Contrarrazes - Apelação Breno
Contrarrazes - Apelação Breno
Contrarrazes - Apelação Breno
Processo n°.....
E, deferimento.
Colenda Câmara,
Senhores Desembargadores,
I - DOS FATOS
O Apelante foi condenado pela prática dos crimes previstos no Artigo 157, § 2º,
inciso II e § 2º-A, inciso I, do Código Penal e do Art. 244-B da Lei no 8.069/90, na forma do
Art. 70 do Código Penal, pela conduta consumada no dia 03 de novembro de 2017 em uma
loja de conveniência de um posto de gasolina, localizado na cidade de Florianópolis.
A instrução probatória mostrou que, naquele dia, o Apelante em companhia de um
menor de idade consumiu grande quantidade de bebida alcoólica em uma festa com entrada
restrita para menores de 18 anos. Em posse de arma de fogo planejou.
Foi procedida perícia na arma de fogo, levantamento da ficha criminal do Apelante, e
antes do oferecimento da denúncia, foi solicitada diligências pelo Ministério Público e
consequente relaxamento da prisão de Breno.
Após concluída a diligência e comprovada autoria delitiva de Breno, o Ministério
Público encaminhou a denúncia em 05 de junho de 2019 à 1ª Vara Criminal da Comarca de
Florianópolis/SC.
Após regular processamento, foi proferida sentença condenatória nos termos da
denúncia, conforme requerido por este Parquet.
Inconformado, o Apelante maneja o Recurso ora contrarrazoado, em cujas razões
pleiteia: 1) a fixação da pena base no patamar mínimo; e 2) a nulidade da instrução, por
violação dos arts. 212 e 564 Inciso IV do CPP e ao princípio da ampla defesa art. 5º Inciso LC
da CF/88.
“(...)
Assim, passo a individualizar a pena, de acordo com o previsto nos arts. 59 e 68 do
Código Penal.
1ª FASE:
a) Culpabilidade: incompleta à espécie, deixou de ser valorado o crime previsto no
art. 253 da lei nº 8.069, de 13 de de julho de 1990, redação dada pela Lei nº
13.106, de 2015 valorar, justificando uma maior censura ou repreensão ao
Apelante;
b) Antecedentes: não há elementos nos autos que possam indicar antecedentes
criminais transitados em julgado.
c) Conduta Social: o denunciado possui 03 inquéritos policiais em que figurava
como indiciado em investigações relacionadas a crimes patrimoniais, além de 05
ações penais em curso, duas delas com condenações de primeira instância, pela
suposta prática de crimes de roubo majorado.;
d) Personalidade: não há elementos que possam informar a respeito da
personalidade do agente, não podendo esta omissão ser levada em conta em seu
desfavor;
e) Motivos do Crime: se encontram relatadas nos autos, sendo desfavoráveis,
uma vez que se torna relevante o fato do crime ter sido cometido com emprego
de arma;
f) Circunstâncias do Crime: se encontram relatadas nos autos, sendo
desfavoráveis, uma vez que se torna relevante o fato do crime ter sido
cometido com emprego de arma;
g) Consequências: não houve prejuízo patrimonial à vítima. Não há provas da
existência de sequelas e traumas de ordem psíquica dele decorrente;
h) Comportamento da vítima: contribuiu para a prática do delito.
Dessa forma, basta a participação do menor de idade para que se configure o crime.
Doravante , basta a comprovação da prática delitiva por agente em companhia de
pessoa menor de dezoito anos, tutelado o bem jurídico integridade mental, cultural e social do
adolescente.
Além dos mais, a idade do menor restou comprovada em sede policial.
Dessa forma, pugna-se pela manutenção da sentença condenatória pelo crime do art.
244-B da Lei nº 8.069/90 nos termos delineados pelo Juízo.
Contudo, comprovado o crime do art. 244-B, deixou de ser observado a ocorrência do
crime insculpido no art. 243 da Lei nº 8.069/90:
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que
gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica:
(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) . Pena - detenção de 2
(dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais
grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Prevalecendo, portanto proibição da reformatio in pejus neste fato delitivo.
Mesmo entendimento teve o STJ, ao firmar a tese de que a iniciativa do juiz em inquirir
a testemunha, violando o texto expresso do art. 212 do CPP, só provoca nulidade se a parte
comprovar prejuízo advindo da conduta do magistrado:
“1. A “declaração de nulidade exige a comprovação de prejuízo, em
consonância com o princípio pas de nullité sans grief, consagrado no
art. 563 do CPP e no enunciado n. 523 da Súmula do STF” (AgRg no
HC 613.170/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado
em 27/10/2020, DJe 12/11/2020), o que não ocorreu na presente
hipótese. 2. Ao contrário do que alega a Defesa, o entendimento do
Tribunal de origem está de acordo com a jurisprudência desta Corte,
no sentido de que “[n]ão é possível anular o processo, por ofensa ao
art. 212 do Código de Processo Penal, quando não verificado prejuízo
concreto advindo da forma como foi realizada a inquirição das
testemunhas” (AgRg no HC 465.846/SP, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 14/05/2019, DJe 23/05/2019).
3. Agravo regimental desprovido” (AgRg no HC 524.283/MG, j.
09/02/2021).
E. deferimento.