Slides de Aula - Unidade I

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UNIDADE I

Epidemiologia
e Saúde Pública

Prof. Flávio Buratti


Epidemiologia – Base Histórica

 A Epidemiologia é considerada a ciência básica da saúde coletiva.

Podemos definir Epidemiologia como a abordagem dos fenômenos da saúde-doença:

 Classificações como Epidemiologia “clínica”, Epidemiologia “social”, Epidemiologia “crítica”


indicam a existência de compreensões diversas em relação à própria identidade científica
desta área.
Evolução da Epidemiologia até o século XIX

Hipócrates:

 Médico grego que viveu há cerca de 2.500 anos,


dominou o pensamento médico da sua época
e dos séculos seguintes.

 As doenças para ele eram produto da relação complexa entre


a constituição do indivíduo e o ambiente que o cerca.

 Hipócrates, o pai da Medicina,


é considerado por alguns
o pai da Epidemiologia
ou o primeiro epidemiologista. Fonte:
http://drjosiascavalcante.com.br/
site/historia/hipocrates-o-sabio/
Teoria Miasmática

Até a metade do século XIX predominava a teoria miasmática:

 a origem das doenças situava-se na má qualidade do ar, proveniente de decomposições


de animais e plantas;

 os miasmas passariam do doente para os indivíduos suscetíveis, o que explicaria a origem


das epidemias das doenças contagiosas.
Teoria Miasmática

 Ainda hoje o sobrenatural e os miasmas são utilizados por leigos como explicações
para as doenças, levando a numerosas práticas místicas em que avultam as danças
e o uso de amuletos para afastar danos à saúde.

Fonte:
http://www.mexido
deideias.com.br
John Graunt – Estatística Vital (1620-1674)

 Somente há cerca de três séculos alguns pioneiros iniciaram tal tipo de abordagem mediante
a utilização de dados de mortalidade (John Graunt é considerado o pai da demografia ou das
estatísticas vitais).

 Publicou um tratado sobre as tabelas mortuárias de Londres,


no qual analisou a mortalidade por sexo e região, ele
selecionou determinadas causas, como prematuridade
e raquitismo para estimar a proporção de crianças
nascidas vivas e que morriam antes dos seis anos de idade.

Fonte: https://www.azquotes.com/author/28099-
John_Graunt
Pierre Louis (1787–1872)

 Entre as suas obras encontram-se estudos sobre a tuberculose e sobre a febre tifoide.
 Sua maior contribuição foi haver introduzido e divulgado o método
estatístico, utilizando-o na investigação clínica das doenças.
 Ao analisar as internações hospitalares em Paris
e a letalidade da pneumonia.
 Associado ao tratamento por sangria, revelou que a conduta
era muito mais perigosa do que benéfica para os pacientes.
 Alguns o consideram como o iniciador da Estatística Médica
e outros como o verdadeiro pai da Epidemiologia moderna.

Fonte:
https://www.historiadelamedicina
.org/louis.html
Louis Villermé (1782-1863), William Farr (1807-1883),
John Snow (1813-1858)
 Louis Villermé (1782-1863) investigou a pobreza, as condições de trabalho e a repercussão
dessas circunstâncias sobre a saúde da população, realçando as estreitas relações entre
situação socioeconômica e mortalidade.

 William Farr: entre as suas contribuições, destacam-se uma classificação de doenças


e a produção de informações epidemiológicas sistemáticas, usadas para subsidiar
o planejamento das ações de prevenção e controle.

 John Snow: conduziu numerosas investigações para


esclarecer a origem das epidemias de cólera em Londres
no período de 1849-1854. Foi assim que conseguiu incriminar
o consumo de água poluída como responsável e traçar
os princípios de prevenção e controle de novos surtos,
válidos ainda hoje.
Louis Pasteur (1822-1895) e Robert Koch (1843-1910)

 Considerado o pai da Bacteriologia, foi uma das figuras mais importantes da ciência
no século XIX.
 Foi ele quem registrou as bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas.
 Pasteur foi a figura central da microbiologia, pois identificou e isolou numerosas bactérias,
além de fazer trabalhos pioneiros de imunologia.
 Os trabalhos de Pasteur, seguidos pelos de Robert Koch criaram a impressão de que as
doenças poderiam ser explicadas por uma única causa, o agente etiológico, o que passou
para a história como a Teoria dos Germes.
 As pesquisas em Epidemiologia passaram a ter um forte
componente laboratorial, pois parecia evidente que a busca
de agentes para explicar as doenças substituía,
com vantagens, a Teoria dos Miasmas.
Situação atual

Epidemiologia clínica:
 É o retorno da Epidemiologia ao ambiente estritamente clínico, de modo a verificar
as circunstâncias que possibilitam o aparecimento da doença. Utiliza-se da Epidemiologia
e Estatística, de modo a trazer maior rigor científico à prática da Medicina.

Epidemiologia social:
 Estudo da determinação social da doença. O seu intuito é o de procurar melhor entender
a situação de saúde da população, em especial nas regiões subdesenvolvidas –
ou dos segmentos desfavorecidos da população.
História natural da doença

 É o nome dado ao conjunto de processos interativos, compreendendo as inter-relações


do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global
e seu desenvolvimento.
História natural da doença
História natural de qualquer processo mórbido no homem
Fatores endógenos
 Herança genética Período de
 Anatomia e fisiologia pré-patogênese Período de patogênese
do organismo humano
 Estilo de vida Recuperação
Interação de: Horizonte clínico Estado crônico
Fatores exógenos Agente Hospedeiro Doença Doença
Morte
 Determinantes biológicos precoce avançada Desenlace
 Determinantes físico-químicos discernível
Ambiente Patogênese
Ambiente social: precoce Interação Hospedeiro
 Determinantes socioculturais – Estímulo

Promoção Limitação
Proteção Diagnóstico precoce e Reabili-
de saúde da
específica tratamento imediato tação
invalidez

Prevenção
Prevenção primária Prevenção secundária
terciária

Fonte: Adaptado de: https://slideplayer.com.br/slide/12456267


Interatividade

Um processo de imunização como pela utilização da vacina do sarampo pode ser


entendido como:

a) Um mecanismo de proteção específica de prevenção primária.


b) Um mecanismo de promoção de saúde de prevenção secundária.
c) Uma estratégia de diagnóstico e tratamento precoce e um mecanismo
de prevenção secundária.
d) Uma estratégia de limitação de dano e um mecanismo de prevenção terciária.
e) Um processo de reabilitação e um mecanismo de prevenção terciária.
Resposta

Um processo de imunização como pela utilização da vacina do sarampo pode ser


entendido como:

a) Um mecanismo de proteção específica de prevenção primária.


b) Um mecanismo de promoção de saúde de prevenção secundária.
c) Uma estratégia de diagnóstico e tratamento precoce e um mecanismo
de prevenção secundária.
d) Uma estratégia de limitação de dano e um mecanismo de prevenção terciária.
e) Um processo de reabilitação e um mecanismo de prevenção terciária.
Medidas de frequência de doença

 As medidas de frequência são definidas a partir de dois conceitos


epidemiológicos fundamentais,

 denominados de prevalência e incidência.

 Prevalência define um número de casos existentes de uma doença em um dado momento.


Medidas de frequência de doença

Há dois tipos de prevalência:

 Prevalência ponto – medida em cada pessoa no momento do estudo, embora não


necessariamente no mesmo momento para todas as pessoas na população definida.

 Prevalência período – refere-se aos casos presentes em qualquer momento durante


um período específico de tempo.
Medidas de frequência de doença

 Incidência mostra a frequência com que surgem novos casos de uma doença
em um intervalo de tempo (outras medidas como as de mortalidade, letalidade
e sobrevida podem ser entendidas como variações do conceito de incidência).
Medidas de frequência de doença

 Coeficiente de incidência de Aids segundo sexo, razão de sexo e ano de diagnóstico,


estado de São Paulo, 1980 a 1999.

50 Feminino Masculino Razão de sexo 30,0

Coef. Incidência (por 100.000 hab.)


45
25,0
40
35
20,0

Razão de sexo
30
Fonte: Adaptado de:
www.iesc.ufrj.br/cursos/epigrad/int. 25 15,0
../gabarito_Exerc_complem_2011_
20
final.pdf
10,0
15
10
5,0
5
0 0,0

1980 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99
Ano de diagnóstico
Amostragem

 Dificilmente conseguimos estudar todas as pessoas que têm ou podem desenvolver


a condição de interesse – AMOSTRA (isso traz uma questão: a amostra representa
a população?).

Há dois modos de se obter uma amostra representativa:

Amostragem aleatória simples:


 cada indivíduo da população tem igual probabilidade de ser selecionado.

Amostragem probabilística:
 cada pessoa tem uma probabilidade conhecida,
(não necessariamente igual) de ser selecionada.
Amostragem

População
Amostra

Tamanho da amostra
Fonte: Adaptado de: https://www.questionpro.com/blog/pt-br/amostragem-sistematica-simples-e-facil/
Relação entre incidência, prevalência e duração da doença

A relação entre incidência, prevalência e duração da doença, em uma situação estável, isto é,
quando nenhuma das variáveis muda muito ao longo do tempo, é estimada pela expressão:

Prevalência = Incidência X Duração média da doença.

Caso ocorram mudanças nas variáveis:

Número de indivíduos afetados em um determinado momento


P=
Total de indivíduos estudados
Relação entre incidência, prevalência e duração da doença

 Incidência, número de novos eventos ou de casos novos em uma população de indivíduos


em risco durante um determinado período de tempo – IC (incidência cumulativa),
probabilidade de um indivíduo desenvolver a doença durante um período específico
de tempo pode ser chamada de RISCO.
Introdução de fatores que prolongam Introdução de fatores que diminuam
a vida dos pacientes sem curá-los. a vida dos pacientes;
(Exemplo: introdução de terapêutica:
hipoglicemiantes); Taxa elevada de letalidade
da doença;

Diminuem
Fonte: Adaptado de:

Aumentam
http://pt.slideshare.net/RicardoAlexandre3/aul Aumento da incidência; Diminuição da incidência;
a-4-medidas-de-frequencia-de-uma-doenca
Introdução de fatores que permitam
o aumento da proporção de curas
Aprimoramento das técnicas de uma nova doença. (Exemplo:
de diagnósticos; introdução de nova terapêutica
que permita a cura dos pacientes);

Correntes migratórias originárias Correntes migratórias originárias


de áreas que apresentam níveis de áreas que apresentam níveis
endêmicos mais elevados. endêmicos mais baixos.
Sistemas de informação em saúde

A difusão da tecnologia no Brasil tornou possível:


 Acesso ágil a bases de dados com informações variadas e desagregadas sobre registros de
nascidos vivos, mortalidade, doenças de notificação, internações hospitalares, entre outras.
 Dados podem ser analisados isoladamente ou relacionados, representam fontes importantes
que podem ser empregadas rotineiramente na pesquisa científica no campo da saúde
pública. ( SIM – SINASC)

Fonte:
https://pt.pngtree.com/freepn
g/online-data_3480070.html
Indicadores de Saúde

 Em geral, o termo “indicador” é utilizado para representar ou medir aspectos não sujeitos
à observação direta.

Os indicadores de saúde:

 medem a saúde;
 apresentam o risco de adoecer;
 apresentam o risco de morrer;
 mostram a gravidade ou fatalidade;
 mostram os grupos mais atingidos.
Expressão dos resultados

Resultados expressos em frequência absoluta:

 A forma mais simples de expressar um resultado é através do número absoluto.


 Exemplo: em um determinado local foram detectados cinco casos de tuberculose durante
o ano.

 Mas a apresentação da frequência em números absolutos, por vezes é suficiente para


causar o impacto desejado.
Expressão dos resultados

Resultados expressos em frequência relativa:

 Coeficiente (ou taxa).

 Nos coeficientes, o número de casos é relacionado ao tamanho da população


da qual ele procede.
Expressão dos resultados

Estrutura de um coeficiente:

 Coeficiente = Número de casos X Constante Constante = 10, 100, 1000, 10 000,


100 000, 1 000 000 etc.; pode ser
População sob risco
qualquer múltiplo de 10 que evite
muitos decimais e melhor
expresse o resultado final

Em que:
 No numerador: os casos (de doença, incapacidade, óbito,
indivíduos com determinadas características etc.).

 No denominador: a população sob risco (de adoecer,


de se tornar incapacitada etc.). É o grupo de onde vieram
os casos.
Principais indicadores de saúde

Mortalidade:

 O primeiro indicador utilizado em avaliações de saúde coletiva e ainda hoje


o mais empregado.

 A morte é objetivamente definida, ao contrário da doença, e cada óbito tem de ser registrado.

Dados referentes à mortalidade infantil no ano de 2010, comparando o Brasil com outros
países, podem ser vistos na figura a seguir:
Principais indicadores de saúde

África 78,9
Ásia 39,3
Brasil 21,8
Oceania 21,6
América Latina e Caribe 20,3
Europa 7
América do Norte 5,6

Taxa de mortalidade infantil – 2010 (%)


Fonte: Livro-texto.
Principais indicadores de saúde

Morbidade:
 Permite inferir os riscos de adoecer a que as pessoas estão sujeitas.

Deve-se avaliar:
 Tipo de agravo: há danos à saúde que evoluem com pior prognóstico do que outros.

 Restrição de atividades: muitas avaliações indiretas da gravidade do dano à saúde


baseiam-se na incapacidade funcional gerada pelo processo da doença.

 Taxa de ataque: é utilizada quando se investiga um surto de


uma determinada doença em um local onde há uma população
bem definida.
Principais indicadores de saúde

Para calcular esta taxa, utiliza-se a seguinte fórmula:

 Taxa de ataque = Nº de casos da doença em um local e período x 100


População exposta ao risco
Indicadores demográficos

 Os indicadores demográficos permitem aos demógrafos trabalhar os dados recolhidos sobre


uma população.
 O uso dos indicadores demográficos nos permite conhecer as características de uma
determinada população e sua evolução ao longo do tempo no território. (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística – IBGE).
 Indicadores sociais: as condições socioeconômicas estão intimamente relacionadas
à saúde, de modo que são usadas como indicadores sanitários indiretos, como é o caso
da renda per capita, da distribuição da renda, da taxa de analfabetismo e da proporção
de crianças em idade escolar fora da escola.
 Indicadores ambientais: o grande desafio consiste em
conciliar a preservação ambiental com o aumento da demanda
por água, energia elétrica e combustíveis.
Definição de Saúde e Qualidade de Vida

 A definição de saúde da Organização Mundial de Saúde – “um estado de completo bem-


estar físico, mental e social, e não meramente ausência de doença”.

Qualidade de vida – conceito é mais abrangente e pressupõe:


 existência de saúde,
 alimentação,
 habitação,
 higiene, bem-estar, educação etc.
Definição de Saúde e Qualidade de Vida

Está relacionada com cada indivíduo, depende de:

 sexo;
 comportamento;
 idade;
 profissão;
 padrões culturais e religiosos.

Fonte:
http://atividade
sparaeducaca
ofisica.com/ed
ucacao-fisica/
Interatividade

O Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (Nesc) da UFRJ desenvolveu um projeto de pesquisa


cujo objetivo era avaliar os impactos do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara
sobre as condições de saúde e a qualidade de vida das populações envolvidas. Como parte
deste projeto, foi realizado, em 1996, um estudo piloto no qual buscou-se identificar, ao longo
de três meses, as proporções de indivíduos entre 1 e 59 anos de idade infectados pelo vírus da
hepatite A (VHA), em três populações distintas, segundo as condições de saneamento,
residentes no distrito de Campos Elyseos, município de Duque
de Caxias (DC) e na Ilha do Governador, município do Rio de Janeiro (RJ).
Interatividade

 Os resultados deste estudo Número de indivíduos infectados pelo VHA


são apresentados a seguir. e tamanho das amostras segundo a área de estudo
Área Infectados Tamanho da amostra
DC setor 112 138 349
DC setor 111 92 362
RJ colônia Z-10 79 386

O valor de prevalência para a infecção pelo Fonte: Adaptado de:


www.iesc.ufrj.br/cursos/epigrad/int.../gab
VHA nas regiões DC e RJ são, respectivamente: arito_Exerc_complem_2011_final.pdf

a) 2,52% e 4,88%
b) 32,34% e 20,47%
c) 28,01% e 51,35%
d) 39,54% e 51,35%
e) 20,47% e 4,88%
Resposta

 Os resultados deste estudo Número de indivíduos infectados pelo VHA


são apresentados a seguir. e tamanho das amostras segundo a área de estudo
Área Infectados Tamanho da amostra
DC setor 112 138 349
DC setor 111 92 362
RJ colônia Z-10 79 386

O valor de prevalência para a infecção pelo Fonte: Adaptado de:


www.iesc.ufrj.br/cursos/epigrad/int.../gab
VHA nas regiões DC e RJ são, respectivamente: arito_Exerc_complem_2011_final.pdf

a) 2,52% e 4,88%
b) 32,34% e 20,47%
c) 28,01% e 51,35%
d) 39,54% e 51,35%
e) 20,47% e 4,88%
Epidemiologia e Prevenção

Diagnóstico:
 Um teste diagnóstico geralmente é concebido como um exame realizado em laboratório.
 O clínico também precisa se familiarizar com alguns princípios básicos para a interpretação
dos testes diagnósticos.

Acurácia do resultado do teste:


 Estabelecer um diagnóstico é um processo imperfeito, resultando em probabilidade
e não em certeza de estar correto.
 Na relação entre um teste diagnóstico e a ocorrência de
doença, há duas possibilidades de o resultado do teste ser
correto (verdadeiro-positivo e verdadeiro-negativo), e duas
possibilidades de o resultado ser incorreto (falso-positivo
e falso-negativo).
Sensibilidade e Especificidade

 Sensibilidade é definida como a proporção de indivíduos com a doença, que têm um teste
positivo para a doença.
 Especificidade é a proporção dos indivíduos sem a doença, que têm um teste negativo.
Resultado Paciente Paciente
Total
do Teste Doente Sadio
145 15 160
Positivo
(a / VP) (b / FP) (a+b) ou (VP+FP)
05 135 140
Negativo
(c / FN) (d / VN) (c+d) ou (VN+FN)
150 300
150
total (b+d) ou (a+b+c+d) ou
(a+c) ou (VP+FN)
(VN+FP) (VP+VN+FP+FN)
Valor preditivo

 A probabilidade de doença, dados os resultados de um teste, é chamada de “valor preditivo


do teste”. O valor preditivo positivo de um teste é a probabilidade de doença com resultado
positivo (anormal). O valor preditivo negativo é a probabilidade de não ter a doença quando
o resultado for negativo (normal).
 Valor preditivo é uma resposta à questão: “Se o resultado de meu paciente for positivo
(ou negativo), qual a probabilidade de que ele tenha ou não tenha a doença?”
Resultado Paciente Paciente
Total
do Teste Doente Sadio
145 15 160
Positivo
(a / VP) (b / FP) (a+b) ou (VP+FP)

05 135 140
Negativo
(c / FN) (d / VN) (c+d) ou (VN+FN)

150 300
150
total (b+d) ou (a+b+c+d) ou
(a+c) ou (VP+FN)
(VN+FP) (VP+VN+FP+FN)
Endemias e Epidemias

 Uma determinada doença pode ser caracterizada como presente em nível endêmico,
epidêmico, com casos esporádicos ou inexistentes.

 O fato de existir um número elevado de casos de uma doença não significa necessariamente
que uma epidemia esteja configurada.

 Endemia é a ocorrência de uma doença em uma população de forma constante ao longo


do tempo, permitidas as flutuações cíclicas ou sazonais.

 Epidemia é a ocorrência de uma doença em uma população


de forma não constante (crescente) ao longo do tempo.
Epidemia x Endemia

 Epidemia é a concentração de casos de uma mesma doença em determinado local e época,


claramente em excesso ao que seria teoricamente esperado.

Incidência máxima

Coef. incidência
Fonte:
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteD
ocente/admin/arquivosUpload/18497/

epidêmico
material/Aula%2008.%20Epidemia%2
0e%20Endemia.pdf

Nível
Limiar epidêmico

endêmico
Nível

Tempo
Progressão Regressão
Egressão
Tipos de Epidemia

 Epidemia explosiva: também chamada de “brusca”, “instantânea”, há um aumento


expressivo no número de casos em curto período. Esse aumento é compatível
com o período de incubação da doença.
 Epidemia progressiva: ou “de contato” entre a pessoa doente e a sadia, ocorre um aumento
gradativo do número de casos, mas a fonte de infecção não é única, sendo representada
por exposições sucessivas.
 Surto epidêmico: ou surto, uma ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente
limitado: colégio, quartel, edifício de apartamento, bairro etc.
 Pandemia: ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga
distribuição espacial, tingindo várias nações.
Epidemiologia geral das doenças transmissíveis

 Doenças transmissíveis são aquelas em que ocorre a transmissão de um hospedeiro


para outro.

Existem três formas pelas quais pode ser estabelecida a doença:


 Infecção: é a penetração, no organismo, de um homem ou de outro animal, de um agente
que nele se desenvolve ou se multiplica; da infecção pode ou não resultar doença, aparente
ou inaparente.
 Infestação: é o alojamento, com ou sem desenvolvimento e reprodução, de artrópodes
na superfície do corpo ou nas vestes.
 Absorção de produtos tóxicos do agente: ocorre,
usualmente, por ingestão. Esse item diz respeito apenas
aos casos em que não há infecção, ou seja, quando se trata
de toxinas produzidas fora do organismo do hospedeiro.
Conceitos Importantes

 Fontes de infecção: são representadas por homens ou outros animais vertebrados,


infectados, do qual o agente vivo pode sair e alcançar, eventualmente,
outro hospedeiro vertebrado.
 Vias de eliminação: são as formas pelas quais o agente deixa a fonte de infecção.
Sem uma via de eliminação disponível, a transmissão não pode ocorrer.
 Vias de transmissão: são os meios pelos quais o agente alcança o novo
hospedeiro vertebrado.
 Portas de entrada: são as vias pelas quais o agente penetra no organismo
do hospedeiro vertebrado.
Conceitos Importantes

 “Infectividade”, designamos a capacidade de um agente se alojar e se multiplicar


ou se desenvolver em um hospedeiro.

 “Patogenicidade”, designamos a capacidade do agente de provocar a doença,


com suas manifestações clínicas características, entre os infectados suscetíveis.

 “Virulência” é a expressão do grau de severidade ou gravidade da doença, considerando-se


como critérios de severidade as sequelas sérias.

Fonte:
https://oilhavense.com/2018/10/10/ca
mpanha-de-vacinacao-contra-a-gripe/
Conceitos Importantes

Período de incubação:
 Intervalo de tempo entre o momento em que ocorre a infecção (ou infestação)
e o aparecimento das primeiras manifestações de doença atribuíveis ao agente em causa.

Período prodrômico:
 Intervalo de tempo durante o qual o paciente apresenta manifestações inespecíficas,
desde o aparecimento dos primeiros sintomas e sinais da doença.

Período de transmissibilidade:
 Intervalo de tempo, em continuidade ou com intermitências,
durante o qual pode ocorrer eliminação do agente,
a partir da fonte de infecção.
Conceitos Importantes

Com base nas informações, pode ser elaborada uma classificação de fontes de infecção,
sejam elas representadas por homens ou por outros vertebrados, incluindo:
 doentes: típicos ou atípicos (em período prodrômico e subclínicos ou ambulatoriais);
 não doentes ou “portadores” (em incubação, convalescentes ou sãos).

 Portadores: designa os indivíduos que, sem apresentarem manifestações de doença


atribuíveis a um determinado agente, constituem fontes de infecção.
 em incubação: não tiveram a doença, não a têm, mas vão tê-la após terminado o período
de incubação;
 convalescentes: não têm a doença, mas a tiveram;
 sãos: não têm a doença, não a tiveram e nem vão tê-la.
Conceitos Importantes

Vias de eliminação:

São variadas as formas pelas quais pode ocorrer a saída de um agente da fonte de infecção,
podem ser divididas em:
 Secreções naso-buco-faríngeas
 Fezes
 Urina
 Sangue
 Escarro
 Exsudatos
 Leite
 Suor

Fonte: http://para-sita.blogspot.com/2010/10/vias-de-
eliminacao-dos-agentes.html
Conceitos Importantes

Vias de transmissão:

Transmissão por vetores:


 O termo “vetor” designa, em Epidemiologia, artrópodes que, por alguma forma, participam
da transmissão de agentes infectantes.
Transmissão pelo ar e por poeiras:
 Admite-se, atualmente, que constitui uma possibilidade de transmissão de certas doenças,
com graus variáveis de importância segundo a natureza dos agentes infectantes.
Transmissão indireta por objetos contaminados:
 Agentes infectantes contaminando toalhas, roupas de cama,
talheres, copos, xícaras e outros objetos dessa natureza.
Conceitos Importantes

Transmissão por alimentos:


 A contaminação pode ocorrer por várias formas, água, o leite e as carnes, alimentos
consumidos crus.

Transmissão pelo solo:


 O solo pode participar da transmissão por várias formas – os agentes infectantes nele
depositados (principalmente os eliminados com excretas); nele podem permanecer,
por tempo muito longo. Formas de resistência (esporos) de agentes infectantes.

Portas de entrada:
 Conhecendo o mecanismo de transmissão, é fácil
compreender que a penetração do agente infectante no novo
hospedeiro pode se dar por uma das seguintes vias:
respiratória; digestiva; através de mucosas; através da pele.
Prevenção

Níveis de prevenção:

Prevenção primária:
 A prevenção primária impede que a doença ocorra por completo, removendo sua causa.
É efetuada com frequência fora do sistema de assistência à saúde, na comunidade.
A cloração e fluoração da rede de água e as leis que obrigam o uso do cinto de segurança
em automóveis e de capacetes em usuários de motocicletas são alguns exemplos.

Prevenção secundária:
 A prevenção secundária detecta a doença precocemente
quando ela é assintomática e quando o tratamento precoce
pode impedi-la de progredir; exame citopatológico
de colo uterino, mamografia são exemplos.
Prevenção

Níveis de prevenção:

Rastreamento:
 O rastreamento (triagem) é a identificação de uma doença ou fator de risco não reconhecido
por meio da história clínica (por exemplo, perguntar a um paciente se ele fuma), do exame
físico (como exame de próstata).

Prevenção terciária:
 A prevenção terciária refere-se àquelas atividades clínicas que
previnem deterioração adicional ou reduzem as complicações
depois que uma doença já esteja manifesta. Um exemplo é o
uso de betabloqueadores para diminuir o risco de mortalidade
em pacientes que se recuperam de um infarto no miocárdio
(SCHAPPERT,1993).
Interatividade

Como são denominados os indivíduos que não têm a doença, não a tiveram e nem vão tê-la?

a) Portadores convalescentes.
b) Portadores em incubação.
c) Portadores sãos.
d) Doentes assintomáticos.
e) Doentes infectantes.

Fonte: http://pensamentojovem.comunidades.net/
Resposta

Como são denominados os indivíduos que não têm a doença, não a tiveram e nem vão tê-la?

a) Portadores convalescentes.
b) Portadores em incubação.
c) Portadores sãos.
d) Doentes assintomáticos.
e) Doentes infectantes.

Fonte: http://pensamentojovem.comunidades.net/
Vigilância epidemiológica

A vigilância epidemiológica é definida pela Lei n. 8.080/90 como:


 [...] um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento,
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes de saúde individual ou
coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas
de prevenção e controle das doenças ou agravos.

Fonte: Obtenção de dados:


http://www1.imip.org.br/imip/notic
ias/hmaimip-conquista-premio-
de-vigilancia-epidemiologica.html
 É uma etapa primordial para o objetivo da vigilância
epidemiológica: subsidiar o desencadeamento de ações
de prevenção e controle de doenças e agravos.
Vigilância epidemiológica

Fluxo de informação:
 No Brasil, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica foi instituído em 1975, através
da Lei Federal n. 6.259 (BRASIL, 1975), em que também foi criada a obrigatoriedade
da notificação compulsória de doenças.
Lista Nacional de Notificação Compulsória:
1. a) Acidente de trabalho com exposição a material biológico; b) Acidente de trabalho:
grave, fatal e em crianças e adolescentes.
2. Acidente por animal peçonhento.
3. Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva.
4. Doenças infecciosas como: Cólera, Coqueluche, Difteria,
Dengue, Chagas, Esquistossomose, Febre Amarela, HIV,
Sarampo, Sífilis, entre outras.
5. a) Violência: doméstica e/ou outras violências.
b) Violência: sexual e tentativa de suicídio.
Vigilância epidemiológica

Unidades
ambulatórias Hospitais Outras fontes
de saúde

Secretaria municipal
do estado

Municipal
Regional de saúde

Estadual
Secretaria estadual
de saúde

Nacional
Ministério da saúde
Fonte: Livro-texto.
Estudos epidemiológicos

Estudo de casos:
 O estudo de casos costuma ser a primeira abordagem de um tema. Ele é usado
para a avaliação inicial de problemas ainda mal conhecidos e cujas características
ou variações naturais não foram devidamente detalhadas.
Aspectos positivos do estudo de casos:
 Em geral, o estudo de caso é relativamente fácil de ser realizado e de baixo custo. O relato
pode restringir-se a uma simples descrição ou ir mais além, de modo a sugerir explicações
sobre elementos pouco conhecidos.
Limitações do estudo de casos:
 Restringe-se a situações incomuns de enfermos graves,
outras vezes, aos casos de evolução atípica, de reação
inusitada, há certa dose de subjetividade
na apreciação dos fatos.
Estudos epidemiológicos

Estudos descritivos:

 Os estudos descritivos têm por objetivo determinar a distribuição de doenças ou condições


relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos,
ou seja, esclarecer: quando, onde e quem adoece.
 Pode ser realizado a partir de dados primários (com instrumento próprio elaborado
para o estudo).
 Ou dados secundários (utilizando informações de banco de dados).

Fonte:
https://asmetro.org.br/portalsn/2017/08/09/in
vestigacao-por-parte-do-ministerio-publico-
virou-terra-de-ninguem/
Estudos epidemiológicos

Estudos analíticos:
 Tem o objetivo básico de avaliar (não apenas descrever) se a ocorrência de um determinado
evento é diferente entre indivíduos expostos e não expostos a um determinado fator
ou de acordo com as características das pessoas.

Tipos de estudos analíticos:


 Randomizado
 Coorte
 Caso-Controle
 Transversais
 Ecológicos

Fonte:
https://asmetro.org.br/portalsn/2017/08/09/in
vestigacao-por-parte-do-ministerio-publico-
virou-terra-de-ninguem/
Estudos randomizados

 O estudo clínico randomizado (ECR) consiste em um tipo de estudo experimental,


desenvolvido em seres humanos e que visa ao conhecimento do efeito de intervenções
em saúde.
Grupo Sucesso
Experimental
(Intervenção) Insucesso
Participantes Randomização

Grupo Sucesso
Controle
(Comparação) Insucesso
Fonte: Medicina (Ribeirão
Preto) 42 (1): 3-8
População
http://www.fmrp.usp.br/revista

Fonte:
https://asmetro.org.br/portalsn/2017/08/09/in
vestigacao-por-parte-do-ministerio-publico-
virou-terra-de-ninguem/
Estudos de coorte

 O termo coorte é utilizado para nomear um grupo de indivíduos que têm em comum um
conjunto de características e que são observados durante um período de tempo com o intuito
de analisar a sua evolução (prospectivo).

Ausência Exposição ao Presença


Fonte:
da doença Fator de Risco da doença
https://asmetro.org.
br/portalsn/2017/08/ Doentes
09/investigacao-por- Expostos
parte-do-ministerio-
publico-virou-terra-
de-ninguem/ Não doentes
População Amostra Tempo

Não Expostos Doentes

Fonte: Adaptado de: Livro-texto.


Não doentes
Estudos de caso-controle

 Investigação do tipo caso-controle parte do efeito para chegar às causas. É, portanto,


uma pesquisa etiológica retrospectiva, feita de trás para frente, só podendo ser realizada
após o fato consumado, ou seja, depois de o efeito já ter ocorrido. (Viés de Memória)

Fonte: Delineamento do estudo caso-controle


https://asmetro.org.
br/portalsn/2017/08/
09/investigacao-por- Expostos
parte-do-ministerio-
publico-virou-terra- Não expostos
de-ninguem/ Sofreu exposição Doentes
no passado?
Expostos
Não
expostos Não doentes

Fonte: Adaptado de: https://pt.slideshare.net/rilvalopes/modelos-de-pesquisaprofarilva


Estudos transversais

 Cada indivíduo é avaliado para o fator de exposição e para a doença em determinado


momento. Muitas vezes o estudo transversal é realizado apenas com objetivo descritivo sem
nenhuma hipótese para ser avaliada (estudo no ponto-causa e efeito ao mesmo tempo).

Fonte:
Presente
https://asmetro.org. Doentes
br/portalsn/2017/08/ Não doentes
09/investigacao-por- Expostos Expostos
parte-do-ministerio-
publico-virou-terra-
de-ninguem/

Não expostos Não expostos Fonte:


https://pt.slid
eshare.net/F
Clinico/tipos-
de-estudos-
epidemiolgic
os-26672507
Estudos ecológicos

 As medidas usadas representam características de grupos populacionais. Assim, a unidade


de análise é a população e não o indivíduo. A limitação principal do estudo ecológico é que a
relação entre o fator de exposição e o evento pode não estar ocorrendo no indivíduo.

Consumo per capita de álcool (litros)


20
Fonte: França Itália
https://asmetro.org.
br/portalsn/2017/08/ 15 Portugal
09/investigacao-por- Alemanha Ocidental
parte-do-ministerio- Espanha Áustria
Suíça
publico-virou-terra- 10 Bélgica
de-ninguem/ Irlanda Austrália
Dinamarca
Inglaterra Nova Zelândia
Suécia
5 Finlândia
Holanda Canadá EUA
Noruega Fonte:
Japão https://edisciplinas.us
0 p.br/mod/resource/vi
0 200 400 600 800 1000 1200 ew.php?id=637534
Taxas de mortalidade por doença coronariana
Interatividade

Como é denominado o estudo epidemiológico que avalia o surgimento de uma determinada


doença em grupo de indivíduos expostos e não expostos de forma prospectiva?

a) Caso-Controle.
b) Ecológico.
c) Transversais.
d) Randomizados.
e) Coorte.

Fonte: http://pensamentojovem.comunidades.net/
Resposta

Como é denominado o estudo epidemiológico que avalia o surgimento de uma determinada


doença em grupo de indivíduos expostos e não expostos de forma prospectiva?

a) Caso-Controle.
b) Ecológico.
c) Transversais.
d) Randomizados.
e) Coorte.

Fonte: http://pensamentojovem.comunidades.net/
Referências bibliográficas

SCHAPPERT, S. M. National ambulatory medical care survey: 1991 summary. Advance data
from vital and health statistics. National Center for Health Statistics. Hyattsville – M.D., n. 230,
mar. 1993. Disponível em: http://www.cdc.gov/nchs/data/ad/ad230.pdf.

BRASIL. Lei n. 6.259 de 30 de outubro de 1975. Dispõe sobre a organização das ações de
vigilância epidemiológica, sobre o programa nacional de imunizações, estabelece normas
relativas à notificação compulsória de doenças, e dá outras providências. Brasília, 1975.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6259.htm.
ATÉ A PRÓXIMA!

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