DISSERTAÇÃO - Isolamento CaracterizaçãoLeveduras

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS


NÚCLEO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

Isolamento e Caracterização de Leveduras com


Potencial para a Biorremoção do Manganês

Soraya Sander Amorim

Ouro Preto, 2014


UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS
NÚCLEO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

Isolamento e Caracterização de Leveduras com


Potencial para a Biorremoção do Manganês

Orientador(a): Profa. Dra. Renata Guerra de Sá Cota

Dissertação submetida ao Programa de Pós-


graduação em Biotecnologia do Núcleo de
Pesquisa em Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Ouro Preto, como
parte integrante dos requisitos para a obtenção
do título de Mestre em Biotecnologia, área de
concentração Genômica e Proteômica.

Ouro Preto, Minas Gerais – 2014


A524i Amorim, Soraya Sander.
Isolamento e caracterização de leveduras com potencial para biorremoção
do manganês [manuscrito] / Soraya Sander Amorim - 2014.
vii, 103f.: il.,;color.; graf.; tab.

Orientadores: Profa. Dra. Renata Guerra de Sá Cota

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto.


Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em
Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia.
Área de concentração: Biotecnologia

1. Manganês – Teses. 2. Leveduras (Fungos) – Engenharia genética –


Teses. 3. Oxidação - Teses. I. Cota, Renata Guerra de Sá. II. Universidade
Federal de Ouro Preto. III. Título.

CDU: 606:602.3:582.282.23

Catalogação: [email protected]
Aos meus pais Ary e Conceição, e a minha irmã
Sarah. Obrigada pela torcida e apoio para a
realização de mais esta conquista.

Dedico-lhes
Agradecimentos

Primeiramente a Deus, pois sem Ele jamais chegaria até aqui!;

Aos meus pais por todo cuidado, apoio, cumplicidade e dedicação! Amo vocês!;

Em especial a mamãe pelas inúmeras horas ao telefone sempre me dando força e disposta
a escutar todos os meus desabafos!;

A minha irmã por sempre preocupar e cuidar de mim!;

A todos os familiares e amigos que sempre torcerem pelo meu sucesso;

A minha orientadora Profa. Dra. Renata Guerra de Sá Cota, pela oportunidade de


orientação, pelos ensinamentos práticos e teóricos de Biologia Molecular, pela confiança
depositada em mim, pelo carinho e pela relação de amizade em todo o tempo que
trabalhamos juntas;

Aos colegas de laboratório, pela amizade, companheirismo e pela ajuda das mais variadas
formas. Obrigada Natália, Karina, Roberta, Victor, Ester, Fabiano, Marcela, Karla e
Priscila;

A Érica por ser a melhor colega/amiga de trabalho;

Aos colegas de mestrado, técnicos, professores, e aos laboratórios da UFOP pela ajuda
sempre quando necessária.
“Se buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a
procurares, então entenderás o temor do Senhor e acharás o
conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca
vem a inteligência e o entendimento.”

Provérbios 2:6-7
Sumário
Lista de Figuras .................................................................................................................. I
Lista de Tabelas ................................................................................................................III
Lista de Abreviaturas e Siglas .......................................................................................... IV
Resumo............................................................................................................................. VI
Abstract........................................................................................................................... VII
1. Introdução ..................................................................................................................1
1.1 O Manganês (Mn) ............................................................................................................... 2
1.2 Tratamento de Efluentes Contendo Mn............................................................................... 4
1.3 Remoção Biológica do Manganês ....................................................................................... 5
1.4 Oxidação Biológica do Mn ................................................................................................. 6
1.4.1 Oxidação Biológica do Mn Mediada por Bactérias ......................................................... 7
1.4.2 Oxidação Biológica do Mn Mediada por Fungos ............................................................ 9
1.4.3 Leveduras e o Mn ....................................................................................................... 11
1.5 Importância Biotecnológica das Leveduras ...................................................................... 12
1.5.1 Tratamento de Efluentes por Leveduras ..................................................................... 14
2. Objetivos ................................................................................................................... 16
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 17
2.2 Objetivos específicos......................................................................................................... 17
3. Materiais e Métodos .................................................................................................. 18
3.1 Coleta das Amostras .......................................................................................................... 19
3.2 Enriquecimento Microbiano .............................................................................................. 19
3.3 Isolamento das Leveduras ................................................................................................. 19
3.4 Teste de Tolerância a Concentrações Crescentes do Íon Mn(II) ....................................... 20
3.5 Identificação Bioquímica das Leveduras .......................................................................... 21
3.5.1 Auxanograma – Assimilação de Fontes de Carbono ...................................................... 21
3.5.1.1 Microcultivo das Leveduras .................................................................................... 23
3.6 Identificação Molecular dos Isolados ................................................................................ 23
3.6.1 Extração do DNA Genômico (DNAg) ....................................................................... 23
3.6.2 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) ................................................................... 24
3.6.3 Purificação dos Produtos de PCR............................................................................... 26
3.6.4 Reação de Sequenciamento ........................................................................................ 26
3.6.5 Análise de Sequências e Filogenia ............................................................................. 27
3.7 Ensaios de Remoção Biológica do íon Mn(II) .................................................................. 27
3.8 Microscopia Eletrônica de Varredura................................................................................ 28
3.8.1 Preparação das lâminas .............................................................................................. 28
3.8.2 Visualização das amostras pelo MEV ........................................................................ 29
3.8.3 Microanálise por Espectrometria de Dispersão de Energia ........................................ 30
4. Resultados e Discussões ............................................................................................. 31
4.1 Caracterização Química da Água ...................................................................................... 32
4.2 Micro-organismos Isolados da Água da Mina .................................................................. 32
4.3 Testes de Tolerância ao Íon Mn(II) ................................................................................... 34
4.4 Caracterização Bioquímica das Leveduras: Auxanograma - Assimilação de Fontes de
Carbono ................................................................................................................................... 36
4.5 Caracterização Molecular dos Isolados de Levedura ........................................................ 41
4.5.1 Extração do DNAg e PCR .......................................................................................... 41
4.6. Sequenciamento e Análise Filogenética dos Isolados ...................................................... 43
4.6 Avaliação da Capacidade de Remoção do Íon Mn(II) pelas Leveduras ........................... 51
4.7 Observação do Comportamento das Leveduras através de MEV durante o processo de
remoção ................................................................................................................................... 56
4.7.1 MEV das Leveduras da Cultivadas em Meio Líquido ............................................... 56
4.7.2 MEV das Leveduras Crescidas em Placas com 32mM de Mn(II) ............................. 65
5. Conclusão .................................................................................................................... 78
6. Perspectivas .................................................................................................................. 80
7. Anexos .......................................................................................................................... 82
Anexo A: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 13. .......................................... 83
Anexo B: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 29. .......................................... 84
Anexo C: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 43. .......................................... 85
Anexo D: Sequências recuperadas no BLAST para os isolado 38 e 39. ................................. 86
Anexo E: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 28. ........................................... 88
Anexo F: Alinhamento no Clustlw2 para os isolados 12, 13, 29 e 43 .................................... 90
Anexo G: Alinhamento no Clustlw2 para os isolados 28, 38 e 39 .......................................... 92
8. Referências Bibliográficas ............................................................................................ 93
Lista de Figuras

Figura 1: Mecanismos de interação do manganês com a célula microbiana que podem ser
aproveitadas para aplicações de biorremediação........................................................................... 5
Figura 2: Ciclo dos estados de oxidação do Mn encontrados na natureza. Mn(II) é
termodinamicamente estável, na ausência de O2 e baixo valor de pH, enquanto na presença de O2
e alto valor de pH prevalecem os íons Mn(III) e (IV), os quais ocorrem na forma de (óxido)
hidróxidos insolúveis (Adapatado de Nealson, 2006). .................................................................. 8
Figura 3: Imobilização do íon Mn(II) por fungos ligninolíticos. Adaptada de Hofrichter, 2002.
..................................................................................................................................................... 10
Figura 4: Galeria do Kit API 20C AUX. A galeria contém 20 cúpulas, para a inoculação da
levedura. A primeira é a cúpula testemunha ou cúpula controle na qual não há adição de nenhuma
fonte de carbono, enquanto que as outras 19 cúpulas possuem fontes de carbono diferentes. ... 22
Figura 5: Esquema da validação realizada no catálogo analítico online através dos resultados de
crescimento nas diferentes cúpulas nas galerias do Kit API 20C AUX. Nos espaços
correspondentes às 20 cúpulas da galeria deve ser preenchido crescimento positivo (+) ou
negativo (-), assim como a formação ou ausência de formação de hifa ou pseu-hifa. Após
preenchidos todos os espaços, o programa é validado e a espécies correspondente é fornecida. 22
Figura 6: Localização dos iniciadores no gene do rRNA. Adaptada de Grades e Bruns (1993) e
Takano e cols. (2006). ................................................................................................................. 25
Figura 7: Leveduras isoladas da água da Mina em meio YPD +2,5mM do íon Mn(II). Isolados
12, 13, 29, 42 e 43 com coloração rosa e isolados 28, 38 e 39 com coloração branca................ 34
Figura 8: Os oito isolados de leveduras em placas com diferentes concentrações de Mn(II). Nas
placas com 5mM de Mn(II) não há mudança da cor do meio. Nas placas com 16 e 32mM de
Mn(II) há mudança do meio para marrom e colônias enrugadas para os isolado 28, 38 e 39. ... 35
Figura 9: Imagem obtida por Microscopia Eletrônica de Varredura da pseudo-hifa formada pelo
isolado 38. A levedura foi inoculada em placa de microcultivo contendo Agar Fubá e Tween 80
e incubada por três dias. A estrutura observada na imagem não fornece subsídio para a
identificação da espécies, de modo que foi utilizada neste trabalho apenas para a constatação de
presença ou ausência de tal estrutura. ......................................................................................... 39
Figura 10: Resultado obtido das validações online das galerias inoculadas pelos oito isolados
através do catálogo analítico do Kit API 20C AUX. O primeiro painel identifica os isolados 12 e
13 com 74% de identidade como Rhodotorula mucilagina. O segundo painel identifica o isolado
28 com 98.8% de identidade como Candida guilliermondii. O terceiro painel identifica o isolado
29 com 99,9% de identidade como R. mucilaginosa. O quarto painel identifica os isolados 38 e
39 com 99,7% de identidade como C. guilliermondii. O quinto painel identifica os isolados 42 e
43 com 99,9% de identidade como R. mucilaginosa. ................................................................. 40
Figura 11: Análise da qualidade do DNAg dos oito isolados de leveduras. O volume de 5µL do
DNA extraído de cada isolado foi analisado em gel agarose a 0,6% corado com brometo de etídeo.
..................................................................................................................................................... 41
Figura 12: Esquema da região amplificada pelos iniciadores ITS1F e ITS4B. Adaptada de Grades
e Bruns (1993). ............................................................................................................................ 42
Figura 13: Produtos de PCR obtidos com os iniciadores ITS1F/ITS4B para os oito isolados de
leveduras. Foi observada a presença de uma banda única de 700pb para todos os isolados. MM:
marcador de massa molecular 100pb (Affymettrix). Foram utilizados 4ng de DNAg dos isolados
28, 38 e 39 e 20ng de DNAg dos isolados 12, 13, 29, 42 e 43, para reações com volume final de

I
50µL. O volume de 5µL de cada preparação foi analisado em gel de agarose a 1,2% corado com
brometo de etídeo. ....................................................................................................................... 42
Figura 14: Árvore filogenética dos isolados rosas das leveduras a partir do gene ITS1-5.8rRNA-
ITS2. Foram utilizados 550 nucleotídeos para a análise filogenética com bootstrap de 2.000
réplicas. ....................................................................................................................................... 46
Figura 15: Árvore filogenética dos isolados brancos de leveduras a partir do gene ITS1-5.8rRNA-
ITS2. Foram utilizados 550 nucleotídeos para a análise filogenética com bootstrap de 2.000
réplicas. ....................................................................................................................................... 47
Figura 16: Remoção do íon Mn(II), análise do crescimento microbiano e, variação do valor de
pH durante o ensaio de sete dias em Meio YPD por R. mucilaginosa. Os experimentos foram
realizados em triplicata biológica. ............................................................................................... 52
Figura 17: Remoção do íon Mn(II), análise do crescimento microbiano e, variação do valor de
pH durante o ensaio de sete dias em Meio YPD por M. caribbica. Os experimentos foram
realizados em triplicata biológica. ............................................................................................... 53
Figura 18: Remoção do íon Mn(II), análise do crescimento microbiano e, variação do valor de
pH durante o ensaio de sete dias em Meio YPD por M. guilliermondii. Os experimentos foram
realizados em triplicata biológica. ............................................................................................... 54
Figura 19: Imagens de MEV por SE e de microanálise EDS do isolado 12 de R. mucilaginosa
em Meio YPD na presença e ausência de Mn(II). A) Visão geral das leveduras com aumento de
2.000 X; B) Aumento de 50.000 X na ausência de Mn; C) Aumento de 50.000 X na presença de
Mn; D) EDS das células em meio com Mn; E) EDS detalhado de uma célula em meio com Mn;
F) Representação das localização dos elementos na lâmina; G) Gráfico da leitura espectrométrica
dos elementos.....................................................................................................................57
Figura 20: Imagens de MEV por SE e de microanálise EDS de M. caribbica em Meio YPD na
presença e ausência de Mn(II). A) Visão geral das leveduras com aumento de 5.000 X; B)
Aumento de 100.000 X na ausência de Mn; C) Aumento de 90.000 X na presença de Mn; D) EDS
em meio sem Mn; E) EDS em meio com Mn; F) Representação das localização dos elementos na
lâmina; G) EDS detalho para o Mn nas células; H) Gráfico da leitura espectrométrica dos
elementos.....................................................................................................................................60
Figura 21: Imagens de MEV por SE e de microanálise EDS de M. guilliermondii em Meio YPD
na presença e ausência de Mn(II). A) Visão geral das leveduras com aumento de 5.000 X; B)
Aumento de 100.000 X na ausência de Mn; C) Aumento de 100.000 X na presença de Mn; D)
EDS em meio com Mn; E) EDS detalhado para o Mn nas células; F) EDS da localização no Mn
na lâmina; G) Gráfico da leitura espectrométrica dos elementos..................................................63
Figura 22: Imagens de MEV por BSE e de microanálise EDS do isolado 29 de R. mucilaginosa
em placa com 32mM de Mn(II). A) Visão geral das células com aumento de 1.000X; B) EDS das
células; C) Representação localização dos elementos na lâmina; D) Imagem em BSE destacando
o ponto específico para microanálise (seta preta); G) Gráfico da leitura espectrométrica dos
elementos no ponto indicado pela seta preta na figura anterior....................................................66
Figura 23: Imagens de MEV por BSE e de microanálise EDS de M. caribbica em placa com
32mM de Mn(II). A) Visão geral das células com aumento de 1.000X; B) EDS detalhado do Mn
nas células; C) Representação localização dos Mn na lâmina; D) EDS das células; E) Gráfico da
leitura espectrométrica dos elementos...........................................................................................69
Figura 24: Imagens de MEV por BSE e de microanálise EDS de M. guilliermondii em placa com
32mM de Mn(II). A) Visão geral das células com aumento de 1.000X; B) EDS detalhado do Mn
nas células; C) Imagem em BSE destacando pontos para microanálise; D) Gráfico da leitura
espectrométrica dos elementos no ponto indicado pela seta preta na figura anterior; E) Gráfico da
leitura espectrométrica dos elementos no ponto indicado pela seta branca na figura
anterior..........................................................................................................................................72

II
Lista de Tabelas

Tabela 1: Espécies de leveduras e suas aplicações em biotecnologia. Traduzido de Deak, 2009.


..................................................................................................................................................... 13
Tabela 2: Composição dos meios de cultura utilizados para enriquecimento microbiano e
isolamento das leveduras............................................................................................................. 20
Tabela 3: Açúcares presentes no Kit API 20C AUX. ................................................................ 21
Tabela 4: Características gerais dos iniciadores forward (F) e reverse (R) utilizados nas diferentes
reações de amplificação. ............................................................................................................. 24
Tabela 5: Composição da mistura de reagentes utilizados nas reações de PCR. ....................... 25
Tabela 6: Análise da água de mina. Cerca de 10mL da água coletada foram submetidas à técnica
analítica de espectrometria de emissão atômica por plasma (Varian 725). ................................. 32
Tabela 7: Micro-organismos isolados da água pelos meios Sabouraud, Batata e Mineral e YPD.
..................................................................................................................................................... 33
Tabela 8: Perfil bioquímico dos isolados de leveduras pelo Auxanograma............................... 37
Tabela 9: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 12. .............................................. 44
Tabela 10: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 13. ............................................ 83
Tabela 11: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 29. ............................................ 84
Tabela 12: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 43. ............................................ 85
Tabela 13: Sequências recuperadas no BLAST para os isolados 38 e 39. ................................. 86
Tabela 14: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 28. ............................................ 88

III
Lista de Abreviaturas e Siglas

+: mais ou positivo
-: menos
%: Porcentagem
ºC: Graus Celsius
μg: Micrograma
μL: Microlitro
μM: Micromolar
μm: Micrômetro
nº: Número
Ag: Prata
Al: Alumínio
As: Arsênio
Au: Ouro
BLAST: Basic Local Alignment Search Tool
BSE: Elétrons retroespalhados
C: Carbono
Ca: Cálcio
Cd: Cádmio
Cl2: Cloro
Co: Cobalto
Cu: Cobre
CO2: Gás carbônico
Cr: Cromo
DNA: Ácido desoxirribonucléico
DNAg: DNA genômico
dNTP: Desoxirribonucleotídeos trifosfatados
EDS: Espectrometria de Dispersão de Energia
EDTA: Etileno amino tetra-acetato de sódio diidratado
Eh: Potencial redox
eV: Elétron-volt
Fe: Ferro
g: Gramas
GPY: Meio contendo glicose, polipetona e extrato de levedura
H2O: Água
H2O2: Peróxido de hidrogênio
H2S: Sulfeto de Hidrogênio
Hg: Mercúrio
K: Potássio
KMnO4: Permanganato de Potássio
M: Molar
MCO: Multicobre oxidase
MEV: Microscópio Eletrônico de Varredura
Mg: Magnésio
mg: Miligramas
mL: Mililitro
mM: Milimolar
Mn(SO4).H2O: Sulfato de manganês monohidratado

IV
Mn: Manganês
MnOX: Óxido de manganês
MnP: Enzima manganês peroxidase
MnSO4: Sulfato de manganês
MOMn: Microrganismos que oxidam manganês
Na: Sódio
NCBI: National Center for Biotechnology Information
ng: Nanograma
Ni: Níquel
nm: Nanômetro
O: Oxigênio
O3: Ozônio
P: Fósforo
Pb: Chumbo
pb: Pares de bases
PCR: Reação em cadeia da polimerase
Pd: Paládio
pH: Potencial hidrogeniônico
MM: Marcador de massa molecular
Pt: Platina
rDNA: Região do DNA correspondente ao rRNA
RFLP: Polimorfismo de fragmento de restrição
RNAse: Ribonuclease
rpm: Rotações por minuto
rRNA: Gene do RNA ribossômico
S: Enxofre
SE: Elétrons secundários
Si: Silício
Taq: Enzima Taq DNA Polimerase
TBE: Tris – Ácido Bórico - EDTA
Th: Tório
THMs: Trihalometanos
Tm: Temperatura de anelamento do primer
U: Urânio
UV: Ultravioleta
V/V: Volume por volume
X: Vezes
YPD: Meio contendo glicose, peptona e extrato de levedura
Zn: Zinco
NH4NO3: Nitrato de amônio
K2HPO4: Fosfato de potássio dibásico
MgSO4.7H2O: Sulfato de magnésio
NaCl: Cloreto de Sódio
NaH2PO4: Fosfato de sódio monobásico
KH2PO4: Fosfato de potássio monobásico
(NH4)2SO4: Sulfato de Amônio
MgCl2: Cloreto de Magnésio

V
Resumo
O processo de oxidação biológica do manganês (Mn) já é conhecido para bactérias
e fungos, entretanto, ainda não é conhecida a participação de leveduras neste processo.
Para investigar esta hipótese, o objetivo geral desse trabalho foi isolar leveduras e avaliar
capacidade de oxidar o Mn(II). Inicialmente oito leveduras foram isoladas a partir de água
de mina brasileira e cultivadas em meio YPD contendo de 1 a 54mM de Mn(II). Foi
observado crescimento de leveduras em até 32mM deste íon. Também observou-se
alteração na morfologia da colônia, escurecimento do meio de cultura e/ou escurecimento
das colônias, sugerindo a capacidade de oxidar o Mn(II). Posteriormente os isolados
foram caracterizados pelo perfil de assimilação de fontes de carbono (Auxanograma), os
quais mostraram que dentre as oito leveduras isoladas, três eram Candida guilliermondii
e cinco Rhodotorula mucilaginosa. Para confirmar a identificação das espécies, foi
utilizada a estratégia de sequenciamento e análise filogenética da região ITS1–5.8S-ITS2.
Os resultados confirmaram a identificação dos isolados de R. mucilaginosa, enquanto que
os três isolados previamente identificadas como C. guilliermondii foram reclassificados
em Meyerozyma gulliermondii (teleomorfo de C. guilliermondii) e Meyerozyma
caribbica (teleomorfo de Candida fermentati). A seguir, foram realizados ensaios para
avaliar a capacidade dos isolados de remover o íon Mn(II). Para isso foi utilizado meio
YPD contendo 0,91mM do íon Mn(II), sendo avaliados durante sete dias: o crescimento
das leveduras, pH e o decaimento do Mn (II), medido por espectrometria de emissão
atômica com fonte plasma. M. guilliermondii e M. caribbica foram capazes de remover
100% do Mn(II) presente no meio de cultivo, enquanto R. mucilanigonosa removeu 10%.
Não foi observado aumento do pH durante os ensaios, sugerindo que a remoção do Mn(II)
foi biológica. A seguir, os ensaios foram reproduzidos nas mesmas condições e as
leveduras, submetidas a microscopia eletrônica de varredura acoplada a microanálise de
EDS. Os dados sugerem alteração na textura das células e o revestimento da parede
celular com Mn para os isolados M. guilliermondii e M. caribbica. Também foram
analisadas colônias mantidas em placas contendo 32mM de Mn(II) evidenciando que as
leveduras foram capazes de oxidar e adsorver o Mn que estava no meio de cultura.
Tomados em conjunto, os dados obtidos neste trabalho permitem concluir que M.
guilliermondii e M. caribbica possuem um importante papel no ciclo biogeoquímico do
manganês.
Palavras–chave: manganês, leveduras, oxidação, Rhodotorula mucilaginosa,
Meyerozyma caribbica, Meyerozyma guilliermondii.

VI
Abstract
The biological process of Mn oxidation has been known for bacteria and fungi,
however, it isn’t known the participation of yeasts in this process. To investigate this
hypothesis, the aim of this study was to isolate yeasts and assess the ability of Mn(II)
oxidation. Initially, eight yeasts were isolated from a Brazilian mine water and cultured
on YPD medium containing 1 to 54mm of Mn(II). It was observed that the yeasts grew
up to 32mM of this ion. It was also observed browning of the medium and/or darkening
of the colony, suggesting the ability to catalyze the oxidation of Mn(II) ion, in addition
to change in colony morphology. Among the isolates, three were identified as Candida
guilliermondii and five as Rhodotorula mucilaginosa by using the assimilation of carbon
sources (Auxanogram) profile. This identification was confirmed by sequencing and
phylogenetic analysis of the ITS1-5.8S-ITS2 region. The results confirmed the
identification of R. mucilaginosa isolates, while three isolates previously identified as C.
guilliermondii have been reclassified as Meyerozyma gulliermondii (teleomorph of C.
guilliermondii) and Meyerozyma caribbica (teleomorph of Candida fermentati). Small-
scale batch experiments with YPD medium containing 0,91mM of Mn(II) in a one week-
long period was performed to evaluate Mn(II) removal ability by the isolates. During this
time, isolates growth and pH were monitored and decay of Mn(II) were measured by
atomic emission spectrometry with plasma source. M. guilliermondii and M. caribbica
were able to remove 100% of Mn(II) of the medium, whereas R. mucilanigonosa removed
10%. We not observed an increase in pH medium during the assay, suggesting the
occurrence of biological Mn(II) removal. Furthermore, the isolates grew up on YPD
medium with and without Mn(II) ion were analyzed by scanning electron microscopy
coupled with EDS microanalysis. The data suggest abnormal cells texture and the cell
wall coating with Mn in M. guilliermondii and M. caribbica isolates. Colonies maintained
on plates containing 32mM of Mn(II) have also been analyzed, showing that the yeasts
were able to oxidize and adsorb the Mn of the medium. The results obtained in this study
allow us to conclude that M. guilliermondii and M. caribbica play an important role in
the biogeochemical cycling of manganese.
Keywords: manganese, yeasts, oxidation, Rhodotorula mucilaginosa, Meyerozyma
caribbica, Meyerozyma guilliermondii.

VII
1. Introdução

1
1.1 O Manganês (Mn)

O Mn é um elemento químico essencial aos seres vivos, o qual é requerido para


os processos de crescimento, desenvolvimento e homeostase (Erikson et al., 2005).
Especificamente, o Mn é importante para a formação dos ossos, metabolismo de lipídeos,
proteínas e carboidratos, regulação do açúcar no sangue e absorção de cálcio. Nos seres
humanos e animais o Mn atua como cofator de vários processos enzimáticos
(Butterworth, 1986; Erikson e Aschner, 2003).

O Mn existe em várias formas químicas. Pode ser encontrado em diferentes


estados de oxidação como Mn(II), Mn(III), Mn(IV), Mn(VI) e Mn(VII), mas do ponto
de vista ambiental e biológico os estados de oxidação mais importantes são o Mn(II),
Mn(III) e Mn(IV) (Epa, 1994). Outras formas de aquisição do Mn podem ser através de
sais (sulfatos e cloretos de Mn) ou na forma de minerais como óxidos, hidróxidos,
carbonatos e silicatos (Cetem, 2005).

O Mn é encontrado em efluentes e drenagens de praticamente todas as minerações


brasileiras. O Brasil é o sexto maior produtor de Minério de Mn e apresentou 11,6% da
produção mundial no ano de 2011. No Estado de Minas Gerais se localizam as maiores
reservas com 87% do total, seguido pelo Mato Grosso do Sul com 6,5%, Pará com 4,3%
e outros estados com 2,2% (Usgs, 2012).

O Mn tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento dos diversos


processos de produção do aço, pois é o quarto metal mais utilizado no mundo, depois do
ferro (Fe), do alumínio (Al) e do cobre (Cu), e está presente em nosso dia a dia, como no
aço utilizado em carros e na construção civil. Por isso, cerca de 90% de todo o Mn
consumido anualmente vai para siderúrgicas como elemento de liga. O mercado de pilhas
aparece em segundo lugar como o mais importante em termos de consumo (Ibram, 2012).
Por possuir propriedades químicas versáteis, o Mn também é utilizado em vários outros
processos industriais tais como na fabricação de vidro e cerâmica, adesivos, soldadura,
tintas e aditivos de gasolina (Keen et al., 1999).

No Estado de Minas Gerais o Mn é um importante constituinte dos solos, o qual


é considerado constituinte natural das águas que o drenam. Porém, neste estado brasileiro
o Mn tem sido associado a desconformidades com os limites estabelecidos nas
Resoluções CONAMA 357/2005 e 430/2011 (Igam, 2012) que determinam que o padrão
2
de lançamento em efluentes seja de 1,0mg/L (0,02mM) e, para águas de classe II, 0,1mg/L
(0,002mM) de Mn dissolvido (Conama, 2005; 2011). Segundo o Instituto Mineiro de
Gestão das Águas (IGAM), a frequência constante e elevada das concentrações destes
parâmetros em Minas Gerais pode estar relacionada às atividades do setor mineiro e
metalúrgico, uma vez que o beneficiamento de minérios de Mn resulta na contaminação
dos efluentes com o elemento, como também relacionado ao manejo inadequado dos
solos sem os devidos cuidados para preservação da vida aquática (Igam, 2012).

Embora o Mn seja considerado um elemento essencial para os seres humanos,


uma exposição a altas concentrações é tóxica ao organismo, podendo desencadear
intoxicação com consequentes patologias associadas. Os modos de exposição ao Mn são
principalmente pela ingestão de água e alimentos, absorção dérmica e inalação
prolongada em atividades como soldagem e mineração (Aschner et al., 2007).

A ingestão de alta concentração de Mn através de água contaminada está


relacionada com deficiências intelectuais em crianças, e o excesso do Mn pode acumular
no cérebro e levar a doenças neurológicas (Aschner et al., 2007; Bouchard et al., 2011).
Desse modo, o Mn é um fator ambiental de risco para disfunções neuronais e
neurodegenerativas. Níveis elevados de Mn no cérebro têm sido associados à síndrome
manganismo que causa sintomas como tremor, rigidez e movimentos distônicos, traços
característicos da doença de Parkinson (Bowman e Aschner, 2014).

O excesso do Mn além de ser tóxico ao organismo humano também é prejudicial


ao ambiente, uma vez que afeta os ecossistemas e os sistemas de abastecimento de água.
O excesso de Mn no ambiente pode afetar uma variedade de processos biológicos, tais
como a fotossíntese e a fixação de carbono (Tebo et al., 2005). Já a presença do Mn na
água pode causar problemas organolépticos e operacionais. O Mn confere odor e gosto
metálico a água, bem como aumento da turbidez, mudança na cor além de causar
incrustações, podendo ser acumulado nas redes de abastecimento de água (Who, 2008;
2011).

Desse modo, faz-se necessário o tratamento dos efluentes contendo elevadas


concentrações de Mn, seja pelas questões de saúde pública como pelos impactos
ambientais e econômicos diretamente relacionados com a qualidade das águas.

3
1.2 Tratamento de Efluentes Contendo Mn

A remoção do Mn dos efluentes pode ser efetuada por processos físico-químicos


ou por processos biológicos. O tratamento físico-químico convencionalmente é realizado
pela oxidação inorgânica que consiste, geralmente, na adição de agentes oxidantes para
oxidar o íon Mn(II) à Mn(IV) e precipitá-lo.

A remoção do Mn pela adição de agentes oxidantes é alcançada utilizando-se


cloro (Cl2), permanganato de potássio (KMnO4) e ozônio (O3). A oxidação do Mn(II) por
agentes oxidantes é altamente dependente do pH, temperatura, concentração e tempo de
reação inicial do Mn dissolvido (Van Benschoten et al., 1992).

A utilização do cloro como agente oxidante na presença de elevada concentração


de matéria orgânica pode promover a formação de trihalometanos (THMs), que são
considerados cancerígenos além de substâncias inorgânicas indesejáveis como clorito e
clorato (Gopal et al., 2007). O ozônio é pouco efetivo para oxidação na presença de ácidos
húmicos e o permanganato de potássio é recomendado para sistemas de abastecimento
água de pequeno porte, uma vez que ocorre o risco do escape do permanganato, podendo
ocasionar mudanças na coloração da água para tons de rosa (Clearinghouse, 1988;
Gregory e Carlson, 2003).

A remoção química também pode ocorrer de outra forma distinta da oxidação-


precipitação, nesse caso trata-se da remoção química por adsorção. A adsorção do Mn
pode ser efetuada com resinas de troca-iônica (Zainol, 2009), carvão ativado
quimicamente modificado (Savova, 2003), calcário (Silva, 2010) e zeólitas naturais
(Rajic, 2009) e modificadas (Dimirkou, 2008). Os óxidos de Mn também são adsorventes
para o íon Mn(II), promovendo sua oxidação. Nessa oxidação, primeiramente o Mn(II) é
adsorvido na superfície do óxido-hidróxido de Mn sendo então oxidado a Mn(III). Em
seguida, este último se converte a Mn(IV) (Morgan, 1964).

As desvantagens dos método físico-químicos podem ser descritas como custo


mais elevado e a possibilidade da produção de subprodutos perigosos e/ou introdução de
outros poluentes para o efluente em tratamento (Carraro et al., 2000). Então, como
alternativa a tais tratamentos, tem sido dada bastante atenção ao tratamento biológico
através da biorremediação dos efluentes contaminados. A biorremediação de metais

4
poluentes continua sendo, nos dias de hoje, um grande desafio para a biotecnologia
ambiental (Gavrilescu, 2004).

1.3 Remoção Biológica do Manganês

A biorremediação do Mn ocorre através da imobilização do metal pelos micro-


organismos por meio de três mecanismos principais: biossorção, acumulação intracelular
e biomineralização (Gadd, 2010). A Figura 1 ilustra exemplos destes três mecanismos.

Figura 1: Mecanismos de interação do manganês com a célula microbiana que podem ser
aproveitadas para aplicações de biorremediação.

A biossorção pode ser definida como a captação de espécies metálicas orgânicas


e inorgânicas, tanto solúveis como insolúveis, pela adsorção (Gadd, 2004) a qual pode
ser utilizada como estratégia de remoção de metais tóxicos de efluentes. O mecanismo
ocorre através da adsorção passiva (sem gasto de energia) do metal pelas células
microbianas, resultando na formação de complexos orgânico-metálicos com constituintes

5
da parede celular microbiana, cápsulas ou polímeros extracelulares sintetizados e
excretados pelos micro-organismos (Gavrilescu, 2004).

A acumulação intracelular é um processo que requer energia para a captura do


cátions metálicos para dentro da célula (Gavrilescu, 2004). Na acumulação intracelular
estão envolvidos processos como permeabilidade e transporte de membrana, sequestro
intracelular, armazenamento do metal em organelas e a precipitação intracelular (Gadd,
2004; Gadd, 2010).

A biomineralização consiste tanto na precipitação orgânica formando oxalatos


metálicos (realizado por fungos) (Gadd, 2004), quanto na inorgânica com a formação de
carbonatos, sulfetos, hidróxidos e óxidos metálicos (Gadd, 2010). Dentre os diferentes
tipos de biomineralização do Mn, a oxidação microbiana do Mn(II) a óxidos de Mn(IV)
ganha cada vez mais atenção no que diz respeito à aplicação ambiental (Katsoyiannis e
Zouboulis, 2004; Štembal et al., 2005). A remoção do Mn através da oxidação do Mn(II)
a Mn(IV) é catalisada em até cinco ordens de magnitude mais rápidas que as reações por
processos físico-químicos (Tebo, 2004).

Nos últimos anos, vários relatos ilustram a vantagem dos processos de remoção
biológica do Mn para o tratamento de águas subterrâneas através da oxidação microbiana
do metal e sua consequente precipitação. Tal processo pode minimizar a adição de
reagentes químicos, resultando na redução dos custos operacionais e também na formação
de subprodutos. Nesse sentido, a oxidação do íon Mn(II) por micro-organismos é
considerada como uma estratégia potencialmente aplicável para a remoção e recuperação
do metal de águas contaminadas (Katsoyiannis e Zouboulis, 2004; Štembal et al., 2005).

1.4 Oxidação Biológica do Mn

Os micro-organismos que oxidam o Mn (MOMn) formam um grupo


filogeneticamente distinto, o qual é caracterizado pela habilidade de catalisar a oxidação
do Mn(II) solúvel a óxidos de Mn(IV) insolúveis que são precipitados. Os depósitos
extracelulares de óxidos de Mn são facilmente detectados devido à coloração marrom ou
negra que possuem (Nealson, 2006).

6
Os MOMn estão amplamente distribuídos por diversos ambientes e são
representados principalmente por bactérias e fungos, sugerindo que eles possuem um
papel de fundamental importância no ambiente (Webb et al., 2005). Acredita-se que a
maioria dos óxidos e hidróxidos de Mn encontrados nos solos, sedimentos e ambientes
aquáticos são de origem biogênica (Tebo, 2004). Outros organismos como algas,
cianobactérias e até mesmo outros eucariotos também podem oxidar o Mn, mas com
pequena representatividade (Nealson, 2006). A seguir serão abordados detalhes do uso de
MOMn.

1.4.1 Oxidação Biológica do Mn Mediada por Bactérias

Muitas espécies de bactérias possuem a capacidade de oxidar o Mn e depositá-lo


nas células, bainhas ou esporos na forma de óxidos de Mn. Algumas espécies promovem
oxidação de forma não enzimática, outras de forma enzimática (Tebo et al., 2005).

A oxidação bacteriana do Mn(II) pode ocorrer por meio de mecanismos indiretos


ou diretos. Na oxidação indireta a célula bacteriana pode estar envolvida: 1) na produção
de radicais livres ou agentes oxidantes como peróxido de hidrogênio, superóxido e o
radical hidroxila; 2) na modificação do ambiente redox pela produção de oxigênio ou
aumento do pH devido ao consumo de ácidos e de gás carbônico (CO2), ou ainda pela
liberação de amônia; 3) na produção de quelantes de Mn tais como quelantes orgânicos
ou o próprio óxido de Mn que é um excelente quelante do íon Mn(II) (Nealson, 2006).

Nos mecanismos diretos de oxidação, algum componente celular como


polissacarídeos e proteínas, catalisam a reação de oxidação do íon Mn(II) (Nealson,
2006). A catálise enzimática também pode ocorrer com o envolvimento dos sistemas das
enzimas multicobre oxidases (MCOs) (Tebo et al., 2005).

O mecanismos bioquímico da oxidação do íon Mn(II) ainda não está


completamente elucidado (Tebo et al., 2005), entretanto, foi assinalada a possibilidade da
existência do intermediário Mn(III) solúvel no decorrer da oxidação do Mn(II) a Mn(IV).
Tais achados sugerem que a oxidação do Mn(II) envolve um único sistema de MCOs que
é capaz de catalisar a reação global de oxidação de dois elétrons do substrato, em duas
etapas com a formação do intermediário Mn(III) (Webb et al., 2005). Alguns exemplos

7
de enzimas MCOs que já foram demonstradas por participarem da oxidação do íon Mn(II)
estão presentes em L. discophora (MofA), P. putida (CumA), Bacillus sp. (MnxG) e
Pedomicrobium sp. (MoxA) (Miyata et al., 2007).

O conhecimento do estado de oxidação do Mn é importante para a definição do


tratamento que será aplicado nos efluentes líquidos industriais (Clearinghouse, 1988). O
Mn pode apresentar vários estados de oxidação e a predominância de cada uma das
formas depende do pH, Eh e temperatura da água. O íon Mn(II) apresenta estabilidade
termodinâmica na ausência de oxigênio e em pH baixo, enquanto os íons Mn(III) e
Mn(IV) são favorecidos na presença de oxigênio e valores altos de pH (Nealson, 2006),
como esquematizado na Figura 2.

Figura 2: Ciclo dos estados de oxidação do Mn encontrados na natureza. Mn(II) é


termodinamicamente estável, na ausência de O2 e baixo valor de pH, enquanto na presença de O2
e alto valor de pH prevalecem os íons Mn(III) e (IV), os quais ocorrem na forma de (óxido)
hidróxidos insolúveis (Adapatado de Nealson, 2006).

Exemplares de bactérias que oxidam o Mn(II) já foram isoladas de uma variedade


de ambientes como nódulos de Mn nas profundezas do mar, plumas de ventilação
hidrotermais, desertos, depósitos de Mn em águas de tubulações, biofilme em superfícies
de lagos ricos em Mn, lagos de água doce e depósitos de ferromanganês (Tebo et al.,
2005). Finalmente, alguns dos primeiros exemplos representativos de estudos com
bactérias relacionadas com a oxidação do Mn, envolvem as bactérias atualmente
consideradas como organismos modelo na oxidação do Mn. Tais estudos foram realizados

8
com as bactérias: 1) Leptothrix discophora cepa SS-1, a partir da qual foi detectada a
presença de uma proteína extracelular envolvida com a oxidação do Mn(II); 2)
Pseudomonas putida cepa GB-1, que depositou óxidos de Mn em volta da célula, os quais
eram proveniente de uma oxidação catalisada no início da fase estacionária de
crescimento na presença de oxigênio (Okazaki et al., 1997); 3) Esporos marinhos de
Bacillus sp. cepa SG-1, que ao serem revestidos pelo íon Mn(II), instantemente o
oxidavam a óxidos de Mn, através de um mecanismos ainda não identificado (De Vrind
et al., 1986). Os achados com estas bactérias serviram de base para futuros estudos de
oxidação biológica do Mn.

1.4.2 Oxidação Biológica do Mn Mediada por Fungos

Apesar de as bactérias terem um importante papel na formação de óxidos de Mn


biogênicos, o mesmo também é verdadeiro para os fungos. Pesquisadores sugeriram uma
similaridade entre o mecanismo enzimático envolvido com a oxidação do íon Mn(II)
realizado por bactérias e fungos, devido a presença da atividade de peroxidases e
multicobre oxidases (MCOs) em ambos os organismos (Tebo et al., 1997).

Alguns fungos basidiomicetos são bem caracterizados em oxidar o íon Mn(II).


Eles utilizam a oxidação do Mn(II) para degradar a lignina. São secretadas as enzimas
manganês peroxidases (MnP) que catalisam a oxidação de Mn(II) a Mn(III) através do
H2O2 na presença de um quelante adequado para o Mn (ácidos orgânicos, pirofosfato). A
oxidação resulta na formação de um composto oxidante de lignina, o quelato de Mn(III).
O Mn(III) quelado, por sua vez, age como um mediador redox de baixo peso molecular
que ataca estruturas fenólicas da lignina, resultando na formação de radicais livres
instáveis que tendem a desintegrar-se espontaneamente (Wariishi et al., 1992) como
ilustrado na Figura 3.

Dois grupos ecofisiológicos de basidiomicetos secretam a enzima MnP em


variadas formas no ambiente. Esses fungos são os decompositores de madeira que causam
a podridão branca e os fungos decompositores de solo (Hofrichter, 2002)

9
Figura 3: Imobilização do íon Mn(II) por fungos ligninolíticos. Adaptada de Hofrichter, 2002.

Outra enzima utilizada na degradação de lignina, a enzima lacase, a qual faz parte
da família das MCOs, também está relacionada com o mecanismo de oxidação do íon
Mn(II) por fungos (Tebo et al., 2005). A enzima lacase, do mesmo modo que a MnP,
catalisa a oxidação do Mn(II) a Mn(III) na presença de um quelante de Mn (Baldrian,
2006).

A oxidação enzimática do íon Mn(II) foi identificada em outros fungos além dos
basidiomicetos. Estudos sugerem que as MCOs também atuam como oxidantes de Mn(II)
em diversos ascomicetos (Miyata et al., 2004; Miyata et al., 2006; Thompson Ia Fau -
Huber et al., 2006). Um fungo ascomiceto como Acremonium sp. KR21-2 mostrou
atividade enzimática com a ocorrência da oxidação do Mn(II) a Mn(IV) (Miyata et al.,
2004), assim como Galumannomyces graminis foi capaz de oxidar o Mn(II), sendo este
processo catalisado pela lacase (Thompson Ia Fau - Huber et al., 2006).

Vários outros fungos são capazes de oxidar o Mn, incluindo os gêneros Alternaria,
Cladosporium, Coniothyrium, Curvularia, Penicillium, Phoma, Verticillium, entre

10
outros, que já foram isolados de ambientes mais diversos tais como solo, superfícies
rochosas, sedimentos, esgotos, água salgada e doce, e em sistemas de distribuição de água
(Timonin et al., 1972; De La Torre e Gomez-Alarcon, 1994; Miyata et al., 2006; Miyata
et al., 2007).

Foi proposta a possibilidade da existência de uma cooperação entre as atividades


das enzimas lacase e MnP. Na presença do íon Mn(II) e do ácido orgânico oxalato, a
lacase produz oxalato de Mn(III). O último, inicia um conjunto de reações em cadeia que
conduzem a formação de H2O2, o qual é fundamental para as reações da MnP (Schlosser
e Hofer, 2002).

1.4.3 Leveduras e o Mn

Enquanto as bactérias têm sido reconhecidas como os principais MOMn na


natureza, menor atenção foi dada para o papel dos fungos na biogênese de óxidos de Mn.
Neste sentido, a literatura relata apenas a atuação de fungos filamentosos, ascomicetos ou
basidiomicetos, na ciclagem do Mn, e nada se tem descrito sobre o possível envolvimento
das leveduras em tal processo.

Estão disponíveis na literatura somente dois trabalhos que relatam a existência de


uma relação entre leveduras e a tolerância a altas concentrações do Mn. O primeiro estudo
foi realizado com a levedura Rhodotorua gluitinis R-1 isolada de águas termais ácidas
contendo Mn e Al dissolvidos. Foi mostrada a resistência da levedura através da
capacidade de crescer em até 300mM do íon Mn(II) em meio GPY líquido (glicose,
polipeptona e extrato de levedura), sendo que quanto maior a concentração do Mn, menor
a taxa de crescimento microbiano. Como forma de adaptação ao ambiente ácido e à
presença dos metais, a levedura mudou componentes da membrana celular, assim como
a forma do envelope celular através do aumento da espessura e enrugamento da parede
(Nguyen et al., 2001).

No segundo estudo, cepas de leveduras nigerianas também foram analisadas


quanto aos padrões de resistência a metais pesados como Cu, Mn, cádmio (Cd), prata
(Ag) e zinco (Zn). As leveduras foram resistentes a todos os metais após dois dias de
incubação em placas. As maiores tolerâncias observadas foram para o Mn e o Cu, com a

11
ocorrência de crescimento celular alcançando a concentração de até 20mM destes
elementos (Olasupo et al., 1993).

1.5 Importância Biotecnológica das Leveduras

Leveduras são descritas na literatura como fungos unicelulares e geralmente são


representas por pequenas células individuais que se reproduzem por brotamento ou por
fissão. Várias leveduras exibem a formação de hifas ou pseudo-hifas, compostas por uma
cadeia alongada de brotos. O termo “levedura” não possui sua própria legitimidade
taxonômica e representa uma forma de crescimento que está presente em vários grupos
de fungos não relacionados (Choudhary e Johri, 2009).

As leveduras têm sido utilizadas para a fabricação de pão, cerveja e vinho desde
os tempos antigos. O papel na fermentação foi reconhecido por Pasteur e as primeiras
culturas puras fermentadoras de cerveja e de vinho foram obtidas por Hansen e Muller-
Thurgau, respectivamente, no final do século XIX. Desde então, a utilização de leveduras
se tornou uma prática padrão na fermentação industrial, não só para alimentos e bebidas,
mas também para uma ampla variedade de produtos feitos por leveduras ou a partir de
células de leveduras (Deak, 2009).

Como atributo tradicional, tem–se o papel das leveduras na fermentação de vários


produtos como cerveja, cidra, vinho, saquê, bebidas destiladas, pães, queijo, salsicha,
entre outros. Entretanto, outros processos industriais já consagrados como a produção do
bioetanol, rações, enzimas industriais e metabólitos de pequeno peso molecular,
envolvem a participação das leveduras (Johnson e Erasun, 2011). A Tabela 1 ilustra
algumas espécies de leveduras com suas respectivas aplicações biotecnológicas.

12
Tabela 1: Espécies de leveduras e suas aplicações em biotecnologia. Traduzido de Deak, 2009.
Espécie Aplicação Biotecnológica
Candida milleri Agricultura
C. shehatae Bioetanol
C. sake Biocontrole
C. oleophila Proteína
C. maltosa Queijo, salsicha, proteases
Debaryomyces hansenii Amilase
D. (Schwanniomyces) occidentalis Riboflavina
Eremothecium ashbyi Aprimoramento do queijo
Geotrichum candidum Fermentação de vinho
Hanseniaspora uvarum Fermentação de leite; proteína do soro
Kluyveromyces marxianus Fermentação de leite; proteína do soro
K. lactis Bioetanol
Pachysolen tannophilus Astaxantina
Pichia angusta (Hansenula polymorpha) Bioetanol
P. anômala Biocontrole
P. jadinii (C. utilis) Matéria-prima
P. pastoris Proteína heteróloga
P. stipitis Bioetanol
Pseudozyma flocculosa Biocontrole
Rhodotorula glutinis Caroteno
Schizosaccharomyces pombe Fermentação de cidra
Saccharomyces cerevisiae Fermentação cerveja, pão, vinho; bioetanol,
invertase; proteína heteróloga
S. exiguus Agricultura
S. boulardii (S. cerevisiae) Probiótico
Saccharomycopsis fibuligera Amilase
Torulaspora delbrueckii Agricultura
Zygosaccharomyces rouxii Molho de soja

A levedura Saccharomyces cerevisiae foi o primeiro organismo eucariótico a


possuir o genoma sequenciado, e deste modo, é amplamente reconhecida como modelo
para estudos genéticos e bioquímicos além de estudos celulares e moleculares de
eucariotos. Sua sequência gênica tornou-se então, uma referência de comparação nos
estudos com animais, plantas e o homem, uma vez que possuem inúmeros genes
conservados (Costanzo et al., 2011). Recentemente, algumas espécies de leveduras, entre
elas S. cerevisiae, foram geneticamente modificadas para a produção heteróloga de
enzimas de interesse farmacêutico. Leveduras também possuem um papel importante na
agricultura como agentes de biocontrole, indicadores de qualidade ambiental além de
serem utilizadas em processos de biorremediação, como no tratamento de efluentes e
remoção de poluentes (Johnson e Erasun, 2011).

13
1.5.1 Tratamento de Efluentes por Leveduras

Dentre as aplicações das leveduras na biotecnologia, vem sendo dada atenção ao


papel de tais micro-organismo na degradação de poluentes e no tratamento de efluentes.
A aplicação de leveduras em tais processos, foi sugerida pela primeira vez a
aproximadamente 18 anos por pesquisadores japoneses. Eles fizeram uso de leveduras
para o tratamento de um efluente industrial de produção de óleo e obtiveram bons
resultados (Chigusa et al., 1996). Nesse aspecto, também já foram descritas leveduras
com capacidade de degradar substâncias como compostos fenólicos (Jiang et al., 2010),
corantes (Yang et al., 2003), nitrobenzeno (Zheng et al., 2009), biodiesel (Diego Gil De
Los et al., 2012) e hidrocarbonetos (Zinjarde e Pant, 2002). Algumas leveduras também
estão envolvidos nos processos de oxidação do cromo (Cr) (Rajpert et al., 2013).

Leveduras isoladas do lodo ativado de estações e tratamento foram avaliadas


quanto a remoção de três tipos de corantes (preto, vermelho e azul) do meio de cultivo.
Os três corantes foram removidos do meio e tal remoção geralmente ocorre devido a
biossorção pela interação das células com o corante ou por catálise enzimática. As
atividades enzimáticas da lacase e MnP foram medidas, e estas enzimas estavam de fato
envolvidas na remoção do corante (Yang, Q. et al., 2013). As duas enzimas relacionadas
com a remoção do corante por leveduras são as mesmas enzimas capazes de oxidar o
Mn(II) por fungos filamentosos. Elas são enzimas direta ou parcialmente responsáveis
pela degradação de várias substâncias e tem sido estudadas devido a habilidade de
degradar poluentes e substratos não específicos (Kaushik e Malik, 2009).

Um estudo utilizando leveduras do gênero Candida para a remoção do corante


Amaranto através da biossorção, mostrou que tal processo, independe da superfície
celular, não havendo relação entre superfície disponível de célula e quantidade de corante
adsorvido. Estes dados reforçam a ideia de que a capacidade de absorção está relacionada
às características da membrana de cada espécie em questão. Deste modo, foi sugerida a
possibilidade do uso de leveduras de tal gênero para o tratamento microbiológico, como
uma forma alternativa para o uso em biorreatores (Camargo e Corso, 2002).

O processo de biossorção em leveduras não está restrita a remoção de corantes. A


biomassa de leveduras tem sido utilizada como biossorvente para a remoção de Ag, Cd,
Cr, Cu, Zn, ouro (Au), cobalto (Co), níquel (Ni), chumbo (Pb), urânio (U) e tório (Th), a

14
partir de soluções aquosas. Leveduras dos gêneros Saccharomyces, Candida e Pichia são
eficientes biossorventes de metais pesados (Podgorskii et al., 2004; Wang e Chen, 2009).

Levando em consideração que micro-organismos como bactérias e fungos


filamentosos são conhecidos por oxidar o íon Mn(II), que as enzimas envolvidas na
oxidação do Mn por fungos filamentosos também já foram expressadas por leveduras e
que a biomassa de leveduras atua como biossorvente de metais, a hipótese deste trabalho
foi de que assim como as bactérias e os fungos, as leveduras também são eficientes no
processo de oxidação do Mn. Portanto, a ideia principal do presente estudo foi investigar
a potencial habilidade de isolados de leveduras de uma água de mina contendo Mn, no
que diz respeito a oxidação do íon Mn(II) e remoção do metal do meio.

15
2. Objetivos

16
2.1 Objetivo Geral

Baseado no potencial biotecnológico dos micro-organismos para o tratamento de


efluentes associados ao Mn, este projeto propõe selecionar espécies de leveduras com
capacidade de remover o íon Mn(II).

2.2 Objetivos específicos

 Selecionar leveduras tolerantes ao íon Mn(II).


 Avaliar a tolerância a concentrações crescentes de Mn.
 Caracterizar os isolados através do perfil bioquímico de assimilação de fontes
de carbono.
 Identificar os isolados pelo sequenciamento e análise filogenética da região do
gene do rRNA.
 Determinar a eficiência no processo de remoção do Mn(II).
 Verificar o comportamento das leveduras durante o processo de remoção.

17
3. Materiais e Métodos

18
3.1 Coleta das Amostras

Cerca de cinco litros de água foram coletados de uma mina localizada no


Quadrilátero Ferrífero - Minas Gerais. A água foi analisada em espectrômetro de emissão
atômica por plasma (Varian 725) para avaliar a presença de elementos. Resumidamente,
a amostra é levada até o plasma de argônio onde os átomos, ao serem excitados, retornam
ao seu estado fundamental emitindo energia em comprimento de onda específico. Uma
curva analítica foi preparada com padrões de diferentes concentrações de cada elemento
analisado para calibração do equipamento. Assim, a intensidade emitida por cada
elemento na amostra foi relacionada à sua concentração nas soluções padrões, através da
equação da reta obtida na calibração.

3.2 Enriquecimento Microbiano

Um litro da água coletada foi submetido à filtração utilizando membrana de


0,22μm (Millex, Millipore). Após a filtração da amostra de água, o filtro contendo os
micro-organismos foi cortado em pequenos pedaços e transferidos para tubos tipo falcon
contendo 10mL dos meios de cultivo Sabouraud, Batata e Mineral cujas composições
encontram-se na Tabela 2. As culturas foram incubados a 30°C sob agitação constante
de 150 rpm em shaker (Innova 44, New Brunswick) durante 24 horas. Na ocorrência de
crescimento celular, 100µl da cultura foram estriados em placas de Petri contendo os
respectivos meios de cultivo. As placas forma mantidas a 28°C em estufa Biochemical
Oxygen Demand – BOD (TE-391, Tecnal) por 48 horas.

3.3 Isolamento das Leveduras

As colônias com aparência semelhante a levedura que podiam ser visualizadas nas
placas dos diferentes meios foram novamente estriadas em placas contendo meio YPD
(Tabela 2) acrescido de MnSO4, na mesma concentração do íon Mn(II) que a encontrada
na da água coletada da mina. O Mn(II) foi incorporado ao meio pela adição de
Mn(SO4).H2O após a esterilização do meio. Previamente à adição ao meio de cultivo, o
Mn(SO4).H2O sofreu irradiação ultravioleta durante 15 minutos para a esterilização e

19
prevenção contra a contaminação do meio por outros micro-organismos. As placas foram
mantidas a 28°C por 48 horas.

Os micro-organismos que cresceram nestas condições foram visualizados ao


microscópio óptico (MediLux) para ser observado se a forma e o tamanho celular era
corresponde a uma célula de levedura.

As leveduras isolados foram posteriormente cultivadas em meio YPD (meio


comumente utilizado para cultivo de leveduras) adicionado de MnSO4, e após 24 horas,
foi adicionado glicerol PA 50% (v/v) e alíquotas de 1mL foram armazenadas em
eppendorfs à – 80°C.

Tabela 2: Composição dos meios de cultura utilizados para enriquecimento microbiano e


isolamento das leveduras.
Meio Sabouraud Meio Batata Meio Mineral Meio YPD

Componentes Composição Componentes Composição Componentes Composição Componentes Composição

Peptona 10g/L Infusão de 200g/L NH4NO3 3g/L Peptona 20g/L


batata

Glicose 40g/L Dextrose 20g/L K2HPO4 1g/L Estrato de 10g/L


levedura

Agar*1 15g/L Agar*1 15g/L MgSO4.7H2O 0,5g/L Glicose 20g/L

pH ajustado Sacarose 100g/L Agar*1 15g/L


para 7,6

Agar*1 15g/L MnSO4.H2O*2 0,15g/L

Ampicilina 100µg/µL

*¹Adicionado quando necessário.


*2Adicionados após autoclavação e resfriamento dos meios.

3.4 Teste de Tolerância a Concentrações Crescentes do Íon Mn(II)

Os isolados de leveduras foram crescidos em meio YPD sólido e colônias entre


18 a 24 horas foram repicadas em placas contendo meio YPD adicionado do íon Mn(II).
Neste ensaio, foram utilizadas as seguintes concentrações do íon Mn(II): 1, 5, 16, 32 e 54
mM.

As placas foram mantidas a 28°C por 30 dias. Observou-se a presença de


crescimento de colônias nas diferentes placas, mudança de coloração e possíveis

20
mudanças na textura das colônias. Como controle, foram mantidas nas mesmas condições
placas com todas as diferentes concentrações do Mn contendo apenas o meio de cultivo
sem a presença dos micro-organismos.

3.5 Identificação Bioquímica das Leveduras

Os isolados de leveduras foram submetidos aos testes de crescimento em fontes


de carbono (Auxanograma). Também realizou-se microcultivo dos isolados para a
observação de formação de hifas ou pseudo-hifas.

3.5.1 Auxanograma – Assimilação de Fontes de Carbono

A capacidade de assimilação de fontes de carbono pelos isolados foi testada pelo


Sistema API 20C AUX da empresa BioMerieux. O kit API 20C AUX é composto por
galerias (Figura 4) que possuem 19 cúpulas contendo meio de cultura adicionado de
açúcares e uma cúpula testemunha sem fonte de carbono (cúpula controle). A relação dos
açúcares presentes na galerias encontra-se na Tabela 3.

Tabela 3: Açúcares presentes no Kit API 20C AUX.


Testes Substratos Quantidade (mg/cúpula)
0 Nenhum -
GLU D-Glucose 1,2
GLY Glicerol 1,2
2KG Cálcio 2-ceto-Gluconato 1,2
ARA L-Arabinose 1,2
XYL D-Xilose 1,2
ADO Adonitol 1,2
XLT Xilitol 1,2
GAL D-Galactose 1,9
INO Inositol 2,36
SOR D-Sorbitol 1,2
MDG Metil-αD-Glucopiranosido 1,2
NAG N-Acetil-Glucosamina 1,2
CEL D-Celobiose 1,2
LAC D-Lactose (origem bovina) 1,2
MAL D-Maltose 1,2
SAC D-Sacarose 1,2
TER D-Trealose 1,2
MLZ D-Melezitose 1,2
RAF D-Rafinose 1,9

21
Figura 4: Galeria do Kit API 20C AUX. A galeria contém 20 cúpulas, para a inoculação da
levedura. A primeira é a cúpula testemunha ou cúpula controle na qual não há adição de nenhuma
fonte de carbono, enquanto que as outras 19 cúpulas possuem fontes de carbono diferentes.

Foi utilizada uma galeria para cada levedura, na qual as cúpulas foram inoculadas
com uma suspensão realizada em um tubo com 2mL de Supensio Medium (BioMerieux)
com opacidade 2 da Escala de McFarland a partir de colônias com 18 a 24 horas. As
galerias foram armazenadas a 28°C por 72 horas em câmara úmida. Foram feitas leituras
nos intervalos de 48 e 72 horas.

Observou-se o crescimento das leveduras e as cúpulas que apresentaram-se mais


turvas que a cúpula testemunha indicaram reação positiva. A partir dos resultados obtidos
com as galerias, foi realizada a comparação com o catálogo analítico online fornecido
pela empresa chegando-se às identificações das espécies, como mostrado na Figura 5.

Figura 5: Esquema da validação realizada no catálogo analítico online através dos resultados de
crescimento nas diferentes cúpulas nas galerias do Kit API 20C AUX. Nos espaços
correspondentes às 20 cúpulas da galeria deve ser preenchido crescimento positivo (+) ou
negativo (-), assim como a formação ou ausência de formação de hifa ou pseu-hifa. Após
preenchidos todos os espaços, o programa é validado e a espécies correspondente é fornecida.

22
3.5.1.1 Microcultivo das Leveduras

Como metodologia complementar ao Kit API 20C AUX realizou-se microcultivo


para observar a formação de hifas ou de pseudo-hifas pelos isolados. As leveduras foram
primeiramente estriadas em Agar Fubá (150 mL de água destilada; 6,25g de farinha de
trigo amarela; 1,9g de agar, e 1,5 mL de Tween 80). Colônias com 18 a 24 horas foram
repicadas em um pequeno pedaço de Agar Fubá dentro da placa de microcultivo (placa
de Petri, suporte para lâmina de vidro, lamínula, e algodão hidrófilo) que foi coberto por
lamínula. O algodão da placa de microcultivo foi umedecido com água destilada estéril
de modo a criar uma câmara úmida. As placas de microcultivo foram mantidas a 28°C
por 48 horas para a visualização das estruturas.

3.6 Identificação Molecular dos Isolados

3.6.1 Extração do DNA Genômico (DNAg)

Os isolados foram cultivados por 20 horas em meio YPD. Para recuperação dos
micro-organismos, 1mL de cultura foi transferida para tubos eppendorfs e as culturas
foram centrifugadas a 12.000 rpm, 4°C por dois minutos (Micro Hight Refrigerated
Centrifuge, Vision). Os pellets foram lavados com PBS estéril (8,76 g/L de NaCl; 0,568
g/L de Na2HPO4; 0,272 g/L de KH2PO4; pH7,2). Em seguida, eles foram ressuspendidos
em 293µL de EDTA 50mM estéril, e foi adicionado 15 µL da enzima Lyticase
(20mg/mL). As amostras foram incubadas a 37°C por uma hora para a digestão da parede
celular. Posteriormente as amostras foram centrifugadas a 12.000 rpm por dois minutos.
O sobrenadante foi descartado e o pellet foi utilizado para extração do DNAg com o
Wizard Geomic DNA Purification Kit (Promega).

Resumidamente, foram adicionados 300µL de Nuclei Lysis Solution e os pellets


foram homogeneizados suavemente. Adicionou-se 100µL de Protein Preciptation
Solution, e a mistura foi homogeneizada com auxílio de um agitador tipo vortex. Os tubos
foram incubados em gelo por cinco minutos e posteriormente centrifugados a 12.000 rpm,
4°C por três minutos. O sobrenadante foi transferido para um novo tubo tipo eppendorf.
O DNAg foi precipitado com isopropanol e etanol 70% e, posteriormente, ressuspendidos
23
em 50µL de DNA Rehydratation Solution. Foram adicionados 1,5µL de RNAse Solution,
seguido de incubação a 37°C, por 15 minutos. O DNAg foi reidratado com a incubação a
65ºC por uma hora. A preparação foi analisada em gel de agarose 0,6% e quantificada
com auxílio de um espectrofotômetro (NanovueTM GE Healthcare) com leitura a 260nm.

3.6.2 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

O DNAg obtido a partir dos isolados de leveduras foram submetidos a


amplificações utilizando iniciadores para as regiões de genes do rRNA 18S e regiões
ITS1, 5.8S e ITS2 já descritos por Grades e Bruns (1993) e Takano e cols. (2006). As
informações sobre os iniciadores encontram-se na Tabela 4 e as suas localizações ao
longo do gene do rRNA estão ilustradas na Figura 6.

Tabela 4: Características gerais dos iniciadores forward (F) e reverse (R) utilizados nas diferentes
reações de amplificação.
Iniciadores Sequência 5’→3’ Tm Gene

ITS5 GGA AGT AAA AGT CGT AAC AAG G (F) 540C ITS1-5.8SrRNA-ITS2

ITS4 TCC TCC GCT TAT TGA TAT GC (R)

NS3 GCA AGT CTG GTC CCA GCA GCC (F) 550C 18S rRNA

NS6 GCA TCA CAG ACC TGT TAT TGC CTC (R)

NS1 GTA GTC ATA TGC TTG TCT (F) 530C 18S rRNA

NS6 GCA TCA CAG ACC TGT TAT TGC CTC (R)

LROR ACC CGC TGA ACT TAA GC (F) 500C 28S rRNA

LR5-F TCC TGA GGG AAA CTT CG (R)

ITS1F CTT GGT CAT TTA GAG GAA GTA (F) 520C 28S rRNA

LR5-F TCC TGA GGG AAA CTT CG (R)

TS1F CTT GGT CAT TTA GAG GAA GTA (F) 520C ITS1-5.8SrRNA-ITS2

ITS4B CAG GAG ACT TGT ACA CGG TCC AG(R)

24
Figura 6: Localização dos iniciadores no gene do rRNA. Adaptada de Grades e Bruns (1993) e
Takano e cols. (2006).

As reações de PCR foram preparadas com a enzima Taq DNA Polymerase


recombinante (Fermentas) e a mistura reacional, adicionada a um tubo tipo eppendorf,
com o volume final de 50µL. A composição das reações de PCR está apresentada na
Tabela 5.

Tabela 5: Composição da mistura de reagentes utilizados nas reações de PCR.


Reagentes Volume (µL)
DNAg*¹ 4

Tampão da reação (NH4)2SO4 10X 5

MgCl2 (25mM) 4

dNTPs*2 (10mM) 1

Solução de iniciadores forward e 1


reverse (10μM)

Taq DNA polimerase (5u/μL) 2

H2O Milli-Q esterilizada 33

*¹ Concentração variando de acordo com os isolados entre 4 e 20ng de DNA.


*2 N= adenina, timina, citosina e guanina.

Após a reação de PCR, 5μL do produto da reação foram analisados em gel de


agarose a 1,2%, utilizando TBE 0,5X como tampão de corrida. Os amplicons foram
corados com brometo de etídeo (1μg/mL) e visualizados com auxílio de um
transiluminador (VilberLourmat) sob luz UV. O tamanho dos fragmentos amplificados
foi determinado por comparação com um marcador de massa molecular de 100 pares de
bases (Affymetrix).

25
A mistura reacional foi incubada em um termociclador (ThermoHybaid Px2) e a
reação de PCR seguiu os seguintes parâmetros:

1) Desnaturação inicial do DNA a 94°C por 12 minutos;

2) 30 ciclos com desnaturação 94°C por 30 segundos, anelamento dos iniciadores


por 30 segundos (temperatura variando de acordo com cada par de iniciadores) e extensão
da cadeia de DNA pela Taq DNA polimerase a 72°C por 90 segundos;

3) Extensão final a 72°C por sete minutos;

4) Resfriamento a 4°C.

3.6.3 Purificação dos Produtos de PCR

Um volume de 100μL dos produtos de PCR de cada isolado de levedura, obtido


com o par de iniciadores ITS1F/ITS4B, foi transferido para um novo tubo eppendorf. Em
cada tubo, foram adicionados 10μL de acetato de sódio 3M, pH 7,0 e 250μL de etanol
absoluto gelado. A mistura foi incubada a -20ºC durante 30 minutos. Em seguida, as
amostras foram centrifugadas a 10.000 rpm, 4°C por cinco minutos. O precipitado foi
lavado com etanol 70% gelado e deixado em capela de fluxo laminar até secar.
Posteriormente, os amplicons purificados foram ressuspendidos em 15μL de água Milli-
Q estéril. Após purificação, cerca de 2μL do produto obtido foram analisados em gel de
agarose 1,2% corado com brometo de etídeo (1μg/mL), visualizados com auxílio de um
transiluminador (VilberLourmat) e quantificados com o auxílio do equipamento
NanovueTM GE Healthcare.

3.6.4 Reação de Sequenciamento

As reações de sequenciamento foram realizados através do serviço prestado pela


empresa Helixxa utilizando os produtos de PCR purificados. Foi utilizada a técnica do
término do crescimento da cadeia, inicialmente desenvolvida por Sanger e Coulson
(1975). As reações foram realizadas utilizando o kit Big-Dye Terminator
(AppliedBiosystems), de acordo com as instruções do fabricante e analisadas no

26
sequenciador automático de DNA (3500 Genetic Analyzer, AppliedBiosystems). Os
fragmentos de DNA foram sequenciados na direção foward.

3.6.5 Análise de Sequências e Filogenia

As sequências de nucleotídeos obtidas foram submetidas a uma busca por


similaridades de nucleotídeos com uso do algoritmo BLASTn no banco de dados NCBI
(www.ncbi.nlm.nih.gov).

A análise filogenética foi realizada pelo método de distância, utilizando o


algoritmo Neighbor-Joining. Desse modo, a árvore filogenética foi obtida através da
análise de bootstrap de 2.000 réplicas e construídas pelo programa Figtree (versão 1.4).

3.7 Ensaios de Remoção Biológica do íon Mn(II)

Os ensaios de remoção biológica do íon Mn(II) foram realizados como uma


adaptação da técnica utilizada para bactérias, uma vez que nada se tem na literatura
referente a atuação de leveduras neste processo. Nos ensaios foi utilizado o meio YPD
contendo 0,91mM do íon Mn(II), valor equivalente a 50mg/L que é a concentração usual
dos ensaios com bactérias (Nealson, 2006). Para isto, foi realizado um pré-inóculo para
as células de leveduras a partir das alíquotas dos isolados armazenas à – 80°C. Depois do
cultivo overnight a 30°C, sob agitação constante de 150 rpm, transferiu-se 3mL do pré-
inóculo pra 100mL de meio YPD em um tubo de vidro com capacidade de 250mL. As
culturas foram incubadas nas mesmas condições anteriores por sete dias. Alíquotas foram
recolhidas a cada 24 horas de cultivo para dosagem do íon Mn(II), medidas do pH (pH
21, Hanna) e do crescimento celular por leitura da densidade ótica a 600nm (SP-2.000UV,
Spectrum). Os ensaios foram realizados em triplicata biológica.

Para a dosagem do íon Mn(II), cerca de 2mL da cultura foi centrifugada a 12.000
rpm, 4°C por 10 minutos. O sobrenadante foi recolhido, diluído 10 vezes em água
destilada e acidificada com solução de HCl (1:1). As amostras diluídas foram submetidas
à técnica analítica de espectrometria de emissão atômica por plasma (Varian 725). A

27
remoção do íon Mn(II) foi avaliada pelo decaimento do elemento no meio de cultura e a
porcentagem de remoção foi calculada por meio da equação:

𝑀𝑖 − 𝑀𝑓
𝑅𝑒𝑚𝑜çã𝑜 (%) = 100.
𝑀𝑖

Onde, Mi é a concentração inicial do íon Mn(II), medido no tempo zero, e Mf é a


concentração final do íon Mn(II).

Como controle, tubos contendo 100mL de meio YPD com 0,91mM do íon Mn(II)
e adicionado do fungicida Tiosenato 0,03mg/L foram incubados nas mesmas condições e
submetidos às mesmas dosagens.

3.8 Microscopia Eletrônica de Varredura

Para observar como a estrutura celular se apresentava após a exposição ao Mn, as


células dos isolados de leveduras foram observadas ao Microscópio Eletrônico de
Varredura (MEV) pertencente ao Nanolab da Redemat na Universidade Federal de Ouro
Preto. Para isto, foram realizados novos experimentos, na condição descrita no item 3.7.
Nessas análises também foram utilizadas colônias que foram tolerantes à concentração de
32mM do íon Mn(II) em crescimento em placa.

3.8.1 Preparação das lâminas

Cerca de 1mL de cada um das culturas foi transferido para tubos eppendorfs e
centrifugados a 5.000 rpm por 20 minutos. As células foram lavadas por duas vezes em
água destilada. O pellet foi ressupendido em 1mL de tampão fosfato 0,1M pH7,2
contendo 1% de paraformaldeído e 2% de glutaraldeído. Um volume de 50µL foi
transferido para uma lâmina de vidro previamente tratada com solução 2% de silano em
acetona, para a fixação das células na lâmina durante o período de duas horas.
Posteriormente, as células já fixadas em lâminas foram lavadas com água destilada e

28
desidratadas três vezes em uma série de etanol (30, 50, 70, 80, 90, 95 e 100%) por cinco
minutos cada concentração de etanol.

Para as colônias crescidas em meio sólido, foi retirada uma colônia da placa e
homogeneizada em 1mL de tampão fosfato 0,1M pH 7,2 contendo 1% de
paraformaldeído e 2% de glutaraldeído. O restante da preparação das lâminas foi de
maneira igual a realizada para as culturas em meio líquido.

As lâminas foram então encaminhadas à metalizadora (Q150R ES, Quorum) que


vaporizou íons metálicos de Au com 99,98% de pureza sobre as amostras para torná-las
condutoras de eletricidade e calor. Posteriormente as lâminas foram observadas ao MEV
(Vega 3, Tescan).

3.8.2 Visualização das amostras pelo MEV

As lâminas foram submetidas ao vácuo no MEV. O objetivo do vácuo é minimizar


o espalhamento dos elétrons, uma vez que a presença de oxigênio compromete a
passagem dos feixes de elétrons, além de garantir a absorção apropriada dos raios-X. Para
a visualização da imagem das amostras, os elétrons foram detectados por dois sistemas
de detecção de elétrons: 1) Detecção dos elétrons secundários (“secondary electron” –
SE) que fornecem uma imagem topográfica tridimensional, na qual o contraste na imagem
é dado pelo relevo da amostra; 2) Detecção de elétrons retroespalhados (“backscattering
electron”- BSE) que fornecem uma imagem com diferentes informações em relação ao
contraste que apresentam, pois além de uma imagem topográfica (contraste em função
do relevo) também obtém-se uma imagem de composição (contraste em função do
número atômico dos elementos presentes na amostra). Os elétrons secundários são de
baixa energia e resultam da interação do feixe eletrônico com o material da amostra. Já
os elétrons retroespalhados são de alta energia, por serem resultantes de espalhamento
elástico múltiplo que provêm de camadas mais superficiais da amostra (Maurice et al.,
1980; Godstein, 1992).

29
3.8.3 Microanálise por Espectrometria de Dispersão de Energia

Além da visualização das imagens por SE e BSE, as lâminas também foram


submetidas ao sistema Oxford de microanálise de raios-X por espectrometria de dispersão
de energia (“Energy Dispersive Spectrometer” - EDS) que encontra-se acoplado ao MEV.
Na interação elétrons-amostra são gerados raios–X que fornecem informação
sobre a composição química da amostra que está sendo analisada. O sistema EDS é capaz
de fazer análises qualitativas e de detectar os elementos químicos que estão emitindo a
radiação, de acordo com os seus números atômicos. Desse modo, as lâminas foram
analisadas quanto à presença ou ausência de Mn nas amostras assim como também a
presença de outros elementos químicos (Maurice et al., 1980; Godstein, 1992).

30
4. Resultados e Discussões

31
4.1 Caracterização Química da Água

A água da mina foi analisada por espectrometria de emissão atômica por plasma.
O teor de Mn encontrado na água foi de 140mg/L o equivalente a 2,5mM (Tabela 6). A
concentração de Mn observada é muito elevada quando comparada aos limites
estabelecidos na Resolução CONAMA nº. 430, de 13/05/2011 que estabelece o
lançamento de 1,0mg/L de Mn dissolvido em efluentes. A água amostrada se trata de uma
água superficial com pH 6,5 e que foi coleta no inverno, estação com baixo nível
pluviométrico, que pode levar ao aumento da concentração do Mn.

Tabela 6: Análise da água de mina. Cerca de 10mL da água coletada foram submetidas à técnica
analítica de espectrometria de emissão atômica por plasma (Varian 725).
Elementos Concentração (mg/L)
Na 4,07
Ca 85,6
Cu 0,22
Fe 2,2
Mn 140
Ni 0,62
S 306
Zn 0,78

A solubilização de minerais contendo Mn resulta na contaminação das águas com


o elemento. Em ambientes contendo Mn e com interface óxida/anóxida pode ocorrer o
ciclo biogeoquímico do elemento. A presença de micro-organismos em condições de
anaerobiose favorecem a redução de Mn(IV) ou Mn(III) a Mn(II). Condições como baixo
pH e Eh, presença de íons Fe(II) e sulfeto de hidrogênio (H2S) também favorecem a
prevalência do Mn do seu estado solúvel. Em condições contrárias, como em alto pH e
Eh, aerobiose, os micro-organismos que oxidam o Mn realizam o processo inverso
(Nealson, 2006). Dessa forma, na mina onde foi coletada a água, as condições estão
influenciando a ocorrência do Mn(II) solúvel.

4.2 Micro-organismos Isolados da Água da Mina

Cerca de um litro da água da mina foi filtrado em membrana 0,22µm para o


isolamento de micro-organismos nela presentes. A partir da inoculação de pedaços da

32
membrana nos meios Sabouraud, Batata e Mineral, foram isolados fungos filamentosos,
bactérias e leveduras, totalizando 44 isolados (Tabela 7).

Tabela 7: Micro-organismos isolados da água pelos meios Sabouraud, Batata e Mineral e YPD.
Fungos Filamentosos Bactérias Leveduras

Isolados dos Meios Sabouraud, Batata e Mineral e


Crescidos em YPD na presença de Mn
Meios que Foram Isolados
Classificação

Bacilos

Sabouraud Batata Mineral Gram+ Gram- 8

10 10 11 3 2

Sub-total 31 5 8

Total 44

As leveduras isoladas a partir dos meios Sabouraud, Batata e Mineral foram


posteriormente repicadas em placas contendo YPD adicionado de 2,5mM do íon Mn(II),
a mesma concentração de Mn encontrada na água da mina onde as leveduras foram
isoladas. Os isolados de leveduras que cresceram em tais condições foram selecionados
para a realização deste trabalho, enquanto que as bactérias e os fungos filamentosos foram
objeto de estudo em outros trabalhos do grupo. Por convenção, os isolados de levedura
serão identificados pelo número que receberam no isolamento dos 44 micro-organismos.
Senso assim, os isolados 12, 13, 29, 42 e 43 possuem coloração rosa com pequenas
variações na tonalidade, enquanto que os isolados 28, 38 e 39 possuem morfologia
semelhante com a coloração branca como observado na Figura 7.

33
Figura 7: Leveduras isoladas da água da Mina em meio YPD +2,5mM do íon Mn(II). Isolados
12, 13, 29, 42 e 43 com coloração rosa e isolados 28, 38 e 39 com coloração branca.

A diversidade de micro-organismos isolados da água da mina pode ter um grande


impacto sobre o ciclo biogeoquímico do Mn no local. Estudos focados na reciclagem de
óxidos de Mn em ambientes como o Mar Negro e drenagens ácidas de minas, têm
destacado o fato de que o fluxo geoquímico e as taxas de ciclagem do Mn estão
mecanicamente ligados a oxidação do Mn(II) (Haack e Warren, 2003; Konovalov, 2003).
Micro-organismos tolerantes a altos níveis do íon Mn(II) já foram isolados dos mais
variados ambientes ao longo do globo terrestre (Tebo et al., 2005).

4.3 Testes de Tolerância ao Íon Mn(II)

Os oito isolados de leveduras foram analisados quanto as suas capacidades de


tolerar e crescer em crescentes concentrações de 1, 5, 16, 32 e 54mM do íon Mn(II).
Observou-se crescimento celular em todas as concentrações, com exceção da
concentração de 54mM de Mn(II). Nas placas com 1 e 5mM de Mn(II) as colônias se
apresentaram com textura, aparência e coloração normais. Já em 16 e 32mM de Mn(II)
foi observado a mudança da coloração do meio para a tonalidade marrom (Figura 8).

34
Figura 8: Os oito isolados de leveduras em placas com diferentes concentrações de Mn(II). Nas
placas com 5mM de Mn(II) não há mudança da cor do meio. Nas placas com 16 e 32mM de
Mn(II) há mudança do meio para marrom e colônias enrugadas para os isolado 28, 38 e 39.

Como controle do experimento, placas contendo apenas o meio de cultivo com as


diferentes concentrações do Mn foram mantidas nas mesmas condições, e não foi
observada a ocorrência de mudança na coloração do meio (não mostrado na figura),
reforçando a hipótese de remoção biológica do Mn, formando MnO2, uma vez que o íon
Mn(II) solúvel no meio quando oxidado a Mn(IV) é precipitado como óxido de manganês
(MnOx) que assume coloração marrom (Nealson, 2006). Já foi demonstrado que fungos
filamentosos foram capazes de tolerar e crescer em até 10mM de Mn(II), e que quanto
maior a concentração inicial de Mn(II), maior o depósito de óxidos de Mn (Burgos et al.,
2010). Os nossos resultados também mostram que na maior concentração do elemento, a
de 32mM de Mn(II), foi observado uma tonalidade marrom mais escura.

35
O isolado 29 apresentou um perfil distinto dos demais, uma vez que foi o único
que na concentração de 32mM de Mn(II) houve pequena mudança do meio para marrom,
sendo visualizado apenas no entorno das colônias. Ressalta-se também que entre todos os
isolados de tonalidade rosa, o isolado 29 foi o único que apresentou um crescimento
menor na placa de 32mM de Mn(II) ao se comparar com as outras concentrações.

Para os isolados brancos 28, 38 e 39 observou-se juntamente com a cor marrom


nas placas de 16 e 32mM de Mn(II) um enrugamento na textura das colônias. Esse efeito
pode ser um mecanismo de defesa celular contra as altas concentrações do metal.
Entretanto, o isolado 28 diferiu-se dos isolados 38 e 39, uma vez que os últimos
apresentaram um menor crescimento da placa de 32mM de Mn(II) em comparação com
as outras concentrações, assim como foi observado para o isolado 29. Todos os isolados
não foram capazes de tolerar a concentração de 54mM de Mn(II), a qual demonstrou-se
tóxica e inibitória do crescimento. O relato encontrado na literatura sobre a tolerância de
leveduras ao íon Mn(II) mostra que elas foram capazes de tolerar até 20mM do elemento
em placa (Olasupo et al., 1993).

Um trabalho recente mostrou a relação de um isolado de Rhodotorula


mucilaginosa, proveniente de uma mina de minério de xisto preto, com o ciclo
geoquímico do Cu. Foi avaliada a tolerância da levedura à altas concentrações de Cu e os
pesquisadores observaram que R. mucilaginosa foi capaz de tolerar até 8mM do íon
Cu(II), mas que o crescimento foi claramente diminuído a partir da concentração de 2mM.
Eles também constataram que as colônias ficaram com tonalidade azul escuro no meio
contendo Cu(II), indicando a bioacumulação pelas células das leveduras (Rajpert et al.,
2013).

4.4 Caracterização Bioquímica das Leveduras: Auxanograma - Assimilação de


Fontes de Carbono

As leveduras isoladas foram caracterizadas em relação aos seus perfis bioquímicos


de assimilação de fontes de carbono (Auxanograma). O Auxanograma determina a
habilidade das leveduras de crescerem em condição aeróbia em diferentes compostos de
carbono que atuam como a única fonte de energia disponível. Neste trabalho utilizou-se
o Auxanograma como uma estratégia para a caracterização fisiológica assim como para

36
a identificação das espécies correspondentes aos isolados, de modo a obter uma melhor
caracterização geral destes isolados tolerantes a altas concentrações de Mn.

Os oito isolados de leveduras foram analisados quanto assimilação de fontes de


carbono pelo Sistema API 20C AUX. Em paralelo foi realizado o microcultivo dos
isolados como metodologia complementar necessária para a identificação correta do Kit
API 20C AUX. O resultado do perfil bioquímico de cada isolado juntamente com a
formação de hifas ou pseudo-hifas encontra-se na Tabela 8.

37
Tabela 8: Perfil bioquímico dos isolados de leveduras pelo Auxanograma.

Isolado

MDG

MAL

MLZ
ADO

NAG
GLU

GAL
ARA

LAC
XYL

SOR

TRE
2KG

XLT

CEL

RAF
SAC

Hifa
INO
GLI
12 + - - - + - - - - - - - - - + + + + + -

13 + - - - + - - - - - - - - - + + + + + -

28 + + + + + + - + - + + + + - + + + + + +

29 + + - + - + - + - + - - - - + + + - + -

38 + + + + + + + + - + + + + - + + + + + +

39 + + + + + + + + - + + + + - + + + + + +

42 + - - + + - - + - + - - - - + + + + + -

43 + - - + + - - + - + - - - - + + + + + -

(+) = positivo; (-) = negativo; GLU= D-Glucose; GLY= Glicerol; 2KG= Cálcio 2-ceto-Gluconato; ARA= L-Arabinose; XYL= D-Xilose; ADO= Adonitol;
XLT= Xilitol; GAL= D-Galactose; INO= Inositol; SOR= D-Sorbitol; MDG= Metil-αD-Glucopiranosido; NAG= N-Acetil-Glucosamina; CEL= D-Celobiose;
LAC= D-Lactose (origem bovina); MAL= D-Maltose; SAC= D-Sacarose; TER= DTrealose; MLZ= D-Melezitose; RAF= D-Rafinose; Hifa= formação de hifa
ou pseudo-hifa.

38
Pela análise do microcultivo após 48 horas de incubação observou-se que todos
os isolados de cor rosa não formaram nenhuma estrutura. Já para todos os três isolados
de cor branca foi observada a formação de pseudo-hifas, ou seja, brotos maduros que
permanecem ligados às células parentais em cadeia formando uma estrutura semelhante
a uma hifa (Kurtzman, Fell, Boekhout, et al., 2011), como exemplificado pela Figura 9.
As estruturas encontradas não foram utilizadas como forma de caracterização
morfológica na identificação das espécies, mas apenas como uma ferramenta necessária
para a identificação junto aos testes bioquímicos.

Figura 9: Imagem obtida por Microscopia Eletrônica de Varredura da pseudo-hifa formada pelo
isolado 38. A levedura foi inoculada em placa de microcultivo contendo Agar Fubá e Tween 80
e incubada por três dias. A estrutura observada na imagem não fornece subsídio para a
identificação da espécies, de modo que foi utilizada neste trabalho apenas para a constatação de
presença ou ausência de tal estrutura.

Pela análise da tabela 8 observa-se que os isolados 12 e 13 apresentam perfis


idênticos, assim como os isolados 38 e 39 são iguais. Os isolados 42 e 43 também
possuem o mesmo perfil, enquanto que os isolados 28 e 29 foram os únicos que
apresentaram perfis únicos.

Dentre os isolados de tonalidade rosa, os isolados 12 e 13 se diferenciam dos


isolados 42 e 43 por não crescerem em arabinose, galactose e sorbitol. Eles também são
distintos do isolado 29 por não crescerem em glicerol, arabinose, adonitol, galactose e
sorbitol enquanto que o isolado 29 não assimila duas fontes de carbono, xilose e
melezitose, nas quais todos os outros isolados de tonalidade rosa são capazes de crescer.

39
Em relação aos isolados de cor branca, eles crescem em praticamente todas as
fontes de carbono fornecidas. Os isolados 28, 38 e 39 não crescem em inositol e lactose,
sendo que o isolado 28 se diferencia dos outros dois por não conseguir assimilar o xilitol.

Após a conclusão das leituras de crescimento positivo ou negativo para cada


cúpula nas galerias nos períodos de 48 e 72 horas, assim como a observação em
microcultivo da formação de hifa ou pseudo-hifa, os dados foram validados pelo software
online fornecido pela empresa BioMerieux. A validação das espécies pelo Kit encontram-
se na Figura 10.

Figura 10: Resultado obtido das validações online das galerias inoculadas pelos oito isolados
através do catálogo analítico do Kit API 20C AUX. O primeiro painel identifica os isolados 12 e
13 com 74% de identidade como Rhodotorula mucilagina. O segundo painel identifica o isolado
28 com 98.8% de identidade como Candida guilliermondii. O terceiro painel identifica o isolado
29 com 99,9% de identidade como R. mucilaginosa. O quarto painel identifica os isolados 38 e
39 com 99,7% de identidade como C. guilliermondii. O quinto painel identifica os isolados 42 e
43 com 99,9% de identidade como R. mucilaginosa.

40
Apesar da diferença nos perfis bioquímicos entre os cinco isolados de cor rosa,
todos foram identificados como Rhodotorula mucilaginosa, variando apenas na eficiência
de identificação. Os isolados 12 e 13 tiveram uma fraca discriminação com identidade de
74%, enquanto que para os isolados 29, 42 e 43 obteve-se uma excelente identificação
com 99,9% de identidade. R. mucilaginosa não forma hifa ou pseudo-hifa e é uma
levedura não fermentadora (Sampaio, 2011).

Os três isolados de cor branca foram identificados como Candida guilliermondii.


Os isolados 38 e 39 tiveram uma identificação muito boa com 99,7% de identidade o que
corrobora com as características da espécie, pois C. guilliermondii não consegue assimilar
inositol e lactose (Papon et al., 2013). Já o isolado 28 que difere dos anteriores por apenas
não assimilar o xilitol apresentou uma boa identificação com 98,8% de identidade para
C. guilliermondii.

4.5 Caracterização Molecular dos Isolados de Levedura

4.5.1 Extração do DNAg e PCR

Após a extração do DNAg (Figura 11) e verificação de suas qualidades, realizou-


se amplificações utilizando iniciadores para a região do gene do rRNA.

Figura 11: Análise da qualidade do DNAg dos oito isolados de leveduras. O volume de 5µL do
DNA extraído de cada isolado foi analisado em gel agarose a 0,6% corado com brometo de etídeo.

41
As bandas maiores observadas nos isolados 28, 38 e 39 é proveniente de um maior
crescimento celular desempenhado. Foi utilizado o mesmo volume de cultura, entretanto
estes isolados apresentaram maior biomassa, conferindo assim melhor eficiência no
protocolo de extração do DNA.

Após amplificações com pares de iniciadores (ver seção Materiais e Métodos) que
não formaram produtos de PCR com banda única, utilizou-se o par de iniciadores
ITS1F/ITS4B, que compreende a região ITS1, o rDNA 5.8S e a região ITS2 (Figura 12).
Esses iniciadores fornecerem uma banda com 700pb (Figura 13).

Figura 12: Esquema da região amplificada pelos iniciadores ITS1F e ITS4B. Adaptada de Grades
e Bruns (1993).

Figura 13: Produtos de PCR obtidos com os iniciadores ITS1F/ITS4B para os oito isolados
de leveduras. Foi observada a presença de uma banda única de 700pb para todos os isolados.
MM: marcador de massa molecular 100pb (Affymettrix). Foram utilizados 4ng de DNAg dos
isolados 28, 38 e 39 e 20ng de DNAg dos isolados 12, 13, 29, 42 e 43, para reações com
volume final de 50µL. O volume de 5µL de cada preparação foi analisado em gel de agarose
a 1,2% corado com brometo de etídeo.

42
Novas reações de PCR foram reproduzidas com estes iniciadores e um volume de
100µL dos produtos de PCR para cada isolado foram purificados com acetato de sódio
3M e enviados para o sequenciamento.

4.6. Sequenciamento e Análise Filogenética dos Isolados

Os amplicons foram sequenciados pelo método da terminação da cadeia de Sanger


através de uma prestação de serviço da empresa Helixxa. Foi feita apenas uma reação de
sequenciamento no sentido forward para cada isolado, uma vez que o objetivo desse
experimento foi confirmar o resultado obtido pelos testes bioquímicos.

Do produto de PCR com 700pb, utilizou-se apenas 550pb para a construção das
árvores filogenéticas, de modo a utilizar somente sequências com alta qualidade. Deste
modo, não foi realizada análise filogenética com o isolado 42, uma vez que a sequência
obtida teve qualidade ruim.

As sequências dos outros sete isolados foram então submetidas ao BLAST no


NCBI e foram recuperadas sequências com alta identidade e valores de e-value igual ou
próximo a zero para a construção da árvore filogenética. A identificação das espécies das
sequências recuperadas no BLAST assim como os valores de e-value e identidade para o
isolado 12 encontram-se na Tabela 10. As tabelas para os outros isolados encontram-se
em ANEXO (A, B, C, D e E).

43
Tabela 9: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 12.
Espécie Nº de acesso E-value Identidade

Rhodotorula mucilaginosa KC515367.1 0,0 100%

Rhodotorula dairenensis AF444684.1 0,0 99%

Rhodotorula glutinis JQ425370.1 0,0 95%

Rhodosporidium sphaerocarpum HQ670691.1 0,0 94%

Rhodosporidium paludigenum KF411507.1 0,0 91%

Rhodosporidium toruloides HQ670679.1 0,0 91%

Rhodosporidium kratochvilovae AF444686.1 0,0 91%

Rhodotorula graminis NR073273.1 0,0 90%

Rhodosporidium babjevae AF444636.1 0,0 90%

Rhodotorula araucariae JN246545.1 0,0 90%

Rhodosporidium diobovatum FJ515183.1 0,0 89%

Sporobolomyces nylandii JQ268608.1 0,0 87%

Sporidiobolus ruineniae JQ425394.1 8e-179 88%

Sporobolomyces koalae HQ832829.1 5e-141 83%

Rhodosporidium fluviale AB073240.1 1e-171 87%

Rhodosporidium lusitaniae NR077091.1 1e-167 86%

Sporidiobolus microsporus NR073229.1 3e-173 87%

Sporobolomyces roseus JQ993392.1 2e-140 84%

Rhodosporidium concentricum DQ250655.1 2e-155 86%

Rhodotorula colostri JN246562.1 1e-137 84%

Sporobolomyces beijingensis GU291278.1 1e-132 83%

Sporidiobolus salmonicolor FJ914884.1 1e-127 82%

Sporidiobolus johnsonii AB030336.1 1e-122 82%

Sporobolomyces poonsookiae AB030328.1 4e-157 86%

Sporobolomyces odoratus JN246559.1 8e-149 85%

Sporobolomyces phaffii AY069994.1 1e-121 85%

Rhodosporidium azoricum AB073229.1 6e-145 85%

Sporidiobolus longiusculus JN246566.1 6e-125 86%

Rhodotorula yarrowii NR073328.1 3e-108 82%

44
Foram construídas duas árvores, uma para os isolados de cor rosa (Figura 14) e
outra para os isolados de cor branca (Figura 15). Ambas as árvores foram construídas
pelo algoritmo Neighbor-Joining com bootstrap de 2.000 réplicas.

45
Figura 14: Árvore filogenética dos isolados rosas das leveduras
a partir do gene ITS1-5.8rRNA-ITS2. Foram utilizados 550
nucleotídeos para a análise filogenética com bootstrap de 2.000
réplicas.

46
Figura 15: Árvore filogenética dos isolados brancos de
leveduras a partir do gene ITS1-5.8rRNA-ITS2. Foram
utilizados 550 nucleotídeos para a análise filogenética com
bootstrap de 2.000 réplicas.

47
Pela Figura 14 pode-se observar que todos os quatro isolados de cor rosa
pertencem a espécie Rhdotorula mucilaginosa. Entre os quatro isolados, o 29 foi o que
apresentou certa distância filogenética em relação aos outros. No alinhamento no
ClustalW2 os isolados 12, 13 e 43 apresentaram sequências de nucleotídeos
completamente iguais, enquanto que o isolado 29 se distinguiu dos demais por dois
nucleotídeos que não foram identificados assim como por uma timina no lugar de citosina
como ocorre nos outros isolados (ANEXO F). Esta distância também pode ter sido
acentuada devido as sequências de todos os isolados conterem 550 nucleotídeos, enquanto
que para o isolado 29 apenas 470 nucleotídeos estavam com boa qualidade, e portanto
utilizou-se uma sequência menor que as demais.

O resultado da análise filogenética para as leveduras de coloração rosa corrobora


com os testes bioquímicos já que em tais testes todos os isolados foram identificados
como R. mucilaginosa. De modo semelhante com o resultado da análise filogenética, o
isolado 29 no Auxanograma foi o que mais se diferenciou dos demais. Rajpert e cols.
(2013) também confirmaram por sequenciamento do rDNA, um isolado como R.
mucilaginosa, o qual havia sido previamente identificado pelo Sistema API 20C AUX.
Este isolado apresenta outra perfil bioquímico, distinto dos perfis dos isolados do presente
trabalho, e mesmo assim, também pertence a R. mucilaginosa.

A diferença tanto dos perfis bioquímicos quanto da distância filogenética pode


ser explicada pelos isolados se tratarem de subespécies dentro de R. mucilaginosa. A
identificação dos isolados pelo gene ITS1-5.8S-ITS2 não foi suficiente para chegar em
nível de subespécies.

R. mucilaginosa é uma levedura do grupo dos fungos basidiomicetos cuja colônia


é de coloração rosa, variando do laranja açafrão ao coral escuro. É um dos basidiomicetos
mais ubíquos (possivelmente o mais ubíquo) possuindo uma distribuição mundial em
ambientes terrestres e aquáticos. Isolados já foram obtidos de uma variedade de habitats
naturais como plantas vivas ou em decomposição, solo, lagos de água doce, águas
costeiras, oceano aberto e em mar profundo. R. mucilaginosa também está presente em
ambientes extremos como águas ultra ácidas, ou na presença de urânio e também em
ambientes frios, e ultimamente tem sido isolada de resíduos industriais e urbanos assim
como de áreas poluídas. Não pode-se deixar de ressaltar que alguns isolados foram
obtidos de fontes humanas como parte da microflora natural, entretanto estudos

48
epidemiológicos indicaram que a levedura deve ser incluída na lista de patógenos
oportunistas (Sampaio, 2011).

A Figura 15 da árvore filogenética dos isolados brancos mostra que os isolados


38 e 39 foram identificados como Meyerozyma guilliermondii. A espécie M.
guilliermondii é o estado teleomorfo ou sexuado de C. guilliermondii. No banco de dados
do Kit API 20C AUX é fornecido apenas o estado anamorfo ou assexuado, ou seja, C.
guilliermondii. Nesse trabalho será utilizada a nomenclatura de M. guilliermondii, pois o
nome principal é o baseado no estado sexual ou teleomorfo (Kurtzman, Fell e Boekhout,
2011). Cabe ressaltar que a nomenclatura de M. guilliermondii é nova, pois até o ano de
2010 o estado teleomorfo de C. guilliermondii pertencia a espécie de Pichia
guilliermondii (Papon et al., 2013). Desse modo P. guilliermondii e C. guilliermondii
formam um par teleomorfo-anamorfo que mostrou ter 98% de complementariedade no
DNA nuclear, confirmando assim o que era esperado de ambas pertencerem a uma mesma
espécie (Kurtzman, 2011). Desse modo, cada cepa de C. guilliermondii que for capaz de
hibridar com qualquer cepa de P. guilliermondii deve ser transferida para a última espécie
(Sibirny e Boretsky, 2009).

Já o isolado 28 foi identificado pela análise filogenética como Meyerozyma


caribbica. Ele apresentou a diferença de cinco nucleotídeos em comparação com as
sequências dos outros dois isolados pelo alinhamento no ClustalW2 (ANEXO G). A
diferença de cinco nucleotídeos foi determinante para identificar como uma espécie
distinta de M. guilliermondii.

Um estudo recente mostrou que estas duas espécies se diferenciam em um a três


nucleotídeos através de sequências da região ITS1-5.8S-ITS2. Foram utilizadas técnicas
como RFLP da região ITS utilizando a enzima de restrição TaqI, RFLP do DNA
mitocondrial com a enzimas HaeIII e HinfI, assim como a cariotipagem com eletroforese
em campo pulsado, e todas estas, foram eficientes em distinguir os isolados de M.
guilliermondii e M. caribbica, ao contrário do Sistema API 20C AUX, que identificou
todos os 55 isolados estudados como C. guilliermondii. Dos 55 isolados previamente
identificados como M. guilliermondii, 47 foram confirmados como M. guilliermondii e
oito como M. caribbica (Wahengbam Romi et al., 2014).

M. guilliermondii compreende um complexo geneticamente heterogêneo


pertencente ao clado Saccharomycotina CTG (Dujon, 2010). Tal complexo é composto

49
por espécies intimamente relacionadas e fenotipicamente indistinguíveis, tais como M.
guilliermondii, M. caribbica, Candida carpophila, Candida smithsonii, Candida
athensensis, Candida elatedarum e Candida glucosophila. A dificuldade da distinção
fenotípica entre M. caribbica e M. gulliermondii pode justificar as identificações
incorretas que usualmente são encontradas pelo Sistema API 20C AUX como também
pelo sequenciamento da subunidade grande do gene rRNA nos domínios D1e D2
(Wahengbam Romi et al., 2014). Neste sentido, estudos baseados em análises de
sequências têm considerado a região ITS1-5.8S-ITS2 como “o código de barras universal
de DNA” para a identificação de leveduras (Schoch et al., 2012).

A levedura M. caribbica é o estado teleomorfo enquanto que o seu estado


anamorfo é Candida fermentati. Diferentemente de M. guilliermondii e M. caribbica,
ainda não foi reportado o estado sexual para a levedura R. mucilaginosa (Sampaio, 2011).

Os isolados de M. guilliermondii se encontram com muita proximidade


filogenética da levedura Debaryomyces hansenni var. frabryii. É muito difícil a distinção
fenotípica entre as leveduras D. hansenni (teleomorfo de Candida famata) e M.
guilliermondii, de modo que é mais usual a distinção pelo sequenciamento das regiões
ITS e 28S. Entretanto, a proximidade filogenética encontrada entre essas duas espécies
neste trabalho pode ser justificada pelo fato da sequência ITS da cepa CBS8417 (nº de
acesso AF209874, a mesma utilizada na construção da árvore) ter sido depositada em
2001 como D. hansenni var. frabryii, porém, ela foi novamente identificada no CDS
Database (http://www.cbs.knaw.nl/yeast/BioloMICS.aspx) como P. guilliermondii no
ano de 2006 (Desnos-Ollivier et al., 2008).

Os resultados dos isolados 38 e 39, assim como os isolados de cor rosa,


corroboram com os testes bioquímicos. A diferença encontrada pelo isolado 28
identificado com C. guilliermondii pelo Auxanograma e como M. caribbica pelo
sequenciamento também pode ser explicada pelo fato do Kit ser do ano de 2005, mesmo
ano em que M. caribbica foi descrita como uma espécie diferente de M. guilliermondii
(Vaughan-Martini et al., 2005). O Kit ainda está desatualizado identificando-as como
uma única espécie.

M. guiilermondii é uma levedura pertencente ao grupo dos fungos ascomicetos


que é amplamente distribuída na natureza e também é um saprófito de humanos
pertencente da microflora da pele e mucosas (Papon et al., 2013). Isolados já foram

50
obtidos de ambientes como solo, flores, frutas como laranja e uva assim como de outro
produtos alimentares como o arroz. M. guilliermondii também já foi isolada como
patógeno oportunista de animais e humanos. Exemplos de hábitats diversos pelos quais
M. guilliermondii já foi isolada são fezes de insetos nos Estados Unidos e lama de
estuários brasileiros.

Assim como M. guilliermondii, a espécie M. caribbica é uma levedura


pertencente aos ascomicetos que já foi isolada de uma variedade de substratos incluindo
solo, amido de milho, cana de açúcar, cacau e manga, sendo raramente associada com
infecções humanas (Kurtzman, 2011; Wahengbam Romi et al., 2014).

4.6 Avaliação da Capacidade de Remoção do Íon Mn(II) pelas Leveduras

Para a análise do potencial de remoção do íon Mn(II) pelas leveduras foram


realizados ensaios em batelada de pequena escala em tubos de 250mL. As leveduras
foram crescidas em meio YPD com concentração inicial de 0,91mM do íon Mn(II)
durante sete dias e alíquotas foram retiradas a cada 24 horas para analisar o pH, o
decaimento do Mn(II) e o crescimento dos micro-organismos. A concentração de
0,91mM do íon Mn(II) foi escolhida com base na concentração sugerida para o meio K,
que é o meio mais utilizado para ensaios de remoção de Mn por bactérias (Nealson, 2006).

A levedura R. mucialginosa não apresentou bom desempenho na remoção do Mn


com uma remoção de apenas 10,6% do Mn(II) solúvel no meio, no intervalo de sete dias
(Figura 16).

51
Figura 16: Remoção do íon Mn(II), análise do crescimento microbiano e, variação do valor de
pH durante o ensaio de sete dias em Meio YPD por R. mucilaginosa. Os experimentos foram
realizados em triplicata biológica.

Pela análise da figura 16, temos que o pH do meio abaixou de sete para valores
inferiores a seis já no terceiro dia de ensaio, e que no sétimo dia o pH subiu para
aproximadamente seis e meio. A acidificação do meio é decorrente do metabolismo das
leveduras através da secreção de ácidos orgânicos durante o crescimento celular. A
maioria das leveduras são capazes de produzir ácidos orgânicos como α-cetoglutárico,
pirúvico, isocítrico, cítrico, málico, succínico e ácido acético (Gadd, 2007).

O fato do pH não subir para valores acima sete é favorável à condição dos ensaio
de remoção do Mn. Um valor elevado de pH seria capaz de levar à remoção de maneira
química e não biológica, uma vez que a oxidação do íon Mn(II) é afetada diretamente
pelo pH, sendo favorecida em pH elevado (Nealson, 2006). A pequena queda na
concentração do Mn é evidenciada principalmente quando as células estão na fase
estacionária.

Como controle, tem-se que nos tubos em que não foi inoculado o micro-
organismos, o pH se manteve constante durante todo o ensaio e também não foi observada

52
queda considerável na concentração de Mn do meio, apenas uma diminuição de 2,1% que
pode ser devido à falha experimental.

A levedura M. caribbica mostrou-se muito eficiente no processo de remoção do


Mn, pois já no período de três dias foi observada uma remoção de 95,8% do Mn do meio
enquanto que em quatro dias todo o Mn(II) dissolvido no meio foi removido (Figura 17).

Figura 17: Remoção do íon Mn(II), análise do crescimento microbiano e, variação do valor de
pH durante o ensaio de sete dias em Meio YPD por M. caribbica. Os experimentos foram
realizados em triplicata biológica.

Com um dia de ensaio, o pH do meio abaixou para aproximadamente cinco e meio


e já no terceiro dia retornou para próximo da neutralidade, indicando que a remoção
observada é puramente biológica, independente do aumento do pH. A acidificação está
correlacionada ao crescimento celular e secreção de ácidos orgânicos.

Para os tubos controle ocorreu uma pequena queda do pH, e o mesmo se manteve
constante no restante dos ensaios, do mesmo modo que não houve queda na concentração
de Mn nestes tubos. A velocidade de remoção do Mn mostrou-se mais acentuada durante
a fase exponencial do crescimento das células, sendo que já na fase estacionária continua
uma queda bem proeminente na concentração do Mn. Entretanto, o maior percentual de

53
remoção ocorreu na fase estacionária, mesmo que em menor velocidade se comparada
com a fase exponencial.

Para a terceira espécie de levedura, M. guilliermondii, foi constatada a remoção


total do Mn do meio em seis dias de ensaio (Figura 18).

Figura 18: Remoção do íon Mn(II), análise do crescimento microbiano e, variação do valor de
pH durante o ensaio de sete dias em Meio YPD por M. guilliermondii. Os experimentos foram
realizados em triplicata biológica.

Após um dia de ensaio o pH foi para próximo de cinco mas retornou para perto da
neutralidade (pH 7,2) no final do experimento. Do mesmo modo que para M. caribbica,
a remoção mostrou-se mais veloz na fase exponencial de crescimento, porém ocorreu
maior porcentagem de remoção do Mn na fase estacionária. O pH e a concentração de
Mn do controle se manteve contaste. Dados na literatura para a bactéria L. discophora
SS-1 mostram que a oxidação do íon Mn(II) ocorre na fase exponencial tardia,
estacionária ou na esporulação (Tebo et al., 2005; Nealson, 2006).

As espécies M. guilliermondii e M. caribbica mostraram ser leveduras eficientes


na remoção do Mn(II) nos ensaios em batelada de pequena escala, pois não aumentaram

54
o pH do meio, evitando a ocorrência de remoção química. Portanto são leveduras
promissores para serem utilizadas em um processo biotecnológico para a biorremediação
de efluentes pela indústria de mineração do Mn. Já em relação a levedura R. mucilaginosa,
o tempo de sete dias pode não ter sido suficiente para demostrar a real capacidade da
levedura na remoção o Mn, uma vez que em placa ela mudou a coloração do meio
indicando a formação de óxidos de Mn.

A levedura R. mucilaginosa apresenta diversas aplicações biotecnológicas,


variando de biorremediação até a produção de pigmentos, como por exemplo, participam
na degradação de plastificantes como também na produção de pigmentos carotenoides
(Sampaio, 2011). No aspecto de biorremediação de metais, já foi demostrado que um
isolado de R. mucilaginosa foi capaz de tolerar altas concentrações de Cu, e apresentou
uma remoção de 40% do Cu(II) por células crescendo ativamente no período de uma
semana de cultivo. Em um período maior que sete dias, a remoção do Cu(II) chegou a
100% (Rajpert et al., 2013).

A levedura Cryptococcus sp, isolada de sedimentos de mar profundo na Índia,


demostrou ótimas remoções em meio líquido dos metais pesados Cu, Pb e Zn, medidos
por espectrometria de absorção atômica por chama. A levedura removeu ótima
porcentagem dos metais no meio de cultivo, em três diferentes concentrações (0,18; 0,91
e 1,82mM). Foi observado que nas menores concentrações, a porcentagem de remoção
dos metais apresentou-se maior, como representado por uma remoção de 80% do cobre
na concentração de 0,18mM (Singh et al., 2013).

M. guilliermondii apresenta numerosas aplicações práticas no campo da


biotecnologia, tais como a produção da vitamina riboflavina, conversão eficiente de
xilose a xilitol, crescimento em n-alcanos e produção de várias enzimas e compostos
aromáticos de interesse. Quanto à atuação em processos de biorremediação, M.
guilliermondii também já foi descrita por estar relacionada com a resistência a íons Cr(III)
e Cr(IV) e degradação de hidrocarbonetos poluentes (Papon et al., 2013).

Kaszycki e cols. (2004) mostraram que M. guilliermondii foi capaz de tolerar íons
Cr(III) e Cr(VI), e que tal tolerância é fortemente dependente da fase de crescimento, a
densidade da biomassa, e o tempo de tratamento com o metal. Em outro estudo, M.
guilliermondii tolerou 3mM de Cr(III) e 0,5mM de Cr(VI) e o aumento da produção de
riboflavina aumentou a resistência a ambas as formas do Cr. O perfil eletroforético de

55
proteínas revelou a ocorrência de indução ou supressão de diversas proteínas em resposta
aos níveis tóxicos de Cr(VI), indicando um mecanismo complexo envolvido no processo
(Ksheminska et al., 2003).

A aplicabilidade biotecnológica de M. caribbica ainda anão é conhecida


(Kurtzman, 2011), assim como também não há trabalhos que ilustram a aplicação da
levedura em processos de biorremediação de metais. Trabalhos recentes mostram
algumas aplicações de M. caribbica como na fermentação de grãos de cacau
(Papalexandratou e De Vuyst, 2011), fermentação alcoólica de um tipo de cerveja
(N'guessan K et al., 2011), no biocontrole do fungo da podridão azul e da micotoxina
patulina responsável pela degradação de maçãs (Cao et al., 2013), além do controle de
fitopatógenos em mangas (Bautista-Rosales et al., 2013).

4.7 Observação do Comportamento das Leveduras através de MEV durante o


processo de remoção

As três espécies de leveduras, R. mucilaginosa, M. caribbica e M. guilliermondii,


foram analisadas quanto ao comportamento da estrutura celular no processo de remoção
do Mn tanto em meio líquido quanto em meio sólido.

4.7.1 MEV das Leveduras da Cultivadas em Meio Líquido

As células provenientes de cultura foram crescidas em YPD na presença e


ausência do íon Mn(II) por sete dias e posteriormente centrifugadas e fixadas em lâminas
para serem analisadas no MEV.

As lâminas provenientes das culturas foram analisadas através da detecção de


elétrons secundários (SE) que fornece uma imagem topográfica tridimensional, além de
ter sido realizada a microanálise por espectrometria de dispersão de energia (EDS). As
imagens do MEV e de EDS da levedura R. mucilaginosa encontram-se na Figura 19.

56
57
Figura 19: Imagens de MEV por SE e de microanálise EDS do isolado 12 de R. mucilaginosa em Meio YPD na presença e ausência de Mn(II). A) Visão geral
das leveduras com aumento de 2.000 X; B) Aumento de 50.000 X na ausência de Mn; C) Aumento de 50.000 X na presença de Mn; D) EDS das células em
meio com Mn; E) EDS detalhado de uma célula em meio com Mn; F) Representação das localização dos elementos na lâmina; G) Gráfico da leitura
espectrométrica dos elementos.

58
A Figura 19A é uma representação geral da levedura R. mucilaginosa por MEV.
Nas Figuras 19B e 19C a célula está em um aumento de 50 mil vezes na ausência e
presença de 0,91mM de Mn(II), respectivamente. Não foi observada nenhuma diferença
na morfologia das células nas duas condições. Nas figuras 19D e 19E tem-se representado
o mapeamento da microanálise de EDS para uma visão geral das células, e para uma
célula detalhada, respectivamente.

Os elementos encontrados nas Figuras 19D e 19E como o Al, potássio (K), cálcio
(Ca), silício (Si), magnésio (Mg), sódio (Na), oxigênio (O) e carbono (C) estão
representados na Figura 19F com suas localizações específicas na lâmina. O elemento
Al foi detectado pois o suporte utilizado para as lâminas no MEV o contém. Já os
elementos K, Ca, Mg e Na estão espalhados por toda a lâmina por se tratarem de
elementos que compõem as estruturas de parede e membrana celular. O Si encontrado é
devido ao vidro da lâmina, e como pode ser visto na figura, ele está menos evidente na
região da célula. O carbono está evidenciado na célula por se tratar de matéria orgânica e
o oxigênio está contido em toda a lâmina.

Todas as análises de EDS descritas acima foram realizadas com uma lâmina com
o isolado proveniente do meio contendo o Mn, entretanto nenhum traço do elemento foi
encontrado, como está exposto no gráfico da Figura 19G que quantifica os elementos
encontrados. É válido ressaltar que R. mucilaginosa não foi capaz de remover o Mn no
período de 7 dias em meio líquido. Com isso, pode-se afirmar que o Mn ainda estava
presente no meio quando as alíquotas foram coletadas, mas que após as etapas de
centrifugações para a preparação das lâminas, todo o meio de cultura foi separado da
massa celular, assim como o Mn presente no mesmo.

As imagens do MEV e de EDS da levedura M. caribbica encontram-se na Figura


20.

59
60
Figura 20: Imagens de MEV por SE e de microanálise EDS de M. caribbica em Meio YPD na presença e ausência de Mn(II). A) Visão geral das leveduras
com aumento de 5.000 X; B) Aumento de 100.000 X na ausência de Mn; C) Aumento de 90.000 X na presença de Mn; D) EDS em meio sem Mn; E) EDS em
meio com Mn; F) Representação das localização dos elementos na lâmina; G) EDS detalho para o Mn nas células; H) Gráfico da leitura espectrométrica dos
elementos.

61
A Figura 20A representa de foram geral a levedura M. caribbica por MEV. Nas
Figuras 20B e 20C a célula está em um aumento de 100 mil e 90 mil vezes na ausência
e presença de 0,91mM de Mn(II), respectivamente. Foi observada diferença na
morfologia das células nestas duas condições, pois pela Figura 20C é possível observar
que a célula encontra-se com aparência enrugada. Este enrugamento pode ser um
mecanismo de defesa da célula contra a presença do metal, do mesmo modo que foi
observado um enrugamento macroscópico das colônias dessa espécie nos ensaios de
tolerância a altas concentrações do íon Mn(II).

A Figura 20D representa o mapeamento da microanálise de EDS para as células


na ausência do Mn, e como esperado nenhum traço de Mn foi encontrado. Já na Figura
20E encontra-se o mapeamento da microanálise de EDS em meio contendo Mn, e neste
caso, o elemento foi detectado. O Mn encontrado está alojado principalmente no entorno
das células, como observado na Figura 20F, junto com a localização dos outros
elementos, e também na Figura 20G que detalha a posição do Mn nas células. Os
elementos encontrados seguem o mesmo padrão da figura 19.

No gráfico da Figura 20H o elemento Mn foi detectado, entretanto com um valor


mínimo igual a zero. Isto significa que o Mn está presente, mas em pequena quantidade,
pois as análises da leitura espectrométrica de EDS apresentam um valor mais voltado para
um análise qualitativa. As análises de EDS consideram um valor numérico válido quando
a porcentagem em massa do elemento detectado é três vezes maior que o desvio (Maurice
et al., 1980).

Nos ensaios realizados em meio líquido, M. caribbica removeu todo o Mn do


meio, podendo então ser concluído que o Mn encontrado nas análises de EDS está
adsorvido à membrana celular e não dissolvido no meio de cultura. Isto também pode ser
justificado pelo fato das células terem sido centrifugadas e todo o meio de cultivo
separado das mesmas durante a preparação das lâminas.

As imagens do MEV e de EDS da levedura M. guilliermondii encontram-se na


Figura 21.

62
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Figura 21: Imagens de MEV por SE e de microanálise EDS de M. guilliermondii em Meio YPD na presença e ausência de Mn(II). A) Visão geral das leveduras
com aumento de 5.000 X; B) Aumento de 100.000 X na ausência de Mn; C) Aumento de 100.000 X na presença de Mn; D) EDS em meio com Mn; E) EDS
detalhado para o Mn nas células; F) EDS da localização no Mn na lâmina; G) Gráfico da leitura espectrométrica dos elementos.

64
A Figura 21A representa de foram geral a levedura M. guilliermondii por MEV.
Nas Figuras 21B e 21C a célula está em um aumento de 100 mil vezes na ausência e
presença de 0,91mM de Mn(II), respectivamente. Assim como para M. caribbica,
também foi observada diferença na morfologia das células, sendo que na presença de Mn
a célula encontra-se com aparência muito enrugada. Novamente de maneira semelhante
à M. caribbica, o enrugamento também foi observado nos ensaios de tolerância a altas
concentrações do íon Mn(II) e pode ser um mecanismo de defesa ao metal.

A Figura 21D representa a microanálise de EDS para a amostra com o meio


adicionado de Mn, e neste caso, o elemento também foi detectado. No mapeamento foi
encontrado o elemento fósforo (P), o que é justificado pelas células terem sido
ressuspendidas e fixadas em tampão fosfato. Na Figura 21E tem-se o EDS detalhado
para o Mn, que encontra-se principalmente na região celular como mostrado na Figura
21F, através de sua distribuição. Na Figura 21G o gráfico mostra que o Mn detectado
nas células representa proximamente 0,6% em massa da amostra analisada.

4.7.2 MEV das Leveduras Crescidas em Placas com 32mM de Mn(II)

As leveduras das cultivadas em placa foram analisadas através da detecção de


elétrons retroespalhados (BSE) que além da imagem topográfica tridimensional também
fornece uma imagem de composição. A imagem BSE é visualizada pelo contraste de
cores na imagem que é proveniente dos diferentes números atômicos dos elementos
presentes na amostra. Também foi realizada a microanálise de EDS. As imagens do MEV
e de EDS da levedura R. mucilaginosa em placa encontram-se na Figura 22.

65
66
Figura 22: Imagens de MEV por BSE e de microanálise EDS do isolado 29 de R. mucilaginosa
em placa com 32mM de Mn(II). A) Visão geral das células com aumento de 1.000X; B) EDS das
células; C) Representação localização dos elementos na lâmina; D) Imagem em BSE destacando
o ponto específico para microanálise (seta preta); G) Gráfico da leitura espectrométrica dos
elementos no ponto indicado pela seta preta na figura anterior.

67
A Figura 22A representa uma visão geral por BSE na qual é possível visualizar
pontos com diferentes tonalidades, os quais são provenientes da diferença no número
atômico dos elementos presentes na amostra. Já a Figura 22B mostra o mapeamento da
microanálise EDS em uma imagem por BSE, na qual o Mn foi encontrado e está
localizado com maior expressão nas células que se encontram com um contraste mais
claro de coloração, como detalhado na Figura 22C. Pode-se então dizer que a coloração
mais clara do contraste na imagem BSE é onde o Mn está localizado. A Figura 22D
representa uma imagem por BSE da mesma região em que foi realizado o mapeamento
dos elementos, mas com uma região destacada. A Figura 22E apresenta o gráfico da
análise pontual da região indicada pela seta preta na Figura 22D. No gráfico observa-se
um pico acentuado de oxigênio e outro de Mn, sendo que o Mn encontra-se com o valor
em massa de 53% da região analisada, e o oxigênio com 44,9%. Rajpert e cols. (2013)
mostraram que na superfície celular de um biofilme de R. mucilaginosa foi confirmada a
presença de acúmulo de cobre através da microanálise EDS.

A presença de grande quantidade de oxigênio e do Mn sugere que nesta região da


superfície celular esteja depositado MnOx, indicando que R. mucilaginosa foi realmente
capaz de oxidar o Mn(II) a Mn(IV) em meio sólido com elevada concentração do íon
Mn(II). Enquanto que na lâmina realizada com células da cultura não foi encontrado o
Mn, visto que em meio líquido com 0,91mM de Mn(II) num período de sete dias R.
mucilaginosa não removeu o Mn do meio. Esses dados reforçam a hipótese de que os
ensaios de remoção do Mn realizados neste trabalho não foram adequados para R.
mucilaginosa promover a oxidação do Mn(II) a Mn(IV). Talvez com um período de
tempo superior a sete dias e maior concentração de Mn(II) no meio, a levedura poderia
oxidar o metal.

As imagens do MEV e de EDS da levedura M. caribbica em placa encontram-se


na Figura 23.

68
69
Figura 23: Imagens de MEV por BSE e de microanálise EDS de M. caribbica em placa com
32mM de Mn(II). A) Visão geral das células com aumento de 1.000X; B) EDS detalhado do Mn
nas células; C) Representação localização dos Mn na lâmina; D) EDS das células; E) Gráfico da
leitura espectrométrica dos elementos.

70
A Figura 23A representa uma visão geral por BSE através da diferença de número
atômico. Já na Figura 23B tem-se o EDS detalhado para o Mn, que encontra-se
principalmente na região celular como mostrado na Figura 23C. A Figura 23D mostra a
microanálise de EDS em uma imagem por BSE e os elementos detectados estão no
mesmo padrão das figuras anteriores.

Na Figura 23E encontra-se o gráfico da análise de toda a região da Figura 23D,


sem estar destacado algum ponto específico. No gráfico foi detectado o Mn, mas por se
tratar da amostra como um todo, não foram obtidos picos acentuados para oxigênio e Mn.
O Mn neste caso, encontra-se com 0,8% em massa da amostra analisada. Os resultados
sugerem que na região celular mais clara da imagem também esteja depositado óxido de
Mn.

Na Figura 24 estão representadas as imagens do MEV e de EDS da levedura M.


guilliermondii em placa.

71
72
Figura 24: Imagens de MEV por BSE e de microanálise EDS de M. guilliermondii em placa com
32mM de Mn(II). A) Visão geral das células com aumento de 1.000X; B) EDS detalhado do Mn
nas células; C) Imagem em BSE destacando pontos para microanálise; D) Gráfico da leitura
espectrométrica dos elementos no ponto indicado pela seta preta na figura anterior; E) Gráfico da
leitura espectrométrica dos elementos no ponto indicado pela seta branca na figura anterior.

73
A Figura 24A representa uma visão geral por BSE através da diferença de número
atômico. Na Figura 24B destaca-se a microanálise de EDS detalhada para o Mn, que
encontra-se bastante evidente na região celular. A Figura 24C representa a mesma região
em que foi realizado o mapeamento do Mn, mas com alguns pontos destacados para a
análise de regiões específicas. As Figuras 24D e 24E apresentam gráficos da análise das
regiões indicadas pelas setas preta e branca, respectivamente, ambas destacadas na
Figura 24C. O gráfico da Figura 24D que foi realizado a partir de uma região clara do
contraste, apresenta picos acentuados para o Mn e o oxigênio com a representação em
massa de 15,4% e 51%, respectivamente. Já no gráfico da Figura 24E, que foi realizado
a partir de uma região escura do contraste, foi evidenciado menor quantidade de Mn, com
2,3% em massa do total da região amostrada.

Estes resultados sugerem que as regiões claras do contraste na imagem BSE são
onde estão depositadas maiores quantidades dos óxidos de Mn que se encontram
adsorvidos na célula. Nos gráficos das leituras espectrométricas de EDS realizadas a partir
dos pontos de contraste mais claro nas imagens, os elementos que se encontram em maior
quantidade são o C, O, e Mn, os quais são referentes ao material orgânico das células e
ao agregado de óxido de Mn formado. Análises semelhantes de EDS para bactérias que
oxidam Mn mostraram que o Mn, C e O são os principais elementos que cobrem a
superfície dos agregados e a parede celular das bactérias (Yang, W. et al., 2013).

Para as três espécies de leveduras estudadas a remoção do Mn em meio sólido


com altas concentrações de Mn, decorreu-se provavelmente, do mecanismo direto de
biomineralização, pela oxidação do Mn(II) a Mn(IV). Entretanto, não foi possível
destacar a partir de qual maneira ocorreu tal oxidação. A oxidação pode ter sido
decorrente da atividade de enzimas como lacase e MnP, ou também pela catálise
proveniente de algum componente da parede celular. Além da oxidação, também foi
evidenciado o mecanismo de biossorção, no qual óxidos de Mn ou o próprio íon Mn(II)
foram adsorvidos na superfície da parede celular microbiana, e neste sentido, os óxidos
de Mn podem estar atuando como quelantes do íon Mn(II).

As células fúngicas são eficientes e econômicas para a remoção de metais tóxicos


de soluções através da biossorção, uma vez que a sua biomassa oferece a vantagem de ter
alto percentual de material celular que possui excelentes propriedades para a ligação ao
metal (Das et al., 2008). Micro-organismos incluindo bactérias, fungos e algas vêm sendo

74
investigados quanto as suas características de se ligarem a metais em sistemas que
incluem biomassa microbiana morta ou células vivas (Gavrilescu, 2004). A biossorção de
metais como Zn, Ni, e Cr foi demostrada através micrografias de MEV utilizando a
biomassa fúngica de Aspergillus sp (Kumar et al., 2012).

Espécies de leveduras são conhecidas como células capazes de se ligarem a


metais. A levedura S. cerevisiae já se demostrou eficiente para a biossorção de metais tais
como platina (Pt), mercúrio (Hg), arsênio (As), paládio (Pd), Cu, Zn, Cd, Pb, Co, Ni, Cr,
Au, Ag, e Al (Wang e Chen, 2006). De modo semelhante, outras leveduras também são
excelentes biossorventes.

A levedura Cryptococcus sp se apresentou como uma potencial candidata para


biorremediação de áreas contaminadas por metais. A levedura foi tolerante a até 1,82mM
de Pb, Cu, Zn e Cd em meio líquido. Micrografias de MEV revelaram claras mudanças
na morfologia da parede celular após o crescimento na presença de 1,82mM dos metais
pesados. Os danos mais evidentes podem ser observados pelo encolhimento e distorção
da parede celular na presença de Cd, e depressões na presença de Pb e Zn. Foi ainda
evidenciado que embora a morfologia da superfície celular tenha sido afetada na presença
dos metais pesados, o crescimento global da levedura não foi muito influenciado (Singh
et al., 2013).

Vários fatores podem ser responsáveis pelas alterações na morfologia da


superfície celular na presença de metais (Singh et al., 2013). Por exemplo, a secreção de
substâncias poliméricas em Desulfovibrio desulfuricans durante a biossorção de Zn e Cu
foi responsável pela modificação da morfologia da superfície celular (Chen et al., 2000).
De modo semelhante, foi demostrado que em uma cepa de S. cerevisiae o engrossamento
da parede celular e o aumento da camada superficial beneficiava a capacidade de adsorção
de Cd pela levedura (Park et al., 2003).

Análises de EDS detectaram a presença Cd, Cu e Pb adsorvidos em células


Cryptococcus sp crescidas na presença destes metais pesados. A presença dos metais foi
correspondente aos picos nos gráficos de EDS, demostrando suas respectivas biossorções
na superfície celular (Singh et al., 2013).

A biomassa de duas cepas marinhas da levedura Yarrowia lipolytica podem ser


utilizadas para como eficientes biossorventes para a remoção de íons Cr(IV), na qual a

75
adsorção do elemento na célula foi comprovada por micrografias de MEV e análise EDS
(Bankar et al., 2009). De modo semelhante, microanálises de EDS e micrografias de MEV
confirmaram a presença de Ni(II) adsorvidos na célula de outras duas cepas de Y.
lipolytica, as quais desempenharam a remoção do Ni(II) em altas e baixas concentrações
(Shinde et al., 2012).

Duas das espécies identificadas no presente trabalho, R. mucilaginosa e M.


guilliermondii, foram isoladas de uma mina de ouro brasileira e se mostraram capazes de
adsorver íons ou complexos de Ag como mecanismo de defesa contra a presença do metal
(Gomes et al., 1999). A levedura R. mucilaginosa isolada de um efluente com resíduos
de Cu em uma mina da Vale no estado do Pará, Brasil, tolerou concentrações de até
36,4mM do íon Cu(II) e adsorveram o metal presente no efluente. Neste estudo, a
biomassa morta foi responsável pela captura dos íons Cu(II) durante a biorremediação
(Salvadori et al., 2014).

Análises de microscopia eletrônica de transmissão de R. mucilaginosa na presença


de 0,5mM de Cu(II) revelaram a ocorrência de corpos escuros no citoplasma que
provavelmente correspondem a depósitos de Cu. Apesar da presença de muitos corpos
escuros no citoplasma, a morfologia celular foi similar a das células controle na ausência
do Cu, enquanto que para a levedura Candida fukuyamaensis, nas mesmas condições, foi
observada perda da sua estrutura típica, com clareamento do citoplasma e afrouxamento
da parede celular (Villegas et al., 2009). Isto pode justificar o ocorrido no presente estudo,
no que diz respeito às lâminas realizadas a partir das culturas de R. mucilaginosa, nas
quais a levedura não apresentou diferença na morfologia após a exposição durante sete
dias a 0,91mM do íon Mn(II), enquanto que M. caribbica e M. guilliermondii
apresentaram a estrutura da parede celular com aparência enrugada. De modo semelhante,
a textura das colônias também se mostrou de forma enrugada após 30 dias de exposição
a 32mM de Mn(II) para as duas espécies. Esses dados sugerem que diferentes leveduras
podem reagir de maneiras distintas na presença do metal.

Assim como R. mucilaginosa, uma cepa de M. guilliermondii isolada do esgoto


de uma estação de tratamento de águas residuais, removeu o Cu do meio utilizando o
mecanismo de adsorção. Já tem sido mostrado que o Cu afeta a morfologia e fisiologia
das células viáveis, e que o processo de captura do Cu também pode estar relacionado a
bioacumulação do metal (De Siloniz et al., 2002).

76
Além do Cu, células de M. guilliermondii também se mostraram capazes de
remover o Cr do meio, de modo que o metal acumulado nas células continha 29,3% e
52,3% de Cr(II) e Cr(VI), respectivamente. A biorremediação do Cr tri e hexavalente
envolveu a conversão do metal em compostos organicamente ligados à superfície celular
(Kaszycki et al., 2004).

A tecnologia de biossorção na qual a biomassa viva ou morta é utilizada para


acumular metais pesados é uma método que pode substituir processos convencionais de
remediação de metais poluentes em efluentes ou solos (Gavrilescu, 2004). Com base
nestes aspectos, as espécies de leveduras identificadas neste trabalho poderiam atuar
como biossorventes para a descontaminação de efluentes contendo o Mn dissolvido em
elevadas concentrações.

As leveduras R. mucilaginosa, M. caribbica e M. guilliermondii juntamente com


os demais fungos e as bactérias isolados neste trabalho, assim como os outros micro-
organismos presentes na mina mas que não foram isolados, participam em conjunto, da
dinâmica do Mn na água da mina. Os micro-organismos são responsáveis pelos processos
de oxidação e redução do Mn, e deste modo, participam ativamente no ciclo
biogeoquímico deste elemento no ambiente.

77
5. Conclusão

78
A partir da análise dos dados obtidos no presente trabalho, foi possível chegar as
seguintes conclusões:

 As três espécies de leveduras identificadas, R. mucilaginosa, M. caribbica e M.


guilliermondii são tolerantes ao íon Mn(II).

 M. guilliermondii e M. caribbica são eficientes para remover o Mn em meio


líquido, portanto podem ser testadas em média e larga escala em condições que
mimetizem o efluente da qual foram isoladas. Enquanto que R. mucilaginosa
apresenta boas evidências de atuar da mesma forma, mas necessita-se de maiores
investigações.

 As três espécies de leveduras atuam como potencias candidatas a agentes


biossorventes para atuarem na descontaminação de efluentes poluídos com o Mn.

79
6. Perspectivas

80
 Novo sequenciamento do isolado 42 para a confirmação de pertencer a espécie de
R. mucilaginosa;

 Ensaios de remoção com maior duração para os isolados de R. mucilaginosa ou


com maior concentração do íon Mn(II) para avaliar se com tais ajustes a levedura
seria capaz de melhorar seu potencial de remoção do Mn(II) em meio líquido;

 Elucidar o mecanismo direto de remoção observado através da realização de


ensaios de atividade enzimática da lacase e manganês peroxidase.

81
7. Anexos

82
Anexo A: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 13.

Tabela 10: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 13.


Espécie Nº de acesso E-value Identidade

Rhodotorula mucilaginosa KC515367.1 0,0 99%

Rhodotorula dairenensis AF444684.1 0,0 98%

Rhodotorula glutinis JQ425370.1 0,0 95%

Rhodosporidium sphaerocarpum HQ670691.1 0,0 94%

Rhodosporidium paludigenum KF411507.1 0,0 91%

Rhodosporidium toruloides HQ670679.1 0,0 91%

Rhodosporidium kratochvilovae AF444686.1 0,0 91%

Rhodotorula graminis NR 073273.1 0,0 90%

Rhodosporidium babjevae AF444636.1 0,0 90%

Rhodotorula araucariae JN246545.1 0,0 90%

Rhodosporidium diobovatum FJ515183.1 0,0 89%

Sporobolomyces nylandii JQ268608.1 4e-179 87%

Sporidiobolus ruineniae JQ425394.1 4e-177 88%

Sporobolomyces koalae HQ832829.1 2e-139 83%

Rhodosporidium fluviale AB073240.1 3e-173 87%

Rhodosporidium lusitaniae NR 077091.1 5e-166 86%

Sporidiobolus microsporus NR 073229.1 3e-173 87%

Sporobolomyces roseus JQ993392.1 5e-144 84%

Rhodosporidium concentricum DQ250655.1 2e-155 86%

Rhodotorula colostri JN246562.1 1e-137 84%

Sporobolomyces beijingensis GU291278.1 1e-132 83%

Sporidiobolus salmonicolor FJ914884.1 5e-126 82%

Sporidiobolus johnsonii AB030336.1 1e-121 82%

Sporobolomyces poonsookiae AB030328.1 4e-157 86%

Sporobolomyces odoratus JN246559.1 4e-147 85%

Sporobolomyces phaffii AY069994.1 1e-121 85%

Rhodosporidium azoricum AB073229.1 2e-145 85%

Sporidiobolus longiusculus JN246566.1 6e-125 86%

Rhodotorula yarrowii NR 073328.1 1e-106 82%

83
Anexo B: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 29.

Tabela 11: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 29.


Espécie Nº de acesso E-value Identidade

Rhodotorula mucilaginosa KC515367.1 0,0 99%

Rhodotorula dairenensis AF444684.1 0,0 98%

Rhodotorula glutinis JQ425370.1 0,0 96%

Rhodosporidium sphaerocarpum HQ670691.1 0,0 95%

Rhodosporidium paludigenum KF411507.1 0,0 91%

Rhodosporidium toruloides HQ670679.1 2e-179 91%

Rhodosporidium kratochvilovae AF444686.1 0,0 91%

Rhodotorula graminis NR 073273.1 1e-176 91%

Rhodosporidium babjevae AF444636.1 5e-175 91%

Rhodotorula araucariae JN246545.1 5e-170 91%

Rhodosporidium diobovatum FJ515183.1 7e-169 90%

Sporobolomyces nylandii JQ268608.1 5e-150 87%

Sporidiobolus ruineniae JQ425394.1 1e-156 88%

Sporobolomyces koalae HQ832829.1 3e-127 85%

Rhodosporidium fluviale AB073240.1 4e-151 88%

Rhodosporidium lusitaniae NR 077091.1 4e-146 87%

Sporidiobolus microsporus NR 073229.1 4e-131 86%

Sporobolomyces roseus JQ993392.1 2e-134 86%

Rhodosporidium concentricum DQ250655.1 3e-142 88%

Rhodotorula colostri JN246562.1 2e-124 85%

Sporobolomyces beijingensis GU291278.1 1e-130 86%

Sporidiobolus salmonicolor FJ914884.1 5e-126 84%

Sporidiobolus johnsonii AB030336.1 2e-120 82%

Sporobolomyces poonsookiae AB030328.1 1e-140 87%

Sporobolomyces odoratus JN246559.1 1e-135 86%

Sporobolomyces phaffii AY069994.1 1e-121 85%

Rhodosporidium azoricum AB073229.1 2e-120 85%

Sporidiobolus longiusculus JN246566.1 3e-122 85%

Rhodotorula yarrowii NR 073328.1 4e-101 82%

84
Anexo C: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 43.
Tabela 12: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 43.
Espécie Nº de acesso E-value Identidade

Rhodotorula mucilaginosa KC515367.1 0,0 100%

Rhodotorula dairenensis AF444684.1 0,0 99%

Rhodotorula glutinis JQ425370.1 0,0 95%

Rhodosporidium sphaerocarpum HQ670691.1 0,0 94%

Rhodosporidium paludigenum KF411507.1 0,0 91%

Rhodosporidium toruloides HQ670679.1 0,0 91%

Rhodosporidium kratochvilovae AF444686.1 0,0 91%

Rhodotorula graminis NR 073273.1 0,0 90%

Rhodosporidium babjevae AF444636.1 0,0 90%

Rhodotorula araucariae JN246545.1 0,0 90%

Rhodosporidium diobovatum FJ515183.1 0,0 89%

Sporobolomyces nylandii JQ268608.1 5e-166 87%

Sporidiobolus ruineniae JQ425394.1 5e-171 87%

Sporobolomyces koalae HQ832829.1 3e-133 83%

Rhodosporidium fluviale AB073240.1 2e-165 86%

Rhodosporidium lusitaniae NR 077091.1 6e-160 86%

Sporidiobolus microsporus NR 073229.1 6e-145 85%

Sporobolomyces roseus JQ993392.1 2e-134 83%

Rhodosporidium concentricum DQ250655.1 2e-155 86%

Rhodotorula colostri JN246562.1 1e-137 84%

Sporobolomyces beijingensis GU291278.1 2e-129 83%

Sporidiobolus salmonicolor FJ914884.1 6e-120 82%

Sporidiobolus johnsonii AB030336.1 6e-115 81%

Sporobolomyces poonsookiae AB030328.1 1e-140 87%

Sporobolomyces odoratus JN246559.1 4e-157 86%

Sporobolomyces phaffii AY069994.1 1e-121 85%

Rhodosporidium azoricum AB073229.1 6e-145 85%

Sporidiobolus longiusculus JN246566.1 6e-125 86%

Rhodotorula yarrowii NR 073328.1 2e-100 82%

85
Anexo D: Sequências recuperadas no BLAST para os isolado 38 e 39.

Tabela 13: Sequências recuperadas no BLAST para os isolados 38 e 39.


Espécie Nº de acesso E-value Identidade

Meyerozyma caribbica JQ083436.1 0,0 99%

Meyerozyma guilliermondii JN606264.1 0,0 99%

Debaryomyces hansenii var. fabryi AF209874.1 0,0 99%

Candida xestobii AM158923.1 0,0 99%

Candida smithsonii FJ196789.1 0,0 98%

Candida athensensis FJ196788.1 0,0 96%

Candida elateridarum FJ196772.1 0,0 93%

Schwanniomyces capriottii HQ115736.1 2e-180 88%

Debaryomyces subglobosus JN851033.1 6e-180 88%

Debaryomyces fabryi HE681098.1 2e-179 88%

Debaryomyces prosopidis NR 077067.1 2e-179 88%

Debaryomyces vindobonensis FN598876.1 2e-179 88%

Schwanniomyces pseudopolymorphus JQ425390.1 7e-179 88%

Pueraria montana var. lobata EF432798.1 9e-133 88%

Candida temnochilae FJ153211.1 0,0 89%

Debaryomyces nepalensis JN942654.1 4e-176 88%

Debaryomyces coudertii JN942655.1 2e-174 88%

Debaryomyces renaii HQ999977.1 9e-173 87%

Pichia haplophila DQ409169.1 2e-175 88%

Pichia castillae DQ409168.1 7e-174 88%

Debaryomyces udenii NR 077068.1 9e-173 87%

Scheffersomyces segobiensis HQ876046.1 4e-171 87%

Pichia segobiensis DQ409166.1 4e-171 87%

Candida sinolaborantium KC182132.1 1e-171 88%

Scheffersomyces stipitis KC349926.1 6e-170 87%

Pichia media DQ409170.1 4e-171 87%

Debaryomyces marama AJ586525.1 4e-166 87%

Scheffersomyces shehatae JQ026374.1 1e-171 87%

Candida insectosa HQ652064.1 6e-170 87%

Debaryomyces robertsiae AJ586522.1 3e-168 87%

86
Candida lignosa HQ652063.1 1e-171 87%

Candida lignicola HQ652074.1 2e-164 87%

Debaryomyces castellii AB054102.1 9e-163 88%

Schwanniomyces occidentalis HQ026732.1 3e-168 88%

Debaryomyces vanrijiae AB054104.1 1e-161 88%

Schwanniomyces polymorphus var. africanus HM627159.1 3e-157 87%

Debaryomyces yamadae EU343861.1 3e-162 88%

Debaryomyces pseudopolymorphus AB054101.1 3e-158 87%

Candida coipomoensis HQ652070.1 2e-159 86%

Scheffersomyces ergatensis KC479688.1 2e-154 86%

Candida ergatensis HQ652046.1 2e-154 86%

Debaryomyces carsonii AJ853767.1 2e-159 86%

Candida atmosphaerica AJ539369.1 7e-154 86%

Candida pseudoaaseri JN241686.1 3e-157 92%

Candida ascalaphidarum FJ623623.1 4e-151 86%

Scheffersomyces cryptocercus JQ713975.1 2e-155 87%

Candida fermenticarens FM178353.1 1e-152 91%

Candida palmioleophila JF921977.1 2e-149 85%

Scheffersomyces illinoinensis KC479692.1 2e-169 87%

Candida tumulicola AB365457.1 2e-140 85%

Candida laureliae AY821841.1 6e-140 85%

Candida zeylanoides AY821843.1 8e-139 85%

Candida boleticola KC878463.1 1e-136 85%

87
Anexo E: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 28.
Tabela 14: Sequências recuperadas no BLAST para o isolado 28.
Espécie Nº de acesso E-value Identidade

Meyerozyma caribbica JQ083436.1 0,0 100%

Meyerozyma guilliermondii JN606264.1 0,0 99%

Debaryomyces hansenii var. fabryi AF209874.1 0,0 99%

Candida xestobii AM158923.1 0,0 99%

Candida smithsonii FJ196789.1 0,0 98%

Candida athensensis FJ196788.1 0,0 96%

Candida elateridarum FJ196772.1 0,0 93%

Schwanniomyces capriottii HQ115736.1 0,0 89%

Debaryomyces subglobosus JN851033.1 0,0 89%

Debaryomyces fabryi HE681098.1 0,0 89%

Debaryomyces prosopidis NR 077067.1 0,0 89%

Debaryomyces vindobonensis FN598876.1 0,0 89%

Schwanniomyces pseudopolymorphus JQ425390.1 0,0 89%

Pueraria montana var. lobata EF432798.1 0,0 88%

Candida temnochilae FJ153211.1 0,0 89%

Debaryomyces nepalensis JN942654.1 0,0 88%

Debaryomyces coudertii JN942655.1 2e-179 88%

Debaryomyces renaii HQ999977.1 9e-178 88%

Pichia haplophila DQ409169.1 3e-177 88%

Pichia castillae DQ409168.1 2e-175 88%

Debaryomyces udenii NR 077068.1 9e-173 88%

Scheffersomyces segobiensis HQ876046.1 4e-171 88%

Pichia segobiensis DQ409166.1 9e-173 88%

Candida sinolaborantium KC182132.1 1e-171 88%

Scheffersomyces stipitis KC349926.1 1e-171 87%

Pichia media DQ409170.1 4e-171 87%

Debaryomyces marama AJ586525.1 4e-171 88%

Scheffersomyces shehatae JQ026374.1 6e-170 87%

Candida insectosa HQ652064.1 6e-170 87%

Debaryomyces robertsiae AJ586522.1 6e-170 87%

88
Candida lignosa HQ652063.1 3e-168 87%

Candida lignicola HQ652074.1 1e-167 87%

Debaryomyces castellii AB054102.1 1e-167 88%

Schwanniomyces occidentalis HQ026732.1 1e-166 88%

Debaryomyces vanrijiae AB054104.1 1e-166 88%

Schwanniomyces polymorphus var. africanus HM627159.1 3e-162 88%

Debaryomyces yamadae EU343861.1 3e-162 88%

Debaryomyces pseudopolymorphus AB054101.1 3e-163 88%

Candida coipomoensis HQ652070.1 4e-161 86%

Scheffersomyces ergatensis KC479688.1 2e-159 86%

Candida ergatensis HQ652046.1 2e-159 86%

Debaryomyces carsonii AJ853767.1 7e-159 86%

Candida atmosphaerica AJ539369.1 3e-157 86%

Candida pseudoaaseri JN241686.1 4e-156 86%

Candida ascalaphidarum FJ623623.1 4e-151 86%

Scheffersomyces cryptocercus JQ713975.1 8e-154 86%

Candida fermenticarens FM178353.1 8e-154 85%

Candida palmioleophila JF921977.1 1e-152 86%

Scheffersomyces illinoinensis KC479692.1 4e-171 87%

Candida tumulicola AB365457.1 8e-139 84%

Candida laureliae AY821841.1 3e-138 84%

Candida zeylanoides AY821843.1 4e-137 84%

Candida boleticola KC878463.1 6e-135 84%

89
Anexo F: Alinhamento no Clustlw2 para os isolados 12, 13, 29 e 43

CLUSTAL 2.1 multiple sequence alignment

13 ----GTCCAACTTAACTTGGAGTCCGAACTCTCACTTTCTAACCCTGTGCACTTGTTTGG 56
29 ------------------------------------------------------------
12 ----GTCCAACTTAACTTGGAGTCCGAACTCTCACTTTCTAACCCTGTGCACTTGTTTGG 56
43 GGACGTCCAACTTAACTTGGAGTCCGAACTCTCACTTTCTAACCCTGTGCACTTGTTTGG 60

13 GATAGTAACTCTCGCAAGRGAGCGAACTCCTATTCACTTATAAACACAAAGTCTATGAA 116
29 T
------------------------AACTCCTATTCACTTATAAACACMAAGTCTATGAAT 36
12 GATAGTAACTCTCGCAAGAGAGCGAACTCCTATTCACTTATAAACACAAAGTCTATGAAT 116
43 GATAGTAACTCTCGCAAGAGAGCGAACTCCTATTCACTTATAAACACAAAGTCTATGAAT 120
*********************** ************

13 GTATTAAATTTTATAACAAAATAAAACTTTCAACAACGGATCTCTTGGCTCTCGCATCGA 176
29 GTATTAAATTTTATAACAAAATAAAACTTTCAACAACGGATCTCTTGGCTCTCGCATCGA 96
12 GTATTAAATTTTATAACAAAATAAAACTTTCAACAACGGATCTCTTGGCTCTCGCATCGA 176
43 GTATTAAATTTTATAACAAAATAAAACTTTCAACAACGGATCTCTTGGCTCTCGCATCGA 180
************************************************************

13 TGAAGAACGCAGCGAAATGCGATAAGTAATGTGAATTGCAGAATTCAGTGAATCATCGAA 236
29 TGAAGAACGCAGCGAAATGCGATAAGTAATGTGAATTGCAGAATTCAGTGAATCATCGAA 156
12 TGAAGAACGCAGCGAAATGCGATAAGTAATGTGAATTGCAGAATTCAGTGAATCATCGAA 236
43 TGAAGAACGCAGCGAAATGCGATAAGTAATGTGAATTGCAGAATTCAGTGAATCATCGAA 240
************************************************************

13 TCTTTGAACGCACCTTGCGCTCCATGGTATTCCGTGGAGCATGCCTGTTTGAGTGTCATG 296
29 TCTTTGAACGCACCTTGCGCTCCATGGTATTCCGTGGAGCATGCCTGTTTGAGTGTCATG 216
12 TCTTTGAACGCACCTTGCGCTCCATGGTATTCCGTGGAGCATGCCTGTTTGAGTGTCATG 296
43 TCTTTGAACGCACCTTGCGCTCCATGGTATTCCGTGGAGCATGCCTGTTTGAGTGTCATG 300
************************************************************

13 AATACTTCAACCCTCCTCTTTCTTAATGATTGAAGAGGTGTTTGGTTTCTGAGCGCTGCT 356
29 AATACTTCAACCCTCCTCTTTCTTAATGATTGAAGAGGTGTTTGGTTTCTGAGCGCTGCT 276
12 AATACTTCAACCCTCCTCTTTCTTAATGATTGAAGAGGTGTTTGGTTTCTGAGCGCTGCT 356
43 AATACTTCAACCCTCCTCTTTCTTAATGATTGAAGAGGTGTTTGGTTTCTGAGCGCTGCT 360
************************************************************

13 GGCCTTTACGGTCTAGCTCGTTCGTAATGCATTAGCATCCGCAATCGAACTTCGGATTGA 416
29 GGCCTTTACGGTCTAGCTCGTTCGTAATGCATTAGCATCCGCAATCGAACTTCGGATTGA 336
12 GGCCTTTACGGTCTAGCTCGTTCGTAATGCATTAGCATCCGCAATCGAACTTCGGATTGA 416
43 GGCCTTTACGGTCTAGCTCGTTCGTAATGCATTAGCATCCGCAATCGAACTTCGGATTGA 420
************************************************************

13 CTTGGCGTAATAGACTATTCGCTGAGGAATTCTAGTCTTCGGACTAGAGCCGGGTTGGGT 476
29 CTTGGCGTAATARACTATTCGCTGAGGAATTCTAGTCTTCGGATTAGAGCCGGGTTGGGT 396
12 CTTGGCGTAATAGACTATTCGCTGAGGAATTCTAGTCTTCGGACTAGAGCCGGGTTGGGT 476
43 CTTGGCGTAATAGACTATTCGCTGAGGAATTCTAGTCTTCGGACTAGAGCCGGGTTGGGT 480
************ ****************************** ****************

13 TAAAGGAAGCTTCTAATCAGAATGTCTACATTTTAAGATTAGATCTCAAATCAGGTAGGA 536
29 TAAAGGAAGCTTCTAATCAGAATGTCTACATTTTAAGATTAGATCTCAAATCAGGTAGGA 456
12 TAAAGGAAGCTTCTAATCAGAATGTCTACATTTTAAGATTAGATCTCAAATCAGGTAGGA 536
43 TAAAGGAAGCTTCTAATCAGAATGTCTACATTTTAAGATTAGATCTCAAATCAGGTAGGA 540
************************************************************

13 CTACCCGCTGAACTTAAGCATATCAATAGGCGGAGGAA 574

90
29 CTACCCGCTGAACTTAAGC ----------------- 475
12 TACCCGCTGAACTTAAGCATATCAATAAGC ------ 567
43 CTACCCGCTGAACTTAA ------------------- 557
*****************

91
Anexo G: Alinhamento no Clustlw2 para os isolados 28, 38 e 39

CLUSTAL 2.1 multiple sequence alignment

38 GAAAAACCTTACACACAGTGTCTTTTTGATACAGAACTCTTGCTTTGGTTTGGCCTAGAG 60
39_ GAAAAACCTTACACACAGTGTCTTTTTGATACAGAACTCTTGCTTTGGTTTGGCCTAGAG 60
28_ GAAAAACCTTACACACAGTGTCTTTTTGATACAGAACTCTTGCTTTGGTTTGGCCTAGAG 60
************************************************************

38 ATAGGTTGGGCCAGAGGTTTAACAAAACACAATTTAATTATTTTTACAGTTAGTCAAATT 120
39_ ATAGGTTGGGCCAGAGGTTTAACAAAACACAATTTAATTATTTTTACAGTTAGTCAAATT 120
28_ ATAGGTTGGGCCAGAGGTTTAACAAAACACAATTTAATTATTTTTATTGATAGTCAAATT 120
********************************************** :*:**********

38 TTGAATTAATCTTCAAAACTTTCAACAACGGATCTCTTGGTTCTCGCATCGATGAAGAAC 180
39_ TTGAATTAATCTTCAAAACTTTCAACAACGGATCTCTTGGTTCTCGCATCGATGAAGAAC 180
28_ TTGAATTAATCTTCAAAACTTTCAACAACGGATCTCTTGGTTCTCGCATCGATGAAGAAC 180
************************************************************

38 GCAGCGAAATGCGATAAGTAATATGAATTGCAGATTTTCGTGAATCATCGAATCTTTGAA 240
39_ GCAGCGAAATGCGATAAGTAATATGAATTGCAGATTTTCGTGAATCATCGAATCTTTGAA 240
28_ GCAGCGAAATGCGATAAGTAATATGAATTGCAGATTTTCGTGAATCATCGAATCTTTGAA 240
************************************************************

38 CGCACATTGCGCCCTCTGGTATTCCAGAGGGCATGCCTGTTTGAGCGTCATTTCTCTCTC 300
39_ CGCACATTGCGCCCTCTGGTATTCCAGAGGGCATGCCTGTTTGAGCGTCATTTCTCTCTC 300
28_ CGCACATTGCGCCCTCTGGTATTCCAGAGGGCATGCCTGTTTGAGCGTCATTTCTCTCTC 300
************************************************************

38 AAACCCCCGGGTTTGGTATTGAGTGATACTCTTAGTCGGACTAGGCGTTTGCTTGAAAAG 360
39_ AAACCCCCGGGTTTGGTATTGAGTGATACTCTTAGTCGGACTAGGCGTTTGCTTGAAAAG 360
28_ AAACCCCCGGGTTTGGTATTGAGTGATACTCTTAGTCGAACTAGGCGTTTGCTTGAAAAG 360
**************************************.*********************

38 TATTGGCATGGGTAGTACTAGATAGTGCTGTCGACCTCTCAATGTATTAGGTTTATCCAA 420
39_ TATTGGCATGGGTAGTACTAGATAGTGCTGTCGACCTCTCAATGTATTAGGTTTATCCAA 420
28_ TATTGGCATGGGTAGTACTGGATAGTGCTGTCGACCTCTCAATGTATTAGGTTTATCCAA 420
*******************.****************************************

38 CTCGTTGAATGGTGTGGCGGGATATTTCTGGTATTGTTGGCCCGGCCTTACAACAACCAA 480
39_ CTCGTTGAATGGTGTGGCGGGATATTTCTGGTATTGTTGGCCCGGCCTTACAACAACCAA 480
28_ CTCGTTGAATGGTGTGGCGGGATATTTCTGGTATTGTTGGCCCGGCCTTACAACAACCAA 480
************************************************************

38 ACAAGTTTGACCTCAAATCAGGTAGGAATACCCGCTGAACTTAAGCATATCATAA 535
39 ACAAGTTTGACCTCAAATCAGGTAGGAATACCCGCTGAACTTAAGCATATCA--- 532
28 ACAAGTTTGACCTCAAATCAGGTAGGAATACCCGCTGAACTTAAGCATATCA--- 532
****************************************************

92
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