O documento discute a importância do acolhimento na Atenção Primária à Saúde. O acolhimento deve reconhecer as necessidades singulares do usuário e construir relações de confiança. Isso permite garantir o acesso oportuno às tecnologias adequadas para cada usuário. O acolhimento qualificado melhora a resolutividade, qualidade e satisfação dos usuários com os serviços de saúde.
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Aula 01
O documento discute a importância do acolhimento na Atenção Primária à Saúde. O acolhimento deve reconhecer as necessidades singulares do usuário e construir relações de confiança. Isso permite garantir o acesso oportuno às tecnologias adequadas para cada usuário. O acolhimento qualificado melhora a resolutividade, qualidade e satisfação dos usuários com os serviços de saúde.
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ACOLHIMENTO EM SAÚDE E
AVALIAÇÃO DE RISCO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Profª. Drª. Suely Aragão
Email: [email protected] Fonte: Google imagens, 2022. O SUS, sem dúvida, é atualmente um dos maiores exemplos de política pública no Brasil. Esse sistema, fruto de debates e lutas democráticas na sociedade civil e nos espaços institucionais do Estado brasileiro, sobretudo do movimento da reforma sanitária, foi afirmado na Constituição de 1988, alicerçado na premissa da saúde como direito de todos e dever do Estado e em princípios e diretrizes como a universalidade, equidade, integralidade, descentralização e controle social. O SUS vem se desenvolvendo ao longo dos últimos 20 anos de modo paradoxal, pois tem implantado um conjunto de políticas de saúde includentes, apesar de sofrer de problemas crônicos, entre os quais o financiamento insuficiente e desigual (CAMPOS, 2006 apud BRASIL, 2013b). Isso demonstra, por um lado, a força do ideário e do conjunto de atores e instituições construtores do SUS, tornando-o um verdadeiro patrimônio público, que, como tal, deve ser bem cuidado. Por outro lado, o SUS precisa ser “protegido” e “cultivado” não apenas para evitar retrocessos ao grande pacto social do qual é resultado, mas também porque ainda há muito que fazer para consolidar esse sistema e, assim, possibilitar que todo brasileiro se sinta cuidado diante das suas demandas e necessidades de saúde (BRASIL, 2013b). O que é? Lançada em 2003, a Política Nacional de Humanização (PNH) busca pôr em prática os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) no cotidiano dos serviços de saúde, produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar.
Fonte: Google imagens, 2022.
A PNH estimula a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários para construir processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários no cuidado de si. O HumanizaSUS, como também é conhecida a Política Nacional de Humanização, aposta na inclusão de trabalhadores, usuários e gestores na produção e gestão do cuidado e dos processos de trabalho. A comunicação entre esses três atores do SUS provoca movimentos de perturbação e inquietação que a PNH considera o “motor” de mudanças e que também precisam ser incluídos como recursos para a produção de saúde. Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferenças nos processos de gestão e de cuidado. Tais mudanças são construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir para estimular a produção de novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho. A Política Nacional de Humanização atua a partir de orientações clínicas, éticas e políticas, que se traduzem em determinados arranjos de trabalho, com isso, o ACOLHIMENTO é um dos fatores que norteiam o trabalho da PNH. Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar a relação entre equipes/serviços e usuários/ populações. Como valor das práticas de saúde, o acolhimento é construído de forma coletiva, a partir da análise dos processos de trabalho e tem como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário com sua rede socioafetiva (BRASIL, 2013a, p. 7-8). Fonte: Nilson et al., 2015. Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às necessidades do usuário, é possível garantir o acesso oportuno desses usuários a tecnologias adequadas às suas necessidades, ampliando a efetividade das práticas de saúde. Isso assegura, por exemplo, que todos sejam atendidos com prioridades a partir da avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco (BRASIL, 2013a, p. 8). As equipes de saúde da atenção básica, seus trabalhadores, têm que estar abertos para perceber as peculiaridades de cada situação que se apresenta, buscando agenciar os tipos de recursos e tecnologias (leves, leve-duras e duras) que ajudem a: * aliviar o sofrimento, * melhorar e prolongar a vida, * evitar ou reduzir danos, * (re)construir a autonomia, * melhorar as condições de vida, * favorecer a criação de vínculos positivos, * diminuir o isolamento e abandono. Nesse sentido, é imprescindível que as equipes de Saúde da Família (ESF) possam, por exemplo:
* realizar uma ação de promoção à saúde para combater o lixo acumulado
inapropriadamente (que oferece riscos à saúde); * inserir pessoas com baixa renda em programas sociais; * fazer a notificação de um acidente de trabalho; * utilizar uma medicação ou realizar um procedimento que cure uma doença ou diminua uma dor; * cuidar de alguém (que tem hipertensão arterial, diabetes) considerando seus detalhes (sua singularidade); * conversar com gestantes, em grupos e individualmente, sobre a gestação, mas também sobre as questões gerais relacionadas à sua vida, como a sua sexualidade; entre outros. Para acolher a demanda espontânea, é importante que as unidades de atenção básica tenham estrutura física e ambiência adequadas, como sala de espera (para que os usuários possam aguardar confortavelmente, atenuando seus sofrimentos), sala de acolhimento multiprofissional (para realização do acolhimento individual da demanda espontânea, por meio da escuta qualificada), consultórios (para qualificar as condições de escuta e respeitar a intimidade dos pacientes) e sala de observação (para permitir o adequado manejo de algumas situações mais críticas ou que requerem período maior de intervenção ou acompanhamento). Resultados esperados com o Acolhimento: • Ampliação da resolutividade da APS; • Qualificação do atendimento; • Detecção precoce de usuário com potencial de agravamento de sua condição clínica; • Organização do processo de trabalho; • Mudança no perfil da demanda, no decorrer do tempo; • Aumento do grau de satisfação dos usuários e profissionais de saúde. (GOVERNO, 2015, p. 12) REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Humaniza SUS. Política Nacional de Humanização. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2013a.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Acolhimento à demanda espontânea. 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde, 2013b, Volume 1.
NILSON, Luana Gabriele et al. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Núcleo Telessaúde Santa Catarina. Acolhimento: saiba mais! Florianópolis: UFSC, 2015.
GOVERNO do Distrito Federal. Secretaria de Estado de Saúde. Subsecretaria de Atenção Integral à
Saúde. Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde. Protocolo do Acesso na Atenção Primária à Saúde do DF. 2018 Disponível em: < https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/87400/Protocolo+de+Acesso+da+Aten%C3%A7%C 3%A3o+Prim%C3%A1ria+%C3%A0+Sa%C3%BAde+do+DF+%E2%80%93+APS.pdf/2a1f9b6f-46e8- b01c-f656-1f6988251656?t=1648646629690>. Acesso em: 30 ago. 2022.