Docsity Maria Padilha Cultura
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Estudos Culturais
Universidade Católica do Salvador (UCSal)
126 pag.
Goiânia
2015
Goiânia
2015
CDU 259.4(043)
Aos meus filhos, enteados e iyawos que, de uma forma ou de outra, colaboraram
durante o meu período de intensivo estudo.
COSTA, Oli Santos da. A Pombagira: Ressignificação Mítica da deusa Lilith. Tese de
doutorado em Ciências da Religião. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Ciências da Religião. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Escola de
Formação de Professores e Humanidades. Goiânia: PUC-GOIÁS, 2015.
COSTA, Oli Santos da. Pombagira: a resignification of the mythical goddess Lilith.
The doctoral thesis in Sciences of religion. Stricto Sensu Graduate Program in
Religious Studies. Pontifical Catholic University of Goiás. School of Teacher Training
and Humanities. Goiania: PUC-GOIÁS, 2015.
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................10
CONCLUSÃO .........................................................................................................107
REFERÊNCIAS.......................................................................................................110
INTRODUÇÃO
Padilha de Castela que, por sua vez passou a caracterizar-se como protótipo da
Pombagira. As pesquisas apontam noutras direções, que geram grandes
discussões acadêmicas no que se refere à origem da Pombagira, que é vista por
alguns teóricos como oriunda das mitologias africanas, especificamente da
mitologia banto e yorubá. No entanto, encontramos evidências de que ela, em
essência, é um construto sincrético composto de vários elementos pertencentes a
diversas culturas religiosas trazidas para o Brasil colonial. Isso se deu através da
memória e do imaginário dos povos colonizadores europeus, dos degradados
ciganos e africanos e dos povos nativos indígenas. Predominando, porém, a figura
da rainha espanhola Maria Padilha de Castela que reproduz o estado lilithiano.
A nossa hipótese é que a Pombagira é uma construção mítica agregando
elementos culturais e religiosos de várias culturas. E, concomitantemente, a
Pombagira seria uma ressignificação mítica da deusa Lilith, herdeira do arcabouço
simbólico lilithiano, além de outras culturas e mitos de outras deusas correlatas,
símbolos libertários femininos que lutam contra a dominação masculina desde os
primórdios dos tempos. Dessa forma, a Pombagira surge através de um construto
sincrético com a função de agente libertário feminino no Brasil colonial e imperial e
nos dias atuais, através dos terreiros e por meio do seu protótipo mítico, a rainha
Maria Padilha de Castela da Espanha. Demonstraremos essa hipótese em três
capítulos.
No primeiro capítulo, abordamos o surgimento da Pombagira e a discussão
a cerca da origem do seu nome, considerado uma corruptela da divindade
masculina do panteão banto, o inckice bombogira, onde ela seria o lado feminino
dessa divindade. A Pombagira é, também, associada à divindade yorubá Exu,
perfazendo a face feminina desse orixá. Por sua vez, a pesquisa aponta as
semelhanças da Pombagira com as feiticeiras europeias e as ciganas andaluzas,
destacando a figura da rainha Maria Padilha de Castela que aparece como o mito
fundante da primeira Pombagira Maria Padilha e, depois, de todas as outras
Pombagiras que se seguiram. Tratamos do seu aparecimento e manifestação como
Pombagira especificamente na Macumba carioca, no final do século XIX e
posteriormente na Umbanda, no início do século XX.
No segundo capítulo, trouxemos o mito da deusa Lilith da mitologia
sumeriana, seu surgimento através dos mitos dos deuses anunnakis narrados
pelos povos sumerianos, destacamos as suas ressignificações em outras
CAPÍTULO I
A CONSTRUÇÃO MÍTICA DA POMBAGIRA
Dessa forma, “o mito era um evento que, em certo sentido, só ocorrera uma
vez, mas que também ocorria o tempo todo” (ARMSTRONG, 2005, p. 13). Para
Balandier (1997) o mito aborda, em sua linguagem própria, a ambiguidade do
social e o aleatório que o afetam: ele resulta de uma oscilação necessária entre
aliança e enfrentamento, ordem e desordem. Nesse sentido, entendemos que o
mito está em constante movimento e transformações, sofrendo inúmeras
ressignificações que ocorrem de acordo com o tempo e o espaço, e que se
adequam aos ethos, aos contextos históricos e, concomitantemente, às
transformações socioculturais, econômicas políticas e religiosas.
Baseando-se nessas vertentes, entendemos que os mitos, ao sofrerem
ressignifcações ou transformações não deixam de existir, como afirma Levi-Strauss
(1989), que o mito, a partir do momento que se modifica, ele morre. Nesse sentido,
ao analisar a entidade Pombagira, compreendemos que ela surge no Brasil por
meio de uma construção mítica, fruto de lembranças, memórias e imaginários
[...] elas tenham roupas decentes, se enfeitem com pudor; nem objetos de
ouro, pérolas ou vestuário suntuoso; mas que se ornem, ao contrário, com
boas obras, como convém às mulheres que se professem piedosas.
Durante a instrução, a mulher conserve o silêncio, com toda submissão. Eu
não permito que a mulher ensine ou doutrine o homem. Que ela conserve,
pois, o silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E não foi
Adão que foi seduzido, mas a mulher que, seduzida, caiu em transgressão.
Entretanto, ela será salva pela maternidade, desde que, com modéstia,
permaneça na fé, no amor e na santidade (ARAÚJO, 2013, p. 46).
Maria Padilha era avessa a essas mulheres submissas. Ela inspirou os poetas
e o imaginário popular que, com o passar dos anos, encarregaram-se de difundir
essas imagens da rainha poderosa, perversa e transgressora, possuidora de
poderes mágicos que manipulava um rei poderoso e que fez dele seu amante
apaixonado. Maria Padilha de Castela torna-se, dessa forma, o protótipo da amante
poderosa, da mulher que havia sido capaz de dominar o poderoso rei Dom Pedro I,
“O Cruel”, o rei de Castela, na Espanha (MEYER, 1996). Ela surge no século XV,
em romances e contos, e de forma crescente no século XVI, especialmente, em
1547, com os romances viejos, do editor Martin Núcio, em sua primeira edição, e
em mais três novas edições, em 1581, contendo vários poemas épicos sobre Maria
Padilha (CAPONE, 2009). Esse editor continua criando novas edições, ao longo
dos anos seguintes, conforme já o vinha fazendo anteriormente. Ressaltamos que
a cidade de Lisboa, em Portugal, nos séculos XVI e XVII, nos períodos
compreendidos entre 1580 a 1640, encontrava-se sob o domínio dos espanhóis.
Por volta de 1447, com a chegada dos ciganos, na metade século XIV, na
Espanha, ocorreu uma identificação desses com a rainha Maria Padilha de Castela
por ela representar um símbolo libertário, equivalente à forma de viver desse
respectivo povo. No século XIX, Maria Padilha ganhou uma nova roupagem por meio
da obra escrita pelo francês, Prosper Mérimée, através da personagem cigana
andaluza, Carmen, que teria vivido em Sevilha, na Espanha (MEYER, 1993).
ela (Carmen) estudava diante de uma mesa, olhando numa terrina cheia
d’água o chumbo que havia feito derreter e que havia jogado aí dentro.
Estava tão ocupada com sua magia, que nem se apercebeu do regresso.
Ora pegava num pedaço de chumbo e, com ar de tristeza, o revirava de
todos os lados, ora ela cantava uma dessas canções mágicas em que as
ciganas invocam Maria Padilha, amante de Dom Pedro, que foi, ao que se
diz, a Barí Crallisa ou a grande rainha dos ciganos (MOTTA, 1995, 182).
1
Los encantamientos realizados por las brujas y los gitanos Jerónima Gozales, Laura Garrigues,
Cristina Vieja y Adriana, este último conocido como "gitana Celestina", invocaron los personajes
de Lucifer, Satanás, y doña María Padilha con toda su Bunch (Ortega, 1988). (tradução nossa ).
2
Transes mediúnicos se dão por meio de médiuns, pessoas que se comunicam com espíritos.
Servem de intermediários entre os seres desencarnados e os seres encarnados. Disponível em:
http://michaelis.uol.com.br/escolar/ingles/definicao/ingles-portugues/medium_16328.html. Acesso
em: 28 dez. 2014.
3
Sabats, Sabas ou Sabbath que é uma celebração aos equinócios e solstícios, ou seja, os quatros
estações do ano, um culto à natureza e aos astros, especialmente aos ciclos lunares.
Esse saber informal, transmitido de mãe para filha, forma essa necessária
para a sobrevivência dos costumes e das tradições femininas. Conjurando
os espíritos, curandeiras e benzedeiras, com suas palavras e ervas
mágicas, suas orações e adivinhações para afastar entidades malévolas,
substituíam a falta de médicos e cirurgiões. Era também a crença na
origem do sobrenatural da doença que levava tais mulheres a recorrerem
a expedientes sobrenaturais; mas essa atitude acabou deixando-as mira
da Igreja, que via como feitiçarias capazes de detectar e debelar as
manifestações de Satã nos corpos adoentados. Isso mesmo quando elas
estavam apenas substituindo os médicos, que não alcançavam os
longínquos rincões da colônia (DEL PRIORE, 2013, p. 81).
confessou que todas as noites o Diabo vinha dormir em sua cama e aparecia em
forma de camelo, cavalo ou homem. Ela declarou que teve sua primeira experiência
sexual com o Diabo, aos doze anos de idade, e continuou mantendo relações
sexuais com ele até os 26. Acrescentou que “junto com outras mulheres, encontram-
se todas, beijando-se e, no fim, cada Demônio tinha cópula com sua mulher”
(CALAINHO, 2008, p. 230-231). Outros relatos registram que várias mulheres se
encontravam com o demônio, que se manifestava como metade homem e metade
bode, e era portador de um pênis gigante, escamoso e rígido, e que as relações
sexuais costumavam ser dolorosas (CALAINHO, 2008).
viva, Exu, viva a mulher de Exu! E perguntaram: – Qual é seu nome, dona
da festa? Ela respondeu: Sou a rainha Maria Padilha e vim para festejar.
No antigo cortejo nigeriano em louvor a Oxum chegara mais uma Lebara,
branca, diferente, a mais quente de todas (FARELLI, 2006, p. 7).
Instaura-se o elo entre o lado feminino de Exu, a Lebará dos cultos afros
yorubás, e a ‘Lebará branca’, das Macumbas cariocas brasileiras, por meio do mito,
da feiticeira andaluza, amante insaciável, fêmea indomável e sedutora. Maria
Padilha de Castela, depois de se manifestar por vários anos no Nordeste brasileiro,
migrou e se solidificou no Rio de Janeiro, a partir do final do século XIX, na
Macumba carioca, tornando-se um Exu-alma-feminina, ou a mulher de Exu-alma, e
foi consagrada a rainha carioca da magia (AUGRAS, 2009; FARELLI, 2006).
Após essa associação da Lebará africana, o lado feminino de Exu yorubano e o
duplo feminino de Bombogiro banto, com a rainha branca Maria Padilha de Castela,
ela passa a ser invocada nos terreiros de religiões sincréticas afro-brasileiras,
presentes em todo o País; expressa-se como a Pombagira Maria Padilha, a mulher de
Lúcifer. Como alude, o ponto abaixo cantado:
4
Médium é uma pessoa que se comunica com espíritos. Serve de intermediário entre os seres
desencarnados e os seres encarnados. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/escolar/ingles/
definicao/ingles-portugues/medium_16328.html Acesso em: 28 dez. 2014.
Maria Navalha (Figura-8) e Maria Padilha com toda a sua quadrilha tornam-
se as subversoras da ordem vigente estabelecida e enfrentam, no início do século
XX, o desafio de um processo de transformações socioculturais, religiosas,
econômicas e políticas trazidas pela sociedade emergente, eivadas de normas
rígidas, de moralidades, posturas e políticas de branqueamento, preconceitos e
puritanismos (MEYER, 1993; ORTIZ, 1999). Nesse diapasão,
Eu sou Pombagira,
E vim p'ra trabalhar.
Sou mulher de sete Exus,
E todo o mal vou levar.
Eu tenho uma rainha,
E tenho um rei,
Obedeço Exu Veludo,
Pois é ordem do meu rei.
Gira, gira, gira,
Vamos todos girá,
Já chegou a Pombagira,
Que veio para trabalhar (BITTENCOURT, 2011, p. 29).
as musas das ruas, é a musa que viceja os becos e rebenta nas praças,
entre o barulho da população e a ânsia de todas as nevroses, é a musa
igualitária, a musa-povo, que desfaz os fatos mais graves em lundus e
cançonetas, é única sem pretensões porque se renova com a própria vida
(JOÃO DO RIO, 2013, p. 219).
tendências sexuais. Ela procura resolver as aflições dos consulentes com rapidez,
principalmente, os problemas ligados aos amores e paixões mal resolvidas, e
também procura solucionar determinadas anomalias e problemas psicológicos,
causados pelos processos de exclusão e de desigualdade social, trazidos pelo
sistema capitalista que afetam diretamente as camadas mais carentes da
sociedade, mormente, nas grandes metrópoles (ORO, 2012, p. 562-562).
Ressaltamos que a Pombagira sobrevive de forma ambivalente. Em alguns
Estados e em determinados segmentos afro-brasileiros, ela se expressa de
maneira escamoteada e controlada, e em outros, de forma natural ou original. Em
essência, ela mantém as mesmas características inicialmente explicitadas nos
rituais da Macumba, como uma entidade astuta, libertária, sensual, revolucionária e
subversora da ordem estabelecida. A Pombagira apresenta características
idênticas às da deusa Lilith, da mitologia Anunnaki-Sumeriano-Babilônico. A deusa
Lilith representa o mito libertário feminino, a insubmissa, que se rebelou contra a
dominação masculina, na aurora dos tempos e foi expulsa do paraíso, tornando-se
um símbolo de rebeldia e resistência feminina.
CAPÍTULO II
LILITH, O MITO LIBERTÁRIO
Lilith é uma palavra hebraica e foi encontrada, pela primeira vez, numa
versão traduzida em aramaico sob o nome Lilita. Versão essa oriunda de
fragmentos das tábuas ou tabuletas de argilas escritas em cuneiformes
encontradas nas ruínas da antiga Suméria, na Mesopotâmia, na obra épica
conhecida como a epopeia de Gilgamesh (HURWITZ, 2006).
O gigante Gilgamesh era um semideus, descendente dos deuses anunnakis
ou anunnaques, da mitologia sumeriana, que foram os criadores primordiais da
civilização da Suméria. De acordo com a gênesis sumeriana, encontrada por
arqueólogos e traduzida por sumeriólogos, dentre eles, o arqueólogo Zecharia
Sitchin que afirma que, “desde os primórdios o homem soube que seus criadores
viviam no Céu – anunnaques. Ele os chamou, literalmente ‘aqueles que do Céu
para a Terra vieram” (SITCHIN, 2008, p. 87).
A civilização sumeriana são os povos que habitavam a região compreendida
entre os rios Tigre e Eufrates que de acordo com “os textos antigos davam à parte
da Mesopotâmia vizinha do Golfo Pérsico o nome de País de Sumer, chama-se
sumério esses predecessores dos semitas” (GIORDANI, 1987, p. 131).
de vida, prazeres, seduções, uniões e alegrias, ora como aquela que causa dores,
tristezas, mortes e destruições.
depois do céu e da terra terem sido separados e feitos terem sido criados,
depois de Anu, Enlil e Ereskigal terem tomado posse do céu, terra e do
submundo; depois que Enki havia deslizado para o submundo e o mar
baixar e afluir em honra de seu senhor; neste dia, uma árvore huluppu que
havia sido plantada sobre as margens do Eufrates e nutrida por suas
águas foi arrancada pelo vento do sul e levada para longe do Eufrates.
Uma deusa que estava andando entre às margens siezed a árvore
oscilada E – sob o comando de Anu e Enlil – Levou-a para o jardim de
Inanna em Uruk. Inanna cuidou da árvore atentamente e amavelmente ela
esperava ter um trono e uma cama feitos para ela de sua madeira. Depois
de dez anos, a árvore havia crescido. Mas neste meio tempo, ela
descobriu para seu desânimo/assombro que suas esperanças não
poderiam ser realizadas. Porque durante aquele tempo um dragão havia
construído seu abrigo nos pés da árvore e o pássaro Zu havia criado sua
prole na copa, e o demônio Lilith havia construído sua casa no meio. Mas
Gilgamesh, que havia ouvido a dificuldade de Inanna, veio em seu
socorro. Ele pegou seu pesado escudo e matou o dragão com seu
machado de bronze maciço, que mede sete talentos e sete minas. Então o
pássaro Zu voou para as montanhas com sua prole, enquanto Lilith,
petrificada de medo, fugiu de sua cada e voou para o deserto.
5
As figuras ilustrativas e alusivas à deusa Lilith e às deusas correlatas são inspiradas no modelo
estético de beleza apresentada na estátua mais antiga da deusa Lilith, encontrada na Suméria,
Fig. 12, que reproduz sua estética e beleza mítica da época, que condiz com a estética e beleza
feminina dos dias atuais. Assim, como o metrossexual é inspirado no modelo estético de beleza
do deus Apolo da mitologia grega.
Há outra versão sobre Lilith ligando-a à suméria, sob o nome “Lulu que
significa libertinagem. Lilith seria, pois, um verdadeiro demônio noturno que excita a
volúpia” (SECUTERI, 1985, p. 41). Lilith surge em outros textos, como um grande
demônio feminino, que domina todos os métodos de seduções. Ela
o mito de Lilith pertence à grande tradição dos testemunhos orais que estão
reunidos nos textos da sabedoria rabínica definida na versão jeovística, que
se coloca lado a lado precedendo-a de alguns séculos da versão bíblica dos
sacerdote. Sabemos que tais versões do Gênesis – e particularmente o mito
do nascimento da mulher – são ricas de contradições e enigmas que se
anulam. Nós deduzimos que a lenda de Lilith, primeira companheira de
Adão, foi perdida ou removida durante a época de transposição da versão
jeovística para aquela sacerdotal, que logo após sofre as modificações dos
pais da Igreja (SECUTERI, 1985, p. 23).
criada do mesmo material que Adão, e a o mesmo tempo que ele. No Zohar, o livro
do esplendor, da literatura rabínica e da cabala judaica, ela aparece como a Lilith
original, o “alguém” ou simplesmente “uma mulher” ao lado de Adão, e com ele se
ele a sexualidade em toda sua plenitude, extravasando os seus desejos mais ardentes,
longe da dominação masculina opressora. Lilith, a partir daí, passou a voar na noite dos
tempos à procura de Samael, considerado por ela como seu par sexual ideal que lhe
propiciava a sua completude como fêmea. Enquanto seu parceiro Adão dormia, ela se
encontrava com seu amante, nas profundezas escuras de uma caverna (PASCALE,
2010; MAFFESOLI, 2004; REICH, 1977; BALANDIER, 1997). Na concepção de
Bourdieu,
Adão e Eva, e sim de Lilith, a primeira mulher de Adão, portanto, fruto dos
encontros clandestinos de Lilith com Samael, o querubim, ou o primeiro anjo caído
(PASCALE, 2010).
Por outro lado, de acordo com Laura Botelho (2011), o deus anunnak Ea Enki
(o senhor da Terra), da mitologia sumeriana, seria o mesmo Samael (o veneno de
deus) das literaturas sagradas hebraicas ou rabínicas, e também o Lúcifer (o
portador de luz) ou a estrela da manhã da Bíblia, que teve relações sexuais com
Eva, e dessa união nasceu Caim. Todavia, a esposa de Enki era a deusa Ninmha,
ou Inanna que, consequentemente, seria também Lilith. Percebemos que na primeira
versão Caim é filho de Samael, que é o mesmo Enki, e também Lúcifer, que teria se
relacionado com Lilith (Figura-19), a primeira mulher de Adão. Na segunda versão,
Enki, ou Samael, ou Lúcifer, teria se relacionado sexualmente com Eva e não com
Lilith. No entanto, Lilith está sempre presente; quando não é a protagonista, é a
coadjuvante, ou seja, está à frente, por trás ou ao lado dos acontecimentos, atuando
ou induzindo-os, tendo em vista que Lilith é portadora de atributos do lado noite, da
deusa Inanna ou (Ninmha). Nesse sentido,
Lilith é vista como a causadora da perdição de Eva, por ter pecado contra o
Criador, ou seja, contra o responsável por sua pecabilidade. O livro O Zohar
Ishtar era sem dúvida uma deusa bela e terrível. Sua beleza fica clara em
um hino composto em 1600 a.C.; “Reverenciai a rainha das mulheres, a
maior entre todos os deuses; o amor e o deleite revestem seu corpo; ela
está cheia de ardor, encanto e voluptuosa alegria; seus lábios são doces,
sua boca é a vida, a felicidade atinge seu auge quando ela está presente;
que visão gloriosa! Os véus cobrindo seu rosto, suas graciosas formas,
seus olhos cheios de brilho”. Esta é a radiante deusa do amor em sua
primeira aparição a Gilgamesh, mas ela logo se transforma e assume uma
face mais familiar, o da “Senhora das dores e das batalhas” [...] Em uma
análise mais aprofundada, podemos compreender onde se encaixa o
arquétipo na psique dos seres humanos dessa bela e terrível deusa,
traçando-se um paralelo entre a existência física de certas mulheres e o
aparente poder hipnótico e sedução que as mesmas possuem, que
sintetizam bem o caráter da deusa Ishtar como a personificação da
complexidade feminina: a dança e sensualidade (MANN, 2007, p. 1).
6
As prostitutas sagradas do templo eram as sacerdotisas que tinham relações sexuais com
estrangeiros, para arrecadarem dinheiro para o templo. Essas prostitutas sagradas também
participavam do culto orgíaco em homenagem as deusas e aos deuses da fertilidade para que
esses proporcionassem uma colheita farta.
sexual, assim como a libido, revigoram e reanimam, ou seja, propiciam uma vida
nova. Nesse sentido, a Pombagira, como um agente libertário feminino, faz alusão
nos terreiros, ao sugerir a troca do senex, o velho, pelo o puer, o novo, no sentido
de mudanças, de renovação e libertação.
CAPÍTULO III
POMBAGIRA, O AGENTE LIBERTÁRIO FEMININO
comandadas verticalmente pelo homem, que exigia ficar numa “posição considerada
normal [...] logicamente, é aquela em que o homem “fica por cima” (BOURDIEU,
2010, p. 27). Ao contrário de Lilith, que reivindicou ficar no comando da relação
sexual por cima do parceiro, caracterizando uma inversão dos papeis, e subversão
do poder masculino, ou seja, colocado à mulher em pé de igualdade. Isso caracteriza
uma forma de denúncia pública. É uma luta falar desses acontecimentos, é “nomear,
dizer quem fez, o que fez, designar o alvo – é uma primeira inversão de poder, é um
primeiro passo para outras lutas contra o poder” (FOUCAULT, 1979, p. 76).
De acordo com Bourdieu, essa posição sexual em que a mulher fica por cima
do homem fora condenada por grande parte das civilizações porque caracterizava a
dominação daquele ou daquela que ficava por baixo (HURWITZ, 2006; BOURDIEU,
2010). No que se refere à questão de gênero, a representação da Pombagira como
símbolo libertário representou e representa a luta das mulheres contra a dominação
masculina. A mulher, ao longo do tempo, vem buscando a sua emancipação,
procurando ser sujeito da história, negando sistematicamente a condição de objeto,
pois “toda mulher mito devia destruir o estereótipo que ela porta” (GOLDENBERG,
2008, p. 206).
No que tange à sexualidade, percebemos que a Pombagira, como portadora
das lembranças primordiais do mito da deusa Lilith, é o elemento questionador da
opressão sexual vivenciada pelas mulheres. Menezes (2009) argumenta que a
Pombagira como agente transformador que não permite simbolicamente que as
mulheres se submetam às construções socioculturais da feminilidade, às
condições de submissão, passividade, e no campo da sexualidade, propiciam
serem donas da última palavra, do direito de dizer "não".
Esses construtos socioculturais que colocaram as mulheres como submissas
a seus maridos não é um processo natural, e sim histórico, extraído de textos
bíblicos que foram reforçados, principalmente na idade média, pela Igreja, no
Concílio de Latrão (FOUCAULT, 1988). Dessa forma, “o pecado da mulher é o
sexo, da vida dissoluta, do desregramento, e o pecado original que fez o homem
se perder” (PRANDI, 2001, p. 10). Para Muraro (1983), os valores impostos às
mulheres ao longo do tempo, dificultaram e as colocaram sempre em
desigualdade perante o homem. Nesse sentido, a legitimação do patriarcalismo
vem minando as lutas por igualdade entre os sexos e, nesse contexto, a mulher
No Zohar Hadasch (seção Utro, pag. 20) está escrito que Samael – o
tentador – junto com sua mulher, Lilith, tramou a sedução do primeiro
casal humano. Não foi grande o trabalho que Lilith teve para corromper a
virtude de Adão, por ela maculada com seu beijo. O belo arcanjo Samael
fez o mesmo para desonrar Eva (SANTOS, 2010, p. 4).
a serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos, que Iahweh
deus tinha feito. Ela disse á mulher: então Deus disse: Vós não podeis
comer de todas as árvores do Jardim? A mulher respondeu à serpente: Nós
podemos comer do fruto das árvores do Jardim. Mas do fruto da árvore que
está no meio do jardim, Deus disse: Dele não comereis, nele não tocareis,
sob pena de morte. A serpente disse então à mulher: Não, não morrereis!
Mas deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão
e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal (Gn 3,1-5).
3.1.1 Mulheres com ideais libertários que sublevaram contra o poder masculino
essa Rainha seria uma espécie de Candance, título dado a uma linhagem
de rainhas guerreiras, do reino kushita de Meroé, no sul do Egito. É
importante esclarecer que na Antiguidade, o termo Etiópia era utilizado
para denominar a região onde se situavam os povos negros do continente
africano, o que poderia se referir à Núbia do sul do Egito e ao Sudão. De
acordo com o historiador Flávio Josefo, a Rainha de Sabá foi uma
soberana que visitou o Rei Salomão em Jerusalém, no antigo reino de
Israel, e foi identificada como sendo “Rainha do Egito e da Etiópia”
(SOUZA, 2013, p. 2).
Outra mulher com características lilithianas foi Cleópatra, a rainha do Egito, que
viveu meio século a.C. Ela era uma mulher considerada astuta, sensual, culta,
bonita e senhora dos seus desejos, e vivenciando intensamente as paixões carnais
a volúpia do sexo e o amor pelo poder. Ela mesma escolhia os seus parceiros e
não aceitava a dominação masculina sobre ela, nem mesmo dos principais
esposos, os imperadores Júlio César e Marco Antônio (GEORGE, 2011).
Figura 33: Czarina Alexandra Romanov e Anna Taneiev –Vyrubova - Tamanho: 315x393
Fonte: http://forum.alexanderpalace.org/index.php?action=profile;u=530;sa=showPosts
do monge, e garantia a sua estadia no palácio real com trânsito livre. Nesse contexto,
Rasputin tornou-se dessa forma o agente despertador da Lilith adormecida alma, na
memória e no imaginário das mulheres do palácio, conforme a letra da música,
Rasputin, de Autoria de Boney M.
Ra ra Rasputin
Amante da rainha russa
Colocaram um pouco de veneno em seu vinho.
Ra ra Rasputin
A maior máquina de amor da Rússia,
Ele bebeu tudo e disse "estou bem!"
Ra ra Rasputin
Amante da rainha russa
Ele não se foi, queriam sua cabeça
Ra ra Rasputin
7
There lived a certain man in Russia long ago
He was big and strong, in his eyes a flaming glow
Most people looked at him with terror and with fear
But to Moscow chicks he was such a lovely dear
He could preach the bible like a preacher
Full of ecstacy and fire
But he also was the kind of teacher
Women would desire
RA RA RASPUTIN
Lover of the Russian queen
There was a cat that really was gone
RA RA RASPUTIN
Russia's greatest love machine
It was a shame how he carried on
He ruled the Russian land and never mind the czar
But the kasachok he danced really wunderbar
In all affairs of state he was the man to please
But he was real great when he had a girl to squeeze
For the queen he was no wheeler dealer
Though she'd heard the things he'd done
She believed he was a holy healer
Who would heal her son
But when his drinking and lusting and his hunger
for power became known to more and more people,
the demands to do something about this outrageous
man became louder and louder.
"This man's just got to go!" declared his enemies
But the ladies begged "Don't you try to do it, please"
No doubt this Rasputin had lots of hidden charms
Though he was a brute they just fell into his arms
Then one night some men of higher standing
Set a trap, they're not to blame
"Come to visit us" they kept demanding
And he really came
RA RA RASPUTIN
Lover of the Russian queen
They put some poison into his wine
RA RA RASPUTIN
Russia's greatest love machine
He drank it all and said "I am fine"
RA RA RASPUTIN
Lover of the Russian queen
They didn't quit, they wanted his head
RA RA RASPUTIN
Russia's greatest love machine
And so they shot him till he was dead
Sexo era a sua primeira necessidade. E o que era pior, poderia ter sempre
os homens que desejasse. A sua compulsão tinha um exagero que
ninguém na época podia explicar ou mesmo compreender. Para ela sexo
era de uma importância tão crucial que ficava doente quando não tinha
alguém para aplacar a fúria de seu apetite descomunal [...] Não se
importava com a quantidade de homens que poderia ter, mas a virilidade
de alguém que pudesse contentar a sua tenebrosa ânsia sexual
(PINHEIRO, 2013, p. 1).
Senhora muito rica e respeitada pela sociedade mineira da época, ela era
colaboradora e praticante fiel da Igreja. Proprietária de escravos, e de grande
quantidade de gados, cavalos e terras. Ela passou a ser senhora, também, do seu
corpo, e escolher os seus parceiros. Habilidade essa que havia demonstrado
quando ainda muito jovem ao escolher seu marido num período em que as
mulheres não escolhiam seus futuros esposos, porque isso era uma tarefa dos
pais, no entanto, ela contrariou a vontade de seus pais, rompendo com os
paradigmas do período colonial do Brasil. Com isso, passou a ser vista como,
Araxá que, com seu poder mágico e sedutor, dominava os homens, fazendo-os se
encantarem com sua beleza. Como descreve um poema abaixo dedicado a ela:
Luz del Fuego, Dora Viavcqua (Figura-39), que significa água viva,
Fonte: http://letras.mus.br/rita-lee/165376
Fonte: http://letras.mus.br/rita-lee/48504
Fonte: http://letras.mus.br/gal-costa/por-baixo/#
“ela é temida e ridicularizada, é vista sob um aspecto negativo, mas reconhecida [...] o
mito aborda, em sua linguagem própria, a ambiguidade do social e o aleatório que o
afetam: ele resulta de uma oscilação necessária entre aliança e enfrentamento, ordem
e desordem” (BALANDIER, 1997, p. 22).
Para Jung (2011), Hillman (1981) e Balandier (1997) todas essas tendências
estavam armazenadas no inconsciente, ou na memória de cada uma delas, e
eclodiram através do consciente ou do imaginário, externados por lembranças e
imagens que existiam contidas na memória ou arquétipos. Esther Harding (1985)
afirma que as mulheres não sabem e não tem consciência da fera indomável que
existe dentro delas, no fundo do seu ser feminino, e dos segredos obscuros que
existem na natureza feminina. Nas civilizações ocidentais, a mulher foi totalmente
domesticada e adestrada, não sendo permitido ver a sua real essência. “A mulher
tornou-se completamente organizada e convencional. O resultado foi que não só
esses relacionamentos sociais e domésticos se tornaram gastos e estéreis, mas a
própria mulher passou a sofrer por estar separada das fontes de vida, das
profundezas do seu ser” (HARDING, 1985, p. 66).
Lilith, enquanto mito primordial ou arquétipo da mulher selvagem, da fera
indomável, irá romper com a dominação masculina e a ordem social, cultural e
religiosamente estabelecida, e quebrar esses paradigmas que vêm desde os
primórdios da humanidade. Lilith, enquanto agente libertário, induzirá as mulheres
em busca de si mesmas (CONO, 2005), a despeito do que possa resultar daí
contra elas, em decorrência das insurgências em face dos construtos instaurados.
Exemplo atual dos ímpetos de liberdade lilithianas que expressam a
influência do arquétipo de Lilith, como agente libertário feminino, foi o
acontecimento que teve lugar no parque Moinhos de Vento (Parcão), em Porto
Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, no dia 30/10/2014 às 13h:38 quando uma
mulher de 30 anos de idade (Figura-41), com sua identidade não revelada pela
imprensa, corria nua em plena luz do dia, fazendo exercícios físicos. Ao ser detida
pela Brigada Militar (PM), ela respondeu apenas que corria pela liberdade. “A
reportagem de ZH falou com a mulher, brasileira, que não quis revelar seu nome.
Depois de dizer que gostava de pular de asa-delta, ela expressou o motivo por ter
tirado a roupa: — Eu estava correndo pela liberdade” (http://zh.clicrbs.com.br)
Outro ponto cantado de Pombagira que faz alusão ao Lúcifer da bíblia, que
do ponto de vista judaico-cristão, tronou-se adversário do Criador.
Fonte: http://www.vagalume.com.br/rita-lee/strip-tease.html
CONCLUSÃO
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