2.legislação e Regulamentação

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Gestão Ambiental

Legislação e Regulamentação
Ambiental
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
CAROLINA GALVÃO SARZEDAS
AUTORIA
Carolina Galvão Sarzedas
Olá! Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e
doutorado em Ciências, com experiência técnico-profissional na área de
Meio Ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou
na UFRJ, local em que me apaixonei pela ciência e pela educação. Tenho
experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção
de material didático para grandes empresas de educação. Por isso, fui
convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de
muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Introdução à Legislação Ambiental..................................................... 10
Histórico da Legislação Ambiental Brasileira..............................................................10
Importância da Legislação Ambiental Brasileira....................................................... 14
Lei de Crimes Ambientais......................................................................... 17
Crimes Ambientais.......................................................................................................................... 17
Crimes Contra a Fauna.............................................................................................. 18
Crimes Contra a Flora................................................................................................ 18
Crimes Contra a Administração Ambiental................................................ 19
Poluição e Outros Crimes Ambientais........................................................... 19
Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio
Cultural.................................................................................................................................. 21
Lei de Crimes Ambientais.......................................................................................................... 22
Infrações Administrativas........................................................................................23
Multas....................................................................................................................................24
Conferências Sobre o Meio Ambiente.................................................26
Conferências Sobre o Meio Ambiente:.............................................................................26
Conferência de Estocolmo.....................................................................................27
ECO-92 ou Rio-92.........................................................................................................28
Protocolo de Kyoto..................................................................................................... 30
RIO+10:...................................................................................................................................32
RIO+20:...................................................................................................................................33
Desenvolvimento Sustentável................................................................ 35
Definição e Objetivos.................................................................................................................... 36
Princípios............................................................................................................................................... 38
Exemplos de Desenvolvimento Sustentável.............................................................. 39
Desenvolvimento Sustentável no Brasil......................................................................... 40
Exemplos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil...................... 41
Gestão Ambiental 7

02
UNIDADE
8 Gestão Ambiental

INTRODUÇÃO
Você sabia que a legislação ambiental Brasileira é uma das mais
importantes do mundo? É a partir dela que o governo fiscaliza e pune
os crimes ambientais e impõe regras para licenciamento ambiental
de atividades potencialmente poluidoras. Isso mesmo! As discussões
sobre Meio Ambiente tomaram mais forma a partir da década de 90, e
o termo “desenvolvimento sustentável” passou a reforçar as relações
entre economia, tecnologia, sociedade e política, tendo como princípio
a preservação dos recursos naturais. Desse modo, o desenvolvimento
sustentável deve levar em conta tanto a viabilidade econômica quanto
a ecológica, conservando os recursos naturais não renováveis para as
futuras gerações. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai
mergulhar neste universo!
Gestão Ambiental 9

OBJETIVOS
Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – Legislação e Regulamentação
Ambiental. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes
objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos:

1. Compreender a legislação ambiental em vigor no Brasil.

2. Interpretar a Lei de Crimes Ambientais e suas aplicações.

3. Identificar as principais conferências sobre o Meio Ambiente e


compreender sua importância para as políticas ambientais.

4. Discernir sobre a aplicabilidade do desenvolvimento sustentável


e sua finalidade.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Gestão Ambiental

Introdução à Legislação Ambiental

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como funciona a Legislação Ambiental no Brasil. Você
vai perceber que a evolução da nossa legislação mostra
também a evolução da preocupação com o uso dos
recursos naturais. E, então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!.

Histórico da Legislação Ambiental


Brasileira
O Brasil é considerado um país com legislação ambiental muito
completa e avançada. Todas as ações, nesse sentido, têm o intuito de
proteger o Meio Ambiente, de maneira a reduzir as consequências dos
impactos ambientais gerados.
Figura 1 - Histórico da Legislação Ambiental Brasileira

Fonte: Freepik.
Gestão Ambiental 11

Mas, se engana quem pensa que o cumprimento da legislação


cabe somente aos órgãos públicos e às pessoas jurídicas. Nós, como
sociedade, temos uma grande parcela de obrigações e deveres para com
o Meio Ambiente.

Nesse contexto, o nosso sistema institucional para a gestão do Meio


Ambiente é complexo e passou por um processo histórico com diversos
momentos políticos, sociais e econômicos, e evolui em conjunto com as
definições de Meio Ambiente definido por cada época.

A seguir, vamos fazer um rápido resumo dos momentos históricos


que trouxeram nossa legislação ambiental até os dias de hoje.

•• Década de 30: durante a Era Vargas, ocorreu intensificação da


industrialização do país e, com isso, maior preocupação com
o uso dos recursos naturais. Em 1934, foi realizada a Primeira
Conferência Brasileira de Proteção da Natureza, representando
um primeiro movimento contra o uso desenfreado dos recursos
naturais. Mesmo com a criação de alguns códigos de proteção
ambiental, não havia setores dos governos para gerir as questões
ambientais.

•• 1967: Criação do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal


(IBDF), responsável por aplicar o Código Florestal e a Lei de
Proteção à Fauna (Lei n° 5197/67). Embora vejamos uma evolução
na legislação ambiental Brasileira, havia ainda muitas contradições
dentro dos códigos e leis, o que gerava problemas ambientais.

EXEMPLO:

Durante esse período, muitas mineradoras foram instaladas em


áreas consideradas unidades de conservação pelo IBDF.

Aqui no Brasil, na década de 70, o pensamento era de que se a


poluição é o preço a pagar para o desenvolvimento, então o país receberá
de braços abertos as indústrias poluidoras (SÁNCHEZ, 2008).
12 Gestão Ambiental

Enquanto isso, no resto do mundo, as questões ambientais já se


tornavam compromisso entre as nações, com a Conferência de Estocolmo
(1972). Inclusive, nos EUA, a National Environmental Policy Act (NEPA), em
vigor desde a década de 70, já estabelecia amplos objetivos para a política
ambiental norte americana, determinando a exigência de avaliações de
impactos ambientais por agências federais quando as ações pudessem
causar danos ambientais relevantes.

Porém, aos poucos, a preocupação internacional com o Meio


Ambiente, foi influenciando o pensamento dos representantes Brasileiros.
Em 1973, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA),
vinculada ao Ministério do Interior e responsável por desenvolver a
legislação Brasileira.

•• 1975: um decreto do governo federal regulamentou políticas de


controle de poluição industrial (Decreto-Lei nº 1.413), estimulando
que estados e municípios começassem a criar suas próprias leis e
decretos de controle da poluição.

•• 1979: criação da lei que dispõe sobre o parcelamento do


solo urbano (Lei nº 6.766/79). Essa lei estabelece regras para
loteamentos urbanos, os quais são proibidos em áreas de
preservação ecológicas, naquelas onde a poluição representa
perigo à saúde e em terrenos alagadiços.

•• 1981: marco da legislação Brasileira com a instituição da


Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA- Lei nº 6.938/81) e,
posteriormente, a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA), gerido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA). Falaremos mais sobre a PNMA ao longo desta aula.

•• 1985: ocorreu a Convenção de Viena e seu reflexo tornou a Avaliação


do Impacto Ambiental (AIA) obrigatória para a implantação de
projetos possivelmente nocivos ao Meio Ambiente.

•• 1986: criada a Resolução nº 001/86 do CONAMA, que


regulamenta a realização de Estudos de Impacto Ambiental (EIA)
e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

•• 1988: a Constituição Federal regulamenta a obrigatoriedade do


Licenciamento Ambiental para todas as atividades utilizadoras de
Gestão Ambiental 13

recursos naturais, sendo o SISNAMA o responsável pelo controle


e adequação das licenças ambientais.

•• 1989: estruturação dos demais órgãos públicos responsáveis pela


questão ambiental com a criação de um único órgão: Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais (IBAMA).

•• 1997: criação da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH-


Lei no 9433/97), que passa a definir a água como recurso natural
limitado e dotado de valor econômico, prevendo a criação do
Sistema Nacional para a coleta, tratamento, armazenamento e
recuperação de informações sobre recursos hídricos.

•• 1998: também considerada um marco na nossa legislação, a Lei de


Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) institui punições e multas às
atividades lesivas ao Meio Ambiente. Essa lei concede aos órgãos
ambientais, ao Ministério Público e à sociedade mecanismos de
punição para os causadores de danos ambientais.

•• 2000: instituição do Sistema Nacional de Unidade de Conservação


(SNUC- Lei nº 9.985/00) com o objetivo de conservar a nossa
variedade de espécies biológicas e de recursos genéticos, de
modo a preservar e restaurar a diversidade dos ecossistemas
naturais, promovendo o desenvolvimento sustentável a partir dos
recursos naturais.

•• 2006: criação da Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei nº


11.284/06), com a instituição do Serviço Florestal Brasileiro (órgão
regulador) e do Fundo do Desenvolvimento Florestal, com o
objetivo de normalizar o sistema de gestão florestal em áreas
públicas.

•• 2007: estabelecimento da Política Nacional do Saneamento


Básico (Lei nº 11.445/07) em todos os setores do saneamento
como drenagem urbana, abastecimento de água, resíduos sólidos
e esgotamento sanitário.

•• 2010: instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS


– Lei nº 12.305/10), responsável por estabelecer diretrizes à
gestão integrada e ao gerenciamento ambiental adequado dos
resíduos sólidos. Passa a compartilhar a responsabilidade pelo
14 Gestão Ambiental

cumprimento de seus objetivos entre a sociedade, as empresas


e o governo, definindo o processamento adequado dos resíduos
antes da destinação final e sujeitando o infrator a penas passivas
pelo descumprimento da legislação.

•• 2012: revogação do Código Florestal Brasileiro de 1965 e instituição


de um Novo Código (Lei nº 12.651/12) com a definição de que a
responsabilidade pelo Meio Ambiente natural é obrigação do
proprietário mediante a manutenção de espaços protegidos
de propriedade privada, divididos entre Área de Preservação
Permanente (APP) e Reserva Legal (RL).

NOTA:

É preciso, também, que cada estado tenha sua legislação


específica e, ao seguir as normas estabelecidas pela legislação
federal ou estadual, sempre é aconselhável optar pelas mais
restritivas para não correr o risco de sofrer punições.

Precisamos ter em mente que as nossas leis ambientais, com suas


infrações e normas, devem ser conhecidas e entendidas, pois só assim
haverá uma mudança de comportamento nas empresas e na sociedade.
A preocupação não pode estar relacionada apenas a penalidades legais,
e sim à adoção de uma postura de responsabilidade perante nossos
recursos naturais, seu uso e preservação.

Importância da Legislação Ambiental


Brasileira
Sabemos que o Brasil tem dimensões continentais e que possuímos
a maior biodiversidade do planeta distribuída em seis biomas: Amazônia,
Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal.

E, ainda, aqui estão presentes 9,5% de todas as espécies de flora


e fauna registradas no mundo, sendo considerado o país mais rico em
peixes de água doce, anfíbios, mamíferos e plantas do planeta. Temos
Gestão Ambiental 15

uma extensão marítima de 3,5 milhões de km2, com 10.800 km de costas


e reentrâncias.

O que isso quer dizer?

Esse contexto significa que é um imenso desafio conferir proteção


legal a todo o nosso patrimônio natural.

Diante disso, a nossa evolução legislativa mostra que, na década


de 80, as normas e leis estavam relacionadas à organização institucional,
ao controle da poluição, ao fortalecimento dos mecanismos de
participação popular no processo de controle dos impactos ambientais
e, principalmente, ao controle da degradação ambiental ocasionada pela
implantação de atividades e empreendimentos econômicos.

A Constituição Federal teve grande importância no nosso controle


ambiental, pois, em seu artigo 225, dispõe:
Todos têm direito ao Meio Ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e de preservá-lo para
as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988, p. 131)

Isto é, o Estado passou a sujeitar sanções penais e administrativas


a pessoas físicas e jurídicas que praticassem atos nocivos ao Meio
Ambiente, além de reparar os danos ambientais causados.

Paralelamente à legislação de proteção ambiental específica,


houve uma evolução também nas normas relativas ao desenvolvimento
regional, de modo a melhorar o ordenamento urbano.

Além disso, percebemos também um grande aumento na


preocupação com o Meio Ambiente advindo da iniciativa privada, uma
vez que as empresas vêm adotando Sistemas de Gestão Ambiental
(SGA) certificados por organismos creditadores (Ex.: NBR ISO 14.001/2015)
como diferencial de mercado. Além disso, bancos vêm condicionando a
liberação de créditos para empresas quando elas já têm licença ambiental
para o empreendimento a ser desenvolvido.

Podemos, assim, concluir a importância da legislação ambiental


para o direcionamento do Poder Público e a iniciativa privada à uma
16 Gestão Ambiental

gestão eficiente, com o intuito de prevenir e minimizar a ocorrência de


danos causados ao Meio Ambiente, melhorando assim, a qualidade de
vida de todos.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, recomendamos a


leitura da Legislação Ambiental Básica, do Ministério do
Meio Ambiente. Você pode acessá-la clicando aqui.

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o Brasil é considerado um país com legislação
ambiental muito completa e avançada, cujas ações têm o
intuito de proteger o Meio Ambiente, de modo a reduzir as
consequências dos impactos ambientais gerados. O nosso
sistema institucional passou por um processo histórico
com diversos momentos políticos, sociais e econômicos,
e vem evoluindo em conjunto com as definições de Meio
Ambiente definidos por cada época. Muitas leis ambientais
foram criadas e modernizadas para se adaptarem às
necessidades atuais, de modo a ampliar a discussão
acerca do tema e compartilhar a responsabilidade do
seu funcionamento entre sociedade, empresas e Poder
Público. Diante disso, é importante reiterar que precisamos
assumir nossa parcela de responsabilidade perante o uso
dos recursos naturais e devemos cobrar a aplicação correta
da legislação ambiental.
Gestão Ambiental 17

Lei de Crimes Ambientais

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender a Lei


de Crimes Ambientais. Porém, antes, precisamos identificar
o que é um crime ambiental e seu impacto causado ao
Meio Ambiente. E, então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!.

Crimes Ambientais
Começamos apresentando uma definição genérica de crime: é uma
violação ao direito. Sendo assim, um crime ambiental é um prejuízo ou
dano causado aos elementos que compõem o Meio Ambiente, sejam
eles, recursos naturais, flora, fauna ou patrimônio cultural. Qualquer
violação de direito é passível de uma penalização regulada por lei e com
o Meio Ambiente não seria diferente, a lei que determina as sanções
penais e administrativas aplicadas em caso de danos ao Meio Ambiente é
chamada de Lei de Crimes Ambientais.
Figura 2 - Lei de Crimes Ambientais

Fonte: Wikipedia.
18 Gestão Ambiental

Crimes Contra a Fauna


São ações prejudiciais cometidas contra animais silvestres, nativos
ou em rota migratória, como caçar, pescar, matar, perseguir, apanhar,
utilizar, vender, expor, exportar, adquirir, impedir a procriação, maltratar,
propiciar ou negligenciar doenças dolorosas ou cruéis com animais
quando existe outro meio, mesmo que para fins didáticos ou científicos,
transportar, manter em cativeiro ou depósito, espécimes, ovos ou larvas
sem autorização ambiental ou em desacordo com essa. Ou ainda,
modificar, danificar ou destruir ninho, abrigo ou criadouro natural.

Da mesma forma, a introdução de espécime animal estrangeira no


Brasil sem a devida autorização também é considerada crime ambiental,
assim como o perecimento de espécimes devido à poluição.

Crimes Contra a Flora


São ações que visem destruir ou danificar a floresta permanente,
mesmo que ela esteja em formação, utilizá-la em desacordo com as
normas de proteção, assim como usar as vegetações fixadoras de dunas
ou protetoras de mangues.

Causar danos diretos ou indiretos às unidades de conservação,


provocar incêndio em mata ou floresta, bem como fabricar, vender,
transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área.

Promover extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins


comerciais de madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal
sem a devida autorização ou em desacordo com a Lei 9.605 de 1998.

Extrair de florestas de domínio público ou de preservação


permanente: pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral, de modo
a impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer forma de
vegetação.

Assim como destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de


ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia,
além de comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização.
Gestão Ambiental 19

Em caso da degradação da flora, provocar mudanças climáticas ou


alterações de corpos hídricos e erosão, a pena é aumentada de um sexto
a um terço.
Figura 3 – Crime ambiental

Fonte: Pixabay.

Crimes Contra a Administração Ambiental


Esse tipo de crime é atribuído à afirmação falsa ou enganosa,
sonegação ou omissão de informações e dados técnico-científicos em
processos de licenciamento ou autorização ambiental, assim como a
concessão de licenças ou autorizações em desacordo com as normas
ambientais.

Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de


cumprir obrigação de relevante interesse ambiental; dificultar ou obstar a
ação fiscalizadora do Poder Público.

Poluição e Outros Crimes Ambientais


A poluição acima dos limites estabelecidos, por lei, é considerada
crime ambiental, assim como a poluição que provoque ou possa provocar
20 Gestão Ambiental

danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição significativa


da flora.

Também é crime a poluição que torne locais impróprios para uso ou


ocupação humana, a poluição hídrica que torne necessária a interrupção
do abastecimento público e a não adoção de medidas preventivas em
caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Outros crimes ambientais são a pesquisa, lavra ou extração de


recursos minerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a
não-recuperação da área explorada.

A produção, processamento, embalagem, importação, exportação,


comercialização, fornecimento, transporte, armazenamento, guarda,
abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde
humana ou em desacordo com as leis também são configurações de crime.
Além disso, mais algumas atitudes criminosas são construir, reformar,
ampliar, instalar ou fazer funcionar empreendimentos de potencial
poluidor sem licença ambiental ou em desacordo com a legislação.

E, ainda, é crime ambiental a disseminação de doenças, pragas ou


espécies que possam causar danos à agricultura, à pecuária, à fauna, à
flora e aos ecossistemas.
Figura 4 – Crime ambiental: poluição

Fonte: Freepik.
Gestão Ambiental 21

Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o


Patrimônio Cultural
É considerado crime destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto
ou estrutura sem devida autorização, pichar ou grafitar bem, edificação ou
local especialmente protegido por lei.

Danificar registros, documentos, museus, bibliotecas e qualquer


outra estrutura, edificação ou local protegidos seja por seu valor
paisagístico, histórico, cultural, religioso ou arqueológico.

E construir em solo não edificável (por exemplo, áreas de


preservação), ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com
a autorização concedida também é considerado crime ambiental.

IMPORTANTE:

O que mais vemos no Brasil são episódios trágicos


envolvendo crimes ambientais, que exemplificam a
importância da adoção e efetiva aplicação das leis
ambientais e das penalidades relacionadas a esse tipo de
crime.

Figura 5 – Crime ambiental: pichação

Fonte: Wikipedia.
22 Gestão Ambiental

Lei de Crimes Ambientais


Como dito anteriormente, crime ambiental é todo e qualquer dano
ou prejuízo causado aos elementos que compõem o ambiente: flora,
fauna, recursos naturais e patrimônio cultural.

Antes da existência da Lei de Crimes Ambientais, a proteção ao


Meio Ambiente era um grande desafio, pois as leis eram vagas e sem
muita aplicabilidade.

EXEMPLO:

As praias são de domínio público e de livre acesso, porém não havia


punição criminal para quem impedisse seu acesso.

Antes, maus tratos a animais e desmatamento eram considerados


contravenções, com aplicação de multas como punição, mas matar um
animal da fauna silvestre para própria alimentação era considerado crime
inafiançável.

Com a instituição da Lei, as pessoas jurídicas passam a ser


responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, sem excluir a pessoa
física, autora e coautora. A pessoa jurídica pode ter a suspensão parcial
ou total das atividades, interdição do estabelecimento, obra ou atividade,
proibição de contrato com o Poder Público, bem como dele obter
subsídios, subvenções ou doações.

A lei passa a centralizar a proteção ao Meio Ambiente, com as


infrações claramente definidas, uniformização das penas e gradação
adequadas, de acordo com:

I - A gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas


consequências para a saúde pública e para o Meio Ambiente.

II - Os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da


legislação de interesse ambiental.

III - A situação econômica do infrator, no caso de multa.

As penas são aplicadas conforme a gravidade da situação, podendo


variar entre:
Gestão Ambiental 23

•• Privação de liberdade (prisão).

•• Restrição de direitos.

•• Prestação de serviços à comunidade.

•• Interdição temporária de direitos.

•• Suspensão de atividades.

•• Prestação pecuniária e recolhimento domiciliar.

•• Multa.

Empreendimentos sem a devida licença ambiental, mesmo que não


tenham causado dano ambiental, cometem crime ambiental, pois essa
situação configura desobediência da legislação ambiental e é passível de
punição com multa e até detenção.

O Poder Público tem o poder fiscalizador e indica a multa prevista


para a conduta ou as demais sanções estabelecidas no decreto, ao lavrar
o auto de infração e de apreensão, de maneira a analisar a gravidade dos
fatos, a situação econômica do infrator e seus antecedentes.

NOTA:

A aplicação de sanções administrativas não impede a


penalização por crimes ambientais, se também forem
aplicáveis ao caso.

Infrações Administrativas
Infração administrativa ambiental é toda ação ou omissão que viole
as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do
Meio Ambiente.

Qualquer pessoa, ao tomar conhecimento de alguma infração


ambiental, poderá apresentar representação às autoridades integrantes
do SISNAMA e, a partir de então, a autoridade ambiental não tem escolha,
24 Gestão Ambiental

ou seja, precisa apurar imediatamente a infração ambiental sob pena de


corresponsabilidade.

As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções:

I – Advertência.

II - Multa simples.

III - Multa diária.

IV - Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e


flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer
natureza utilizados na infração.

V - Destruição ou inutilização do produto.

VI - Suspensão de venda e fabricação do produto.

VII - Embargo de obra ou atividade.

VIII - Demolição de obra.

IX - Suspensão parcial ou total de atividades.

X - Restritiva de direitos.

Multas
Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração
ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, Fundo
Naval, fundos estaduais ou municipais de Meio Ambiente, ou correlatos,
conforme dispuser o órgão arrecadador.

A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma


ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado e
será fixada, além de corrigida periodicamente, com base nos índices
estabelecidos na legislação, sendo o mínimo de R$ 50,00 e o máximo de
R$ 50.000.000,00.
Gestão Ambiental 25

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto e saber mais sobre


crimes ambientais, analise a Lei nº 9605/98 clicando aqui.

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Aprendemos
que crime é uma violação de direito, sendo assim, crime
ambiental é violar ou causar prejuízo ao Meio Ambiente
e seus elementos: flora, fauna, recursos naturais e
patrimônio cultural. A Lei de Crimes Ambientais(Lei no
9605/98) passa a centralizar a legislação ambiental no
que diz respeito à proteção do Meio Ambiente, de modo
que as punições passam a ser uniformes e gradativas de
acordo com a gravidade da infração cometida. A lei passa
a determinar a responsabilidade das pessoas jurídicas,
permitindo que grandes empresas sejam penalizadas e
paguem multas pelos danos ambientais causados por seus
empreendimentos. Dessa forma, qualquer cidadão pode
apresentar representação às autoridades do SISNAMA se
tomar conhecimento de infrações ambientais e, uma vez
ciente, o órgão não tem escolha senão apurar os fatos sob
pena de corresponsabilidade.
26 Gestão Ambiental

Conferências Sobre o Meio Ambiente

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


as conferências ambientais realizadas no intuito de unir os
países em prol do desenvolvimento sustentável. E, então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!.

Conferências Sobre o Meio Ambiente:


As discussões acerca do Meio Ambiente e do desenvolvimento
sustentável são realizadas em conferências ambientais que reúnem
líderes de diversos países. Após a Segunda Guerra Mundial, com a
intensificação da indústria e a introdução de técnicas inovadoras no meio
rural, os encontros entre líderes se tornaram de suma importância, uma
vez que houve um aumento na exploração de recursos naturais.

A tentativa de desenvolver estratégias visando ao desenvolvimento


socioeconômico atrelado ao uso consciente dos recursos naturais e à
preservação ambiental fizeram com que as conferências ambientais se
tornassem reuniões de grande importância para a conservação do planeta.
Neste capítulo, discutiremos sobre as mais importantes conferências e
suas implicações no comportamento dos países envolvidos.
Figura 6 – Principais conferências mundiais sobre o Meio Ambiente

Fonte: Pixabay.
Gestão Ambiental 27

Conferência de Estocolmo
Foi realizada em 1972 na Suécia Conhecida como Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, é considerada um importante
marco para as conferências ambientais. Reuniu 250 organizações
internacionais, com 113 líderes. Foi uma reunião grandiosa, porém qual foi
seu real impacto nas políticas mundiais em relação ao Meio Ambiente?

1. A constatação da existência de problemas ambientais.

2. A extrema necessidade de conter esses problemas.

Entre as questões abordadas na Conferência estão a preservação da


fauna e da flora como atitudes essenciais, a redução do uso de resíduos
tóxicos e, o ponto principal, o financiamento do desenvolvimento para
que países subdesenvolvidos atinjam o progresso esperado.

NOTA:

O apoio a países subdesenvolvidos foi um ponto importante


pois, segundo a Declaração de Estocolmo, a melhor
maneira de barrar a degradação ambiental é por meio da
promoção do desenvolvimento dos países.

A Conferência teve como resultado a Declaração de Estocolmo e o


Plano de Ação para o Meio Ambiente.

Na Declaração de Estocolmo, foram colocadas 27 questões


principais e 26 princípios referentes às responsabilidades dos países com
a preservação do Meio Ambiente.

O Plano de Ação para o Meio Ambiente contempla 109


recomendações. Entre eles, a convocação para que os países e as
organizações internacionais busquem soluções e alternativas para os
problemas ambientais.
28 Gestão Ambiental

A partir dessa conferência, começaram a surgir políticas de


gerenciamento ambiental que envolviam a união de países na tentativa
de diminuir os impactos ambientais negativos gerados.

IMPORTANTE:

A Conferência também impulsionou a criação do Programa


das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), nova
instituição da Organização das Nações Unidas (ONU)
para tratar de assuntos ambientais, como forma de dar
continuidade aos debates sobre o Meio Ambiente.

ECO-92 ou Rio-92
Também conhecida por Conferência das Nações Unidas, foi
realizada na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Reuniu 172 países e cerca
de 1400 organizações não governamentais (ONGs). Essa Conferência
retomou alguns pontos que já haviam sido abordados na Declaração de
Estocolmo e constatou que problemas que antes tinham abrangência
local, agora eram globais.

O modelo até então adotado, que sempre foi a exploração máxima


dos recursos naturais para obtenção de lucro, não poderia ser mais
sustentado, devido à escassez de recursos naturais.

Alguns importantes documentos foram originados dessa reunião,


entre eles:

•• Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente de Desenvolvimento.

•• Declaração de Princípios sobre Floresta de todo o tipo.

•• Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima


(CQNUMC).

•• Convenção sobre diversidade biológica.

•• Agenda 21.
Gestão Ambiental 29

Esses documentos tiveram como objetivo operar uma mudança


nos padrões de consumo estabelecidos até então, de maneira a alcançar
o desenvolvimento sustentável.

Ficou acertado que em 10 anos seria realizada uma nova conferência


para discutir os resultados obtidos a partir das propostas apresentadas na
ECO-92.

Principais resultados da ECO-92:

•• Cooperação dos países desenvolvidos para acelerar o


desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento.

•• Combate à pobreza.

•• Mudança nos padrões de consumo.

•• Combate ao desflorestamento.

•• Conservação da diversidade biológica.

Agenda 21:

Um dos resultados da Declaração do Rio foi a Agenda 21, que é


um documento com o objetivo de desenvolver uma proposta para o
desenvolvimento sustentável. Em sua composição, temos a base para
que cada um dos 179 países elabore sua própria Agenda 21, com um novo
padrão de desenvolvimento, o qual concilie proteção ambiental, justiça
social e eficiência econômica.

É um documento composto por 40 capítulos em que estão


presentes algumas propostas de alternativas para um novo modelo de
desenvolvimento, com valores de cooperação, igualdade de direitos
e fortalecimento dos grupos socialmente vulneráveis, democracia,
participação e sustentabilidade.

Segundo o MMA, pode ser definida como um “instrumento de


planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes
bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça
social e eficiência econômica”.
30 Gestão Ambiental

Precisamos deixar claro que o objetivo a ser atingido não se


restringe à preservação do Meio Ambiente, e, sim, ao desenvolvimento
sustentável, de modo ampliado e progressivo. A principal questão passa
a ser a discussão do equilíbrio entre crescimento econômico, equidade
social e preservação ambiental.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto e saber mais sobre a


Agenda 21 Brasileira, você pode clicar aqui. :

Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD):

É um tratado da ONU (Organização das Nações Unidas) também


estabelecido durante a ECO-92, o qual se tornou um dos mais importantes
instrumentos internacionais relacionados ao Meio Ambiente.

Foi um acordo assinado por mais de 160 países e está estruturado


em 3 bases:

•• Conservação da diversidade biológica (espécies).

•• Uso sustentável da biodiversidade (ecossistema).

•• Repartição justa e equitativa dos benefícios provenientes da


utilização dos recursos genéticos (recursos genéticos).

Para que os objetivos de conservação sejam alcançados, é preciso


haver uma aliança envolvendo as esferas federal, estadual e municipal,
além dos setores científico, acadêmico, não governamental e empresarial.

Protocolo de Kyoto
O Protocolo de Kyoto foi realizado em 1997 no Japão como
Conferência das Partes 3 ou COP-3.
Gestão Ambiental 31

Representou um tratado complementar à CQNUMC com


compromissos rigorosos a respeito do aquecimento global, estabelecendo
metas para que os países reduzissem a emissão de gases de efeito estufa.

Entrou em vigor em 2005, ratificado por 55 países responsáveis pela


maior parte da emissão de gases do efeito estufa no mundo.

NOTA:

Os Estados Unidos negaram-se a assinar o protocolo,


justificando que os compromissos iriam prejudicar a
economia estadunidense.

As metas de redução são diferenciadas entre as partes em


consonância com dois princípios fundamentais:

•• Responsabilidades comuns, porém diferenciadas: estabelecem


compromissos distintos para cada grupo de países, baseando-se
na ideia de que países com melhores condições socioeconômicas
(e mais poluidores) devem ser alvo de ações mais radicais e
imediatas para o problema.

•• Abordagem abrangente: redução para todos os gases, não só o


CO2. O protocolo surge como uma oportunidade para que os países
em desenvolvimento busquem o desenvolvimento sustentável, de
maneira a estimular a produção de energia limpa para a redução
das emissões de gases do efeito estufa ou aumento da remoção
de CO2.

Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL):

É o único mecanismo proposto pelo Protocolo de Kyoto que


permite a participação de países em desenvolvimento em cooperação
com países desenvolvidos.

Surge da ideia dos países desenvolvidos ajudarem os


subdesenvolvidos a seguirem um caminho de desenvolvimento mais
eficiente, de modo a diminuir a utilização de energia convencional.
32 Gestão Ambiental

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto e saber mais


informações sobre o MDL Brasileiro, você pode clicar aqui. :

RIO+10:
Ocorreu em 2002. Também é conhecida como Conferência Mundial
sobre Desenvolvimento Sustentável e foi realizada em Joanesburgo, na
África do Sul.

Reuniu 189 países e centenas de ONGs, tendo como resultado a


Declaração de Joanesburgo.

Nessa conferência, foram debatidas questões sobre Meio Ambiente


e sobre a pobreza, pois, entre os problemas associados à globalização,
estão miséria e fome.

A seguir, veja alguns dos pontos discutidos na Declaração de


Joanesburgo:

•• Necessidade de proteger a biodiversidade.

•• Necessidade de promover o acesso à água potável.

•• Melhoria do saneamento básico para atender às populações.

•• Acesso à energia e à saúde.

•• Combate à fome, aos conflitos armados, ao narcotráfico e ao crime


organizado.

Um dos principais pontos positivos da conferência está relacionado


à concordância dos países em reduzir pela metade (até 2015) o número de
pessoas que não tem acesso à água potável.

Porém, a RIO+10 não obteve outros resultados significativos, uma


vez que os países desenvolvidos não concordaram em cancelar as dívidas
dos países mais pobres e não houve assinatura do acordo que tinha como
meta o uso de apenas 10% das fontes energéticas renováveis.
Gestão Ambiental 33

RIO+20:
Também conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre
o Desenvolvimento Sustentável, foi realizada no Rio de Janeiro em 2012.

Houve participação de 193 países membros da ONU, com maior


cobertura da mídia, pois o objetivo foi reforçar o compromisso dos nações
com a sustentabilidade.

Algumas questões foram retomadas e refletiu-se sobre ações


adotadas desde a ECO-92, de maneira a identificar aquelas que pudessem
servir de orientação para o desenvolvimento sustentável nos próximos 20
anos.

O seguinte questionamento foi levantado pela ONU: “Qual o futuro


que queremos?”

Desse modo, o resultado da conferência foi um documento


denominado “O futuro que queremos”.

O texto mostra a criação de objetivos de desenvolvimento


sustentável, com um plano de 10 anos para o consumo e a produção
sustentáveis, além da importância de questões relacionadas à gênero, ao
direito, à comida e à água. E a questão mais importante que continua em
pauta: o combate à pobreza.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, recomendamos o


acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento,
intitulada Declaração Final da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20). Você
pode acessá-la clicando aqui.
34 Gestão Ambiental

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. O avanço do capitalismo
e do uso dos recursos naturais para o desenvolvimento das
sociedades foi, aos poucos, despertando uma consciência
ecológica, de que era preciso preservar para “não acabar”.
Com isso, alguns países, começaram a promover formas
de desenvolvimento que pudessem integrar crescimento
econômico com preservação dos recursos naturais. Assim,
nasceram as conferências sobre o Meio Ambiente, com o
objetivo de discutir ações, metas e estratégias pautadas
em evitar a degradação ambiental. Temos como principais
conferências ambientais internacionais: Conferência de
Estocolmo (1972), a ECO-92 (1992), a RIO+10 (2002) e a
RIO+20 (2012). Os temas discutidos não abrangem somente
problemas ambientais, mas também problemas sociais
e educacionais que dificultam o avanço de medidas de
proteção e conservação.
Gestão Ambiental 35

Desenvolvimento Sustentável

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de definir o


desenvolvimento sustentável e suas consequências para o
futuro do mundo. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!.

Figura 7 – Desenvolvimento sustentável

Fonte: Freepik.
36 Gestão Ambiental

Definição e Objetivos
A definição de desenvolvimento sustentável partiu de uma pergunta:
é possível manter o crescimento econômico eficiente (sustentado) no
longo prazo, com acompanhamento da melhoria das condições sociais e
a partir do respeito ao Meio Ambiente?

Daí, surgiu, em 1983 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente


e Desenvolvimento, o conceito clássico: “desenvolvimento Sustentável
é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual,
sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras
gerações” (ONU, 1983, on-line).

Embora os termos desenvolvimento sustentável, sustentabilidade


e sustentável sejam corriqueiros na literatura científica e nas políticas
públicas e privadas, não existe um consenso sobre o conceito, então
trabalharemos com o conceito exposto anteriormente.

Os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) foram definidos


em 2015 com o dever de orientar as políticas nacionais e as atividades
de cooperação internacional até 2030. Dos objetivos definidos, 17 estão
citados a seguir:

•• Erradicar a pobreza.

•• Erradicar a fome.

•• Saúde de qualidade.

•• Educação de qualidade.

•• Igualdade de gênero.

•• Água potável e saneamento.

•• Energias renováveis e acessíveis.

•• Trabalho digno e crescimento econômico.

•• Indústrias, inovação e infraestruturas.

•• Redução das desigualdades.

•• Cidades e comunidades sustentáveis.


Gestão Ambiental 37

•• Consumo e produção responsáveis.

•• Ação contra a mudança global do clima.

•• Vida na água.

•• Vida terrestre.

•• Paz, justiça e instituições eficazes.

•• Parcerias e meios de implementação.


Figura 8 – Desenvolvimento sustentável

Fonte: Freepik.
38 Gestão Ambiental

Princípios
Como mencionamos anteriormente, o desenvolvimento sustentável
tem 3 princípios básicos:

•• Desenvolvimento econômico.

•• Desenvolvimento social.

•• Conservação ambiental.

Isto é, o desenvolvimento sustentável tem por objetivos promover


o crescimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e evitar a
degradação ambiental pelo uso descontrolado dos recursos naturais.

O suprimento das necessidades da sociedade não pode


comprometer o desenvolvimento das gerações futuras. Em razão disso, é
fundamental que os recursos naturais sejam repostos de modo a impactar
o mínimo possível o Meio Ambiente.

O nosso modelo econômico e de desenvolvimento visa a obtenção


de lucro pela exploração dos recursos naturais, e isso não é compatível
com modelos de desenvolvimento sustentável.

O crescimento econômico eficiente não é condição suficiente


para elevar o bem-estar humano. Isso porque são necessárias políticas
públicas específicas para evitar que o crescimento beneficie apenas uma
minoria. Ademais, o mesmo crescimento econômico afeta negativamente
o equilíbrio ecológico, de maneira limitante e a longo prazo.

É preciso que as políticas de proteção ao Meio Ambiente estimulem


o aumento da eficiência ecológica, de modo a reduzir o risco de danos
ambientais potencialmente negativos.

Diante disso, para que se inicie uma política ambiental eficiente, é


preciso uma regulação ambiental agressiva, a fim de evitar a escassez de
recursos naturais no futuro. Além disso, é necessário diminuir ou acabar
com os incentivos econômicos em atividades que utilizem combustíveis
fósseis, como transportes e geração de energia.
Gestão Ambiental 39

O ideal seria criar, para os agentes econômicos, um equilíbrio entre


os custos do controle ambiental e os custos dos impactos ambientais
causados pelas atividades poluidoras, de modo a forçar esses indivíduos
e/ou instituições a pagar taxas correspondentes ao uso dos recursos
naturais. Aí sim, os empreendedores começariam a minimizar o uso dos
recursos, pois pagariam uma taxa proporcional à degradação causada.

Exemplos de Desenvolvimento Sustentável


Vimos, até agora, definições, princípios e objetivos, mas
efetivamente, como se aplica o Desenvolvimento Sustentável?

A seguir, vamos citar alguns países como Noruega, Suécia e


Dinamarca, que adotaram medidas de sucesso e são campeões no
ranking das melhores práticas.

Suécia:

•• Campeã em reciclagem.

•• Apenas 1% dos resíduos produzidos vai para lixões, outros 99% são
reciclados, reutilizados ou incinerados para produção de energia.

•• A lei exige que TODOS façam coletas seletivas.

•• As empresas são obrigadas a recolher os resíduos dos seus


produtos.

IMPORTANTE:

2 milhões de toneladas de lixo viram energia todos os anos,


evitando o consumo de 670 mil toneladas de petróleo e
outros combustíveis fosseis.

Dinamarca:

•• A luta contra o desperdício de alimentos é única.

•• Há incentivos financeiros, por parte do governo, para projetos que


defendem as causas ambientais.
40 Gestão Ambiental

•• Supermercados fazem suas próprias campanhas de


reaproveitamento.

•• Foi desenvolvido um aplicativo para celular que mostra


estabelecimentos prestes a fechar, caso alguém queira ficar com
as sobras.

Noruega:

•• Melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo.

•• Oslo (capital) tem iluminação que se ajusta, de maneira inteligente,


às condições meteorológicas e do tráfego.

•• Investimento massivo em energia renovável.

•• Até 2020, comporta o maior parque eólico terrestre da Europa.

•• Tem sistema de educação gratuito para a maior parte da população.

O ranking das 20 melhores posições, além de Suécia, Dinamarca


e Noruega, inclui: Finlândia, Suíça, Alemanha, Áustria, Holanda, Islândia,
Reino Unido, França, Bélgica, Canadá, Irlanda, República Tcheca,
Luxemburgo, Eslovênia, Japão, Singapura e Austrália.

O Brasil ocupa a 52ª posição no ranking.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o estudo


completo clicando aqui.

Desenvolvimento Sustentável no Brasil


Vimos que o desenvolvimento sustentável é composto por uma
grande variedade de fatores determinantes, porém o que está em jogo é
a capacidade humana de cooperação e a maneira como nós fazemos uso
dos ecossistemas aos quais somos dependentes.
Gestão Ambiental 41

O Brasil luta bravamente para a diminuição da pobreza, porém


persistem ainda as formas mais graves de desigualdades que são o
acesso à educação, à moradia, a condições urbanas dignas, à justiça e à
segurança.

A legislação Brasileira voltada para o Meio Ambiente não tem poder


suficiente para conter os nossos padrões de consumo, que são apoiados
em processos de degradação ambiental.

Porém, muitos avanços têm sido vistos nos últimos anos, sendo
2009 um ano de virada decisiva na postura do Brasil diante das mudanças
climáticas. Isso porque, até então, o Protocolo de Kyoto não estabelecia
obrigação nesse sentido. Contudo, em 2009, o país assumiu, de maneira
voluntária, o compromisso de reduzir suas emissões de gases até
2020, sendo a diminuição da devastação florestal na Amazônia grande
responsável por essa redução.

Exemplos de Desenvolvimento Sustentável no


Brasil
Além da redução de gases, Brasil se destaca com outros exemplos
de desenvolvimento sustentável como:

Água de reuso: algumas empresas fazem uso da água proveniente


de esgotos para atividades industriais. É uma medida rentável e uma
prática sustentável, pois seu custo é até 40% menor do que a água potável.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o reuso pode
ocorrer de forma direta ou indireta, por meio de ações planejadas ou não.

•• Reuso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados


para certas finalidades como uso industrial, irrigação, recarga de
aquífero e água potável.

•• Reuso indireto: ocorre quando a água já utilizada, uma ou mais


vezes para uso doméstico e industrial, é descarregada nas águas
superficiais ou subterrâneas e utilizada novamente de forma
diluída.
42 Gestão Ambiental

•• Reciclagem interna: é o reuso da água internamente às instalações


industriais, tendo como objetivo a economia de água e o controle
de poluição.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto e saber mais


informações sobre o reuso da água, leia o artigo Reuso de
água: tipos processos específicos e contaminantes clicando
aqui.

Figura 9 – Energia solar

Fonte: Freepik.

Uso de fontes renováveis para geração de energia: é utilizada com


cada vez mais frequência, sendo considerado um excelente exemplo de
desenvolvimento sustentável. Entre alguns tipos, podemos citar:

•• Solar: é o aproveitamento da radiação do Sol. Além de inesgotável,


é muito potente, devido à emissão diária de luz solar. A grande
Gestão Ambiental 43

questão quanto ao uso, ainda são as formas de captar a luz para


geração de energia.

•• Eólica: é o processo pelo qual o vento é transformado em energia


cinética e depois, em eletricidade.

•• Hidrelétrica: é considerado um dos processos mais eficientes e


menos poluidores, porém o seu processo de instalação requer
devastação de grandes áreas e a fase de construção causa
inconvenientes.

Reflorestamento: apesar de vermos diariamente notícias sobre


a degradação das matas Brasileiras, o reflorestamento tem sido um
compromisso do governo e das empresas. E isso tem gerado grandes
áreas reflorestadas no território Brasileiro. Nesse sentido, em diversos
níveis e com diversas finalidades, algumas empresas têm se interessado
na atividade com intenção de realizar reparos ambientais e outras com
intenção de participar do mercado mundial de carbono.

IMPORTANTE:

Em 11 anos, o reflorestamento da Mata Atlântica absorveu


cerca de 1,2 milhão de toneladas de CO2.

Reciclagem: é um assunto muito presente na vida de todos e que


merece ganhar cada vez mais importância. Atualmente, sabe-se que
apenas 18% dos resíduos gerados nas cidades das regiões Sul e Sudeste
do país são reciclados. No Brasil, 30% dos resíduos sólidos gerados
têm potencial para ser reciclado, porém apenas 3% são efetivamente
reciclados. O maior índice de reciclagem no Brasil diz respeito ao alumínio
(97,9%), seguido pelo papel (63,4%), ao passo que o vidro alcança um
índice de reciclagem em torno de 45%. É pouco, perto do potencial que
poderia ser alcançado.
44 Gestão Ambiental

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, leia o artigo intitulado


Reciclagem no Brasil: panorama atual e desafios para o
futuro, clicando aqui.

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. O termo “desenvolvimento
sustentável” tem muitas definições e não é uma
unanimidade entre autores, porém uma das mais utilizadas
é esta: “Desenvolvimento Sustentável é a capacidade de
suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer
a capacidade de atender as necessidades das futuras
gerações”. Isso significa que seus objetivos são promover
o crescimento econômico, reduzindo as desigualdades
sociais, de modo a priorizar a conservação ambiental e o
uso desenfreado de recursos naturais.

E, para mostrar que poder econômico pode caminhar junto à


preocupação ambiental, temos Noruega, Suécia e Dinamarca como
exemplos de países que adotaram medidas de sucesso e são campeões
no ranking das melhores práticas ambientais. O Brasil ocupa a 52ª posição
nesse ranking, porém vem desenvolvendo medidas sustentáveis ao longo
dos anos, como reciclagem de resíduos, uso de fontes alternativas para
geração de energia, reuso da água, entre outras.
Gestão Ambiental 45

REFERÊNCIAS
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pela Água, 2016. Disponível em: “https://www.juntospelaagua.com.
br/2016/10/06/20-paises-desenvolvimento-sustentavel. Acesso em: 27
nov. 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:


Senado Federal, 1988.

BRASIL. Legislação Brasileira sobre Meio Ambiente:


Biodiversidade. 6. ed. Brasília: Edições Câmara, 2019.

IWAKI, G. P. Reúso de água: tipos, processos específicos e


contaminantes. Portal Tratamento de Água, 2015. Disponível em: https://
tratamentodeagua.com.br/artigo/reuso-de-agua-tipos-processos-
especificos-e-contaminantes. Acesso em: 27 nov. 2019.

JURAS, I. A. G. M. Ecossistemas costeiros e marinhos: ameaças e


legislação nacional aplicável. Brasília: Câmara dos Deputados, 2012.

MAGALHÃES, L. Desenvolvimento sustentável. Toda Matéria, [s.


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sustentavel. Acesso em: 27 nov. 2019.

MECANISMO de desenvolvimento limpo (MDL). Ministério do Meio


Ambiente, [s. d.]. Disponível em: https://www.mma.gov.br/component/
k2/item/11678-mecanismo-de-desenvolvimento-limpo-mdl. Acesso em:
27 nov. 2019.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. O futuro que queremos.


Declaração final da Conferência das Nações Unidas sobre
desenvolvimento sustentável (RIO + 20). Rio de Janeiro: ONU, 2012.

PEIXOTO, D. R. S. A importância da legislação ambiental para a gestão


ambiental pública municipal e no setor privado. Revista Internacional de
Ciências, v. 8, n. 2, p. 281-285, 2018.
46 Gestão Ambiental

REBOUÇAS, A. C. Água doce no mundo e no Brasil. In: TUNDISI, J. G.


et al. Águasdoces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. 3. ed.
São Paulo: Escrituras, 2006. p. 1-37.

VASCONCELOS, T. P. Crime ambiental (agressões ao meio


ambiente e seus componentes). Instituto Internacional de Educação,
2014. Disponível em: http://www.iunib.com/revista_juridica/2014/05/07/
crime-ambiental-agressoes-ao-meio-ambiente-e-seus-componentes.
Acesso em: 26 nov. 2019.

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