Processo de Ozonização Como Tecnologia Pós Colheita Na Conservação de Goiabas Pedro Sato'
Processo de Ozonização Como Tecnologia Pós Colheita Na Conservação de Goiabas Pedro Sato'
Processo de Ozonização Como Tecnologia Pós Colheita Na Conservação de Goiabas Pedro Sato'
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2012
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Simões, Rodrigo de Oliveira, 1977-
S593p Processo de ozonização como tecnologia pós-colheita na
2012 conservação de goiabas 'Pedro Sato' / Rodrigo de Oliveira
Simões. – Viçosa, MG, 2012.
xvii, 145f. : il. (algumas col.) ; 29cm.
Fernando Pessoa
DEDICO
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela saúde, disposição e alegria de viver e por ter me dado
Carmo por intercederem junto a Jesus Cristo para iluminar meus caminhos.
À minha mãe Maria José, só posso agradecer-lhe pela vida que me deu, seu
carinho, bondade e zelo, que norteiam os atos meus. A sua dedicação dia após dia
Ao meu pai Ronaldo, meu irmão Rogério, a Eliana e aos meus filhos de
coração Alícia e Caio, pelo incentivo, apoio e dedicação, que possibilitaram vencer
mais uma etapa da minha vida. E a toda minha família pelo grande amor, pela
paciência dada a minha ausência constante desde o início de minha vida acadêmica e
pela confiança e estímulo que contribuíram muito para minha formação pessoal.
À Profª. Lêda Rita D‟Antonino Faroni pela excelente orientação desde o fim
ansiedades e, acima de tudo, pela amizade que tem me enriquecido como pessoa.
iii
Ao Prof. Paulo Roberto Cecon pela orientação de vida, tanto pessoal quanto
Aos Professores Luiz Carlos Chamhum Salomão, José Lino Neto, Luiz
Antônio Maffia e Francisco Xavier Ribeiro do Vale pela valiosa orientação e apoio.
Rosana, Paulo Henrique pela valiosa ajuda e é claro ao meu grande amigo Roney
estar disposto a me ajudar em qualquer situação e principalmente pelo seu apoio que
me conforta e me deixa mais forte para superar meus desafios. Valeu “Parceiro”!
Vanessa, Rita por toda a polpa de goiaba produzida e a todos os demais pela
A algumas pessoas especiais. “... pessoas não se tornam especiais pelo modo
de agir, mas sim pela profundidade que atingem nossos sentimentos...” Obrigado por
Finalmente, a todas as pessoas que não foram mencionadas, mas que foram e
ainda são importantes em minha vida e que contribuíram de alguma forma para a
iv
BIOGRAFIA
v
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 24
RESUMO …………………………………………………………………... 28
ABSTRACT ………………………………………………………………… 30
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 32
4. CONCLUSÕES ......................................................................................... 59
5. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 60
RESUMO …………………………………………………………………... 64
vi
ABSTRACT ………………………………………………………………… 65
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 66
4. CONCLUSÕES ......................................................................................... 97
5. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 98
vii
LISTA DE TABELAS
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
Segundo capítulo .......................................................... 64
FIGURA 4 – Produção de CO2 (mg de CO2 kg-1 h-1) de goiabas „Pedro Sato‟
ozonizadas nas concentrações de 0, 95, 185, 275 µg L-1 de ozônio durante 60
min, em função do período de armazenamento (23±2 ºC e 70±2% UR) ............. 76
x
FIGURA 12 – Vitamina C (mg de ácido ascórbico 100g-1 de massa fresca) da
polpa de goiabas „Pedro Sato‟ expostas às concentrações de 0, 95, 185, 275 µg
L-1 de ozônio durante 60 min, em função do período de armazenamento (23±2
ºC e 70±2% UR) ................................................................................................... 89
FIGURA 3 – Produção de CO2 (mg de CO2 kg-1 h-1) de goiabas „Pedro Sato‟
expostas ao gás ozônio em diferentes períodos de exposição, em função do
período de armazenamento refrigerado (11±2 ºC e 85±2% UR) por 15 dias
seguido de condições ambientes (23±2 ºC e 70±2% UR) por 4 dias ................... 116
xi
FIGURA 6 – Ângulo hue (ºh) (A) e valores observados e estimados do
parâmetro a* (B) da polpa de goiabas „Pedro Sato‟, em função do período de
armazenamento refrigerado (11±2 ºC e 85±2% UR) por 15 dias seguido de
condições ambientes (23±2 ºC e 70±2% UR) por 4 dias ..................................... 121
xii
RESUMO
xiii
„Pedro Sato‟ responderam ao estresse oxidativo induzido pelo ozônio em
concentrações acima de 185 µg L-1, causando anomalias visíveis, com formação de
pontuações intervenais esverdeadas e bolhas vermelho-amarronzadas no epicarpo do
fruto. Num segundo experimento, objetivou-se avaliar a conservação de goiabas
„Pedro Sato‟ submetidas ao processo de ozonização como tecnologia pós-colheita,
injetando-se o gás nas concentrações de 0, 95, 185, 275 µg L-1 e vazão de 2 L min-1
na câmara de fumigação durante 60 min. A avaliação foi feita pela análise de
qualidade fisiológica e físico-química dos frutos, durante o armazenamento em
condições ambientes. O conteúdo de vitamina C foi reduzido, já o teor de sólidos
solúveis totais e de acidez titulável total se elevou em função do aumento na
concentração do gás ozônio. Verificou-se também eficácia gradativa das
concentrações do gás ozônio, especialmente para a concentração de 185 µg L-1, que
resultou na redução de mais de 50% na incidência da doença, aqui identificada como
antracnose. Por fim, no terceiro experimento, objetivou-se avaliar a conservação de
goiabas „Pedro Sato‟ submetidas ao processo de ozonização como tecnologia pós-
colheita, injetando-se o gás na concentração de 185 µg L-1 e vazão de 2 L min-1 na
câmara de fumigação durante os períodos de exposição de 0, 40, 60 e 80 min. A
avaliação também foi feita pela análise de qualidade fisiológica e físico-química dos
frutos, durante o armazenamento em condições refrigeradas, seguida de condições
ambientes. Detectou-se um aumento no padrão respiratório, mensurado pela
produção de CO2 e no teor de sólidos solúveis totais, além de expressivo efeito
deletério no teor de ácido ascórbico, ambos em função do incremento no período de
exposição ao gás ozônio, independentemente da mudança nas condições climáticas
do ambiente de armazenamento. O gás ozônio na concentração de 185 µg L-1 durante
60 min de fumigação, resultou em menor índice de incidência e agressividade da
doença, aqui identificada como antracnose. Pode-se concluir, pelos resultados
obtidos, que o ozônio gasoso, empregado na concentração de 185 µg L-1, durante 60
min, é um eficiente agente fungicida, atuando no controle da antracnose em goiabas
„Pedro Sato‟. O processo de ozonização como tecnologia pós-colheita, de forma
geral, não afeta a qualidade dos frutos, para os parâmetros avaliados, à exceção do
conteúdo de vitamina C, que é reduzido diretamente em função do incremento, seja
na concentração ou no período de exposição ao gás ozônio. De posse das
informações já registradas, ressalta-se que novos dados devem ser coletados, que
permitirão, além de elucidar os mecanismos envolvidos na sensibilidade do fruto da
xiv
goiabeira ao gás ozônio, a expansão do processo de ozonização na pós-colheita de
produtos hortícolas.
xv
ABSTRACT
xvi
in concentrations above 185 µg L-1, causing visible anomalies, such as the formation
of intervened greenish punctuations and red-brownish bubbles in the fruit apocarps.
In a second experiment it was aimed to evaluate the conservation of „Pedro Sato‟
guavas submitted to the process of ozonization as after-harvest technology, injecting
gas in concentrations of 0, 95, 185, 275 µg L-1, and output of 2 L min-1, in fumigation
chamber for 60 min. The evaluation was made through the physiological and
physicochemical analysis of the fruit, during the storage in environmental conditions.
The content of vitamin C was reduced; however the amount of total soluble solids
and the total titrable acidity has been increased in function of the increment in the
ozone gas concentration. It was also verified, the gradual efficiency of ozone gas
concentration, especially for concentration of 185 µg L-1, which resulted in a
reduction of more than 50% in the illness incidence, herein identified as anthracnose.
And in the third experiment, it was aimed to evaluate the „Pedro Sato‟ guavas
conservation submitted to the ozonization process as after harvest technology,
injecting gas at concentrations of 185 µg L-1, and output of 2 L min-1, in the
fumigating chamber during periods of exposition of 0, 40, 60 and 80 min. The
evaluation was also made trough the fruits physiological quality analysis, during
storage in refrigerated conditions, followed by environmental conditions. It was
detected an increase in respiratory pattern, measured by the production of CO2 and
the amount of total soluble solids, besides a highlighting deleterious effect on the
amount of ascorbic acid, both happening in function of the increase of the period of
exposition to the ozone gas, independently of climatic changes in the storage
environment. The ozone gas at concentrations of 185 µg L-1 applied during 60 min
fumigation resulted in lower incidence rate and illness aggressiveness, herein
identified as anthracnose. It is possible to conclude, through obtained results, that the
ozone concentration at 185 µg L-1, during 60 min, is an efficient fungicide agent,
acting in the control of anthracnose in „Pedro Sato‟ guavas. The process of
ozonization as after harvest technology, usually does not affect fruit quality, for
parameters evaluated, except by the content of vitamin C, which is reduced directly
in function of the increase in the concentration or in periods of exposition to ozone
gas. Besides that, having those recorded information, it is highlighted that new data
may be collected, hence they might allow the elucidation the mechanisms involved in
guava fruit sensitivity to the ozone gas from the expansion of the ozonation process
in post-harvest vegetables.
xvii
1. INTRODUÇÃO GERAL
Nos últimos anos, a agricultura brasileira vem incorporando, cada vez mais,
às suas atividades, novas espécies de culturas, bem como expandindo suas áreas
crescente demanda por frutas pela população que procura, a cada dia, seguir um
por uma produção anual de aproximadamente 300 mil toneladas de frutos, colocando
cultivar „Pedro Sato‟ ocupa posição de destaque nos mercados interno e externo pela
sua importância econômica para consumo in natura, daí decorrendo grande produção
nutricional aliados à grande aceitação pelo sabor agradável, cor atraente e elevado
que as tornam apreciadas como alimento. Esses atributos, por sua vez, dependem do
justamente por ser nesta fase que as mudanças na composição ocorrem com maior
18
processos que determinam as características de qualidade, evidenciadas por
qualidade do fruto, entretanto devem ser eficazes na sua manutenção. Portanto, para
qual será aplicada qualquer tecnologia de pós-colheita deve apresentar uma ótima
EVANGELISTA, 1999).
colheita dos frutos de goiaba. Entre as doenças que causam maior prejuízo, a mais
Penz e C. acutatum Simmonds (SILVA et al., 2006; PESSOA, et al., 2009); seguida
pela pinta preta, causada por Guignardia psidii Ullasa & Rawal [anamorfo:
19
fitossanitário (LIMA FILHO et al., 2003), pois o C. gloeosporioides sobrevive de um
ano para outro no solo, na planta e em lesões velhas nos frutos e folhas (BAILEY et
pós-colheita.
importadores (McINTYRE et al., 1993; CUNHA et al., 2000; PESSOA et al., 2009).
20
Uma alternativa aos métodos tradicionais no controle de doenças pós-colheita
2002; CAYUELA et al., 2009). Ozônio (O3), a forma triatômica do oxigênio (O2), é
alimentos, seja sob a forma de gás ou dissolvido em água, em contato direto com os
enquanto que a -50 ºC, é reduzida pela metade só depois de três meses (BOCCI,
complexo que envolve a formação de radicais livres de hidroxila, com meia vida em
O‟DONNELL et al., 2012). Sua rápida autodecomposição faz com que seja indicado
como alternativa ao cloro na sanitização de alimentos, pois logo após sua utilização,
ele se decompõe rapidamente em O2, não gerando resíduos tóxicos (KIM et al.,
21
1999); além disso o O3 apresenta várias outras vantagens sobre os agentes
eficiente contra germes e vírus, e sua concentração máxima considerada segura para
entretanto não há um consenso sobre qual deles é mais decisivo. Desta forma, sabe-
membrana celular e consequente perda de conteúdo celular, sendo mais eficaz que
serem ativos (PASCUAL et al., 2007). No que diz respeito ao campo de ação, cada
sensíveis que leveduras e fungos; bactérias Gram-positivas são mais sensíveis do que
22
Gram-negativas; e esporos são mais resistentes do que células vegetativas (MOORE
(CRISOSTO et al., 1993), cenoura (LIEW e PRANGE, 1994), maçãs (ONG et al.,
1996), morangos (PÉREZ et al., 1999), brócolis (ZHUANG et al., 1996; FORNEY et
representa perigo sério ao ser humano, pois a meia-vida do ozônio dissolvido na água
goiabas „Pedro Sato‟, utilizando-se o ozônio na forma gasosa, pode vir a ter grande
23
REFERÊNCIAS
24
FORNEY, C. F.; SONG, J.; FAN, L.; HILDEBRAND, P. J.; JORDAN, M. A. Ozone
and 1-MCP alter the postharvest quality of broccoli. Journal of the American
Society for Horticultural Science, v.128, p.403-408, 2003.
GRAHAM, D. M. Use of ozone for food processing. Food Technology, v.6, n.51,
p.72-75, 1997.
MARRI, M.; GUIZZARDI, M. The postharvet phase: emerging Technologies for the
control of fungal diseases. Phytoparasitica, v.26, p.59-66, 1998.
25
MOORE, G.; GRIFFITH, C.; PETERS, A. Bactericidal properties of ozone and its
potential application as a terminal disinfectant. Journal of Food Protection, v.63,
n.8, p.1100-1106, 2000.
ONG, K. C.; CASH, J. N.; ZABIK, M. J.; SIDDI, M. Use of chlorine and ozone as
postharvest wash in the removal of pesticides from apples and processed apple sauce.
Food Chemistry, v.55, p.153-160, 1996.
PASCUAL, A.; LLORCA, I.; CANUT, A. Use of ozone in food industries for
reducing the environmental impacto f cleaning and disinfection activities. Trends in
Food Science & Technology, v.18, p.S29-S35, 2007.
PÉREZ, A. G.; SANZ, C.; RÍOS, J. J.; OLÍAS, R.; OLÍAS, J. M. Effects of ozone
treatment on postharvest strawberry quality. Journal of Agriculture and Food
Chemistry, v.47, p.1652-1656, 1999.
26
SKOG, L.; CHU, C. L. Effect of ozone on quality of fruits and vegetables in cold
storage. Canadian Journal of Plant Science, v.81, p.773-778, 2001.
27
Primeiro capítulo
Processo de ozonização pós-colheita de goiabas ‘Pedro Sato’:
concentração, tempo de saturação e período de exposição
RESUMO
28
câmara contendo os 48 frutos. Estes resultados permitiram concluir que mais de 20%
do gás injetado interagiu com os frutos, podendo ser o responsável pela redução na
incidência e na severidade da doença, aqui identificada como antracnose. O efeito
fungicida do processo de ozonização pós-colheita só não foi eficaz em concentrações
de ozônio inferiores a 185 µg L-1. A escala diagramática proposta para avaliação da
severidade de podridões, com cinco níveis para os sintomas de doenças, mostrou-se
de fácil utilização, pois auxiliou nas estimativas das podridões em goiabas „Pedro
Sato‟. Sua validação permitirá sua aplicação a uma ampla gama de situações como:
levantamentos de campo, estudos de progresso e disseminação da doença, bem como
em estudos de controle da antracnose em frutos de goiaba em pré e pós-colheita. As
goiabas „Pedro Sato‟ responderam ao estresse oxidativo induzido pelo ozônio em
concentrações acima de 185 µg L-1, que causou anomalias visíveis, com formação de
pontuações esverdeadas e bolhas vermelho-amarronzadas no epicarpo da fruta.
29
After harvest ozonization process in ‘Pedro Sato’ guavas:
concentration, saturation time and exposition period
ABSTRACT
This work aimed to determine the concentration, saturation time and periods
of exposition used in after harvest process of ozonization for conservation of „Pedro
Sato‟ guavas. Guavas were submitted to after harvest ozonization process, injecting
gas, in concentrations of 0, 65, 95, 185, 275, 370 and 460 µg L-1, and output of 2 L
min-1, in a fumigation chamber with a capacity of 60 L. It was determined the
saturation time by means of the residual ozone concentration, through the iodometric
method, after passing the gas by the fruit, until it remained constant. It was also
evaluated the effect of the ozone for controlling illnesses, as well as the sensitivity of
the fruits at different concentrations of ozone used. The experiments were made in
scheme of subdivided parcels, being the parcel of ozone concentration (0, 65, 95,
185, 275, 370 and 460 µg L-1), and in sub parcels the days of evaluation or harvest
(0, 1, 3, 5, 7 and 9 days) in delineation entirely randomized with 3 replications of 5
fruits by experimental unity. For the empty fumigation chamber, it was verified that
the ozone gas saturation time remained in the rank between 21 and 36 min, with
concentration of saturation ranging between 51 and 368 µg L-1. For the chamber
containing 48 fruits it was obtained a saturation time between 28 and 35 min, with
residual concentration varying between 34 and 290 µg L-1, both in relation to the
initial concentrations of injected ozone gas. These values reveal average reduction, of
21% and 44% in relation to the initial concentration of gas injected, respectively for
the empty chamber and containing the 48 fruits. These results permitted to conclude
that more than 20% of the gas injected interacted with the fruits and may be
responsible by the reduction in the incidence and in the illness severity, identified as
anthracnose. The fungicide effect of the after harvest ozonization process was not
efficient in concentrations of ozone inferior to 185 µg L-1. The diagrammatic scale
proposed for evaluating the severity of rottenness, with five levels for illness
symptoms, has shown to be of easy utilization, once it has helped in estimating the
rottenness in „Pedro Sato‟ guavas. Its validation will permit applying at a large range
of situations: field surveys, studies on the progress and spreading of the illness, as
30
well as studies on the control of anthracnose in guavas in after and before harvest.
„Pedro Sato‟ guavas responded to the oxidative stress induced by the ozone in
concentrations above 185 µg L-1, which has caused visible anomalies, with the
formation of greenish punctuations and red-brownish bubbles in the fruit apocarp.
31
1. INTRODUÇÃO
externa por frutos tem aumentado devido aos avanços nas tecnologias de pós-colheita
entre outros motivos (AGRIANUAL, 2012). Desta forma, existe um grande potencial
a ser explorado pelo Brasil para a exportação desta fruta. Para isso, há necessidade de
causados pela antracnose, considerada uma das mais graves doenças em frutos de
2006).
32
maçãs (PUIA et al., 2004), no aumento na vida de caquis nas prateleiras
colheita de produtos hortícolas, verifica-se uma carência de pesquisas que tratem, por
superfície superior, o que torna possível sua utilização como espécie bioindicadora
com menor intensidade ao estresse induzido pelo ozônio (MORAES et al., 2011),
pouco se sabe sobre a sensibilidade dos frutos destas espécies após sua exposição ao
ozônio gasoso.
33
2. MATERIAL E MÉTODOS
34
Os frutos foram colhidos no estádio de maturação 1 (casca verde escura)
O ozônio foi gerado pelo método de descarga corona (Figura 2), que consiste
na aplicação de uma alta tensão entre dois eletrodos separados por um material
35
O gás ozônio foi obtido de um gerador (Gerador de Ozônio O&LM)
(ITA) em São José dos Campos, SP. No processo de geração do gás, foi utilizado
como insumo oxigênio com grau de pureza de 90±3%, isento de umidade, obtido de
solução de iodeto de potássio (KI) 1 N, com produção de iodo (I2). Para garantir o
deslocamento da reação para a produção de I2, foi necessário acidificar o meio com
2,5 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) 1 N. A solução foi então titulada com tiossulfato
36
Concentração e Tempo de Saturação do Gás Ozônio na Câmara de
gás nas concentrações de 0, 65, 95, 185, 275, 370 e 460 µg L-1 e vazão de 2 L min-1
(Figura 4).
frutos de goiaba.
regulares, até que ela se mantivesse constante, seguindo método proposto por Santos
37
et al. (2007). Para relacionar a concentração residual do gás ozônio com o tempo,
( )
Eq. 1
em que
= tempo (min); e
Eq. 2
em que
„Pedro Sato‟, fez-se a injeção do gás nas concentrações de 0, 65, 95, 185, 275, 370 e
contendo 48 frutos.
38
Umidade Relativa (UR) (Figura 5), onde permaneceram até não mais atenderem aos
padrões comerciais.
ºC e 70±2% UR).
Eq. 3
39
em que
uma escala diagramática. Para elaboração da escala, foram usados frutos da goiabeira
ambientes (23±2 ºC e 70±2% UR). A face externa de cada fruto foi fotografada com
câmara digital Sony Cyber-Shot Modelo DSC-W320. Com base nas imagens
49% da área infectada = doença severa) e 5 (50 a 100% da área infectada = doença
muito severa), descrita por Corkidi et al. (2006), para frutos de manga e adaptada
e HUNTER, 1998).
frutos, fez-se a injeção do gás, nas concentrações de 0, 65, 95, 185, 275, 370 e 460
40
µg L-1 a uma vazão de 2 L min-1 durante 60 min, na câmara de fumigação contendo
As imagens foram feitas com uma câmera Nikon D700 acoplada a uma lupa
parcelas as concentrações do gás ozônio (0, 65, 95, 185, 275, 370 e 460 µg L-1), e nas
41
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
(µg L-1) em função da exposição durante o processo de saturação da câmara sem (A)
de ozônio (0, 65, 95, 185, 275, 370 e 460 µg L-1), e a Tabela 1, os modelos de
42
A
500 65 µg L
-1
-1
95 µg L
-1
185 µg L
400
275 µg L-1
-1
370 µg L
-1
Ozônio, µg L
-1
300 460 µg L
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 80
Tempo, min
B
500 65 µg L
-1
95 µg L-1
-1
185 µg L
400 -1
275 µg L
-1
370 µg L
-1
Ozônio, µg L
-1
300 460 µg L
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 80
Tempo, min
43
Tabela 1 – Modelos de regressão para a concentração residual do ozônio (µg L-1)
65 ̂ 0,9880 36 51
( )
95 ̂ 0,9922 21 72
( )
̂
Sem frutos
65 ̂ 0,9861 35 34
( )
95 ̂ 0,9875 28 48
( )
̂
Com frutos
185 0,9976 28 95
( )
44
Para a câmara de fumigação vazia (Tabela 1), o tempo de saturação do gás
entre 51 e 368 µg L-1, para os valores injetados. Destaca-se que essa variação de
L-1. Esses valores revelam redução média de 44% em relação à concentração inicial
variar de alguns segundos até horas. Em água destilada a 20 ºC, a meia vida do
ozônio dissolvido varia entre 20 e 30 min (CULLEN et al., 2009), enquanto na forma
gasosa apresenta meia vida menor que 20 min a 20 ºC (NOVAK e YUAN, 2007). A
Nesse sentido, pode-se inferir que, apesar de o ozônio gasoso ter curto tempo
de meia vida, 23% do gás injetado pode estar sendo absorvido pelo epicarpo (casca)
e/ou pelo mesocarpo (polpa) dos frutos, podendo estar diretamente ligado à redução
min. A partir deste resultado, determinou-se que o período de exposição ao gás fosse
45
empregar os períodos de exposição de 60 e 80 min, correspondendo aos incrementos
foram ozonizados nas concentrações de 185, 275 e 370 µg L-1. Não foram
(Tabela 2).
46
Tabela 2 – Incidência de doenças (%) em goiabas „Pedro Sato‟ submetidas ao processo de ozonização às concentrações de 0, 65, 95, 185,
275, 370 e 460 µg L-1 e por tempo de exposição de 60 mim, em função do período de armazenamento (0, 1, 3, 5, 7 e 9 dias) a
d.p.=desvio padrão.
47
A severidade da antracnose, avaliada com a escala diagramática (Figura 7),
atingindo até 49% de área lesionada do fruto. Para as concentrações de ozônio acima
48
Tabela 3 – Severidade de doenças (notas), em goiabas „Pedro Sato‟ submetidas ao processo de ozonização às concentrações de 0, 65, 95,
185, 275, 370 e 460 µg L-1 e por tempo de exposição de 60 mim, em função do período de armazenamento (0, 1, 3, 5, 7 e 9 dias) a
Notas: 1 (0 a 1% da área infectada = sem doença), 2 (2 a 5% da área infectada = ligeira doença), 3 (6 a 9% da área infectada = doença moderada), 4 (10 a 49% da área
infectada = doença severa) e 5 (50 a 100% da área infectada = doença muito severa); d.p.=desvio padrão.
49
Figura 8 – Incidência e severidade de doenças nas goiabas „Pedro Sato‟
50
Amostras dos frutos de goiaba „Pedro Sato‟, utilizadas na elaboração da
51
A penetração natural do patógeno C. gloeosporioides promoveu podridão nos
Não foram constatados sinais da pinta preta causada por Guignardia psiddi,
rolfsii, manchas e/ou apodrecimento causados por Alternaria sp. e mancha bacteriana
2001; AMARAL et al., 2006; MARTINS et al., 2007) encontradas nos frutos após a
colheita, ocasionadas por patógenos que infectam os frutos antes e/ou após a
52
Figura 10 – Goiabas „Pedro Sato‟ com anomalia no epicarpo, provocada pelo
Lino Neto.
frutos (Figura 10). Estas anomalias foram observadas quatro dias após a exposição ao
ozônio gasoso nas concentrações acima de 185 µg L-1 (Figura 11). Com o decorrer
53
do armazenamento e consequente avanço no processo de amadurecimento dos frutos,
dos frutos. Sintomas similares foram descritos por vários pesquisadores (FURLAN et
al.; 2007; PINA e MORAES 2007, 2011; TRESMONDI e ALVES, 2011) quando
2003).
54
Figura 11 – Anomalias (lupa: aumento 5X) induzidas pelo ozônio no epicarpo dos
55
Informações sobre distúrbios fisiológicos que podem levar a anomalias na
O ozônio absorvido pelo vegetal pode ser responsável por desencadear uma
al., 1997). As EROs são caracterizadas em um grupo químico que atua como agente
56
crescimento celular (MITTLER, 2002; FOYER e NOCTOR, 2005). No entanto,
HALLIWELL, 2006), sendo necessário seu controle para minimização destes efeitos
deletérios.
(BLOKHINA et al., 2003; APEL e HIRT, 2004, GRATÃO et al., 2005; JALEEL et
al. 2009).
ozônio ainda pode reagir com moléculas gasosas (etileno e isoprenoides, por
circunda os espaços aéreos, reagir com componentes da parede celular e com grupos
sulfidrilas e promover a formação de EROs, que por sua vez irão reagir formando
for superior à capacidade de sua remoção pelo sistema antioxidativo, o O3 e/ou seus
de EROs for muito alta e ocorrerem danos oxidativos irreparáveis ao DNA, a morte
57
sintomas foliares nesta planta, exposta a diferentes concentrações de ozônio, podem
58
4. CONCLUSÕES
processo de ozonização das goiabas „Pedro Sato‟, permitiram concluir que mais de
20% do gás injetado interagiu com os frutos e pode ser o responsável pela redução na
185, 275 e 370 µg L-1. Não foi observada incidência de doenças nos frutos de goiaba
59
5. REFERÊNCIAS
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62
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p.443-446, 2006.
63
Segundo capítulo
Eficácia do ozônio na pós-colheita de goiabas ‘Pedro Sato’
RESUMO
64
Efficiency of ozone in ‘Pedro Sato’ guavas after harvest
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the efficiency of ozone gas in the conservation
of after harvest „Pedro Sato‟ guavas. Fruits were submitted to the process of
ozonization, injecting gas in concentrations of 0, 95, 185 and 275 µg L-1, and output
of 2 L min-1, during 60 min, in fumigation chamber. Fruit conservation was
evaluated through physicochemical and physiological analysis of fruits quality,
during storage in environmental conditions. The experiments were made in scheme
of subdivided parcels, being the parcel of ozone concentration (0, 95, 185, 275 µg L-
1
), and in sub parcels the days of evaluation or harvest (0, 1, 3, 5, 7 and 9 days) in
delineation entirely randomized with 4 replications of 6 fruits by experimental unity.
The amount of vitamin C was reduced, in around 20%, while there was an increase in
the amounts of total soluble solids (32%) and the total titrable acidity (29%) were
observed in function of the increase in the concentration of ozone gas. It was also
verified gradual efficiency for concentrations of ozone used, especially for
concentrations of 185 µg L-1, which resulted in the reduction of more than 50%
incidence of illness, here identified as anthracnose.
65
1. INTRODUÇÃO
possibilitada pela melhoria da qualidade dos frutos, cada vez mais exigida por
saudáveis e pelo aumento de sua vida útil pós-colheita (CARVALHO et al., 2009;
VIEIRA, 2011).
CANALE et al., 2011; SANCHES et al., 2011) estão sendo impulsionadas em todo o
podridões pós-colheita e prolongar a vida útil dos vegetais (JACOMINO et al., 2003;
SILVEIRA et al., 2005; TERAO et al., 2008). A eficácia dessas medidas de controle
66
fungicida e fungistática, retarda a maturação, colabora na manutenção da cor de
fundo e firmeza do fruto, diminui a desidratação (PALOU et al., 2002), pode ser
sua ocorrência nas diferentes fases da cadeia produtiva, desde o campo até o
importante definir níveis de tratamento para cada espécie vegetal que sejam, a um só
67
2. MATERIAL E MÉTODOS
Viçosa, MG.
hue (ºh) médio de 118,2 ºh. Ainda no campo, os frutos foram ensacados para evitar
68
Figura 1 – Temperatura média (ºC) e total de precipitação (Guiricema ), durante
janeiro de 2012.
Aeronáutica (ITA), São José dos Campos, SP. No processo de geração do ozônio, foi
utilizado como insumo o oxigênio com grau de pureza de 90±3%, isento de umidade,
solução de iodeto de potássio (KI) 1 N, com produção de Iodo (I2). Para garantir o
69
deslocamento da reação para a produção de I2, foi necessário acidificar o meio com
2,5 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) 1 N. A solução foi então titulada com tiossulfato
ozônio, nas concentrações de 0, 95, 185 e 275 µg L-1 e vazão de 2 L min-1, durante
plásticas, onde permaneceram até não mais atenderam aos padrões comerciais,
70
Avaliação qualitativa das goiabas ‘Pedro Sato’ ozonizadas
foi avaliada pelos parâmetros taxa respiratória (produção de CO2), perda de massa
fresca, análise de cor da casca e da polpa, teste de firmeza da polpa, acidez titulável
ambientes em intervalos de dois dias, até não mais atenderem aos padrões de
fechamento dos frascos, alíquotas de 1,0 mL de sua atmosfera foram retiradas com
seringa e injetadas em cromatógrafo a gás GOW MAC, Série 550, com detector de
Q. As condições de trabalho foram: fluxo de 40 mL min-1 de gás hélio, que foi o gás
quantificação de CO2 foi feita por meio de comparação dos picos produzidos pela
composta de 5,96% mol de CO2 por mol de mistura CO2 + N2. Os resultados foram
eq.1
71
A cor da casca foi medida em dois pontos equidistantes da região equatorial
expressa o grau de variação entre o vermelho e o verde (a* mais negativo = mais
variação entre o azul e o amarelo (b* mais negativo = mais azul; b* mais positivo =
mais amarelo).
vermelha, 90º a amarela, 180º a verde e 270º a cor azul. A conversão dos parâmetros
eq.2
( )
Para tanto, os frutos foram cortados transversalmente para efetuar uma leitura no
centro da polpa de cada fruto. Para a análise dos dados de cor da casca e cor da
e ºh para a polpa.
profundidade de 10 mm na polpa dos frutos. Essa medida foi feita com penetrômetro
de bancada digital, da marca SHIMPO, modelo DFS 100, tomando-se duas leituras
72
por fruto em lados opostos de sua região de menor diâmetro, a equatorial, obtendo-se
penetração. Antes de efetuar a medida, foi retirada a casca no local da leitura, com o
Nesses frutos, além das análises fisiológicas e físicas, foram feitas avaliações
físico-químicas. Para isso, os frutos, depois de terem sido cortados ao meio, foram
separados da casca e das sementes e a polpa restante foi triturada com o auxílio de
100 mL, com água destilada e adicionadas a este extrato, três gotas de indicador
polpa).
refratômetro portátil Atago, modelo N1, com leitura na faixa de 0 a 32 ºBrix (AOAC,
73
A vitamina C foi determinada pelo método de Tillman, que se baseia na
propriedade redutora dessa vitamina, medida pela titulação com um agente oxidante,
sua forma oxidada, para rosa claro, que deve ser persistente por 15 s (AOAC, nº
74
Os valores de incidência foram obtidos por meio da equação 3:
Eq. 3
em que
parcelas as concentrações do gás ozônio (0, 95, 185, 275 µg L-1) e nas subparcelas os
analisados através dos gráficos de contorno dos modelos obtidos por meio da análise
SAEG – Sistemas para Análises Estatísticas, software SAEG 9.0 (SAEG, 2007). Para
75
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
(Figura 4).
210
Produção de CO2, mg CO2 kg-1 h-1
180
150
120
90
[O3] = 0 µg L-1 60'
60 [O3] = 95 µg L-1 60'
[O3] = 185 µg L-1 60'
30
[O3] = 275 µg L-1 60'
0
0 1 3 5 7 9
Armazenamento, dias
Figura 4 – Produção de CO2 (mg de CO2 kg-1 h-1) de goiabas „Pedro Sato‟
70±2% UR).
partir de 28,6 mg CO2 kg-1 h-1 depois de colhidos, atingindo, no 9º dia, em média
175,8 mg CO2 kg-1 h-1 para os frutos submetidos ao processo de ozonização. Não foi
76
concordante com o observado por Mattiuz et al. (2000) que trabalhram com goiabas
„Paluma‟. Contudo, o padrão respiratório dos frutos que não foram expostos ao gás
apresentaram aumento brusco do terceiro (88,1 mg de CO2 kg-1 h-1) para o quinto
observado para os frutos expostos ao gás ozônio a 95 µg L-1 durante 60 min, com
aumento na produção de CO2, do terceiro (75,6 mg de CO2 kg-1 h-1) para o quinto
(140,9 mg de CO2 kg-1 h-1) dia. No entanto, esta elevação no padrão respiratório dos
frutos não tratados e expostos ao gás ozônio a 95 µg L-1 durante 60 min não foi
climatérico.
em função de seu crescimento ativo (GILLASPY et al., 1993). Azzolini et al. (2005)
77
diferentes estádios de maturação fisiológica. No entanto, Cavalini et al. (2006)
A perda de massa fresca das goiabas „Pedro Sato‟ aumentou com o período de
independentemente da exposição ou não dos frutos ao gás ozônio (Figura 5). A perda
de massa fresca dos frutos depois de nove dias de armazenamento foi, em média, de
com até 10% de perda de massa fresca. A redução imediata da massa fresca do fruto
1990).
78
̂
10
0
0 1 3 5 7 9
Armazenamento, dias
ºC e 70±2% UR).
amarelo, correspondendo ao ângulo hue de 105,0 ºh, atingindo valor médio de 93,7
79
frutos. Entretanto, este aumento não foi influenciado (p>0,05) pelo processo de
̂ ̂
120 50
Ângulo de cor, °h
45
Cor da casca, b*
110
40
100
35
90 30
0 1 3 5 7 9 0 1 3 5 7 9
Armazenamento, dias Armazenamento, dias
(A) (B)
(2000) verificaram evolução na cor da casca de frutos cítricos de verde para laranja
observadas, quando Liew e Prange (1994) avaliaram o efeito do ozônio sobre sua
80
cor e possíveis escurecimentos nessa região, o que deprecia a qualidade e
O ângulo hue da polpa não foi afetado (p>0,05) pelas concentrações e período
ambientes (23±2 ºC e 70±2% UR) (Figura 7A). Uma pequena alteração na coloração
07B).
̂ ̂
40 35
Ângulo de cor, °h
Cor da polpa, a
35 30
30 25
25 20
0 1 3 5 7 9 0 1 3 5 7 9
Armazenamento, dias Armazenamento, dias
(A) (B)
dia de armazenamento. Este escurecimento pode ter sido provocado por reações
oxidativas que ocorrem após o corte transversal do fruto, devido ao rompimento das
81
células, com consequente extravasamento de líquido celular e exposição ao oxigênio
82
Depois da alteração da cor, o amaciamento dos frutos é a mudança mais
confirmado por Bashir e Abu-Goukh (2003), Gouveia et al. (2003) e Azzolini et al.
(2004). Segundo Tucker (1993), a firmeza da polpa dos frutos de goiaba „Pedro Sato‟
também pode ser influenciada por diferenças no grau de maturação dos frutos, ou
250
200
-1
20 N
Ozônio, µg L
40 N
150 60 N
80 N
100 N
120 N
100
50
0
0 2 4 6 8
Armazenamento, dias
83
O processo de amolecimento é parte integrante do amadurecimento dos
2007) e tem grande importância comercial, porque podem limitar a vida pós-colheita
Apesar de não ter sido possível estabelecer uma relação entre a textura e as
variáveis avaliadas, alguns autores (NADAS et al., 2000; SKOG e CHU, 2001) vêm
constando que a firmeza dos produtos hortícolas não é afetada pelo tratamento pós-
colheita com o ozônio. Trabalhando com morangos, Nadas et al. (2003) constataram
ozônio manteve a firmeza de frutos de caqui acima dos limites comerciais, mesmo
após a colheita, até no máximo 11,6 ºBrix para as goiabas „Pedro Sato‟ expostas ou
não ao gás ozônio ao final dos nove dias de armazenamento (Figura 10).
„Paluma‟. Entretanto, Bueno et al. (2002) relatam que o teor de SST para a variedade
em estudo pode alcançar até 13,0 ºBrix em frutos maduros. A precipitação pluvial
84
das causas que explicaria os valores de SST inferiores aos encontrados na literatura,
250
200
-1
4,5 ºBrix
Ozônio, µg L
5,0 ºBrix
150 5,5 ºBrix
6,0 ºBrix
6,5 ºBrix
7,0 ºBrix
100 7,5 ºBrix
8,0 ºBrix
8,5 ºBrix
50
0
1 3 5 7 9
Armazenamento, dias
UR).
Observa-se que os teores de SST (Figura 10) da polpa dos frutos expostos ao
gás ozônio aumentaram conforme se reduziu a consistência dos frutos (Figura 09),
85
as mudanças composicionais de frutos de goiaba durante o processo de maturação. Já
Salvador et al. (2006) ressaltaram que não houve nenhum efeito do gás ozônio no
teor de SST de frutos de caqui. Shalluf et al. (2007) e Minas et al. (2012), no entato,
amadurecimento.
A acidez titulável total (ATT) da polpa dos frutos de goiaba „Pedro Sato‟
por meio das enzimas PME e PG (BARRET e GONZALEZ, 1994; SHARAF e EL-
SAADANY, 1996). Talvez esta seja a melhor explicação para este comportamento,
tendo em vista que várias pesquisas vêm demonstrando que a ATT dos produtos
86
̂
250
200
-1
Ozônio, µg L
0,6 %
150 0,7 %
0,8 %
0,9 %
1,0 %
100 1,1 %
50
0
1 3 5 7 9
Armazenamento, dias
70±2% UR).
deletério significativo (p<0,05) sobre o teor de ácido ascórbico das goiabas „Pedro
Sato‟. O conteúdo de vitamina C nos frutos que não foram expostos ao gás ozônio foi
de 21,2 mg de ácido ascórbico por 100 g de massa fresca. Este valor é quase três
vezes o encontrado para os frutos submetidos ao gás ozônio que, em média, é de 8,1
87
mg de ácido ascórbico por 100 g de massa fresca. Comportamento semelhante foi
verificado por Keutgen e Pawelzik (2008). Estes autores, estudando o efeito de uma
verdes e maduros, verificaram que o teor de ácido ascórbico dos frutos não foi
hortícolas.
JACOMINO et al., 2001; AZZOLINI et al., 2004; PEREIRA et al., 2006; MONDAL
maneira geral, o teor de ácido ascórbico aumenta no fruto durante os estádios iniciais
88
(ESTEVES et al., 1984; DHILLON et al., 1987; VAZQUEZ-OCHOA e COLINAS-
LEON, 1990).
250
200
-1
Ozônio, µg L
5 mg
150 10 mg
15 mg
20 mg
25 mg
100 30 mg
35 mg
50
0
0 2 4 6 8
Armazenamento, dias
89
Avaliando-se o progresso das doenças nas goiabas „Pedro Sato‟ no decorrer
13), de um modo geral, o número de lesões nos frutos foi menor a partir do segundo
goiaba.
28,0 a 78,4% nos frutos expostos ou não ao gás ozônio. O maior índice de doenças
foi de 78,4% para os frutos não tratados, de 61,0% para a concentração de ozônio de
hormônios vegetais responsáveis pela mediação nas respostas de defesa dos vegetais
90
̂
250
200
0%
-1
Ozônio, µg L
10%
150 20%
30%
40%
50%
60%
100 70%
50
0
1 3 5 7 9
Armazenamento, dias
exposição, tem sido utilizado na etapa pós-colheita para prevenir e/ou controlar a
pesquisadores (PALOU et al., 2002; PARISH et al., 2003; MINAS et al., 2010)
91
observaram reduções no desenvolvimento de fungos e incremento na vida de
nove dias de armazenamento, foi de 5,3, que corresponde aos frutos não tratados,
enquanto para os frutos tratados com as concentrações do gás ozônio, o valor foi de
4,8 para 95 µg L-1, de 4,6 para 185 µg L-1 e de 4,5 para 275 µg L-1.
1995).
agressividade das doenças em relação às lesões das goiabas „Pedro Sato‟ não tratadas
(Figura 14). Estes resultados corroboram aqueles encontrados por Tzortzakis et al.
92
foram expostos ao gás ozônio, e que os impactos desta redução foram dependentes
250
200
-1
Ozônio, µg L
Nota 1
150 Nota 2
Nota 3
Nota 4
Nota 5
100
50
0
1 3 5 7 9
Armazenamento, dias
93
O modo de ação do ozônio sobre os esporos dos fungos fitopatogênicos ainda
não é bem entendido. A morfologia dos esporos desses fungos, associada ao teor de
uma doença e/ou podridão ao gás ozônio (HIBBEN e STOTZKY, 1969). Esporos
presentes em uma atmosfera mais seca são considerados mais resistentes ao ozônio,
quando comparados aos esporos presentes num ambiente úmido (HEAGLE, 1973).
exposição ao gás ozônio (TZORTZAKIS et al., 2008). Palou et al. (2001; 2003)
94
gloeosporioides Penz., agente causal da antracnose, nos frutos infectados no campo.
95
cultura da goiabeira, evidenciando a necessidade de serem desenvolvidos novos e
96
4. CONCLUSÕES
químicos das goiabas „Pedro Sato‟, exceto o conteúdo de vitamina C, expresso pelo
97
5. REFERÊNCIAS
BARNETT, H.L.; HUNTER, B.B. Illustrated Genera of Imperfect Fungi. 4th ed.
Saint Paul: American Phytopathological Society, 1998. 218p.
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WOODS, J. L. Moisture loss from fruits and vegetables. Postharvest News and
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105
Terceiro capítulo
Eficácia do ozônio na conservação de goiabas ‘Pedro Sato’
armazenadas sob refrigeração seguida de condições ambientes
RESUMO
brasileiras no mercado exterior, este trabalho teve por objetivo avaliar a eficácia do
exposição ao gás ozônio na concentração de 185 µg L-1 (0, 40, 60 e 80 min) e nas
respiração dos frutos, medida pela produção de CO2, elevou-se em cerca de 10% em
relação aos frutos não ozonizados. Os teores de sólidos solúveis totais e de vitamina
106
C foram reduzidos, em cerca de 3% e 50%, respectivamente, em função do
antracnose.
107
Efficiency of ozone in conservation of ‘Pedro Sato’ guavas stored
under refrigeration and environmental conditions
ABSTRACT
108
1. INTRODUÇÃO
também pela sua excelente aceitação, seja como produto in natura ou como produto
„Pedro Sato‟ a preferida no mercado nacional (AZZOLINI et al., 2005). Nos últimos
interesse dos países europeus por frutas tropicais (PEREIRA e NACHTIGAL, 2002).
da fruta na fase pós-colheita são alguns dos fatores responsáveis por esse problema.
1992).
109
A goiaba apresenta atividade metabólica intensa, principalmente quando
emprego de métodos que possibilitem retardar este processo é benéfico para ampliar
químicas (RICE et al., 1982; PALOU et al., 2001). Puia et al. (2004) constataram
90 min.
pouca durabilidade desta fruta após a colheita, o presente trabalho teve como
comercialização.
110
2. MATERIAL E MÉTODOS
Viçosa, MG.
hue (ºh) médio de 117,2 ºh. Ainda no campo, os frutos foram ensacados para evitar
111
Figura 1 – Temperatura média (ºC) e total de precipitação (Guiricema ), durante
geração do ozônio, foi utilizado como insumo o oxigênio com grau de pureza de
Concentrator.
112
solução de iodeto de potássio (KI) 1 N, com produção de Iodo (I2). Para garantir o
deslocamento da reação para a produção de I2, foi necessário acidificar o meio com
2,5 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) 1 N. A solução foi então titulada com tiossulfato
exposição do produto para fins de comercialização, onde permaneceram até não mais
113
Figura 2 – Fluxograma de execução do experimento.
massa fresca, a cor da casca e da polpa, a firmeza da polpa, a acidez titulável total, os
ambientes, até não mais atenderem aos padrões de comercialização. Frutos recém-
114
armazenamento, nesse caso, foi considerado o dia zero. As metodologias de análise
frutos por unidade experimental. Os dados foram analisados através dos gráficos de
ajustados por meio de regressão foram escolhidos com base na significância dos
Estatísticas, software SAEG 9.0 (SAEG, 2007). Para a plotagem dos gráficos,
115
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A taxa respiratória das goiabas „Pedro Sato‟ medida pela produção de CO2
0'
200 [O3] = 185 µg L-1
40'
-1
[O3] = 185 µg L 60'
160 [O3] = 185 µg L-1 80'
120
80
40
0
0 1 5 10 15 17 19
Armazenamento, dias
Figura 3 – Produção de CO2 (mg de CO2 kg-1 h-1) de goiabas „Pedro Sato‟
116
temperatura de armazenamento sobre a fisiologia e o controle de doenças pós-
pouco conclusivos.
celulares causados pela produção do etileno (ROMANI, 1984). Observa-se ainda que
(2005) quando verificaram aumento na taxa respiratória dos frutos com o incremento
na temperatura de armazenamento.
4). A perda de massa fresca dos frutos foi de 10,9%, valor um pouco acima daquele
CHITARRA, 2005).
117
̂
14
12
0
0 1 5 10 15 17 19
Armazenamento, dias
(FORNEY et al., 2003), caqui (ARNAL et al., 2005; SALVADOR et al., 2006), uva
118
A perda de massa fresca dos frutos é uma variável importante na avaliação de
̂ ̂
60
120
Cor da casca, parâmetro b*
Ângulo de cor, °h
110 50
100
40
90
30
80 0 1 5 10 15 17 19
0 1 5 10 15 17 19
Armazenamento, dias
Armazenamento, dias
(A) (B)
119
Uma redução mais expressiva, Figura 5A, da cor verde da casca, foi
evolução do processo de amadurecimento dos frutos, o que pode ser verificado pela
mudança na cor dos frutos, em média, de verde (115,4 ºh) no início, para amarela
(92,07 ºh) ao final dos 19 dias de armazenamento (Figura 5A). A perda do pigmento
parâmetro b*, se deu a partir do 10º dia de armazenamento, em que o valor registrado
foi de 38,0 com aumento expressivo a partir do 15º dia, quando foi alterada a
120
tempo (CERQUEIRA et al., 2011), sendo um dos principais critérios de julgamento
períodos, não alterou a coloração da polpa, medida pelo ângulo hue (ºh), com o
̂ ̂
45 28
26
Ângulo de cor, °h
Cor da polpa, a*
40
24
22
35
20
30 18
0 1 5 10 15 17 19 0 1 5 10 15 17 19
Armazenamento, dias Armazenamento, dias
(A) (B)
121
A mudança na cor da polpa de rosa para vermelho, comportamento esperado
não foi claramente observado, pois o valor do ângulo hue observado (Figura 6A) foi,
(BRAZ et al., 2008). A firmeza dos frutos foi reduzida com o período de
armazenamento, nos frutos tratados em relação aos não tratados. De acordo com
estes autores, esta retenção na firmeza dos frutos, provavelmente, se deve ao fato de
amadurecimento de fruto.
dia (58,3 N) e no 19º dia (21,6 N) (Figura 7), a perda da firmeza da polpa das goiabas
122
diretamente na qualidade dos frutos com consequente redução no período de
conservação do produto.
120
Firmeza da polpa, N
80
40
0
0 1 5 10 15 17 19
Armazenamento, dias
tipo de desordem pode ser devido ao efeito direto da perda de umidade do produto
123
armazenamento pode ter desencadeado uma série de reações enzimáticas que são em
grande parte, responsáveis pela redução da textura dos frutos, observado pela perda
O teor de sólidos solúveis totais (SST) dos frutos, expostos ao gás ozônio na
80
Período de exposição à [O3]= 185 µg L , min
70
-1
60
50
8,0 ºBrix
8,5 ºBrix
40 9,0 ºBrix
9,5 ºBrix
10,0 ºBrix
30
20
10
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19
Armazenamento, dias
124
Os valores crescentes no teor de SST (Figura 8), com o período de
este aumento, que se justifica pela liberação de hexoses (AWAD, 1993), superando o
consumo de açúcares, e que, associado à elevada perda de massa fresca, possa ter
CHITARRA, 2005).
(MOWLAH e ITOO, 1982). Portanto, fatores que interferem na síntese deste açúcar
podem atuar diretamente no teor de SST. O amido poderia ser outra fonte de variação
Os valores da acidez titulável total (ATT) da polpa das goiabas „Pedro Sato‟
concentração de 185 µg L-1 (Figura 9). Este resultado corrobora os encontrados por
da fruta pelo sabor, sendo que para este cultivar, variações no teor de ATT entre 0,2 a
0,9 (%) g de ácido cítrico por 100 gramas de polpa fresca são responsáveis por
125
conferir sabor moderado e boa aceitação para o consumo da fruta in natura
̂
Acidez titulável total, % ácido cítrico
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0 1 5 10 15 17 19
Armazenamento, dias
24,5 mg de ácido ascórbico 100 g-1 de massa fresca para, em média, 11,8 mg de
126
ácido ascórbico 100 g-1 de massa fresca quando expostos à concentração de 185 µg
80
Período de exposição à [O3]= 185 µg L , min
70
-1
60
50
15 mg
40 20 mg
25 mg
30 mg
30 35 mg
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Armazenamento, dias
Figura 10 – Vitamina C (mg de ácido ascórbico 100 g-1 de massa fresca) da polpa
observado nos frutos não expostos ao gás ozônio foi 41%, 55%, 57% superior ao
127
Em geral, o conteúdo de vitamina C, medido pelo teor de ácido ascórbico,
açúcares, através de sua oxidação via ciclo de Krebs (TUCKER, 1993; MERCADO-
que envolve uma série de reações químicas (CULLEN et al., 2009). Estas reações
podem ser diretas ou indiretas com o ozônio ou seus intermediários interagindo com
CULLEN et al., 2009; OLIVEIRA e WOSCH, 2012). Desta forma, a oxidação direta
destes compostos orgânicos pelo ozônio é uma reação seletiva que muitas vezes
apresenta constantes cinéticas relativamente lentas, com valores típicos entre 10-1 e
completa dos compostos orgânicos até CO2 e H2O, sendo aldeídos, cetonas, alcoóis e
128
ácidos carboxílicos os principais produtos deste tipo de reação (OLIVEIRA e
WOSCH, 2012).
espécies altamente reativas como •OH, HO2•, •O2- e •O3-, o que acelera este
(1992). Entretanto, a redução na síntese do ácido ascórbico não foi observada quando
alguns produtos hortícolas foram expostos ao ozônio, como, por exemplo, aipo
(RANIERI et al., 1996), morangos (PEREZ et al., 1999) e kiwi (MINAS et al.,
2012). Desta forma, estudos são necessários para elucidar os mecanismos envolvidos
129
nas reações entre o ozônio e os compostos orgânicos encontrados nos produtos
exposição ao gás O3, à concentração de 185 µg L-1 (Figura 12). Os menores índices
(27,0 e 27,9%) foram observados para os frutos expostos ao ozônio por 60 e 80 min,
germinativo.
do 15º dia, à exceção para os frutos não expostos ao gás ozônio, que já apresentavam
130
̂
80
Período de exposição à [O3] = 185 µg L , min
70
-1
60
50
0%
10%
40 20%
30%
40%
50%
30
20
10
0
10 12 14 16 18
Armazenamento, dias
com os frutos não ozonizados (3,5), no final do 19º dia de armazenamento, pode-se
inferir que o ozônio foi responsável pela redução em 57% na severidade das doenças.
131
̂
80
Período de exposição à [O3] = 185 µg L , min
70
-1
60
50
Nota 1
40 Nota 2
Nota 3
Nota 4
30
20
10
0
10 12 14 16 18
Armazenamento, dias
comprovada por Gabler et al. (2010) com reduções de até 50% na severidade da
doença em uvas.
LESHER, 1963). Estes danos permitem que o ozônio, ao penetrar na célula, cause a
quebra do DNA (ISHIZAKI et al., 1987), o que resulta em inativação viral (KIM et
al., 1980; ROY et al., 1981) e danos em esporos bacterianos (KHADRE e YOUSEF,
2001).
radical hidroxila (OH•), a espécie oxidante considerada mais forte, é o que leva
Hunt e Marinas (1997), estes radicais (EROS) foram adicionados aos meios de
tratamento, e esta adição não surtiu efeito significativo sobre a redução na população
de Escherichia coli. Este resultado sugere que o ozônio molecular seja o responsável
133
A análise das goiabas „Pedro Sato‟, encaminhadas à Clínica de Doenças de
categoria das doenças quiescentes, entre outros dos gêneros Aspergillus, Fusarium,
foram identificados.
(Figura 14), nas goiabas „Pedro Sato‟, sendo esta uma das doenças mais graves em
pós-colheita de produtos hortícolas e que pode vir a ser, juntamente com o resíduo de
134
Figura 14 – Sintomas da doença antracnose em goiabas „Pedro Sato‟ expostas ao
135
4. CONCLUSÕES
doenças, quando comparados aos frutos não ozonizados. O ozônio gasoso poderá ser
antracnose.
136
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144
CONCLUSÕES GERAIS
de 20% do ozônio injetado nas concentrações de 65, 95, 185, 275, 370, 460 µg L-1
tenha interagido com as goiabas „Pedro Sato‟ e pode ser os responsável pela redução
bolhas vermelho-amarronzadas.
severidade da doença.
conteúdo de vitamina C, medida pelo teor de ácido ascórbico, que reduziu com o
145