomatic animals, with a view to effective surveillance and control the
spread of disease. The dog serves as an excellent model for the study of VL in
humans since the disease is caused by the same agent that reveals similar changes.
Therefore, loss in dogs can be considered a parameter to be used to evaluate the
disease in humans.

Keywords: visceral leishmaniais, histopathology, dogs.

xiv
CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

A Leishmaniose visceral canina (LVC) é uma doença de potencial zoonótico


com grande impacto na saúde pública e de distribuição mundial causada por
protozoários do gênero Leishmania (ALVES et al., 2010; MOREIRA et al., 2008). No
Brasil, a enfermidade encontra-se amplamente difundida, sendo causada pelo
protozoário Leishmania infantum chagasi, o qual é transmitido pela picada de
flebotomíneos, sendo Lutzomyia longipalpis a principal espécie de vetor envolvida
(SANTOS et al., 2010).

Compreendendo uma das seis endemias mundiais de prioridade absoluta da


Organização Mundial de Saúde (OMS) devido ao seu caráter endêmico em várias
regiões do mundo (GONTIJO E MELO, 2004; MOREIRA et al., 2010), a LVC vem se
tornando um importante problema de saúde pública (MONTEIRO et al., 2005).
Atualmente é considerada como uma doença emergente e reemergente, tanto em
zonas rurais como urbanas (HUEB et al., 2000). Inicialmente a LVC tinha um caráter
eminentemente rural e, mais recentemente, vem se expandindo para as áreas

1
urbanas de médio e grande porte, sendo também conhecida por calazar, barriga
d’água, entre outras denominações menos conhecidas (BRASIL, 2003).

Devido à grande variedade de sinais da doença e à grande porcentagem de


cães assintomáticos, o diagnóstico clínico da LVC constitui-se muitas vezes em um
desafio para o médico veterinário (SILVA et al., 2006). Até o momento não está
disponível teste diagnóstico que apresente 100% de especificidade e sensibilidade
para a doença. Em virtude da necessidade de notificação compulsória da doença, o
diagnóstico da leishmaniose visceral deve ser feito de forma mais precisa. Para
tanto, é importante que se conheça o método utilizado, as suas limitações e
interpretação clínica. Durante infecções naturais recomenda-se que múltiplos
métodos diagnósticos sejam utilizados, tendo em vista que o uso isolado de
determinada técnica pode não identificar todos os animais infectados (NOGUEIRA et
al., 2009).

Apesar da LVC ser uma doença sistêmica severa existem poucos estudos
descrevendo padrões histológicos detalhados de distintos órgãos afetados pelo
parasito (GIUNCHETTI et al., 2007).

2
REFERENCIAL TEÓRICO

A Leishmaniose visceral canina (LVC) é uma enfermidade causada por


protozoário pertencente à ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae e gênero
Leishmania. No Brasil o agente etiológico é Leishmania infantum chagasi (ALVES et
al., 2010; IKEDA-GARCIA & MARCONDES, 2007) e o Lutzomyia longipalpis é o
principal vetor e recentemente foi identificado em todas as regiões brasileiras
(ALVES et al., 2010; COLLA-JACQUES et al., 2010)

No Brasil, a LVC apresenta aspectos geográficos, climáticos e sociais


diferenciados em função da sua ampla distribuição geográfica, envolvendo regiões
Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e também a região Sul (SOUZA et al., 2009;
THOMAZ-SOCCOL et al., 2009; FREHSE et al., 2010).

. O estudo de Carranza-Tamayo et al. (2010) conclui que LV se tornou


endêmica em Brasília. Em setembro de 2005 foi constatado o primeiro caso
autóctone de leishmaniose visceral em humanos no Distrito Federal. A partir de
então, foram realizados inquéritos sorológicos na população canina em diversas
áreas do DF. Diversos cães apresentaram-se sororeagentes para leishmaniose
visceral canina (LVC), também sendo constatado o vetor biológico (CRMV-DF 2006).

As transformações no ambiente provocadas pelo intenso processo


migratório, em virtude de pressões econômicas ou sociais, distorções na distribuição
de renda, processo de urbanização crescente, esvaziamento rural e as secas
periódicas acarretam a expansão das áreas endêmicas e o aparecimento de novos
focos, facilitando ocorrência de epidemias (BRASIL, 2003). As condições sócio-
econômicas, ambientais e hábitos de vida são fatores significativos na epidemiologia
da Leishmaniose visceral (LV) em áreas endêmicas. Tais condições podem
contribuir para que a LV seja perpetuada nas áreas rurais e periurbanas,
acometendo aglomerados humanos com baixo nível sócio-econômico que vivem em
condições precárias de moradia (CALDAS et al., 2001).

Locais que exibem graves problemas ambientais, principalmente em relação


ao saneamento básico apresentam maiores soroprevalências de anticorpos
antileishmania. Provavelmente este fato está associado à maior presença do vetor.

3
Esses locais estão próximos a resquícios da Mata Atlântica e em algumas
residências foram observadas criações de animais de produção. Estas
características tem sido especuladas como possíveis fatores de risco para a
ocorrência de LV no Nordeste brasileiro (SANTOS et al., 2010).

O agente etiológico da LV apresenta duas formas: uma flagelada ou


promastigota, encontrada no tubo digestivo do inseto vetor e outra aflagelada ou
amastigota, que é intracelular obrigatória, sendo encontrada nas células do sistema
fagocítico mononuclear (SFM) do hospedeiro vertebrado (CAMARGO-NEVES et al.,
2006). Os vetores pertencem ao gênero Phlebotomos e Lutzomya. Flebotomíneos
não são mosquitos, pois a fase larval dos mosquitos ocorre na água, já nos
flebotomíneos a fase larval é desenvolvida na matéria orgânica. Por isso, locais
onde se encontram criações de animais com muito sombreados e acúmulo de lixo
são grandes potenciais para desenvolvimento dos flebotomíneos, tornando difícil o
seu controle (BARRETO, 2006)

A infecção do vetor ocorre quando as fêmeas ao sugarem o sangue de


mamíferos infectados ingerem macrófagos parasitados por formas amastigotas da
Leishmania. No trato digestivo diferenciam-se rapidamente em formas flageladas
denominadas de promastigotas. O ciclo do parasito no inseto se completa em torno
de 72 horas. Após esse período, as fêmeas infectantes ao realizarem um novo
repasto sanguíneo em um hospedeiro vertebrado liberam as formas promastigotas
juntamente com a saliva do inseto. Na epiderme do hospedeiro, estas formas são
fagocitadas por células do sistema mononuclear fagocitário. No interior dos
macrófagos diferenciam-se em amastigotas e multiplicam-se intensamente até o
rompimento dos mesmos, ocorrendo à liberação destas formas que serão
fagocitadas por novos macrófagos num processo contínuo, ocorrendo então a
disseminação hematógena para outros tecidos, como linfonodos, fígado, baço e
medula óssea (SILVA, 2007; SARIDOMICHELAKIS, 2009).

No Brasil, no meio urbano e rural o cão é apontado como o principal


hospedeiro doméstico, sendo este a principal fonte de infecção para o homem
(ALVES et al., 2010; CALABRESE et al., 2010; SANTOS et al., 2010; CAMARGO-
NEVES et al., 2006; RAMIRO et al., 2003). Parece bastante evidente que a forma de
vida de cada cão em particular possa favorecer a sua exposição aos vetores e, por
4
conseguinte, a infecção, como é o caso de cães de guarda noturnos (SANTOS et al.,
2010). Outras espécies como gato, canídeos silvestres, marsupiais e roedores são
naturalmente infectadas por Leishmania. Entretanto, em áreas endêmicas, os cães
são de grande importância na manutenção do ciclo da doença, constituindo o
principal elo na cadeia de transmissão da LV (IKEDA-GARCIA & MARCONDES,
2007). Os hospedeiros silvestres que representam maiores riscos de infecção para
os cães ou humanos tem sido os gambás (Didelphis marsupiallis e Didelphis
albiventris), com ampla distribuição geográfica nas Américas e de grande atração
pelo ambiente domiciliar. Assume-se que a presença desse animal no peridomicílio
aumenta o risco da infecção (BORASCHI E NUNES, 2007).

Segundo Genaro et al. (2003), para todas as espécies de Leishmania, a


principal forma de transmissão se dá pela picada do hospedeiro invertebrado
infectado. Ainda, não foi comprovada a transmissão direta de animal para animal, de
animal para pessoa ou pessoa para pessoa (CAMARGO-NEVES et al., 2006).

A LVC é uma doença sistêmica severa cujas manifestações clínicas estão


intrinsecamente dependentes do tipo de resposta imunológica expressa pelo animal
infectado (BRASIL, 2003). Quando o parasito acomete espécies susceptíveis, a
imunossupressão por ele causada promove a sua disseminação para muitos órgãos
(CARVALHO et al., 2007). Desta forma, é possível classificar os cães como
assintomáticos, oligossintomáticos ou sintomáticos (ALBUQUERQUE et al., 2007).
Cães aparentemente assintomáticos podem atuar como fonte de infecção aos
vetores, potencialmente participando do ciclo zoonótico de transmissão (SANTOS et
al., 2010).

A infecção usualmente causa doença sistêmica crônica. Classicamente, a


leishmaniose em cães apresenta sinais inespecíficos como febre, apatia, anorexia,
perda de peso, linfadenomegalia localizada ou generalizada, lesões dermatológicas,
diarreia, falência renal, ceratoconjuntivite, epistaxe, anemia e onicogrifose
(ALBUQUERQUE et al., 2007; IKEDA-GARCIA E MARCONDES, 2007; MACHADO
et al., 2007). Ocasionalmente são observadas alterações locomotoras, hepáticas,
respiratórias, cardíacas e/ou neurológicas (NOGUEIRA et al., 2009). Os animais
assintomáticos representam grande problema para a saúde pública, pois a
detectação da infecção é difícil, o que impossibilita a adoção de medidas adequadas
5
de controle (MACHADO et al. 2007). A intensidade do parasitismo aparentemente
não está associada diretamente à gravidade do quadro clínico, podendo ser
observados cães com sintomatologia leve à infecção intensa (CAMARGO-NEVES et
al., 2006; FEITOSA et al., 2000).

O diagnóstico clínico da leishmaniose visceral canina é difícil devido à


variedade de manifestações clínicas da doença. Os achados clínicos são comuns a
outras enfermidades, tornando o diagnóstico laboratorial ou parasitológico
necessários para a confirmação da suspeita. Outro ponto importante é que a maioria
dos cães infectados não desenvolve sinais clínicos, o que dificulta o diagnóstico
(IKEDA-GARCIA E MARCONDES, 2007). Para o diagnóstico da leishmaniose
visceral existem basicamente três categorias de provas utilizadas: métodos
parasitológicos, sorológicos e moleculares (NOGUEIRA et al., 2009).

Apesar de discordâncias entre alguns autores, o exame parasitológico é


considerado, ainda o padrão ouro para o diagnóstico da doença (IKEDA-GARCIA &
MARCONDES, 2007). É realizado através da análise citológica de lâminas de
esfregaços ou imprints. Os métodos parasitológicos permitem a identificação direta
do parasita na forma amastigota em tecido animal (BRASIL, 2006). Contudo, em
muitos casos, especialmente em animais assintomáticos, nos quais poucas formas
amastigotas estão presentes podem ocorrer resultados falsos negativos (FARIA,
2007). A pesquisa direta do parasito apresenta especificidade de 100%, no entanto a
sensibilidade é baixa, em torno de 60 e 80% (LUVIZOTTO, 2007), sendo ainda
menor em cães assintomáticos. A sensibilidade depende do grau de parasitemia, do
tipo de material biológico coletado e do tempo de leitura da lâmina (BRASIL, 2006).

Os testes sorológicos devem ser interpretados com cautela, uma vez que não
são 100% sensíveis (IKEDA-GARCIA & FEITOSA, 2006). A detecção de anticorpos
anti-leishmania circulantes utilizando técnicas sorológicas constitui instrumento
importante no diagnóstico da leishmaniose visceral canina (BRASIL, 2006). Os
métodos sorológicos para detecção de anticorpos circulantes anti-leishmania são,
entre outros, a imunofluorescência indireta (RIFI), o teste de ELISA (Enzyme Linked
Immunosorbent Assay), com diferentes modificações tais como Dot-ELISA, FML-
ELISA, Fast-ELISA, BSM-ELISA, Slide-ELISA) a fixação de complemento (FC), a
aglutinação direta, hemaglutinação indireta e imunoeletroforese (KARGIN KIRAL et
6
al., 2004). Essas técnicas apresentam alta sensibilidade e especificidade, mas nem
sempre um resultado positivo pode ser conclusivo de doença ativa, da mesma forma
que cães infectados podem ser soronegativos (SILVA et al., 2006). Várias doenças
infecciosas como tripanossomíase, erlichiose, babesiose, dirofilariose e borreliose
podem interferir na análise, demonstrando resultados falso-positivos em cães
(LUVIZOTTO, 2007). Resultados de estudos realizados por Dantas-Torres (2006)
mostraram que 83,3% dos cães com co-infecção (erlichiose e babesiose)
apresentaram soropositividade ao teste para leishmaniose. Esses resultados
sugerem a necessidade de mais de um método diagnóstico quando a pesquisa da
LVC em áreas onde existe a ocorrência também de erlichiose e babesioses canina.

Dentre os métodos moleculares, a reação em cadeia da polimerase (PCR)


permite identificar e ampliar seletivamente sequencias de DNA do parasito
(NOGUEIRA et al., 2009). A sensibilidade pode chegar a 88% logo após a infecção,
mas declina até cerca de 50% nos meses subsequentes (IKEDA-GARCIA &
FEITOSA, 2006). A principal desvantagem das técnicas moleculares é a
necessidade de equipamentos e tecnicos treinados (IKEDA-GARCIA &
MARCONDES, 2007).

A LVC, apesar dos inúmeros testes diagnósticos disponíveis, continua


representando um desafio, pois não existe um único método capaz de obter
sensibilidade e especificidade máxima, de forma a permitir um diagnóstico preciso
das diversas formas de apresentação da doença (LUVIZOTTO, 2007; SILVA et al.,
2006).

As alterações patológicas na LVC são causadas tanto pela ação direta do


parasita nos tecidos, levando à formação de lesões inflamatórias não supurativas,
quanto pela deposição de imunocomplexos em vários órgãos e tecidos,
principalmente no baço, fígado e rins. O estudo da resposta imunológica hospedeiro-
parasita como fator de desencadeamento e severidade das lesões clínicas é
essencial para melhor compreensão e caracterização da doença (MACHADO et al.,
2007). A fim de avaliar o papel do cão no ciclo de infecção da LVC, todas as
manifestações da doença devem ser conhecidas, incluindo avaliação clínica e
caracterização patológica da extensão e progressão das lesões em vários órgãos
comprometidos (ALVES et al., 2010).
7
OBJETIVOS

GERAL
Caracterizar as alterações histopatológicas provocadas pela Leishmaniose
Visceral Canina (LVC) em diferentes órgãos.

ESPECÍFICO
 Determinar as principais manifestações clínicas e alterações
macroscópicas em cães com LVC no Distrito Federal.
 Determinar as principais características histopatológicas nos linfonodos
(pré-escapulares, axilares e poplíteos), fígado, baço, rim, pele, olho,
pulmão, intestino, estômago e tecido nervoso de animais
diagnosticados com LV.
 Avaliar semi-quantitativamente a forma de distribuição, tipo de infiltrado
nos diferentes órgãos e presença das amastigotas nos tecidos.
 Comparar as diferenças entre os animais sintomáticos de cães
assintomáticos.

8
REFERÊNCIAS

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14
CAPÍTULO II

1. INTRODUÇÃO

A leishmaniose é uma doença endêmica que ocorre em vários


continentes predominantemente em regiões tropicais e subtropicais (MACHADO et
al., 2007). É considerada importante pelo impacto que produz na saúde pública,
notadamente pela alta incidência, letalidade e implicações econômicas, constituindo-
se sério problema sanitário e econômico-social pela depleção da força de trabalho.
O Brasil está entre os países da America Latina que apresentam cerca de 90% dos
novos casos anuais (LIMA et al., 2004; IKEDA-GARCIA & MARCONDES, 2007)

A LVC, inicialmente descrita como doença de ambiente silvestre ou rural, na


atualidade é apontada como doença reemergente com incidência crescente e em
franco processo de urbanização. No Brasil, a LVC encontra-se em expansão desde
1999 (BORASCHI E NUNES, 2007).

Os ciclos urbanos tem sido responsáveis pela expansão nos estados das
regiões centro-oeste e sudeste. As principais razões pelos níveis epidêmicos da LVC
nos grandes centros são o estreito convívio entre o homem e os reservatórios. Os

15
abrigos de animais domésticos próximos às habitações, a ausência de boas
condições de higiene e os capões de mata nativa próxima as moradias são fatores
que favorecem a concentração de flebótomos e de reservatórios mamíferos
próximos ao homem. A devastação de áreas silvestres fez com que os vetores e os
hospedeiros silvestres migrassem para o peridomicílio humano em busca de
alimento (NOGUEIRA et al., 2009).

Os cães representam importante modelo animal de estudo na LV, em função


da susceptibilidade da espécie ao parasito, da resposta orgânica frente ao patógeno
e, principalmente, pelo relevante risco à saúde pública devido à sua proximidade
com o homem (MACHADO et al., 2007). Os cães também possuem elevada
ocorrência de infecções inaparentes e, nos casos oligossintomáticos podem
apresentar intenso parasitismo cutâneo (BORASCHI & NUNES, 2007).

A ampla variedade de sinais clínicos torna o diagnóstico clínico difícil. Assim,


recomenda-se que o profissional subsidie o diagnóstico com achados clínico-
epidemiológicos e exames subsidiários citológicos, histológicos, parasitológicos,
sorológicos e/ou moleculares (ALBUQUERQUE et al. 2007). Ainda não está
disponível um teste que isoladamente, reúna todas as características consideradas
desejáveis para o diagnóstico, que sejam de fácil execução, custo acessível, rapidez
e alta especificidade e sensibilidade (IKEDA-GARCIA & MARCONDES, 2007).

De acordo com Machado et al. (2007) as principais lesões histopatológicas


observadas em cães são hipertrofia e hiperplasia das células do sistema fagocítico
mononuclear (principalmente do baço, linfonodo, fígado e medula óssea), inflamação
crônica na pele, reação inflamatória granulomatosa no fígado e no baço, pneumonia
intersticial e glomerulonefrite.

Todas as manifestações da LVC devem ser conhecidas a fim de avaliar o


papel do cão no ciclo da doença (ALVES et al., 2010).

Compreendendo as lesões da leishmaniose nos diferentes órgãos é possível


traçar estratégias para pesquisar as diferenças entre animais sintomáticos e
assintomáticos, com vistas à vigilância epidemiológica e ao controle da
disseminação da doença (CARVALHO et al., 2007).

16
2. MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi baseado em um levantamento nos arquivos do Laboratório de


Patologia Veterinária (LPV) da Universidade de Brasília (UnB) de cães necropsiados
com histórico e sorologia positiva confirmados pelo exame parasitológico (detecção
do parasita na citologia) e/ou PCR para Leishmaniose Visceral entre 2006 e 2009.

2.1 Animais

Os animais eram oriundos do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), do


hospital veterinário da UnB, de clínicas e propriedades particulares. Os animais
selecionados eram previamente eutanasiados e encaminhados ao LPV da UnB para
realização de necropsia. Esses animais foram divididos em grupos sintomáticos e
assintomáticos para efeito de comparação. O grupo dos animais sintomáticos foi
representado pelos animais que apresentaram sinais característicos da LVC no
exame externo como: linfadenopatia, alterações cutâneas, hepatoesplenomegalia,
caquexia, entre outros. O grupo dos animais assintomáticos foi definido pelos
animais sem qualquer sinal da leishmaniose.

2.2 Colheita de material e procedimento histopatológico:

Coletou-se fragmentos de linfonodos (pré-escapulares, axilares e poplíteos),


fígado, baço, rim, pele, olho, pulmão, estômago, intestino e tecido nervoso (13 cortes
do córtex frontal até medula cervical) para uma descrição histológica minuciosa das
lesões apresentadas em cada órgão. Esses fragmentos foram fixados em solução
de formalina tamponada 10% por no mínimo 48 horas, processados rotineiramente
para realização de cortes de 4µm e corados pela técnica hematoxilina e eosina (HE)
para avaliação morfológica. Quando necessário foram realizadas colorações
especiais como prata metanamina (PAMS) para visualizar espessamento e
duplicação da membrana basal glomerular, ácido periódico de Schiff (PAS) para
visualizar depósito de material PAS positivo ao redor das alças capilares e Vermelho
Congo (VG) para evidenciar deposição de material amilóide quando suspeito.

17
Realizou-se imuno-histoquímica nos cortes de tecido nervoso que
apresentaram inflamação. Utilizou-se o método peroxidase estreptavidina-biotina
com anticorpo policlonal contra a forma amastigota da Leishmania spp, utilizando o
kit da DAKO-USA. A inibição da peroxidase endógena realizou-se através da
incubação das lâminas em peróxido de hidrogênio a 3%, diluído em metanol,
durante 20 minutos. Os antígenos foram recuperados em tampão citrato, pH 6,0, a
97-99º C, durante 40 minutos. O bloqueio das proteínas inespecíficas foi feito com
soro de cabra diluído 1:10 com solução de PBS. A incubação com anticorpos
primários se deu por 18-20 horas a 4º C. Em seguida, as lâminas foram lavadas em
PBS, incubadas com anticorpo secundário biotinilado (DAKO, USA) por 30 minutos
em temperatura ambiente, lavadas com PBS e incubadas com complexo avidina-
peroxidase (DAKO, USA), durante 30 minutos em temperatura ambiente. A reação
foi revelada com o cromógeno - DAB (DAKO, USA). As lâminas foram contra-
coradas com Hematoxilina de Harris 1:10, em seguida, desidratadas e montadas
com bálsamo neutro. Tecidos de pele de animal positivo na pesquisa parasitológica
foram utilizados como controle positivo. Os cortes foram examinados em
microscópio óptico para pesquisa do complexo antígeno-anticorpo, principalmente
em locais com presença de infiltrado inflamatório de células mononucleares.

2.3 Avaliação histopatológica

A avaliação microscópica foi realizada sempre pelo mesmo observador.

A avaliação semi-quantitativa das lesões encontradas nos órgãos e tecidos


avaliados foi realizada pela descrição quanto à distribuição, natureza da lesão,
presença de parasitas nos tecidos e quanto à severidade sendo (-) = ausente, (+) =
discreto, (++) = moderado e (+++) = acentuado.

2.3.1 Linfonodo (pré-escapulares, axilares e poplíteos): avaliação da


presença de infiltrado e amastigota em cápsula; atrofia ou hipertrofia e
hiperplasia de folículos linfoides na região cortical; histiocitose sinusal
e/ou plasmocitose dos cordões medulares, hemossiderose e edema
perivascular.
18
2.3.2 Fígado: avaliação do tipo e distribuição do infiltrado inflamatório,
pesquisa de formas amastigotas, degeneração de hepatócitos e
congestão sinusoidal.

2.3.3 Baço: avaliação morfológica com especial atenção aos macrófagos da


polpa vermelha e zona marginal, pesquisa de amastigotas, avaliação
da polpa branca, hemossiderose e congestão.

2.3.4 Pele: avaliação da inflamação quanto à distribuição, localização,


intensidade e tipo de infiltrado, presença das amastigotas e alteração
do colágeno.

2.3.5 Rim: As lesões glomerulares foram classificadas segundo o critério de


classificação das glomerulonefrites pela World Health Organization
(WHO) que inclui: glomerulopatia com alterações mínimas,
glomeruloesclerose segmentar focal, glomerulonefrite
membranoproliferativa, glomerulonefrite proliferativa mesangial,
glomerulonefrite membranosa, glomerulonefrite crescêntica, e
glomerulonefrite crônica (CHURG et al., 1985). Avaliação das
alterações tubulares quanto à presença de fenômenos degenerativos,
de cilindros hialinos intratubulares, de formas amastigotas, tipo e
intensidade do infiltrado inflamatório e congestão.

2.3.6 Olho: avaliação de todo bulbo ocular quanto à inflamação, distribuição,


localização, intensidade e tipo de infiltrado e presença das
amastigotas.

2.3.7 Pulmão: avaliação da inflamação quanto à distribuição (localização),


intensidade e tipo de infiltrado, presença das amastigotas, edema,
congestão e antracose.

19
2.3.8 Intestino: determinação da inflamação quanto à intensidade, tipo de
infiltrado e avaliação da placa de Peyer.

2.3.9 Estômago: avaliação da inflamação quanto à intensidade, tipo de


infiltrado e mineralização.

2.3.10 Tecido nervoso: avaliação do infiltrado inflamatório (em 13 cortes, do


córtex frontal até medula cervical) quanto à distribuição (focal,
multifocal), localização (meninge ou parênquima cerebral), intensidade
e tipo (histioplasmocítico, linfoplasmocítico, linfohistiocítico).

2.4 Análise Estatística:

O grau de inflamação foi agrupado em duas categorias: ausência ou baixo


grau de inflamação (agrupando-se as frequências das categorias ausente e discreta)
e inflamação moderada ou severa (para as categorias moderada e acentuada).
Primeiramente foi testada a igualdade de distribuição de frequência dos dois graus
de inflamação e da carga parasitária entre animais sintomáticos e assintomáticos.
Quando não foram encontradas diferenças, os animais sintomáticos e
assintomáticos foram agrupados e testados quanto a igualdade de distribuição de
frequência entre as duas variáveis citadas e ao acaso. Ambos os testes foram
realizados através da aproximação ao Teste Exato de Fisher (ZAR, 1999). Também
comparou-se a igualdade de distribuição dos tipos de infiltrado inflamatório entre os
graus de inflamação e entre quadro clínico de forma similar à acima descrita, porém,
através do teste do Qui-quadrado (MOTTA, 2006). Foi utilizado um nível de
significância de p<0,05 para todas as análises.

20
3. RESULTADOS

Foram utilizados 63 cães com histórico de sorologia positiva para


Leishmaniose Visceral confirmados pelo parasitológico na citologia e/ou PCR, para
maior precisão da descrição microscópica da enfermidade.
De acordo com a apresentação de sinais clínicos, foram classificados neste
trabalho 45 (71,42%) cães sintomáticos e 18 (28,57%) assintomáticos.
Os principais sinais clínicos foram linfadenopatia (n=34 – 53,96%), lesões
alopécicas (n=33 – 52,38%), esplenomegalia (n=25 – 39,68%), hepatomegalia (n=23
- 36,50%), palidez das mucosas (n=16 – 25,39%), redução do escore corporal (n=9
– 14,28%), lesões de pele ulcerada (n=9 – 14,28%), seborreia seca / caspa (n=7 –
11,11%) e onicogrifose (n=1– 1,58%).
Nas lesões alopécicas observou-se maior ocorrência em membros (11-
33,33%), orelhas (9 – 27,27%), lesões generalizadas (6 – 18,18%), periocular (5 –
15,15%) e em dorso (2 – 6,06%);
Não foi constatada predisposição sexual nos cães acometidos (fêmea [33 –
52,39%] e macho [30 – 47,61%],
Quanto às raças acometidas, a prevalência de cães necropsiados foi: cães
sem raça definida (29 - 46,03%); pitbull (4 - 6,34%); rottweiler (4 – 6,34%); boxer (3 -
4,76%); fila brasileiro (3 – 4,76%); poodle (3- 4,76%); teckel (2- 3,17%); Dog Alemão
(2- 3,17%); labrador retrivier (2- 3,17%); Pastor Alemão (2- 3,17%); pug (2- 3,17%);
Akita (1- 1,58%); Fox Paulistinha (1- 1,58% ); Mastiff (1- 1,58%); Weimaraner (1-
1,58%); Doberman pinscher (1- 1,58%). Na análise das fichas em duas o item raça
não foi preenchido.

Avaliação histopatológica

Durante a avaliação histopatológica não encontrou-se associação


significativa entre grau de inflamação e apresentação dos quadros clínicos em
nenhum dos órgãos avaliados (p≥0,05). Foi demonstrada significativa associação,
em todos os órgãos testados com presença de amastigotas, de maior carga
parasitaria em animais com baixo grau de inflamação. Em determinados órgãos

21
sugeriram maior intensidade nessa relação, com p < 0,005 conforme demonstrado
na tabela 1.

Tabela 1: Valores de p para associação de maior carga parasitária em


tecidos de cães com baixo grau de inflamação levando em consideração a
significancia acima de 3,841.

Órgão Valor de p

Pulmão p = 33,43794

Rim p = 31,71895

Fígado p = 19,21302

Olho p = 15,57692

Baço p = 15,32426

Linfonodo p = 11,02763

Pele p = 5,24237

3.1 Alterações histológicas nos linfonodos

Dos 58 animais analisados 49 (84,48%) apresentaram alterações


inflamatórias na cápsula (figura 1) variando de discreta a acentuada. Destes, 35
(71,42%) pertenciam ao grupo dos sintomáticos e 14 (28,57%) aos assintomáticos.

Doze animais sintomáticos apresentaram discreto infiltrado na cápsula,


sendo que sete (58,33%) apresentaram infiltrado histioplasmocítico, quatro (33,33%)
linfoplasmocítico e um (8,33%) histiocítico. Catorze animais apresentaram infiltrado
moderado com 13 (92,86%) histioplasmocítico e apenas um (7,14%)
linfoplasmocítico. Nove animais apresentaram infintrado acentuado na cápsula,
sendo oito (88,89%) histioplasmocítico e um (11,11%) linfoplasmocítico.

Nos linfonodos, comparando-se infiltrado histioplasmocítico (HP) com os

22
outro tipos de infiltrados agrupados, observou-se que há predominância de infiltrado
HP em animais com inflamação moderada a acentuada (p≤0,05).
Juntamente o infiltrado, em 16 animais sintomáticos foi possível visualizar as
formas amastigotas da Leishmania spp (figura 2), sendo que em cinco (31,25%) a
carga parasitária foi discreta, em oito (50,00%) moderada e em três (18,75%)
acentuada.

Do grupo dos assintomáticos, 14 animais apresentaram infiltrado na cápsula.


Seis apresentaram infiltrado discreto, sendo três (50,00%) histioplasmocítico, um
(16,67%) linfoplasmocítico, um (16,67%) histiocítico e um (16,66%) plasmocítico.
Oito animais apresentaram infiltrado moderado, sendo sete histioplasmocítico
(87,50%) e um (12,50%) linfoplasmocítico. Dos assintomáticos, em apenas um
(6,67%) animal foi visualizado a presença discreta das formas amastigotas de
Leishmania spp.

Atrofia dos folículos linfoides foi visualizada em 22 animais sintomáticos e


oito assintomáticos. A graduação dessas lesões pode ser visualizada na tabela 2.
Em 26 animais foi visualizado hiperplasia e hipertrofia os folículos linfoides, sendo 19
sintomáticos e sete assintomáticos. No grupo dos animais sintomáticos, seis animais
também apresentaram atrofia em outros cortes de linfonodo.

Na região de seio medular foi observado histiocitose em 50 (86,20%) cães


(figura 3), sendo 40 (80,00%) do grupo dos sintomáticos e 10 (20%) dos
assintomáticos. Dos animais sintomáticos, 15 (37,5%) apresentaram histiocitose
discreta, 12 (30,00%) moderado e 13 (32,5%) acentuado. Dos 10 animais
assintomáticos quatro (40,00%) apresentaram histiocitose discreta, um (10,00%)
moderada e cinco (50,00%) acentuada. Juntamente com a histiocitose foi possível
visualizar presença formas amastigotas (figura 4) em 35 animais (60,34%), sendo 28
(80,00%) sintomáticos e sete (20,00%) assintomático. Dos animais sintomáticos 17
(60,71%) apresentaram discreta presença das amastigotas, cinco (17,86%)
moderada e seis (21,43%) acentuada. Dos animais assintomáticos, quatro (57,14%)
apresentaram discreta, dois (28,57%) moderada e um (14,29%) acentuada.

Nos cordões medulares 17 (29,31%) cães apresentaram plasmocitose,


sendo 13 (76,47%) animais do grupo dos sintomáticos e quatro (23,53%) dos

23
assintomáticos. Dos sintomáticos, dois (15,38%) apresentaram plasmocitose
discreta, oito (61,54%) moderado e três (23,08%) acentuado. Nos assintomáticos
três (75%) apresentaram plasmocitose discreta e apenas um (25%) acentuada.
Visualizou-se corpúsculo de Russel no interior dos plasmócitos em quatro animais.

Nos linfonodos também se observou hemossiderose em 47 animais


(81,03%), sendo 34 (72,35%) do grupo dos sintomáticos e 13 (27,65%)
assintomáticos. Dos animais sintomáticos 15 (44,11%) apresentaram hemossiderose
discreta, 11 (32,36%) moderada e oito (23,53%) acentuada. Dos assintomáticos,
cinco (38,46%) demonstrou hemossiderose discreta, seis (46,16%) moderada e dois
(15,38%) acentuada. Tais pigmentos dificultaram muito a visualização da presença
das formas amastigotas. Edema foi visualizado em 14 animais sintomáticos, sendo
dois (14,28%) discreto, em seis (42,86%) moderado e em seis (42,86%) acentuado.
Dos animais assintomáticos seis animais também apresentaram edema, sendo um
(16,66%) discreto, dois (33,34%) moderado e três (50,00%) acentuado.

24
Tabela 2: Resultados da avaliação histopatológica de linfonodos de 58 cães, sintomáticos e assintomáticos,
naturalmente infectados com Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília, 2010).

Região Área Grau Tipo infiltrado AMG Diagnóstico


Infiltrado
HP LP Ht Pl Atrofia HH HSD Edm
Córtex C/F S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A
A. 8 1 - - - - - - - - 27 14 - - - - - - - -

+ 12 6 7 3 4 1 1 1 0 1 5 1 8 4 9 4 - - - -

++ 14 8 13 7 1 1 0 0 0 0 8 0 10 3 9 2 - - - -

+++ 9 0 8 0 1 0 0 0 0 0 3 0 4 1 1 1 - - - -

Total 43 15 28 10 6 2 1 1 0 1 43 15 22 8 19 7 - - - -

Medula SM
A. - - - - - - 3 5 - - 15 8 - - - - 9 2 29 9
+ - - - - - - 15 4 - - 17 4 - - - - 15 5 2 1

++ - - - - - - 12 1 - - 5 2 - - - - 11 6 6 2

+++ - - - - - - 13 5 - - 6 1 - - - - 8 2 6 3

Total - - - - - - 43 15 - - 43 15 - - - - 43 15 43 15

CM
A. - - - - - - - - 30 11 - - - - - - - - - -

+ - - - - - - - - 2 3 - - - - - - - - - -

++ - - - - - - - - 8 0 - - - - - - - - - -

+++ - - - - - - - - 3 1 - - - - - - - - - -

Total - - - - - - - - 43 15 - - - - - - - - - -

A: ausente, (+) discreto; (++) moderado; (+++) acentuado; C / F: Cápsula ou Folículo; SM: Seio Medular; CM: Cordões Medulares; HP: Histioplasmocítico; LP:
Linfoplasmocítico; Ht: Histiocítico; Pl: Plasmocítico; AMG: amastigota; HH: hiperplasia e hipertrofia; HSD: hemossiderina; Edm: edema; S: sintomático; A: assintomático.

25
Figura 1: Infiltrado inflamatório acentuado em cápsula (seta) de linfonodo de um cão
com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

Figura 2: Infiltrado inflamatório em cápsula de linfonodo, com formas amastigotas de


Leishmania spp, dentro e fora do citoplasma de macrófagos, em um cão com
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

26
Figura 3: Histiocitose sinusal (seta) em linfonodo de um cão com Leishmaniose Visceral
Canina (HE – Brasília, 2010).

Figura 4: Amastigotas no citoplasma de macrófagos na região da histiocitose sinusal


em linfonodo de um cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).
27
3.2 Alterações histológicas no fígado.

Nos 57 animais analisados, 53 (92,98%) animais apresentaram algum tipo


de infiltrado inflamatório variando de discreto a moderado. Destes, 36 (67,92%)
pertenciam ao grupo dos sintomáticos e 17 (32,08%) dos assintomáticos. Quinze
animais sintomáticos (41,66%) apresentaram infiltrado discreto, sendo seis (40,00%)
histioplasmocítico, seis (40,00%) linfoplasmocítico, um (6,67%) linfohistiocítico, um
(6,67%) histiocítico e um (6,66%) linfocítico. Destes quinze animais nove (60,00%)
apresentaram distribuição periportal, três (20,00%) periportal e granuloma
intralobular, um (6,67%) apenas granuloma intralobular, um (6,67%) perivascular e
um (6,66%) em sinusóide.

Dos dezoito animais sintomáticos (50,00%) que apresentaram infiltrado


moderado, 12 (66,67%) eram histioplasmocítico, dois (11,11%) linfoplasmocítico,
dois (11,11%) linfohistiocítico e dois (11,11%) plasmocítico. Quanto à localização
nove (50,00%) animais apresentaram infiltrado periportal e granuloma intralobular,
cinco (27,78%) perivascular e quatro (22,22%) periportal.

Três (8,34%) animais sintomáticos apresentaram infiltrado acentuado sendo


um (33,33%) histioplasmocítico, um (33,33%) linfoplasmocítico e um (33,34%)
linfohistiocítico. Destes dois (66,67%) apresentaram distribuição periportal e
granuloma intralobular e um (33,33%) perivascular.

A distribuição periportal associada com granuloma intralobular pode ser


visualizada nas figuras 5 e 6.

Juntamente com infiltrado foi possível visualizar formas amastigotas (figura


7) em 23 (40,35%) animais. Destes, 15 (65,22%) eram animais sintomáticos e oito
(34,78%) assintomáticos. Dos animais sintomáticos, 11(73,34%) animais
apresentaram carga parasitária discreta, três (20,00%) moderada e um (6,66%)
acentuada.

No grupo dos animais assintomáticos, sete (41,17%) apresentaram infiltrado


inflamatório discreto sendo três (42,86%) histioplasmocítico, três (42,86%)
linfoplasmocítico e um (14,28%) linfohistiocítico. A distribuição foi cinco (71,42%)

28
periportal, um (14,29%) com periportal e granuloma intralobular e um (14,29%)
perivascular.

Oito (47,06%) animais assintomáticos apresentaram infiltrado moderado,


sendo sete (87,50%) histioplasmocítico e um (12,50%) linfoplasmocítico. A
localização foi dois (25,00%) periportal, quatro (50,00%) periportal e granuloma
intralobular e dois (25,00%) perivascular.

Dois (11,77%) animais assintomáticos apresentaram infiltrado acentuado,


sendo nos dois observados um infiltrado histioplasmocítico. A distribuição foi um
(50,00%) periportal e granuloma intralobular e um (50,00%) difuso.

Associado ao infiltrado inflamatório visualizou-se formas amastigotas, sendo


que em seis (75,00%) foi classificada como discreta e em dois (25,00%) acentuada.

Também foram observadas lesões degenerativas e congestivas. Em 35


animais sintomáticos e 18 assintomáticos a degeneração hidrópica pode ser
visualizada (tabela 3). As lesões congestivas estavam presentes em 37 animais
sintomáticos e 17 assintomáticos

Outros achados encontrados no fígado foram pigmentos de hemossiderina


(5 - 8,77%), necrose centrolobular (3 – 5,26%), hemorragia (1 – 1,75%),
degeneração glicogênica (4 – 7,01%), cirrose (1 - 1,75%), hemangiossarcoma (1 –
1,75%), edema perivascular acentuado (2 - 3,5%), retenção biliar (9 - 15,78%).

29
Tabela 3: Resultados da avaliação histopatológica do fígado de 57 cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados
com Leishmaniose Visceral Canina, no Distrito Federal (Brasília, 2010).

Grau AMG
Tipo infiltrado Distribuição infiltrado Diagnóstico
Infiltrado
PP E
HP LP LH Pl Ht Lf PP GIL PV DF SN Dg H Cong
GIL
S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A
3 1 - - - - - - - - - - - - 24 10 - - - - - - - - - - - - 4 0 2 1
Ausente
15 7 6 3 6 3 1 1 0 0 1 0 1 0 11 6 9 5 3 1 1 0 1 1 0 0 1 0 14 10 2 1
+
18 8 12 7 2 1 2 0 2 0 0 0 0 0 3 0 4 2 9 4 0 0 5 2 0 0 0 0 9 6 17 9
++
3 2 1 2 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0 0 2 1 0 0 1 0 0 1 0 0 12 2 18 7
+++
39 18 19 12 9 4 4 1 2 0 1 0 1 0 39 18 13 7 14 6 1 0 7 3 0 1 1 0 39 18 39 18
Total

(+) = discreto; (++) moderado; (+++) acentuado; HP – Histioplasmocítico; LP: Linfoplasmocítico; LH: Linfohistiocítico; Pl: Plasmocítico; Ht: Histiocítico; Lf: Linfocítico; PP: Periportal; PP e GIL:
Periportal e Granuloma Intralobular; GIL: Granuloma Intralobular; PV: Perivascular; DF: Difuso; SN: Sinusoide; AMG: Amastigota; Dg H: Degeneração Hidrópica; Cong: Congestão; S:
sintomático; A: assintomático.

30
Figura 5: Infiltrado inflamatório periportal (seta) associado com granuloma
intralobular (cabeça de seta) em fígado de um cão com Leishmaniose Visceral
Canina (HE – Brasília, 2010).

Figura 6: Formação de granuloma intralobular em fígado de um cão com


Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

31
Figura 7: Formas amastigotas de Leishmania spp (setas) em fígado de um cão com
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

32
3.3 Alterações histológicas no Baço

Dos 57 animais analisados, a hiperplasia e hipertrofia de polpa branca


esteve presente em 16 (28,07%) animais sendo 10 (62,5%) do grupo dos
sintomáticos e seis (37,5%) dos assintomáticos. Dos animais sintomáticos, quatro
(40,00%) apresentaram uma lesão discreta, quatro (40,00%) moderada e dois
(20,00%) acentuada. Dos animais assintomáticos, três (50,00%) apresentaram lesão
discreta e três (50,00%) moderada.

Formas amastigotas foram visualizadas em 14 animais sintomáticos (figura


8) e em seis animais assintomáticos. Do grupo dos sintomáticos, em sete (50,00%) a
presença das amastigotas foi discreta, em cinco (35,71%) moderada e em dois
(14,29%) acentuada. No grupo dos assintomáticos, em cinco (83,33%) visualizou-se
amastigotas de forma discreta e em um (16,67%) moderada.

Também foi visualizada hemossiderose e congestão. A hemossiderose foi


detectada em 48 (84,21%) animais sendo 38 (79,16%) do grupo dos sintomáticos e
10 (20,83%) do grupo dos assintomáticos. A congestão foi observada em 28
(49,12%) animais, sendo 18 (64,28%) sintomáticos e 10 (35,71%) assintomáticos. A
intensidade das lesões pode ser visualizada na tabela 3.

Periesplenite (figura 9) com infiltrado mononuclear foi detectada em sete


(12,28%) animais, sendo visualizadas formas amastigotas em quatro (57,14%)
destes animais.

Histiocitose (figura 10) foi observada em todos os animais que apresentaram


as formas amastigotas da Leishmania spp. Em geral a histiocitose localizou-se na
região subcapsular, por vezes organizada em forma de granulomas. Apenas um
animal apresentou histiocitose subcapsular, porém sem a visualização das formas
amastigotas.

33
Tabela 4: Resultados da avaliação histopatológica do baço de 57
cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com
Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília, 2010).

AMG Diagnóstico
HPB Cong HSD
S A S A S A S A
Ausente 28 9 32 9 24 5 4 5

+ 7 5 4 3 6 4 15 4

++ 5 1 4 3 8 6 18 4

+++ 2 0 2 0 4 0 5 2

Total 42 15 42 15 42 15 42 15

(+) = discreto; (++) moderado; (+++) acentuado; AMG: Amastigota; HPB: Hiperplasia de polpa
branca; Cong: Congestão; HSD: Hemossiderina; S: sintomático; A: assintomático

Figura 8: Formas amastigotas no baço de um cão com Leishmaniose Visceral


Canina (HE – Brasília, 2010).

34
A B

Figura 9: Periesplenite no baço de um cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).
(A) visualização da periesplenite (seta) no aumento de 40x. (B) Visualização da periesplenite (seta)
no aumento de 400x.

Figura 10: Histiocitose (setas) no baço de um cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília,
2010).

35
3.4Alterações histológicas na pele

Dos 45 animais analisados, foi observado infiltrado inflamatório (figura 11)


em 32 (71,11%) casos, variando de discreto a acentuado. Destes, 26 (81,25%)
pertenciam ao grupo dos sintomáticos e seis (18,75%) dos assintomáticos. No grupo
dos sintomáticos cinco (19,23%) cães apresentaram infiltrado discreto, sendo dois
(40,00%) linfoplasmocítico, um (20,00%) histioplasmocítico, um (20,00%)
plasmocítico e um (20,00%) histiocítico. Quanto a distribuição foram três (60,00%)
em derme superficial, um (20,00%) próximo de anexos e um (20,00%) perivascular.

Onze (42,30%) animais sintomáticos apresentaram infiltrado moderado.


Destes seis (54,55%) histioplasmocítico, dois (18,18%) linfoplasmocítico, um (9,09%)
linfohistiocítico, um (9,09%) plasmocítico e um (9,09%) histiocítico. A localização foi
dois (18,18%) em derme superficial, dois (18,18%) perifolicular e sete (63,64%)
próximo de anexos.

Dez (38,47%) animais sintomáticos apresentaram infiltrado acentuado,


sendo seis (60,00%) histioplasmocítico, um (10,00%) plasmocítico e três (30,00%)
histiocítico. Quanto a distribuição foram sete (70,00%) difusos, um (10,00%) em
derme superficial, um (10,00%) em derme profunda e um (10,00%) perifolicular.

Dos animais assintomáticos quatro (33,33%) apresentaram infiltrado


moderado sendo dois (50,00%) histioplasmocítico, um (25,00%) linfohistiocítico e um
(25,00%) histiocítico. Em um (25,00%) o infiltrado foi localizado em derme
superficial, um (25,00%) difuso, um (25,00%) perifolicular e um (25,00%) próximo de
anexos.

Dois (16,67%) animais assintomáticos apresentaram infiltrado acentuado,


um (50,00%) histioplasmocítico e um (50,00%) histiocítico, sendo os dois (100,00%)
próximo dos anexos cutâneos como folículo piloso, glândula sudorípara e glândula
sebácea.

Juntamente com o infiltrado, foi possível visualizar presença das formas


amastigotas em 19 (42,22%) animais (figura 12) sendo 15 (78,94%) animais
sintomáticos e quatro (21,05%) animais assintomáticos. A intensidade pode ser
visualizada na tabela 5.

36
Tabela 5: Resultados da avaliação histopatológica da pele de 45 cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente
infectados com Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília, 2010).

Grau Tipo infiltrado AMG Distribuição infiltrado


Infiltrado
HP LP LH Pl Ht DIFUS DS DP PF PA PV
S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A
Ausente 7 6 - - - - - - - - - - 18 8 - - - - - - - - - - - -

+ 5 0 1 0 2 0 0 0 1 0 1 0 5 3 0 0 3 0 0 0 0 0 1 0 1 0

++ 11 4 6 2 2 0 1 1 1 0 1 1 4 0 0 1 2 1 0 0 2 1 7 1 0 0

+++ 10 2 6 1 0 0 0 0 1 0 3 1 6 1 7 0 1 0 1 0 1 0 0 2 0 0

Total 33 12 13 3 4 0 1 1 3 0 5 2 33 12 7 1 6 1 1 0 3 1 8 3 1 0

(+) = discreto; (++) moderado; (+++) acentuado; HP – Histioplasmocítico; LP: Linfoplasmocítico; LH: Linfohistiocítico; Pl: Plasmocítico; Ht: Histiocítico; DIFUS: Difuso; DS: Derme
Superior; DP: Derme Profunda; PF: Perifolicular; PA: Próximo de anexos; PV: Perivascular; AMG: Amastigota; S: sintomático; A: assintomático

37
.

Figura 11: Infiltrado inflamatório difuso na derme de um cão com Leishmaniose


Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

Figura 12: Formas amastigotas, dentro e fora de macrófagos, na derme de um cão


com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

38
3.5 Alterações histológicas no rim

Dos 61 animais estudados, 45 (73,77%) apresentaram alteração inflamatória


intersticial variando de discreto a acentuado, com distribuição multifocal. Destes, 33
(73,34%) pertenciam ao grupo sintomático e 12 (26,66%) ao assintomático. O tipo
de infiltrado e severidade pode ser visualizado na tabela 6.
Fibrose intesticial foi observada em seis (9,83%) casos, sendo quatro
sintomáticos (um discreto, dois moderado e um acentuado) e dois assintomáticos
(um discreto e um moderado).
As alterações tubulares mais frequentes nos animais sintomáticos foram
representadas por degeneração hidrópica tubular variando de discreta a acentuada
em 35 animais (81,39%), cilindros hialinos intratubulares em 21 animais (48,83%) e
mineralização tubular em 10 animais (23,25%). Nos animais assintomáticos as
alterações tubulares observadas foram degeneração hidrópica em 16 (88,88%)
cilindros hialinos intratubulares em oito (44,44%) animais e mineralização tubular em
seis (33,33%) animais.
A deposição de lipofuscina no interior das células tubulares esteve presente
em 16 casos (26,22%), apresentando intensidade de rara a discreta. O grupo
sintomático abrangeu 14 casos (87,5%) e o grupo assintomático dois casos (12,5%).

Alterações glomerulares

Trinta e oito animais (62,29%), dos 61 cães estudados apresentaram


alterações glomerulares e destes, 28 (73,68%) pertenciam ao grupo sintomático e 10
(26,32%) ao assintomático.
As alterações glomerulares encontradas nesse estudo, foram classificadas de
acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde (CHURG et al., 1985) em
glomerulonefrite membranoproliferativa, glomerulonefrite membranosa,
glomeruloesclerose segmentar focal e glomerulonefrite proliferativa mesangial,
conforme ilustrado na figura 13. Não foi encontrado nenhum animal com
glomerulonefrite crônica ou amiloidose renal.

39
Figura 13: Frequência das glomerulopatias em 61 cães naturalmente infectados com
leishmaniose visceral – Brasília, 2011.

A glomerulonefrite membranoproliferativa foi o tipo mais frequente, sendo


observada em 20 casos (52,63%). Destes, quatro cães (20,00%) pertenciam ao
grupo assintomático e 16 (80,00%) ao sintomático. Proliferação celular e evidente
expansão da matriz mesangial foram visualizadas, associadas a alterações da
parede capilar glomerular (figura 14 A). A coloração PAS permitiu visualizar depósito
de material PAS positivo ao redor das alças capilares, enquanto que na coloração
PAMS foram visualizados espessamento e duplicação da membrana basal
glomerular (figura 14 B).
Glomerulonefrite membranosa foi observada em 10 casos (26,31%) sendo
três cães (30,00%) assintomáticos e sete (70,00%) sintomáticos. Todos os animais
apresentaram espessamento difuso da membrana basal glomerular com arquitetura
glomerular preservada e sem aumento da celularidade mesangial. Comumente, o
lúmen capilar encontrava-se diminuído ou até mesmo obliterado (figura 15 A). A
coloração PAS permitiu visualizar depósito de material PAS positivo ao redor das
alças capilares (figura 15 B), enquanto que na coloração PAMS, foram visualizados
espessamento e duplicação da membrana basal glomerular. Essas alterações
distribuíam-se de forma difusa por todo o glomérulo.
Glomeruloesclerose segmentar focal foi observada em cinco casos (13,15%).
Destes, dois cães (40,00%) pertenciam ao grupo assintomátco e três (60,00%) ao
sintomático. Todos os animais classificados com glomeruloesclerose focal
apresentaram, à microscopia de luz, esclerose do tufo glomerular associadas a
áreas de colapsos do lúmen capilar de distribuição focal. Observou-se material PAS

40
positivo nessas áreas focais de glomeruloesclerose, sugerindo a deposição de
glicocoproteínas. Não foram observadas alterações na membrana basal glomerular
na coloração PAMS.
Glomerulonefrite proliferativa mesangial foi observada em três casos (7,82%).
Destes, um cão (33,34%) pertenciam ao grupo assintomático e dois (66,66%) ao
sintomático. Todos os animais apresentaram proliferação de células mesangiais e
expansão da matriz mesangial sem alterações de parede capilar, distribuídas de
forma difusa por todo o glomérulo e com intensidade discreta. Comumente, o tufo
glomerular preencheu grande parte do espaço de Bowman. A parede dos capilares
glomerulares apresentou-se normal na coloração PAS e PAMS.
Dos 61 casos estudados, em 23 animais (37,7%) não foram encontradas
alterações glomerulares. Oito casos (34,78%) pertenciam ao grupo assintomático e
quinze (65,22%) ao grupo sintomático.
Formas amastigotas da Leishmania foram visualizados em seis (9,83%)
animais sintomáticos, destes quatro (66,66%) apresentaram carga parasitária
discreta, um (16,67%) moderado e um (16,67%) acentuado.
Cistos foram observados em 23 (37,70%) animais, destes 16 (69,56%)
pertenciam ao grupo sintomático sendo 12 (75,00%) discreto e quatro (25,00%)
acentuado. Sete (30,44%) animais pertenciam ao grupo dos assintomáticos, sendo
todos discretos.
Congestão foi visualizada em 51 animais (83,60%), destes 36 (70,58%)
animais pertenciam ao grupo dos sintomáticos e 15 (29,42%) ao assintomáticos.
Dos sintomáticos 10 (27,78%) apresentaram congestão discreta, 22 (61,11%)
moderada e quatro (11,11%) acentuado. No grupo dos assintomáticos sete (46,67%)
apresentaram congestão discreta, cinco (33,33%) moderada e três (20,00%)
acentuado.

41
Tabela 6: Resultados da avaliação histopatológica do rim de 61 cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com
Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília, 2010).

Grau Tipo infiltrado inflamatório intersticial Glomérulo AMG Diagnóstico


Infiltrado
HP LP LH Pl GNMP GNMB GNSF GNPM Dg H CHIT CISTO CONG
S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A
Ausente 10 6 - - - - - - - - - - - - - - - - 37 18 8 2 22 10 27 11 7 3

+ 11 5 0 2 8 2 0 0 3 1 4 2 1 3 2 1 2 1 4 0 20 8 5 5 12 7 10 7

++ 14 6 2 2 8 3 1 0 3 1 10 1 5 0 1 1 0 0 1 0 12 6 11 3 0 0 22 5

+++ 8 1 4 1 1 0 1 0 2 0 2 1 1 0 0 0 0 0 1 0 3 2 5 0 4 0 4 3

Total 43 18 6 5 17 5 2 0 8 2 16 4 7 3 3 2 2 1 43 18 43 18 43 18 43 18 43 18

(+) = discreto; (++) moderado; (+++) acentuado; HP – Histioplasmocítico; LP: Linfoplasmocítico; LH: Linfohistiocítico; Pl: Plasmocítico; GNMP: Glomerulonefruite; GNMB: Glomerulonefrite
membranosa; GNSF: Glomeruloesclerose Segmentar Focal; GNPM: Glomerulonefrite Proliferativa Mesangial; AMG: Amastigota; Dg H: Degeneração Hidrópica; CHIT: Cilindro Hialino Intratubular;
Cong: Congestão; S: sintomático; A: assintomático

42
Figura 14: Glomerulonefrite membranoproliferativa em um cão com Leishmaniose
Visceral Canina (Brasília, 2010) A. Proliferação e aumento da celularidade
mesangial; espessamento da parede capilar glomerular com diminuição de sua luz
(seta). Coloração HE. B. Espessamento e duplicação da membrana basal dos
capilares glomerulares (seta). Coloração PAMS.

Figura 15: Glomerulonefrite membranosa em cão com leishmaniose visceral


canina. (Brasília, 2010) A. Espessamento da parede capilar glomerular com
diminuição de sua luz (seta). Coloração HE. B. Depósito de material PAS
positivo ao redor de alças capilares (seta). Coloração PAS.

43
3.6 Alterações histológicas no olho

Dos 36 animais analisados 21 (58,33%) apresentaram infiltrado inflamatório,


sendo 14 (66,64%) do grupo dos animais sintomáticos e sete (33,33%) dos
assintomáticos. Dos animais sintomáticos seis (42,86%) apresentaram infiltrado
discreto, sendo três (50,00%) histioplasmocítico, um (16,67%) linfohistiocítico, um
(16,67%) histiocítico e um (16,66%) linfocítico. Destes animais três (50,00%)
apresentaram distribuição perivascular (figura 16) e três (50,00%) em conjuntiva
bulbar (figura 17).

Quatro (28,57%) animais sintomáticos apresentaram infiltrado inflamatório


moderado sendo dois (50,00%) histioplasmocítico, um (25,00%) histiocítico e um
(25,00%) linfocítico. Quanto a distribuição, foram dois (50,00%) casos em conjuntiva
bulbar, um (25,00%) perivascular e um (25,00%) na substância fibrilar da córnea.

Quatro (28,57%) animais sintomáticos apresentaram infiltrado inflamatório


acentuado, sendo três (75,00%) com infiltrado histioplasmocítico e um (25,00%)
histiocítico. Destes três (75,00%) apresentaram distribuição em conjuntiva bulbar e
um (25,00%) em córnea (figura 18).

No grupo dos animais assintomáticos, quatro (57,14%) apresentaram


infiltrado discreto constituído por infiltrado linfoplasmocítico em um (25,00%) animal,
um (25,00%) histiocítico, um (25,00%) linfocítico, e um (25,00%) plasmocítico. A
distribuição perivascular ocorreu em dois (50,00%) cães e periglandular em outros
dois (50,00%). Um animal apresentou infiltrado acentuado sendo histioplasmocítico
com localização perivascular.

Dois (28,57%) animais assintomáticos apresentaram infiltrado moderado,


representado por um (50,00%) histioplasmocítico e um (50,00%) linfoplasmocítico. A
localização foi um (50,00%) em conjuntiva bulbar e um (50,00%) perivascular.

Apenas um (14,29%) animal assintomático apresentou infiltrado acentuado


sendo histioplasmocítico perivascular (100,00%).

44
Formas amastigotas da Leishmania (figura 19) foram visualizadas em três
(14,28%) cães dos que apresentaram infiltrado inflamatório, conforme demonstrado
na tabela 7.

45
Tabela 7: Resultados da avaliação histopatológica do olho de 36 cães, sintomáticos e assintomáticos,
naturalmente infectados com Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília, 2010).

Grau Tipo infiltrado AMG Distribuição infiltrado


Infiltrado
HP LP LH Pl Ht Lf CB PV Co PG
S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A
Ausente 9 6 - - - - - - - - - - - - 21 12 - - - - - - - -

+ 6 4 3 0 0 1 1 0 0 1 1 1 1 1 0 1 3 0 3 2 0 0 0 2

++ 4 2 2 1 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 2 1 1 1 1 0 0 0

+++ 4 1 3 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 3 0 0 1 1 0 0 0

Total 23 13 8 2 0 2 1 0 0 1 3 1 2 1 23 13 8 1 4 4 2 0 0 2

(+) = discreto; (++) moderado; (+++) acentuado; HP – Histioplasmocítico; LP: Linfoplasmocítico; LH: Linfohistiocítico; Pl: Plasmocítico; Ht: Histiocítico; Lf:
Linfocítico; CB: Conjuntiva Bulbar; PV: perivascular; Co: Córnea; PG: Periglandular; AMG: Amastigota; S: sintomático; A: assintomático

46
Figura 16: Infiltrado inflamatório perivascular (seta) no olho de um cão com
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010)

Figura 17: Infiltrado inflamatório (seta) na conjuntiva bulbar do olho de um cão com
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010)

47
Figura 18: Infiltrado inflamatório (seta) em córnea do olho de um
cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010)

Figura 19: Inúmeras da formas amastigotas no olho de um cão com Leishmaniose


Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).
48
3.7 Alterações histológicas no pulmão
Dos 59 animais analisados, 29 (49,15%) apresentaram alterações
inflamatórias (figura 20), variando de discreta a acentuada. Destes, 20 (68,96%)
animais do grupo sintomático e nove (31,04%) assintomáticos. No grupo dos
sintomáticos sete (35%) apresentaram infiltrado discreto, sendo três (42,85%)
histiocítico, dois (28,57%) linfohistiocítico, um (14,29%) histioplasmocítico e um
(14,29%) plasmocítico. Quanto a distribuição foram quatro (57,14%) perivascular,
dois (28,57%) em septos e um (14,29%) peribronquiolar.

Onze (55%) animais sintomáticos apresentaram infiltrado moderado. Destes,


cinco (45,45%) histiocítico, três (27,28%) histioplasmocítico, um (9,09%)
linfoplasmocítico, um (9,09%) linfohistiocítico e um (9,09%) linfocítico. Quanto à
localização foram cinco (45,45%) perivascular, quatro (36,36 %) em septo alveolar, e
dois (18,19%) peribronquiolar.

Dois (10%) animais sintomáticos apresentaram infiltrado acentuado, sendo


um (50,00 %) histioplasmocítico e um (50,00%) histiocítico. Um (50,00%) em septo
alveolar e um (50,00%) perivascular.

Dos animais assintomáticos seis apresentaram infiltrado discreto. Destes,


dois (33,32%) histiocítico, um (16,67%) linfoplasmocítico, um (16,67%)
linfohistiocítico, um (16,67%) histioplasmocítico e um (16,67%) eosinofílico. Quanto
a localização foram quatro (66,67%) perivascular, um (16,67%) em septo alveolar e
um (16,67%) focal.

Três animais assintomáticos apresentaram infiltrado moderado. Sendo, um


(33,33%) linfoplasmocítico, um (33,33%) histioplasmocítico e um (33,34%)
histiocítico. Estavam localizados um (33,33%) em septo alveolar, um (33,33%)
perivascular e um (33,34%) peribronquiolar .

Amastigotas (figura 21) foram visualizadas em três (5,08%) cães


sintomáticos sendo em dois com carga parasitária discreta e um moderada.

49
Congestão foi observada em 58 (98,30%) animais. Destes, 42 (72,42%)
animais sintomáticos e 16 (27,58%) animais assintomáticos. Edema estava presente
em 38 (64,40%) animais. Destes, 27 (71,06%) animais sintomáticos e 11 (28,94%)
animais assintomáticos. Antracose foi visualizada em 30 (50,84%) animais. A
severidade das lesões pode ser visualizada na tabela 8.

50
Tabela 8: Resultados da avaliação histopatológica do pulmão de 59 cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados
com Leishmaniose Visceral Canina (Brasília, 2010).

Grau Tipo infiltrado Distribuição infiltrado AMG Diagnóstico


Infiltrado
LP LH HP Ht Pl Eo Lf SEP PV FC PB edm Cong ant
S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A
Ausente 23 7 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 40 16 16 5 1 0 20 9

+ 7 6 0 1 2 1 1 1 3 2 1 0 0 1 0 0 2 1 4 4 0 1 1 0 2 0 9 1 3 0 12 4

++ 11 3 1 1 1 0 3 1 5 1 0 0 0 0 1 0 4 1 5 1 0 0 2 1 1 0 13 5 23 5 11 2

+++ 2 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 5 5 16 11 0 1

Total 43 16 1 2 3 1 5 2 9 3 1 0 0 1 1 0 7 2 10 5 0 1 3 1 43 16 43 16 43 16 43 16

(+) = discreto; (++) moderado; (+++) acentuado;; LP: Linfoplasmocítico; LH: Linfohistiocítico; HP: Histioplasmocítico; Ht: Histiocítico; Pl: Plasmocítico; Eo: eosinofílico; Lf: Linfocítico; SEP:
Septo; PV: Perivascular; FC: Focal; PB: Peribronquiolar; AMG: Amastigota; Edm: Edema; Cong: Congestão: Ant: Antracose. S: sintomático; A: assintomático.

51
Figura 20: Infiltrado inflamatório histioplasmocítico perivascular (setas) no
pulmão de um cão com Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

Figura 21: Presença de amastigotas associado ao infiltrado inflamatório


histioplasmocítico perivascular no pulmão de um cão com Leishmaniose
Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

52
3.8Alterações histológicas no intestino

Dos 61 animais analisados, 44 (72,13%) apresentaram infiltrado inflamatório.


Sendo 29 (65,90%) do grupo dos sintomáticos e 15 (34,10%) do grupo dos
assintomáticos. Dezenove (65,52%) animais sintomáticos apresentaram infiltrado
inflamatório discreto, sendo que 18 (94,74%) animais apresentaram infiltrado por
eosinófilos e apenas um (5,26%) por histiócitos. Nove (31,03%) animais
apresentaram infiltrado moderado constituído por histiócitos em três (33,34%) casos,
eosinófilos em dois (22,22%) casos, linfoplasmocítico em dois (22,22%) casos e
plasmocítico em dois (22,22%) casos. Apenas um (3,45%) animal apresentou
infiltrado acentuado constituído por histiócitos (100,00%).

No grupo dos assintomáticos 10 (66,66%) animais apresentaram infiltrado


inflamatório discreto sendo sete (70,00%) constituído por eosinófilos, dois (20,00%)
por plasmócitos e um (10,00%) por histiócitos. Cinco (33,34%) animais
apresentaram infiltrado moderado sendo três (60,00%) histiocítico, 1 (20,00%) por
eosinófilos e um (20,00%) linfohistiocítico

A placa de Peyer estava aumentada (figura 22) em nove animais sendo


cinco (55,56%) do grupo dos sintomáticos e quatro (44,44%) do grupo dos
assintomáticos.

53
Tabela 9: Resultados da avaliação histopatológica do intestino
de 61 cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente
infectados com Leishmaniose Visceral Canina (Brasília, 2010).

Grau Tipo infiltrado


Infiltrado
Eo LP LH Ht Pl
S A S A S A S A S A S A
Ausente 15 2 - - - - - - - - - -

+ 19 10 18 7 0 0 0 0 1 1 0 2

++ 9 5 2 1 2 0 0 1 3 3 2 0

+++ 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0

Total 44 17 20 8 2 0 0 1 5 4 2 2

(+) = discreto; (++) moderado; (+++) acentuado; Eo: Eosinófilo; LP: Linfoplasmocítico; LH:
Linfohistiocítico; Ht: Histiocítico; Pl: Plasmocítico; S: sintomático; A: assintomático.

Figura 22: Placa de Peyer aumentada (seta) no intestino de um cão Visceral


Canina (HE – Brasília, 2010).

54
3.9 Alterações histológicas no estômago

Dos 56 animais analisados apenas 10 (17,85%) apresentaram infiltrado


inflamatório em mucosa e submucosa gástricas, sendo seis (60%) do grupo dos
sintomáticos e quatro (40%) do grupo dos assintomáticos. Nos sintomáticos, três
(50%) apresentaram infiltrado discreto sendo dois (66,67%) linfocíticos e um
(33,33%) histioplasmocítico. Três (50%) apresentaram infiltrado moderado sendo um
(33,33%) histioplasmocítico, um (33,33%) linfohistiocítico e um (33,34%) eosinofílico.

No grupo dos assintomáticos, os quatro apresentaram infiltrado discreto


sendo três (75,00%) linfocítico e um (25,00%) histioplasmocítico.

Mineralização em mucosa e submucosa (figura 23) foi visualizada em seis


(10,71%) casos sendo cinco (83,34%) no grupo dos sintomáticos e um (16,66%) nos
assintomáticos. A severidade da lesão pode ser visualizada na tabela 10.

Formas amastigotas não foram encontradas.

Tabela 10: Resultados da avaliação histopatológica no estômago


de 56 cães, sintomáticos e assintomáticos, naturalmente
infectados com Leishmaniose Visceral Canina (Brasília, 2010).

Grau Tipo infiltrado Diagnóstico


Infiltrado

HP LH Lf Eo MINER
S A S A S A S A S A S A
Ausente 35 11 - - - - - - - - 36 14

+ 3 4 1 1 0 0 2 3 0 0 0 0

++ 3 0 1 0 1 0 0 0 1 0 2 0

+++ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 1

Total 41 15 2 1 1 0 2 3 1 0 41 14

(+) = discreto; (++) moderado; (+++) acentuado;; HP: Histioplasmocítico; LH: Linfohistiocítico;
Lf: Linfocítico; Eo: Eosinófilo; MINER: Mineralização; S: sintomático; A: assintomático.

55
Figura 23: Mineralização acentuada (seta) na mucosa gástrica de um cão com
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010)

56
3.10 Alterações histológicas sistema nervoso central

A principal alteração histopatológica observada no sistema nervoso central


(SNC) dos animais do estudo foi infiltrado inflamatório (figura 24) localizado nas
meninges e perivascular no parênquima cerebral em 14,66% dos cães com LVC
variando de leve a moderada em intensidade.

Quarenta (42,10%) cortes apresentaram infiltrado linfohistiocítico em 24


(60,00%) sintomáticos e 16 (40,00%) assintomáticos. Trinta e quatro (35,78%) cortes
apresentaram infiltrado linfoplasmocítico, destes 24 (70,58%) sintomáticos e 10
(29,41%) assintomáticos. Infiltrado histioplasmocítico foi observado em 21 (22,10%)
cortes sendo nove (42,85%) em sintomáticos e 12 (57,14%) assintomáticos.

Quanto à distribuição 75 (78,94%) cortes apresentaram distribuição


multifocal em 40 (53,33%) sintomáticos e 35 (46,66%) assintomáticos. Vinte
(21,05%) cortes apresentaram distribuição focal. Destes 17 (85%) pertenciam aos
sintomáticos e três (15%) aos assintomáticos.

Quanto à localização 79 (83,15%) das amostras apresentaram infiltrado em


meninges, sendo 45 (56,96%) sintomáticos e 34 (43,03%) assintomáticos.
Dezesseis (16,84%) cortes apresentaram infiltrado perivascular no parênquima
cerebral; destes 12 (75,00%) sintomáticos e quatro (25,00%) assintomáticos.

Não foram observadas quaisquer alterações degenerativas ou necróticas em


todas as regiões analisadas.

As principais regiões do SNC com alterações inflamatórias podem ser


visualizadas na tabela 11.

Nos testes imuno-histoquímicos não foram encontrados formas amastigotas


do parasita nas diversas secções do SNC dos animais que apresentaram alterações
inflamatórias.

57
Tabela 11: Regiões do tecido nervoso com infiltrado inflamatório, de cães sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com
Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal (Brasília, 2010).

Região
CF CP CT CO CI HP TL CL PT OB CB ME
S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A S A
Ausente 31 17 29 13 27 17 27 12 30 16 30 19 32 17 32 15 32 18 33 19 30 14 30 19

+ 4 2 5 4 6 1 8 5 5 2 4 0 3 2 3 3 3 0 2 0 5 5 5 0

++ 0 0 1 2 2 1 0 2 0 1 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0

+++ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Total 35 19 35 19 35 19 35 19 35 19 35 19 35 19 35 19 35 19 35 19 35 19 35 19

CF: Córtex Frontal; CP: Córtex Parietal; CT: Córtex Temporal; CO: Córtex Occipital; CI: Cápsula Interna; HP: Hipocampo; TL: Tálamo; CL: Colículo; PT: Ponte; OB: Óbex; CB: Cerebelo; ME:
Medula Espinhal; S: sintomático; A: assintomático.

58
Tabela 12: Resultados da avaliação histopatológica do tecido nervoso de cães
sintomáticos e assintomáticos, naturalmente infectados com Leismaniose Visceral
Canina no Distrito Federal (Brasília, 2010).

Tipo infiltrado Distribuição Local


HP LP LH FC MF M PVP
S A S A S A S A S A S A S A
Ausente - - - - - - - - - - - - - -

+ 6 10 24 9 23 10 15 3 38 26 41 28 12 1

++ 3 2 0 1 1 6 2 0 2 9 4 6 0 3

+++ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Total 9 12 24 10 24 16 17 3 40 35 45 34 12 4

(+) = discreto; (++) moderado; (+++) acentuado; HP – Histioplasmocítico; LP: Linfoplasmocítico; LH: Linfohistiocítico; FC:
Focal; MF: Multifocal; M: Meninge: PVP: Perivascular no parênquima; S: sintomático; A: assintomático.

Figura 24: Infiltrado inflamatório (seta) perivascular no tecido nervoso de um cão com
Leishmaniose Visceral Canina (HE – Brasília, 2010).

59
4. DISCUSSÃO

A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de grande impacto na saúde


pública e no Brasil encontra-se amplamente difundida (SANTOS et al., 2010). É uma
doença progressiva crônica que é frequentemente fatal (CALABRESE et al., 2010).
Atualmente é considerada uma das seis principais doenças endêmicas de prioridade
no mundo (MOREIRA et al., 2010).

Os principais sinais clínicos observados nos cães do Distrito Federal com


LVC encontrados foram linfadenopatia, lesões alopécicas, hepatoesplenomegalia e
palidez das mucosas. Todos os sinais clínicos encontrados já foram previamente
descritos em cães com LVC (MARZOCHI et al., 1985; SLAPPENDEL, 1988;
DENEROLLE, 1996; CIAMARELLA et al., 1997; FERRER, 1999; KOUTINAS et al.,
1999; FEITOSA et al., 2000; AMUSATEGUI et al., 2003; ZARAGOZA et al., 2003;
ALMEIDA et al., 2005; AGUIAR et al., 2007; ALBUQUERQUE et al., 2007).
Todavia, Lima (2007) descreveu que os sinais clínicos mais comuns na LVC são
febre, descamação, eczema e ulcerações leves, principalmente no espelho nasal,
orelha, cauda e articulações, pêlos opacos e úlceras de decúbito. Estas diferenças
observadas nas manifestações clínicas da LVC possivelmente se devam a um
variado espectro de lesões e alterações patológicas, sendo esses derivados das
complexas interações da relação do parasito com seu hospedeiro (GENARO, 1993).

Linfadenopatia foi à principal alteração detectada nos cães do DF com LVC.


Esta alteração também foi predominante em cães infectados pelo parasita em outras
regiões do País (KONDO, 2008). Acredita-se que o aumento generalizado dos
linfonodos esteja associado ao acúmulo de células fagocíticas mononucleares que
levam à hipertrofia e hiperplasia desse órgão (MALLA & MAHAJAN, 2006).
As lesões alopécicas ocorreram com maior frequencia nos membros e
orelhas. Ciamarella et al. (1997) observaram alopécia, geralmente iniciando na
cabeça (especialmente ouvidos e região dos olhos) e estendendo para o restante do
corpo. Nogueira et al. (2009) descrevem alopecia, principalmente, ao redor dos
olhos, nariz, boca e orelhas. Um das explicações, de acordo com Hommel (1978),
estaria associada a ação direta da Leishmania spp. sobre o folículo piloso ou por
distúrbios do metabolismo do ácido pantotênico causado por lesões hepáticas, ou
60
ainda pela deposição de imunocomplexos na membrana basal da pele induzindo
um processo auto-imune que desencadearia a alopecia.
Hepatoesplenomegalia foi o terceiro sinal mais observado e com grande
frequência é encontrada nas fases mais adiantadas da doença (LIMA, 2007). No
entanto o aumento desses órgãos não é necessariamente sempre observado na
doença (MELO, 2005). Estas diferenças, assim como acontece com outras
alterações clínicas, possivelmente sejam decorrentes à complexidade das alterações
provocadas pelo parasita e resposta do hospedeiro.
Mucosas hipocoradas também foi relatada nos animais necropsiados no DF.
A anemia pode estar diretamente relacionada à sintomatologia da LV, pois tem sido
freqüentemente descrita em associação à enfermidade (DEDET, 1979;
SLAPPENDEL, 1988; CIRAMELLA et al., 1997; MOURA et al., 2002; AGUIAR et al.,
2007). A anemia na LVC é de origem multifatorial e pode estar associada a perdas
sanguíneas (epistaxe, ulcerações na pele, perdas intestinais, hematúria), hemólise,
inflamações generalizadas e insuficiência renal com a diminuição da produção de
eritropoietina (KOUTINAS et al., 1999; COSTA-VAL et al., 2007). A ação nociva
direta do parasita na medula óssea também poderia explicar a hipoplasia ou aplasia
medular como causa de anemia severa em cães com a doença (PRATA & SILVA,
2005). Além disso, uma diminuição da maleabilidade dos eritrócitos encontrada em
cães com a doença pode promover o sequestro esplênico e destruição dessas
células (De LUNA et al., 2000).
Outro sinal observado foi à baixa condição corporal. Para Abranches et al.
(1998), a caquexia pode ocorrer na fase final da infecção e com frequência progrede
para emaciação, tanto em humanos quanto em animais. Níveis elevados do Fator de
Necrose Tumoral (TNF) durante a infecção pelo parasita poderia ser um dos
responsáveis tanto pelo emagrecimento quanto pela desorganização do tecido
linfóide. Santana et al. (2008) observaram que existem associações entre alterações
morfológicas no baço e emagrecimento. Segundo Melo (2005), o emagrecimento
pode também ser devido à infiltração do parasita na mucosa do aparelho digestivo
ou em virtude do desequilíbrio protéico que induz a uma albuminúria.

As úlceras cutâneas também foram um sinal clínico encontrado nos animais


avaliados no DF. Pequenas úlceras rasas, localizadas mais frequentemente nas
orelhas, focinho, cauda e articulações são visualizadas na LVC (BRASIL, 2006). A
61
presença dessa lesão está creditada à resposta do hospedeiro vertebrado
diretamente contra o parasita na pele e também à vasculite necrosante causada por
deposição de imunocomplexos (RIDLEY & RIDLEY, 1983; PUMAROLA et al., 1991).

Na população de cães avaliada não foi constatada predisposição sexual de


maneira similar ao observado em outras descrições da doença (NOLI, 1999;
FEITOSA et al., 2000; AMUSATEGUI et al., 2003; ZATELLI et al., 2003). Até o
momento são desconhecidos fatores que possam influenciar na predisposição
sexual para ocorrência da LVC, entretanto, é importante ressaltar que nas fêmeas,
durantes flutuações hormonais do ciclo estral possa haver alguma interferência
sobre a disseminação e capacidade de infecção do parasita, ainda não
caracterizada.

As principais raças acometidas foram cães sem raça definida e raças


utilizadas como cães de guarda, porém ainda não foi verificada predisposição racial
com a infecção do animal (BRASIL, 2006). Parece bastante evidente que o modo de
vida de cada cão possa favorecer a sua exposição aos vetores e, por conseguinte a
infecção, como é o caso de cães de guarda noturnos (SANTOS et al., 2010).
Acredita-se que as raças miniaturas sejam menos afetadas por comumente viverem
no interior dos domicílios (CIAMARELLA et al., 1997; AMUSATEGUI et al., 2003). Os
animais sem raça definida, em sua maioria eram oriundos de regiões do DF
habitadas por população de baixa renda, onde se concentram maior número de
animais errantes e também os casos de LVC. Isto poderia explicar a maior
quantidade de animais SRD observados nesse levantamento.
A infecção no cão com L. chagasi, principal agente causador da LVC no
Brasil, é clinicamente semelhante à infecção humana (ALVES et al., 2010). Em
virtude da necessidade de notificação compulsória da doença, o diagnóstico da LVC
deve ser feito de forma precisa (NOGUEIRA et al., 2009). Compreendendo as lesões
da Leishmaniose nos diferentes órgãos, é possível traçar estratégias para pesquisar
as diferenças fundamentais entre animais sintomáticos e assintomáticos, com vistas
à vigilância epidemiológica eficaz e ao controle da disseminação da doença
(CARVALHO et al., 2007).

62
Apesar do fato da linfadenomegalia generalizada ser uma característica
clínica clássica descrita na LVC o aspecto histológico do linfonodo ainda é pouco
investigado (GIUNCHETTI et al., 2007; LIMA et al., 2004).
Foram encontradas hiperplasia e hipertrofia dos folículos linfoides em
73,08% animais sintomáticos e 26,92% dos animais assintomáticos. Todavia, a
hipertrofia e hiperplasia da zona cortical do linfonodo é a principal característica dos
cães assintomáticos, enquanto atrofia da zona cortical é o achado histopatológico
predominante nos animais sintomáticos (GIUNCHETTI et al., 2007). Atrofia dos
folículos linfoides foi visualizada 73,34% animais sintomáticos e 26,66%
assintomáticos nos cães do DF. De acordo com Giunchetti et al. (2007), depleção de
estruturas foliculares e linfócitos, os quais tem sido substituídos principalmente por
macrófagos, são as principais características histológicas do linfonodo nas zonas
corticais. Segundo Moreira et al. (2010) pode-se visualizar características
histopatológicas similares entre linfonodos de cães com leishmaniose,
independentemente do estágio clínico da doença.
Na região de seio medular foi observada histiocitose em 50 (86,20%)
animais. Nos linfonodos, o aumento de número e tamanho dos folículos linfoides e a
hipertrofia e hiperplasia dos macrófagos medulares (cordões e seios) explicam a
linfadenomegalia observada clinicamente (MOREIRA et al., 2010; LIMA et al., 2004).
Juntamente com a histiocitose foi possível visualizar formas amastigotas em
35 (60,34%) animais, sendo 28 (80%) animais sintomáticos e 7 (20%) assintomático.
Formas amastigotas de leishmania costumam ser facilmente encontradas dentro de
macrófagos nos cordões medulares e sinus (LIMA et al., 2004). A presença de
macrófagos altamente parasitados no parênquima de órgãos linfóides de animais
assintomáticos também foi observada, sendo uma observação de importância na
epidemiologia da doença (ABRANCHES et al., 1998; NATAMI et al., 2000; LIMA et
al., 2004; XAVIER et al., 2006).
Nos cordões medulares 17 (29,31 %) animais apresentaram plasmocitose. O
grande número de plasmócitos é achado frequente em linfonodos, assim como em
outros órgãos linfoides como o baço (TAFURI, 1995). Estas características também
tem sido demonstradas na leishmaniose visceral humana (MOREIRA et al., 2010). O
infiltrado de plasmócitos é esperada devido ativação policlonal e proliferação de
linfócitos B, que induz aumento destas células no córtex, centro germinativo e

63
cordões medulares dos linfonodos (MOREIRA et al., 2010). Infiltrado celular na
região medular do linfonodo de cães infectados por L. chagasi foram principalmente
caracterizados pela hipertrofia e hiperplasia dos plasmócitos quando comparados
com a frequência de macrófagos e linfócitos. Este tem sido identificado como o
achado histológico mais relevante da região medular (GIUNCHETTI et al., 2007).

Visualizou-se corpúsculo de Russel nos plasmócitos em quatro animais,


corroborando com os achados de Tafuri (1995), Martinez-Moreno et al. (1993), Lima
et al. (2004) e Lima et al. (2007) que observaram nos cordões medulares a
predominância de plasmócitos, às vezes com a formação de corpúsculos de Russell.
Alterações inflamatórias na cápsula dos linfonodos foram visualizadas em
84,48% dos animais analisados. Na maioria dos casos, apresenta-se espessada e
invadida por infiltrado inflamatório mononuclear (KONDO et al., 2009; LIMA et al.,
2007; LIMA et al., 2004). Infiltrado histioplasmocítico foi visualizado em 77,55% dos
animais na região capsular. Conforme Lima et al. (2004), em cães com LVC,
macrófagos são as principais células inflamatórias presentes na cápsula e alguns
apresentaram formas amastigotas no citoplasma. Isto é reforçado pelo achado das
formas amastigotas do parasita em 34,69% dos animais, o que pode ter influenciado
na migração e acúmulo de macrófagos no local.
Edema em linfonodos foi visualizado em aproximadamente um terço dos
animais analisados. Lima et al. (2004) descreveram que edema pode ser encontrado
em alguns casos no cordões e sinus como um fluido tissular extracelular eosinofílico
e amorfo, provavelmente devido ao processo inflamatório local que gera aumento
da permeabilidade.

Depósitos de hemossiderina foram encontrados em 81,03% linfonodos dos


animais avaliados. Lima et al. (2004) observaram pequenos granulos de pigmentos
hemosiderina dentro dos macrófagos dos cordões medulares e sinus. Todavia em
outros estudos, congestão e presença de hemossiderina foram alterações
encontradas em baixa frequência (LIMA et al., 2007; MOREIRA et al., 2010). A
diminuição dos valores séricos de ferro e o aumento da ferritina na LVC (LISTE-
BURILLO et al., 1994) poderia explicar a hemossiderose.

Quanto à avaliação histológica hepática dos animais avaliados 92,98%


apresentaram algum tipo de infiltrado inflamatório no órgão, variando de discreto a
64
moderado e predominantemente de natureza histioplasmocítica. No fígado de
animais com LVC geralmente é encontrado infiltrado mononuclear (plasmo-histio-
linfocitário) nos espaços porta e no interior de lóbulos (granulomas intralobulares)
(CHUNG et al., 1940; BRENER, 1957; KEENAN et al., 1984; GENARO,1993;
TAFURI et al., 1996; TAFURI et al., 2001).

Em muitas partes do mundo, com algumas variações geográficas, doença


hepática e diversas alterações histopatológicas associadas tem sido descritas na
LVC e doença visceral humana (MELO et al., 2008). Na leishmaniose, semelhante a
outras doenças causadas por parasitas intracelulares, a resposta imunológica celular
é primordial na determinação de recuperação ou resistência às doenças (KAYE et
al., 2004). Na LV os no fígado parece correlacionar com controle espontâneo e
infecções de manutenção em um estado subclínico. No entanto, a eficácia
antimicrobiana da resposta granulomatosa parece ser não totalmente eficaz, e
depende de fatores determinantes do hospedeiro e dos agentes patogênicos
(MURRAY, 2001).
A distribuição do infiltrado inflamatório periportal associado ou não à
granuloma intralobular também foi uma achado importante na LVC em cães do DF.
Dentre as principais alterações histopatológicas no figado de animais infectados com
LV, tem sido destacado o infiltrado portal e granulomas intralobular (LIMA et al.,
2004; SANTANA et al., 2007). De acordo com Santana et al. (2007) há pouca
informação sobre a associação entre aspectos clínicos, patogênicos e
histopatológicos de granulomas hepáticos causados por L. chagasi em cães.
Considera-se importante muitas formações de granulomas hepáticos intralobulares,
com tamanho variável, constituído por macrófagos (parasitados ou não com
amastigotas de L. chagasi), algumas células epitelioides, pequeno número de
linfócitos, células plasmáticas e raros neutrófilos.
Cães assintomáticos apresentaram números mais altos de granulomas
hepáticos que animais sintomáticos (LIMA et al., 2004; SANTANA et al., 2007). Rállis
et al. (2005) também não observaram uma associação entre as lesões
histopatológicas aos sinais clínicos de LVC ou a carga de amastigotas nos tecidos
do fígado. Investigações futuras são necessárias para definir melhor a relação entre
as lesões hepática granulomatosas e LVC.

65
Juntamente com infiltrado, foi possível visualizar formas amastigotas no
fígado de 40,35% cães. Destes 65,22% eram sintomáticos e 34,78%
assintomáticos. Provavelmente esta diferença observada entre os grupos clínicos
seja decorrente da diferença do número de animais em cada grupo. Avaliando-se
separadamente cada grupo observa-se que 38,46% dos animais sintomáticos e
44,44% dos assintomáticos apresentaram formas amastigotas no tecido hepático.
Diferenças de parasitismo tecidual entre os grupos clínicos também não foi
encontrado por Lima (2007).
Em 92,98% dos animais analisados foi visualizada degeneração hidrópica
nos hepatócitos. Lima (2007) observou degeneração hepática em 100% dos casos
estudados. Uma possível explicação para isso, seria a redução do fluxo sanguíneo
para órgão, decorrente à compressão vascular causada pelo infiltrado inflamatório
periportal (KUMMAR et al., 2005)
A hiperplasia e hipertrofia de polpa branca também foi uma alteração
esplênica frequente nos cães do DF. Corroborando com esta observação, a
hiperplasia linfoide do órgão tende a ser mais intensa em cães sintomáticos (LIMA et
al., 2007). Todavia, Melo (2005) descreve que o baço apresenta hipotrofia da polpa
branca, já Santana et al. (2008) observaram hiperplasia nos animais assintomáticos
e hipotrofia nos animais sintomáticos. Segundo estes autores, hiperplasia seguido
de atrofia do folículo linfoide pode ocorrer no baço durante a LV. A dicotomia entre
essas alterações esplênicas podem refletir diferentes estágios da doença, o que
poderia interferir no padrão morfológico das respostas teciduais, assim como o
status imunológico de cada indivíduo.
Formas amastigotas foram visualizadas no baço em 35,08% dos animais
(70% sintomáticos e 30% assintomáticos). Agregados teciduais de macrófagos
parasitados com formas amastigotas de Leishmania foi previamente descrita em de
animais com LVC assintomáticos e sintomáticos (LIMA et al., 2007). Santana et al.
(2008) observaram formas amastigotas apenas no grupo sintomático. Os parasitas
foram visualizados na área subcapsular e na polpa vermelha esplênica. Em animais
altamente infectados, os parasitas tendem a distribuir-se quase continuamente na
polpa vermelha. Em animais com carga parasitária de menor intensidade, uma
distribuição descontínua de células infectadas é observada predominando na região
subcapsular.

66
A hemossiderose esplênica esteve presente na maioria dos animais. A
hemossiderina é um pigmento derivado da hemoglobina, cuja coloração varia de
amarelo-ouro ao marrom, granular ou cristalino. Em condições normais, pequenas
quantidades de hemossiderina podem ser vistas nas células fagocitárias
mononucleares da medula óssea, baço e fígado, que são órgãos envolvidos
ativamente na degradação das hemácias. Quando em excesso pode ter varias
associações como quando há uma diminuição na utilização do ferro (KUMAR et al.,
2005). É comum encontrar a presença deste pigmento (LIMA, 2007).
A congestão do baço esteve presente em aproximadamente metade dos
animais avaliados. Lima et al. (2007) descreveram a congestão esplênica como um
achado comum.
Periesplenite é um achado frequente na LV (BARROUIN-MELO et al., 2004).
Neste estudo foi foi encontrada em apenas 12,28% animais, sendo que juntamente
com o infiltrado mononuclear foram visualizadas amastigotas em 57,14% destes
animais. De acordo com os resultados de Santana et al. (2008) periesplenite esteve
presente em 28% dos casos, sendo mais frequente no grupo dos animais
sintomáticos. O aumento no tamanho do órgão pode predispor ao estresse ou
trauma mecânico da cápsula, mas a gênese real da perisplenite na leishmaniose
permanece desconhecida. É interessante, porém, que a perisplenite com parasitas
no interior de macrófagos na área subcapsular pode indicar disseminação do
parasita na inflamação ou que este provoque uma reação inflamatória (BARROUIN-
MELO et al., 2004; SANTANA et al., 2008). No baço dos animais infectados a
resposta imunológica não está claramente definida (SANCHEZ et al., 2004).
Histiocitose esplênica foi observada em todos os animais que apresentaram
as formas amastigotas da Leishmania spp. Em geral a histiocitose foi subcapsular, e
muitas vezes organizada como granulomas. Apenas um animal apresentou
histiocitose subcapsular sem formas amastigotas. Santana et al. (2008) descreveram
que amastigotas foram mais frequentemente observadas no baço dos animais com
granulomas. Estes granulomas parecem refletir uma inflamação crônica persistente
em resposta à infecção descontrolada, ao invés de proteção contra a doença (LIMA,
2007). O fato de granulomas só estarem presentes nos animais com a cultura
positiva do baço, apoia a ideia de que estes granulomas podem refletir um estado de

67
tentativa ineficiente de controle da infecção pela Leishmania spp. pelo sistema
imune do hospedeiro (SANTANA et al., 2008).
Existem associações entre alterações morfológicas no baço e
emagrecimento, inicialmente referente a desorganização da estrutura de polpa
branca. Santana et al. (2008) observaram que 70% dos animais com caquexia
apresentaram algum grau de desorganização da polpa branca. Perda de definição
de folículos linfoides, perisplenite, e uma alta densidade parasitária no baço também
foram mais frequente em animais abaixo do peso.
Segundo Santana et al. (2008) o baço desempenha um papel importante na
LVC, sendo acometido em todos os casos da doença. Em contraste com outros
órgãos como o fígado, o baço mantém a infecção durante todo o curso da LVC. De
fato, um índice de parasitismo esplênico é usado como critério clínico da resposta
terapêutica na LV humana. Durante o curso de LVC, o baço torna-se um local
evidente de interação entre o sistema imune e o parasita. No órgão,estão presentes
todos os participantes obrigatórios na resposta imune contra o parasita, que incluem
o antígeno (parasitas vivos ou seus fragmentos), células apresentadoras de
antígenos e linfócitos capazes de responder a esses antígenos (ALENCAR, 1959).
A pele é o primeiro ponto de contato com organismos do gênero Leishmania
spp. durante o processo de infeção. No curso da doença, a densidade parasitária
tem sido associada com um padrão inflamatório granulomatoso em cães com LV
(CALABRESE et al., 2010). Foi observado infiltrado inflamatório na pele 71,11% dos
animais avaliados no DF sendo de caráter histioplasmocítico em metade dos casos.
O processo inflamatório cutâneo estava distribuído principalmente ao redor de
anexos (folículo piloso e glândulas sebáceas e sudoríparas), difuso ou só em derme
superficial ou só em derme profunda. Cães do estado do Mato Grosso do Sul
mostraram infiltrado inflamatório dispersos na derme, o qual era composto por
numerosos macrófagos vacuolizados parasitados e um pouco de linfócitos e
plasmócitos (CALABRESE et al., 2010). Lima et al. (2007) observaram exsudato
localizado ao redor dos vasos e anexos da derme profunda e/ou difuso na derme
superficial em cães com a doença.
Nos animais avaliados, quando o infiltrado foi discreto ou moderado a
localização foi principalmente em derme superficial ou próximo dos anexos. Com a
intensidade acentuada, 70% dos animais apresentaram distribuição difusa. Lima et

68
al. (2007) avaliaram semi-quantitativamente o infiltrado inflamatório na pele de cães
com LVC. Foi observado exsudato celular difuso na derme superficial quando a
inflamação era de intensidade discreta (+); exsudato celular difuso na derme
superficial e em focos na derme profunda na forma moderada (++); e exsudato
celular distribuído difusamente por todas as camadas da pele na forma mais intensa
(+++).

Foram detectadas formas amastigotas na pele em 42,22% dos animais,


sendo 78,95% sintomáticos e 21,05% assintomáticos. Calabrese et al. (2010)
relataram que formas amastigotas foram frequentemente visualizadas livres no
tecido conjuntivo dérmico. As lesões de pele são epidemiologicamente um fator
clínico de grande importância, pois chamam a atenção e facilitam a identificação de
animais doentes. Porém, cães assintomáticos apresentam um parasitismo não
diferente de animais que apresentam essas lesões, tornando os cães assintomáticos
potencialmente transmissores “ocultos” (LIMA et al., 2007).
No Ceará, Deane & Deane (1955), em estudo comparativo entre a infecção
humana e canina encontraram parasitos na pele de 16,3% dos indivíduos e em
77,6% dos cães naturalmente infectados. Além disso, verificou-se que a infecção
experimental de flebotomíneos era mais freqüente e intensa quando os insetos se
alimentavam em cães (75%) do que em pacientes humanos (28,5%). Essas
observações, bem como outros trabalhos relacionados com a doença canina em
áreas endêmicas de leishmaniose visceral humana (DEANE & DEANE, 1962;
IVERSSON et al., 1983; MARZOCHI, et al., 1985), mostram o cão como a principal
fonte de infecção para os flebotomíneos, quer seja pela alta prevalência da infecção
canina nas regiões estudadas, quer seja pela presença do parasito na pele, o que
favorece a infecção do inseto vetor e, consequentemente, a transmissão ao homem.
O alto parasitismo observado na pele de cães infectados mostra o papel do
cão na disseminação da leishmaniose enfatizando o risco para saúde pública,
especialmente porque estes animais dividem o mesmo habitat do homem
(CALABRESE et al., 2010). Por esta razão, a pele deve ser considerada como
melhor local para analise parasitológica, sendo um indicador confiável da severidade
da doença clínica na LVC. Cães sintomáticos mostraram um grande número de
alterações cutâneas exemplificada por um intenso infiltrado inflamatório dermal

69
difuso, mudanças na matriz extracelular e carga parasitária extrema (GIUNCHETTI
et al., 2007).

O cão tem importante papel na transmissão da LV, suportado pela alta carga
parasitária encontrada na pele de animais infectados (SANTOS et al., 2010). Os
parasitas depositados na pele do mamífero pelo flebótomo infectado, ultrapassam
uma variedade de obstáculos, incluindo a matriz extracelular (MEC), as proteínas da
camada basal para, em seguida, migrarem para outros órgãos ou estabelecer
infecção dentro do fagolisossomo dos macrófagos (MELO, 2005).
Calabrese et al. (2010) descreveram um infiltrado inflamatório rico em
mastócitos degranulados associados aos parasitas na pele dos cães de Campo
Grande. Isto reforça a idéia que mastócitos participam da defesa no hospedeiro,
modulando a resposta imunológica durante a invasão do patógeno. Tais células não
foram observadas em nossos estudos.

É amplamente conhecida que a resposta imune cutânea no estágio inicial da


infecção tem papel determinante para o curso da doença. Dentro de poucas horas
após a inoculação do parasita, ocorre uma massiva infiltração celular constituída
predominantemente de macrófagos os quais entram em contato rapidamente com o
parasita. Portanto, avaliar as alterações cutâneas, torna-se importante devido a sua
influencia na transmissão da doença. Em cães susceptíveis a infecção localizada na
pele segue a disseminação do parasita, através de histiócitos, para linfonodos,
medula óssea, baço, fígado, rim, pulmões e trato gastrointestinal (MELO, 2005).
Estudos tem demonstrado que formas amastigotas na pele podem estar
implicadas na degradação de componentes da matriz extracelular da pele (ALVES et
al., 2010). O tecido conjuntivo e as membranas basais são as principais barreiras
envolvidas na invasão, disseminação e nutrição de parasitas. A secreção de
enzimas proteolíticas pelo parasita e de fundamental importância na interação entre
este e o hospedeiro. Esta interação inclui invasão e destruição do tecido do
hospedeiro e a habilidade do parasita em migrar para o local específico e ou
estabelecer condições nutricionais que favoreçam o seu desenvolvimento (MELO,
2005).
Dos animais avaliado no DF com LVC, mais de 60% apresentaram lesões
glomerulares distribuidas em glomerulonefrite membranoproliferativa (52,63%),

70
glomerulonefrite membranosa (26,31%) glomeruloesclerose segmentar focal
(13,15%) e glomerulonefrite proliferativa mesangial (7,89%). Zatelli et al. (2003)
observou 29,3% dos animais com glomerulonefrite membranoproliferativa, 26,8%
com glomerulonefrite membranosa, 22% com glomeruloesclerose segmentar focal e
22% com glomerulonefrite proliferativa mesangial. Todavia, os resultados relatados
por Costa et al. (2003) foram distintos, com 32,7% dos animais com glomerulonefrite
proliferativa mesangial, 30,9% com glomerulonefrite membranoproliferativa, 18,2%
com glomeruloesclerose segmentar focal e nenhum caso com glomerulonefrite
membranosa. Há um consenso quanto à glomerulonefrite membranoproliferativa ser
a nefropatia predominante na LVC, assim como observado no presente estudo. Os
padrões proliferativos das glomerulonefrites não são restritos à LVC, sendo
observado em outras doenças com antigenemia crônica, como a erliquiose,
dirofilariose, entre outras (FORRESTER & LEES, 1995).
As glomerulonefrites são alterações comuns em cães portadores de LVC
(BENDERITTER et al.,1988; TAFURI et al., 1989; POLI et al.,1991; NIETO et al.,
1992; COSTA, 2001; COSTA et al., 2003; ZATELLI et al., 2003). A glomerulonefrite
observada na LVC é causada principalmente pela deposição de imunocomplexos
(TAFURI et al., 1989), sendo os sinais clínicos apenas evidentes quando a lesão
renal é grave. Em alguns casos a insuficiência renal é o único sintoma observado na
doença, e nestes casos, a morte pode ocorrer em poucos dias (CIARAMELLA et al.,
1997).
Atualmente, a teoria mais aceita para a fisiopatologia das glomerulonefrites
observadas na LV é a deposição de imunocomplexos circulantes no tecido renal,
com consequente ativação do sistema complemento levando ao dano tecidual
(SLAPPENDEL, 1988; TAFURI et al., 1989; POLI et al., 1991). LVC é considerada
uma doença imunomediada devido a sua capacidade de modificar a resposta imune
do hospedeiro, inibindo a ativação de células TCD4+ Th1 e ativando células TCD4+
Th2, que promovem a proliferação de células B e a consequente, a produção de
grande quantidade de anticorpos específicos e não específicos contra antígenos de
Leishmania spp. (PINELLI et al., 1994;1999). A hipergamaglobulinemia inespecífica
pode ser responsável por vários fenômenos autoimunes, como a formação de
imunocomplexos circulantes e de anticorpos antinucleares (SLAPPENDEL, 1988;
MARTINEZ-MORENO et al., 1995). A utilização de técnicas de imuno-histoquímica e

71
de investigação ultraestrutural demonstraram imunodepósitos localizados nos
glomérulos, tanto no mesângio como na membrana basal glomerular, e também ao
longo de membrana basal tubular em cães acometidos por LV (POLI et al., 1991).
Foi detectado imunodepósitos renais de IgG específicos contra antígenos de
membrana da Leishmania spp. em todos os cães infectados com glomerulonefrite
(MANCIANTI et al., 1989).
Os diferentes padrões de glomerulonefrites são determinados, possivelmente,
pelo tipo celular ou estrutura glomerular envolvida na resposta imune (BLANTZ et al.
1997; COUSER, 1998), pela localização do antígeno dentro do glomérulo (ABRASS,
1997) ou ainda pela localização do imunocomplexo (DAY, 1999). Na
glomerulonefrite membranosa há a deposição de material eletrodenso na porção
subepitelial da membrana basal glomerular. Na glomerulonefrite
membranoproliferativa a deposição ocorre na porção subendotelial e subepitelial da
membrana basal glomerular bem como no mesângio, já na glomerulonefrite
proliferativa mesangial é resultado da deposição depósitos de imunocomplexos nas
áreas esclerosadas do mesângio (DAY, 1999; GODOY, 2000).
Atualmente há evidências crescentes que a resposta imune celular também
esteja envolvida na patogênese da glomerulonefrite imunomediada presente na LV
(VAN ALDERWEGEN et al., 1997). Células T CD4+ já foram detectadas tanto no
glomérulo como no interstício renal de cães com a doença (COSTA et al., 2000),
sugerindo que a ativação dessas células possam levar a uma reação de
hipersensibilidade tardia, reações citolíticas, expressão anormal de moléculas do
complexo de histocompatibilidade ou a ativação de células B resultando em uma
injúria local (VAN ALDERWEGEN et al., 1997).
Formas amastigotas da Leishmania foram encontradas em apenas seis
(9,83%) cães sintomáticos do DF sendo a grande maioria encontrada na pelve renal.
No estudo de Soares et al. (2005) com 51 cães, em apenas um animal foi
encontrada forma amastigota do parasita no rim. Este é considerado um achado
pouco frequente na avaliação histopatológica de animais com a doença
(BENDERITTER et al., 1988; TAFURI et al., 1989; POLI et al., 1991; NIETO et al.,
1992; MOURA et al., 2002; COSTA et al., 2003; ZATELLI et al., 2003), sendo a
presença direta da Leishmania spp. no local, não necessariamente associada ao
insulto renal.

72
Dos 61 animais estudados, 73,77% apresentaram alteração inflamatória
intersticial renal, variando de discreto a acentuado, com distribuição multifocal, de
natureza principalmente linfoplasmocítica. A nefrite intersticial, caracterizada pelo
infiltrado linfoplasmocitário, é um componente comum na nefropatia da LVC
(CHUNG et al., 1940; TAFURI et al., 1989).
O mecanismo patogênico exato da nefrite intersticial na LV ainda é
desconhecido, parecendo haver envolvimento tanto da resposta humoral (POLI et
al., 1991), quanto celular (FILLIT & ZABRISKIE, 1982; CARVALHO et al., 2007).
Depósitos de imunoglobulinas e de complemento na membrana basal tubular e no
interstício renal suportam a hipótese de um mecanismo imunomediado humoral
associado às lesões renais na LVC (POLI et al., 1991). Entretanto, o infiltrado
intersticial de células mononuclerares, uma característica de reação mediada por
células, também parece estar envolvida (FILLIT & ZABRISKIE, 1982). Independente
do mecanismo envolvido, a reação é desencadeada pelos de antígenos de
Leishmania spp. no parênquima renal (CARVALHO et al., 2007).
As alterações tubulares mais frequentes foram representadas por
degeneração hidrópica, cilindros hialinos intratubulares e mineralização tubular nos
cães do DF com LVC. Alterações tubulares, caracterizadas por degeneração do tipo
hidrópica ou vacuolar, atrofia, dilatação, necrose, cilindros hialinos, e calcificação
medular também já haviam sido descritas em cães com a doença (TAFURI et al.,
1898; POLI et al., 1991; SOARES et al., 2005). A proteinúria é frequentemente
observada e reflete o aumento da permeabilidade capilar glomerular às proteínas do
plasma, especialmente a albumina (ALVES, 1999). A calcificação dos tecidos moles
associada à uremia ocorre em numerosos locais e representa tanto calcificação
distrófica como metastática. Os rins podem ter calcificação das membranas basais
dos túbulos, da cápsula de Bowman e do epitélio tubular necrótico, especialmente
na medular e no córtex interno (CONFER; PANCIERA, 1998).
Manifestação ocular é comum na leishmaniose canina (LEIVA et al., 2005) e
envolvem principalmente o segmento anterior dos olhos (CIAMARELLA et al., 1997).
Dos animais analisados, 58,33% apresentaram infiltrado inflamatório nos tecidos
oculares sendo mais comumente de natureza histioplasmocítica, seguida da forma
histiocítica. Pena et al. (2008) observaram três padrões inflamatórios
linfoplasmocítico perivascular, linfoplasmocítico associado com macrófagos também

73
perivascular e histiocítico difuso em cães com LV. O infiltrado linfoplasmocítico
discreto, sem macrófagos ou amastigotas, não podem ser considerados como
indicativo de leishmaniose ocular. Por isso, identificação do parasita por imuno-
histoquímica é muitas vezes necessário para um diagnóstico específico.

Quanto à distribuição, a grande maioria dos cães avaliados apresentou


inflamação em conjuntiva bulbar. A conjuntiva é a estrutura ocular mais comumente
acometida na leishmaniose canina (NARANJO et al., 2005). Apenas um animal do
DF apresentou infiltrado em córnea. Quando a córnea é afetada na enfermidade, os
parasitas e o infiltrado inflamatório que o acompanham podem surgir a partir de uma
propagação da conjuntiva (PENA et al., 2008).

Formas amastigotas de Leishmania spp. foram visualizadas em apenas


14,28% dos animais com infiltrado inflamatório. Leiva et al. (2005) demonstraram a
presença de inflamação granulomatosa localizada nas camadas fibrosa e vascular
com um grande número de organismos intracelulares compatíveis com amastigotas
do gênero Leishmania spp. Pena et al. (2008) encontraram Leishmania spp. em
30% dos cães com com lesões oculares e relataram ainda que 88,9% dos animais
com infiltrado granulomatoso apresentaram organismos de Leishmania spp. nos
tecidos oculares. Todavia, Molleda et al. (1993) observaram parasitas em apenas
22,7% dos casos que evidenciaram inflamação. Estas discrepâncias poderiam
refletir diferenças no estágio de evolução da doença, patogenicidade e seletividade
de cepas do parasita, bem como outros fatores ainda não determinados. As
alterações oftálmicas podem ser causadas pela presença direta do parasita levando
a uma reação inflamatória ou por consequência de imunodepósitos nos vasos
oculares causando uma reação de hipersensibilidade do tipo III (GARCÍA-ALONSO
et al., 1996). Uveítes estão mais relacionadas à deposição de imunocomplexos
enquanto inflamações corneais e conjuntivais são comumente relacionadas ao
parasito (PENA et al., 2000). A ceratoconjuntivite seca pode ser justificada pela
presença do parasito causando processo inflamatório ao redor dos ductos lacrimais,
resultando na retenção e acúmulo das secreções indispensáveis a formação
adequada do filme lacrimal (NARANJO et al., 2005).

As principais alterações da LVC ocorrem em órgãos ricos em células


pertencentes ao sistema fagócito mononuclear, tais como o fígado, baço, linfonodos,
74
medula óssea e trato gastrintestinal. No entanto, a disseminação do parasita
também ocorre em outros órgãos que não pertencem a estes sistemas, por exemplo,
o coração e pulmões (ALVES et al., 2010).

Dos 59 animais analisados, aproximadamente metade deles apresentaram


alterações inflamatória pulmonares, variando de discreta a acentuada. Infiltrado
histiocítico e histioplasmocítico foram mais comumente observados. Dos cães
analisados com alteração inflamatória, 44,82% apresentaram infiltrado inflamatório
discreto. O grau da resposta inflamatória parece ser cuidadosamente regulado para
manter a função fisiológica enquanto fornecendo rápida erradicação de
microorganismos inalados. Parece que os macrófagos podem estar em um tipo de
ativação basal. Este estado do macrófago induz uma rápida resposta aos
patógenos, mas sem provocar uma resposta inflamatória severa. Este fato pode
previnir lesões nos pulmões, desde que estas células podem provocar danos aos
tecidos (GONÇALVES et al., 2003).

Quanto à distribuição do infiltrado pulmonar em cães com LVC no DF, foi


visualizado em localização perivascular em 51,72% dos animais e em septo alveolar
em 31,03%. Para Alves et al. (2010) lesões na maioria dos casos eram focais, em
alguns casos foram difusas com espessamento dos septos interalveolar devido à
congestão, infiltrado inflamatório e proliferação de células epiteliais e fibroblastos. Os
resultados demontraram o predomínio de infiltrado perivascular. O envolvimento do
depósito de complexo imune no endotélio vascular ou gerando quimiotaxia no
interstício estão envolvidos no estabelecimento de uma resposta inflamatória local
principalmente provocando vasculite em muitos órgãos (GONÇALVES et al., 2003).

O mecanismo pelo qual leishmaniose visceral determina alterações


pulmonares é mal compreendido, particularmente nos casos de lesões persistentes
onde o parasita não foi encontrado (ALVES et al., 2010). Além disso, pneumonite
intersticial é uma lesão assintomática e poucos estudos tem investigado a
patogênese desta doença no cão (GONÇALVES et al., 2003). Em cães, lesões
pulmonares são muito similares aquelas observadas em humanos, e foi previamente
caracterizada por alguns autores como pneumonite intersticial com espessamento
da parede alveolar e exsudato celular crônico principalmente consistindo de
macrófagos (TRYPHONAS et al., 1977; DUARTE et al., 1986; GONÇALVES et al.,
75
2003). No estudo de Duarte et al. (1986) realizado com 41 cães naturalmente
infectados eles detectaram pneumonite intersticial em 81,5% dos animais.
A influencia do infiltrado inflamatório na pneumonite intersticial da
leishmaniose visceral parece ser muito importante na patogênese das lesões.
Mecanismos de defesa pulmonar são um pouco diferente do que em outros órgãos.
O pulmão reage a constantes agressões e muitas vezes parece não desenvolver
inflamação. Macrófagos pulmonares apresentam uma ação microbicida mesmo
quando não ativados, e quando ativação ocorre eles são capazes de eliminar
enormes quantidades de bactérias que entram no pulmão através das vias aéreas
(ALVES et al., 2010). Na LVC é muito comum encontrar alta carga parasitária nos
tecidos do fígado, baço, linfonodos, medula óssea e pele. Entretanto, parasitas são
difíceis de demonstrar no pulmão mesmo na doença em humanos (GONÇALVES et
al., 2003).

Congestão pulmonar foi visualizada em 98,30% dos animais e edema em


64,40% dos cães. A congestão da parede alveolar vem sendo descrita na doença
(ALVES et al., 2010). Um dos mecanismos para explicação do edema pulmonar
seria o aumento da pressão hidrostática capilar, redução da pressão oncótica
intravascular ou agressão aos capilares sozinhos ou em conjunto. Quando isso
acontece, o líquido se acumula iniciamente nos septos interalveolares, e se a causa
persite, o líquido passa para os alvéolos (METZE, 2004).

Formas amastigotas do parasita foram visualizadas no pulmão de apenas


5,08% dos animais, sendo todos sintomáticos. Alves et al. (2010) não observaram
formas amastigotas de Leishmania spp em pulmões de cães. Apesar da ausência do
parasita no pulmão, acredita-se que a destruição do mesmo poderia ocorrer neste
órgão com somente partículas residuais restantes (GONÇALVES et al., 2003). Um
estudo imunoenzimático com anticorpos específicos mostrou material antigênico e
ou amastigotas de Leishmania spp. no septo alveolar onde ocorria pneumonia
intersticial em cães com LVC (DUARTE et al., 1986). Acredita-se que fibrose intensa
geralmente observada pode ser devido ao estímulo continuo provocado pelo
parasita ou antígenos que chegam ao pulmão. A presença deles ativa macrófagos
que então ativam a resposta inflamatória (GONÇALVES et al., 2003).

76
É importante estar compreener as alterações nos órgãos causadas por LV,
especialmente os órgãos que não pertencem ao sistema fagocítico mononuclear a
fim de compreender o desenvolvimento da doença. Portanto o estudo das alterações
do coração e pulmão na LVC é fundamental para o entendimento do problema em
relação aos seres humanos. O cão serve como um excelente modelo para o estudo
da LV em seres humanos, uma vez que a doença é causada pelo mesmo agente
que causa alterações semelhantes. Por conseguinte, lesões em cães, pode ser
considerado um parâmetro a ser usado para avaliar a doença em seres humanos
(ALVES et al., 2010).

Quanto à avaliação histológica do intestino dos animais do DF observou-se


infiltrado inflamatório em 72,13% das amostras, sendo a grande maioria, constituído
por eosinófilos. Um estudo microscópico revelou uma reação inflamatória crônica
com parasitas ao longo do trato gastrintestinal. O exsudato celular incluiu
macrófagos, linfócitos e plasmocitos com raros neutrófilos e eosinófilos.
Provavelmente, os eosinófilos não estão associados com a leishmaniose, mas com
parasitoses intestinais. Várias evidências mostram que os eosinófilos desempenham
papel importante na defesa contra helmintos intestinais (PEREIRA, 2004). O
infiltrado foi localizado em mucosa e submucosa, quando histiocítico localizado em
placa de Peyer. Formações de célula gigante podem notar associado com o
exsudato mononuclear. Muitos macrófagos na mucosa (lâmina propria), muscular da
mucosa e camadas de submucosa revelaram uma morfologia peculiar. Eles tinham
uma citoplasma abundante e pálido, com o nucleo menos denso que outras células
e amastigotas em vacuolos intracelular (SILVA et al., 2002).
Foi observado aumento da placa de Peyer em 14,75% dos animais. No
intestino a hiperplasia linfoide das placas de Peyer, associada ou não ao
parasitismo, pode ocorrer nos intestinos delgado, jejuno e íleo, grosso, ceco e cólon
(BRENER, 1957; KEENAN et al., 1984; TAFURI, 1995).

Diarreia, independentemente de ser proveniente do intestino delgado ou


grosso, é incluído entre os sinais de LVC. A ocorrência de diarreia tem sido quase
sempre associada à insuficiência renal ou hepática crônica que pode se desenvolver
no curso da doença. Em alguns casos, diarreia do intestino delgado tem sido
atribuída à infiltração da mucosa intestinal por células parasitadas. Colite crônica é

77
geralmente considerada uma apresentação clínica da LVC (ADAMAMA-MORAITOU
et al., 2007).

Silva (2002) encontrou maior parasitismo nas porções finais do intestino


grosso (ceco e colon). Adamama-Moraitou et al. (2007) mostraram que o teste
imuno-histoquímica era mais adequada para detectar parasitas no tecido que a
coloração de hematoxilina e eosina (HE). A análise microscópica por coloração HE
foi inadequada para detectar parasitas nos tecidos gastrointestinais (SILVA et al.,
2002). Imuno-histoquímica é mais sensível para a detecção de formas amastigotas
de Leishmania spp. Um pequeno número amastigotas intracelular ou extracelular
eram facilmente reconhecíveis (ADAMAMA-MORAITOU et al., 2007).

A leishmaniose visceral é conhecida por ser uma infecção oportunista. Em


humanos os relatos de gastrite normalmente estão associados com pacientes HIV
positivo devido da imunossupressão (WARICH-EITEL et al., 2010). Dos 56 animais
analisados apenas 17,85% apresentaram infiltrados inflamatórios em mucosa e
submucosa gástrica, sendo principalmente linfocítico. A grande maioria apresentou
infiltrado discreto e não foi visualizado infiltrado acentuado. Silva et al. (2002)
descrevem no estômago, uma reação inflamatória discreta na mucosa (lâmina
propria) na proximidade da camada submucosa. Mineralização foi visualizada em
10,71% casos. A calcificação metastática é aquela, na qual a precipitação dos sais
em tecidos normais resulta de um estado de hipercalcemia (JONES et al., 2000).
Todos os animais que apresentaram mineralização em mucosa e submucosa
gástrica apresentaram lesão de doença renal crônica. Insuficiência renal crônica
provoca retenção de fosfatos, o que determina maior secreção de paratormônio no
sentido de se equilibrar a relação cálcio/fósforo no sangue. Com isso, a mobilização
excessiva de cálcio dos ossos, às vezes ultrapassa o limiar de solubilidade do cálcio
e fósforo no plasma, favorecendo sua precipitação nos tecidos (PITTELLA &
VASCONCELOS, 2004).
A principal alteração histopatológica observada no tecido nervoso dos
animais com LVC no DF foi o infiltrado inflamatório nas meninges e perivascular no
parênquima cerebral, variando de leve a moderada em intensidade. A grande
maioria dos infiltrados foram linfohistiocítico, seguido por linfoplasmocítico. Não
foram observadas quaisquer alterações degenerativas ou necróticas em todas as

78
regiões analizadas. Garcia-Alonso et al. (1996) observaram uma reação patológica
esponjosa acompanhada por degeneração neuronal, mobilização das células gliais
junto com acúmulo de depósitos de amiloide no encéfalo e cerebelo, associado com
ruptura da barreira hematoencefálica em cães naturalmente infectados com L.
infantum. Todavia manifestação neurológica isolada nunca foi relatada.

Até o presente momento poucos estudos descreveram as lesões


histopatologicas do SNC em cães infectados pela L. chagasi (DIAS et al., 2010). O
exame histopatológico do sistema nervoso central de trabalhos anteriores evidenciou
alterações inflamatórias e degenerativas, apesar da ausência de sinais neurológicos.
Talvez, com a evolução da doença se os cães não tivessem sido eutanasiados,
poderiam aparecer sintomas neurológicos. A reação por células linfocitárias é a mais
frequente em enfermidades neurológicas, pois são as células da fase inflamatória
subaguda e aparecem também como elementos dominantes no quadro citológico de
processos crônicos (FEITOSA et al., 2005).
Não foram detectadas formas amastigotas do parasita na histopatologia do
SNC na população de cães analisada, assim como na no exame imuno-
histoquímico. Resultado similar foi também observado no SNC de outros cães com a
doença (IKEDA et al. 2007; MELO et al. 2009). No entanto há descrições do parasita
(L. infantum) em áreas de meningite dentro e fora de macrófagos em cães (NIETO et
al. 1996; VIÑUELAS et al. 2001).

Existem contradições na literatura quanto à patogênese da leishmaniose


visceral no sistema nervoso central. Enquanto há relatos da observação de parasitas
em todas as partes do corpo, exceto no sistema nervoso central, também foi descrita
intensa deposição de antígenos de Leishmania e imunoglobulinas nos espaços
intersticial e intravascular do plexo coroide de cães com leishmaniose visceral,
levando a uma coroidite (MARCONDES et al., 2006). Em virtude dessa controvérsia,
e à complexidade da doença, especular sobre as causas que levam ou não a
visualização do agente no SNC seria infrutífero.
Na análise estatística, através do Teste Exato de Fisher, foi demonstrado
que a presença das amastigotas é maior (p < 0,005) em animais com baixo grau de
inflamação. Na leishmaniose, semelhante a outras doenças causadas por parasitas
intracelulares, a resposta imune celular é primordial na determinação de reparo ou

79
resistência às doenças (KAYE et al., 2004). Todavia, a resposta imune não foi
avaliada no presente trabalho. A Leishmania é um parasito intracelular obrigatório de
células do sistema fagocitário mononuclear e sua presença determina uma
supressão reversível e específica da imunidade mediada por células, o que permite
a disseminação e multiplicação incontrolada do parasito (BRASIL, 2006). Portanto,
onde a resposta é menor, há um aumento na carga parasitária, assim como fora
demonstrado nete estudo. Alguns autores (PINELLI et al., 1994; CABRAL et al.,
1998; LEANDRO et al., 2001) verificaram que células mononucleares de sangue
periférico de cães natural e experimentalmente infectados com amastigotas exibiram
in vitro resposta proliferativa contra antígenos do parasita, demonstrando que pode
haver uma resposta celular especifica nos cães infectados com Leishmania (SILVA,
2007). Os parâmetros imunológicos mostram que em cães a resistência à infecção
esta associada a baixos níveis de anticorpos específicos e desenvolvimento de
imunidade celular, com a produção de IL-2, TNFα, e IFN-γ (PINELLI et al., 1994).
Suscetibilidade está correlacionada com altos níveis de anticorpos e ausência de
resposta mediada por células. O grande número de parasitos observados nos
órgãos linfáticos pode ser uma consequência das alterações imunológicas,
permitindo a multiplicação e dispersão do parasito para outros sítios, incluindo
estômago, intestino e pulmão (SILVA 2007).
A LV é uma ameaça à saúde pública no Brasil, considerando as altas taxas
de letalidade e o aumentando na dispersão geográfica aos grandes conglomerados
urbanos ao longo dos últimos 25 anos (CARRANZA-TAMAYO et al., 2010).
Normalmente os casos de leishmaniose canina precedem os casos humanos, já que
os cães são os principais reservatórios domésticos e fundamentais na manutenção
do ciclo da doença (SANTA ROSA & OLIVEIRA, 1997). Ocorrência de leishmaniose
visceral canina serve para alertar os clínicos da importância dessa doença, a qual
vem emergindo (KRAUSPENHAR et al., 2007).

Frente à situação da LVC no DF, estudos que descrevam as alterações


morfológicas teciduais podem contribuir para compreender melhor a ampla gama de
manifestações que a doença possa abranger. Sabendo da importancia do cão na
epidemiologia da enfermidade, deve-se conhecer a extensão e a progressão das
lesões em diferentes órgãos. O diagnóstico da LVC deve ser feito de formaprecisa
com objetivo de se ter vigilância epidemiológica eficaz para o controle da
80
disseminação da doença. Além disso, pode se deduzir que o estudo das lesões na
LVC é fundamental para o entendimento do problema em relação aos seres
humanos, devido à similaridade observada da doença. O cão serve como um
excelente modelo para o estudo da LV em seres humanos, uma vez que a doença é
causada pelo mesmo agente que desvenda alterações semelhantes.

81
5. CONCLUSÃO

 As alterações clínicas mais frequentes em cães com LV no DF foram


linfadenopatia, lesões alopécicas, hepatoesplenomegalia, palidez das
mucosas e redução do escore corporal.
 Na zona cortical do linfonodo atrofia e hiperplasia/hipertrofia dos folículos
linfoides foram alterações visualizadas, independente do quadro clínico do
animal. Histiocitose foi melhor encontrada nos seios medulares e
plasmocitose nos cordões medulares dos linfonodos.
 No fígado a alteração característica foi infiltrado periportal associado ao
granuloma intralobular.
 Na pele quando infiltrado inflamatório é discreto a distribuição é
principalmente em derme superficial, quando moderada fica próximo dos
anexos e quando acentuada fica difuso.
 O infiltrado histioplasmocítico foi o tipo mais encontrado no linfonodo, fígado,
pele, olho e pulmão de animais com LVC no DF.
 Glomerulonefrite membranoproliferativa foi à alteração glomerular mais
frequentemente encontrada.
 No bulbo ocular a lesão inflamatória comumente encontrada foi na conjuntiva
bulbar.
 Amastigotas foram visualizadas em animais sintomáticos e animais
assintomáticos no linfonodo, fígado, baço, pele, olhos. A presença das
amastigotas foi maior em animais com baixo grau de inflamação.

82
6. REFERÊNCIAS

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100
CAPÍTULO III

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, a Leishmaniose constitui um grave problema de saúde pública e


representa um desafio para os profissionais da saúde. Os ciclos urbanos tem sido
responsáveis pela expansão nos estados das regiões Centro-oeste e Sudeste.
Fatores relacionados ao processo migratório, à ocupação desordenada das
periferias das grandes cidades, à presença significativa do reservatório e do vetor e
as altas densidades populacionais com baixa ou nenhuma imunidade à infecção
contribuem para a rápida e extensa distribuição das leishmanioses. No Distrito
Federal, a LV passou a constituir um grave problema de Saúde Pública desde 2005.
O cão serve como um excelente modelo para o estudo da LV em seres
humanos, uma vez que a doença é causada pelo mesmo agente e com alterações
semelhantes.
A maior preocupação e gravidade encontram-se na possibilidade de cães
assintomáticos servirem de reservatório da doença, pondo em risco indivíduos que
estão ao seu redor. O encontro de formas amastigotas de Leishmania nos órgãos de

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animais assintomáticos, icluindo pele, mostrou a importância destes animais na
epidemiologia da doença.
A inexistência de tratamento efetivo para a cura total da doença canina, e a
polêmica sobre a eliminação indiscriminada de cães infectados, torna-se urgente à
adoção de novas estratégias para o controle da enfermidade.
É inegável a importância de se obter um diagnóstico seguro quanto à
positividade efetiva de cães em áreas endêmicas e não endêmicas de leishmaniose
visceral.

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