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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA-A POLITÉCNICA

Instituto Superior de Humanidade, Ciências e Tecnologias-ISHCT

Psicologia Clínica e de Aconselhamento - Vo Semestre

Trabalho de Pesquisa
3º Grupo
Atuação do psicólogo: o trabalho com indivíduos portadores
de necessidades especiais

Quelimane
2022

1
3º Grupo
Duda Laurentino
Nicolina Cruz Nicolau
Priscila Estacio Magaia
Vilma Felisberto
Yasmin Abdul Latif

Atuação do psicólogo: o trabalho com indivíduos portadores


de necessidades especiais

Trabalho de pesquisa apresentado ao Instituto


Superior de Humanidades, Ciências e
Tecnologias, para obtenção da primeira
avaliação da cadeira de Psicologia da
Deficiencia e Psicomotricidade e Reabilitação.
Docente: Aeke M. Albrinho

Quelimane
2022

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Sumário
1. Introdução...............................................................................................................4
1.1. Objectivos...............................................................................................................5
1.1.1.Geral......................................................................................................................5
1.1.2. Específicos...........................................................................................................5
1.2. Metodologia............................................................................................................5
2. Revisão de literatura...............................................................................................6
2.1. Atuação do psicólogo: o trabalho com indivíduos portadores de necessidades
especiais......................................................................................................................................6
2.1.1. A pessoa em situação de deficiência...........................................................................7
2.1.2. Histórico da relação entre Psicologia e Deficiência.................................................10
2.1.3. Atuação do Psicólogo junto a Pessoas em Situação de Deficiência......................13
2.1.4. Pressupostos necessários ao Psicólogo para atender Pessoas em Situação de
Deficiência...............................................................................................................................15
2.1.5. Vantagens da psicologia na vida da pessoa com deficiência..................................19
2.1.6. Características Da Prestação Do Serviço A Pessoa Em Situação De Deficiência20
3. Conclusão.............................................................................................................22
4. Referencias Bibliograficas....................................................................................24

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1. Introdução
A Deficiência vem sendo cada vez mais um tema de pesquisa de profissionais
das mais diversas áreas que buscam aprofundar conhecimentos sobre as relações entre
suas áreas específicas e a atenção às pessoas em situação de deficiência. Essas pesquisas
acrescentam à literatura já existente vasta gama de informações que são constantemente
avaliadas e reavaliadas em acordo com diversos públicos, cenários e contextos
históricos.
A educação especial tem sido um contexto de inserção do psicólogo na área
educacional. À luz das políticas de inclusão vigentes, a atuação do psicólogo se volta à
promoção de práticas educacionais que favoreçam a participação e aprendizado de todos
os alunos. A formação de profissionais na área da educação demanda o estudo das
necessidades sociais que irão atender. Somente a partir de dados concretos acerca do
contexto e das possibilidades de intervenção pode-se identificar os conhecimentos que
dev- erão ser ensinados. Entretanto, são raros os estudos que investigam as formas
contemporâneas de intervenção da psicologia na educação es- pecial. Assim, reunir
dados sobre essa atuação permite instrumentalizar a reflexão sobre a formação em
psicologia educacional.
Os deficientes, bem como os outros indivíduos, têm um papel fundamental na
sociedade. No entanto, são frequentemente vítimas de discriminação desde tenra idade.
A sociedade é responsável pelo processo de inclusão dos deficientes. É comum ver
crianças discriminarem os colegas na escola por acreditarem que são "diferentes". Neste
momento, o papel do educador é fundamental.
"A aprendizagem do preconceito ocorre como qualquer outra aprendizagem, por
isso pais e professores precisam discutir essas questões humanitárias com as crianças,
ensinando-as a não serem preconceituosas, entendendo que as diferenças não têm
'valor', são diferenças. Quando uma criança discrimina outra, os professores e os pais
devem intervir, mostrando que é inadequado. Lembrando que nenhuma criança nasce
preconceituosa, ela se torna, na relação com o adulto. Então, se os adultos seguirem o
aprendizado e o orientamento, a criança não vai se tornar preconceituosa"

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1.1. Objectivos

1.1.1.Geral

 Conhecer a Atuação do psicólogo: o trabalho com indivíduos


portadores de necessidades especiais

1.1.2. Específicos

 Saber como agir perto de um portador de deficiencia


 Saber identificar um portador de deficiencia

1.2. Metodologia

 Para a realização e conclusão do presente trabalho contamos com fontes


bibliográficas que abaixo vêm estruturadas, artigos reverenciados e alguns
conteúdos revisados durante a introdução do presente tema.

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2. Revisão de literatura
2.1. Atuação do psicólogo: o trabalho com indivíduos portadores
de necessidades especiais
O papel do psicólogo vai além de ajudar diretamente o indivíduo que tem a
deficiência. Também pode oferecer apoio aos pais, especialmente quando se trata de
uma criança com deficiência e há dúvidas sobre o processo de desenvolvimento da
criança.

"A aprendizagem dos limites, que é crucial para a


formação de uma personalidade saudável, constitui
muitas vezes uma dificuldade por parte dos pais, que
não sabem fazer demarcações com os filhos. Portanto,
diante das dificuldades emocionais dos pais ou de seus
filhos, ou diante de problemas na demarcação de
limites, no 'lidar' com a criança, devem ser situações em
que os pais procuram ajuda profissional. Lembrando
que a personalidade é formada na infância e
adolescência, e aí qualquer problema de formação da
personalidade pode ser revertido ou prevenido nesse
período da vida"

Ser uma pessoa com deficiência é ter seus momentos de altos e baixos, porém, é
possível que a maioria dos momentos sejam felizes. Para isso, é necessário ter o
acompanhamento de um psicólogo especialista para esse tipo de atendimento. Esse
profissional é a pessoa mais indicada a ajudar na autoestima e motivar a ter uma
vida ativa no convívio social.

A psicologia na vida da pessoa com deficiência possibilita diversos benefícios,


ela melhora o desenvolvimento cognitivo, aumenta a qualidade da vida social,
diminui o sentimento de exclusão e auxilia na superação da discriminação.

Todorov (2007) define o objeto de estudo da Psicologia como as interações


organismo-ambiente, que se ocupa fundamentalmente do homem. O autor considera
ainda que essas relações são tais que se pode perceber um continuum, uma tênue
passagem da Psicologia para a Biologia ou para as Ciências Sociais, por exemplo, pois a
própria definição de cada uma dessas áreas é resultado da imposição de alguns limites

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norteadores das mesmas, ou resultado da não consideração da existência desses. O autor
propõe analisar a Psicologia como mais uma área sob controle não do indivíduo, mas do
grupo social no qual está inserido (ROCHA, 2006; TOURINHO, 2006; TODOROV,
2007). Essas relações também são identificadas na construção da Psicologia no nosso
Pais. Assim como na história do atendimento às pessoas em situação de deficiência, a
relação estreita entre a Psicologia, a Pedagogia e a Medicina.

2.1.1. A pessoa em situação de deficiência.


A definição de deficiência é sempre temporal e controvertida, e por isso variou
muito ao longo da história. Historicamente o estudo da deficiência foi intensamente
influenciada pelas áreas da pedagogia, medicina e psicologia. Conforme aponta
Jannuzzi (2004) cada uma dessas áreas contribuiu de forma significativa para as
discussões atuais não só sobre a pessoa em situação de deficiência, mas
principalmente sobre a atuação dos diversos profissionais junto a esse público. Essa
atuação pautou-se na busca pela melhoria da saúde pública, no diagnóstico
diferencial, na identificação dos hábeis e não hábeis para o aprendizado, e esteve
concentrada no estudo das habilidades intelectuais.

Segregadora e discriminatória, a abordagem da deficiência derivada da relação


entre a pedagogia, medicina e psicologia construída ao longo do século XX
procurou atender às necessidades de sua época, e mais especificamente, às
necessidades das pessoas que não apresentavam deficiência, os denominados à
época como “normais” (JANNUZZI, 2004).

Atualmente diversas são as vertentes que discutem a atuação dos profissionais


junto às pessoas em situação de deficiência. Tomando por base como os órgãos
oficiais que traçam políticas na área definem a deficiência, temos, por exemplo, a
definição:

Deficiência - toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função


psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de
atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;

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Tal definição traz a deficiência ainda como algo centrado na pessoa, como uma
perda, insuficiência ou anormalidade, ou seja, como algo negativo, e que afasta o
desempenho da pessoa dos padrões normais.

O documento “Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação


Básica” (BRASIL, 2001), por exemplo, define o público da Educação Especial
como aqueles que durante o processo educacional, demonstrem:

I. Dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de


desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades
curriculares, compreendidas em dois grupos:

 aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;

 aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências.

II. dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos,


demandando adaptações de acesso ao currículo, com utilização de
linguagens e códigos aplicáveis;
III. altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os
leve a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e
que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem
receber desafios suplementares em classe comum, em sala de recursos ou em
outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir,
em menor tempo, a série ou etapa escolar.

Nesta definição as pessoas em situação de deficiência estão incluídas no público


tradicionalmente encaminhado para a Educação Especial, embora a definição do
alunado seja mais abrangente do que o conceito de deficiência tradicionalmente
supõe.

Em 2001 a OMS apresentou uma compreensão mais ampla do conceito de


deficiência, propondo uma alternativa à sucessão linear dos níveis de deficiência
propostos em 1980 (a saber, deficiência, incapacidade e desvantagem social),
introduzindo a interação entre as funções orgânicas, as atividades e a participação
social.

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O importante dessa nova definição é que ela destaca o funcionamento global da
pessoa em relação aos fatores contextuais e do meio, situando-a novamente entre as
demais e rompendo o seu isolamento. Essa definição motivou a proposta de
substituir a terminologia “pessoa deficiente” por “pessoa em situação de
deficiência” (ASSANTE, 2000). A idéia dessa proposta é a de mostrar a vantagem
de integrar os efeitos do meio nas apreciações da capacidade de autonomia de uma
pessoa com deficiência. Em conseqüência uma pessoa pode sentir uma
discriminação em um meio que constitui para ela barreiras que apenas destacam a
sua deficiência, ou ao contrário ter acesso a esse meio, graças às transformações
deste para atender as suas necessidades (MEC, 2006).

No campo da saúde a CIF, “Classificação Internacional de Funcionalidade,


Incapacidade e Saúde”, trouxe uma nova realidade para a área (OMS, 2003). Ela
redefiniu a deficiência como algo centrado no ambiente, apresentando uma visão
mais positiva ao considerar as atividades que uma pessoa com alteração de função
e/ou estrutura do corpo pode realizar, em detrimento de suas limitações.

Tal definição enfoca também outros aspectos considerados importantes pela


literatura: a participação social da pessoa em situação de deficiência e a necessidade
de inseri-la na comunidade e garantir-lhe a vivência de um papel dentro desse grupo
(FARIAS; BUCHALLA, 2005). Vários estudos têm adotado a CIF como um
documento norteador para compreender o conceito de deficiência.

Mais recentemente o documento intitulado “Política Nacional de Saúde da


Pessoa com Deficiência”, apesar de não acompanhar todas as alterações propostas
pela CIF, trouxe alguns avanços no sentido de orientar melhor as políticas da área
para atender o bem estar social da pessoa em situação de deficiência, apresentando
como seu principal objetivo a reabilitação da capacidade funcional e de desempenho
humano, contribuindo para a inclusão social, prevenindo agravos que determinem o
aparecimento de deficiências (BRASIL, 2006). Neste documento, entretanto, a
definição de deficiência ainda se apresenta como uma condição inerente à pessoa
que “apresenta, em caráter permanente, perdas ou anormalidades de sua estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gerem incapacidade para o
desempenho de atividades dentro do padrão considerado normal para o ser humano
(BRASIL, 2006)”.

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O documento orienta que os serviços prestados a esse público devem obedecer
às seguintes diretrizes:

 promoção da qualidade de vida das pessoas portadoras de deficiência;


 assistência integral à saúde da pessoa portadora de deficiência;
 prevenção de deficiências;
 ampliação e fortalecimento dos mecanismos de informação;
 organização e funcionamento dos serviços de atenção à pessoa portadora
de deficiência;
 capacitação de recursos humanos (BRASIL, 2006).

A meta anunciada neste documento é a de ampliar e fortalecer o acesso a


informação e aos bens e serviços disponibilizados no Sistema Único de Saúde para o
usuário, e o foco da política pode ser resumidamente apresentado em duas palavras,
prevenção e reabilitação. Prevenção e reabilitação que incluem um diagnóstico
específico sobre a deficiência e a aquisição gratuita de órteses e próteses por
intermédio do Sistema Único de Saúde.

Importante frisar que as políticas de assistência social podem ser necessárias


para atender as necessidades básicas, mas ao mesmo tempo elas apresentam um
grande problema quando confrontadas com as necessidades de emancipação e
atuação social propostas pela literatura e pela própria legislação. Há uma
necessidade de mudar a realidade social das pessoas em situação de deficiência,
proporcionando-lhes educação devida, inserção no mercado de trabalho, além dos
ganhos a médio e longo prazo.

2.1.2. Histórico da relação entre Psicologia e Deficiência


Com a área da saúde e mais especificamente com a Medicina, a Psicologia
construiu uma relação pautada no diagnóstico da doença mental, relação essa
representada pelos inúmeros casos de criação de laboratórios de Psicologia em
instituição que atendiam pessoas em Situação de Doença Mental.

Um dos problemas identificados pela literatura é que a aproximação entre


Psicologia e Medicina levou a uma conseqüente tentativa de transformar a
Psicologia em uma especialidade médica, refletindo uma tendência mundial de
estudos sobre o comportamento humano, analisando comportamentos considerados

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como socialmente pertinentes e comportamentos considerados como socialmente
reprováveis. Essa relação evolui para, já no século XX, o despertar do interesse
pelos testes de inteligência, na busca pela identificação do diferente, pelos “erros e
desvios individuais” em detrimento de outros conhecimentos na área (PEREIRA;
PEREIRA NETO, 2003; MARGOTTO, 2004). Na década de 80 Carraher e
Schlieman (1982) contrapõem-se a essa concepção afirmando que crianças de meios
socioeconômicos desfavorecidos apresentam diferenças cognitivas e não
deficiências cognitivas.

Em virtude dessas discussões diversos pesquisadores passaram a utilizar na


década de 80 a perspectiva piagetiana de avaliação psicológica do desenvolvimento
cognitivo. Porém, esses autores não entraram em consenso quanto aos resultados
dessa avaliação e uma disparidade de resultados foi identificada. Patto (1984)
discute acerca dos resultados dessas pesquisas e apresenta que as posições
contraditórias decorrem da tendência dos pesquisadores da região sul do país em
atribuir os baixos valores de crianças de baixa renda a distúrbios no processo
evolutivo, enquanto os pesquisadores da região nordeste atribuíam esses baixos
resultados à influência sócio-econômica e institucional.

As décadas de 70 e 80 foram marcadas pela mudança do paradigma de


investigação psicológica, substituindo-se a mensuração via testes de inteligência
pela tentativa de avaliação qualitativa e mesmo intuitiva dos fenômenos
psicológicos. Essa visão não significou uma melhoria na investigação psicológica,
mas sim um movimento de desvalorização desse processo, desconsiderando a
importância do mesmo e sem a adoção de critérios adequados.

Na década de 90 a utilização de medidas psicológicas ressurgiu, principalmente


através de um movimento do Conselho Federal de Psicologia em atualizar os
instrumentos de mensuração existentes no país, já bastante antigos e obsoletos. As
principais preocupações desse novo movimento eram: a falta de padronização dos
instrumentos existentes, que não atendiam ao contexto nacional; o despreparo dos
profissionais para realizar o procedimento de mensuração e avaliação psicológica e
a inexistência de instrumentos adequados para atender às necessidades do país
(FLORES- MENDONZA; COLOM, 2004).

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As discussões sobre a avaliação psicológica permearam a atuação do psicólogo
ao longo da consolidação da profissão (ANASTASI; URBINA, 2000; CUNHA,
2000). Essa discussão embasou a atuação desse psicólogo em diversas áreas e
promoveu uma análise da postura desse profissional ao questionar a atuação do
psicólogo em contextos como a escola e a clínica. Uma das principais razões foi a
repercussão que o ingresso de psicólogos em instituições, de outros países, que não
apenas a clínica, mas principalmente a escola provocou (REGER, 1964). Essa
inserção proporcionou a identificação de vários papéis assumidos pelo psicólogo,
desde a manutenção de uma postura voltada para a avaliação psicológica com o uso
de testes psicológicos e procedimentos como psicoterapia, até uma tentativa de
ressignificar essa atuação e voltá-la para as necessidades do público atendido. A
manutenção do modelo clínico de atendimento perpetua a influência da medicina na
construção da atuação do psicólogo

Porém, reiterando as discussões anteriores, o psicólogo escolar, apesar de atuar


no contexto educacional, permaneceu com uma postura clínica, cujas metas diferiam
das metas das instituições nas quais trabalhava. Porém essa realidade por muito
tempo se ateve às instituições privadas e permeou a atuação do psicólogo e
promoveu discussões acirradas sobre a necessidade de uma nova prática baseada nas
necessidades do aluno e não nas necessidades de reafirmação da psicologia
enquanto ciência (GUZZO, 1999).

Reger (1964) considera que há uma explicação para uma tendência internacional
de atuar de forma clínica em quaisquer contextos: primeiro pela tendência clínica de
conceber o especialista em saúde mental como responsável em atuar frente a
situações que envolvam comportamento e educação; segundo, ao separar
comportamento de educação os professores são vistos como responsáveis apenas
pelos alunos que aprendem e não pelos que são identificados como alunos problema,
o que se configura uma grande dificuldade; terceiro a tendência em se considerar o
problema apresentado pela criança ao invés das condições nas quais esse problema
ocorre.

A mudança dessas concepções é essencial para garantir uma atuação eficaz do


psicólogo (GUZZO, 1999). Para compreender melhor esse fenômeno é importante
analisar o processo de profissionalização vivenciado pela psicologia e como esse

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processo contribuiu para nortear a atuação do psicólogo e garantir a superação
dessas dificuldades de atuação.

Na metade do século XX a industrialização local exigiu o ajustamento de


funcionários “para o desempenho perfeito de tarefas” e estimulou a participação do
psicólogo no mercado de trabalho.

Em 1975 foi instituído o primeiro Código de Ética da profissão e, em 1977, após


uma revisão, o segundo código foi editado fixando “normas de orientação e
fiscalização do exercício profissional de psicólogo”. O Código de Ética por ser um
instrumento auto-regulador de uma profissão e estabelecer os princípios
fundamentais para o exercício da mesma, orienta a atuação do profissional e
direciona os esforços para que os diversos profissionais pautem sua atuação em seus
princípios, ao passo que permite fiscalizar e punir os profissionais que ferem os
princípios do código.

No período logo após a criação do Código de Ética existiam três grandes áreas
de atuação da psicologia: educação, trabalho e clinica. Percebe-se pela retrospectiva
apresentada que a relação entre a Psicologia e as diversas áreas do conhecimento foi
construída a partir da necessidade de atender a uma conjuntura social, na qual as
descobertas e pesquisas em Psicologia que aconteciam no mundo foram aqui
incorporadas, especialmente pela Pedagogia e Medicina, de modo a transformar a
Psicologia em uma ciência legitimadora do diagnóstico diferencial. O diagnóstico
diferencial foi e continua sendo utilizado para determinar quem é o diferente, quem
foge a regra, quais os indivíduos que não podem acompanhar o desenvolvimento
dos que atingem índices considerados regulares (MICHELS, 2005).

2.1.3. Atuação do Psicólogo junto a Pessoas em Situação de


Deficiência
A atuação do psicólogo é objeto de estudo de pesquisadores que buscam avaliar
como esse profissional atua no mercado de trabalho e sob quais diretrizes essa
atuação ocorre. Reger (1964) já abordava a necessidade de estabelecer um elo entre
a formação recebida pelo psicólogo e a atuação do recém formado, como forma de
garantir ao mesmo experiência e prática para atender as demandas da realidade.
Quanto à atuação do Psicólogo no atendimento à pessoa em situação de deficiência,
as pesquisas tendem a reproduzir o perfil geral da profissão.
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Cruces (2006) pesquisou as preferências, especializações, oportunidades de
trabalho e atuação na área educacional. Seus resultados demonstraram que a área
clínica é a preferência dos participantes, a que mais proporciona satisfação pessoal,
porém a área com menor retorno financeiro. Ao todo as áreas que mais empregam
segundo essa pesquisa são: escolar e educacional, organizacional e do trabalho e
clínica e saúde. Os egressos mencionaram a necessidade de continuar a formação
profissional após a conclusão do curso e em sua maioria procuraram uma
especialização na área clínica para isso. Eles concebiam a universalização do acesso
aos serviços psicológicos como compromisso social, em detrimento da
transformação das pessoas e da sociedade. Apesar de não apresentarem preferência
pela área escolar, a maioria informou que trabalharia nesta área de tivessem
oportunidade.

Ainda as práticas que envolvem todos os integrantes do processo e buscam


compreender as dificuldades das demandas são as mais importantes, assim como as
que valorizam o trabalho em equipes multiprofissionais. Um dado importante é que
esses participantes consideram a elaboração de laudos psicológicos como
importante, desde que seja feita por profissionais que dominem a técnica e
apresentem postura ética na elaboração desse instrumento. Eles demonstraram
preocupação em não propagar estigmas através dessa técnica e defenderam a
compreensão de demandas a partir da realidade e contexto dos envolvidos, não se
prendendo a concepções organicistas.

E como a psicologia e os psicólogos têm enfrentado na atualidade o desafio da


inclusão social? As pesquisas mais atuais demonstram que as discussões tem se
concentrado mais especificamente sobre os desafios da inclusão escolar.

Pio et al (2008) pesquisaram as concepções de deficiência e o conhecimento


acerca da proposta de inclusão escolar de psicólogos que trabalhavam nas áreas
clínica, escolar e da saúde. No que se refere à concepção de deficiência, os
psicólogos escolares a definiram como um déficit na realização de atividades
consideradas normais, levando a uma dificuldade na adaptação do cotidiano. Outros
a consideraram como uma limitação, diferença, ou como rebaixamento intelectual
acompanhado de comprometimento. Sobre a proposta de inclusão escolar, eles
afirmaram que a proposta em si é boa, mas que ela não funciona na realidade.
Dentre os motivos apontados estão: falta de informação dos profissionais da área da
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educação, lentidão e/ou falta de alcance dos serviços e descaso das autoridades
responsáveis.

No estudo referido, psicólogos clínicos definiram deficiência como dificuldade,


limitação (física ou mental), rótulo ou mesmo algo presente na vida de todas as
pessoas. Quanto à opinião pessoal sobre a política de inclusão escolar, os
entrevistados a consideraram interessante e positiva por proporcionar contato com a
diversidade. Apesar disso, os entrevistados identificaram a política de inclusão
escolar como negativa alegando que a mesma pode prejudicar os demais alunos e
familiares, podendo levar à situações constrangedoras, refletindo nitidamente
desconhecimento sobre as pesquisas mais recentes na área e apresentando eles
mesmos um posicionamento discriminatório sem fundamentação científica. Os
psicólogos clínicos apontaram ainda a necessidade de respaldo multidisciplinar e
melhor preparo dos professores.

Frente ao exposto três grandes áreas de atuação do psicólogo com pessoas em


situação de deficiência foram identificadas. A área escolar, que aborda consultoria
colaborativa, Psicologia educacional, Psicologia da aprendizagem, procedimento de
ensino e suporte comportamental positivo; a área clínica e da saúde, abordando
avaliação psicológica, psicodiagnóstico, psicologia institucional, reabilitação,
aconselhamento sobre temas como sexualidade, trabalho em instituições de saúde,
prevenção e promoção da qualidade de vida e psicologia organizacional e do
trabalho, abordando análise de perfil, condições para o trabalho e treinamento em
serviço.

2.1.4. Pressupostos necessários ao Psicólogo para atender Pessoas


em Situação de Deficiência.
As pessoas em situação de deficiência deve-se prestar serviços que
proporcionem às mesmas bem estar social, numa perspectiva positiva, trabalhando
as potencialidades e alterando o ambiente de modo a garantir o máximo de
funcionalidade possível a essa pessoa e o pleno exercício de um papel social.
Considera- se ainda que para garantir essas premissas é necessário que o sistema
atenda as necessidades desse usuário e esteja preparado para atender suas demandas,
inclusive com profissionais preparados e capacitados para prestar esse serviço
(OMS, 2001; BRASIL, 2006).

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O psicólogo deve atuar em diversas frentes: junto à família, junto à pessoa em
situação de deficiência e junto ao grupo no qual ela está inserida, atuando de modo a
eliminar barreiras. Para isso é necessário que o mesmo tenha conhecimentos
satisfatórios sobre a caracterização da deficiência, os movimentos sociais e
atitudinais em relação a essas deficiências e principalmente, conhecimento sobre os
recursos disponíveis para atender às necessidades do cliente, e isso vai desde
conhecimento da rede social disponível no grupo comunitário até dos recursos
humanos e tecnológicos existentes para atender as necessidades de cada deficiência,
além do importante papel de prover suporte aos familiares.

A pesquisa acerca da atuação profissional dos psicólogos em programas de


educação inclusiva, realizada pelo Conselho Federal de Psicologia (2008), também
revelou alguns dados sobre as práticas desses profissionais. As atividades listadas
pelos organizadores da pesquisa (entrevista de acolhimento, atendimento de
emergência, discussão de casos com a equipe, discussão de casos com outros
profissionais, avaliação psicológica, elaboração de plano individual de cuidados,
sessões de arteterapia, psicoterapia de casal, psicoterapia de grupo, psicoterapia
familiar, psicoterapia individual, grupos/oficinas de prevenção/educação,
grupos/oficinas de formação profissional e encaminhamento para o mercado de
trabalho, grupos/oficinas sobre sexualidade, visitas domiciliares, orientação a
familiar/cuidador de pessoas em situação de deficiência, reuniões com a direção do
serviço em que atua, elaboração de projeto pedagógico-institucional com a rede de
ensino, reuniões com profissionais da rede de ensino do município/estado,
participação em comissões de Educação Especial no âmbito municipal, estadual,
distrital, participação em atividade do movimento social, palestras em oficinas de
capacitação de profissionais de educação/agentes multiplicadores, palestras sobre
inclusão de pessoas com necessidades especiais na comunidade, elaboração de
material educativo/informativo) demonstram uma abordagem geral do Psicólogo
sobre a prestação do serviço.

Isso significa que diversas habilidades são esperadas do psicólogo, e isso em


diversas frentes de atuação. Além da tradicional avaliação e diagnóstico
psicológicos, são habilidades esperadas do psicólogo a capacitação de profissionais,
o envolvimento com a dinâmica da família e auxílio na elaboração do projeto
político pedagógico da rede de ensino.

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Dos recursos apontados na mencionada pesquisa, além dos tradicionais testes
psicológicos, também são apresentados como recursos e técnica pertinentes, as
entrevistas, técnicas de dinâmica de grupo, recursos audiovisuais, instrumentos
lúdicos, materiais artísticos, atividades de leitura e escrita, equipamentos
tecnológicos e recursos específicos para pessoas em situação de deficiência.

A pesquisa de Mattos, Shimizu e Bervique (2008) abordou quais as principais


qualidades e quais os comportamentos considerados graves e condenáveis na prática
psicológica, segundo a percepção de estudantes de psicologia. Para estes estudantes
o psicólogo deve assumir antes de tudo o compromisso com o sigilo profissional,
com a competência técnica e com o respeito ao outro, sendo completamente
condenáveis quaisquer comportamentos que venham a ferir essas premissas básicas,
sendo que a competência ética deve ser construída basicamente durante a formação
acadêmica.

Os participantes do estudo de Crippa (2008), professores de salas de aula


inclusivas, manifestaram expectativas de que o psicólogo escolar funcione como:
interlocutor, facilitador da dinâmica do grupo, criador do espaço de promoção da
saúde, e que o mesmo trabalhe com prevenção. Assim, não é esperado que o
psicólogo escolar se prenda a fazer avaliações psicológicas, emitir diagnósticos
baseado apenas em testes de inteligência, ignorando o contexto da criança.

Os professores identificam o psicólogo como essencial nas equipes de suporte


escolar, para auxiliá-los no atendimento a crianças com deficiência, e esperam que
este profissional os ajude a orientar a criança e/ou resolver questões emocionais,
fazer entrevistas, utilizar material lúdico, atender o aluno e que permaneça na escola
para continuar o atendimento após a intervenção em momentos de crise. Para os
participantes também pareceu importante que este profissional realizasse a escuta
das angústias do professor e orientasse pais e profissionais da escola sobre como
lidar com essas crianças. Eles demonstraram preferir que o psicólogo realizasse
orientações com os alunos dentro da sala de aula, frente a conteúdos cognitivos,
comportamentais e frente à avaliação, que desenvolvessem a auto-estima e a questão
social, prestasse esclarecimentos quanto ao diagnóstico, sendo que é grande também
a demanda para que o psicólogo resolva conflitos. Para os participantes desta
pesquisa, o primeiro passo definitivamente é a presença rotineira do psicólogo na
escola, pois o mesmo deveria ser um facilitador do trabalho do professor. Ao invés
17
de um psicólogo clinico na escola, eles esperam um psicólogo social e institucional.
Esses dados são bastante reveladores quando comparados com a realidade das
décadas de 60 e 70 discutidas anteriormente.

Vash e Crewe (2003) discutem a prestação de serviços psicológicos a pessoas


em situação de deficiência analisando aspectos que vão desde a avaliação e
diagnóstico, até o suporte necessário a esse público. Para os autores, o processo de
aceitação da deficiência é a fase mais difícil e exige do psicólogo uma postura mais
ética e centrada no bem estar do cliente. Esclarecem que este profissional precisa
dominar o conhecimento técnico sobre o assunto, diferenciando as características
próprias de cada grupo, como saber diferenciar a abordagem que deve ser feita aos
que nasceram em situação de deficiência, da abordagem aos que passaram a essa
situação posteriormente. Estes autores consideram importante que o psicólogo deve
avaliar quando e como ocorreu o episódio que desencadeou essa realidade e quais os
comportamentos que essa pessoa apresenta frente a sua deficiência. Esses
comportamentos precisam ser monitorados para orientar o profissional, em
quaisquer situações, sobre como proceder.

Outros pontos importantes dizem respeito ao nível de independência e


mobilidade do sujeito, ao apoio familiar recebido e a rede de relações presentes no
cotidiano dessa pessoa. Eles orientam que a primeira coisa a se fazer é analisar as
expectativas do indivíduo, antes de traçar quaisquer estratégias de intervenção, e
mencionam que muitas vezes o papel do psicólogo será o de desmistificar
concepções errôneas que essa pessoa tenha sobre sua realidade e/ou interpretações
equivocadas da sua própria condição. É importante também que este profissional
conheça a fundo as políticas sociais de seu governo, pois ele precisa estar ciente de
quais são os direitos e deveres do seu atendido.

Além disso, os autores pontuam como imprescindível evitar reações emocionais


como pesar ou afins, porque a postura profissional é de garantir o bem estar do
atendido. Para os autores o tipo de deficiência também influencia a postura do
psicólogo e é preciso estar preparado para conhecer as peculiaridades de cada uma.
A severidade da deficiência, a visibilidade da deficiência e a estabilidade da
deficiência também devem ser consideradas.

18
Para os autores o psicólogo precisa avaliar aspectos da individualidade da
pessoa, como o sexo, o quão a deficiência afeta o desenvolvimento de atividades, os
interesses, valores e metas, a base filosófica espiritual, o ambiente, as barreiras
atitudinais. É preciso avaliar também disponibilizar a tecnologia para realizar o
suporte, a política local voltada para esse público, as influências culturais, o
ambiente imediato, as influências familiares, a influência da comunidade, a
institucionalização, as agências governamentais de atendimento bem como as
diferenças regionais. Tais considerações, na verdade, devem ser feitas a todos os
clientes, independente dos mesmos possuírem algum tipo de deficiência ou não.

A independência do individuo é apontada como sendo o alvo do processo, o


principal objetivo do trabalho do psicólogo, que precisa maximizar a qualidade de
vida e o desenvolvimento das habilidades e capacidades do cliente. Trabalhar a
acessibilidade e o bem-estar, principalmente a acessibilidade física, com serviços
assistivos e a interação com outras pessoas (comunicação), incentivando pedido de
auxílio quando necessário, manejar expectativas e desenvolver a assertividade.

As discussões apresentadas pela literatura na área convergem em diversos


pontos. Partindo-se da pesquisa realizada pelo CFP (2008) pode-se identificar na
literatura as ênfases na atuação do psicólogo junto a pessoas em situação de
deficiência, as atividades que podem ser desenvolvidas por ele, os recursos
disponíveis na área e as características da prestação desse tipo de serviço. O Quadro
4 apresenta uma síntese dos comportamentos esperados dos psicólogos no trabalho
com pessoas em situação de deficiência, quadro esse elaborado a partir dessas
discussões.

2.1.5. Vantagens da psicologia na vida da pessoa com deficiência


 Melhora o desenvolvimento cognitivo
Há casos em que a deficiência pode comprometer o processo cognitivo. Nessa
situação, é importante o acompanhamento com psicólogo para que o atendimento seja
direcionado ao problema. Com esse reforço psicológico, o deficiente apresenta um
progresso grandioso que pode fazer toda diferença em sua vida no que se refere a
ensino- aprendizagem. Possibilita, também, o desenvolvimento de suas decisões e
outras maturidades e avanços que podem remeter à qualidade de vida.

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 Proporciona melhoria na vida social
O acompanhamento psicológico motiva a pessoa deficiente a ter uma vida social
mais inclusiva nos âmbitos profissionais e pessoais. O profissional pode mostrar ao
indivíduo que ele pode ser alguém proativo no círculo social e deve entender que conta
com direitos em todos os sentidos. Fortalecer a autoestima dessa pessoa é um ponto
fundamental para que ela tenha engajamento para viver com naturalidade no meio da
sociedade.
 Diminui o sentimento de exclusão
As deficiências são fortes motivos para que algumas pessoas sintam-se à margem da
sociedade. O atendimento psicológico desperta a conscientização de que a deficiência
não é impedimento para ter uma vida dinâmica e feliz.
Praticar esportes, buscar novos conhecimentos por meio de diversos estudos, participar
de projetos sociais, fortalecer a espiritualidade e outras ações são formas de despertar o
sentimento de empoderamento e ativismo nas comunidades.
 Ajuda na superação da discriminação
A discriminação existe! E isso é um agravante que precisa ser muito bem
acompanhado na vida das pessoas com mobilidade reduzida. O psicólogo fortalece na
pessoa com deficiência o reconhecimento de que seu problema é real, porém, é
importante que ele sempre mantenha a postura de que não é inferior às outras pessoas. E
é colocando esse pensamento em prática no seu dia a dia que a pessoa com deficiência
supera todas as discriminações praticadas pela sociedade.

É essencial a psicologia na vida da pessoa com deficiência e que, por meio desse
acompanhamento, é possível melhorar o desenvolvimento cognitivo e a interação social
e até superar a discriminação. No entanto, devido à realidade da vida, existem os
momentos de fraqueza e de angústia, de sentir-se diferente dos outros, e é essa a hora de
consultar o psicólogo para minimizar o sofrimento e voltar a ter autoestima e bem-estar.
O atendimento psicológico às pessoas com deficiência tem se mostrado, em nosso
país, como uma área de trabalho que mantém uma demanda constante. No entanto,
também se apresenta como um segmento do mercado para o qual os jovens profissionais
raramente referem a sua escolha profissional. Ao deparar-se com esta possibilidade e
com a necessidade crescente de instituições e sujeitos com deficiência, o jovem
psicólogo envolve-se frequentemente na tarefa sentindo-se despreparado.

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2.1.6. Características Da Prestação Do Serviço A Pessoa Em
Situação De Deficiência
 Diferenciar a realidade da deficiência congênita da adquirida (avaliar como e
quando ocorreu o episódio e como a pessoa enfrenta a realidade)

 Monitorar os comportamentos de enfrentamento e adaptação à deficiência

 Analisar as expectativas

 Desmistificar concepções errôneas

 Estar ciente das dificuldades de enfrentar essa realidade (como trabalhar com
cegos e severamente imobilizados

 Considerar a severidade da deficiência, a visibilidade da deficiência, a


estabilidade da deficiência

Todas essas habilidades e competências podem ser resumidas em alguns eixos


principais: avaliação e diagnóstico; aconselhamento psicológico; psicoterapia;
intervenção em psicologia; monitoramento da intervenção. A atuação do psicólogo
deve estar voltada para as especificidades do cliente, de modo a atender à
diversidade de realidades do público em situação de deficiência.

Pode-se perceber que as recomendações necessárias ao psicólogo para atender


pessoas em situação de deficiência identificados na literatura são muitos. Porém a
ênfase é na garantia do suporte voltado para a promoção de independência. Além do
trabalho direto com o público alvo, faz-se necessário um trabalho com os
profissionais que atendem esse público em diversos contextos, promovendo uma
atuação além da avaliação e diagnóstico, voltada para a prestação de serviços
continuada e pautada eticamente nos pressupostos norteadores da profissão.

Para alcançar essa atuação a formação acadêmica do psicólogo deve ser alvo de
estudos e de intervenções de modo a assegurar que o profissional formado esteja em
acordo não só com as demandas do mercado, mas principalmente em acordo com as

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diretrizes dos documentos reguladores da área, tanto do psicólogo, como das
pessoas em situação de deficiência.

3. Conclusão
Chegado ao final do presente trabalho; concluímos que a questão da
deficiência não é um assunto recente, pelo contrário ele já é abordado há muito
tempo atrás, onde ainda não se tinha o conhecimento cientifico e médico das causas
e consequências e muito menos a noção de tratamentos.

O que se tinha são atribuições à causa da deficiência baseados em puro


preconceito, discriminação, misticismo e crenças que somente viriam a prejudicar o
deficiente, ao exclui- los, prende-los ou pior elimina-los como se não fossem seres
humanos tão importantes quanto a todos os demais. Infelizmente esses conceitos
perduraram por longos anos, séculos, gerações e diversas culturas, resistindo ao
tempo, contexto histórico, religiosa, e até social.

As evoluções aconteceram o homem progrediu e com eles algumas


concepções passaram a serem superadas, atualmente não se joga, ou deixa um
deficiente à beira de um rio, ou lugar sagrado, também não se elimina e nem se
deixa preso e nem, mas, se acredita que é um castigo de Deus.

O que ressaltamos é que tudo de certa forma progrediu, mas, ainda


permanece vivo mesmo que de forma mascarada o preconceito, ainda as pessoas
mesmo depois de muito tempo, de mudanças de contextos, sendo histórico ou social,
persistem em defender ideologias preconceituosas ou de menosprezar o deficiente,
como alguém sem valor social.

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Claro que atualmente vivemos em uma sociedade em que existem leis que os
protegem, como as garantes os seus direitos, antes jamais asseguradas, mas, o que
nos preocupa diante da finalidade da pesquisa é em saber que mesmo depois de
tanto conhecimento adquirido, estudos comprovados, as pessoas persistem em
defender a ideia de que o deficiente é diferente do ser humano, considerado
“normal” e com isso subestimam a suas capacidades e pior muitas vezes nem
oferecem a oportunidade de demonstrar a sua capacidade, como competência, assim
como qualquer pessoa, que também deverá aprender e assim como eles não saberá
tudo e também vai ter limitações, porque qualquer ser humano é feito de erros,
acertos e de limites e superações.

Por isso, ressalvamos que a deficiência é uma questão ainda em debate, mas,
que deve ser cada vez mais mencionada, para ir incumbindo concepções que
venham a mudar a mentalidade dessa nova sociedade que vai ocupar o lugar dessa
geração, por isso o investimento, como confiança na Educação em geral,
primordialmente na Educação Especial na Inclusão como um ponto essencial para se
começar a mudança, mas o principal é a conscientização do ser humano de que o
mundo é feito pelas diferenças e a diferença é que faz o mundo ser cada vez melhor.
É essencial a psicologia na vida da pessoa com deficiência e aprendeu que, por meio
desse acompanhamento, é possível melhorar o desenvolvimento cognitivo e a
interação social e até superar a discriminação. No entanto, devido à realidade da
vida, existem os momentos de fraqueza e de angústia, de sentir-se diferente dos
outros, e é essa a hora de consultar o psicólogo para minimizar o sofrimento e voltar
a ter autoestima e bem-estar.

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