Design Teoria e Pratica

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Raquel Rebouças A.

Nicolau
ORGANIZADORA

DESIGN, TEORIA E PRÁTICA


Raquel Rebouças A. Nicolau
ORGANIZADORA

Z83 Zoom: design, teoria e prática / Raquel Rebouças A.


Nicolau (Orgs.). - João Pessoa: Ideia, 2013.
201p.:il.

ISBN 978-85-7539-784-8

I. Design - teoria e prática

CDU: 7.05

EDITORA DESIGN, TEORIA E PRÁTICA


www.ideiaeditora.com.br

Feito o Depósito Legal


Impresso no Brasil

João Pessoa
Paraíba
2013
Capa e Projeto Gráico:
Hossein Albert Cortez de Oliveira

Equipe de Diagramação:
Affonso Wallace Soares Lopes
Ayrla de Farias e Melo
Danielle Araújo Silva Trinta
João Fellipe Guimarães da Silva
Niandson Leocádio da Silva
Sarah da Nóbrega Lins

Coordenação Editorial:
Raquel Rebouças Almeida Nicolau

Assistente Editorial:
Hossein Albert Cortez de Oliveira

Equipe de Revisão:
Amanda Vilar de Carvalho
Ana Carolina dos Santos Machado
Anália Adriana da Silva Ferreira
Fabrício Vieira de Oliveira
Raquel Rebouças Almeida Nicolau
Vítor Feitosa Nicolau

Organizadora:
Raquel Rebouças Almeida Nicolau
SumÁRIO
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DESIGN, TEORIA
E PRÁTICA
Raquel Rebouças A. Nicolau
Mestre em Design

Vítor Feitosa Nicolau


Mestre em Comunicação

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Design, Teoria e Prática
“O designer tornou-se um operador-chave no mundo da produção e do consumo, cujo
saber empregado é tipicamente multidisciplinar pelo seu modo de raciocinar sobre
o próprio produto, por estar no centro da relação entre consumo e produção, pela
necessidade de entender as preferências e as dinâmicas da rede de valor e, sobretudo,
por que as suas ações devem conseguir modiicar ou conferir novos valores aos
produtos através de suas intervenções projetuais. Os designers, de igual forma,
tendem a promover a síntese dos conceitos teóricos e transferi-los como resposta
formal de satisfação, desejo ou necessidade” (CELASCHI apud MORAES 2008, p 13)

Algumas áreas de estudo, que abrangente e o desenvolvimento


eram sustentadas pelo ideal de de ações transversais são
um cenário estático, entraram em essenciais para os designers.
conflito com a realidade do cenário
fluido atual, que se apresenta O Design é utilizado para informar,
repleto de mudanças e códigos identiicar, sinalizar, estimular,
A atividade do Design, essencialmente relacionada ao ato de projetar, não passíveis de interpretações. persuadir, conscientizar. Os meios
pode ser pensada como uma área estática, com fronteiras deinidas. Ela se Krucken (2008) afirma que o para esses objetivos são variados
conigura a cada nova necessidade proissional e social. Design e Gestão, principal desafio do Design no e torna-se cada vez mais difícil
Design e Experiência, Design e Interação - é o Design voltado ao contexto mundo contemporâneo está no delimitá-los diante da ininidade
e às necessidades em que está inserido. Nesta aproximação, são absorvidas desenvolvimento de soluções para de substratos de atuação, os quais
novidades e fornecidos subsídios para otimizar a proissão e as áreas com que questões complexas, que exigem têm se tornado cada vez mais
pode ser associado o design. uma visão ampliada do projeto, complexos e interdisciplinares. Sob
envolvendo produtos, serviços e essa perspectiva, a atuação dos
O uso plural da expressão ‘Design’ tem como possível causa a capacidade comunicação, de forma conjunta designers supõe uma transformação
de integração do conhecimento de diversas disciplinas e áreas de estudo, na e sustentável. Neste contexto, contínua na elaboração do próprio
relexão a respeito da tríade de produção, ambiente e consumo. a riqueza interpretativa, a visão conhecimento.
Cabe ao designer intervir na realidade com atos projetuais, superando proissional e à pesquisa. O conceito A ideia do nome ‘Zoom’ para
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as diiculdades e não se contentando apenas com uma postura crítica de design se expandiu e se libertou
“A tecnologia digital levará a
esta publicação surgiu como profundas mudanças nas tradições
frente à realidade e persistindo nessa posição. Ainal, projetar, de algumas regras que o limitavam.
epistemológicas e criará um novo
Design, Teoria e Prática

um convite a observar o papel para o design visual.(...) Ao giro


introduzindo as mudanças necessárias, signiicar ter a predisposição de Essa nova coniguração apresenta design ‘mais de perto’, a um icônico das ciências corresponderia

mudar a realidade sem se distanciar dela. (BONSIEPE, 2011, p. 37)


o giro cognitivo nas disciplinas
um crescimento da popularidade percurso que leve além das projetuais. (...) Seria necessário fazer
uma completa revisão dos currículos
do termo, junto com a necessidade fronteiras desse material, como escolares, privilegiando esses novos
de rever os limites deste, a im de sugestão de aprofundamento. discursos em substituição aos
discursos tradicionais.”
A prática e o estudo do design Cabedelo-PB. A elaboração deste reposicionar a proissão e o campo Zoom remete a foco, ao (MORAES, 2008, p. 240)

têm como função reletir sobre a estudo busca reletir sobre o Design de pesquisa. posicionamento do olhar para
cultura na qual participamos. Essa e apresentar áreas de atuação e
relexão resulta em diferentes pesquisa a ele relacionadas. Na
olhares que se adequam ao contexto busca de incentivar a relexão dos
histórico e social vivenciados. É discentes sobre a abrangência
difícil observar as vertentes do das escolhas proissionais em
design de forma singular, tal atitude que podem se aprofundar, surge
resultaria em uma visão distorcida e um material de apoio a alunos e
equivocada. As áreas e sinuosidades proissionais que estão no mesmo
do design devem ser avaliadas em caminho ou que buscam uma leitura
conjunto, de forma integrada e indicativa de referências a respeito
orgânica. O design precisa investir de diferentes enfoques das áreas
prioritariamente na atividade de do Design. Não é necessário uma
projeto, onde deve estar seu olhar linearidade na leitura, a sequência
central, não se podendo privilegiar pode ser guiada pelos links entre os
apenas o discurso do campo de capítulos ou de acordo com as áreas
atuação. de interesse do leitor.

O presente projeto foi idealizado Os termos apresentados nos


em parceria com alunos do títulos dos capítulos não tratam de
Pixelmator - Projeto Vencedor da
curso Superior Tecnológico de novas denominações do design, e Apple Design Awards 2011
Design Gráico, do IFPB, Campus
< http://www.pixelmator.com/>
sim de associações úteis à prática
‘Zoom – design, teoria e prática’ é uma Revisões nos modos de tratar o design segundo o critério de divisão por
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uma realidade ampliada ou


pontual, que facilita na percepção reunião de recortes, de várias cores, disciplinas é uma necessidade no cenário contemporâneo. A vocação
dos limites, ou da ausência deles, formas e densidades. Uma solução que interdisciplinar do design se mostra evidente tanto na prática diária como
Design, Teoria e Prática

em alguns pontos do design. É precisa ser vista na particularidade nos discursos de designers e estudiosos. (ROMERO, 2011, p.16)
necessário também que sejam de cada vertente, mas também na
encontradas nas entrelinhas uniformidade de uma única disciplina,
desse material a reflexão a plural, mas com coerência e harmonia Este material é também um do passado, existiam ‘containers
respeito dos temas abordados e nos objetivos de projetar soluções para apontador, um chamado a disciplinares seguros’, nos quais
da pluralidade do design. melhorar o contexto em que vivemos. observação e relexão sobre pontos qualquer um poderia se posicionar,
de congruência do Design, dos sentindo-se bem deinido em sua
‘novos Designs’ que ameaçam própria identidade proissional (e,
surgir e que precisam ser olhados consequentemente, no sentido
de forma crítica, com os pés no amplo, também na esfera pessoal).
mais coerente embasamento Agora não é mais assim: ‘no mundo
para o campo. Se tudo passa a ser luido contemporâneo’, os containers
Design, corremos o risco de nada foram abertos e as suas paredes não
mais ser Design. O livro, apesar de são mais protegidas, as deinições
não abordar esse dilema em sua proissionais e disciplinares se
essência, é um convite à relexão dissolvem e qualquer um deve
sobre as portas que surgem para a redeinir a si mesmo e à sua
nossa proissão híbrida e ramiicada. própria bagagem de capacidade e
competência”.
Manzini (apud MORAES, 2008,
p.16) airma que: “no mundo sólido

Projeto ‘Map of the future’, “Algumas disciplinas da area do conlito com a realidade do cenário
desenvolvido pela Density Design conhecimento humano, que se mutante atual, que se apresenta
<http://www.densitydesign.org/ sustentavam em interpretações sólidas permeado de mensagens híbridas e
research/map-of-the-future/> advindas do cenário estático (dados códigos passíveis de interpretações.”
previsíveis e exatos), entraram em (MORAES, 2008, P.14)
Esta realidade de conexão e interação, diversos temas, não é resultar em
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Diante de cenários mutantes e O grande diferencial nesta e em


complexos que vivemos nos dias exige dos designers uma capacidade conclusões, mas gerar no leitor a tantas proissões, não se encontra
para ir além dos limites projetuais: de
Design, Teoria e Prática

atuais, o desafio para os designers curiosidade a respeito daquilo que apenas em pesquisas e livros, mas
está nos atributos intangíveis atualização e gestão da complexidade. não está aqui escrito: o que não foi prioritariamente na paixão e nos
do universo do consumo – Moraes (2008) defende a ilustrado nas páginas que seguem e ideais que impulsionam o trabalho.
democracia, sustentabilidade, necessidade de entender que que pode ser amplamente explorado
experiência, interação e emoções. passamos da “técnica para a cultura por alunos e proissionais do Design. Cada capítulo foi escrito por um
O que leva ao contato aproximado tecnológica”, da “produção para a aluno do curso de
com disciplinas cada vez menos cultura produtiva” e do “projeto para Design Gráfico do
objetivas e exatas. Há um cenário a cultura de projeto” o que ampliou as Hoje, o universo do Design Gráico se IFPB - Cabedelo, em
contemporâneo da abundância fronteiras de atuação e pesquisa dos ampliou. Não tratamos mais de espaços bi busca da descoberta
de informações e da interconexão designers na atualidade. ou tridimensionais, mas tratamos de espaços de um ponto de
entre elas, fazendo do Design que nem sequer temos o alcance visível e/ou partida para um
um resultado de contínuas Este material pode ser visto como material. (CAMPOS, 2011, p.30) aprofundamento
transformações na reorganização um enfoque do vasto universo no Design. Os
do sistema de produção, ambiente do Design. O objetivo da reunião temas foram
e consumo. de pequenos artigos, sobre Que essa publicação contribua na selecionados a partir das áreas
busca da satisfação ao apreciar, apresentadas no tópico sobre
estudar e desenvolver projetos. especialidades do Design,
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BONSIEPE, Gui. Design, Cultura e Sociedade. São Paulo, Blucher, 2011.
Design, Teoria e Prática

Design, Teoria e Prática


CAMPOS, Gisela Beluzo de. Novos Enfoques para o Design Gráico. In
Novas Fronteiras do Design Gráico/ Orgs. Gisela Belluzo, MaríaLedesma.
São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2011.

KRUCKEN, Lia. Competências para o Design na Sociedade


Contemporânea. Estudos Avançados em Design.Caderno 2. UEMG, 2008.

Projeto vencedor do IF Comunication ROMERO, Monica Pujol. Design: apontamentos para deinir o campo. IN
Novas Fronteiras do Design Gráico/Orgs. Gisela Belluzo, MaríaLedesma.
Award Design 2012
Escritório responsável: Papel Design contidas no documento de referencias bibliográficas a
“Revisão da Tabela de áreas de respeito do tema abordado. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2011.
< http://www.pegadesign.com/en/
portfolio-daocha.html > Acesso em
Março de 2013 conhecimento sobre a ótica do
“A estética é apenas um dos fatores, design”, organizado pelo comitê Como entusiastas do Design, este MORAES, Dijon de. Design e Complexidade. Estudos Avançados em
signiica um pequeno trabalho, com Design. Caderno 2. UEMG, 2008.
entre muitos outros, com os quais
o designer de produtos trabalha, de assessoramento da área de
Desenho Industrial do CNPq uma intenção nobre: a de transpor
não sendo o mais importante e nem
tampouco aquele dominante. Ao
lado do fator estético, existem os em 2005. Cada artigo apresenta barreiras e alimentar de forma
fatores da produção, da engenharia,
da economia e também dos aspectos pesquisas, apontamentos, relatos perene, o despertar para novos
pontos de vista do Design.
simbólicos.” (Maldonado apud
Bonsiepe, 2011, p. 53) de profissionais e indicação
‘‘‘

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Affonso Wallace Soares Lopes
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O design editorial é uma das Design editorial é uma proissão
especialidades do design gráico

Design Editorial
multidisciplinar que atua na
e corresponde ao projeto visual formação de opinião e na busca
de uma edição. Entende-se por de soluções para um determinado
edição o processo de planejamento problema gráico, conjugando
envolvendo textos e imagens que características formais com
irão compor uma publicação, sendo aspectos de funcionalidade do
ela periódica ou não. Livros, jornais, projeto. A editoração pode atuar no
revistas, e-books, são produtos de projeto gráico de livros, revistas,
design editorial, onde mensagens jornais, catálogos e inúmeras outras
visuais e textuais são ordenadas plataformas de comunicação visual.
visando cumprir os objetivos Este campo converge produções
de comunicação. Hierarquia da oriundas de várias disciplinas,
informação, ritmo e harmonia da por isso o designer deve ter o
composição são valores relevantes conhecimento de aspectos culturais
a serem alcançados nessa área e técnicos do projeto, exigindo
do design. Villas-Boas (1999), senso estético e treinamento no
conceitua o design editorial manuseio de ferramentas gráicas.
como:

[...] a área de conhecimento e a prática proissional especíica que tratam


da organização formal de elementos visuais - tanto textuais quanto não
textuais que compõem peças gráicas feitas para reprodução, que são
reproduzíveis e que têm um objetivo expressamente comunicacional.
(VILLAS-BOAS, 1999, p.17).

O designer editorial relaciona-se


com ilustradores, fotógrafos,
infograistas, jornalistas e redatores,
foi ato o de projetar livros, revistas
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além de manter contato com
gráicas e setores de acabamento. e jornais. Desde os tipos móveis,
Em um projeto de diagramação,
Design Editorial

Design Editorial
o design editorial é uma das
o designer deve valorizar o texto, atividades de excelência, exercida
escolhendo a tipograia mais por designers gráicos. Segundo a
adequada, utilizando recursos e ADG¹ , a área editorial é a que mais
técnicas que são fundamentais para absorve os proissionais de design
uma edição, como a escolha do grid, gráico no Brasil. Na área editorial
da hierarquia da informação, de brasileira, há poucas décadas atrás, O design editorial se utiliza da publicação. Deve-se também
cores e de composições adequadas os designers eram contratados combinação de elementos gráicos estar atento aos tipos de suportes
ao projeto. para fazer prioritariamente capas no objetivo de informar, instruir oferecidos e /ou disponíveis para
e comunicar os objetivos da o projeto. Mais do que apresentar
“Cresce a preocupação em tratar as publicações como objetivos publicação. Com o desenvolvimento o conteúdo, é necessário reletir
integrais, incorporando à linguagem visual da capa e do miolo das tecnologias digitais, o termo sobre os diferentes contextos de
a escolha do papel e acabamento e a qualidade de impressão”. editoração eletrônica passou a ser aplicação e usabilidade no design
(ALVES, 2003, p. 28-29) utilizado, foram introduzidos novos editorial.
softwares para a composição destas
O texto também pode ser auxiliado de livros, icando o conteúdo por publicações virtuais. Com o desenvolvimento de novas
com imagens e ilustrações, conta da própria editora, recebendo tecnologias, surgiram diferentes
dependendo do tipo de publicação. tratamento padronizado e No projeto de diagramação, ferramentas e técnicas de atuação.
mecânico. Atualmente, os designers geralmente é aplicada a construção A tipograia tem evoluído e tornou-
Questões como legibilidade, são responsáveis pelo projeto de um grid para a disposição se independente da caligraia. A
leiturabilidade, harmonia e gráico de todas as dimensões da ordenada de elementos, como ampliação dos recursos fotográicos,
equilíbrio permeiam todo projeto edição. formas, cores, ilustrações, dos processos gráicos e de
de design gráico, o que não é fotograias e a escolha do impressão transformaram essa área.
Exemplo de design editorial. Projeto de
Graduação dos alunos da FH Joanneum,
uma exceção em design editorial. formato do texto. Com uma grade O designer gráico deve coordenar,
University of Applied Sciences -
Áustria. Projeto disponível em: http://
Segundo Alves (2003), o que www.behance.net/Gallery/Bachelor- compositiva, o diagramador possui por meio do projeto gráico, os
Thesis/435855
mais tornou os designers gráicos ¹ALVES, Marcus Vinícius Barili. maior liberdade em distribuir de elementos estético-visuais para
conhecidos, além de símbolos e forma adequada e equilibrada compor a mensagem, seja ela textual
O valor do Design. Guia ADG
Brasil de prática proissional
do designer gráico: da prática
logotipos (identidade corporativa), à teoria. Ed. Senac, 2003.
os elementos que compõem a ou não. Estes elementos devem ser
projetados com ênfase no peril do de arte, Alexey Brodovich, entre as Diagramação de Joseph Sem sacriicar a legibilidade,
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adotaram apresentações de notícias


público-alvo do projeto. décadas de 40 e 50 se tornou uma a clareza de navegação ou a mais envolventes, ilustrativas e
Muller-Brockmann e de
Richard Paul Lohse - década
de1950
das maiores referências na área de lexibilidade necessária para acessíveis. A variedade de larguras
Design Editorial

Um bom exemplo de design editorial design editorial, especiicamente produzir edições cujo conteúdo está de texto diferencia as matérias e
é o da revista de moda Harper’s falando de periódicos. Suas idéias em permanente e rápida evolução, cria uma tensão dinâmica entre os
Bazaar. O designer gráico e diretor gráicas inventivas e seu estilo o design do The Seattle Times se espaços, ajudando na orientação do Capa do Jornal do The Seattle

visual são muito apreciados até os assemelha a outros jornais que conteúdo.
Times - Edição do dia 23 de janeiro
de 2012.
dias de hoje. A característica de
dispor colunas e textos remetendo
a silhuetas femininas era o motivo
central para compor os layouts.

Importantes designers da suíça na


década de 50 construíram malhas
inovadoras de espaços geométricos
para organizar os layouts, como
Joseph Muller-Brockmann e
Richard Paul Lohse.

Outro exemplo de design editorial


é o projeto de redesign do jornal
The Seattle Times² , que possui
uma estrutura de grid clara, com
variedade de famílias tipográicas,
tratamentos de cor e inovação na
composição, gerando um aspecto
dinâmico que difere do layout de um
jornal convencional.
layouts de Alexey Brodovich ²Seattle Times <http://
para a revista Harpeer’s seattletimes.com/html/home/
Bazaar index.html> Acesso em 10 de
Abril de 2013
Ainda no âmbito do jornalismo, o O Design Editorial exige do interferir de forma relevante na
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ALVES, Marcus Vinicius Barili. O valor do design - Guia ADG Brasil de prática
proissional do designer gráico: da prática à teoria. São Paulo: Senac, 2003.
Jornal Folha de São Paulo³ recebeu proissional um conhecimento possível interpretação do material
oito prêmios de design gráico. Este por parte do leitor, pois certos
Design Editorial

Design Editorial
COLLARO, Antônio. Projeto Gráico: teoria e prática da diagramação. São Paulo:
aprofundado a respeito da
jornal é o veículo brasileiro mais percepção de arranjo espacial, recursos gráicos podem evidenciar Summus, 2000.
premiado pela Society for News análise de conteúdo, construção de ou disfarçar diversos elementos
Design concurso realizado desde grid e domínio dos tipos de suportes da composição. No âmbito das FENSTERSEIFER, Thais Arnold. Design Editorial: Os livros infantis e a construção
de um público leitor, 2012 <http://hdl.handle.net/10183/61843>
1979, que reúne importantes e formatos no projeto. Podemos mídias, este proissional tem um Acesso em 13 de abril de 2013.
projetos de design editorial. concluir que o designer pode importante papel social e ético, pois
possui parte da responsabilidade FETTER, Luiz Carlos. Revistas, Design Editorial e Retórica tipográica, 2011.
<http://hdl.handle.net/10183/30193> Acesso em 13 de abril de 2013.
sobre a exposição do conteúdo de
uma publicação,que guia e ajuda a HEITLINGER, Paulo. Layout - Design Editorial, Boas práticas de composição e
compreensão do leitor. regras tipográicas. Disponível em: <www.tipografos.net>
Acesso em 11 de Abril de 2013.

SAMARA, Timothy. Guia de Design Editorial: Manual Prático para o Design de


Publicações. Editora Bookman, 2011.
³Folha de São Paulo < http://www.folha.
uol.com.br/ > Acesso em 11 de Abril de
2013 SCHERDIEN, Ingrid. Design de Livros: Analisando a Construção Gráica/Editorial,
2010. < http://tconline.feevale.br/tc/iles/4902_277.pdf>
Acesso em 13 de abril de 2013.

VILLAS-BOAS, André. O que é [e o que nunca foi] Design. Rio de Janeiro. Ed. 2AB.
1999.

Links:

Folha de São Paulo <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/94908-folha-ganha-


oito-premios-mundiais-de-design-graico.shtml>. Acesso em 06 de abril de 2013.

Caderno Cotidiano - Folha de São


Paulo - Edição do dia 19 de março
de 2012.
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Ana Carolina dos Santos Machado
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As embalagens podem funcionar acondicionamento, no ato do
como importantes ferramentas envase, até o consumo e o uso
Design e Embalagem

Design e Embalagem
de mercado, ajudando empresas do produto pelo consumidor
a atrair novos clientes e manter final”. Durante o transporte, a
os já estabelecidos. Em relação ao embalagem deve proteger o
poder de venda de uma embalagem, conteúdo, impedindo que ele
Klimchuk e Krasovec (2012, p. 1, sofra qualquer tipo de avaria. Ela
tradução livre) airmam que: deve ser projetada para resistir a
possíveis impactos ou acidentes,
O seu principal objetivo é criar um veículo que serve para conter, bem como promover proteção
proteger, transportar, distribuir, armazenar, identiicar e distinguir contra umidade, temperaturas
um produto no mercado. Em última análise, o objetivo do design excessivas ou mau tempo.
de embalagens é atender objetivos de marketing, comunicar a
personalidade de um produto de consumo e gerar a venda. A embalagem precisa permanecer
(KLIMCHUK & KRASOVEC, 2012, p. 1) comercializável frente às múltiplas
Embalagem de água mineral
inspirada nas geleiras da etapas antes do produto chegar
Noruega. Existem diversos tipos de ao seu destino inal. Isto inclui
embalagens comerciais, dentre carregamento, descarregamento,
Escritório Responsável: Blue
Marlin elas caixas de transporte, re-carregamento e eventualmente
recipientes para bens industriais o armazenamento em estoques.
e suportes para produtos de Portanto, ela deve ser versátil o
consumo. Além de proteger o suiciente para facilitar a totalidade
Design de Embalagem não trata apenas do projeto de um invólucro visualmente conteúdo contra danos e evitar do processo. Negrão e Camargo
agradável. Negrão e Camargo (2008, p. 29) deinem embalagem como “um acidentes com o manuseio, (2008, p.30) airmam que “a
sistema cuja a função é técnica e comercial, e tem como objetivos acondicionar, para Negrão e Camargo (2008, embalagem tem como função
proteger (desde o processo de produção até o consumo), informar, identiicar, p.30), “a proteção implica na primordial garantir a integridade do
promover e vender um produto”. O design da embalagem se conigura então preservação da integridade física produto desde o fabricante até o
como o projeto do recipiente que armazena e representa um conteúdo. e química do produto, desde o canal de venda onde será adquirido.”
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Design e Embalagem

Design e Embalagem
serviço está inserido: na residência, Na distribuição: O produto arma-
Embalagem de Pipoca
Funções e Requisitos de uma a atenção do consumidor, que Gourmet que faz uso de cores
Embalagem no local de comercialização, na comuniquem coniança, e que o zenado precisa chegar intacto ao contrastantes em seu layout.

produção industrial, na logística produto seja de fácil identiicação seu destino inal. As embalagens
Escritório Responsável: Designers
Uma embalagem deve: satisfazer de distribuição e nas legislações e diferenciação da concorrência. devem ser capazes de suportar a - anonymous.com

os requisitos legais exigidos, ser especíicas ao conteúdo que Deve-se ainda comunicar benefícios pressão de diversas caixas armaze-
adaptável ao processo produtivo, envolve: extra e motivar os clientes ao nadas umas sobre as outras; resistir
proteger o produto, promover ou consumo do item. à umidade; e adaptar-se a mudanças
vender o item, e ainda comunicar Residência: No espaço doméstico, de temperatura. As embalagens
valores atrativos para o usuário, a embalagem deverá ser de fácil Na produção: As exigências durante também devem ser concebidas para
dentre outras atribuições manuseio e armazenagem. Além esta fase abordam questões de satisfazer as necessidades de trans-
especíicas a cada etapa de disso, um número crescente custo, tempo de produção, escolha porte. Negrão e Camargo (2008)
produção, comercialização, uso e de consumidores esperam que de materiais, resíduos e gasto de airmam que qualquer dano ao
descarte. a embalagem seja reciclável, energia. O contexto de produção produto no processo de transporte
reutilizável e ecologicamente viável. possui inluência hiperativa no gera perdas para a empresa, que
O Design de embalagem deve preço inal e nos demais atributos deverá ressarcir o cliente, sem que
atender critérios funcionais em Local de Comercialização: É da embalagem. este tenha qualquer ônus.
cada contexto em que o produto ou preciso que as embalagens atraiam
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Design de Embalagem e a tamanho, clareza e aproveitamento estando entre as escolhas mais
Embalagem de cerveja do
Qualidade do espaço visual.” Portanto, se a Canadá que tem a tipograia importantes no desenvolvimento
gráico de uma embalagem.
como objeto principal
Design e Embalagem

Design e Embalagem
embalagem tenta transmitir muitas no projeto. Na lateral da
Não basta o produto/serviço mensagens sem uma organização embalagem, onde estão as
informações técnicas, foram
ter qualidade, é preciso que a hierárquica, provavelmente haverá utilizados diversos tipos de A escolha da tipograia exerce uma
tipograia que resultou numa
embalagem comunique esse valor a problemas na comunicação com o composição harmoniosa e que grande importância no projeto.
não prejudica a clareza das
respeito do conteúdo. A impressão consumidor. As fontes a serem utilizadas
informações sobre o produto.
de qualidade é um requisito precisam ajudar na comunicação
importante para a embalagem, A embalagem deve ser projetada Escritório Responsável: dos valores associados ao produto.
Saint Bernadine Mission
porque os itens que são percebidos para despertar o desejo de Communications Inc. Deve-se tomar cuidado com a
como de baixa qualidade são consumo. A atratividade questão da legibilidade, a escolha
geralmente assumidos como tal. está relacionada à estética de uma tipograia deve levar em
Embalagens que transmitem baixo e à visibilidade do produto. consideração sua leiturabilidade
valor agregado incluem: tipograia, Dependendo do conteúdo, a perante o consumidor. Todas
cores ou imagens desbotadas e/ou embalagem pode ser projetada para as informações presentes na
com falhas de impressão e que não parecer atraente, emocionante, embalagem devem estar num
reletem os benefícios do produto suave, assustadora, intrigante, ou tamanho adequado para leitura sem
comercializado. alguma outra reação emocional a grandes esforços. Há que se tomar
ser despertada no consumidor. cuidado também com tipograias
A embalagem deve ser de fácil de hastes muito inas, pois estes
leitura e interpretação, isto é de Cor e Tipograia no Design tipos podem sofrer problemas
suma importância para produtos de Embalagem no processo de impressão,
que são dispostos no ponto apresentando falhas principalmente
de venda rodeados de marcas No design de uma embalagem, a quando o fundo for de cor escura e a
concorrentes. Roncarelli e Ellicot combinação de cores e a escolha tipograia de cor clara.
(2010, p. 168) airmam que “para da tipograia são os aspectos que
comunicar-se eicazmente, o design formam a base da composição As combinações de cores podem
precisa ter um elemento dominante visual do projeto. Eles auxiliam ser interpretadas de forma
que se destaque dos demais. Este na identiicação, na comunicação completamente distintas, de acordo
elemento deve ser óbvio pelo dos atributos e no uso do produto, com a idade, gênero, cultura,
38

O Futuro das Embalagens sustentáveis, por embalagens


que podem ser recicladas e/
Uma das tendências mais relevantes ou reutilizadas. A tendência
Design e Embalagem

no mercado de embalagens em embalagens sustentáveis


é a crescente valorização da está crescendo rapidamente e
sustentabilidade. Um grande abrangendo o mercado de bens de
número de consumidores estão consumo, vestuário e alimentos.
O design minimalista dos
optando por alternativas mais De acordo com Roncarelli e produtos da empresa Hartford
Ellicott (2010, p. 110) “apesar das Reserve possui como destaque
o uso da tipograia.
embalagens sustentáveis ainda não
Escritório Responsável: United*
para A&P

ideologia ou peril emocional item providencial e de extrema


Exemplo de como a cor pode
atuar de forma predominante do grupo a que se destina a importância. Roncarelli e Ellicott
num projeto de embalagem.
embalagem. Para Fraser e Banks (2010) defendem que um produto
Edição limitada da Vodka
Absolut intitulada “ABSOLUT (2011, p. 1) “as associações com deve manter o equilíbrio, não
Unique”.
as cores variam entre culturas e afastar o consumidor pelo excesso,
Escritório Responsável: Ardagh indivíduos [....] uma cor ou uma mas também não ser tão comum a
composição colorida, pode signiicar
Group
ponto de nem ser notado no ponto
algo diferente para cada pessoa que de venda. O ideal está em equilibrar
olha para ela.” as cores e os demais elementos
visuais de forma a envolver o
A escolha da paleta de cores no consumidor positivamente.
projeto de uma embalagem é um
40

41
serem a principal razão da compra é uma das principais causas do Reciclar
de um produto, tornaram-se uma desperdício. Com a simples redução
Design e Embalagem

Design e Embalagem
das expectativas do consumidor.” do tamanho da embalagem, é O uso de materiais recicláveis no
possível economizar um grande projeto de uma embalagem permite
Para Mestriner (2002, p.11) “a volume anual de matéria prima. a sua reintrodução na cadeia
embalagem é um produto da ação industrial para outros ins. Essa
de uma complexa cadeia produtiva Reutilizar consciência contribui na redução
que começa na matéria-prima.” do volume de extração de recursos
Embalagens sustentáveis são Uma nova solução para diminuir a naturais.
aquelas projetadas com ênfase na quantidade de resíduos é evitar o
redução e conservação de recursos uso de embalagens descartáveis e Muitos materiais modernos
importantes para o meio ambiente adotar recipientes que cumpram podem ser processados mais de
e para a sociedade. Há três ações mais de uma função, que possam uma vez, isso signiica que eles
principais a serem valorizadas ser posteriormente reutilizados podem ser reciclados após o
pelos designers durante o projeto, para outros ins, tais como copos de descarte. É crescente a quantidade
são os chamados 3Rs (Cartilha de vidro, potes, caixas plásticas, entre de fabricantes que optam por
Diretrizes de Sustentabilidade para outros. materiais recicláveis e reciclados,
a Cadeia Produtiva de Embalagens e contuibuindo grandemente com os
Bens de Consumo, p. 7): A embalagem multiuso, além de ser princípios da sustentabilidade.
menos agressiva ao meio ambiente,
Reduzir possui outra vantagem competitiva:
a maior permanência da marca junto
As sacolas 60BAGS são biodegradáveis e produzidas com
ibras de resíduos industriais, portanto não exploram
os recursos naturais do planeta e exigem o mínimo
de energia durante a sua produção. Esta tecnologia Uma grande porcentagem de ao consumidor. Para Roncarelli
inovadora originada na Polônia permite que as sacolas se embalagens possui dimensões e Ellicott (2010, p. 118), “é uma
decomponham naturalmente em aproximadamente 60 dias
depois de serem descartadas, o que signiica que elas não maiores do que sua real grande honra para um designer,
precisam de reciclagem.
necessidade. Os fabricantes quando sua embalagem continua
Escritório Responsável: 60BAG usam desta técnica para que os sendo usada durante muito tempo
País: Polônia
produtos pareçam maiores, dando após o produto ter sido consumido”.
a impressão de conter uma maior
quantidade. No entanto, esta
42

FRASER, T.; BANKS, A. O essencial da cor no design. Tradução de Luís Carlos


Borges. São Paulo: Senac São Paulo, 2011.
Design e Embalagem

KLIMCHUK,M.R.; KRASOVEC,S.A. Packaging Design: Successful Product


Branding from Concept to Shelf. New Jersey: Wiley, 2012.

MESTRINER, F. Design de Embalagem - Curso Básico. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2002.

MESTRINER, F. Design de Embalagem - Curso Avançado. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2005.

NEGRÃO, C.; CAMARGO, E. Design de Embalagem: do marketing à produção.


São Paulo: Novatec, 2008.

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projeto e aplicação. São Paulo: Blucher 2010.

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de Consumo. Associação Brasileira de Embalagem (ABRE). 3ª Ed. Disponível
em: <http://www.abre.org.br/downloads/cartilha_diretrizes.pdf> Acesso em
10 Abril de 2013.

Embalagem de água mineral Isklar - Disponível em: <http://www.


bluemarlinbd.com/our-work/portfolio/isklar/> Acesso em Abril de 2013.

Embalagens de pipoca Joe&Sephs - Disponível em: <http://www.designers-


anonymous.com/portfolio/joe-sephs-1> Acesso em Abril de 2013.

Embalagem de cerveja East Side Bitter - Disponível em: <http://lovelypackage.


com/east-side-bitter/#more-32116> Acesso em Abril de 2013.

Embalagens de vodka Absolut Unique - Disponível em:


<http://www.ardaghgroup.com/news-app/story.43/title.
Ardagh+produces+unique+bottles+for+Absolut> Acesso em Abril de 2013.

Embalagens Hartford Reserve - Disponível em: <http://www.thedieline.com/


blog/2009/6/17/hartford-reserve.html> Acesso em Abril de 2013.

Embalagem 60bag - Disponível em: <http://www.60bag.com/> e <http://


lovelypackage.com/60bag/> Acesso em Abril de 2013.
‘‘‘

DESIGN DE
SuPERfícIe
Luíza Moreira F. de Almeida
graduanda em design gráico

estimento
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es textura sens
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Como airmado por Rubim (2008),
46

47
cortina que foram produzidos por
um designer de superfície pode um artesão, com o que foi produzido
Design e Superfície

Design e Superfície
realizar desde uma criação manual por um designer? Essa dúvida surge
até uma elaborada imagem digital, pela eventual semelhança entre
atuando na área têxtil, papelaria, áreas e materiais utilizados, o que
cerâmicas, revestimentos, vidros para um leigo faz parecer que se
e também em aplicações digitais. trata da mesma proissão.
São os padrões de imagens e
texturas desenvolvidos que geram Mas ao analisar um pouco
identidades visuais e singularizam melhor a questão, as diferenças
linhas de produtos, estampam são facilmente perceptíveis. Os
tecidos e ornamentam interiores. padrões criados pelo design são
Percebe-se então, a ininidade de desenvolvidos com ênfase em
áreas onde o design de superfície diversos requisitos impostos
podem ser inserido. A superfície pelo mercado, pela produção e
É perceptível a variação de contém a primeira impressão de pelo consumo, há uma complexa
texturas e materiais que
podem ser aplicadas na um objeto, é o que está por cima, o reunião de fatores e técnicas para
área, abordando a dimensão
visual e tátil na relação com o
que cobre ou reveste, e claramente, a criação no design. Quando se
consumidor. precisa de um tratamento próprio. fala de artesanato, a ênfase está
É nessa singularidade que atua esta na manualidade da produção, e
área do design. na riqueza cultural de um fazer
passado por gerações, a expressão
Quando falamos em design de superfície, na mente surgem várias questões: Com tantas áreas de atuação, surge se manifesta, sobretudo pelo ofício.
Design na superfície? Sobre uma superfície? Que tipo de superfície? Qual a a necessidade de delimitar o design O design e o artesanato são áreas
utilidade? São dúvidas oriundas do desconhecimento desse campo de atuação, de superfície e suas relações com que podem trabalhar em conjunto
ou quando ele é confundido com outras áreas criativas. áreas próximas, principalmente
quando falamos de artesanato.
“Não há mistério em saber o que faz um surface designer. Ele projeta: superfícies Como exemplo, podemos
têxteis, superfícies cerâmicas, de vidro, de borracha, de metal, etc. Em cada uma questionar: Como diferenciar
destas áreas podem haver sub-áreas e se pensarmos, por exemplo, numa superfície objetos como um tapete ou uma
1
Entrevista com Renata Rubim,
retirado do site: <http://www.
têxtil, abre-se um leque variado de possibilidades.” 1 revestir.com.br/>
48

49
em uma parceria enriquecedora, moda e interiores. Nesse espaço apresentação de novos produtos e
mas não podem ser confundidas virtual, as proissionais apresentam superfícies, pensando nos projetos e
Design e Superfície

Design e Superfície
como sinônimos. seus projetos: das ilustrações tecnologias do futuro.
produzidas manualmente com tinta
No Brasil, o design de superfície e nanquim, às criações digitais. No Mesmo com uma grande variação
ainda representa um pequeno site estão disponíveis downloads de possibilidades de atuação no
volume de publicações e de de estampas e ilustrações, além do design de superfície, é perceptível
proissionais especializados. espaço para encomendas e compra o foco maior na área têxtil. Esta
No entanto, em outros países a de trabalhos prontos. As aplicações promete ser a mais promissora
atuação do designer de superfície nas estampas desenvolvidas pelas quando falamos no design de
já existe com certa representação designers são feitas em roupas, superfície. O proissional pode
proissional. O surface design é uma
2
Site da Associação Americana
bolsas e até em cases de iPhones. trabalhar com estampas, tecelagens, de Design de Superfície:
Passarela < surfacedesign.org >
área estudada individualmente, jacquard, malharia, rendas, tapeçaria
da grife italiana
com cursos especializados. Por Dolce & Gabanna, Outro exemplo interessante é entre outras opções. 3
Site do estúdio Patternpeople:
que apresentou sua < www.patternpeople.com >
isso, quando se fala em Design coleção verão 2013 repleta a organização britânica Surface
de Superfície em âmbitos de estampas e foi destaque Design Show4 que realiza desde Ao tratar o design de superfície no
mundial no mercado em que atua. 4
Site da organização Surface
internacionais, há diversas Percebe-se a necessidade de um 2004, um evento anual de design Brasil, uma importante referência Design Show:
proissional especializado para < surfacedesignshow.com >
publicações e associações, como a trabalhar as superfícies de de superfície no Business Design é a designer e consultora de
acordo com as exigências
cores Renata Rubim, autora do Site do Núcleo de Design de
5
Associação Americana de Design Centre of London. Estudantes,
da área Superfície:
de Superfície2, com mais de 36 anos proissionais e interessados na área livro Desenhando a Superfície < www.nds.ufrgs.br >

de existência, além de escritórios e assistem palestras, exposições, além (2010), a proissional foi quem
proissionais especializados. de participarem de workshops e importou o termo “design de
do concurso anual Surface Design superfície” para o país. Nos seus
Como exemplo do desenvolvimento Award. O site da organização trabalhos percebemos o uso dos
do design de superfície no mercado, oferece informações sobre a área e padrões e estampas como foco
existe o estúdio americano disponibiliza seminários e debates principal. Inovações nas áreas de
Patternpeople , inserido em um
3
virtuais para os visitantes. Os temas revestimentos de paredes, pisos
site criado por duas designers que abordados no site são relacionados e móveis também são projetos de
se destacam em fazer estampas e à criação, desenvolvimento e destaque . Outra referência nacional
atuam principalmente nas áreas de é o Núcleo de Design de Superfície5
da Universidade Federal do Rio
50

51
Grande do Sul, o qual se propõe
Design e Superfície

Design e Superfície
a divulgar e consolidar a área no
meio acadêmico. Um dos resultados
dessa busca pela consolidação
foi o lançamento do livro Design
de Superfície em 2008, da autora
Evelise Anicet Ruthschilling, que
aborda a evolução histórica, áreas e
Estampas de autoria do designer
aplicações sobre o tema. Mateus Bailon para Colcci.

proissionais do ramo, normalmente com superfícies ultrapassa as


“Se tudo tem superfície e cor, então tudo não se faz ideia da abrangência aplicações em roupas e acessórios,
o que temos a fazer é aperfeiçoar o trato e desse setor e do que ele pode para alcançar embalagens, móveis,
afeiçoar o olhar sobre elas”. 6
oferecer. eletrodomésticos e até identidades
visuais.
O crescimento na diversidade de Os proissionais que trabalham com
áreas de atuação para o design design de moda, de interiores, gráico Em design de interiores, são os
de superfície, relete no aumento ou de produto, possuem uma grande revestimentos de móveis, pisos,
da demanda por proissionais ainidade com a área de superfície. paredes, tapetes, e cortinas, as áreas
especializados. O desaio atual Em design de moda, o foco principal de maior intervenção pelo design de
está em aumentar a consciência são as estampas. Essas seguem superfície. Nesse segmento, a cada
Renata Rubim para Solarium a respeito da profundidade e padrões de acordo com a aplicação dia surgem novos tipos de produtos
Revestimentos da linha
Catavento. Revestimento da necessidade de inovar no e as restrições das criações. Logo, o para serem trabalhados. Cabe ao
cimentício, que teve como
tratamento e no estudo de designer de superfície que atua na designer conhecer as tendências em
inspiração tecidos e relevos
feitos a partir de concreto, superfícies. Apesar do mercado moda precisa conhecer tendências, tecnologias e materiais, podendo
ser de interesse do proissional
seguem a tendência da
superfície tridimensional. O estar repleto de produtos materiais e o público-alvo das suas
resultado sugere a sensação de
movimento. A linha Catavento que sofreram intervenção de criações. Para o desenvolvimento a pesquisa de novos substratos e
resultou em premiação no IF de uma estampa, é necessário novas intervenções nas superfícies
Product Award em 2012, na
Alemanha. pesquisa e metodologia. O trabalho de produtos e ambientes.
6
RUBIM, Renata. Retirado do site
<http://www.renatarubim.com.
br/>
52

53
Vidros reciclados e fundidos com ter suas superfícies projetadas
chumbo, cristais fundidos, ibras criativamente. Na área gráica e de
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Design e Superfície
de poliéster recicladas, novos tipos papelaria, o designer pode trabalhar
de resinas e até painéis de LED são com texturas, padrões e imagens encontra em
materiais presentes nos projetos para a criação de uma identidade atrair, conquistar
inalistas no concurso Surface Design visual, na superfície de papéis, e chamar a atenção
Award 2013, e são exemplos da como os de parede e de presente, do consumidor.
vasta diversidade de opções para convites, entre outros. Também
escolher e aplicar em um projeto. existe o leque das embalagens e até A superfície se conigura como
mesmo as superfícies de materiais a primeira associação que o
Muitos objetos, quando são de escritório. Algumas empresas consumidor faz em relação ao
tratados supericialmente, terminam do ramo da moda lançam linhas produto, no âmbito cognitivo e
por ser totalmente projetados, escolares com a estamparia que é emocional. Percebe-se que o valor
por terem no caso, somente a utilizada nos tecidos das peças, uma estético atua no relacionamento
superfície como forma. Quando opção de ampliar o alcance da marca da aparência com as reações do
o projeto se limita à superfície no cotidiano dos usuários. observador.
do produto, ele está inserido no
design de superfície. Embalagens, Quando se argumenta sobre design Por ser a parte que reveste, a
louças, até mesmo veículos podem de superfície, uma importante superfície está intimamente
discussão pode acontecer quanto a relacionada ao tato. O toque do
relevância de atuação como área do produto pelo consumidor gera
design: Não podemos fugir da ideia associações interpretativas, a
de que um projeto de superfície interação com o consumidor é muito
precisa ter sua fundamentação importante para um projeto de
principalmente no campo estético. design de superfície.
Esse é um fato que não se pode Projeto de Superfície aplicado
em Design de Interiores -
ignorar, mas que não reduz a A ênfase ao estético aparece na Linha de estampas desenvolvi-
das pelo designer brasileiro
profundidade da área. Se o design maioria dos projetos de design de Wagner Campelo para a em-
de superfície trata do visual do superfície, mas não é regra. Quando presa Alluminare. Aplicação de
padrões em almofadas e papéis
produto, a sua funcionalidade já se de parede.
54

55
COLE, Drusilla. Patterns: New Surface Design. Londres: Laurence King
Publishing, 2007
Design e Superfície

Design e Superfície
JURACEK, Judy A. Soft Surfaces: Visual Reserch for Artists, Architects, and
Designers. Nova Iorque: W. W. Norton & Company, 2000

Vidros com tratamentos LUPTON, Ellen; Skin: Surface, Substance, and Design. Nova Iorque: Princeton
diferenciados de superfície da Architectural Press, 2002.
empresa Daedalian Glasses,
inalista do Surface Design MANZINI, E. A matéria da invenção. Lisboa: Centro Português de Design,
Award 2013. 1993. 193 p.

RUBIM, Renata. Desenhando a superfície. 2ª. ed. São Paulo: ROSARI, 2010

RUTHSCHILLING, Evelise Anicet. Design de Superfície. Porto Alegre: UFRGS,


2008
se trata de pisos e interiores de seja, a superfície representa mais UJIIE, Heather. Digital Printing of Textiles. Philadelphia: CRC Press,
veículos, por exemplo, observa-se do que só aparência, há nela uma 2006.

a evidência na funcionalidade e grande quantidade de informações Revestir: <http://www.revestir.com.br/tema_livre/ tema_livre_Abr08_/ body_


segurança da superfície em questão. e sensações a serem transmitidas tema_livre_abr08_.html> Acesso em: 10 Fevereiro 2013

Cabe aos proissionais o domínio sobre o produto e sua relação com o Design Brasil: < http://www.designbr asil.org.br/entrevista/renata-rubim >
Acesso em: 04 Fevereiro 2013
sobre as particularidades dos usuário.
materiais e do contexto onde está Design forum: < http://www.designforum.com.br/supericies/supericies_
cenario.html> Acesso em: 15 Fevereiro 2013
inserido o projeto.
Padronagens & Ains, Wagner Campelo: < http://www.padronagens.
wordpress.com/2010/03/25/livros-design-estamparia/> Acesso em: 21
Defendendo a importância do Fevereiro 2013
design de superfície, o professor e
Pattern People: <http://www.patternpeople.com> Acesso em: 21 Fevereiro
especialista em design sustentável 2013
Ezio Manzini (1993, p. 193) airma
Revista Clichê: <http://www.revistacliche.com.br/2012/04/design-de-
que a área “[...] concentra muito supericie/> Acesso em: 04 Fevereiro 2013
daquilo que num objeto é signiicante Surface Design Association: <http://www.surfacedesign.org> Acesso em: 21
para um observador/utilizador: Fevereiro 2013
qualidades sensoriais (propriedades WIDN: <http://www.worldinteriordesignnetwork.com/comments/surface_
ópticas, térmicas, tácteis), valores design_show_preview/> Acesso em: 18 Fevereiro 2013

simbólicos e culturais [...]”. Ou


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DesIGN e
ANImAçãO
Danielle Araújo Silva Trinta
graduanda em design gráico

cinema
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cria
59
As raízes da história da animação técnicas citadas, mas certamente
já fez ou viu um lipbook², assistiu

Design e Animação
se encontram no trabalho
experimental dos pioneiros desenhos infantis ou já se
do cinema, desde o tempo em encantou com efeitos especiais
que este era mudo. As imagens no cinema. Nos três exemplos
animadas, no entanto, já existiam citados, a animação se apresenta
em brinquedos ópticos, tais como o de diferentes formas: lápis, argila e
Fenaquistiscópio¹ (ig.1 ), inventado pixels - ou materiais e tecnologias
pelo belga Joseph Plateau e pelo semelhantes.
austríaco Simon von Stampfer, em
1832. Com o passar do tempo, As duas técnicas mais utilizadas
surgiu o Praxinoscópio (ig.2), de em animação são as seguintes: a
ÉmileReynard, um sistema de primeira se dá pela fotograia de
animação de 12 imagens criado para imagens desenhadas, cada uma
o primeiro desenho animado. com pequenas mudanças a cada
representação; e a segunda se
Com o desenvolvimento da utiliza da geração por computação
técnica, vários dispositivos gráica – podendo haver a mistura
foram descobertos, como o dessas duas técnicas. A ilusão visual
papel fotográico lexível de de movimento que o olho humano
George Eastman, que foi reproduz – de algo que na verdade
inluenciador no processo são apenas quadros passando numa
Kathryn Beaumont, voz e de desenvolvimento do velocidade muito rápida – ajuda
inspiração de Alice no País das
Maravilhas fazendo uma visita à cinetoscópio de Thomas a criar a impressão da animação.
Marc Davis, artista e animador da
Walt Disney.
Edson. Os métodos citados, apesar de
existirem desde os primórdios do
Provavelmente você cinema, são utilizados até hoje,
não deve ter ouvido atualizados constantemente por
falar das últimas proissionais da área de animação.
60

CURIOSIDADES

“Stills de cena” é uma sequência


Design e Animação

George Mélies é conhecido


como o pioneiro da criação dos de imagens feita por Eadweard
efeitos especiais, ou como eram Muybridge, ao utilizar câmeras
chamados na época, “ilmes com modiicadas por ele mesmo, para o
truques”. Mélies descobriu por estudo do movimento dos cavalos.
acidente a base da animação Além de fornecer material de
quadro a quadro, manipulando a referências para gerações de
câmera e substituindo atores ou animadores, expôs a mecânica
Figura 1. Um fenaquistiscópio por objetos que estavam em cena. fundamental para a produção de
Outra descoberta sua foi na pós- ilmes anos antes dessa tecnologia
Eadweard Muybridge (1893)

Figura 2. Praxinoscópio fabricado produção, onde utilizou técnicas ser inventada.


pó Emile Reynaud (1879)
de retoque manual para colorir o
ilme isicamente.

Vídeo “Le Voyage à


traversI’Impossible”:(disponível Figura 3. Sequência de imagens, de

em: http://www.youtube.com/
Muybridge.

watch?v=jvUf5ro8uQA)

Rodapé de Procura

Fenaquistiscópio é um brinquedo que cria a ilusão de movimento através de uma


1

movimentação das imagens em sequência desenhadas em um disco.

Vídeo “fenaquistiscópio”:(disponível em: https://www.youtube.com/


watch?v=pGiV0rrsLIs)

2
Flipbook ou folioscópio é uma sequência de imagens que, em geral, aparecem no formato
de um pequeno livro para ser folheado, gerando a impressão de movimento.

Vídeo “Dragon Ball Z Flipbook Episode 1 GokuVsBuu”:(disponível em: http://www.


youtube.com/watch?v=zTHsNX6kmTY)
62

63
Animação

Como o campo da animação é muito


Design e Animação

Design e Animação
Essa técnica surgiu de uma animar com stop motion é preciso
vasto, é preciso separá-lo em duas brincadeira ocasional. Paris não somente dominar as técnicas
técnicas principais para ilustrar George Méilès, ilmando algum de animação, mas também haver
melhor a atuação do designer de seus materiais numa rua, viu interesse em performance, ilusão,
gráico na área: sua câmera parar de funcionar truques e principalmente ser
por alguns instantes. Esse simples instintivo, assim como Méilès o foi.
Stop motion acidente transformou - já no
ilme desenvolvido - um ônibus Com o passar dos anos, surgiram
Essa técnica não é a mais reinada que passava por ali, num carro novas tendências e formas de
e os movimentos que os objetos fúnebre. Essa técnica foi chamada como trabalhar o stop motion.
e personagens possuem são de stoppingmotion, para fazer Atualmente, os materiais mais
diferentes das animações feitas referência à falha da câmera, por conhecidos para aplicação da
em computadores. Mas é nessas para de gravar. Hoje, esse artifício é técnica são a argila e a plasticina
limitações que está o seu atrativo. usado como base em todos os ilmes – popularmente conhecida como
Ver algo inanimado tomando forma de stop motion. massinha de modelar. Esses
e agindo como um ser com vida, materiais precisam de
interagindo isicamente com o Méilès, porém, não parou com lexibilidade para
ambiente, é encantador. Remete à essa descoberta. Ele comprou um se adequar aos
imaginação infantil, de animar aquilo estúdio só para esses experimentos, movimentos e
que é naturalmente estático. o qual foi berço para invenções boa durabilidade,
conhecidas atualmente para resistir o
O que as pessoas gostam sobre a animação em como a tela verde/azul. longo período de
stop motion é que é real. É como um truque Essa tela inicialmente era gravação. Alguns
de mágica, tomando coisas reais, lugares reais de veludo preto, na qual dos modelos Figura 4. Wallace and Gromit,

havia a movimentação
personagens ícones da cultura
para fazê-los adquirir vida com movimentos. moderna Britânica, criados por
Nick Park. Eles são feitos de
(CLOKEY, 2010, p. 44) de cenários e pixilation³. plasticina moldada em armaduras
O exemplo de Méilès de metal, e os ilmes são gravados
em stop motion.
demonstra que para
feitos desses materiais mais
64

65
Animação Digital
maleáveis precisam de um arame
que funcione como estrutura de “arte-inalistas” obsoletos. Apesar
Design e Animação

Design e Animação
Este ramo da animação abrange
sustentação (ig. 4). as técnicas de 2D e 3D, que se disso, muitos animadores e estúdios
integram e se complementam com ainda utilizam essa técnica, seguida
A variedade de materiais vai além o stop motion, pois suas raízes ou não da digitalização.
dos citados. Muitos modelos estão relacionadas . O stop motion
são feitos em substratos mais é o berço para o descobrimento A verdade é que, independente
e a evolução da animação no
Figura 5. Willis O’Brien (animador
rígidos, e por isso, precisam de de stop motion), responsável por da técnica, a animação tem como
dar vida ao King Kong.
um sistema de juntas mecânicas, meio digital, pois esta se utiliza característica a preocupação com
com articulações mais complexas. das mesmas bases – desde a o realismo. Não se trata de algo
Os modelos são fotografados CURIOSIDADES modelagem dos personagens até a realista materialmente falando, mas
quadro a quadro, e depois essas movimentação por quadros. de criar plausibilidade.
fotograias são montadas em uma Os ilmes de Méilès retratavam com clareza sua paixão pela fantasia. Ele
película cinematográica para serem gravou Cinderella (ou Cendrillon), onde esse traço é de fácil observação. As Os primeiros ilmes animados A busca por essa plausibilidade
adicionadas músicas ou falas. iguras extraordinárias e os objetos inanimados que ganham vida não faltam utilizavam celulóide – mais começa com os pioneiros da
em seus ilmes. conhecido como película ou ilme tecnologia cinematográica, cujas
Existem ainda outras formas de - por causa da translucidez do criações são obras clássicas do
aplicação do stop motion, como “George Meiles – Cendrillon”:(disponível em: https://www.youtube.com/ material. Essa forma de animar cinema. Após esse período, a
nos efeitos especiais. Por exemplo: watch?v=B10eA5kdVXg ) permaneceu por várias décadas, até invenção do rotoscópio4 de Max
a versão original do ano de 1993 o advento dos computadores, que Fleicher e outras tecnologias,
de “King Kong” se utilizou do Teaser de “Minhocas”, primeiro longa-metragem gravado em stop motion do tornaram os “intervaladores” ou com o o rostrum multiplano5 da
stop motion para criar a ilusão de Brasil: (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=szeymDXSaPE) Disney ajudaram na evolução da
que a fera – King Kong – estava Uso o computador para gerar movimentos visuais periódicos com autenticidade dos ilmes.
andando pela cidade. Na verdade, “Animated In Bed”:(disponível em: https://www.youtube.com/ a intenção de revelar harmonia justaposta contra fenômenos
se tratava de uma réplica de um watch?v=C3Ue1AXSzyw) desarmônicos. Para criar tensões, transformações; formar estruturas Foi com o desenvolvimento de
gorila medindo 48cm. Isso também rítmicas afastadas de padrões seriais repetidos continuamente. Obter interfaces mais rápidas e próximas
aconteceu no ilme “The Empire variações ordenadas das mudanças e criar formas harmônicas em ao usuário, que a computação
Strikes Back” e em muitos outros. Rodapé de Procura movimento que o olho humano pode perceber e apreciar. pôde ganhar espaço nas indústrias
(WHITNEY, 1972, p.1383) cinematográicas, principalmente
³Pixilation é a sequência de fotos de atores vivos que formam uma animação.
Figura 6: Cartaz do ilme Vertigo,
Nessa década, foi grande a procura Foi com a evolução tecnológica na
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pelas mãos de John Whitney de 1950 - design de Saul Bass.
Sr., Edwin Catmull e Douglas por proissionais para fazer o design área de games (ver capítulo Design
da abertura e dos créditos de ilmes
Design e Animação

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Trumbull, importantes animadores e e Games) , que as imagens digitais
cineastas. mais ousados. Além de Saul Bass - no setor de ilmes evoluíram ainda
que também produziu a abertura de mais. Os animadores adaptaram
John Whitney foi um dos pioneiros “Psycho” (Psicose, 1960) – outros as habilidades e conhecimentos
a usar o computador para criar nomes como James Pollac com “The tradicionais dos jogos para
animações. Em seu primeiro Birds” (Os pássaros 1963); Maurice desenvolver novas ferramentas
trabalho, Whitney utilizou um Binder com Charade (Charada, em animação. O primeiro grande
computador analógico usado para 1963), Dr. No (O satânico Dr. No, impacto no âmbito digital na
manipular canhões antiaéreos para 1962); e Robert Freeman com animação tradicional comercial
controlar o movimento da câmera, “A Hard Day’sNigth” (Os Reis do ocorreu com o ilme “Tron” de
produzindo padrões geométricos lê-iê-iê, 1964) e Help! (Socorro!, 1982 (ig.7), da Disney, dirigido por
de luz e sombra. Nessa época, 1964) foram alguns dos nomes mais Steven Lisberger. Além de possuir
colaborou com um designer gráico importantes que contribuíram para um estilo visual nunca antes visto,
que começara a construir sua que as aberturas, muitas vezes se o ilme quebrou os paradigmas do
carreira no projeto de créditos e tornassem mais importante que os cinema.
abertura de ilmes em meados dos próprios ilmes.
anos 1950, chamado Saul Bass,
Figura 7. Cartaz do ilme Tron.
que participou da produção da
sequência animada da abertura do
ilme de Alfred Hitchcock, “Vertigo”
– traduzido no Brasil como “Um
Corpo que Cai”.
maior notoriedade na animação 2D.
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A partir de “Tron”, a tecnologia estão em constante crescimento, CURIOSIDADES
da animação digital evoluiu Já nos trabalhos em 3D, os tipos de como na web, em dispositivos
gradativamente. As aplicações em Repare nas oscilações dos
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aplicação mais conhecidos são os eletrônicos portáteis, modelagens “Vertigo” é considerado uma das
2D se popularizaram principalmente games e ilmes como “os Incríveis”, químicas, em telões de concertos, personagens em “A Branca de maiores obras primas do cineasta
nos games das décadas de 60 à 90, “Monstros S/A” e “A Era do Gelo 3” – shows musicais, planetários e Neve e os Sete Anões”. A Disney Alfred Hitchcok. A abertura do
especialmente pela simplicidade co-direção de Carlos Saldanha. muitos outros. A animação digital conseguiu retratar os movimentos ilme foi criada pelo designer
e tamanho, os quais deveriam ser também se alia a várias outras áreas, de sutileza e elegância da Branca gráico Saul Bass.(disponível
pequenos para caber nos cartuchos. Além das animações mais populares, transformando essas relações num de Neve, ao mesmo tempo em que em: https://www.youtube.com/
Apesar do universo dos jogos, são os universo cheio de possibilidades a watch?v=4oRImjiwqFo)
Figura 8. Cena do ilme
a animação digital também atua em aumentou o caráter perturbador
desenhos animados que alcançam espaços menos conhecidos, mas que serem desenvolvidas. ‘A Era do Gelo 3’ da bruxa e do espelho com
os cuidados ao representar o
movimento humano.

Rodapé de Pesquisa

4
O rotoscópio permitia traçar movimentos previamente ilmados. Consistia em um
projetor que podia ser avançado um quadro por vez e mostrava a ação por trás de uma
superfície de vidro fosco de uma prancheta ou de uma mesa de animação, o que permitia
ao animador utilizá-la como referência direta.

5
Rostrum multiplano era uma câmera montada sobre várias camadas de trabalho
artístico, as quais podiam ser manipuladas de forma independente para aumentar a ilusão
de espaço tridimensional.
Figura 12. Personagem Rango.
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71
Criaturas + Criadores Fight For Everyone
Figura 13. Personagens e alguns
Clipe para a banda The Leisure
objetos do cenário de Fight For
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A seguir, alguns projetos de design Star Wars: Clone Wars Everyone.
e animação que são destaque no Society, feita pela PersistentPeril.
ramo do cinema e dos desenhos É uma série de animação 3D Dentro da equipe de animadores se Figura 14. Ilustrações criadas por
Tsutsumi para La Luna.
animados. baseada no ilme homônimo, encontra Emma Wakely, graduada
produzida pela Lucasilm. Seus pela University for the Creative
Rio (o ilme) cenários são pintados pelo artista Arts, especialista em animação
Scott Wills. Em seu portfólio tradicional e 2D.
Filme 3D animado, produzido pela podemos encontrar pinturas dos
Century Fox e pela Blue Sky, dirigido cenários de “El dorado” e “Monster Videoclipe (disponível em: http://
por Carlos Saldanha. vsAlliens”. vimeo.om/60999448)

La Luna
Rango

Adventure Time (Hora da Animação criada pela produtora Curta indicado ao Oscar.
aventura) Industrial Ligthand Magic para a DiceTsutsumi produziu os
Nickelodeon Movies. Na produção conceptarts. Tsusumi é atualmente
Série de desenho animado exibida do ilme está o artista brasileiro diretor de arte no estúdio Pixar e
pelo Cartoon Network de maior Antropus, que é Senior Digital Artist seu último trabalho foi como diretor
audiência infato-juvenil. Skyler Page na ILM. de luz e cores no ilme ToyStory
é o storyboard artist e já ganhou Figura 8. Alguns dos personagens 3. Já passou pela Blue Sky (onde
a categoria de “Best Writing” no do ilme Rio. Rango trailler (disponível em: trabalhou nas produções de Ice Age,
“Toronto StudentFilm Festival” pela http://www.youtube.com/ Robots e Horton).
Figura 9. Cena do desenho
animação “Crater Face”. animado Adventure Time. watch?v=h2zR6GrgSZY)
vídeo (disponível em: http://vimeo.
com/52701437)
Crater Face(disponível em: http://
Figura 11. Cenário de Clone Wars.

vimeo.com/11414910) Design gráico + Animação


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73
O termo motion graphics nasceu
na década de 70, para designar o
é o de “ilmtitle design” ou “endtitle
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conjunto da produção que combina apoio e intertítulos (no cinema, TV design. Porém, algumas áreas não arte conceitual de personagens e o
preocupações do design tradicional design”, que correspondem à área e vídeo); vinhetas de identidade necessitam que o proissional seja meio que estes interagem (prédios,
(como o uso de tipos, distinção de design gráico que produz a visual, chamadas de programação, graduado especiicamente em carros, lorestas). É nessa etapa que
estética e signos de comunicação abertura e o encerramento de peças interprogramas, spots comerciais design. As divisões no campo serão as posições e movimentos labiais
eicientes) à capacidade de cinematográicas. e suportes de infograia em classiicadas de acordo com a ordem são registrados na chamada icha de
movimento. programas jornalísticos e esportivos de um projeto de animação (VELHO, ilmagem.
Abrangendo uma maior área está (na TV); videoclipes, videoarte, 2008).
Após a chegada do computador o “motion design”, que compreende vídeo experimental, poesia visual, Layout: estabelece as
pessoal, houve um aumento qualquer tipo de design para vídeos narrativos e suporte de Storyboard: a partir de uma idéia características de cada cena
explosivo na produção do motions as diversas mídias que utilizam infograia para vídeos institucionais inicial é desenvolvido uma série com deinição maior de cenários
graphics, principalmente no ramo imagens com movimento. e educativos (no vídeo). de ilustrações em sequência que e personagens. Aqui podemos
chamado “broadcast design”, que servirão como uma pré-visualização evidenciar os coloristas, que dão
se refere às aplicações do design Podemos listar algumas áreas Há ainda, na animação, um do ilme, animação, gráico animado detalhes de sombra e luz. Depois
gráico voltadas para imagens em que o design gráico pode ser universo a ser explorado pelo ou até mesmo elementos interativos de prontos, os materiais são
temporalizadas na TV (aberturas de aplicado na animação. São elas: de um web site. incorporados ao animatic numa
programas, soluções de identidade versão chamada “Leicareel”.
visual e vinhetas, por exemplo). Créditos de abertura e Trilha sonora: é gravada uma trilha
No cinema, outro ramo conhecido encerramento, interferência de sonora improvisada que guia o Animação: a fase de criação
trabalho dos animadores. dá espaço para a animação
propriamente dita. As posições
Animatics: fase onde a trilha sonora chave (traços a lápis ou “penciltest”
é adicionada a um protótipo da de posições com dura transição)
animação, criando um “animatic” ou ganham movimento de acordo com
a trilha sonora, formando os novos
Exemplo de motion graphics:
Practice - Part Three of Three
“storyreel”.
(Nike History Lesson) “Leicareels” com todas as posições
Design e timing: aprovando-se (chave e intermediárias).
(disponível em: http://vimeo.
com/46141034#)
o animatic, é hora da criação.
Nessa etapa podemos destacar o Cenários de fundo: desenhistas
concept artist, que desenvolve a pintam os cenários onde a ação
acontece, seguindo o layout feito
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necessita da animação para a
anteriormente. produção dos créditos; o storyboard
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depende do designer de som
Ink-and-paint: folhas de celulóide para criar o animatic; e o concept
são preenchidas com os desenhos artist precisa do animador para o
e seus detalhes de cor e textura, personagem ganhar vida. Esses
cada personagem em sua folha. são alguns exemplos de relações
A seqüência é ilmada quadro a que fazem parte do universo da
quadro. animação e que são de extrema
importância para o resultado inal
Conclusão da obra.

Os caminhos da animação vão dos


créditos, passando pela criação
de personagens e sets até as Cena do ilme Up!Altas Aventuras.

produções para web ou qualquer


outro meio digital. O designer
gráico, apesar de exercer sua
função em uma pequena área diante
da grandeza do ramo da animação,
é capacitado para desempenhar
outras funções do processo de
animação que não as especiicadas
da sua área, pois sua formação é
voltada para criação, metodologia,
tipograia, manuseio de softwares,
e várias outras áreas que possuem
ligação direta ou indireta com
animação. Cada área se completa
e se relaciona. O designer de tipos
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77
Imagem 6: (Alice Volk – Visual Explorer, Saul Bass – the great graphic designer
BACHER, Hans. Dream Worlds: Production Design for Animation. of the mid-20th century.Em:<http://aliceovolk.wordpress.com/2012/11/06/
PrimeiraEdição.Focal Press, Novembro de 2007. saul-bass-the-great-graphic-designers-of-the-mid-20th-century/>Acessoem
Design e Animação

Design e Animação
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‘‘‘

DesIGN e
GAmes
Niandson Leocádio da Silva
graduando em design gráico

bilidad e
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jogos
pers
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d

al

ili
ab
digit

jog
rio
desenvolvimento do jogo, podendo

81
O teórico Brian Sutton-Smith (1971)
ressalta que o game designer não ser alterado ou incrementado sempre
que forem percebidas modiicações

Design e Games
se trata necessariamente de um
programador, designer visual, ou ou melhorias a serem feitas, visando
gerente de projetos, embora, às tanto abarcar a criatividade e técnica
vezes, ele também desempenhe esses da equipe, quanto satisfazer as
papéis no projeto. Um game designer necessidades do cliente.
pode trabalhar sozinho ou como
parte de uma equipe maior. Ele pode Ao inalizar o projeto, os designers
desenvolver jogos de cartas, sociais, possuem a responsabilidade de
digitais, ou qualquer outro tipo de jogo. garantir que a jogabilidade no game
O foco de um game designer é projetar se mantenha em um padrão uniforme,
o jogo, junto a concepção e elaboração independente de ser um jogo causal e
de regras e estruturas que resultam rápido ou um longo, cheio de desaios.
em uma experiência para os jogadores.
O que faz um game designer
Game Design é uma atividade de
projeto, o processo tem início a Dentro do processo de design
partir de uma simples ideia, seja ela nos games, podemos encontrar
totalmente nova ou a releitura de um as seguintes especialidades
Game design é o processo de criação e análise de conceito existente, na cabeça do game (BRATHWAITE, SCHREIBER
jogos, sejam eles digitais , de cartas ou de tabuleiro, com todas as designer ou em reunião com a equipe, 2009, p. 5):
suas especiicações, regras e características. Um game designer, ou projetista onde todos podem contribuir até
de jogos, é um proissional fundamental para o desenvolvimento de qualquer fechar o primeiro conceito do projeto. World Design: Área responsável 1
Chain-points: Pontos que
jogo. É ele quem possui a visão geral do projeto, participando desde a criação Esse conceito é arquivado no chamado pela concepção do contexto onde originam ou ligam partes na

do conceito, pesquisas de mercado e usuários, documentação e orientação da se passa o jogo. Mundo, cenário,
história e/ou contexto do game.
GDD (Game Design Document),
equipe de produção, até o balanceamento e o design de nível do jogo. documento principal resultante das tema, gênero, plano de fundo, 2
Hooks: Partes do jogo em que
ideias e dados-chave concebidos e
se deixa abertura para que a
pontos de apoio, chain-points e 1
história siga, mude de rumo,
O designer de jogos é quem projeta, concebe e estabelece as regras e a controlados pelo projetista de jogos. hooks2 são desenvolvidos pelo abra novas missões ou dê apoio a
algum background ou elemento,
estrutura do jogo. (OxLAND, 2004, p. 292) Este documento acompanha todo o Lead Designer, ou Designer se tornando pontos chave.
Chefe, proissional que coordena e matemáticos subjacentes que competências artísticas apuradas
82

83
3
Concept Artist

supervisiona o trabalho dos outros


É o proissional que trabalha com Concept Art, ou Arte Conceitual, que é uma
serão aplicados ao mundo, cenário para assumir a coordenação dessa
projetistas visuais envolvidos no e personagens do jogo, levando
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área, por isso, é onde geralmente forma de ilustração que possui como objetivo principal a representação visual
de uma ideia que ainda não existe, para utilização em ilmes, jogos, animações,
projeto. Ele é o designer principal do em consideração o equilíbrio e as encontramos mais Concept Artists3 revistas, livros, móveis, automóveis, e até casas e prédios, antes mesmo do
produto inal começar a ser desenvolvido. Essas ilustrações podem ser muito ou
jogo, que garante a integração e a deinições que o jogo deve abarcar. envolvidos, que agem juntamente
pouco detalhadas, dependendo do objetivo e conceito que se precisa transmitir,
comunicação entre as equipes. com Ilustradores e Designers o que otimiza o tempo de execução do projeto e antecipa muitos dos problemas

Content Design: Este é o campo Gráicos.


que poderiam vir a acontecer devido a falhas na comunicação entre os setores
de produção ou falta de instrução e detalhamento da ideia.
System Design: Desempenhado onde se cria todos os personagens,
Um concept artist, além de possuir as habilidades de um artista, precisa saber
pelo System Designer ou pelo peças, missões, itens, puzzles, Level Design: Design de Nível, trabalhar com prazos rigorosos e ter um conhecimento amplo do campo
locais especíicos e até armadilhas. de Design Gráico. A interpretação de ideias e conceitos de forma gráica,
juntamente com a capacidade de criar nos mais diversos estilos e técnicas, é o
próprio Lead Designer, esta área Design de Ambiente ou Game
gera o sistema de regras e padrões O Content Designer precisa de Mapping, são alguns dos nomes que faz o diferencial destes proissionais.

Concept art do jogo Star Wars


1313, com data de lançameto
indeinida, após a compra da
LucasFilm pela Disney.
dados a esta área que projeta coordenação para que caminhem
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os estágios e locações com base dentro dos objetivos planejados.
na sensação que se deve passar O Game Designer é o responsável
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ao jogador, analisando possíveis por garantir que essa integração
puzzles e/ou armadilhas de acordo aconteça da melhor forma possível.
com cada nível. Para isso, o proissional não precisa
dominar com excelência todas
Além das atribuições citadas, essas áreas, mas sim entender e
há ainda o Design de Interfaces compreender todas as etapas, que
que desenvolve e conduz a são essenciais para qualquer game.
navegabilidade; as interações
diversas; e o feedback ao jogador. Outra função do Game Designer
Como os menus do jogo e os HDUs é observar e analisar os principais
pontos do desenvolvimento do
Alguns nomes mundiais do Game jogos Mazis, que agora faz parte
Design: da Eletronic Arts. Criou o SimCity (atributos do player – pontos de
e, alguns anos depois, a série The
vida, magia, munição e armas, projeto, o que inclui o estudo dos
Akira Toriyama: Autor japonês
Sims.
criador de diversas séries como entre tantos outros, de acordo clientes, público-alvo, cultura,
Dragon Ball, Dr. Slump e game Shinji Mikami: Designer de jogos e com o projeto), os quais caminham abordagem, intenção e mensagem.
designer de jogos como Blue criador do Resident Evil e Survival
Dragon, Dragon Quest Monster e Horror, Devil May Cry, Onimusha, paralelamente ao projeto, não Os aspectos citados devem
Chrono Trigger.
sendo, assim, dependentes dele. ser levados em
entre outros.

Kojima Hideo: Designer japonês Satoshi Tajiri: Criador da série consideração


de jogos, que trabalha na Konami. de jogos digitais Pokémon pela
Game Design é então, o resultado pelo
Diretor-executivo e chefe do Nintendo, que deu origem ao anime
estúdio Kojima Produtions, é o de mesmo nome. da integração da multiplicidade de
áreas do projeto do jogo, as quais
criador de Metal Gear, Snatcher e
Policenauts.
Shigeru Miyamoto: Designer e
produtor de jogos eletrônicos são dependentes e precisam de
Hironobu Sakaguchi: Game japonês, conhecido pelas criações
designer, programador e diretor de de Mario, Donkey Kong, The
jogos japoneses. Criador da série Legend of Zelda, entre outros.
Final Fantasy, possui longa carreira
Rafael Grassetti: Character Artist
no mundo dos jogos, participando
da criação de diversos games.
brasileiro que já trabalhou na
Ubisoft Montreal e hoje é designer-
Will Wright: Designer de games chefe da Mass Effect. Participou
americano e co-fundador da do desenvolvimento da série Game Design é uma atividade
empresa de desenvolvimento de Assassin’s Creed. de projeto.
na identidade visual e divulgação
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projetista juntamente com os
empresários, por possuírem uma dos games.
visão global do projeto e do objetivo
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do jogo, conseguindo assim, gerir as Na publicidade e marketing, o
equipes para que caminhem juntas, proissional recebe o material já
atendendo às necessidades do disponível do jogo, como logotipo,
jogo. Esse fator é muito importante, imagens 3D, ilustrações, concept
pois muitos games parecem ser arts, e projeta o visual em que o
extremamente bem elaborados em jogo será apresentado ao público,
diversos aspectos, porém acabam criando desde cartazes até vídeos
não agradando o público-alvo, por de apresentação.
exemplo, caracterizando uma falta
de estudo da área pela equipe. Competências de um game
designer
Em empresas pequenas e/ou
independentes o Designer, ou até Uma das premissas para ser um
Game Designer é ter espírito de
A Game of Thrones, um épico jogo
mesmo um programador, acaba
precisando assumir mais de um liderança e coordenação com uma de tabuleiro baseado no best-seller criar jogos para seu público, por Conhecimentos gerais: Para ter idealização e/ou planejamento
“A Song of Ice“, de R.R. Martin.
destes papéis (e às vezes todos visão inovadora e de negócios. falta de vivência e observação. ideias relevantes é preciso ter inicial, cabendo ao projetista
eles), sem contar com mão-de- Além destas características, é conhecimento do contexto mundial. contornar o problema em busca de
obra externa, o que pode limitar o necessário ter um peril observador, Seguem algumas características Tendências são um conhecimento soluções viáveis e criativas.
resultado desses projetos. para interpretar as preferências indispensáveis ao Game Designer, imprescindível para saber quais
do público. A credibilidade dos independente do papel que os direcionamentos devem ser Visão: Capacidade de identiicar
Outras formas de se jogos japoneses, por exemplo, icou assumirá na equipe: tomados para o sucesso do jogo. oportunidades de jogos rentáveis e
trabalhar com jogos sob suspeita mundial por falhas de alcance global.
nesse âmbito: Game designers Sociabilidade: O designer precisa Criatividade: A criação de vários
Existem diversas possibilidades de que passam horas em frente possuir habilidades sociais, tais como dos elementos visuais do jogo, e Ser jogador: É preciso amar esse
atuação do design na área de jogos. ao computador, não percebem saber expor suas ideias, entender e a extração das melhores ideias do universo, passar horas conhecendo,
Além da criação e desenvolvimento aspectos importantes do contexto assimilar a opinião de terceiros e o brainstorm. A realidade do projeto experimentando e testando os mais
do jogo, é possível trabalhar ainda social e terminam por não conseguir que estão tentando dizer. pode não corresponder com sua diversos jogos, sejam eles antigos,
novos, experimentais, complexos
88

89
BRATHWAITE, Brenda; SCHREIBER, Ian. Challenges for Game Designers. MENDEZ, Rodrigo. Concept art!? O que diabos é isso?. 4 fev, 2009. Disponível
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Design e Games

Design e Games
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que se possa inovar na área. CLUA, Esteban; BITTENCOURT, João. Desenvolvimento de Jogos 3D:
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abr, 2011. Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/infograico/9708- content&view=article&id=534#axzz2ElgP2bzn>. Acesso em: 05 janeiro 2013.
o-tamanho-da-industria-dos-video-games-infograico-.htm>. Acesso em: 6
cargo de tamanha importância numa
indústria crescente que já ultrapassa março 2013.
os lucros gerados pela indústria
do cinema, segundo dados da DFC MATTHEWS, Matt. Gamasutra’s half-year U.S. video game retail sales analysis.
16 jul, 2012. Disponível em: <http://www.gamasutra.com/view/news/174143/
Intelligence, empresa de consultoria Gamasutras_halfyear_US_video_game_retail_sales_analysis.php>. Acesso em:
especializada em entretenimento. 6 março 2013.
DesIGN De
INteRAçãO
Sarah da Nóbrega Lins
graduanda em Design Gráico

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rmação
utilizamos um produto interativo, abordagem mais artística do que

93
seja em equipamentos eletrônicos, cientíica.
projeções ou interfaces. Essa

Design e Interação
área do Design vem crescendo, No livro Design de Interação – Além
progressivamente, devido a da interação humano-computador,
ênfase do mercado na relação dos de Jenny Preece, Yvonne Rogers e
consumidores com produtos e Helen Sharp (2002), esta área é
serviços. descrita como:

Deinição de design de Design de produtos interativos que fornece suporte


interação às atividades cotidianas das pessoas, seja no lar ou
no trabalho. A criação de experiências que extendem
O Design de Interação é uma área que e melhoram a maneira como as pessoas trabalham,
estuda processos de criação para se comunicam e interagem em si e com os produtos.
produtos interativos, ou seja, produtos (PREECE, ROGERS & SHARP, 2002).
que se relacionam com o usuário. Para
Frederick van Amstel (2006): Para Jonas Löwgren (2008), o
“Design de Interação
Design de interação é a maneira como um consiste em atribuir
produto proporciona ações em conjunto entre forma à produtos
pessoas e sistemas (AMSTEL, 2006). digitais para o uso
Os produtos de consumo digitais interativos surgiram com a inclusão dos das pessoas”. O autor
computadores no cotidiano das pessoas e com o crescimento do uso da internet, Este campo se conigura como uma utiliza a expressão “atribuir forma”
tanto no âmbito proissional quanto no lazer. Foi a partir desse avanço que a subdisciplina do design que, além de para sugerir uma ligação mais forte
engenharia e o design começaram a apresentar novas formas de atuação. O indicar os aspectos de um produto com um processo de design, em
Design de Interação tem sido visto como uma área de estudo que vai além da interativo, estuda processos de oposição ao termo “construir” que
utilidade e eiciência de um produto, aplicativo ou interface, considerando a criação de componentes interativos. se relaciona mais com engenharia.
amplitude da relação entre produtos e usuários. Não há o foco apenas na solução de O Design de Interação envolve
problemas, e sim na intermediação cinco abordagens de atuação
Design de Interação é um termo pouco conhecido entre as pessoas que não entre pessoas, tendo uma (LOWGREN, 2008):
trabalham na área da tecnologia, mas todos nós, mesmo sem perceber, já
1) O Design envolve mudança de 4) A área do Design de Interação O que faz um designer de
94

95
O Design de Interação consiste

contextos de uso do produto por interação


em pensar o projeto através
consiste em pensar o projeto de rascunhos ou outras
através de rascunhos ou outras
representações tangíveis.
Design e Interação

Design e Interação
meio de formulações e implantação
de artefatos digitais. representações tangíveis. O designer de interação tem como
Quando o designer esboça partes objetivo melhorar a relação entre
2) O Design consiste na previsão do projeto ou até aspectos de homem e produto, uma vez que o
de possíveis interações entre possíveis soluções, ele não está sucesso deste no mercado depende
pessoas e produtos/serviços. A apenas representando, mas da experiência interativa que pode
autora exemplifica essa definição realizando micro experimentos, proporcionar. Um projeto deste
comparando um estudo acadêmico que podem vir a mostrar os pontos tipo, quando bem aplicado, pode
com um estudo de design. fortes, fracos e as possíveis adequar respostas do sistema
Enquanto um estudo crítico ou mudanças. ao peril do usuário, agregar
analítico se preocupa com o que interação, funcionalidade e prevenir
já existe, um estudo de Design 5) O Design de Interação aborda erros de uso. Estas respostas
foca sempre no que pode vir a ser. aspectos instrumentais, técnicos, acontecem quando são criados
Explorar futuros possíveis dentro estéticos e éticos em suas produtos centrados nos usuários
do Design de Interação consiste produções. As decisões técnicas e são considerados os objetivos,
em convidar os futuros usuários a influenciam a qualidade estética capacidades, fatores emocionais
participar do projeto. de interação resultante, assim e necessidades dos destinatários
como as escolhas de instrumentos inais do projeto.
3) O Design procura deinir sobre os recursos oferecidos
o problema projetual e, geram repercussões éticas. Um Os designers de interação
paralelamente, criar possíveis Designer de Interação deve geralmente trabalham em
soluções interativas. A qualquer insistir para que a qualidade conjunto com designers gráicos,
momento do projeto, a situação de estética seja considerada, uma vez de informação e de produto. O
uso do produto/serviço é passível que a coerência entre a aparência proissional dessa área se baseia
de mudança e o designer precisa e o uso causa um impacto na em pesquisas com usuários e testes
prever essas possíveis modiicações, experiência com o usuário, de usabilidade, e precisa saber
redeinindo o problema para como também em resultados utilizar os dados dessas pesquisas
encontrar soluções tangíveis. mensuráveis acerca do produto. em favor do projeto. O designer
4) Saber trabalhar de forma Exemplos de aplicações de
96

97
colaborativa – O designer design de interação
Design e Interação

Design e Interação
de interação deve saber
trabalhar em conjunto com Um bom exemplo de aplicação
outros profissionais, de forma de Design de Interação para
colaborativa e utilizando variadas publicidade é a campanha
ferramentas de projeto. produzida pela Oi1, empresa
de telecomunicações,
5) Criar soluções apropriadas – para o natal de 2012.
O designer precisa estar atento Nesta campanha, foi
ao contexto no qual os usuários instalado um orelhão
estão inseridos. O contexto de em Ipanema, Rio
de interação também precisa ter realização de testes, em que as uso do objeto ou serviço deve se de Janeiro,
noções de design gráico, interfaces escolhas e as ações individuais adequar ao contexto histórico-
e design de produtos, para executar são observadas. social do usuário.
projetos ou orientar proissionais
em parcerias de projeto. 2) Encontrar diversas soluções – 6) Desenvolver um amplo
Desenvolver produtos e serviços campo de influências – A
Peril do proissional de interação implica em criar interdisciplinaridade deve ser
múltiplas soluções. Quando se comum nos projetos de interação,
Para Saffer (2006), o proissional tem duas alternativas possíveis, para haver maior facilidade no
que atua nessa área precisa ter sete deve-se buscar uma terceira. encontro de novas soluções.
atitudes principais. São elas:
3) Buscar prototipação rápida – 7) Saber incorporar a emoção
1) Focar no usuário – o estudo Entre as diversas soluções geradas, aos projetos – Considerar que
do usuário é uma das principais devem ser feitos protótipos para aspectos emocionais se tornam
ferramentas no projeto de descartar as alternativas que menos elos entre os indivíduos e os
design e interação. Este tipo de se adequam logo após os primeiros aparatos tecnológicos.
estudo se baseia geralmente na testes, economizando tempo. Campanha de Natal 2012 da Oi.
Acesso ao vídeo:
http://youtu.be/4oY1he71EoM
em frente a um dos prédios da personagens, enquanto no vídeo
Óculos de realidade aumentada
98

do Google.
empresa. O orelhão convidava vão passando desenhos simples em
crianças a ligarem para o Papai preto e branco.
Design e Interação

Noel, que pedia ajuda para


encontrar um de seus duendes, O projeto The Sexperience 10002
dava presentes para as crianças e, produzido na Inglaterra pelo blog
no im da ligação, pedia para elas Sexperience pode ser considerado
clicarem em uma tecla que continha um exemplo de design de interação
uma estrela. Ao clicarem na tecla, para informação. Este projeto é
começava automaticamente uma um infográico interativo sobre
projeção no prédio da empresa sexualidade, em que as pessoas
que formava uma grande árvore de podem ter informações sobre cada
natal. A ação fez sucesso no país um dos pesquisados - como sexo,
e pelo mundo, por interferir no idade e região onde mora; e iltrar
imaginário infantil e na nostalgia os resultados para conseguir ver
provocada nos adultos. informações sobre as pessoas que
mais parecem com o leitor; ou pode
Outro exemplo de aplicação de escolher seguir certos grupos de
Design de Interação é o projeto pessoas a partir da resposta que
The Next Day , produzido pela
1
o grupo forneceu. No projeto, é
National Film Board of Canada. possível seguir o grupo de pessoas
É um documentário em forma de que respondeu que teve sua
animação que conta a história de primeira relação sexual aos doze
quatro personagens que tentaram anos, por exemplo. O infográico 1
Link do projeto:

cometer suicídio. A narrativa segue aparece listado por questões e


http://thenextday.nfb.ca

de forma interativa, apresentando possui alta qualidade estética. 2


Link do projeto:
os quatro personagens de início e
http://sexperienceuk.channel4.
com/the-sexperience-1000#/
oferecendo quatro opções para o O projeto do Google Glass3, um
usuário escolher qual história deseja Link da demonstração:
3
óculos de realidade aumentada,
ouvir. Só é possível ouvir a voz dos onde o usuário poderá executar
http://www.google.com/glass/
start/
100

101
comandos a partir de falas pré-
PREECE, Jenny; ROGERS, Yvonne; SHARP, Helen. Design de interação – além
programadas ou gestos na frente da interação humano-computador. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
da câmera existente nos óculos.
Design e Interação

Design e Interação
Esse produto pode ser considerado VAN AMSTEL, Frederick. Ainal, o que é design de interação. Disponível em:
<http://www.usabilidoido.com.br/ainal_o_que_e_design_de_interacao.html>.
uma revolução no mundo do
Acesso em: 01 Janeiro 2013
Design de Interação, por ser um
projeto inovador e com novas LÖWGREN, Jonas. Interaction Design. Disponível em: <http://www.
interaction-design.org/encyclopedia/interaction_design.html>. Acesso em:
opções de usabilidade. Os óculos
Janeiro 2013
possuem conexão com a internet,
por onde o usuário pode realizar SAFFER, Dan. Designing for Interaction: Creating Smart Applications and
chamadas com vídeo, postar fotos Clever Devices, Peachpit Press, 2006,

e vídeos nas redes sociais, checar


Oi promove campanha com intenção de ”recriar a
informações em tempo real como magia do natal”. 14 dez, 2012. Disponível em: <http://
clima, horários de voo e qualquer portalimprensa.uol.com.br/cdm/caderno+de+midia/55565/
oi+promove+campanha+com+intencao+de+recriar+a+magia+do+natal>.
outra informação desejada,
Acesso em: 01 janeiro 2013
tudo isso por comandos de voz.
O usuário só precisa informar 15 projetos interativos que você deve conhecer. 12 dez, 2011. Disponível em:
aos óculos a informação que ele <http://webdocumentario.com.br/webdocumentario/index.php/resenhas/15-
webdocs-que-voce-deve-conhecer/>. Acesso em: 01 janeiro 2013
precisa. Este protótipo de produto
também possui acelerômetro e Tudo sobre o google glass, o óculos do google. Disponível em: <http://
giroscópio, tornando possível digitaisdomarketing.com.br/tudo-sobre-o-google-glass-o-oculos-google/>.
Acesso em: 15 março 2013
a interação do usuário por
movimentos com a cabeça.
DesIGN De
exPeRIêNcIA
Kathelen Larissa M. Alves
graduanda em design gráico

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ação
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Design e Experiência
A pessoa é, antes de tudo, consciência. Por isso, o que
caracteriza a experiência não é tanto o fazer, estabelecer
relações com a realidade com o fato mecânico; (...) o que
caracteriza a experiência é compreender uma coisa,
descobrir-lhe o sentido. A experiência implica, pois, a
inteligência do sentido das coisas. (GIUSSANI, 2000, p. 23)

A experiência coincide, certamente,


Aplicação de projeto de
interação e experiência no com ‘provar’ alguma coisa, mas
Hotel Silken Puerta América,
na cidade de Madrid. A obra foi coincide sobretudo com o juízo dado a
projetada pelo arquiteto Jason respeito daquilo que se prova. O
Bruges em colaboração com
Kathryn Findlay. estudo do Design de Experiência se
localiza entre as expectativas humanas
e os possíveis resultados de um projeto
de Design, desenvolvido de forma
Ao analisarmos o que significa ter uma experiência, percebemos o quanto o direcionada à atender as necessidades
seu entendimento nos conduz ao sentido de vivência, de algo experimentado do público-alvo, principalmente
de forma concreta e consistente em nosso dia-a-dia. Aquele que não através do estudo da experiência. Além
experimenta, poder ser considerado como alguém que está à margem, não disso, esta área agrega valores às
interage de forma plena com o objeto ou situação com que se depara. Neste mídias digitais, aproveitando as suas
âmbito, o estudo do Design de Experiência nos apresenta uma reflexão diferentes formas de interação com o
a respeito da profundidade existente na relação entre as pessoas e os usuário e possibilidades de criação de
produtos/serviços de Design. signiicados.
Todas as ideias vêm da sensação ou relexão. Suponhamos
106

107
que a mente seja, como dizemos, um papel em branco, um
Design e Experiência

Design e Experiência
vazio de caráter, sem nenhuma idéia: - Como vem ele a ser
guarnecido? De onde vem este vasto estoque de fantasias
constantes e ilimitadas, pintadas pelo homem com praticamente
ininita variedade? Onde estão todos os materiais da razão
e conhecimento? Para isso eu respondo em uma palavra: da
EXPERIÊNCIA. (LOCKE, 1952, p. 121)

O Design de Experiência surge


como norteador de uma nova forma
de pensar o Design. Uma das razões
que deine a importância dessa área nesse âmbito é intangível, o produto Escadaria de acesso do
são seus princípios e fundamentos inal é a própria experiência. Apesar MetrôRio, projetado pelo
escritório Ana Couto Branding,
voltados à experiência do usuário ao de envolver questões práticas e potencializando a experiência
do usuário com o espaço.
manusear o produto. materiais, a materialidade nesse
caso não é um im em si mesmo,
Usuários dos produtos, interfaces, sistemas e espaços estão trata-se de uma via com ênfase na
descobrindo seu enorme grau de inluência no processo de experiência.
criação. E através dessa inluência estão começando a receber
o que querem, quando querem e como querem. (SANDER apud Pela complexidade envolvida em todo o processo, o design para
FRASCARA, 2002). experiência deve ser entendido, abordado e trabalhado por uma visão
mais abrangente, que permita ao designer articular de forma coerente
O proissional de design transforma- os fatores a serem explorados para o fomento da experiência. Pelas
se então, não apenas em um problemáticas levantadas e trabalhadas por essa abordagem, (...) para
desenvolvedor de projetos, mas em se trabalhar a relação entre interatores e objetos interativos para a
um estudioso atento aos desejos, promoção da experiência. (NOJIMOTO,2009,p.53)
emoções e valores, evidenciando as
necessidades e vontades do usuário.
O resultado de um projeto de design
108

109
A experiência entre o indivíduo e o A área de estudo conhecida como Nas metodologias relacionadas
produto/serviço nem sempre pode Design de Interação possui um papel ao Design de Interação, o foco
Design e Experiência

Design e Experiência
ser delimitada. As reações humanas importante no desenvolvimento das no usuário é estudado em duas
são variáveis e os resultados podem pesquisas do Design de Experiência. abordagens: pelo user-centered
ser imprevisíveis para o designer, Segundo Riikin (2000), os dois design, termo designado para deinir
o qual não tem o controle sobre fenômenos integram parte de um a usabilidade dos produtos e serviços;
determinados fatores subjetivos. mesmo projeto que ele denomina e pelo user experience design, que
A “insegurança” serve de estímulo a “Era do Acesso”. Para o autor, evidencia as possibilidades das
para o aprofundamento no estudo a sociedade foi direcionada pela experiências interativas entre o
do público-alvo. informática e pela comunicação para usuário e o objeto. Segundo Sharp,
as networks (estruturas em rede), nas Rogers e Preece (2007), a abordagem
Segundo Freire (2009), este quais vendedores e compradores do user experience na metodologia
comportamento deve ser visto pelos se transformaram em fornecedores projetual é desenvolvida a partir da
designers como uma oportunidade e usuários, e onde o acesso é forma como as pessoas sentem e
de conhecer o público para o qual praticamente universal. Inseridos reagem ao interagir com o produto/
projetam e de estabelecer uma nesse contexto, Pine e Gilmore serviço, a satisfação em ver, usar,
relação colaborativa com ele. (1999) reletem acerca da questão olhar, segurar, abrir ou fechar.
da experiência como fenômeno da
No Design de Experiência, os objetos atualidade. Segundo os autores, as No campo do design, as experiências
não são considerados apenas em distintas formas da economia ao que o usuário terá com o produto
sua forma material ou gráica, mas longo da história culminaram no não podem ser delimitadas. No
também o seu uso e à maneira estágio onde a experiência se torna o entanto, é possível direcionar o
pela qual o produto é adquirido. A resultado mais importante, colocando- projeto de acordo com as respostas
aproximação do Design com outras se acima da máxima capitalista da experienciais do contato entre
áreas de estudo, como a psicologia, aquisição de bens, mercadorias e usuário e objeto. Em um projeto de
a antropologia e a sociologia, vem serviços. Esta contextualização nos Design voltado para a experiência, o
demonstrando o vínculo que existe ajuda a entender a mudança de foco ponto central não está em conceber
As reações humanas são
entre objeto e usuário. no desenvolvimento de projetos de objetos mais prazerosos à utilização, variáveis e os resultados
design nas últimas décadas. mas sim à diversidade de experiências podem ser imprevisíveis para o
designer, a experiência varia de
passíveis de surgir desta relação. usuário para usuário.
110

111
A experiência do indivíduo não é o iPhone também possui outros
apenas um pré-requisito para ser dispositivos como o acelerômetro,
Design e Experiência

Design e Experiência
trabalhado através do Design, e sim aparelho que detecta através de um
uma estratégia de valor. Enquanto sensor espacial a movimentação do
o setor de marketing de uma telefone, retornando informações
empresa utiliza uma campanha de relacionadas à posição e
publicidade para chamar a atenção movimentação do mesmo. Desta
do público, o Design de Experiência forma, o acelerômeto permite que
procura dar uma ênfase maior o usuário controle um jogo, por
no produto, como atração para o exemplo, como se fosse uma direção
usuário.
Experiências relacionadas aos
Categorias do Design de sentimentos que se identiiquem com a sua que permitem e incentivam uma
Experiência Imagem interna de um avião da Virgin
America, empresa que modiicou
personalidade a determinado maior interação entre diferentes
Este tipo de experiência está sistema, constitui-se como uma indivíduos e a construção de suas aeronaves visando o conforto e
experiência dos usuários.
Experiências relacionadas aos conectada às emoções dos possibilidade de projeto de conteúdo, estas experiências podem
sentidos usuários ao utilizar um produto. experiência. ser intensiicadas e ampliadas. O
Para Buccinni (2006), essa Orkut, uma das primeiras redes
Segundo Buccini (2006), as categoria varia e apresenta um Experiências sociais sociais a se popularizar, funciona
experiências são deinidas através alto grau de subjetividade. Uma baseada numa interface simples e
de estímulos nos órgãos sensoriais. das característica marcantes nas As experiências sociais podem intuitiva. Assim como ocorreu com
A audição, a visão e o toque se experiências sentimentais é a ser identiicadas com as reações o Orkut, o Facebook ampliicou as
relacionam à aparência do produto. personalização de interfaces e apresentadas pelos usuários denominadas “amizades virtuais”,
Com a evolução da tecnologia, o aplicativos digitais, com base nas através da intermediação de um assim como as experiências
tato passou a ser mais explorado, ideias e preferências do consumidor. determinado produto. Segundo possíveis neste meio. Além das
principalmente através do touch- Para Pereira e Gonçalves (2010), Buccinni (2006), esta categoria redes sociais, existem outros
screen (telas sensíveis ao toque) a capacidade de conhecer as interfere na percepção do substratos onde podem ocorrer as
presente em aparelhos como o emoções e os sentimentos dos comportamento de uso de outras experiências sociais, como é o caso
iPhone e o Microsoft Surface. usuários a partir de elementos pessoas. Com o surgimento da dos bate-papos virtuais.
Além da ferramenta touch-screen, web 2.0 e de suas ferramentas,
112

113
Design e Experiência

Design e Experiência
Experiências cognitivas Experiências de uso pela experiência de uso através
de “interfaces transparentes”,
Compreendem as possibilidades de Caracterizam-se pela relação entre que, como airma Pereira e
interpretação de códigos e símbolos a funcionalidade dos produtos Gonçalves (2010), pouco exigem da
pelo usuário. Um bom exemplo e a sua usabilidade. Os critérios capacidade cognitiva.
é a utilização de metáforas, que subjetivos não possuem maior
é o processo de transposição de evidência nesta categoria e o Experiências de motivação
elementos reais para um contexto maior destaque está na produção
virtual. Dentro desse processo, das interfaces relacionadas ao A aquisição e o consumo de um
vem surgindo um novo conceito de software. Nas experiências de uso, determinado produto podem
interação com o usuário, o qual explora é interessante a relexão acerca do se caracterizar como fatores
Páginas de apresentação e compreende a interface e passa a paradigma interativo proposto por determinantes no comportamento
da empresa Biruta – Idéias fazer uso desta de forma mais simples Preece et. Al. (2005), que consiste do consumidor. Este tipo de
Mirabolantes <biruta.com.br>
e de fácil compreensão (PEREIRA E nos fundamentos da computação experiência se encontra, embora
Proposta de experiência e GONÇALVES, 2010). Os símbolos transparente: o computador deve não necessariamente, nas
interação com os visitantes
a partir de metáforas bem- mais comuns aos usuários, como suprir as necessidades do usuário, novas alternativas de interação
humoradas e do uso de
recursos gráicos, animados,
ícones, mensagens e demais interfaces, prevendo o que ele deseja fazer. e divertimento do usuário. As
textuais e sonoros <www. podem ser considerados como Valendo-se deste paradigma, as tecnologias que possibilitam a
biruta.com.br>
exemplos de experiências cognitivas. hipermídias são categorizadas produção e integração de vídeos
114

e animações tridimensionais em Exemplos de Projetos com o


portais da internet tornaram Design de Experiência
Design e Experiência

possível destacar as experiências


motivadoras e de imersão A experiência envolve emoções e
daquele que freqüenta estes expectativas, e relete na memória
espaços. A educação à distância, e na construção da relação com o
especialmente os objetos do ensino produto/serviço. Um bom exemplo de
e da aprendizagem, possuem projeto na área é o site da empresa
amplas possibilidades em relação de mídias extensivas ‘Biruta - Idéias
à motivação. Neste caso, cabe aos Mirabolantes’, a ênfase na experiência
designers fortalecer este campo. se dá através do uso de metáforas
bem-humoradas na relação com o
usuário. A partir da primeira interação
com o site, guiada por uma introdução Uma proposta de design e Projeto com ênfase na
da empresa, o visitante opta por experiência retratando conceitos experiência do usuário
que resultou na alteração
diferentes experiências virtuais, de sustentabilidade e qualidade do ambiente de MetrôRio,

onde a música, os códigos visuais, o


desenvolvido pela Ana Couto
da informação está no projeto Branding. <anacouto.com.br>
vídeo e as expressões para termos Itaú folhetaria, desenvolvido pelo
técnicos como equipe ou portfolio escritório de Design – Ana Couto
são trabalhados dentro do contexto Branding1. Após um estudo da
metafórico. O envolvimento do vivência dos consumidores nas
cliente com a empresa é comparado agências, surgiu a necessidade do
às relações sociais, o usuário planejamento de uma informação
pode optar por uma relação mais organizada, padronizada e
séria – ‘casamento’, um acesso sem segundo as preferências dos
compromisso – ‘rapidinha’ ou um usuários. Foi feita uma revisão
Projeto da Folhetaria do Banco
Itaú - desenvolvimento de ícones ‘bate-papo informal’, que conduzem na forma com que o banco
visando a aproximação dos clientes
aos serviços oferecidos pela a uma experiência virtual onde a comunicava seus produtos, o que 1
Site do Escritório Ana Couto
empresa. Projeto do escritório Ana Branding – <www.anacouto.
empresa transmite sua mensagem de resultou na redução do número
Couto Branding. com.br> Acesso em abril de
<anacouto.com.br> forma criativa e ousada. de folhetos, de trinta e duas para 2013
117
sete versões. O projeto contou no espaço mapeou e potencializou
com o desenvolvimento de códigos
BUCCINI, Marcos Buccini Pio. Design Experiencial em ambientes digitais:
os pontos de contato, como ponto- um estudo do uso de experiências em web sites e junto a designers e

Design e Experiência
visuais de aproximação com o de-partida do projeto. O interior usuários de internet. Dissertação de mestrado – UFPE, 2006 . Disponível
em: <http://www.bdtd.ufpe.br/bdtd/tedeSimpliicado/tde_busca/arquivo.
público, como resultado do estudo dos metrôs também foi alterado php?codArquivo=4530> Acesso em 27 jan. 2013
da experiência do consumidor. para proporcionar mais segurança e
CARDOSO, Natália Pizzeti, PEREIRA, Alice Theresinha Cybis. Design de
conforto aos passageiros.
Experiência como estímulo pro desenvolvimento de hipermídias voltadas a
Um outro exemplo na área, foi o satisfação do usuário. Florianópolis: UFSC, 2011.
desenvolvimento do projeto do O Design voltado ao estudo da
PEREIRA, Alice Theresinha Cybis, GONÇALVES, Berenice Santos. Design de
MetrôRio, realizado pela Ana Experiência é uma importante Hipermídia. Volume 1. Processos e Conexões. Florianópolis:UFSC, 2010.
Couto Branding. O objetivo era possibilidade dentro do campo
NOJIMOTO, Cynthia. Design para Experiências: processos e sistemas digitais.
potencializar a experiência com o de pesquisa e atuação do Design,
São Carlos: EESC-USP, 2009.
espaço, transformando as estações que está sendo desenvolvida,
em espaços que funcionassem como explorada e expandida. Esta área GIUSSANI, Luigi Giovanni. O Senso Religioso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2000.
meio e mensagem dos atributos da integra diferentes ciências sociais
marca. O desaio da experiência era aliadas ao estudo da tecnologia e Portal Experiência Design. Disponível em: <http://www.experienciadesign.
Projeto com foco na experiência,
desenvolvido pela empresa transformar as estações em grandes das emoções, dedicando esforço na com/home.htm>. Acesso em 27 jan. 2013
3M Nordic Innovation, com
sede na Suécia. <http://www. plataformas de mídia, deixando de criação de ferramentas com foco na Portal Nellyben. Disponível em: <http://www.nellyben.com/> Acesso em 27
internimagazine.com/newsweekly/ ser apenas um local de passagem. experiência dos indivíduos. jan. 2013
project/3m-nordic-innovation-
center-in-stockholm-sweden> Um estudo da vivência dos usuários
Portal Ana Couto. Disponível em: <http://www.anacouto.com.br/> Acesso em
06 Abr. 2013

Portal Biruta. Disponível <http://www.biruta.com.br/> Acesso em 06 Abr.


2013.

Portal Jason Bruges. Disponível em <http//www.jasonbruges.com> Acesso em


15 Abr 2013.

Portal Mont Parnas. Disponível em <http://www.montparnas.com/articles/


virgin-americas-customer-experience/> Acesso em 15 Abr 2013.
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DesIGN e
bRANDING
Amanda Vilar de Carvalho
graduanda em design gráico

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121
A marca

A marca evoluiu historicamente


Design e Branding

Design e Branding
a partir de três paradigmas. O
primeiro é a identiicação, como
no caso de brasões familiares
e fachadas. O segundo, está
na distinção da origem ou do
comerciante de produtos, como
acontecia nas marcas em móveis
e cerâmicas. O terceiro, é a
identiicação do dono de algum
bem, como na marcação de animais
(CHAMMA; PASTORELO 2007).

Partindo desses três pressupostos,


o conceito de marca evoluiu e
alguns autores ajudam a entendê-lo
sob diferentes visões. Kotler (1998,
p. 393), por exemplo, deine marca
por uma perspectiva mais racional:

Um nome, termo, sinal, símbolo ou combinação dos


mesmos, que têm o propósito de identiicar bens ou
serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de
Não raro observamos que a deinição mais comum sobre o quê o designer gráico faz diferenciá-los de concorrentes. (KOTLER, 1998, p. 393)
é a que envolve marcas e identidades visuais, as quais estão fortemente relacionadas
ao branding. Essa área tem adquirido um espaço relevante no mercado nas últimas Já segundo Pinho (1996, p. 7),
décadas. Neste capítulo, a abordagem será feita em torno do conceito de branding e do ao “[...] adquirir um produto, o
papel que o designer gráico exerce nesse âmbito. consumidor não compra apenas
122

um bem. Ele compra todo o [...] Quando (as marcas) conseguem estabelecer representação para
conjunto de valores e atributos um relacionamento afetivo (com o público), criam sintetizar todos esses
da marca”. Um exemplo dessa suas heranças, tornam-se símbolos de coniança, fatores através dos
Design e Branding

afirmação está na competição ganham uma história e geram riquezas. elementos visuais que ARQUITETURA DE LOJAS E SEDE

entre as gigantes de tecnologia, (STRUNK, 2001, p. 34) a compõe. SONS


Apple e Samsung. A primeira CARTÃO DE VISITA
estabeleceu um vínculo emocional Um exemplo prático está no público- A identidade da marca
com o público, a aquisição do alvo formado por donas de casa, a
ANÚNCIOS IMPRESSOS, DE RÁDIO E TV

produto gera status dentro de maioria estabelece uma certa De modo geral, identidade é um FUNCIONÁRIOS
seu círculo social. Enquanto a tradição com o produto que utiliza na conjunto de características pelas VÍDEOS DE TREINAMENTO
Samsung preza pela qualidade limpeza do lar, como é o caso da quais algo é reconhecido ou
INFORMAÇÕES E FROTA DE VEÍCULOS
técnica de seus produtos e, em esponja de aço bombril. O conhecido. Sendo assim, a marca
decorrência de sua recente supermercado pode até vender também possui uma identidade que
entrada na competição, outras esponjas que tenham a distingue de seus concorrentes.
RELAÇÕES PÚBLICAS

ainda não estabeleceu um exatamente o mesmo desempenho e De acordo com Delano Rodrigues PRODUTOS E SERVIÇOS
relacionamento tão subjetivo sejam mais baratas, mas elas (2011, p.25), essa identidade
com os consumidores. Em termos preferem não arriscar em marcas é formada através do contato
NOME E SLOGAN PONTOS DE
de funcionalidade e qualidades que não coniam e acabam levando “o com diversos aspectos que, de AÇÕES CIVIS CONTATO DA MARCA
técnicas, uma não supera a outra, de sempre”. certo modo, inluenciam na sua
no entanto, o tipo de relação que assimilação. O diagrama ao lado
PROMOÇÃO DE VENDAS

o público estabelece com a marca A marca portanto, conigura-se como apresenta os pontos de contato da IMPRESSOS
e com os produtos diferencia de a imagem da empresa e à ela estão marca:
forma latente o posicionamento associados os valores, a qualidade WEBSITE
dessas empresas no mercado. do produto/serviço, a relação com
EMBALAGENS
o mercado, bem como a relação
Strunk (2001, p. 34) complementa emocional com os consumidores. MALA DIRETA
esse raciocínio ressaltando que: A marca deixa, então, a mera AROMAS E CHEIROS
124

125
Os pontos de contato revelam quatro Identidade corresponde ao que é Segundo Rodrigues (RODRIGUES
aspectos importantes da identidade emitido ao público pela marca, sobre apud SILVA, 2006 p. 3), “a interação
da marca (RODRIGUES, 2011, p. 25): o que ela representa. Já a imagem diz do branding é fazer com que
Design e Branding

Design e Branding
respeito ao que é emitido pelo público a marca ultrapasse sua esfera
Posicionamento, que diz respeito ao ao decodiicar a identidade da marca, econômica, passando a fazer
objetivo da existência da marca e qual ou seja, é o conceito que o consumidor parte da cultura e a inluenciar
sua importância para o público; criou através dos símbolos, serviços/ o comportamento das pessoas,
produtos e as mensagens transmitidas. num processo de transferência
Identidade verbal, que engloba o de valores para todas as partes
naming e toda a linguagem verbal Branding interessadas da marca”. Vale
utilizada, como idioma e vocabulário; ressaltar que a prática de branding
Em inglês, brand signiica “marca” passou a ganhar importância
Universo experiencial da marca, que e a expressão “branding” resume a nas estratégias de mercado nas
abrange as experiências olfativas, prática de gestão da marca. Quando últimas décadas. Começou a
táteis e sonoras vivenciadas pelo falamos em gestão de marca abranger não apenas gigantes
público; envolvemos todos os aspectos e da economia mundial, como era
conceitos citados até agora neste comum, mas também pequenas
Identidade visual, que é desenvolvida capítulo. O branding se caracteriza e médias empresas em busca de 1
SILVA, Giorgio G. O Branding:

pelo designer em conjunto com como uma área interdisciplinar crescimento e espaço. Isso se
Ferramenta estratégica para
o posicionamento da marca.
outros proissionais e relacionada em que vários proissionais estão deve ao avanço da tecnologia,
Universidade do Vale do Itajaí.
Disponível em: <http://ido.
aos elementos acima. É a síntese da envolvidos: principalmente o desenvolvimento palermo. edu/servicios_dyc/

marca e todos os seus aspectos em


encuentro2007/02_auspicios_
publicaciones/actas_diseno/
elementos gráico-visuais, como o
articulos_pdf/A079.pdf>. Acesso
O marketing entra com sua função de planejamento, pesquisa de em Março de 2013
logotipo e/ou o símbolo, uniformes, informações estratégicas para a idealização do produto. O design tem
cartão de visita, embalagens, a função de decodiicar essas informações, e, através delas, expressar
impressos, e demais aplicações. visualmente a marca. A propaganda tem a incumbência de divulgar a
personalidade da marca e gerar conhecimento. A arquitetura é um forte
É preciso compreender que elemento de experiência, tanto do ponto de venda, quanto no contato
identidade e imagem da marca com os colaboradores e funcionários da empresa. A administração e suas
possuem conceitos distintos subáreas têm a função de planejar, organizar, gerenciar e controlar o
(RODRIGUES, 2011, p. 26). trabalho de seus funcionários e colaboradores.1
126

127
da internet, onde as mídias gráicos, como o logotipo, as cores preto e vermelho ao clube e qualidade e muitos outros fatores
digitais proporcionam um meio embalagens, cartão de visitas e discute energicamente com pessoas empresariais.
para divulgação e popularização outros impressos e meios digitais. Já de times diferentes. O conjunto de
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da marca ao mesmo passo que o segundo, o intangível, está ligado valores emocionais ultrapassa a O Branding e o Design
aumentam a vulnerabilidade desta. ao comportamento, a experiência, disputa de placares e vitórias para Gráico
Graças a liberdade de expressão, o a capacidade de ser memorável, a transformar-se essencialmente num
consumidor se tornou mais crítico mente, ao clima, a receptividade debate sobre branding. A maior contribuição que o design
e seletivo, podendo construir uma obtida junto ao público e a emoção gráico pode oferecer ao branding
reputação em torno da marca causada por ela, que também Em suma, branding é o processo está no projeto de elementos
através de postagens nas redes estão intimamente relacionados de uniicação e criação, não só gráico-visuais que enfatizem os
sociais. aos elementos tangíveis, inclusive de elementos gráico-visuais, valores tangíveis e intangíveis da
o design gráico (CHAMMA; mas das áreas e estratégias que marca. O designer gráico será
O branding tornou-se o ponto de PASTORELO 2007). correspondem a identidade da responsável pela comunicação
convergência das estratégias de empresa, produto ou serviço. visual do conceito da empresa,
mercado que buscam a valorização Ainda segundo Chamma e Pastorelo Ele será responsável pelo produto ou serviço.
da imagem da empresa e não (2007), um exemplo claro de gerenciamento do conceito
somente do produto/serviço em elemento intangível da marca é a da marca em sua totalidade,
si. Ele divide a imagem da empresa ligação entre um indivíduo e seu determinando a linguagem verbo-
em dois elementos distintos: o time de futebol. Um fanático pelo visual, o posicionamento,
tangível e o intangível. O primeiro lamengo, por exemplo, chama a os valores, a
está relacionado às características camisa de “manto sagrado”, chega a
do produto e aos elementos relacionar os objetos que possui as
128

129
É importante que o designer planeje Símbolo é um sinal gráico que A lexibilidade, que torna o logotipo
estrategicamente o projeto. Este substitui o registro do nome da adaptável à diversos contextos de
deve ser guiado pelos princípios instituição;
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uso.
da empresa, peril do público-alvo,
simbologia envolvida, concorrentes Logotipo é a forma particular e A versatilidade, relacionada a
diretos e indiretos, e necessidades e diferenciada com o qual o nome capacidade de ser mutável, ou seja,
percepções. Não é recomendável, no da instituição é registrado nas de um futuro redesign.
projeto visual negligenciar pequenos aplicações, podendo vir, ou não,
detalhes inerentes à empresa, acompanhado de símbolo; E por im, o manual de uso, para
mesmo que aparentemente não que, no uso posterior do logotipo,
sejam relevantes. É necessário traçar Ao desenvolver os aspectos gráicos não existam distorções que
objetivos, planejar estratégias, bem da marca, o designer precisa prejudiquem a imagem da marca.
como prever riscos e supervisionar considerar critérios relacionados
resultados. com a memorização e aceitação do Metodologia
público:
Juntamente com o envolvimento O branding necessita de um
de outros proissionais, o designer A legibilidade: que pode ser planejamento que ajude a equipe
desenvolve a comunicação visual resumida pela facilidade de envolvida, inclusive o designer,
de uma empresa, produt o ou reconhecer uma letra, palavra ou no processo de desenvolvimento
serviço. Essa comunicação abrange símbolo. projetual. O planejamento das
desde o logotipo e/ou símbolo, até etapas de ação do branding serve
embalagens, impressos, websites, A leiturabilidade, que está como um guia que facilitará e dará
hotsites e outros. É importante associada à velocidade de leitura consistência ao projeto, uma vez
enfatizar a diferença presente no uso e compreensão de uma palavra ou que ao fundamentar cada passo com
dos termos: logotipo, marca e símbolo texto. análises e estudos, as chances de o
(PÉON, 2003): projeto fracassar diminuem.
A dimensão mínima do logotipo,
O termo marca refere-se, como já que deve ter um limite de redução O escritório Ana Couto Branding
vimos, ao conceito da empresa e não especiicado no projeto. para que e Design possui clientes como
só a elementos visuais; possa ser reconhecido pelo público. Gradiente, Ambev, Credicard e
130

131
outros, e utiliza uma metodologia 3- Arquitetura de marcas: será 6- Universo Visual e Verbal: serão
que é referência nesse âmbito. deinida a relação existente entre deinidos pequenos e importantes
No site do escritório é possível as marcas que compõe a empresa detalhes do universo da marca,
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obter todo o processo utilizado (se houver mais de uma), a im de como, tipograia, texturas, imagens,
nos projetos de branding . As
1
comunicar claramente os objetivos vocabulário, tom de voz etc.
seguintes etapas dizem respeito junto ao público.
ao projeto de personalidade da 7- Guia de Branding: um guia de
marca, ou seja, como deve ser 4- Nome: a criação do nome da aplicação da marca em suas várias
elaborada de modo que seja sólida marca (naming), que deve expressar formas (não somente na forma
e pregnante: e reforçar a proposta de valor da gráica).
empresa deinida na etapa 2. O nome
1- Diagnóstico e Branding: deve ser de fácil pronunciação e 8- Manual da Marca: estabelece
corresponde à etapa base para o funcionar bem nos idiomas que fazem regras para a utilização da marca na
desenvolvimento do projeto, onde parte do universo da marca, bem forma gráica.
será analisada, com detalhes, a como estar disponível para registro.
situação atual da Marca. 9- Workshop: trata-se da
5- Marca: nesta etapa, será criado disseminação do conteúdo
2- Plataforma da Marca: o um símbolo que funcione como estratégico da marca, formando os
objetivo desta fase é alinhar a identidade da marca e que seja públicos internos, como acionistas,
a cultura corporativa, com memorável para as pessoas. Ele deve colaboradores, parceiros etc.
definição de proposta de valor, alinhar o material de comunicação da
visão, missão, posicionamento e marca e deve ser de fácil reprodução 10- Material corporativo:
propósito da marca. em diversos meios e tamanhos. aplicação da identidade visual da
marca nos materiais corporativos,
como papelaria, frota de veículos,
website etc.

1
Conteúdo retirado do site Ana
Couto Branding e Design
<www.anacouto.com.br>,
acessado em 02/04/2013
132

133
As etapas seguintes dizem respeito conexão entre o consumidor e a 1
Conjunto de operações efetuadas utilização da marca nos pontos de 1- Planejamento de comunicação: seguindo a proposta de valor e
à experiência da marca, que está marca em locais estratégicos, por contato citados acima. tem o objetivo de planejar a posicionamento deinidos nas
dentro do ponto de vendas,
visando colocar o produto certo,
relacionada ao modo de interação exemplo, hotéis, restaurantes, comunicação da marca de forma primeiras etapas do projeto.
na qualidade certa, com preço
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certo, no tempo certo, com
com o público, a forma como é aeroportos e bares. impacto visual adequado e dentro 7- Evento de marca: tem como estratégica. Exemplo: lançamento
promovida no mercado: objetivo idelizar o cliente, de produto, mudanças e mídias. 5- Jornada da marca: tem por
de uma exposição correta.
(KOTLER, 1993)
4- Ambientação e varejo: diz através de um conjunto de ações objetivo avaliar os pontos de
1- Embalagem: criação da respeito ao ambiente onde estão que proporcione experiências 2- Campanha de comunicação contato da marca e fortalecê-los.
embalagens dos produtos da sendo vendidos os produtos/ memoráveis para o público. (interna/externa): criação de
empresa, que representam um serviços. Ele deve reletir a marca campanhas comunicativas, sejam 6- Mapa de endobranding1: analisa
momento de experiência direta através de luzes, texturas, aromas, 8- Design de produto: projeto elas comerciais, institucionais ou a utilização da marca por seus
entre o público e a marca. etc. de produtos que relitam a marca promocionais. colaboradores, fortalecendo a
em seus vários aspectos e que cultura corporativa.
2- Portfólio de Ponto de Venda: 5- Ambientação corporativa: despertem desejo no público. 3- Comunicação Corporativa: tem
criação de um ponto de venda que corresponde ao espaço onde a função de reforçar a comunicação 7- Site e aplicativos: promoção
gere visibilidade para a marca, além o público interno da empresa 9- Sinalização: determina de forma corporativa. Exemplo: relatórios da marca no universo digital,
de despertar o desejo de compra no realiza suas funções. Ele deve ser clara e personalizada a sinalização anuais e vídeos institucionais. aumentando o relacionamento com
consumidor. inspirador e motivador. de determinado local. o público.
4- Comunicação por conteúdo: diz
3- Portfólio de Merchandising : 1
6- Guia de Experiência: tem a E por im, as etapas que tratam da respeito à geração de conteúdo 8- Guia de comunicação: guia
tem como objetivo ampliar a função de mostrar as regras para comunicação da marca: relevante para o público da marca, completo destinado à equipe de

O Endobranding é a maneira que


a empresa ou instituição transmite
aos funcionários sua visão, missão
e valores, aprimorando o senso
de pertencimento dos mesmos ao
local de trabalho.
134

135
marketing e comunicação, com traduziu no símbolo criado.
Inspiração para tipograia e Inspiração para tipograia e
o objetivo de manter a marca traços utilizados no projeto das traços utilizados no projeto das
alinhada ao seu propósito. O logotipo foi desenvolvido com
Olimpíadas Rio 2016. Imagem Olimpíadas Rio 2016. Imagem
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retira de <www.rio2016.org> retira de <www.rio2016.org>
base em um amplo estudo a respeito Acessado em Março de 2013 Acessado em Março de 2013

Projetos de Branding da cultura do Rio de Janeiro e de


vasto repertório a respeito do
Marca Rio 2016 povo brasileiro. O resultado de
projeto sintetiza bem os elementos
O projeto da marca das propostos para o projeto. A
Olimpíadas 2016 no Rio de tipograia foi criada especiicamente
Janeiro foi desenvolvido pela para o símbolo, representando
agência Tátil Design de Ideias. luidez, além de as letras serem
Através de estudos e análises, inspiradas nos movimentos dos
a Tátil reuniu características atletas. O símbolo também possui
marcantes do povo brasileiro e as alta valor semântico, reunindo
referências do Rio de Janeiro e do da marca, desenvolvido pela
Brasil. O logotipo apresenta uma FutureBrand Brasil4.
personalidade e uma identidade
marcantes, que estão presentes em Era necessário que a nova
todo material desenvolvido para marca atingisse dois objetivos
divulgação dos jogos. principais. O primeiro era reforçar
a imagem que o público já tinha
Teleton da Teleton como um movimento
de solidariedade, transformação
A Associação de Assistência à e felicidade. O segundo objetivo
Criança Deiciente (AACD) possui estava em apresentar uma marca
um programa transmitido pelo que não era transmitida apenas
Sistema Brasileiro de Televisão pela TV, mas que havia ampliado
Inspiração para tipograia utilizada
1
Site da empresa FutureBrand

(SBT) chamado Teleton. O projeto sua atuação atingindo diversas


Logotipo das Olimpíadas 2016, Forma tridimensional da marca das Brasil <www.futurebrand.com.
desenvolvido pela Tátil Design de no logotipo das Olimpíadas Rio Olimpíadas 2016 br> acessado em 02/04/2013
de design foi de reposicionamento plataformas digitais.
Ideias <www.abstratil.com.br> 2016. Imagens retiradas de
Acessado em Março de 2013 <www.rio2016.org> Acessado em
Março de 2013
136

137
O novo logotipo possui em tinham condições de comprar um necessitou de acompanhamento
CHAMMA, Norberto; PASTORELO, Pedro Dominguez. Marcas & Sinalização:
sua composição o botão “play”, calçado mais soisticado, tornou- e planejamento acerca dos novos práticas em design corporativo. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.
que signiica o começar da se hoje referência no mercado públicos que estavam sendo
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transformação, da alegria, da união. de sandálias internacionais. Seu atingidos. Foi necessário o estudo KOTLER, Philipe. Administração de Marketing. Rio de Janeiro, 1993.

É como “acionar” a solidariedade. posicionamento transformou o aprofundado de tendências em


pensamento dos consumidores cores e estampas e da simbologia
PÉON, Maria Luísa. Sistemas de IDentidade Visual. Rio de Janeiro: 2AB, 2003.

Havaianas acerca do produto e agora, a marca associada à marca, aim de RODRIGUES, Delano. Naming: o nome da marca. Rio de Janeiro: 2AB, 2011.
representa os conceitos de fashion, comunicar brasilidade e jovialidade
A marca Havaianas é conhecida cool, jovial e que ‘todo mundo usa’. ao produto. Conceitos como SILVA, Giorgio G. O Branding: Ferramenta estratégica para o posicionamento
da marca. Universidade do Vale do Itajaí. Disponível em: <http://ido.palermo.
internacionalmente, um produto humor, descontração e verão são
edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/actas_diseno/
originalmente brasileiro que possui A função do design gráico em desenvolvidos em toda a identidade articulos_pdf/A079.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2012.
um bom histórico de evolução meio a evolução da empresa foi visual da empresa, desde estampas
e é inspiração de branding para reformular o material visual no nos calçados, planejamento de SILVA, Giorgio G, et.al. Aplicação da gestão conhecimento no Branding

muitos proissionais. A marca que novo posicionamento da marca acessórios, visual na web, campanhas
da marca. Trabalho apresentado no Diseño en Palermo. Encuentro
Latinoamericano de Diseño. Disponível em: <http://ido.palermo.edu/
antigamente era associada às no mercado. O desenvolvimento publicitárias, até na aparência de servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/actas_diseno/
articulos_pdf/ADC065.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2012.
pessoas de baixa-renda que não do conceito visual da havaianas lojas e pontos de vendas.

Publicidade da Havaianas -
disponível em
<http://br.havaianas.com/pt-BR>
‘‘‘

DesIGN e
GestãO
Ayrla de Farias e Melo
graduanda em design gráico

ist ração
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te
pr

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em stratégia

o
pe
e
unidad

gestã
e
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com
u

ar
eq

lig
tores
inter
141
Logo, gestão trata de administrar, O gestor de design trabalha com
organizar, ou ainda de coordenar a identidade corporativa, ou seja,

Design e Gestão
algo, seja uma empresa, casa ou o gerenciamento de itens como
comunidade. marca, papelaria, embalagens, além
das muitas outras características
Gestão de design trata-se O Design, por sua vez, é visto empresariais, como as formas
da união do estudo e da
aplicação do design na como “estratégia aliada à ousadia de atendimento e logística. Tudo
administração de uma
empresa.
e à inovação” (MENESES e SILVA, precisa ser visivelmente interligado,
p. 46, 2011), ou seja, ao projeto reletindo a ilosoia e as atitudes da
de produtos ou serviços criativos, empresa.
resultantes de ideias novas e
diferentes do convencional. Ele também pode gerir a evolução
dos produtos, a escolha dos
Aplicando, então, a união dos materiais, as técnicas utilizadas
conceitos de gestão e design, na fabricação, a comunicação do
podemos entender a Gestão de posicionamento institucional e os
Design como o estudo e a aplicação demais aspectos que compõem a
do design na administração1 de uma empresa e que inluenciam para
empresa grande, média ou pequena, que esta possa intervir de forma
relevante no mercado. Apesar da
De acordo com Minuzzi, Pereira e reunião de todos esses aspectos
Merino (2010), o gestor de Design aumentar a responsabilidade
Muitos de nós conhecemos os conceitos de gestão e de design separadamente. possui a função de interligar os do designer, o volume de inter-
Essa apreensão isolada pode ajudar a intuir sobre a Gestão do Design com maior ambientes e setores da empresa, relações também gera garantias de 1
Administrar é o ato de “Interpretar
facilidade: pois, além de criar e desenvolver resultados positivos, tanto interna os objetivos propostos pela
empresa e transformá-los em
projetos, ele tem uma noção maior quanto externamente, ao negócio ação empresarial por meio de
“O termo “gestão” deriva do latim “gestione”, indicando o ato de gerir, de gerência das etapas percorridas em questão. planejamento, organização, direção
e controle de todos os esforços
gerência e/ou administrar. Que no sinônimo “gerir”, em latim “gerere”, por produtos e/ou serviços, realizados em todas as áreas e
traz em seu signiicado original as ações de trazer, produzir, criar; Há várias deinições para Gestão de
em todos os níveis da empresa,
observando desde a criação até a a im de atingir tais objetivos”
(CHIAVENATO, 1994, p. 25).
executar e administrar.” (FERREIRA, 1999) comercialização e o consumo. Design apontando a sua importância
NÍVEIS DA GESTÃO DE
142

143
para o meio empresarial, por se competitivas. Para isso ocorrer, quanto o que o cliente espera dos
tratar de uma área fundamental DESIGN de forma a trazer bons resultados, produtos/serviços por ela oferecido.
Design e Gestão

Design e Gestão
para as estratégias competitivas e há a necessidade da realização
A Gestão Tática do Design
para a construção de uma imagem Conforme Martins e Merino de um levantamento de dados Gestão Operacional de estabelece as metas e
estratégias para a implantação
corporativa compatível às atitudes (2011), a Gestão de Design está buscando detectar os erros a Design de novas formas de
da empresa no mercado. Conforme subdividida em diferentes níveis serem amenizados. Em seguida, administração.

Walton (apud Fascioni 2000, p. 4): estruturais direcionados para cada é efetuado um estudo profundo A Gestão Operacional de Design
tipo de estratégia sobre a empresa e, a partir de então, tem o intuito de adequar a
A Gestão do Design começa com a proposição que uma empresa entende-se como ela surgiu, se comunicação visual da empresa,
de valores bem deinidos que é a estratégia da deseja aplicar, de formou e qual imagem deverá ser na manutenção do padrão do
corporação, seguida por claras deinições de visão, acordo com suas comunicada para o seu público-alvo. material utilizado na divulgação e na
missão, objetivos, estratégias e planos de ação que necessidades. De valorização da marca. Os resultados
unam a corporação e o negócio. (WATSON apud acordo com Mozota Gestão Tática ou Comercial gerados por esta categoria são
FASCIONI 2000,p.4) (2003), a prática da de Design consequência da eicácia da equipe
gestão de design e da aplicação dos seus projetos,
A Gestão do Design concentra o pode ser dividida nos seguintes Objetiva a geração de conceitos principalmente, por se tratar de
gerenciamento de várias áreas níveis: originais e de novas oportunidades um setor que irá transmitir parte
em um único proissional, o qual de mercado. É nela que são da imagem que a empresa é e/ou
possui conhecimento aplicável para Gestão Estratégica de Design estabelecidas as metas e estratégias pretende comunicar.
diferentes desaios em atividades, para a implantação de novas
produtos e conceitos, passíveis Essencialmente, Gestão Estratégica formas de administração. Para
de surgir após a realização de um de Design se caracteriza pela que a Gestão Tática se concretize,
minucioso diagnóstico empresarial. elaboração de uma tática para o o gestor de design depende de
avanço da empresa no mercado uma equipe de colaboração na
competitivo. Esse proissional transformação da imagem da
ainda interfere na estrutura, nas empresa em algo tão positivo
inanças e nos recursos humanos
da empresa, com a inalidade
de prepará-la para a inserção
no mercado com vantagens
Gestão de Design de Serviços
144

145
ONDe um
Design e Gestão

Design e Gestão
É a atividade de planejamento e organização de

GestOR pessoas, de infraestrutura, de comunicação e de


componentes materiais de um serviço. O objetivo

De DesIGN é melhorar a qualidade do serviço, a interação


entre o provedor do serviço e os seus clientes, e a
experiência do consumidor.

AtuA? Gestão de Design de Marca

Diferentemente do A gestão da marca envolve tanto a gestão da logo Gestão de Design Urbano
que possa parecer até da própria empresa, quanto dos produtos que essa
aqui, um gestor de empresa produz. Ao colocar a marca como o ponto Apresenta um guia correto para os proissionais
design não está preso à central para as decisões relacionadas ao design, que pretendem organizar ações de planejamento
administração integral o gestor prioriza a experiência dos clientes, do de uma cidade com o objetivo de aumentar as
de uma empresa, pois ele contato com os compradores, da coniabilidade e do questões que envolvem a sustentabilidade
tem a responsabilidade reconhecimento.
de cuidar de cada detalhe
que abrange um complexo
empresarial. O gestor de
design pode ser responsável Gestão de Design de Produto
Gestão de Design de Engenharia
por toda a empresa, ou
ainda por pontos especíicos Nas empresas da área de produto, a gestão de
dela, além disso, pode design inclui fortes interações entre design É a organização de dados e pessoas para a
ooc
k ie s

c
também gerir áreas como de produto, marketing de produto, pesquisa e produção, design e gestão de projetos de
arquitetura e urbanismo. desenvolvimento de novos itens. Essa gestão engenharia. O gestor planeja como produzir em
é focada na estética, semiótica e aspectos massa e quais as ferramentas que devem ser
ergonômicos do produto para expressar as utilizadas na fabricação daquelas peças.
suas qualidades e gerenciar diversos grupos e
plataformas de design de produto.
PARA DECIFRAR GESTÃO
146

no qual o luxo de pessoas é Chipotle Ao entrar no restaurante, percebe-se


DE DESIGN notavelmente agradável, sem a harmonia entre cada elemento
Design e Gestão

a desvalorização da imagem e O restaurante de comida mexicana disposto no espaço. As bandejas,


Em meio a difícil concorrência no da marca da empresa, graças Chipotle possui mais de 1000 iliais copos e guardanapos possuem um
mercado, a constante evolução a pequenos detalhes como: espalhadas pelos Estados Unidos, se design apropriado, a decoração é
da tecnologia e o crescimento iluminação, sinalização, escolha das sobressai por ter as características operacional e o lugar possui uma
da interação entre clientes e cores, entre outros. de uma excelente Gestão de Design fácil circulação de pessoas, evitando
empresas, o Design vem sendo visto a formação de ilas.
como diferencial competitivo e A Gestão de Design também
eicaz, e não como área relacionada é fortemente interligada à
apenas à criação. sustentabilidade (capítulo 11),
pois com frequência este conceito “No Chipotle, nós pretendemos fazer poucas coisas, porém fazê-las
O gestor de design tem funções que está presente em diferentes excepcionalmente bem. Quando Chipotle foi inaugurado em 1993, o objetivo
abrangem diversas áreas, tanto do projetos, nos quais até os menores era simples: servir comida de alta qualidade rapidamente com uma experiência
design quanto da administração, detalhes são sustentáveis, como o que não só excede, mas redeine a experiência com fast-food. Para este im,
podendo determinar soluções aproveitamento de luz natural e o nós focamos em pesquisar os melhores ingredientes possíveis, servir a mais
aprimoradas para os diferentes tipo de lixo gerado pela empresa, saborosa comida e aumentar a equipe mais capaz que pudermos. Boa comida
ambientes e setores que uma ocasionando uma otimização é bom negócio”. (tradução livre do site da empresa Chipotle <www.chipotle.
empresa possa ter. nos custos de manutenção e com> acessado em Março de 2013)
administração gerais.
A gestão de Design atrai mais
clientes e maior reconhecimento Para entender melhor o contexto no
A sustentabilidade tem para as empresas em geral. qual a Gestão de Design está inserida,
presença constante nos
projetos de Gestão de Design. Possui o objetivo de criar um local serão apresentados dois exemplos
confortável física e mentalmente, que se destacam nesta área:

Faixada e interior do restaurante


de fast-food Chipotle, em Norwood
& Westwood, Massachusetts.
148

149
Há também detalhes pontuais que nova experiência de serviços, A empresa possui também
caracterizam uma boa gestão de porém seguindo princípios básicos e um grupo de design separado
Design e Gestão

Design e Gestão
design, tais como o design do lixeiro, tradicionais da marca. responsável pelo design dos móveis,
no qual existe um espaço exclusivo acessórios e layouts das lojas. Já a
para garrafas; uma folha de pedidos A equipe de criação da Starbucks marca é administrada por um grupo
personalizada para fax, já que nos é composta por designers que de designers que organiza novas
EUA, a utilização do fax ainda é desenvolvem os anúncios e o plataformas de marca, assim como
bastante comum; um aplicativo material para marketing; por um novas linhas de produtos e novas
de celular; e a transparência dos grupo responsável pela apresentação identidades.
serviços do restaurante, ou seja, visual das lojas e dos produtos; e por
Marca da cafeteria Starbucks.
o Chipotle deixa evidente a sua grupos diversos de agências externas
cozinha, seus alimentos e as calorias que criam campanhas publicitárias
que cada um deles possui, focando por todo o mundo.
nas preferências dos consumidores. localidade em que é instalada,
sem abandonar sua identidade de
Starbucks origem.

Há mais de 30 anos no mercado, Há uma apurada Gestão de Design


a Starbucks não é conhecida que administra todos os pontos da
apenas por campanhas empresa, deixando-a notavelmente
publicitárias, mas principalmente integrada, mesmo com a inluência
pelo reconhecimento de seus cultural dos diferentes países onde
consumidores como um lugar há franquias.
para se passar o tempo livre em
computadores ou lendo um livro. A Starbucks possui atualmente,
Apesar de atualmente ter iliais proissionais exclusivamente
em vários lugares do mundo, suas dedicados às variações constantes
A Starbuck possui um grupo
lojas seguem um mesmo padrão do design de seus produtos. A de design responsável pelo
design dos móveis, acessórios
pré-estabelecido a partir do ritmo, Starbucks Global Creative visa e layouts das lojas. Site da
das culturas e do público de cada atender os clientes usando uma Starbucks <www.starbucks.
com> acessado em Março de
2013
150

151
Portal A Minha Gestão. Disponível em: < http://aminhagestao.blogspot.
com.br/2013/02/as-marcas-da-nossa-vida-25-starbucks.html> Acesso Imagem 1
em Fevereiro 2013. Disponível em: <http://extensionengine.com/wp-content/uploads/2012/03/
Design e Gestão

Design e Gestão
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DesIGN
susteNtável
José Rodolfo da Silva Santana
graduando em design gráico

economia
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ten
uso
155
crescimento econômico. Assim,
um projeto para ser intitulado

Design e Sustentabilidade
sustentável precisa responder a
três dimensões: ser ecologicamente
correto, ser economicamente
viável, e culturalmente aceito.
Estas premissas são partes de um
compromisso com resultados a
longo prazo, o que requer esforço
adicional para ser alcançado.

O termo Ecodesign pode


ser confundido com Design
Sustentável, mas é importante
destacar a diferença. Ecodesign
Vivemos um período de transição, se refere ao design projetado
empresas, designers, e parte da
população, estão sendo reeducados com uma visão exclusivamente
para entender a importância do Design
comprometido com a tríade ESA
ecológica. Por se tratar de uma
(econômica, social e ambiental). ênfase muito especíica e restrita,
o termo tem sido menos aplicado,
porém é consenso que o estudo do
Ecodesign está inserido no Design
Sustentável.
O Design Sustentável está inserido na sociedade contemporânea como a
vertente do design responsável com o presente e com o futuro, promovendo É importante destacar que
assim, uma produção industrial ligada ao mercado, mas também ligada à vida. sustentabilidade não se restringe
Segundo Manzini e Vezzoli (2008), o design para a sustentabilidade deve às práticas da reciclagem, ou do
abordar aspectos técnicos, econômicos e sociais na concepção de produtos e artesanato, como popularmente
serviços. Já Kazazian (2005) fala que tal vertente engloba aspectos ambientais, é rotulada. O que caracteriza um
sociais e econômicos com o objetivo de suavizar os desgastes gerados pelo projeto como sustentável não é o
157
156

fato de ele ter sido produzido por relacionada à qualidade de vida. A é necessário uma complexa deixam de ser economicamente
materiais reciclados, até porque visão da sustentabilidade sugere infraestrutura material e processual. viáveis. Um dos grandes desaios

Design e Sustentabilidade
Design e Sustentabilidade

isto não é uma regra. O projeto inclusive, em alguns casos, a dos designers que
precisa ser economicamente substituição da posse material pelo A sustentabilidade é um assunto tão projetam com esta ênfase
viável, considerar a esfera social e uso, proposta abordada pelo design abrangente que requer a mobilização é justamente resultar em
agredir minimamente o contexto de serviços. de diversas áreas de estudo e atuação preços inais competitivos,
em que está inserido, seja nas fases proissional. Criar estratégias para reduzir apesar das exigências de
de concepção, transporte ou em Vivemos um período de transição, o uso de recursos naturais; reduzir o uso custo para concepção,
qualquer outra parte do processo. empresas, designers, e parte da de energia e de resíduos; aumentar a produção e consumo
população, estão sendo reeducados durabilidade do produto; projetar para especíicos aos produtos
Design Sustentável é a proposta para entender a importância do reutilização; planejar a reciclagem; e sustentáveis.
de uma área de pesquisa e Design comprometido com a tríade pensar a vida útil dos materiais/produtos;
atuação proissional que valoriza ESA (econômica, social e ambiental). são apenas parte dos caminhos a serem Um exemplo de aplicação
o aproveitamento racional dos A sustentabilidade envolve a trilhados por um produto sustentável de design sustentável está
materiais e está diretamente consciência de que o produto não é (RAMOS, 2001). nos produtos Natura (igura
independente, nem mesmo um item 1). A empresa se preocupa
isolado do processo, pois até chegar Design e Sustentabilidade é um com desperdícios de água e
Estágios do Ciclo de Vida de um ao consumidor inal, e após essa tema inserido no capitalismo, e materiais, bem como o compromisso
produto - adaptação de USEPA
fase, durante o reuso e o descarte, diferente do pensamento comum, sustentável nos produtos, desde
(2001 apud FERREIRA, 2004,p.9)
não está em oposição a este tipo de embalagens, encartes, revistas e
sistema econômico. O que acontece transporte, até à mão de obra. As
é que há casos em que o produto é embalagens dos produtos Natura
intitulado como sustentável, mas são exemplos da conciliação de
em essência é apenas um apelo de princípios sustentáveis e estética.
marketing para justiicar um custo O investimento em reis se relete
inal elevado. É válido ainda lembrar como vantagem para o consumidor
que os produtos que possuem preço inal, para o meio ambiente
muito elevado não são considerados (economia de material) e para a
sustentáveis por quebrarem o tripé empresa. As embalagens da linha
da sustentabilidade, pois assim Ekos, por exemplo, utilizam 50%
159
158

de PET pós-consumo. Segundo deles foi o convite de folhas secas subjetivos e ganham atenção
a empresa, 120 toneladas de para um workshop no festival de especial do consumidor.

Design e Sustentabilidade
Design e Sustentabilidade

garrafas PET são recicladas e 149 publicidade de Cannes, em 2008: as


toneladas de carbono deixam de informações foram gravadas a laser, Um exemplo de matéria prima rica
ser emitidas em um ano. Ainda na e após o uso, as folhas puderam em possibilidades de reuso é o
linha Ekos, as embalagens de papel ser devolvidas ao meio ambiente e papelão. Extremamente popular e
também são feitas de material pós- degradadas da mesma forma, pois comumente descartado após o uso,
consumo, assim 250 toneladas de não houve uso de tinta no processo o papelão pode servir como base
papel são recicladas e economizam (igura 3). para mobiliário, artigos decorativos,
20.500 m³ de água, além de evitar ou como suporte para identidades
que 23 toneladas de carbono sejam No design gráico, a escolha de visuais diversas. Muitas vezes,
emitidas anualmente. materiais é um importante requisito com o formato e o acabamento
para um projeto sustentável. Como modiicados, é difícil reconhecer
Na cidade do Rio de Janeiro, a opção, há o papel semente, um que se trate de um produto
Tátil Design é um escritório de composto que germina após o uso, descartado, e neste ponto o design
design conhecido por projetos estando sob condições favoráveis tem expressiva responsabilidade:
premiados pelas soluções criativas (igura 4). Este tipo de papel desvincular a imagem de reuso
e sustentáveis . Um projeto gráico tem ganho popularidade e hoje da associação com o lixo. A
com essa premissa é a produção é utilizado em convites, cartões criatividade é o que estimula a
dos cartões de visita da própria de visita, etiquetas de roupas, transformação e permite um novo
empresa: os funcionários recolhem envelopes, folders e outros projetos olhar de valorização às soluções
em suas residências caixas (tetra gráicos. O material é composto sustentáveis.
pack) de leite e suco vazias, na por matéria prima reciclada e para
Tátil estas caixas são recortadas e germinar basta picar, enterrar, Designers comprometidos com
impressas com tinta monocromática regar, e em pouco tempo as plantas a sustentabilidade têm pensado
e transformadas em cartões-de- crescem. As sementes podem ser em diferentes soluções de
visita (igura 2).O resultado recebeu
Figura 2: Cartão de visita
de cravo, camomila, manjericão, desmaterializar produtos, evitando Tátil Design
<http://www.abstratil.com.br/>
o prêmio Idea em 2009, nos Estados até mesmo erva doce, alface ou desta forma o envolvimento de
Unidos. A Tátil tem desenvolvido cebolinha. Com este diferencial, os diversos setores que poderiam Figura 3: Convites impressos em
Figura 1: Produtos da linha Natura folhas secas - Tátil Design
Ekos - http://naturaekos.com.br vários projetos neste âmbito, um produtos são acrescidos de valores interferir no ciclo sustentável. <http://www.abstratil.com.br/>
161
160

O surgimento de indústrias mas poucos o colocam em prática.


criativas e o aumento do número A carência maior está na falta de
de proissionais comprometidos

Design e Sustentabilidade
Design e Sustentabilidade

atitudes coletivas.
está mudando gradativamente este
cenário. O designer, independente Os problemas ambientais estão
do campo em que atua, tem uma evidentes com a extinção de
grande responsabilidade. Manzini espécies da fauna e lora; além dos
e Vezolli (2002) airmam que cabe problemas econômicos e sociais
ao designer ser criativo e sair evidenciados por crises inanceiras
da zona de conforto para optar e de racionamento; pelo aumento no
por projetos que possuam em preço de fontes de energias fósseis;
Figura 4: Papel Semente - material Um exemplo desta política de coletivos, telões coletivos, entre seu conceito a sustentabilidade, e pela reivindicação de condições
reciclado que contém grãos
desmaterialização são os arquivos outros (RITTO & D’ARINOS, 2001). mesmo que isso não seja melhores de trabalho.
digitais. Um folder, normalmente exigência do cliente contratante.
impresso, pode ser divulgado pela Outro desaio para a implantação É o designer quem precisa Acredita-se que os consumidores
internet, poupando os processos de uma consciência sustentável conciliar os objetivos do cliente, a cada vez mais optarão por produtos
de impressão, transporte e está nos preços. Os materiais e sustentabilidade e a criatividade. com políticas sustentáveis, por
distribuição. Assim, evitam-se técnicas alternativas, em primeira Cabe a ele o convencimento do estarem mais informados, mais
desperdícios e a produção de lixo instância, são mais caros que os cliente e do mercado a favor da exigentes e menos tolerantes. O
sem interferir no resultado que demais. Contudo, o uso de matérias sustentabilidade. O designer possui designer tem a responsabilidade
a empresa contratante espera. primas de forma inteligente, aliado uma parcela de responsabilidade de seguir esta tendência e, como
A expectativa é que os produtos a técnicas de funcionalidade, na transição de um sistema social agente transversal, adaptar os
físicos sejam progressivamente aparência e eicácia, gera resultados e industrial para a produção projetos buscando soluções que
substituídos por soluções que visem positivos e compensa os custos responsável. Não é algo fácil, porém considerem cada etapa do ciclo de
às demandas de sustentabilidade. iniciais na escolha de opções não chega a ser utópico. vida do produto.
Há ainda outras soluções passíveis sustentáveis (DOUGHERTY, 2011).
de reduzir o uso de matérias primas: O que se observa, no contexto Quem deseja estudar ou atuar na
extensão de vida dos produtos e Há diversos esforços para mudar o brasileiro, é que parte da população área de Design Sustentável precisa
compartilhamento de produtos e contexto de uma sociedade pouco tem a preocupação e o discurso atualizar-se constantemente a
serviços de resultados - transportes preocupada com a sustentabilidade. conscientes sobre sustentabilidade, cerca de políticas e soluções a nível
163
162

social e ambiental. É uma área de


KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves. Tradução de Eric Roland
intensas mudanças que requer René Heneault. São Paulo: Ed. Senac, 2005.

Design e Sustentabilidade
Design e Sustentabilidade

conhecimento aprofundado em
MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis. São
materiais e processos. É importante Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
priorizar matérias primas de fontes VEZZOLI, C. Design de sistemas para a sustentabilidade: teoria, métodos e
renováveis e ter uma visão ampla do ferramentas para o design de “sistemas de satisfação”. Salvador: EDUFBA, 2010.
percurso que a criação percorrerá RITTO, A; D’ARINOS, L. O Design e as organizações em um ambiente de novos
visando à diminuição de impactos paradigmas: Estudos em Design, volume 9, número ½, 2001.

que possam ferir o conceito de RAMOS, Jaime. Alternativas para o projeto ecológico de produtos. Santa
sustentabilidade. É importante Catarina, 2001. 152f.

ressaltar que os projetos CASAGRANDE, Jr., Eloy Fassi. Inovação tecnológica e sustentabilidade:
possíveis ferramentas para uma necessária interface.
sustentáveis nem sempre possuem
impacto zero na natureza, mas FERREIRA, J. Vicente Rodrigues. Análise de Ciclo de Vida dos Produtos, 2004.

devem, ao menos, reduzir os índices Natura Ekos: <http://naturaekos.com.br/tecnologias-verdes/> Acesso em:


de agressão. Há especializações 23/01/13

e cursos de aperfeiçoamento que Ilha Design: <http://ilhadesign.com.br/ Acesso em: 23/01/13>


direcionam o Design e outras áreas Choco la Design: <http://chocoladesign.com/tendencia-3-o-ecodesign/> Acesso em:
de projeto para a sustentabilidade. 23/01/13

O Design Sustentável requer Tátil Design: <http://www.abstratil.com.br/> acesso em: 23/01/13


esforços para pensar em materiais,
Mundo Sustentável: <http://www.mundosustentavel.com.br/> Acesso em:
processos e soluções alternativas e 23/01/13
globais. Design para a Vida: <http://designparavida.com.br/2012/05/05/podcast-i-bia-
simon/> Acesso em: 23/01/13

Christian Ullmann, especialista em design para a sustentabilidade: http://


resudaca.wordpress.com/insustentabilidade/ Acesso em: 23/01/13

It Projetos: http://itprojetos.wordpress.com/ Acesso em 23/01/13


Cartaz de Vanessa Poli, da primeira
edição do Posterheroes, concurso
de pôsteres que visa estimular a
consciência da comunidade criativa
e estimular o debate sobre temas
com fortes repercussões sociais.
<http://www.posterheroes.org/>
DesIGN De
seRvIçOs
Hossein Albert Cortez
graduando em design gráico

serviços
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167
entender a sociedade e o meio compra em uma loja virtual,
ambiente de maneira interdisciplinar estão estritamente relacionados
e propõe a “desmaterialização do a serviços. Inevitavelmente e

Design de Serviços
design” aproximando-o das ciências diariamente, pessoas utilizam e
sociais com o objetivo de melhorar se relacionam com algum tipo
e facilitar o cotidiano das pessoas de serviço. No Brasil, este
(FRASCARA, 2002, p.238). setor representa
quase 70%
Manzini (2004) complementa essa do Produto
perspectiva com o conceito de Interno Bruto
mundo luido, como relexo da era (PIB), e não há sinais
pós-industrial. O autor relete sobre de decréscimo. É o setor
o modo com que esse conceito vem que mais emprega no país, segundo
transformando profundamente pesquisa do Instituto Brasileiro de O Design de Serviços trabalha em
Geograia e Estatística (IBGE, Pesquisa
pontos de contatos que resultam
o sentido do design enquanto na interface do serviço projetado.
campo de atuação. Campo este Anual de Serviços – PAS - 2012). Adaptação e tradução livre de
Moritz (2005, p.49)
que vivencia o surgimento de
novas demandas de projetos, novas Assim como um produto, o serviço
relexões e novas soluções. O autor também demanda estratégias e
questiona o que vem a ser um técnicas de planejamento para ser
produto, o signiicado de projetar e desenvolvido. É para o universo
o papel do designer inserido nesse prioritariamente intangível que o
A partir da revolução tecnológica da década de 1990, desencadeada mundo luido. Manzini airma que: Design de Serviços se direciona, no
principalmente pelo surgimento da rede mundial de computadores, constantes intuito de estudá-
transformações e adaptações são impostas à prática do design frente a este novo Produtos não são restritos ao físico, ao tangível, mas lo e de apontar-lhe
contexto. são na realidade eventos que modiicam o estado de soluções. Trata-
quem os adquire (MANZINI, 2004) se de um campo
Frascara (2002) defende novas perspectivas para o design, baseadas na substituição integrativo e
do projeto de produtos tangíveis pela relexão a respeito do contexto ao qual eles O uso do transporte público, de multidisciplinar que busca abranger
estão inseridos e suas relações com o usuário. O autor enfatiza que é necessário aparelhos celulares ou numa simples todos os aspectos de um projeto. O
Qualquer que seja o serviço prestado, este
168

169
Design de Serviços pode ser uma significativas e importantes para
peça fundamental para a inovação todos os envolvidos no processo. deve ser consistente, fácil de usar e
É um campo que procura entender possuir uma estratégia sistêmica
Design de Serviços

Design de Serviços
e desenvolvimento de serviços,
buscando torná-los mais úteis, o perfil dos consumidores, seus Na essência, o Design de (HOLLINS E HOLLINS 1991, p 212)
Serviços tenta responder
proveitosos e desejáveis para os desejos e suas necessidades, a fim perguntas básicas a respeito
clientes, assim como eicientes e Para Marger (2007;2009) Design expressa que as ideias devem
da experiência do usuário
de garantir que o serviço seja, ao ao utilizar um determinado
serviço.
adaptáveis às organizações mesmo tempo, competitivo para de Serviços aborda a funcionalidade ser geradas em conjunto com
(MORITZ, 2005). o mercado e relevante para quem e a forma dos serviços, todas as pessoas que serão, de
Como deve ser a experiência do
o usa. consumidor ao usar o serviço? principalmente, sob o ponto de vista fato, impactadas por elas e que
Deinições do usuário. os protótipos sejam construídos
Como deve ser a experiência
Hollins e Hollins (1991) destacam do funcionário ao prestar o e testados ainda durante o
Na visão de Moritz (2005, p.125) processo projetual. (MARTIN,
serviço?
O Design de Serviços pode ser que o Design de Serviços pode ser
compreendido como um caminho tangível e intangível, envolvendo Como uma empresa mantém- o design de serviço, além da 2009, p.62)
para aprofundar as experiências artefatos, comunicação, ambientes se iel à sua missão e ao mesmo experiência com o serviço em si,
tempo, relevante para o
de serviços e fazer com que sejam e comportamentos. consumidor? é também o projeto do processo Outras áreas do design, como
e a estratégia para a prestação ou o design de produto, design
criação do mesmo. Busca entender sustentável, interface, e design
o cliente, a organização e o mercado, de interação, emprestam seus
desenvolver ideias e traduzi-las métodos e modelos já estabelecidos
em soluções lexíveis, que serão de criação e análise, para
implementadas considerando o ciclo elaboração de processos no Design
de vida do serviço. de Serviços.

O Design de Serviços tem suas Contexto


origens advindas do design thinking,
termo utilizado por Tim Brown Áreas da tecnologia em
para expressar a diferença entre contínuo desenvolvimento,
ser um designer e pensar como como telecomunicações,
um. Martin (2009) explica que transporte e processamento de
este termo, forjado por Brown, informações, possibilitam, tanto
170

171
O designer no setor de
serviços
Design de Serviços

Design de Serviços
No desenvolvimento de serviços,
o designer precisa considerar
a cultura, o ambiente, as
singularidades da empresa e,
sobretudo, as particularidades
do consumidor. Deve utilizar-se
de processos diferentes para o
aprofundamento da cultura local
Design de Serviços integra para as empresas quanto para ferramentas virtuais para a e então visualizar os problemas e
marketing, gestão, pesquisa os consumidores, um universo customização de carros, aplicativos oportunidades que a pesquisa possa
e design. Ele atua como ilimitado de opções de serviços. que alertam para a manutenção do ter revelado.
uma interface e conecta Uma visão uniicada justiica essa veículo e computadores de bordo
organizações e clientes de amplitude: o incansável e contínuo que monitoram a performance no Este proissional precisa visualizar
uma maneira totalmente nova. esforço para satisfazer os clientes volante. Todas essas ferramentas as diversas faces de contato entre
MORITZ, S. 2005, 4p. através de uma maior proximidade fazem parte do segmento de serviços a empresa e o consumidor. Deve
no relacionamento com eles prestados por uma única empresa. buscar informações minuciosas
(BOGMANN, 2001). Percebe-se então, quão vastas são como: qual o tempo médio de um
as possibilidades que o Design de cliente na ila do banco; o que o
Os produtos e serviços vêm se Serviços possui no mercado atual. usuário ouve no caminho de casa
transformando nos últimos anos, ao trabalho; quanto tempo o
no mesmo ritmo que a expectativa No campo de àreas relacionadas ao usuário de uma operadora de TV
das pessoas em relação a eles. A Design de Serviços, os proissionais por assinatura espera no call-
tecnologia tem contribuído para podem advir das mais diversas center, e o que ele ouve enquanto
que consumidores interajam com formações, como: projeto de espera. Todas essas questões estão
as marcas de diversas formas. produto, interação, comunicação relacionadas à interação entre Áreas correlatas do Design
Como exemplo, no mercado visual, marketing, gestão, usuário e serviço. O designer de de Serviços. Tradução livre e
adaptação de Moritz (2005, p.49)
de automóveis, há atualmente ergonomia, psicologia, entre outras. serviços deve utilizar ferramentas
172

173
como: questionários de pesquisa,
entrevistas, elaboração de cenários
e simulações, entre outros, a im de
Design de Serviços

Design de Serviços
imergir na experiência com o serviço
e obter um mapeamento detalhado
da experiência do usuário: quem é, O post-it é bastante usado no
Design de Serviços, porque
agiliza os luxos de iteração
como pensa e qual a sua conduta em
relação a determinado serviço. entre as ideias e conceitos
abordados

Após a pesquisa, devem ser


geradas as ideias e conceitos para
o serviço. Nessa etapa, chamada
de “fase dos post-its”, as ideias
são enumeradas, realocadas,
substituídas, descartadas ou
reconstruídas quantas vezes
forem necessárias. Nesta fase, é Os conceitos e ideias que de caso de uso do serviço, com o Projetos de Design de
importante a participação do maior passarem da fase dos post- maior nível de fidelidade possível Serviços
número de pessoas que saibam a its, serão investigados e (TEIXEIRA, 2011).
respeito do serviço, o que inclui aprofundados. As ideias passam Há projetos de Design de Serviços nova-iorquina que presta serviços
não só os consumidores, mas para a fase de testes, onde o Ao final do processo, ocorre a em várias partes do mundo. de suporte de TI e tecnologia.
também todo corpo da empresa intuito é obter uma visão real implementação do serviço. Esta Tratam-se de ideias inovadoras O fundador e inspetor-chefe do
(BUCHANAN, 2009). de como o serviço funcionará. é a fase onde deve-se entender que, com a ajuda das ferramentas grupo, Robert Stephens, defende
Protótipos são gerados a fim de quais são as mudanças gerenciais certas, encontraram no Design que “A publicidade era um imposto
penetrar na experiência, antes necessárias para que o serviço de Serviços a fórmula para a muito alto por um produto banal”.
que o serviço seja implementado. entre em funcionamento. Nessa excelência no funcionamento e Cada parte da Geek Squad 2
1
Role Playing é uma técnica São utilizadas inclusive, técnicas etapa, os envolvidos devem ter a aplicação. Na área de design e foi projetada para maximizar a
branding temos o exemplo da experiência e seu impacto junto
teatral onde se assume
2
Site da empresa Geek
personalidades para diferentes de teatro, como role playing ,
1
visão clara do funcionamento do Squad: <www.> acessado em
serviço. Geek Squad, uma multi-nacional
personagens ou situações Março de 2013
aim de dar a experiência, uma
cenários e tudo mais que se fizer aos clientes, no intuito de gerar
atmosfera mais realística. necessário para criar um estudo
Considerações inais
174

175
publicidade espontânea. O nome
e logotipo foram inspirados em BOGMANN, Itzhak Meir. Marketing de relacionamento: estratégias de
idelização e suas implicações inanceiras. São Paulo: Nobel, 2001.
Design de Serviços

Design de Serviços
programas policiais de TV, os A evolução social e tecnológica
funcionários são chamados de apontam para uma irreversível
BUCHANAN, R. Boundaries of Service Design. On-line. Disponível em <http://
agentes, seus uniformes têm um mudança no comportamento e nas designforservice.wordpress.com/ buchanan_keynote/>. Acesso: Janeiro. 2012.
grampo preto na gravata e um práticas dos consumidores, o que
distintivo do tipo FBI que diverte impõe profundas transformações, não FRASCARA, JORGE. Design and Social Sciences: making connections. New

os clientes e transmite segurança. apenas nas estratégias das empresas,


York: Taylor & Francis. 2002. p.238.

Até mesmo os sapatos dos mas também aos proissionais que se HOLLINS, G.; HOLLINS, W. Total Design: Managing the Design Process in the
agentes foram planejados: eles destinam a oferecer sua mão de obra Service Sector. London: Pitman Publishing, 1991. p.212.

possuem nas suas solas o logotipo a este novo cenário.


KELER, Laura: This Is Service Design Thinking: Deconstructing a Textbook
Geek Squad para que, onde eles <http://www.uxmatters.com/mt/ archives/2011/09/this-is-service-design-
passem, suas pegadas com a O Design de Serviços projeta- thinkingdeconstructing-a-textbook.php> Data de acesso: 21/12/2012.
marca sejam deixadas no caminho. se como um campo que propõe
O slogan da empresa -“Você não
MAGER, B. Design Dictionary: Perspectives on Design Terminology. Basel:
intermediar as mais diversas áreas do
Birkhäuser. 2007. <http://booksgreatchoice.com>. Data de acesso: 18/12/2012.
me viu. Eu não estive aqui”- foi conhecimento, buscando entender
pensado depois de pesquisas as fases da experiência com o serviço, ________. Service Design as an Emerging Field. In: MIETTINEN, S.; KOIVISTO, M.(Ed.).
mostrarem que os clientes não tornando possível uma melhor Designing Services with Innovative Methods Keuruu: Otava Book Printing, 2009.

gostam de admitir ter problemas interação entre empresas e usuários.


técnicos, como o fato de não saber Trata-se da busca por soluções viáveis
MARTIN, Roger. The design of business: Why design thinking is the next
competitive advantage. Boston: Harvard Business, 2009.
conectar os cabos de sua TV a de design a todos os envolvidos no
cabo. Jonathan Sands, presidente processo, considerando as pessoas, a MORITZ, S. Service Design: Pratical Access to an evolving ield. 245 p. (Masters

da Geek Squad diz: “Para mim,


of Science thesis) - Faculty of Cultural Science, Köln International School of
cultura e o meio ambiente, no projeto
Design, University of Applied Sciences Cologne, Cologne, 2005. p.125.
estratégia de design é fazer as de serviços.
pessoas sorrirem, se sentirem TEIXEIRA, Fabrício: O que é Service Design? Disponível em: <http://
seguras, é ter um propósito além arquiteturadeinformação.com/2011/11/21/o-que-e-service-design-ou-
design-de-servicos/> Data de acesso: 20/01/2012.
do preço e estabelecer uma Tradução livre de Design

conexão emocional e não apenas


Concil, disponível em:
<http://www.designcouncil. Design Council: <http://www.designcouncil.org.uk/about-design/types-of-
racional”3.
org.uk/about-design/types-of- design/service-design/case-studies/> Data de acesso: 16/02/2012.
design/service-design/case-
studies/> acesso em março de
2013.
‘‘‘

DesIGN
sOcIAl
Anália Adriana S. Ferreira
graduanda em design gráico

coletividad
debate
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o
Deinições de design Social

179
Muito se pesquisa sobre o Design
Social, sobretudo nos âmbitos

Design Social
de design de produto, design Design social está sobretudo
gráico e web design. Projetos voltado a uma formação de
e ações em busca de um design consciência crítica a respeito do
ambientalmente sustentável e contexto e das relações sociais em
socialmente coerente surgem com que estamos inseridos. Bonsiepe
freqüência nas publicações da área. (apud NEVES, 2011 p.53), prefere
Produtos associados a cooperativas adotar a nomenclatura ‘design
e comunidades produtivas, com humanista’, deinindo como:
suporte e consultoria de design,
também fazem parte do Design Social. O exercício de atividades do design para interpretar as
São atuações que ocorrem em função necessidades de grupos sociais e desenvolver propostas
do momento de conscientização emancipatórias viáveis na forma de materiais e artefatos
ambiental e social pelo qual passamos. semióticos. (BONSIEPE apud NEVES, 2011 p.53)

É comum encontrarmos no O autor defende que o design


meio digital a proliferação de não deve ser encarado como um
ações cujo intuito é estimular ideal ingênuo, mas com a intenção
discussões, promover debates de “criar uma consciência crítica
para promoção do bem estar social sobre poder e sobre as pessoas
e conscientização sobre os mais submetidas a esse poder” (ibidem).
John Lennon sonhava com uma sociedade onde “todas as pessoas vivam diversos temas, desde mudanças O papel do designer é o de
para o hoje, compartilhem o mundo” em sua emblemática música “Imagine”. no código lorestal, campanhas formador de opinião, assim, sua
Se transpusermos esse pensamento ao contexto do design, facilmente nos de conscientização no trânsito, ao função também é a de proliferar
encontraremos com o Design Social. A idéia de produzir conhecimento em prol combate ao bullyng nas escolas. informações de relevância ao
de ações que visem o bem estar ou contribua para melhorias da sociedade é uma Essas ações podem associadas ao coletivo, incentivando ações que
realidade bastante valorizada na atualidade. Design Social, quando se utilizam promovam o bem estar social
ferramentas do design para sem necessariamente estarem
soluções nos âmbitos citados. vinculadas ao lucro empresarial.
180

181
O designer norte americano Milton Visto assim, é fácil entender que o março de 2011 na cidade de Curitiba,
Glaser (2003, HELLER & VIENNE, proissional praticante do design noticiado pela imprensa sobre uma
apud NEVES, 2011, p. 47) defende social é antes de tudo um cidadão
Design Social

Design Social
discussão envolvendo uma cadeirante
que “bom design é boa cidadania”. O consciente de seus deveres e de que reivindicou seus direitos junto
que elucida com clareza o conceito sua função como formador de a uma motorista que estacionou
de Design Social, pois traduz opinião, que utiliza as ferramentas na vaga preferencial, sem que a
projetos de comunicação como a da comunicação visual para alcançar mesma portasse deiciência física ou
promoção de debates em torno pessoas com idéias e propostas de diiculdade de locomoção2.
de situações ou direitos de uma cunho social.
população. Observamos então, O caso chamou a atenção da
que o papel de Design Social está Ações brasileiras em design agência, que produziu um vídeo
irmemente relacionado à valorização social evocando a conscientização da
da cidadania, que deve ser exercida população a essa questão. O criador
por todos. Outra abordagem muito Alguns projetos mobilizaram as da campanha, Mauricio Ramos,
pertinente é feita por Flávia Barros mídias digitais em prol de causas relatou que a idéia se originou
Neves em artigo publicado na sociais. Um deles, desenvolvido da tentativa de transformar um
coletânea “O papel social do Design pela agência curitibana TheGetz , 1
episódio como esse em uma
Gráico” (2011), onde airma: é uma ação de conscientização oportunidade de educação. O vídeo
sobre os direitos dos portadores foi imediatamente compartilhado
“Na contramão da área de interesse de deiciência e diiculdades nas redes sociais e mobilizou não só
da venda de produtos e serviços, de locomoção e suas vagas Fig.1 Frente e verso do panleto a região, como se expandiu por todo
abordamos uma área de atuação preferenciais em estacionamentos. (www.estavaganaoesua.wordpress. o país, sendo motivo de debates e
com)
de design gráico cujo foco não é discussões polêmicas nos canais em
o mercado, mas o resultado social A campanha “Essa vaga não é sua que foi exibido3.
trazido por ele. Ou seja, o design nem por um minuto” foi criada a
gráico utilizado como ferramenta partir de um incidente, ocorrido em
de questionamento e mobilização
social, dedicado à difusão de
2 Matéria Cadeirante x 3 Vídeo “Essa vaga não é
ideologias e à busca de melhoria ignorante: <www.gazetadopovo. sua nem por um minuto”:

social” (NEVES, 2011, p. 45)


1 Site da agência TheGetz: <www. com.br/colunistas/conteudo. <http://www.youtube.com/
getz.com.br> acessado em 05 de phtml?id=1106312> acessado em watch?v=C50FAN9bYqU>
Abril de 2013 05 de Abril de 2013 acessado em 05 de Abril de 2013
182

183
Além do vídeo, a agência também A mesma agência também
Fig. 3 Marca e slogan da
campanha ‘Ciclista Legal’.
desenvolveu um panleto explicando desenvolveu outra campanha de
o porquê da vaga e seu espaço ação social, denominada “Ciclista
Utilização de cartazes
Design Social

Design Social
divertidos para chamar
especíico (ig.1). O material informa Legal” (ig. 3). atenção ao respeito às normas
e convivência no trânsito
as exigências necessárias para ter
direito às vagas preferenciais, as A campanha de educação no
punições para quem não respeita trânsito e respeito às bicicletas
a lei e o contato para maiores consiste em cartazes produzidos
informações. com a intenção de contribuir para
a harmonia no trânsito. A partir da
Também foi desenvolvida uma criação de ilustrações evolvendo
‘Multa Moral’, semelhante ao uma bicicleta e um veículo, a
talão de multas dos agentes de campanha possui o objetivo Segundo Ramos, diretor da agência A ação é veiculada na internet
trânsito. Ela está disponível para de mobilizar e conscientizar TheGetz “um dos conceitos que através de compartilhamento em
impressão, para que a sociedade acerca dos direitos e deveres mais se discute é a sobre a questão redes sociais e blogs relacionados
participe notiicando os carros dos ciclistas e condutores de estrutural, como as ciclofaixas ao tema. Os cartazes estão
irregulares encontrados em vagas veículos motorizados. Mensagens e ciclovias. O que pretendemos disponíveis para quem quiser
preferenciais4. Na multa moral, como “dê pelos menos 1,50m atingir com a campanha é a outra imprimir e distribuir da maneira que
a intenção é fazer o cidadão de distância lateral” ou “dê a parte fundamental deste debate, achar conveniente.
exercer o seu direito de reivindicar preferência de passagem aos que trata da civilidade das pessoas
quando presenciar atitudes ilegais veículos não motorizados” são no trânsito”. Os dois exemplos citados são
referentes ao estacionamento de defendidas com humor e simpatia ações práticas de Design Social.
veículos. nos cartazes. “A campanha faz uma brincadeira O primeiro se utilizou de um fato
com a relação entre carros e que gerou polêmica, desconforto e
bicicletas, comparando-a com uma debates. O estímulo para expandir
Fig.2 Cartaz da campanha ‘Essa 4 O download dos cartazes
vaga não é sua’. para distribuição e de todo o relação entre casais, pretendendo a discussão suscitou uma ação
material de apoio à campanha
está disponível no site: <http:// que se chegue a um entendimento“, relevante, com a inalidade de
estavaganaoesua.wordpress. explica o publicitário Eduardo educar e contribuir para o bem-
com> acessado em 05 de Abril
de 2013 Lubiazi, responsável pela elaboração estar social. O segundo se valeu
do projeto. da observação sobre o cotidiano
184

185
no trânsito das cidades brasileiras: na elaboração de adesivos cujo Fig. 4 Cartaz explicativo do
intuito é fazer a população escrever
projeto “Que ônibus passa
a briga entre motorista de carros, aqui?” que conta com o apoio
motos e bicicletas. A intenção dessa as linhas de ônibus que passam na
Design Social

Design Social
de divulgação da organização
“Imagina na Copa.
campanha é chamar atenção, trazer parada, um projeto de socialização da
à tona o debate sobre o respeito nas informação.
ruas.

Outro caso de Design Social que


se surgiu a partir da observação
do cotidiano é o “Que ônibus passa
aqui?”4 (ig 4). O projeto em questão
só é colocado em prática se de
fato acontecer a contribuição e a
participação da população. O mérito desta ação é que ela As fronteiras do Design Fig. 5 e Fig. 6- Imagens

provém de uma prática que Social


retiradas do site da campanha
<http://www.shoottheshit.cc/
deine muito bem o Design
Que-Onibus-Passa-Aqui>
Desenvolvido pela organização porto
5
alegrense Shoot The Shit , que cria Social: vivenciar o contexto. A É importante observar que não
propostas para melhorar a vida na probabilidade de obter bons é o simples fato de envolver um
cidade a partir de soluções criativas, resultados fazendo um projeto que designer numa ação social que
o projeto surgiu da constatação de vise promover o bem estar social resulta em Design Social. Este
que a grande maioria dos pontos de aumenta quando existe de fato a apresenta como característica
ônibus da cidade de Porto Alegre vivência da questão. Só percebe a fundamental o engajamento
não possuía identiicação das linhas falta de sinalização nos pontos de em temas cujo benefício social
de ônibus. A ação de design consistiu ônibus quem usa esse transporte seja o ponto de partida, e não
(ig 5 e 6). Assim acontece com o benefício próprio. A questão
a maioria dos projetos de design central está no posicionamento
e relexão críticos agregados às
4 Vídeo de divulgação do
projeto: < http://vimeo. social, que partem da constatação
do problema a partir da experiência ações e peças produzidas. Barros
com/61579538 > acessado
em 05 de Abril de 2013
e do olhar crítico à realidade de uma (2011, p.62) esclarece tratar-se de
5 Site do projeto: <www. comunidade ou grupo de pessoas. projetos onde temos “o designer
shoottheshit.cc/> acessado em
05 de Abril de 2013
186

187
gráico que usa de atributos como
BARROS, F.C. Contestação Gráica: engajamento polítco-social por meio do
observador, o design social precisa
comunicador visual para provocar mover, inquietar e incentivar novos design gráico, in BRAGA, Marcos da Costa (Org.). O papel social do design
projetos. gráico – histórias conceitos e atuação proissional. São Paulo: Ed. SENAC,
Design Social

Design Social
mudanças políticas e sociais que
2011, PP 44-66.
causem impacto positivo junto à
sociedade”. Design social é sobretudo uma BONISIEPE, Gui. Design, Cultura e sociedade. São Paulo: Blucher, 2011.
área provocativa, intencionalmente
Essa é a grande questão: as planejada para incitar o desejo Sites visitados
ações para serem classiicadas de mudança, fazendo com que as
BONSIEPE, Gui. DESIGN e DEMOCRACIA disponível em <http://
como design social necessitam pessoas saiam da zona de conforto
designengenho.blogspot.com.br/2009/05/design-e-democracia-gui-bonsiepe.
gerar mudanças e contribuir e defendam a causa apresentada, html> acessado em 12 de Março de 2013
positivamente junto à sociedade. não apenas pela maneira como é
Não se trata apenas da produção de oferecida, mas sobretudo, pelo “Ciclista Legal”: campanha quer melhorar a relação entre bikes e carros http://

folders, cartazes e outdoors.


www.stica.com.br/jonny/?p=1835 acessado em 12 de Março de 2013
conteúdo e relevância social da
É preciso gerar posicionamento mesma. Shoot The Shit <http://www.shoottheshit.cc/Que-Onibus-Passa-Aqui>
crítico, reações e interações acessado em 12 de março de 2013.

sociais. É importante que resulte Já imaginou uma sociedade assim?


em mobilização social, pouco Onde as pessoas vivem as causas de
adianta um projeto em que o hoje e compartilham com o mundo?
público participe apenas como Imagina.
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DesIGN e
INfORmAçãO
João Fellipe Guimarães da Silva
graduando em design gráico

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190

191
Há ainda outros conceitos que Horn (1999, p.15), airma que “o
fornecem maior abrangência sobre Design da Informação é a arte e a
Design e Informação

Design e Informação
design da informação e sua ligação ciência de preparar a informação,
com outras áreas. Knemeyer (2003 possibilitando seu uso pelo
apud SHIRAIWA, LIMA, TRISKA, homem de maneira eiciente e
2009) airma que o design da eicaz.” Seus principais objetivos
informação é um ponto que está são: Desenvolver documentos de
entre os estudos da linguagem, compreensão precisa e rápida e
arte, estética, informação, também que sejam de fácil tradução
comunicação, comportamento e para uma ação efetiva; Projetar
cognição, administração e direito, e interações com equipamentos de
tecnologias de produção de mídias. forma fácil, natural e mais prazerosa
Mijksenaar (1997) identiica ainda possível. Isso envolve solucionar
o design da informação como uma problemas no design de interface
O Design da Informação, além de ser um campo de atuação, é uma área de disciplina transversal na medida homem-computador; Possibilitar
pesquisa voltada ao desenvolvimento de projetos com ênfase na disseminação da em que dialoga com a fotograia, que as pessoas encontrem caminhos
informação em produtos e serviços. a ilustração, a cartograia, o em espaços tridimensionais com
design gráico, o design industrial, facilidade e conforto, seja no plano
De acordo com a Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI: a arquitetura e a psicologia material ou virtual.
experimental, colaborando com
Design da informação é uma área do design gráico que objetiva a criação de ferramentas que
equacionar os aspectos sintáticos, semânticos e pragmáticos que possibilitem a tomada de decisões
envolvem os sistemas de informação através da contextualização, dentro destas áreas.
planejamento, produção e interface gráica da informação junto ao
seu público alvo. Tem como princípio básico otimizar o processo de
aquisição da informação efetivado nos sistemas de comunicação
analógicos e digitais.¹

¹Conceito de Design da Informação.


Disponível em: www.sbdi.org.br
192

193
uma produção gráica a partir da da informação, que pode ser
representação mental, que um reproduzida de diferentes modos,
Design e Informação

Design e Informação
sujeito transmite verbalmente sobre além dos tradicionais meios de
determinado objeto, conceito ou comunicação - panletos, outdoors,
problema (SHIRAIWA et al., 2009). cartazes, tv, internet; também os
novos meios, como o cinético - jogos
Deve-se levar em conta a satisfação que captam o movimento do usuário;
do usuário e a eicácia e eiciência e o tátil - smartphones e tablets.

Petterson (2007) destaca que um econômica e ergonomicamente.”


material bem projetado deve facilitar (PETTERSON, 1998)
o cotidiano das pessoas e remeter
boa credibilidade aos remetentes O Design da informação é
ou fontes. “A im de satisfazer as caracterizado por ser uma atividade
necessidades dos receptores da interdisciplinar com o objetivo
informação, deve-se compreender de planejar a comunicação, para
a análise, o planejamento, a facilitar e auxiliar a acessibilidade
apresentação e a compreensão de uma e a compreensão de um projeto.
O proissional que trabalha com
Ao projetar, devem ser Modelo de Design da
considerados dois pontos: mensagem, que contêm linguagem Informação. Adaptado de
a eicácia e a eiciência da (Petterson, 2002: 19).
informação, que pode ser e forma. Independente do meio design da informação é o facilitador
reproduzida de diferentes escolhido, um material de informação do processo de disseminação
modos desde materiais
impressos aos digitais. bem concebido irá satisfazer estética, de dados, cuja função é fazer
Informação como área do
194

195
e o Glyphs. No Brasil, a fundação

“Boas ideias já não são o


Design da SBDI – Sociedade Brasileira de
suiciente para uma venda.
Design e Informação

Design e Informação
Design da Informação, em 2002,
A necessidade por uma
A partir da leitura dos relatos e reuniu pesquisadores, docentes e boa apresentação, que faça
deinições citados, ica perceptível proissionais da área de design que
o público-alvo ‘comprar’
a ideia, é cada vez maior”
Lucas Vogelmann, designer
e proprietário da agência
que o design da informação é atuam em sistemas de informação
uma área que precisa ser parte e comunicação analógicos e Multiverso
fundamental na formação do digitais, e na gestão e produção da
designer. Atualmente, é comum informação. A sociedade surgiu
encontrar designers gráicos com o intuito de otimizar processos
especialistas em design da de aquisição e gerenciamento
informação. da informação visual. Em 2003, Internacionalmente, o design De maneira semelhante no Brasil, a
foi realizado na cidade de Recife, de informação já é consolidado, demanda por infográicos, relatórios
O estudo da informação como área Pernambuco, o primeiro Congresso principalmente devido à grande anuais de empresas entre outros
do design ganhou importância em Internacional de Design da demanda por branding. Com o projetos gráicos, têm contribuído
meados da década de setenta, com a Informação na América Latina. A crescimento e desenvolvimento para consolidação da proissão.
criação na Áustria da entidade IIID - área cresceu muito ao longo da de empresas, novas estratégias De acordo com Lucas Vogelmann,
International Institute for Information primeira década de existência da de mercado e posicionamento de designer e proprietário da agência
Design, e a publicação de produções SBDI. marca precisam ser constantemente Multiverso, a área de atuação em
como o Design Information Journal desenvolvidas. Logotipo, sinalização, informação no design é ampla,
web, impressos, aplicações – a devido ao número de empresas
necessidade de um designer da que vêm recorrendo aos serviços
informação nesse meio é inevitável, de interface para transmitir
ainal, é necessário que o conceito da informações extensas. “Boas
empresa e informações relacionadas ideias já não são o suiciente
aos seus produtos e serviços sejam para uma venda. A necessidade
transmitidos ao seu público de maneira por uma boa apresentação, que
a valorizar a eicácia e eiciência das faça o público-alvo ‘comprar’ a
informações. ideia, é cada vez maior”, airma o
designer.
Projetos que utilizam Design da Informação
196

197
Design e Informação

Design e Informação
A seguir veremos alguns projetos com ênfase no design da informação. No
Brasil, o design da informação está muito presente em infográicos para revistas.
Algumas edições da Superinteressante possuem bons exemplos de aplicação
deste tipo de projeto.

No
período das
olimpíadas em
2012, a revista
preparou um
infográico falando a
respeito de como estão
distribuídos globalmente
alguns dos maiores vencedores
olímpicos de todos os tempos.

Infográico: Alexandre Verginassi,


Jorge Oliveira, Cristine Kist e FelipeTurcheti.

Edição: SUPER 306, julho 2012.

A versão completa do infográico pode ser encontrada


no site: http://goo.gl/BskEe
198

199
Design e Informação

Design e Informação
Infográico: Karin Hueck, Rafael
O quantitativo de imigrantes no Brasil aumentou consideravelmente nos
Esses e outros exemplos de dois últimos séculos. No mês de março de 2012, a edição da revista Super Quick, Itamar Cardin, Fabricio
infográicos da Revista Super Interessante apresentou um infográico contando um pouco dessa história, que
Lopes e Diogo Blanco.

Interessante podem ser possui uma versão online interativa e também um mini documentário sobre o Edição: SUPER 306, julho 2012.
conferidos no link: http://goo.gl/ tema, onde pode ser acessado através do link: http://goo.gl/ebWCE
nM766. A versão completa do infográico
pode ser encontrada no link:
http://goo.gl/WijP4a.
200

201
COUTO, R.M. de S. Escritos sobre o ensino de design no Brasil. Rio de Janeiro:
Rio Books, 2008.
Design e Informação

Design e Informação
COUTO, R.M. de S. Fragmentação do conhecimento ou interdisciplinaridade:
ainda um dilema contemporâneo? Revistafaac, Bauru, v. 1, n. 1, p. 11-19, 2011.

HORN, R. E. Information Design: Emergence of a New Profession. In:


Jacobson, R. (Ed). Information design. Cambridge: MIT Press, 1999.

HORN, R. E. Visual Languages: a global language for 21st century. Bainbridge


Island: WA, 1998.

MIJKSENAAR, P. Visual Function: An Introduction to Information Design. 010


Publishers, 1997.

PETTERSSON, Rune. Research in Information Design. 3rd information design


international conference. Curitiba, 2007.

PETTERSSON, Rune. Information Design. Västerås: Mälardalens Högskola


Research & Reports. Opuscula Nr 36, 1998.

SHIRAIWA, J.; LIMA, M.; TRISKA, R. A semiótica e o design da informação:


Uma relexão. In C. Spinillo, P. Bendito, & S. Padovani (Eds.), Selected Readings
on Information Design: communication, technology, history and education. (pp.
111-123). Curitiba: Sociedade Brasileira de Design da informação, 2009.

SHIRAIWA J., LIMA M. V. M, TRISKA R. A semiótica e o Design da Informação:


Na edição de fevereiro de 2012, a dados do quantitativo de água Infográico: André uma relexão. Selections Readings on Information Design. Chapter 09, 2009.
Bernardo, Karin Hueck, e
Super Interessante trouxe para seus gasto no mundo durante um dia, Jorge Oliveira.
leitores um infográico que trata a quantidade de água necessária
a respeito da água. O infográico para produzir um computador, o Edição: SUPER 301,
fevereiro 2012.
abordou de forma inteligente consumo de água por habitante por
o tema, trazendo, por exemplo, dia no Brasil, entre outros dados. A versão completa
do infográico pode ser
encontrada no site: http://goo.
gl/8qrXy.

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