Texto-Base Estrutura Final
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1. Estrutura Organizacional
Essa transferência do termo estrutura das ciências biológicas para as ciências sociais
não se realizou sem que houvesse questionamentos: na acepção inicial a estrutura é algo
detectável, palpável no âmbito da realidade concreta. Ao serem transferidos para o domínio
do social, os limites traçados para o conjunto tornam-se discutíveis e, por vezes, arbitrários.
A partir de então, não se trata mais, como na tradição das ciências biológicas dos
séculos XVII e XVIII, de como decompor um todo, mas de como relacionar e estabelecer que
elementos farão parte desse todo suposto. Assim sendo, o conceito de estrutura passa a ser
múltiplo e, em especial, no Estruturalismo, depende da teoria e do enfoque utilizado.
Dos vários significados apresentados por Boudon e Bourricaud (1993) para o termo
estrutura, percebe-se que alguns permeiam o campo da teoria das organizações. Estrutura
com um significado próximo ao de tipo; como o equivalente do alemão Gestalt ou do inglês
pattern, evocando nesses casos a noção de configuração; ou ainda estrutura como uma matriz
de correlações entre variáveis para indicar que os valores das correlações não são distribuídos
de maneira aleatória.
De fato, definições ou significados à parte, a estrutura é um construto de relevância
para o estudo das organizações e, nesse sentido, Mintzberg (2003, p.7) exalta: “o que pode ser
mais importante para o funcionamento eficaz de nossas organizações – de oficinas de
consertos a empresas automobilísticas, forças policiais e governos nacionais – do que o design
de suas estruturas?”.
Assim, toda organização, por mais simples que seja, tem sua maneira própria de
realizar suas atividades, sendo que a forma como estrutura suas atividades é influência
determinante para o desempenho da organização. Isso posto, seria aceitável considerar que
além de colaborar para o bom desempenho da organização, a estrutura traz em si importantes
informações sobre as principais características dessa organização.
Por outro lado, é importante salientar que os elementos da estrutura devem ser
selecionados para a obtenção de uma consistência ou harmonia interna, bem como para uma
consistência básica com a situação da organização (MINTZBERG, 2003).
Para Mintzberg (2003), toda atividade humana organizada traz consigo duas exigências
fundamentais: a divisão do trabalho em várias tarefas a serem executadas e, ao mesmo
tempo, a coordenação dessas tarefas para a realização da atividade. Nesse sentido, o autor
define a estrutura de uma organização como a “soma total das maneiras pelas quais o trabalho
é dividido em tarefas distintas e, depois, como a coordenação é realizada entre essas tarefas”
(p.12).
Essa definição apresentada por Mintzberg (2003) traz em si a ideia que persistiu
durante metade do século XX, quando a bibliografia sobre Administração defendia a noção de
estrutura organizacional como um conjunto de relações de trabalho oficiais e padronizadas,
reforçado por um sistema de autoridade formal e rigorosa com suposto controle total sobre as
ações e interações entre os indivíduos.
Somente a partir do experimento de Hawthorne, percebeu-se que outras coisas
estavam ocorrendo nas estruturas organizacionais, especificamente a presença da estrutura
informal – relacionamentos não oficiais no grupo de trabalho.
Assim, outras definições de estrutura organizacional passaram a ressaltar a
importância das interações humanas na formação das estruturas, uma vez que a estrutura
formal nem sempre representa exatamente o que ocorre no cotidiano das organizações, visto
que as relações entre os indivíduos, assim como os processos, fluem de maneira menos
programada e controlada (MOTTA e VASCONCELOS, 2002).
Dessa forma, passou-se a considerar que a configuração estrutural e as normas,
procedimentos padronizados e posições que a estrutura prevê, são também permeadas por
padrões de interação, representados pelas relações sociais informais e formais. “As estruturas
formais e informais são entrelaçadas e, frequentemente, indistinguíveis” (MINTZBERG, 2003,
p. 20).
Salientando que os indivíduos, em especial, representam uma grande força capaz de
gerar e/ou sofrer impactos devido à sua disposição e participação dentro da estrutura
organizacional, Ranson, Hinings e Greenwood (1980) apresentam uma proposta analítica,
segundo a qual o contraste entre arcabouço estrutural e padrões de interação pode ser
resolvido ao se conceber estrutura como um meio de controle continuamente produzido e
recriado em interação que, ao mesmo tempo, molda essa interação e, portanto, é constituída
e constituinte. Essa proposta enfatiza que a estrutura de uma organização não é fixa para
sempre. Pelo contrário, ela molda e é moldada pelo que acontece na organização.
Hall (2004, p 47), ao definir três funções básicas para as estrutura organizacionais,
admite a existência da influência dos indivíduos na organização:
Além disso, é fato que as organizações nem sempre adotam as estruturas com base
somente em suas condições impessoais como: idade/tamanho, sistema técnico e/ou as
características de seu ambiente. Fatores de poder também interferem no delineamento da
estrutura, principalmente a presença de controles externos à organização, as necessidades
pessoais de seus diversos membros e a moda do dia, internalizadas na cultura onde a
organização está inserida (MINTZBERG, 2003).
2. Departamentalização
MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G.. Teoria Geral da administração. São Paulo: Thomson,
2002.
RANSON, S., HINNINGS, B., GREENWOOD, R. The structuring of organizational structures.
Administrative Science Quarterly, v.25, n.1, p.1-17, 1980.