Hierarquia Das Politicas Publicas G1

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Licenciatura em Administração Pública


Cadeira: Análise de Políticas Públicas

Tema: Análise Hierárquica de Políticas Públicas sobre Água e Saneamento

Discentes: Docente:
CHAVESSE, Zenalda Dra. Sélcia Lumbela
MAGAIA, Julieta
MANJATE, Marcos
MUNGUAMBE, Leodomira
MUTOTA, Nércia
MUIAMBO, Madalena
MUIANGA, Honório
PIRA, Tima

Maputo, Fevereiro de 2021

Índice
Principais siglas e acrónimos.............................................................................................2

1. Introdução..................................................................................................................3

2. Definição de conceitos-chave....................................................................................4

2.1. Água....................................................................................................................4

2.2. Saneamento.........................................................................................................5

2.2.1. Política.........................................................................................................6

2.2.2. Políticas públicas.........................................................................................6

2.3. O Direito Humano a Água e Saneamento...........................................................6

3. Políticas Públicas De Água e Saneamento.................................................................6

3.1. Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)..........................................7

3.2. Plano De Acção Estratégico Regional Sobre Desenvolvimento e Gestão de


Recursos Hídricos Integrados IV – SADC....................................................................8

3.2.1. Estudo Comparado das duas políticas públicas...........................................9

3.3. Política pública sobre água e saneamento, plasmada na Resolução n.o40/2018


de 24 de Outubro..........................................................................................................10

3.3.1. Estudo comparado do Plano De Acção Estratégico Regional Sobre


Desenvolvimento e Gestão de Recursos Hídricos Integrados IV – SADC e o Plano
de Acção do Sector De Águas plasmado na Resolução n.o40/2018 de 24 de
Outubro.11

4. Considerações Finais................................................................................................13

1
Principais siglas e acrónimos
ODS…………………….Objectivos de Desenvolvimento Sustentável

OMS……………………..Organização Mundial de Saúde

ONU…………………….Organização das Nações Unidas

PDD…………………….Plano Estratégico de Desenvolvimento do Distrito

PRONASAR……………Programa Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento


Rural

RSAP IV……………….Plano De Acção Estratégico Regional Sobre Desenvolvimento


e Gestão de Recursos Hídricos Integrados IV

SADC………………….Comunidade para o Desenvolvimento de África

1. Introdução

O acesso à água potável e ao saneamento seguro continua a ser um dos maiores desafios
em África e em Moçambique em particular. Estima-se que a higiene precária e a falta de

2
saneamento adequado contribuam em cerca de 90% para todas as mortes que se
registam devido a doenças diarreicas nos países em desenvolvimento como
Moçambique (ROSC, 2014).

Este é o tema a tratar no presente trabalho, o qual consiste na análise de três políticas
públicas, dispostas de maneira hierárquica, das quais a posição de topo é tomada pelos
Objectivos de Desenvolvimento Sustentável 6, como a de âmbito universal; seguida
pela política de âmbito regional, o Plano De Acção Estratégico Regional Sobre
Desenvolvimento e Gestão de Recursos Hídricos Integrados IV da SADC; e pela
política nacional, a Resolução n.o40/2018 de 24 de Outubro, sobre água e saneamento,
para além destas, podem ainda encontrar-se politicas hierarquicamente inferiores, como
as políticas de nível Transversal, sectorial, provincial até políticas de nível distrital,
como o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Distrito (PDD).

Objectivos:

a) Geral
 Ponderar entorno da hierarquia das políticas públicas de água e saneamento.
b) Específicos
 Identificar a relação hierárquica entre as políticas públicas;
 Analisar os aspectos de convergência e divergência entre as políticas
públicas em análise, bem como seus elementos de formação e formulação.

Metodologia

Dada a natureza do trabalho, cingimo-nos na análise individual de cada documento e


posterior confrontação de seus conteúdos, o que corresponde ao método da heurística,
consistindo na busca e selecção de informação e a hermenêutica que diz respeito a
interpretação científica do material seleccionado.

Parte I

2. Definição de conceitos-chave
2.1. Água

3
Água é um recurso natural abundante, caracterizada por ser líquida, incolor e insípida.
Além do estado líquido, esse recurso pode ser encontrado também no estado sólido,
constituindo as geleiras e neves, e também no estado de vapor, encontrado no ar e
constituindo as nuvens e a neblina.

A água é responsável pela existência de vida na Terra, compõe não só a camada da


Terra conhecida como hidrosfera mas também o corpo humano.

Inquérito de Base 2011 do Programa Nacional de Abastecimento de Agua e Saneamento


Rural (PRONASAR), indica que a grande maioria dos agregados familiares (94%), não
usa nenhum método de tratamento da água, o que é preocupante, na medida em que
55% dos agregados familiares nas zonas rurais buscam água para consumo em poços
não protegidos e em rios ou lagoas.

“O acesso à água potável é uma necessidade humana fundamental e portanto, um


direito humano básico. A água contaminada põe em risco a saúde física tanto como a
saúde social de todas as pessoas. É uma afronta à dignidade humana.” – Kofi Annan,
ex- Secretário-geral das Nações Unidas1

2.2. Saneamento

Sanear quer dizer tornar são, sadio, saudável. Pode-se concluir, portanto, que
Saneamento equivale a saúde. Entretanto, a saúde que o Saneamento proporciona difere
daquela que se procura nos hospitais e demais postos de saúde, para os quais são
encaminhadas as pessoas que já estão efectivamente doentes ou, no mínimo, presumem
que estejam. Ao contrário, o Saneamento promove a saúde pública preventiva,
reduzindo a necessidade de procura aos hospitais e postos de saúde, porque elimina a
chance de contágio por diversas moléstias. Isto significa dizer que, onde há
Saneamento, são maiores as possibilidades de uma vida mais saudável e os índices de
mortalidade, principalmente infantil, permanecem nos mais baixos patamares.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controlo de todos os


factores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre
o bem-estar físico, mental e social. De outra forma, pode-se dizer que saneamento
1
Cf. ROSC. O Direito a Água e ao Saneamento como um Pilar Chave para o Desenvolvimento Humano.
Moçambique: 2014.

4
caracteriza o conjunto de acções socioeconómica que têm por objectivo alcançar
Salubridade Ambiental.2

- Salubridade ambiental, é o estado de higidez - estado de saúde normal - em que vive a


população urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou
impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como
no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas -
que diz respeito ao clima e/ou ambiente - favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-
estar.3

O Inquérito do PRONASAR indica, ainda, no que se refere ao saneamento, que apenas


22% dos agregados familiares tem acesso a serviços ou infra-estruturas de saneamento
não partilhados e as disparidades entre a zona urbana (44%) e rural (12%) são
igualmente bastante elevadas.

2.2.1. Política

Segundo Heywood, política é a actividade através da qual as pessoas fazem, preservam


e emendam as regras gerais sobre as quais vivem.

2.2.2. Políticas públicas

De acordo com Sitoe (2006:2) Politicas pulicas são decisões tomadas pelo governo - ou
sector público, num sentido mais geral - que de forma intencional e significativa
afectam uma actividade ou sector da sociedade (apud Sitoe e Lumbela, 2013:10).

2.3. O Direito Humano a Água e Saneamento

Assegurar o acesso à água e ao saneamento enquanto direito humano constitui um passo


importante no sentido deste direito vir a ser uma realidade para todos. Em 28 de Julho
de 2010 a Assembleia Geral das Nações Unidas através da Resolução A/RES/64/292
declarou a água limpa e segura e o saneamento um direito humano essencial para gozar
plenamente a vida e todos os outros direitos humanos.

O abastecimento de água e a disponibilidade de saneamento para cada pessoa deve ser


contínuo e suficiente para usos pessoais e domésticos. Estes usos incluem,

2
Guimarães, Carvalho e Silva. Saneamento Básico. Brasil, 2007. P.1
3
Guimarães, Carvalho e Silva. Saneamento Básico. Brasil, 2007. P.2

5
habitualmente, água disponível para beber, saneamento pessoal, lavagem de roupa,
preparação de refeições e higiene pessoal e do lar. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), são necessários entre 50 a 100 litros de água por pessoa, por
dia, para assegurar a satisfação das necessidades mais básicas e a minimização dos
problemas de saúde.

A água e o saneamento são reconhecidos como um Direito Humano, consagrado pelas


Nações Unidas e como tal, é obrigação do Estado garantir que cada cidadão possa
usufruir deste direito.

Parte II

3. Políticas Públicas De Água e Saneamento

As políticas públicas têm uma determinada hierarquia, o que quer dizer que, há políticas
de nível mundial, como os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), políticas
de nível regional ou continental como o Plano De Acção Estratégico Regional Sobre
Desenvolvimento e Gestão de Recursos Hídricos Integrados IV, políticas de nível
Nacional, como o PQG, políticas de nível Transversal, sectorial, provincial até políticas
de nível distrital, como o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Distrito (PDD).

Apresentamos a seguir um estudo comparado de três políticas públicas, relativas a


água e saneamento, hierarquicamente dispostas:

3.1. Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Na hierarquia das políticas públicas os ODS são as políticas no auge, m cumprimento


dos quais, vários países, especialmente Moçambique, tiveram que traçar uma política
pública como é o caso, por exemplo, da política sobre o acesso a água e saneamento,
como veremos á seguir.

Os ODS representam um plano de acção global, uma continuidade dos Objectivos do


Desenvolvimento do Milénio, para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer
educação de qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover
sociedades pacíficas e inclusivas, até 2030.

6
É uma agenda para acabar com a pobreza até 2030, e buscar um futuro sustentável para
todos no planeta, adoptada em 25 de Setembro de 2015. Esta agenda representa uma
visão universal, integrada e de transformação para um mundo melhor, acabando com a
pobreza em todas as suas formas, sem deixar ninguém para trás.

A nova agenda consiste em 17 objectivos e 169 metas estendidos até ao ano 2030. Para
os fins dessa pesquisa, importa o objectivo 6, que é dedicado ao abastecimento de agua,
saneamento e higiene e recursos hídricos no quadro dos Objectivos de Desenvolvimento
Sustentável, o qual dispõe:

“Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para


todos”; com base na persecução até 2030, das seguintes metas:

1. Alcançar o acesso universal e equitativo à água potável, segura e acessível para


todos;
2. Alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e
acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades
das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade;
3. Melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e
minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo
à metade a proporção de águas residuais não tratadas, e aumentando
substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente;
4. Aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os sectores e
assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a
escassez de água, e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem
com a escassez de água;
5. Implementar a gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis,
inclusive via cooperação transfronteiriça, conforme apropriado;
6. Proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água, incluindo
montanhas, florestas, zonas húmidas, rios, aquíferos e lagos;

a) Ampliar a cooperação internacional e o apoio à capacitação para os países em


desenvolvimento em actividades e programas relacionados a água e saneamento,
incluindo a colecta de água, a dessalinização, a eficiência no uso da água, o
tratamento de efluentes, a reciclagem e as tecnologias de reuso;

7
b) Apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a
gestão da água e do saneamento.

3.2. Plano De Acção Estratégico Regional Sobre Desenvolvimento e Gestão de


Recursos Hídricos Integrados IV – SADC

O RSAP IV é o plano de implementação para a componente da água do Plano


Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP), um modelo dos
programas da SADC. Esta quarta fase do Plano de Acção Estratégico Regional
(RSAP IV) da SADC do Sector da Água constitui um programa de cinco anos,
programado para decorrer de 2016 a 2020. O RSAP IV foi desenvolvido através de
um vigoroso processo consultivo em que todos os Estados-membros da SADC
realizaram workshops nacionais de três dias para proporcionar input para o
processo de concepção. Estes foram consolidados e validados durante o workshop
regional de múltiplas partes interessadas, que teve lugar em Windhoek, na Namíbia,
em Setembro de 2015.

O principal objectivo desta 4a fase do Programa da Água da SADC é de


desbloquear o potencial da água (e recursos relacionados) de desempenhar o seu
papel como motor catalisador do desenvolvimento económico através do
desenvolvimento e gestão de infra-estruturas da água para apoiar o abastecimento e
saneamento da água, energia, segurança alimentar e segurança das calamidades
relacionadas com a água com o objectivo último de contribuir para a paz e
estabilidade, industrialização, integração regional e erradicação da pobreza.

O RSAP IV prevê o enfoque para o Sector das Águas da SADC durante os


próximos cinco anos e visa a implementação de intervenções prioritárias da
Estratégia Regional sobre a Água.

O RSAP é constituído por 8 programas, cada um dos quais contribui para a


realização dos objectivos estratégicos e operacionais do RSAP e são dispostos na
seguinte ordem:

8
1. Instrumentos Regionais De Cooperação, cujo objectivo é reforçar o
ambiente propício para a gestão coordenada e o desenvolvimento dos
recursos hídricos na região;

2. Estabelecimento E Reforço Da Cooperação Dos Estados Oceânicos E


Instituições De Cursos De Águas Partilhados (Swis) Nos Estados-Membros
Da SADC Do Continente, com o objectivo de desenvolver as capacidades
dos Estados-membros de garantir o estabelecimento dos acordos
institucionais da gestão eficaz das águas transfronteiriças e das Instituições
dos Estados Oceânicos de Cooperação para possibilitar a implementação do
RSAP (Programa Regional das Águas);

3. Integração Do Género, E Envolvimento Da Juventude E Das Partes


Interessadas, cujo objectivo é promover a integração do género, e o
envolvimento da juventude e das partes interessadas no sector da água;

4. Investigação E Desenvolvimento De Capacidade, cujo objectivo é


implementar o Plano de Desenvolvimento da Capacidade Humana da
SADC para o sector da águas, fortalecer as instituições e apoiar a
investigação em temas acordados relacionados com a água;

5. Desenvolvimento, Operação E Manutenção De Infra-estruturas, com o


objectivo de facilitar o desenvolvimento, financiamento, operação e
manutenção das infra-estruturas da água para o desenvolvimento
socioeconómico sustentável e a industrialização;

6. Gestão Dos Recursos Hídricos Para O Desenvolvimento Sustentável, cujo


objectivo é reforçar o desenvolvimento sustentável através da gestão
adaptativa dos recursos hídricos centrada nas pessoas com base nos
princípios de GIRH;
7. Variabilidade E Mudanças Climáticas, objectivo: melhorar a resiliência dos
Estados-membros aos impactos dos desafios e desastres relacionados com
os recursos hídricos provocados pela variabilidade e pelas mudanças

9
climáticas com base na melhor ciência disponível e incorporando os
conhecimentos e práticas locais e indígenas;

8. Abordagens Da Industrialização E Nexo, objectivo: contribuir para um


ambiente favorável para o crescimento industrial acelerado e levar a
abordagem água-energia-alimentos a proporcionar uma melhor
compreensão da abordagem do nexo na região da SADC;

Parte III

3.2.1. Estudo Comparado das duas políticas públicas

Os aspectos similares entre os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e o


Plano de Acção Estratégico Regional sobre Desenvolvimento e Gestão de
Recursos Hídricos Integrados Fase IV, que terão servido como linhas
orientadoras para a criação da política nacional sobre água e saneamento são:

 Ambos são instrumentos que obrigam a tomada de políticas nacionais;

 Em consonância com o objectivo 6.5 dos ODS, o Programa 2 do RSAP


pressupõe o estabelecimento e reforço da cooperação dos estados
oceânicos e instituições de cursos de águas partilhados (swis) nos
estados-membros da SADC do continente;

 Criação e melhoramento de instituições e programas e recursos


Humanos relacionados a agua e saneamento como se pode observar no
objectivo 6.6 a) dos ODS e o programa 4 do RSAP IV.

 Em consonância com o objectivo 6.6 dos ODS, o Programa 6 do RSAP


IV, pressupõe gestão dos recursos hídricos para o desenvolvimento
sustentável, com base na gestão dos ecossistemas relacionados com a
água.

Pontos divergentes

10
A questão do género não é abordada no mesmo sentido nos dois instrumentos; enquanto
os ODS tratam da inclusão do género no sentido de satisfação das necessidades das
mulheres e meninas, o RSAP IV, olha para o enquadramento do género no Sector da
gestão de águas da Região.

Com relação aos demais aspectos, ambas políticas distanciam-se, em aspectos


relativamente a matérias concretas das mesmas políticas públicas. Dentre tais aspectos
há que destacar nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, preocupação com a
educação inclusiva e equitativa; acesso a energia a preço acessível para todos e a
preocupação em assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis.

Para análise importam as políticas com pontos convergentes, pois essas são
responsáveis pela formação e adopção do RSAP, como uma política pública que está na
segunda posição hierárquica e de nível regional.

O RSAP difere dos ODS á medida em que o primeiro é objectivo, concreto e sintético
nos aspectos partilhados. Enquanto os ODS limitam-se apenas nas questões da
disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos, o RSAP enuncia
por exemplo, a questão, da integração da juventude no sector da água, aplicação da
ciência do cidadão sobre a água, a formação de profissionais da água sobre as relações
dos médias, variabilidade e mudanças climáticas.

Parte IV

3.3. Política pública sobre água e saneamento, plasmada na Resolução


n.o40/2018 de 24 de Outubro

Resolução aprovada pelo Conselho de Ministros que aprova o Plano de Acção do Sector
de Água para a Implementação dos Objectivos De Desenvolvimento Sustentável 2015-
2030. Havendo necessidade de definir acções, indicadores, metas e necessidades
financeiras no âmbito da materialização do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável
2015-2030, para o Sector de Águas, ao abrigo do disposto na alínea f) do n o 1 do Artigo
203 da Constituição da República.

11
A luz disso, a resolução é embasada sobre o seguinte aspectos:

 Aprovação do Plano de Acção do Sector De Águas para a implementação os


objectivos do Desenvolvimento Sustentável 2015-2030.

Para o cumprimento do Plano de Acção do Sector de Águas foram estabelecidos os


seguintes indicadores:

 Aumentar a capacidade de armazenamento da água para a satisfação das


necessidades básicas e económicas em 30%;
 Prevenção e mitigação de impactos de eventos extremos, como desastres;
 Melhoria da cobertura da rede de monitoria e monitoria de recursos hídricos;
 Desenvolvimento de instrumentos de gestão de recursos hídricos;
 Implementação de estratégia de cooperação internacional sobre os cursos de
água compartilhados no âmbito da SADC;
 Consolidação da gestão descentralizada dos recursos hídricos e;
 Melhorar a sustentabilidade das instituições de gestão operacional.

3.3.1. Estudo comparado do Plano De Acção Estratégico Regional Sobre


Desenvolvimento e Gestão de Recursos Hídricos Integrados IV – SADC e o
Plano de Acção do Sector De Águas plasmado na Resolução n. o40/2018 de
24 de Outubro.

O ponto de convergência entre as políticas públicas (regional e nacional) verificam-se


no que respeita ao uso equitativo e sustentável da água para a justiça social e ambiental,
a integração regional e o benefício económico para as gerações actuais e futuras.

Ambos os documentos dão enfâse ao facto da água ser um potencial recurso para o
desenvolvimento nacional através de sua disponibilização para:4

 Operacionalizar sistemas de rega de pequena escala existentes e viabilizar novos


sistemas onde aplicável, tendo em conta a viabilidade ambiental dos mesmos;

 Promover os grandes esquemas hidroeléctricos de media dimensão tendo em


conta sua viabilidade e sustentabilidade técnica, económica e ambiental e,

 Garantir a provisão de água para as necessidades industriais


4
Cf. Resolução n.O 40/2018 de 24 de Outubro p. 2626 e 2627 e o Programa 8.2.3 do RSAP IV

12
Não obstante essa similaridade, o Plano de Acção do Sector De Águas, plasmado na
Resolução n.o 40/2018 de 24 de Outubro, pag. 2653 relaciona a questão da água com a
governação como elemento primordial para a realização dos objectivos estratégicos
sobre os recursos hídricos de Moçambique o que não se observa no RSAP-IV.

13
4. Considerações Finais

A relação hierárquica de políticas públicas, é uma relação processual. O que significa


que as políticas hierarquicamente superiores servem de fonte para formação e
formulação das demais políticas, até ao nível inferior da hierarquia. As políticas
públicas de âmbito universal tendem a ser mais generalistas e abrangentes, elencando
pontos diversificados, situação que se vai modificando á medida que as políticas se
estreitam, baixando de hierarquia, as de âmbito regional dispõem das matérias no seu
próprio âmbito, tendem a concentrar-se em matérias relativamente próprias á sua região,
geralmente são abrangentes e tomadas por organizações como a SADC, a União
Africana entre outros.

Já as de âmbito nacional, que são as políticas públicas hierarquicamente inferiores


tendem a ser selectivas, no que respeita à incorporação do conteúdo material das
políticas hierarquicamente superiores. O que significa que abordam as diferentes
matérias das políticas públicas hierarquicamente superiores de maneira especializada;
concentram-se em poucas, senão mesmo numa matéria das políticas que lhes são
superiores.

A disposição hierárquica das políticas públicas facilita, até certo ponto, a sua formação,
formulação, o processo decisório, sua implementação e a sua avaliação, tornando as
politicas públicas mais operacionais sob o ponto de vista de sua implementação, pois
tais procedimentos permitem que as politicas públicas sejam tomadas, não de modo
arbitrário, mas tendo em conta os factores culturais, geográficos e socioeconómicos de
cada região.

Este é o aspecto observado nas três políticas públicas aqui analisadas, pois, enquanto a
de âmbito universal ou continental é mais generalista, a de carácter nacional tende a
considerar aspectos relativamente pertinentes sob o ponto de vista nacional, sem os
quais, pode ser impossível alcançar as políticas de âmbito universal.

14
Referências Bibliográficas

ONU. Objectivos do Desenvolvimento Sustentável. 2015-2030.

SADC, Regional Strategic Action Plan on Integrated Water Resources Development


and Management Phase IV, RSAP IV, Gaborone, Botswana, 2016.

Resolução n.o40/2018 de 24 de Outubro: Aprova o Plano de Acção do Sector de Águas


para a Implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável 2015-2030.

ROSC. O Direito a Água e ao Saneamento como um Pilar Chave para o


Desenvolvimento Humano. Moçambique: 2014.

SITOE, Eduardo & LUMBELA, Sélcia. Planificação, Análise e Avaliação de Políticas


Públicas. Maputo, texto não publicado, 2013.

Nome do estudante Actividade Percentagem


CHAVESSE, Zenalda Leu todas as bibliografias indicadas e 80%
participou de todos encontros.
MAGAIA, Julieta Leu todas as bibliografias indicadas e 85%
participou de todos encontros.
MANJATE, Marcos Leu todas as bibliografias indicadas e 80%
participou de todos encontros.
MUNGUAMBE, Leu todas as bibliografias indicadas e 80%
Leodomira participou de todos encontros.
MUTOTA, Nércia Leu todas as bibliografias indicadas e 85%
participou de todos encontros.
MUIAMBO, Madalena Leu todas as bibliografias indicadas e 80%
participou de todos encontros.
MUIANGA, Honório Leu todas as bibliografias indicadas e 80%
participou de todos encontros.
PIRA, Tima Alega ter lido, mas não participou de 10%
nenhum encontro.

15

Você também pode gostar