1) O documento discute a evolução da poesia romântica brasileira entre 1836 e 1870, dividida em três gerações de poetas.
2) As três gerações são: a geração de Magalhães que iniciou o romantismo no Brasil, a geração de Gonçalves Dias que foi a primeira de grandes poetas românticos, e a geração de Varela e Castro Alves que abriu novas perspectivas ao romantismo brasileiro.
3) O texto também analisa os principais caracteres da poesia româ
1) O documento discute a evolução da poesia romântica brasileira entre 1836 e 1870, dividida em três gerações de poetas.
2) As três gerações são: a geração de Magalhães que iniciou o romantismo no Brasil, a geração de Gonçalves Dias que foi a primeira de grandes poetas românticos, e a geração de Varela e Castro Alves que abriu novas perspectivas ao romantismo brasileiro.
3) O texto também analisa os principais caracteres da poesia româ
1) O documento discute a evolução da poesia romântica brasileira entre 1836 e 1870, dividida em três gerações de poetas.
2) As três gerações são: a geração de Magalhães que iniciou o romantismo no Brasil, a geração de Gonçalves Dias que foi a primeira de grandes poetas românticos, e a geração de Varela e Castro Alves que abriu novas perspectivas ao romantismo brasileiro.
3) O texto também analisa os principais caracteres da poesia româ
1) O documento discute a evolução da poesia romântica brasileira entre 1836 e 1870, dividida em três gerações de poetas.
2) As três gerações são: a geração de Magalhães que iniciou o romantismo no Brasil, a geração de Gonçalves Dias que foi a primeira de grandes poetas românticos, e a geração de Varela e Castro Alves que abriu novas perspectivas ao romantismo brasileiro.
3) O texto também analisa os principais caracteres da poesia româ
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LITERATURA BRASILEIRA MODERNA: ROMANTISMO
CAPÍTULO V A POESIA
INTRODUÇÃO
De 1836, quando Magalhães publicou os Suspiros Poéticos e Saudades, até 1870,
quando se editaram as Espumas Flutuantes, de Castro Alves, podemos dizer que evoluiu, nas suas linhas mais significativas, a nossa poesia romântica. E, na sua maioria, os historiadores que procuraram interpretar essa evolução, viram-na, antes de mais nada, como o resultado da sucessão de três gerações de poetas: a geração de Magalhães, de finida na década de 1830, sobretudo pelo propósito de iniciar, no País, o processo de modernização romântica, e de nacionalização, não apenas de sua poesia, mas também, na medida do possível, de toda a sua literatura (o teatro, a ficção, a crítica e a história); a geração de Gonçalves Dias, Alvares de Azevedo e Casimiro de Abreu, que atuou nos decénios de 1840 e 1850, e que veio a ser, por motivos e num sentido que não cabe agora analisar, a nossa primeira geração de grandes poetas românticos; finalmente, na década de 1860, quando nosso Romantismo chegava a seu fim, a geração de Varela e Castro Alves, que abriu, à nossa poesia romântica, suas últimas perspectivas, levando-a para um sentimento da natureza e da vida menos inti-mista, o que significa, mais universal, e ainda para um "compromisso" com a revolução política e social que começava a fermentar no País, e o levaria, em alguns anos, a promover a abolição da escravatura, a derrubar a monarquia e a fazer a república. Se bem reconheça que este modo de ver a evolução de nossa poesia romântica é um pouco simplificador, e lhe falte o apoio em um estudo mais profundo de nossas gerações literárias, não posso deixar de concordar em que corresponde, até certo ponto, a uma verdade histórica, e que é útil a quem deseja uma primeira tomada de contacto com essa verdade histórica, naturalmente mais complexa do que se apresenta nesta esquematização. Mas o estudo de nossa poesia romântica não implica apenas na compreensão de sua evolução em termos da sucessão de três principais gerações literárias. Implica também em saber que significação têm os limites dessa evolução, quais são os mais expressivos caracteres da poesia que realizamos dentro desses limites, e quais os seus mais significativos valores. No que respeita à primeira questão, creio não ser difícil compreender que a geração de Magalhães, se se empenhou decididamente na definição de nosso Romantismo, em termos de uma ruptura com o Classicismo e da procura de uma temática nacional, no fundo não logrou, essa geração, apesar de suas intenções, libertar-se da poesia anterior senão naquilo que nessa poesia era flagrantemente obsoleto — o mitologismo e o bucolismo; o mais não conseguiu, pelo menos relevantemente, superar. E, assim, o nosso Magalhães dos Suspiros Poéticos e Saudades, em matéria de linguagem e do que entendia por Poesia, não se afastou muito dos poetas anteriores, como, por exemplo, Filinto Elísio, por quem teve sempre uma incondicional admiração. E o que se diz de Magalhães, pode-se dizer de Porto Alegre; e daí termos de convir em que esta geração quando muito definiu, entre a Renovação Clássica, vinda do século XVIII (e em que ela se formou), e a revolução ro- mântica que pretenderam realizar, uma faixa de claro e escuro, ou, mais simplesmente, de transição. Mas a impossibilidade que tinha esta geração para definir completamente nosso Romantismo, não decorria apenas do fato de se ter educado dentro dos padrões da poesia clássica, mas também do fato de haver ela adquirido uma educação romântica na Europa, o que significa, e desde logo significou para ela, uma alienação da realidade brasileira, de que estava quase ausente em espírito, e sobre a qual procurara intervir. Resultado: se de um lado esta geração não conseguiu superar uma situação de transição, de outro não conseguiu formular, para seus patrícios, um programa de reforma literária, realista e exequível. E aqui está a explicação, no fim de contas muito simples, por que os Suspiros Poéticos e Saudades e a tragédia O Judeu (para falar apenas das duas obras mais significativas desta geração), apesar dos aplausos que de pronto receberam, a rigor não tiveram um efe tivo papel na formação do nosso Romantismo, ficando, portanto, apenas como marcos iniciais de um amplo processo histórico que resultou nessa formação. Se passarmos agora para a última geração romântica, não é também difícil observar que, tanto quanto a geração de Magalhães, a geração de Varela e Castro Alves resultou em ser uma geração de transição, e, no caso, de transição do Roman tismo para o Realismo. Varela compreendeu muito bem (e o disse no prefácio de Cantos e Fantasias) que sua poesia já não era a poesia do "desalento de Alvares de Azevedo e Casi miro de Abreu", nem dos "tacapes e borés" de Gonçalves Dias; e Castro Alves, no mesmo ano de 1865, no poema "Adeus, Meu Canto", fez sua profissão de fé numa poesia "compromissada" com as mais novas ideias revolucionárias do século, ideias que vieram a definir a geração realista, e que ambos os poetas não puderam acompanhar, porque prematuramente falecidos (Castro Alves em 1870 e Varela em 1874). No fim de nosso Romantismo, portanto, tanto quanto no seu início, uma faixa de claro e escuro ou de transição; e tanto quanto o limite de 1836, o de 1870, ano da publicação das Espumas Flutuantes, resulta em ser um impreciso e apenas convencionado marco histórico. Outra questão em que implica o estudo geral de nossa poesia romântica é a da definição de seus caracteres mais expressivos. E aqui concordemos, logo de início, em que não é fácil dizer, sem riscos de arbítrios pessoais e de erros, quais os mati zes significativos de determinada época literária. Reduzo tais riscos, estabelecendo um critério impessoal de apreciação, e considerando apenas aqueles aspectos que foram significativos para os próprios românticos, e que, ao mesmo tempo, resultaram em ser significativos para a evolução geral da literatura brasileira. E nesse sentido creio que posso sublinhar cinco aspectos: 1.° — a poesia saudosista, que Magalhães iniciou, em 1836, com modestas possibilidades líricas (que o digam poemas como "Adeus à Europa"), e que veio a ser, a partir de 1846, quando se publicou a "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias (nos PrimeirosContos) o tema que popularizaria o mesmo Gonçalves Dias, e ainda Casimiro de Abreu (Canções do Exílio, livro primeiro das Primaveras), e Varela (]uvenília, livro primeiro de Cantos e Fantasias, 1865). Uma poesia saudosista que se filia va sabidamente numa moda romântica europeia, sobretudo francesa e portuguesa, mas nem por isso deixou de encontrar, no teor de sentimentalidade e nos motivos, a sua originalidade brasileira, e ao mesmo tempo sua profunda ressonância em nossa psicologia afetiva. 2° — a poesia indianista, que também resultou de sugestões da literatura europeia (lembremo-nos sobretudo das obras de Chateaubriand, Atala e Os Natchz, e da apologia do americanismo, de Ferdinand Denis e outros), mas por outro lado não resultou menos do movimento geral de simpatia, que desde os anos de 1830 se levantou no Brasil em favor dos índios, e no sentido de valorizar sua contribuição em nossa etnia e chamá-los a integrar, efetivamente, a nacionalidade. E tanto como no caso da poesia da saudade, se é a Magalhães e à sua geração que temos de reconhecer o mérito da prioridade em nossa poesia indianista romântica, no que respeita a méritos literários, foi sem dúvida a Gonçalves Dias que ficamos a dever (desde os Primeiros Cantos, de 1846, aos Timbiras, de 1857), o melhor dessa poesia, e também aquela poesia indianista que o público brasileiro da época sentiu e aplaudiu. 3.° — tendo sido o Romantismo, a par de uma ideologia, de complexo conteúdo artístico, social e político, uma época que propiciou o aparecimento de naturezas humanas caracterizadas pelo egocentrismo, pela hipersensibilidade, pela melancolia, pelo pessimismo, pela angústia, pela desesperação, ou, em uma expressão, pelo que na época se denominou "o mal do século", isto é, a crise moral típica do homem da primeira metade do século XIX, não era de esperar ficasse nossa mocidade romântica preservada dessa psicose; e ela teve, entre nós, sobretudo nas décadas de 1840 e 1850, agudas manifestações, em poetas como Alvares de Azevedo, Junqueira Freire, Laurindo Rebelo, Casimiro de Abreu, e de tais manifestações é sabido que resultou uma significativa poesia lírica, que também contou com a audiência do grande público. 4.° — caracterizou ainda nossa poesia romântica o que se pode definir como a descoberta dos valores líricos da natureza brasileira: de um lado, assim sentiram poetas como Magalhães, Porto Alegre, Gonçalves Dias, Castro Alves, essa natureza se singularizava, em face da natureza de outros países, por um conjunto insuperável de belezas, desde o grandioso ao mais delicado (a baía de Guanabara, a serra dos Órgãos, o Pão de Açúcar, o Amazonas, as florestas virgens, um céu de anil, as aves canoras, as borboletas, etc., etc.); doutro lado, essa natureza, tão pródiga de cenários majestosos e até sublimes, e de mimos, sem par, inspirava, como fizeram sentir Magalhães e sobretudo Varela, uma religiosidade profunda, pelo que expressava do poder criador de Deus; doutro lado, finalmente, a natureza brasileira não se singularizava menos, como tão impressivamente fez sentir Varela, pelo encanto de seus aspectos mais rústicos (as flores silvestres, o perfumado bafo do sertão, a humilde e tranquila choça do roceiro, a melancólica cruz de estrada, o recolhimento das matas sombrias, etc., etc.). 5.° — finalmente, caracterizou a nossa poesia romântica, na altura de 1860 a 1870 (e aqui temos de pensar, obviamente em Castro Alves), uma empenhada partici- pação nos movimentos de ideias revolucionárias, iniciadas nessa altura, em favor da abolição da escravatura e da reforma mental, social e política do Brasil. Naturalmente, essa visualização dos aspectos mais significativos da poesia romântica brasileira não compreende tudo que foi, essa poesia, em matéria de temas e mesmo em matéria de matizes dos temas considerados. Os estudos que seguem, dedicados aos principais poetas desta época, completarão essa visualização. E agora, para concluir, um balanço dos valores dessa poesia. Na ordem do relativo, Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Castro Alves foram, sem dúvida, os nossos mais significativos poetas românticos; mas na ordem dos valores absolutos, pouco a pouco chegou a crítica à convicção de que foi Gonçalves Dias a mais completa organização poética de nosso Romantismo, e foi, ainda, aquele a quem ficamos a dever a primeira definição de uma grande poesia brasileira. Mas é evidente que o reconhecimento da particular significação de Gonçalves Dias, em nossa literatura, e mesmo na área da literatura de língua portuguesa, não invalida a convicção da crítica e de muitos leitores de que, enquanto poeta de poderosa inspiração, de eloqúentíssima expressão poética e invulgar influência sobre o público, Castro Alves é também um poeta particularmente significativo, não só no Brasil, mas também no âmbito de nossa língua. E é, n a t u r a l m e n t e , e m face desta escala de valores, que só os poetas citados neste parágrafo merecerão, a seguir, particular tratamento histórico e crítico.
AMORA, Antônio Soares. O Romantismo. Col. A literatura Brasileira. Vol. II. Cultrix: São Paulo, 1978.