Portaria Pcerj #768 Rotinas Crimes Sexuais

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PORTARIA PCERJ Nº 768 DE 26 DE JULHO DE 2016

Institui o Protocolo de Rotinas Básicas a serem


observadas pela Polícia Civil nas Ocorrências de
Violência Sexual Contra a Mulher, e dá outras
providências.
O CHEFE DA POLICIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais,

CONSIDERANDO:

- o compromisso assumido pelo Brasil, perante a comunidade internacional, como signatário da convenção
sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, ratificada pelo Decreto nº 4.377, de 13 de
setembro de 2002, devendo ser observado por todos os órgãos da Administração Pública Federal, Estadual e
Municipal;

- a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra Mulher (Convenção de Belém
do Pará – 1994), que define a violência contra mulher como “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na esfera privada” e
estabelece no art. 7º item “b” o dever da Administração de atuar com toda diligência para prevenir, investigar e punir
a violência contra mulher;

- o dever e o compromisso da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro com a mulher vítima de violência e o
bom atendimento, bem como as investigações pertinentes de forma a combater toda forma de violência sexual;

R E S O L V E:

DO ATENDIMENTO

Art. 1º - A Autoridade Policial, assim que a mulher, criança ou adolescente vítima de violência sexual chegar a
Delegacia, deverá acolhê-la direcionando o policial civil para atendimento humanizado, possibilitando condições
necessárias para que possa comunicar o fato criminoso.

§ 1º - Imediatamente será encaminhada para um espaço adequado, podendo ser uma sala reservada com a
finalidade de manter a privacidade da mulher, criança ou adolescente.

§ 2º - O atendimento inicial será feito preferencialmente por um policial civil do sexo feminino ou por policial do
sexo masculino qualificado profissionalmente.

§ 3º - O policial civil no início do atendimento deverá explicar a dinâmica de procedimento.

§ 4º - Quando a vítima for criança ou adolescente, deverá vir acompanhada de um representante legal. Caso não
haja representante legal presente no ato, o policial civil deverá entrar em contato com o Conselho Tutelar.

§ 5º - Se o fato acontecer no município do Rio de Janeiro, a criança ou adolescente poderá ser encaminhado para
o Centro de Atendimento ao Adolescente e à Criança - CAAC para entrevista investigativa realizada com a técnica do
relato livre, estudo de revelação e acompanhamento psicossocial.

DA OITIVA DA VÍTIMA

Art. 2º - Na lavratura dos Registros de Ocorrência e/ou Autos de Prisão em Flagrante observar-se-á, além das
providências elencadas no Código de Processo Penal, o sigilo dos depoimentos, bem como o quadro emocional da
mulher vítima, da criança ou adolescente.

§ 1º - Será levada sempre em consideração a palavra da mulher, sem preconceito ou discriminação ou pré-
julgamento.

§ 2º - Caberá ao policial, antes iniciar o depoimento, esclarecer a vitima que as perguntas a serem realizadas de
forma pormenorizada sobre o fato criminoso servirão para ajudar na investigação, evitando assim a revitimização
com novo depoimento, salvo quando o mesmo for estritamente necessário.

DO ENCAMINHAMENTO
Art. 3º - Após a confecção do Registro de Ocorrência e do termo de declarações da vítima, o policial responsável
deverá explicitar a importância dos encaminhamentos a seguir elencados:

§ 1º - Encaminhar a vítima para o Exame de Corpo de Delito específico orientando-a da importância do


comparecimento imediato para a colheita de provas.

§ 2º - Encaminhar a vítima ao Hospital mais próximo para a profilaxia recomendada e informá-la acerca do
aborto legal, caso ocorra gravidez em decorrência do estupro por ela sofrido.

§ 3º - Informar a vítima do Direito ao Abrigamento, caso se faça necessário, devendo constar no corpo do
Registro de Ocorrência a manifestação da mesma.

§ 4º - Encaminhar para o Centro de Atendimento à Mulher mais próximo para o acompanhamento psicossocial.

§ 5º Encaminhar a mulher vítima à Defensoria Pública;

DA INVESTIGAÇÃO:

Art. 4º – Quanto às diligências para apuração do fato crime, além das elencadas no Código de Processo Penal e as
rotinas já estabelecidas pela Autoridade Policial, caberá a observância à Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006, e ainda:

§ 1º - Encaminhar a vítima se for o caso, para o retrato falado com a finalidade de possível identificação do autor.

§ 2º - Determinar à Seção de Inteligência Policial - SIP que realize pesquisas nos bancos de dados disponíveis
fatos ocorridos na mesma área ou nas proximidades com “modus operandi” idêntico, características físicas do autor,
também apresentar o álbum de fotos de possíveis estupradores e demais informações relatadas pela mulher vítima,
criança ou adolescente.

Art. 5º - O policial civil deverá informar à vítima que, na Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, existem os
serviços do CAC – Centro de Atendimento ao Cidadão e da COINPOL – Corregedoria Interna da Policia Civil, nos
quais pode ser comunicada qualquer questão relacionada ao atendimento.

Art. 6º - As regras estabelecidas nesse protocolo também se aplicam no que couber, aos crimes de Estupro tentado
praticados contra Mulher, Criança ou Adolescente;

Art. 7º - O descumprimento do disposto nesta Portaria importará em transgressão disciplinar, na forma do Decreto-
Lei nº 218/75.

Art. 8º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Rio de janeiro, 26 de julho de 2016.

Fernando da Silva Veloso

Chefe da Polícia Civil

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