Métodos de Dosagem de Concreto

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE GOIÁS – CÂMPUS GOIÂNIA

LUCAS PERES LACERDA

MÉTODOS DE DOSAGEM DE CONCRETO – TRABALHO 5

Goiânia
2020
TEMA ABORDADO: RESUMO DE 2 MÉTODOS DE DOSAGEM DE
CONCRETO

DEFINIÇÃO DE CONCRETO

Concreto é basicamente o resultado da mistura de cimento, água, pedra


e areia, sendo que o cimento ao ser hidratado pela água, forma uma pasta
resistente e aderente aos fragmentos de agregados (pedra e areia), formando
um bloco monolítico.

A relação entre o peso da água e do cimento utilizados na dosagem, é


chamada de fator água/cimento (a/c).

O concreto deve ter uma boa distribuição granulométrica a fim de


preencher todos os vazios, pois a porosidade por sua vez tem influência na
permeabilidade e na resistência das estruturas de concreto.

A proporção entre todos os materiais que fazem parte do concreto é


também conhecida por dosagem ou traço, sendo que podemos obter concretos
com características especiais, ao acrescentarmos à mistura, aditivos, isopor,
pigmentos, fibras ou outros tipos de adições. Cada material a ser utilizado na
dosagem deve ser analisado previamente em laboratório (conforme normas da
ABNT), a fim de verificar a qualidade e para se obter os dados necessários à
elaboração do traço (massa específica, granulometria, etc.).
MÉTODO DE DOSAGEM ABCP

Esta metodologia de dosagem publicada pela Associação Brasileira de


Cimento Portland (ABCP) inicialmente em 1984 por meio do Estudo Técnico
(ET-67), sob o título “Parâmetros de Dosagem de Concreto” da autoria do Eng.
Públio Penna Firme Rodrigues (revisado em 1995) apresenta característica
eminentemente experimental.

Sendo uma adaptação do método americano proposto pela ACI 211.1-


81 (Standart Practice for Selecting Proportion for Normal, Heavyweight, and
Mass Concrete - 1985), considera tabelas e gráficos elaborados a partir de
informações experimentais, que permitem a utilização dos agregados que se
enquadram nos limites propostos pela norma NBR 7211/83- Agregados para
Concreto, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Rodrigues (1998) recomenda o uso desta metodologia para concretos


semi-plásticos à fluído, argumentando que “...este método de dosagem foi
desenvolvido de maneira a fornecer para misturas plásticas, o mais baixo teor
de areia”. Um dos princípios básicos deste método apontados por Boggio
(2000), reside no fato de que o procedimento vincula as granulometrias do
agregado miúdo e do graúdo um valor máximo do agregado total compactado
por metro cúbico do concreto.

Um outro princípio está vinculado à plasticidade da mistura. Esta


propriedade segundo Prudêncio (1999), está relacionada ao teor de argamassa
(cimento:areia) que preenche os vazios e envolvem os grãos do agregado
graúdo, agindo neste caso, como um agente lubrificante.
O desenvolvimento do método, segundo Rodrigues (1998) obedece às
seguintes etapas:

A. Fixação da relação água/cimento (a/c)

A fixação deste parâmetro é feita tomando como referência os critérios


de durabilidade e a resistência mecânica requerida pelo concreto nas idades de
interesse. Recomenda-se os valores da relação água/cimento propostos pela
norma NBR 6118/2003 (ouve uma revisão) apresentados na tabela 2.8 ou
mesmo os valores propostos pelo American Concrete Institute (ACI) transcritos
na tabela 2.16.

A resistência à compressão é o principal parâmetro da resistência


mecânica a ser considerado. O valor da relação água/cimento é estimado com
base na curva de Abrams, que por sua vez, deve ser determinado em função
do tipo de cimento. Quando não se dispõe da Curva de Abrams e não houver
restrições quanto à durabilidade, é possível utilizar-se das Curvas de Walz (em
1998 por Rodrigues), mostradas na figura 1.

Figura 1 : Relação de água cimento


B. Estimativa do Consumo de Água do Concreto (Cag)

A quantidade de água necessária para que a mistura fresca adquira uma


determinada consistência, medida pelo abatimento do tronco de cone, segundo
Rodrigues (1998), depende basicamente da granulometria, da forma e textura
dos grãos, mais especificamente, da área específica do agregado total da
mistura.

Considerando a dificuldade em expressar o consumo de água na


mistura por meio de uma lei matemática, este autor apresenta como estimativa
inicial do consumo de água por metro cúbico de concreto, os valores
constantes na tabela 1.

Tabela 1 : Estimativa do consumo de água do concreto em função do DCM.

O método recomenda a verificação experimental do consumo de água,


utilizando-se do ensaio de abatimento. Além da tabela 1, pode-se utilizar a
equação (1) como um ponto de partida para a estimativa do consumo de água
por metro cúbico de concreto.
C. Estimativa do Consumo de Cimento (C)

Feita a estimativa do consumo de água por metro cúbico de concreto e adotada


a relação água/cimento, a estimativa do consumo de cimento pode ser obtida
pela equação (2).

D. Estimativa do Consumo de Agregados

O método permite a obtenção de misturas com uma determinada


consistência aliada ao menor volume de vazios inter-grãos possíveis. Assim,
determina-se um teor ótimo do agregado graúdo na mistura por meio de
proporcionamento adequado de relação agregado graúdo/agregado miúdo,
partindo-se do princípio de colocar na mistura o máximo volume de agregado
compactado seco por metro cúbico de concreto.

A tabela 2 cujos valores foram determinados experimentalmente pela


Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), apresenta os volumes
compactados a seco de agregado graúdo, por metro cúbico de concreto, em
função do Diâmetro Máximo característico do agregado graúdo (φmáx.) e do
Módulo de Finura (MF) do agregado miúdo.
Tabela 2 : Volumes compactados a seco de agregado graúdo, por metro cúbico de
concreto, em função do Diâmetro Máximo característico do agregado graúdo.

A estimativa do Consumo do agregado graúdo por metro cúbico de concreto é


dada pela equação (3).

No caso de misturas que utilizem dois ou mais agregado graúdo,


Rodrigues (1998) recomenda que adote um proporcionamento entre os
agregados graúdos que permita o menor volume de vazios. Isso é obtido
quando os agregados são compactados em um proporcionamento tal que se
obtenha a máxima massa unitária na condição compactada dos agregados. A
tabela 3 apresenta os proporcionamento entre britas que permitiram o menor
volume de vazios, segundo experimentos desenvolvidos na ABCP.
Tabela 3 : Proporcionamento entre britas que permitiram o menor volume de vazios

A estimativa do consumo do agregado miúdo (Ca), quando já


determinados os consumos do cimento, água e agregado graúdo, é imediata.
Isso se deve ao fato que por princípio, o volume de concreto é formado pela
soma dos volumes absolutos dos materiais que o constituem.

Assim, para 1,0 metro cúbico de concreto, o volume do agregado graúdo


é dado pela equação (4).

O consumo de areia por metro cúbico de concreto será o obtido pela equação
(5).

E. e) Apresentação do traço de Concreto


A representação do traço, com relação ao unitário do cimento, é
apresentada segundo a expressão (6).

CONSIDERAÇÕES
O método da ABCP/ACI, que pode ser considerado com um método
essencialmente empírico, está baseado em quadros e tabelas, de valores
médios, que possibilitam o desenvolvimento de um roteiro simples e rápido de
entender, com uma seqüência de passos, num único sentido, que evitam a
entrada em processos iterativos ou tentativos. Além disso, os passos indicados
podem ser seguidos facilmente por técnicos não muito experientes ou
engenheiros de obra, pouco acostumados às práticas e ensaios de laboratório.

O método leva em conta, de forma clara e direta, os mais importantes


fatores que condicionam as exigências e as características que devem
satisfazer os concretos, para moldagem de estruturas in loco.

Teoricamente é possível fazer toda a dosagem, determinando um traço


inicial, a partir de certas informações básicas de caracterização dos materiais
componentes. Esses ensaios de caracterização dos agregados, como as
composições granulométricas, os Módulos de finura e as Massas Unitárias e
Específicas, são rápidos e simples de realizar, com um mínimo de
equipamentos de laboratório.

MÉTODO DE DOSAGEM INT / LOBO CARNEIRO


O desenvolvimento prático deste método se inicia com a escolha do tipo
de cimento a ser usado. Em seguida, através de tabelas desenvolvidas pelo
INT determina-se a relação água/cimento (a/c), a partir da resistência mecânica
requerida no projeto estrutural.

A partir da determinação da relação a/c, é estimada a proporção


cimento/agregado pela lei de Lyse, onde, estabelece que usando os mesmos
materiais e fixada uma determinada consistência, a percentagem de
água/materiais secos é quase totalmente independente da proporção de
cimento/agregado.

As determinações das proporções entres agregados e componentes do


concreto são feitas com o auxílio de várias curvas desenvolvidas pelo INT,
onde, apresentam distribuições granulométricas ótimas, para misturas
cimento/agregado com diferentes dimensões máximas características deste.

Objetivo

A determinação das proporções mais adequadas de aglomerantes,


agregados miúdos e graúdos, água e eventualmente aditivos visa à obtenção
de concreto que:

a) quando fresco, seja trabalhável, mantendo a homogeneidade nas etapas


de produção e aplicação (mistura, transporte, lançamento e adensamento);

b) quando endurecido apresente, na idade especificada, as propriedades


exigidas pelo projeto estrutural e a aparência estabelecida pelo projeto
arquitetônico;

c) seja durável, isto é, mantenha suas propriedades pelo menos ao longo


da vida útil prevista para as estruturas, resistindo a eventuais reações entre
seus componentes e às ações físicas e químicas do meio.

d) seja econômico; Chegar ao melhor concreto possível, que estabeleça


um compromisso entre as características desejadas quando fresco, endurecido
e ao longo do tempo, envolve, necessariamente, o conhecimento dos fatores
que afetam a sua trabalhabilidade e as suas propriedades físicas e químicas.
Critérios para a fixação da resistência de dosagem (fcj)

O fck do concreto é uma propriedade que vem do projeto. O projetista


dimensiona a estrutura com uma resistência denominada de projeto, fcd, que
multiplicada por um fator de majoração, γ, resulta o fckc:

𝑓𝑐𝑘 = 𝑓𝑐𝑑 × 𝛾𝑐

O valor de 𝛾𝑐é dado pela norma NBR 6118, geralmente igual a 1,4. A
resistência característica do concreto, fck, pode ser definida como a resistência
mínima, com tolerância de 5%, isto é, admite-se que haja 5% de resultados de
ensaios abaixo do fck.

A aplicação dos métodos estatísticos é o melhor meio que se dispõe para


avaliar a qualidade e a resistência prováveis do concreto em uma estrutura.

Os parâmetros que medem as variações dos nossos resultados - denominados


"desvio-padrão" e "coeficiente de variação" - determinam, a partir do fck, a
resistência de dosagem (fcj) necessária.

Quanto maior a variação, maior será a resistência de dosagem (fcj), para uma
mesma resistência característica do projeto (fck).

Resistência Média de Dosagem

Quando for conhecido o desvio-padrão Sn da resistência, determinado


em ensaios de corpos-de-prova da obra considerada ou de outra cujo concreto
tenha sido executado com o mesmo equipamento e iguais condições de
organização e controle de qualidade, recomenda, para a obtenção da
resistência de dosagem um desvio-padrão:

𝑆𝑑 = 𝐾𝑛 × 𝑆n

Em que:

Sd = desvio-padrão da dosagem, em mpa;

Kn = coeficiente que depende do número n de resultados disponíveis;


Sn = desvio padrão obtido de uma amostra com n resultados disponíveis; n =
número de ensaios disponíveis.

Onde Kn possui valor indicado a seguir, conforme número de ensaios:

n= 20 25 30 50 200

Kn= 1,35 1,30 1,25 1,20 1,10

Não se devendo tomar para Sd valor inferior a 2,0 MPa.

A resistência média prevista para a dosagem não é diretamente o fck e


sim o fcmj. Para determinação do fcmj adota-se a equação recomendada na
ABNT NBR 12655:

𝑓𝑐𝑚𝑗 = 𝑓𝑐𝑘 + 1,65 𝑆

Em que:

fcmj = resistência média do concreto à compressão a j dias de idade, em MPa;

fck = resistência característica do concreto à compressão, em MPa;

sd = desvio-padrão da dosagem, em MPa;

Observa-se que tanto para o fcmj quanto para o fck as idades de projeto
não estão definidas, cabendo ao projetista estrutural da edificação, em conjunto
com o tecnologista de concreto, definir a idade de controle e cálculo destes
parâmetros. A idade depende do período que se pretende desenformar a
estrutura ou aplicar tensão nos cabos, iniciar um carregamento construtivo dos
próximos andares, o tempo que se pretende ocupar o prédio, entre outros
fatores únicos de cada empreendimento. Quanto maior for a idade de controle,
mais econômico e sustentável será o concreto. Porém, se não especificado,
entende-se como parâmetro os 28 dias.

O valor do desvio-padrão Sn, de acordo com a medição dos


componentes do concreto e a verificação do teor de umidade, ou seja, em
função do rigor da produção do concreto, será fixado pelo critério abaixo.
Para a condição de preparo A, é necessária a utilização de balanças de
previsão de várias capacidades, ou equipamentos similares, além de uma
organização e infraestrutura equivalente no local de preparo do concreto, o que
inviabiliza sua configuração na grande maioria de obras, e até em muitas
empresas de pré-fabricados.

A condição de preparo C também é inviável em muitos casos, mas


devido à classe de resistência à compressão do concreto permitida, de até
15MPa, o que não é comum quando se abrange os concretos para fins
estruturais.

Por isso, a empresa para dosar concreto no local de aplicação


provavelmente irá se restringir à condição de preparo B e apenas até a
resistência à compressão de 25MPa, impossibilitando sua utilização para fins
mais nobres e até em locais com maior agressividade, como nas zonas de
respingo de maré, industriais ou nas marítimas. Este fato é um problema sério
em cidades e regiões do país, e são muitas, que não contam com empresas
fornecedoras de concreto pré- misturado.

Observa-se que o limite da ABNT NBR 12655 para a condição de


preparo B, os 25MPa, é extremamente conservador. Com a forma de dosagem
da mistura estipulada neste item, pode-se facilmente chegar a concretos de até
50MPa, sem comprometer a confiabilidade da operação.

Determinação do fator água/cimento (A/C)

Em função da resistência de dosagem


A resistência de um concreto é tanto menor quanto maior seja esse
fator. Resta, então, determinar experimentalmente a forma da função que
relaciona as duas variáveis. Dispondo-se de curvas representadas desta
relação, pode-se obter rapidamente qualquer fator água/cimento para a
correspondente resistência de dosagem. Deve-se levar em conta que para
cada tipo de cimento a ser utilizado é preciso traçar novas curvas, pois as
relações alteram-se sensivelmente.

O gráfico a seguir possibilita a determinação do fator A/C de maneira


aproximada levando-se em conta o tipo de cimento Portland utilizado, CP25,
CP32, CP40.

Figura 1: Relação água cimento

Escolha do fator água/mistura seca

Determinado o fator água/cimento (A/C) deve-se, a seguir, fixar uma


porcentagem de águ na mistura seca (A%), cimento + agregado, que
proporcione ao concreto a plasticidade necessária em função da dimensão
máxima do agregado e do processo de adensamento adotado. Em primeira
aproximação poderão se tomados os valores constantes na tabela abaixo.

Determinação da proporção agregado/cimento

Determinação em primeira aproximação das proporções dos diferentes


tipos de agregados

Dado o traço global 1:M, sendo M a parcela referente aos agregados


[M=(a+b), areia + brita], uma primeira aproximação da proporção entre os
diferentes materiais que o constituem pode ser feita através da tabela sugerida
por Lobo Carneiro, referida do peso total da mistura seca (1+M). Os concretos
destinados a adensamento manual devem ser dosados de maneira
apresentada por I; já os reservados à vibração moderada, comum na execução
das estruturas de edifícios, da maneira apresentada em II.

Determinação do consumo de cimento por m³ de concreto


Estabelecido o traço teórico, mostramos, a seguir, a expressão que
permite efetuar o cálculo do consumo de cimento para 1,0m³ de concreto.

Determinação do consumo dos agregados por m³ de concreto

Para a determinação do consumo de agregados, partimos de nosso


traço teórico 1:a:b1:A/C, e multiplicamos cada um de seus elementos pelo
consumo de cimento, como segue:

De acordo com o traço em peso obtido prepara-se pequena porção de


concreto, adicionando-se água lentamente até obter a consistência necessária.
A quantidade de água, expressa em porcentagem do peso total de cimento e
agregados, fornecerá o valor exato em A%. Caso existam alterações com o A%
determinado teoricamente, o traço em peso será recalculado com novo valor,
encontrado experimentalmente.

CONSIDERAÇÕES
Este método de dosagem foi publicado, inicialmente, em 1937, por Lobo
Carneiro com o título: “Dosagem de Concretos Plásticos”, onde, com a
divulgação do referido método permitiu grandes possibilidades práticas e que
serviram de base para a execução de trabalhos experimentais e para
levantamento de informações no campo, que levaram a futuramente, em 1953,
a publicação de uma pesquisa mais aprofundada intitulada: “Dosagem dos
Concretos”.

A maior vantagem de se utilizar esse método é o fato de ser possível o


desenvolvimento da dosagem do concreto com o mínimo de ensaios
experimentais possíveis, sendo somente necessário se determinar as
composições granulométricas dos agregados.

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