SIC1974362 - 67-69 PT
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Este artigo constitui, entre muitos outros que poderiam ser apresentados, uma
hipótese interpretativa sobre as dificuldades histórico-culturais que nos permitem
entender certos distúrbios da vida familiar em nosso país. É de conhecimento geral que
na Venezuela existe um problema real em relação à estruturação da vida familiar, com a
concomitante ausência de regulamentação da função social do sexo e o consequente
distúrbio nas diretrizes de criação e educação dos filhos. Esse problema está presente,
de uma forma ou de outra, em todos os níveis socioeconômicos da população, com
manifestações diferentes dependendo da camada social em questão.
As várias repercussões de um profundo transtorno histórico e cultural na integração
de alguns povos latino-americanos explodiram diante de nossos olhos, como um fenômeno
teratológico de natureza cultural, devido à urbanização marginal que vem ocorrendo na
periferia de nossas principais cidades nos últimos 25 anos.
É nas camadas mais carentes economicamente que a privação social, expressa na
falta de estrutura na vida familiar, é mais grave. Afirmamos que, em geral, a família
venezuelana é historicamente caracterizada por sua atipicidade, falta de congruência,
ambiguidade, inconsistência e instabilidade. Em grandes setores, predomina uma
estrutura familiar puramente impulsiva, com regressão egocêntrica das atitudes sexuais,
que despersonaliza e empobrece tragicamente a relação entre homens e mulheres. Há
uma verdadeira guerra dos sexos, vivenciada como rivalidade e suspeita mútua, seja de
forma aberta ou encoberta. Tudo isso, como se pode perceber, deve inevitavelmente
resultar em um vácuo cultural ou na falta de estrutura das diretrizes e instituições
essenciais para o exercício da paternidade.