Carpintaria Aula-1
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FERRAMENTAS DE MARCENARIA
O banco — esta peça compõe-se de cavalete (1), prancha (2), prensa (3), carrinho (4),
cocho (5) e duas esferas de ferro ou de madeira (6), colocadas nos furos da prancha.
Um banco pode ter os seguintes defeitos: não ser desmontável; ser fechado ou ter
gaveta; ser curto, comprido, leve, alto ou estreito demais; ter as prensas fracas, o cocho muito
raso e a prancha fina e torta; ter falta de óleo na prancha, e pouca firmeza nas juntas.
Caixa de ferramentas. — A boa ordem — que tanto e precioso tempo nos poupa — e a
conservação das ferramentas conseguem-se por meio de uma caixa de madeira. Tão comum é
entre nós o uso da caixa que, quando vemos um marceneiro adotar armário ou banco fechado
para esse fim, estranhamo-lo bastante. Até os curiosos do ofício possuem em casa uma caixa de
ferramentas.
Todavia, nas escolas, em virtude das ferramentas individuais para cada aluno serem
poucas, e por economia de espaço, convém adotar os armários-gaveteiros, onde cada gaveta
comporte toda a ferramenta do aluno.
Sempre condenamos o uso de fechar o banco de marceneiro para essa finalidade, por se
tornar incômodo, inútil para certos serviços e anti-higiênico.
Na caixa, cada tipo de ferramenta deve ter seu lugar próprio. As brocas, puas, verrumas e
outras miudezas podem ser postas em caixinhas guardadas na caixa; na tampa devem ficar os
esquadros, os serrotes, a suta, o arco de pua, etc; num sarrafo com entradas, preso ao lado,
ficarão os formões; as plainas serão colocadas em filas e na frente, seguras por outro sarrafo.
O tamanho da caixa varia com a quantidade de ferramentas que cada um possui.
FERRAMENTAS DE MARCENARIA
Escolha racional das faces da plaina — As zonas anulares devem ficar dispostas
transversalmente, por causa do ponto fraco indicado.
Guilherme— Este instrumento é uma espécie de plaina que corta a madeira a meio-fio.
Escolha racional das faces do guilherme — As zonas anulares devem ficar dispostas
perpendicularmente, por causa do ponto fraco indicado.
Desbastador (rebote) — É em tudo igual à plaina, porém um pouco menor e com o corte
do ferro um pouco abaulado e sem capa.
Bastão ou cepo — Instrumento análogo à plaina, tendo o rasto convexo ou côncavo,
segundo é destinado a formar meias-canas ou cordões salientes.
Junteira — Espécie de guilherme comprido, com guia para endireitar as bordas das
tábuas.
1. porque, formando sulcos e relevos muito finos, reduz a resistência e a aderência, bem
como, abrindo as juntas externamente, faz com que fique nestas o sinal da cola;
2. porque abrindo-se os riscos, fecham-se um tanto os poros pelos quais penetra a cola
para formar fios capilares, que constituem a verdadeira e melhor resistência;
3. porque nas juntas em que se passa o ferro de dentes, não podendo a cola escorrer, não
se estende, o que prejudica bastante;
4. porque as duas camadas de cola que se passam em cada face, ficam como que
isoladas pelos ressaltos e sulcos.
Pelo exposto, vê-se que seu uso, em madeiras duras e pouco porosas, em lugar de
aumentar a resistência e a aderência das juntas, enfraquece-as.
Deve ser preferido, pois em muitos casos, o aquecimento das peças para dilatar os poros,
a fim de se poder aplicar cola mais densa e para que esta não se coagule, enquanto se faz o
aperto.
Amola-se o ferro como os de todas as plainas, mas depois de assentado o fio, esfregando-
se na pedra só o lado do chanfro, faz-se cair a rebarba produzida pela pedra, introduzindo o
corte, alguns milímetros, por meio de uma pequena martelada, no topo de qualquer madeira um
pouco rija.
Esta ferramenta serve para riscar as faces de todas as madeiras resinosas, duras, de
poros demasiado finos, refratárias à cola, e destinadas a serem coladas.
Há também plainas e garlopas inteiriças de ferro.
Plaina de volta— Plaina de ferro ou de madeira que tem a base abaulada.
Na de ferro, americana, a base tanto pode ser côncava como convexa, adaptando-se a
curvas de todos os tamanhos.
Cantil — Instrumento para abrir a madeira a meio-fio.
Suta — Instrumento que serve para traçar ângulos de qualquer número de graus.
Raspadeira ordinária — Lâmina de aço que serve para alisar as peças de madeira, isto é,
para fazer o polimento.
Defeitos que pode ter esta ferramenta: tempera muito forte ou fraca, falta de pedra ou
triângulo, ferrugem ou torturas na face do fio, cova ou excesso de lombo na superfície do
corte, fio enrolado ou dentado, chanfro muito grande e afiador mais mole do que a
raspadeira. Esta ferramenta deve ser apertada na prensa para ser amolada, afiada, e para dar o
fio.
Amola-se com uma lima murça ou lima triangular. O afiador deve ser de preferência uma
goiva de aço bem duro. Passa-se a pedra sobre a raspadeira e não a raspadeira na pedra.
Passar, em seguida, a pedra de afiar até que a lâmina fique cortando como um formão, antes de
lhe virar o fio. O afiador deve ser passado no máximo duas vezes em cada fio. Com mais vezes o
fio enrola e corta menos.
O uso da raspadeira de 2 fios é aconselhável por produzir mais serviço e permitir maior
rapidez do que a de 4 fios.
Os chanfros não devem ser grandes. A raspadeira grossa leva duas vantagens sobre a
fina: esquenta-se menos e permite tirar fitas do tamanho da lâmina.
Raspadeira americana — Instrumento de ferro fundido em que se prende uma lâmina de
aço para raspar madeiras.
Em marcenarias finas deve ser condenada esta raspadeira, por deixar no polimento muitos
tremidos.
Corteché — Instrumento de ferro fundido com que se retocam as peças curvas, muito
usado pelos cadeireiros.
Lima — Instrumento de aço com asperezas regularmente dispostas, que serve para
limpar ferro e madeira.
Triângulo — Espécie de lima triangular com que se amolam serras e serrotes.
Ao ser usada esta lima na amolagem das serras, deve ser arrastada só na ida, exceto
quando os dentes são muito miúdos.
A prática — a mestra por excelência — ensina que, para durar mais, devem ser usadas as
três faces a um tempo, ora uma, ora outra, na mesma serra.
Isto prova-se pela teoria do recozimento dos metais. Usando-se um lado só do triângulo,
este destempera-se e gasta-se logo, ao passo que ocupando-se os três lados, alternadamente, os
mesmos aquecem-se menos e duram mais. Há quem seja levado a amolar a serra com os dentes
do avesso, pela ilusão de aproveitar um filete de cada lado do triângulo, que não tenha sido gasto.
A parte que excede à largura dos dentes será gasta quando se passa a usar a outra face.
Outros, com o mesmo espírito de economia, passam carvão no triângulo gasto, pensando poder
fazê-lo renovar um pouco. Outros ainda, depois de estar o triângulo bem velho, avermelham-no e,
ato contínuo, mergulham-no na água supondo tê-lo com isso reformado. De nada valem também
as preconizadas reformas por meio de banhos de ácidos.
Verruma de expansão — É uma verruma para furos grandes, que ocupa duas facas, uma
menor e outra maior. São ocupadas ora uma, ora outra, conforme o tamanho do furo. A faca é
presa por um parafuso de fenda e corre entre corrediças sutadas. O parafuso de fenda pode ser
substituído por um de porca que ofereça maior resistência.
Martelo — Instrumento de aço de percussão, com que se bate.
Martelo para folhar — Martelo de pena grande com que se estende a folha fina ao ser
colada.
Macete — Espécie de martelo grande de madeira dura feito no torno e preso a um cabo.
É com ele que se percute nas madeiras e nos cabos dos formões para não se partirem.
Maço — É um macete de bases quadradas, feito pelo próprio marceneiro.
Torquês — Espécie de tenaz. Instrumento próprio para segurar ou agarrar, com que se
extraem pregos.
Pedra de afiar — Utensílio de pedra de grés em que se assenta o fio das ferramentas.
A melhor pedra de afiar, geralmente usada pelos marceneiros, é a turca. Há outras
qualidades superiores, mas de preço inacessível para essa classe de artistas.
Como se endireita: endireita-se a pedra no rebolo, com a lixa de ferro ou de madeira, ou no
chão cimentado, com água e areia. Quando se endireita com lixa, ela fica lisa e com um brilho que
deve ser tirado no rebolo com água ou com lixa nova.
O modo mais conveniente de usar a pedra é apertando-a nas prensas do banco. Estando
a pedra firme, a afiação se faz com presteza e perfeição. A pedra turca duríssima amolece
usando-a com gasolina.