Absorcao de Agua de Amassamento em Concretos Produ
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Arthur Medeiros
Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR)
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All content following this page was uploaded by Arthur Medeiros on 10 June 2020.
DOI:10.34115/basrv4n1-005
Viviane Pelissari
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Programa de Pós-graduação em engenharia civil
E-mail: [email protected]
Adalberto Matoski
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Programa de Pós-graduação em engenharia civil
E-mail: [email protected]
Arthur Medeiros
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Programa de Pós-graduação em engenharia civil
E-mail: [email protected]
RESUMO
Agregados reciclados em geral possuem uma capacidade de absorção de água superior àquela
apresentada por agregados naturais. Deste modo, acabam por absorver parte da água de
amassamento do concreto durante o estado fresco, o que ocasiona uma redução na fluidez da
mistura. Diante disso, o objetivo do presente trabalho é estudar diferentes procedimentos a
serem adotados durante a produção dos concretos, de forma a reduzir o efeito prejudicial da
absorção inerente ao agregado graúdo reciclado de concreto (ARC). Foi avaliado o desempenho
de cada procedimento com relação à melhora na fluidez dos concretos durante o estado fresco
(ensaios de abatimento pelo tronco de cone e massa específica) e a influência de sua utilização
no estado endurecido (resistência à compressão). A imersão prévia do ARC em parte da água
de amassamento resultou em um aumento do valor registrado para o abatimento pelo tronco de
cone. A adição de água além da quantidade prevista no traço foi determinante para resultados
inferiores de resistência à compressão. A utilização do aditivo superplastificante mostrou-se um
procedimento adequado para melhoria da trabalhabilidade do concreto no estado fresco e no
estado endurecido foi responsável pelos maiores valores de resistência à compressão registrados
entre os concretos produzidos com ARC.
1 INTRODUÇÃO
A execução de obras da construção civil gera uma parcela significativa de resíduos
que, inclusive, podem ser provenientes de edificações demolidas ao final de sua vida útil
(BEHERA et al., 2014). Em 2012, os Estados Unidos produziram 480 milhões de toneladas de
resíduos gerados pela construção civil (TOWNSEND, ET al. 2014). Nos diversos países que
utilizam o concreto com material de construção a realidade é a mesma. Esses resíduos
representam cerca de 50% a 70% da massa de resíduos sólidos urbanos, o que gera uma
sobrecarga considerável.
No entanto, basta observar que parte considerável dos resíduos gerados pelos
processos construtivos pode ser reciclável. Além de reduzir o espaço que seria necessário para
depositar este material em aterros, a utilização de material reciclado é uma alternativa para
diminuir a utilização de recursos naturais (KATZ, 2003). Entre os resíduos provenientes das
atividades da construção civil, os resíduos de concreto endurecido apresentam ótimo potencial
de reaproveitamento (DILBAS et al., 2014). Após passar por processo de reciclagem, o material
constituído por rejeitos das centrais de concreto usinado, fábricas de pré-moldados ou de
demolições de estruturas de concreto, deixa a condição de resíduo para ser aproveitado na forma
de agregado (BUTTLER, 2003).
O que caracteriza a diferença entre o agregado reciclado de concreto e o agregado
natural é a camada de argamassa aderida à superfície do agregado reciclado, responsável por
tornar suas propriedades diferentes dos agregados convencionais (DE JUAN;
GUTIÉRREZ, 2009). Há uma relação entre a quantidade de argamassa aderida e a qualidade
do agregado. Trata-se de um material poroso, com grande capacidade de absorção de água
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O efeito característico da substituição total do agregado graúdo natural pelo reciclado
de concreto é a redução na fluidez da mistura, visto que o agregado reciclado é responsável por
absorver parte da água de amassamento do concreto. Em termos quantitativos, misturas que
contém agregado reciclado apresentam valores inferiores de abatimento pelo tronco de cone ao
que seria registrado caso a mesma mistura fosse produzida somente com agregados naturais.
A fim de atenuar esse efeito de absorção de água pelos agregados reciclados durante a
mistura do concreto foram avaliados diferentes procedimentos, a saber: (1) Adição de água
durante a mistura até a obtenção de consistência igual a 10 ± 2 cm, medida pelo abatimento do
tronco de cone – AGR-AA; (2) Adição de 1,027% de aditivo plastificante em relação à massa
de cimento – AGR-AP; (3) Adição de 0,167% de aditivo superplastificante em relação à massa
de cimento – AGR-SP; (4) imersão do agregado reciclado em parte da água de amassamento
por dez minutos antes da realização da mistura – AGR-IM; (5) Peneiramento do agregado
reciclado conforme recomendação da NBR NM 248 (ABNT, 2003) – AGR-PN. Esses
procedimentos foram comparados com concretos produzidos com agregado natural e com
agregado reciclado sem qualquer tipo de tratamento, denominados, respectivamente – AGN-
REF e AGR-REF. No estado fresco foram realizados ensaios para a determinação da
consistência e massa específica, em conjunto com a avaliação de cada procedimento, de forma
(1)
Onde:
a = proporção em massa de agregado miúdo em relação à massa de cimento do traço;
p = proporção em massa de agregado graúdo em relação à massa de cimento do traço;
γc = massa específica do cimento (kg/m³);
γa = massa específica do agregado miúdo (kg/m³);
γp = massa específica do agregado graúdo (kg/m³);
a/c = relação água/cimento do concreto.
Para a produção da mistura referente a esse traço contendo apenas agregado graúdo
natural o consumo de cimento foi igual a 383,6 kg/m³. De forma a possibilitar a comparação
entre os resultados foram utilizadas as mesmas proporções entre os materiais constituintes do
concreto, tanto na produção do concreto com agregados naturais quanto na produção dos
concretos em que houve substituição do AGN pelo ARC. Observou-se que os concretos
produzidos com ARC o consumo de cimento também foi determinado conforme a Equação 1,
porém considerando a massa específica do agregado graúdo reciclado de concreto no cálculo.
O consumo teórico de cimento calculado nesse caso foi igual a 367,3 kg/m³, conforme a Tabela
1.
Tabela 1 – Proporção em massa dos materiais utilizados para a produção dos concretos.
Consumo
Fato
Agregado graúdo Aditivo de cimento
Cimen r a/c
Concreto Areia (kg/m³)
to
Recicla
Natural P(1) SP(2)
do
0,53
AGN-REF 1 2,02 2,58 - - - 383,6
9
0,53
AGR-REF 1 2,02 - 2,58 - - 367,3
9
0,64
AGR-AA 1 2,02 - 2,58 - - 367,3
0
0,53
AGR-AP 1 2,02 - 2,58 0,167 - 367,3
9
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS AGREGADOS
Os resultados caracterização de física dos agregados são apresentados na Tabela 1 e as
curvas de distribuição granulométrica na Figura 1.
Nota: (a) Norma para agregado miúdo; (b) Norma para agregado graúdo. Fonte: os autores
Fonte: os autores
Fonte: os autores
Fonte: os autores
Observa-se que, mesmo após moldagem dos corpos de prova, o agregado reciclado
(ARC) apresenta uma superfície mais porosa e com maior ocorrência de fissuras em relação ao
natural (AGN). A maior porosidade se deve à camada de argamassa original que permanece
aderida ao agregado. Observa-se ainda que a zona de transição entre a argamassa e o agregado
natural é outro fator que leva a um aumento da porosidade com consequências nas propriedades
físicas (redução da massa específica) e na taxa de absorção de água. As fissuras normalmente
são provenientes do processo de britagem do resíduo de concreto para que este possa adquirir
dimensões de agregado.
Fonte: os autores
Apesar de não ter alcançado o valor especificado (10 ± 2 cm), verificou-se que a
mistura apresentava fluidez superior aos concretos feitos com agregado reciclado. Assim pode-
se justificar que o emprego de agregados reciclados na condição pré-saturada mostra-se uma
alternativa para compensar o efeito da absorção de água pelo agregado reciclado. Observou-se
ainda que devido a taxa de absorção de água pelo agregado reciclado foi necessário o tempo de
dez minutos utilizado no presente trabalho, para proporcionar condições para que o agregado
reciclado absorver um maior percentual de água, antes de ser misturado aos demais
componentes.
Para o concreto feito com agregado reciclado, a manutenção da trabalhabilidade foi
feita através da adição de água suplementar à mistura. Foi necessário adicionar 0,2 % em relação
à massa de cimento para alcançar o abatimento de 10 ± 1 cm, o que resultou em um aumento
na relação água/cimento de 0,54 para 0,64.
A compensação da quantidade de água absorvida, isto é, água adicionada à mistura
além da quantidade prevista no traço, também pode ser uma opção válida a ser adotada de forma
a compensar a absorção de água do concreto pelo agregado reciclado de concreto.
Com relação ao concreto feito com agregado reciclado peneirado (para reduzir o teor
de pulverulentos), foi verificado um aumento no valor da massa específica em relação ao
concreto AGR−REF. Esse aspecto pode ser explicado pelo desprendimento da camada de
argamassa aderida do agregado reciclado devido à agitação mecânica. Enquanto o agregado
fica retido na peneira, a argamassa desprendida possui menor diâmetro e passa pela abertura,
juntamente com as partículas mais finas que estavam presentes no ARC. Desta forma, como a
argamassa aderida e os finos possuem menor massa específica que o agregado, retirá-los através
do peneiramento contribui para que a parcela de ARC com maior massa específica (agregado
do concreto original) seja incorporada à mistura. Em relação ao concreto de referência
Fonte: os autores
4 CONCLUSÕES
Verificou-se a influência da substituição do agregado natural pelo agregado reciclado
de concreto nas propriedades físicas e mecânicas. Foram registrados resultados inferiores de
abatimento de tronco de cone e resistência à compressão em relação aos valores obtidos para o
concreto produzido somente com agregados naturais. A redução do abatimento pelo tronco de
cone pode ser justificada pela maior absorção de água pelo agregado reciclado de concreto
devido à presença de argamassa em sua composição. Já a redução da resistência à compressão
pode ser justificada pela menor densidade do agregado reciclado, pelo seu maior teor de vazios
e pela redução da trabalhabilidade devido à maior absorção de água.
O peneiramento prévio do agregado graúdo colaborou para redução de fatores
responsáveis pelas características inferiores do agregado reciclado de concreto em relação ao
agregado natural. Esse aspecto pode ser justificado pela eliminação dos finos juntamente com
parte da camada de argamassa aderida. Apesar de não ter sido constatada melhora significativa
na trabalhabilidade, o procedimento de peneiramento proporciona uma melhora da qualidade
do agregado reciclado de concreto e pode ser eficaz quando utilizado em conjunto com outras
técnicas como, por exemplo, o uso de aditivos químicos.
Embora não tenha sido suficiente para que o concreto alcançasse o abatimento
especificado, o procedimento de imersão prévia do agregado graúdo em parte da água de
amassamento durante 10 minutos colaborou para uma melhora na fluidez do concreto
produzido com agregado reciclado. Os benefícios da utilização deste procedimento estão mais
relacionados ao estado fresco do concreto, pois além da manutenção da trabalhabilidade
REFERÊNCIAS