Modelagem Do Transformador Regulador de Tensão para Estudos Dinâmicos Utilizando o Programa ATP
Modelagem Do Transformador Regulador de Tensão para Estudos Dinâmicos Utilizando o Programa ATP
Modelagem Do Transformador Regulador de Tensão para Estudos Dinâmicos Utilizando o Programa ATP
Olinda - PE
RESUMO
O estudo consiste em apresentar um modelo que represente um transformador regulador de tensão com
comutação automática, a fim de permitir a realização de estudo de estabilidade dinâmica de um sistema elétrico,
verificando o comportamento da tensão, corrente, freqüência, potência ativa e reativa, em função das
perturbações que este sistema está exposto. Com isso, o modelo torna-se adequado para estudos dinâmicos
tendo capacidade de simular perturbações de microssegundos até regime permanente que afetam a qualidade de
energia do sistema elétrico.
1. INTRODUÇÃO
2. TRANSFORMADOR REGULADOR
O transformador regulador a ser modelado é um transformador trifásico de potência 32/40 MVA com
comutação automática de taps no enrolamento de alta tensão podendo ser operado na tensão nominal de 84 kV
ou 131,6 kV.
2.1. Características Elétricas
As características elétricas do transformador a ser modelado são apresentadas na Tabela 1 obtida através
dos dados de placa de identificação do equipamento.
O transformador regulador trifásico foi projetado para operar nas tensões de 84 kV ou 131,6 kV, para
atender esta condição operativa possui as seguintes características construtivas.
a) O núcleo do transformador é constituído de laminados planos de aço ao silício para fins elétricos, de grão
orientado, com envelhecimento máximo admissível de 5% conforme NBR 9119. O núcleo é do tipo envolvido
utilizando chapa M4 e com material isolante entre lâminas do núcleo do tipo carlite, fabricação Acesita com as
características apresentada na Tabela 2.
3. COMUTADOR SOBRECARGA
Todo transformador regulador possui um sistema de comutação sobrecarga, podendo este acessório ser
instalado no enrolamento de baixa tensão ou alta tensão. Esse sistema de comutação automatica é composto por
três sistemas descritos a seguir.
3.1. Seletor de Derivação
O comutador de sobrecarga é construído em módulos de unidades monofásicas formando assim o
comutador trifásico. Cada unidade monofásica é constituída por placa de resina epoxi.
a) Placa de resina epoxi onde são montadas as buchas de passagem entre o transformador e o comutador e
os contatos fixos onde são conectados os taps do enrolamento de regulação.
b) Chave seletora que consiste de contato de contato fixo e um contato móvel. O contato movél consiste
do contato mestre e dois contatos de transição. No contato de transição são instalados resistores feitos de arames
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montados sobre uma bobina isolante.
A seqüência de chaveamento é projetado para o ciclo de transmissão simétrico, isto significa que o
chavemento do contato mestre interrompe depois do resistor de transição estar conectado no próximo tap. A
taxa de interrupção de carga realiza-se no primeiro zero de corrente após a separação dos contatos,
proporcionando um tempo do arco de aproximadamente 6 milisegundos em 50 Hz. A Figura 1 mostra a
seqüência de chaveamento.
A Figura 1.(a) mostra o contato mestre H está conduzindo a corrente de carga e os contatos de transição
M2 e M1 estão abertos.
A Figura 1.(b) mostra o contato de transição M2 está sobre o contato fixo 1 e o contato mestre H está
interrompido. O resistor de transição no contato M2 conduz a corrente de carga.
A Figura 1.(c) mostra o contato de transição M1 está sobre o contato fixo 2. A corrente de carga é
dividida entre os contatos de transição M1 e M2. A corrente de circulação é limitada pelo resisitor.
A Figura 1.(d) mostra o contato de transição M2 interromper no contato fixo 1. O reisitor de transição e o
contato de transição M1 conduz a corrente de carga.
A Figura 1.(e) mostra o chaveamento do contato mestre H está sobre o contato fixo 2. O contato de
transição M1 está aberto no contato fixo 2, o contato mestre H conduz a corrente de carga.
3.2. Seletor de Comutação
A chave seletora de comutação é utilizada para duplicar a quantidade de taps do transformador utilizando
o mesmo enrolamento regulação, impondo um sentido contrário da corrente e consequentemente uma
diminuição do fluxo resultante. A seqüência de chaveamento quando o seletor de comutação R muda para
chavear para mais ou menos é mostrado na Figura 2. O contato do seletor arma ao alcançar o contato fixo 12
após o chaveamento do contato fixo 11. O contato fixo 12 é suficientemente largo para cobertura total entre as
duas posições do seletor de comutação.
O contato armado da chave de derivação tem o movimento mais além sobre o contato 12 sem qualquer
interrupção ou qualidade da corrente. Ao mesmo tempo o contato armado da chave comutadora R, tem
movimento direto do contato B para o contato C, invertendo o sentido da corrente no enrolamento de regulação.
2.(a) 2.(b)
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Figura 2 – Seqüência de chaveamento do seletor de comutação
3.3. Modelagem do comutador
O modelo do sistema de comutação de tap para ser aplicado no transformador regulador foi desenvolvido
utilizando as subrotinas de TACS do software ATP. O modelo obedece às características principais do
comutador, que são:
• Seletor de derivação com comutação tap a tap;
• Tempo de comutação do seletor de derivação de aproximadamente 50 ms;
• Tempo de comutação do seletor de derivação para o tap central de 140 a 170 ms;
• Seletor de comutação do enrolamento no tap central.
O modelo desenvolvido representou o comando elétrico de acionamento do motor que realiza a
comutação e o sistema de comutação mecânica do comutador, com todos os seus bloqueios elétricos e
mecânicos. Inseriu-se um tempo inicial que representa os tempos de acionamento dos relés auxiliares e a partida
do motor que realiza a movimentação do eixo do sistema de contato móvel.
4. MODELAGEM DO TRANSFORMADOR
4.1. Modelo do Transformador
Os transformadores trifásicos são do tipo núcleo envolvido com três colunas. Estes transformadores são
projetados para a utilização em sistemas equilibrados e por conseqüência, a somatória dos fluxos magnéticos
produzidos pelos enrolamentos das três fases é nula. Entretanto carregamento desequilibrado pode ocasionar o
surgimento de fluxos que quando somados nas três fases não se anulam.
Estes fluxos, chamados fluxos de seqüência zero, não possuem um caminho magnético através do núcleo,
portanto estes fluxos circulam através do circuito magnético formado por ar e tanque do transformador. Este
circuito é de alta relutância implicando em baixa impedância de magnetização.
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Fazendo um corte transversal no núcleo de um transformador, como mostrado na Figura 4, observa-se que
através da alimentação do enrolamento do transformador por uma fonte de tensão alternada, há a circulação de
uma corrente também alternada neste mesmo enrolamento. Com a circulação dessa corrente, surgem os fluxos
magnéticos, cuja forma de onda é também alternada e que tem como caminho principal o material
ferromagnético da coluna do núcleo envolvido pelo enrolamento energizado (φcol). Já uma pequena parcela do
fluxo produzido percorre o caminho de ar existente entre a coluna e o enrolamento interno (φma). Ambos os
fluxos (φcol) e (φma) enlaçam os dois enrolamentos da mesma fase, o que os denomina de fluxo mútuo.
O fluxo (φcol) caminha por toda a coluna atravessando o entreferro a ela associada e após atravessar tal
entreferro, este fluxo continua caminhando através do material magnético, sendo que, uma pequena parcela
continua para fora da coluna e se fecha pelo caminho correspondente ao ar e tanque do transformador (φef),
enquanto a maior parcela de (φcol) percorre o caminho magnético das culatras (φcul).
φef φef φef
e2 φcul φ cul e7
e3
Enr. Externo
Enr. Externo
Enr. Externo
Enr. Externo
Enr. Externo
Enr. Externo
Enr. Interno
Enr. Interno
Enr. Interno
Enr. Interno
Enr. Interno
Enr. Interno
φ d φ ma φcol φ ma φd φ d φ ma φcol φ ma φ d φd φ ma φcol φ ma φ d
e1 e6
φcul e4 e5 φcul
O fluxo (φcul) caminha por toda a culatra e também atravessa o entreferro associado a ela. Outro fluxo
que surge no núcleo do transformador é o chamado fluxo de dispersão (φd), que caminha pelo ar entre os
enrolamentos de mesma fase (2) e (4).
Determinado os fluxos magnéticos e suas relutâncias desenvolve-se o circuito magnético aplicado-se o
princípio da dualidade para a transformação do circuito magnético do transformador em um circuito elétrico
equivalente a ser modelado no ATP, mostrado na Figura 4.
Como mostrado na Figura 5, os fluxos descritos acima são representados por indutâncias e os
enrolamentos por transformadores ideais sendo seu primário a representação elétrica do modelo e o secundários
com tensão de base de 10 kV a representação do circuito magnético. O enrolamento regulação também é
representado por 8 transformadores ideias que são somadas ou subtraidas em relação ao enrolamento de alta
tensão conforme a posição do tap.
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5.3. Ensaio de Perdas em Carga e Impedância de Curto-circuito
Esta simulação repetiu-se as condições do ensaio de perdas em carga com o transformador alimentado por
uma fonte constante nos terminais de alta tensão e com os terminais de baixa tensão curto-circuitado, obtendo-se
uma diferença percentual da impedância de curto-circuito conforme mostra a Figura 7.
Analisando os valores obtidos observa-se que os valores da indutância de dispersão têm uma contribuição
direta com o valor da impedância dispersão entre enrolamentos e as diferenças obtidas estão correlacionadas em
função dos valores inseridos no modelo, obtidos do ensaio, e da somatoria de fluxos conforme o tap que está
sendo analizado.
1,50
1,00
0,50
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Posição do comutador
1,50
1,00
0,50
0,00
1 9 17
Posição do comutador
Analisou-se o desempenho deste modelo proposto inserido na modelagem de uma subestação e sendo
analisado os fenômenos que ocorrem quando da atuação do sistema de comutação automática para a operação
em vazio e em carga do transformador.
6.1. Operação em Vazio do Transformador
O estudo foi realizado obtendo-se os oscilogramas com a comutação automatica de um tap do
transformador e observou-se que essa comutação curto-circuita o enrolamento do tap a ser comutado obtendo-se
uma corrente com valor máximo de até 200 A como mostra a Figura 9.(d) enquanto nas outras duas fases é
devido ao transitório da corrente de energização, Figura 9.(c), essa corrente altera também o oscilograma da
corrente de magnetização aumentando a mesma em até 10 vezes, ver Figura 9.(a). A Figura 9.(b) mostra o
comportamento da tensão quando da abertura do contato do tap e observa-se um pequeno transitório na tensão
da fase A devido a corrente elevada que aparece na mesma devido ao curto-circuito deste tap.
8/11
3 1500
[A] [V]
2
1000
1
500
-1
-500
-2
-1000
-3
-4 -1500
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 [s] 0,10 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 [s] 0,10
(file transformador_delta.pl4; x-var t) c:FONTE1-ATFAH1 c:FONTE2-ATFBH2 c:FONTE3-ATFCH3 (file transformador_estrela.pl4; x-var t) v:16ATFA-06COFA v:06B1FB-06COFB v:16ATFC-06COFC
[A] [A]
0,2 100
0,1 50
0,0 0
-0,1 -50
-0,2 -100
-0,3 -150
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 [s] 0,10 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 [s] 0,10
(file transformador_estrela.pl4; x-var t) c:16ATFA-06COFA c:16ATFB-06COFB c:16ATFC-06COFC (file transformador_estrela.pl4; x-var t) c:06A1FA-06COFA c:06B1FB-06COFB c:06C1FC-06COFC
FIGURA 9.(c) – Corrente fechamento do tap. FIGURA 9.(d) – Corrente fechamento do tapresistor transição.
20
500
10
0 0
-10
-500
-20
-1000
-30
-40 -1500
10 15 20 25 30 35 40 45 [ms] 50 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 [s] 0,10
(file transformador_estrela.pl4; x-var t) c:FONTE1-ATFAH1 c:FONTE2-ATFBH2 c:FONTE3-ATFCH3 (file transformador_estrela.pl4; x-var t) v:16ATFA-06COFA v:16ATFB-06COFB v:16ATFC-06COFC
[A]
[A]
37,5
100
25,0
50
12,5
0,0 0
-12,5
-50
-25,0
-100
-37,5
-50,0 -150
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 [s] 0,10 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 [s] 0,10
(file transformador_estrela.pl4; x-var t) c:16ATFA-06COFA c:16ATFB-06COFB c:16ATFC-06COFC (file transformador_estrela.pl4; x-var t) c:06A1FA-06COFA c:06B1FB-06COFB c:06C1FC-06COFC
FIGURA 10.(c) – Corrente no fechamento do tap FIGURA 10.(d) – Corrente no resistor de transição
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6.3. Comportamento das Correntes de Magnetização
Na operação do transformador sem a comutação do tap notou-se um aumento gradativo da corrente de
magnetização mantendo-se constante o nível de tensão de alimentação do transformador em cada posição de tap,
esse aumento está na ordem de 1280,4% na corrente fundamental, conforme mostra a figura 11. O aumento
desta corrente está relacionado com a diminuição do número de espiras envolvidas no enrolamento de alta
tensão para uma mesma tensão de alimentação, apesar deste aumento de corrente gerar um fluxo magnético
maior, o número de espiras diminuído em cada tap gera um fluxo magnético menor e uma menor tensão no
enrolamento de baixa tensão do transformador.
Na operação do transformador com a comutação do tap, elevando e ou abaixando, notou-se o mesmo
aumento gradativo da corrente de magnetização mantendo-se constante o nível de tensão de alimentação do
transformador em cada posição de tap, conforme mostra a figura 11. Os valores apresentados de corrente,
abaixando ou elevando tap, nesta figura são referentes ao valor da corrente fundamental no instante da
comutação comparando-se com a corrente de magnetização do tap. Observa-se que a corrente de magnetização
fundamental no processo de comutação possui um valor maior do que a corrente magnetização fundamental
operando no tap.
Corrente (A)
2,00
1,80
1,60
1,40
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Tap
7. CONCLUSÃO
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) LEUVEN EMTP CENTER (LEC) – Alternative Transients Program (ATP) – RULE BOOK, julho/1987.
(2) CHAVES, M.L.R; SARAIVA, E. e SOUZA, H.B. – Proposta de Metodologia para Implementação do Ciclo
de Histerese no Modelo de Transformadores Trifásicos no Programa ATP – XVIII SNPTEE, Curitiba, 2005.
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(3) CHERRY, E. C. – The Duality Between Interlinked Electric and Magnetic Circuits and the Formation of
Transformer Equivalent Circuits, Proc. Of the Physical Society, V.(B) 62, pages 101-111, February/1949.
(4) FANDI, J.C.O. – Modelagem de Transformador de Três Colunas para Estudos de Corrente de Energização.
Dissertação de mestrado da Universidade Federal de Uberlândia, 2003.
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