Sobre o Desenho Infantil PDF
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1 Pós-Doutora em Arte e Educação, Doutora e Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Licenciada em Artes Visuais (IA-UFRGS). Professora e pesquisadora na área
de Infância e Cultura Visual na Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação
da UFRGS.
Entendo o desenho, como a modalidade expressiva “mais popular” no contexto educacional,
tendo em vista que os registros feitos em qualquer suporte (muro, garrafa pet, pedra,
guardanapo, caixa de sapato, etc) com qualquer material (caco de tijolo, carvão, caneta
esferográfica, giz, unha, palito, etc), são considerados como desenho. Entretanto, apesar da
facilidade de acesso e das possibilidades expressivas dessa linguagem, em sala de aula, ainda
persistem práticas ultrapassadas, como dar desenhos prontos para as crianças colorirem ou
simplesmente fornecer alguns materiais para que as crianças realizem desenhos. Tais
procedimentos, entre outras práticas educativas, não levam as crianças a terem prazer em
descobrir a singularidade do desenho. Em conseqüência de práticas equivocadas em sua
escolarização, crianças, jovens e adultos dizem insistentemente: “não sei desenhar”. E o que fazer
para que o ato de desenhar seja ressignificado na Escola? Em primeiro lugar, o desenho, como
qualquer linguagem requer conhecimentos, aprendizagens, experimentações e isso depende, em
grande parte, de como a professora elabora e desenvolve suas propostas, pois ninguém aprende e
tem domínio de alguma linguagem do nada. As experimentações lúdicas com materiais e
suportes, os “veículos” expressivos, talvez sejam os primeiros passos para fazer com que as
crianças se aproximem do desenho. As experiências exploratórias com os materiais, instigadas
pela professora, levam tanto a “ver” as possibilidades da linguagem do desenho, quanto conhecer
o “comportamento” dos materiais. A professora, ao introduzir materiais e suportes, deverá lançar
questionamentos: que tipos de linhas, texturas e tonalidades o carvão (que pode ser de
churrasco) oferece em diferentes suportes? Como são esses registros? Há semelhanças,
diferenças na marca que ele deixa no papel da caixa de sapato e na folha de ofício? E a caneta
esferográfica sobre guardanapo de festa de aniversário? Além da exploração, a professora deverá
ampliar os repertórios das crianças sobre o desenho, buscando na cultura visual – da arte ao
mundo virtual - exemplos que façam sentido a eles. Explorar materiais e conhecer as
materialidades de diferentes produções gráficas poderá ser uma das vias para instaurar o prazer
de desenhar na Escola.