ESTADO e SOCIEDADE Direito
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SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 34
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NOSSA HISTÓRIA
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Existem duas teorias que procuram dar conta do conceito de sociedade: a teoria
organicista, cujas origens podem ser encontradas desde a filosofia grega, que
entende que o homem é um ser eminentemente social e por isso não pode viver fora
da sociedade, entendendo o indivíduo como uma parte “orgânica” da sociedade; e a
teoria mecanicista, que entende o homem como um ser primário que vale por si
mesmo e do qual todos os ordenamentos sociais emanam como derivações
secundárias.
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Além disso, dizem: as partes do organismo não vivem por si mesmas, sendo
impossível imaginá-las fora do ser que a integram e nem podemos admiti-las noutra
posição que não seja aquela que a natureza lhes determinou, bem diferente do que
pode suceder com os indivíduos na sociedade.
As ações do Estado são definidas por leis ou por atos de governo, que
visam às execuções de tarefas de interesse público e que se realizam
pela administração pública.
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Teorias do Estado
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Para Marx, que em certo sentido concorda com Rousseau, o Estado surge
como uma forma de apropriação da classe dominante, que primeiro conquista o poder
político através do Estado para apresentar seu interesse como sendo o interesse geral
da sociedade.
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Assim como afirma Rousseau, em uma de suas passagens mais célebres, que
o primeiro homem que cercou um lote de terra e disse “isto é meu”, provocou um dos
maiores males para a sociedade, pois o Estado surge a partir de um contrato social,
não para garantir o direito de todos, mas o direito daqueles que detém a propriedade
privada.
Portanto o filósofo afirma que este primeiro contrato não foi legítimo, pois apenas
assegurou o direito dos “ricos”: dos que passaram a ter bens e posses.
Da mesma forma, Marx afirma em sua Ideologia Alemã (apud SELL, 2006) que
o Estado adquiriu uma existência particular como uma forma de organização para que
os burgueses garantissem sua propriedade e seus interesses.
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Essa luta contra o absolutismo dos monarcas pode ser facilmente percebida
através de pelo menos três grandes movimentos históricos: a Revolução gloriosa (a
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O que estas três Revoluções têm em comum e que nos ajudam a entender o
surgimento do Estado Liberal-Democrático é o fato de que todas proclamaram algum
tipo de direitos para os cidadãos: a primeira proclamou a Bill of rights, a Lei dos
Direitos dos Cidadãos (1689), que garantia a proteção de todo indivíduo diante do
governo; a segunda organizou o Estado a partir da Declaração da Independência que
garantia os direitos dos indivíduos e submeteu o poder da federação à Constituição
de 1787; e a terceira redigiu a Declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789)
além da Constituição de 1791 que submetia o poder do rei ao poder do parlamento.
Em todas estas revoluções, o poder do monarca foi sendo limitado pela lei
visando preservar a liberdade e garantir os direitos individuais. Essa garantia das
liberdades individuais é o que dá origem ao conceito de um Estado Liberal.
Além disso, com a garantia dos direitos individuais (civis e políticos), podemos
dizer que foi a construção do Estado Liberal-Democrático que deu origem ao que é
conhecido hoje como o “Estado democrático de direito”.
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Sobre o Fascismo, Noberto Bobbio escreveu uma obra intitulada Dal fascismo
ala democrazia (Do fascismo à democracia), traduzida para o português, que
aprofunda o debate em torno do regime fascista: sua origem, os acontecimentos que
conduziram à gênese e à afirmação do fascismo, sua ideologia, a difusão da
resistência contra o regime, sua queda e a instauração da democracia constitucional,
além de alguns personagens ligados ao regime.
Em 1932 Hitler chegou ao poder como líder do “Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães” e, como no fascismo, acreditava que o Estado precede o
indivíduo e tinha também um componente racial, defendendo a ideia da superioridade
da raça ariana diante de outras raças.
Já o Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) surge para suprir uma lacuna
deixada pelo Estado Liberal-Democrático que, apesar de garantir aos indivíduos uma
série de direitos civis e políticos, não previa a garantia aos indivíduos do acesso aos
benefícios sociais fundamentais como saúde, educação, trabalho etc.
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O ESTADO NO BRASIL
A vinda da família real trouxe uma série de mudanças para o Brasil inclusive
com a formação de órgãos e departamentos governamentais.
Entre 1930 até a década de 80, podemos dizer que o Estado brasileiro adotou
como princípio fundamental de sua política a combinação de crescimento econômico
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São nesses períodos que as empresas estatais são criadas, como a Vale do Rio
Doce (minério) e a Petrobrás (combustível), onde o Estado passou a tomar o controle
de algumas indústrias de base como forma de acelerar o desenvolvimento econômico.
Este foi desde então o grande desafio dos governos a partir da década de 80:
construir um novo modelo de Estado e retomar o crescimento econômico.
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Sociedade civil foi um conceito relacionado aos países da Europa e aos Estados
Unidos até o início da terceira onda de democratização (COHEN & ARATO,1992;
KEANE, 1988a).
Tal conceito surgiu no século XIX, por volta de 1820, como uma dimensão
dualista capaz de expressar duas mudanças trazidas pela modernidade ocidental: a
diferenciação entre as esferas econômica e familiar com a abolição da escravidão, e
a diferenciação entre Estado e sociedade causada pela especialização sistêmica do
Estado moderno.
Nesse contexto, diferenciação social significou que "...o Estado não é o Estado
se sempre se funde com a sociedade civil e esta não é sociedade quando é sociedade
política ou o Estado" (RIEDEL,1984, p. 133).
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Ao longo do século XIX, o conceito de sociedade civil não pôde ser utilizado para
além dos limites dos países do Atlântico Norte porque os processos sociais que
expressava pertenciam exclusivamente àqueles.
O conceito não era aplicável até, pelo menos, o início do século XX a uma
situação de pouca diferenciação entre o privado e o público. O Brasil do início do
século XIX ainda passava por um processo político privatista (FREYRE, 1959) no qual
a grande propriedade rural era o lugar de realização das atividades públicas.
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Esta é uma das raízes de um modelo tripartite da sociedade civil, que também
pode ser identificada em outras tradições do pensamento social, entre elas a
diferenciação entre sociedade civil, sociedade política e Estada em Gramsci (BOBBIO,
1988; OXHORN, 1995).
Para eles, o elemento central das sociedades civis latino-americanas deveria ser
a tentativa de ir além de uma concepção funcional da política para se concentrar em
disputas de hegemonia no campo da cultura e no território geográfico (OXHORN,
1995).
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Teorias da sociedade civil durante o final dos anos 1980 e início de 1990 trataram as práticas de
atores da sociedade civil em termos de autonomia, que, nesse caso, foi entendida em um sentido muito
amplo; como autonomia organizacional do Estado bem como uma esfera independente para a ação do
Estado (SADER, 1988; AVRITZER, 1994).
Mas a verdade é que este movimento pela autonomia social não sobreviveu à
democracia com a mesma concepção com que surgiu.
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A organização dos pobres brasileiros para lutar por serviços públicos é uma das
origens da sociedade civil brasileira.
Uma terceira razão que levou à reorganização da sociedade civil brasileira foi a
oposição dos setores liberais e de classe média à ausência de regras e accountability
nos processos políticos e civis, que transformou a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) em um dos principais grupos de oposição ao autoritarismo.
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Estes não são todos os movimentos que surgiram ao longo deste período.
Movimentos feministas (ALVAREZ, 1990) e movimentos negros também surgiram
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nessa mesma época, ainda que inicialmente não tivessem tanta influência como os
movimentos apontados anteriormente.
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No Brasil, o
gatilho para essa mudança foi uma experiência autoritária em que o Estado interveio
profundamente na vida cotidiana dos pobres através da remoção das favelas das
áreas centrais das cidades brasileiras e incentivou uma migração em massa dos
habitantes do campo para as cidades, sem fornecer-lhes saúde, educação e
infraestrutura adequadas.
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Foi neste período que práticas comuns, que podemos chamar de um repertório
democrático de ação coletiva pelas associações voluntárias brasileiras, surgiram.
Por mais difícil que seja visualizar como seria a organização desta política
pública, o fato de a proposta existir expressa bem o assim chamado "espírito da
época".
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A UAMPA, criada em Porto Alegre durante a primeira metade dos anos 1980,
propôs no seu segundo congresso a tomada de decisões sobre questões de
orçamento baseadas em um conselho de associações de bairro. Estes são alguns
exemplos da força da ideia de autonomia nos movimentos sociais brasileiros na
primeira metade dos anos 1980.
Este argumento, que vale tanto para o início da democratização quanto para a
sua fase posterior (AVRITZER, 2004), expressa uma nova correlação de forças entre
a sociedade civil e o Estado no Brasil.
O segundo fenômeno envolve a ideia de que a sociedade civil pode lidar com
políticas públicas de forma independente do Estado.
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O período entre 1985 e 1988 foi um divisor de águas na política brasileira, com
a convocação da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) e a elaboração da nova
Constituição.
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Uma emenda popular na área da saúde foi apresentada com pouco menos de
60 mil assinaturas (RODRIGUES NETO, 2003). Seus principais elementos foram:
obrigar o Estado a ser o principal provedor de saúde no Brasil; a criação de um sistema
de saúde nacional unificado, sem precondições para o acesso; a descentralização da
prestação de serviços de saúde; a promoção da ampla participação popular na
elaboração e implementação de serviços de saúde (PEREIRA, 1996, p. 446).
(1) descentralização;
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Este grupo tem uma forte presença na cidade de São Paulo, particularmente na
zona leste, e é também forte em outras cidades como Recife e Belo Horizonte. Em
Porto Alegre, este grupo é menos forte devido a maior influência dos setores de
esquerda na formação da sociedade civil local (BAIOCCHI, 2005).
Este grupo é mais ativo que o grupo de associações civis de políticas públicas
no sentido em que se reúnem mais vezes por semana, e é também mais voluntarista
e mais preocupado com os problemas da comunidade (AVRITZER, 2004).
Seus laços mais fortes são com o Partido dos Trabalhadores e com as políticas
participativas por ele implementadas no nível local, e sua participação varia em função
da presença ou não do PT no poder.
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O grupo religioso é mais estável, seus membros são mais ligados aos hábitos da
população pobre e geograficamente está localizado fora do centro da cidade de São
Paulo, e na maioria das periferias de grandes concentrações urbanas no país.
Reduzir a sociedade civil a este pequeno grupo de associações, tal como fazem
Houtzager, Lavalle e Charia, equivale a ignorar o extenso processo de organização
através do qual a população de baixa renda no Brasil têm se empenhado nos últimos
30 anos, em prol da reconstrução de um antigo argumento de esquerda sobre as
ligações entre os partidos e os atores da sociedade civil.
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REFERÊNCIAS
ARATO, A. "Civil Society vs. the State: Poland 1980-81", Telos, nº 47, Spring,
1981.
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BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2000.
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