Encceja-Português-Figuras de Linguagem I-2023
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Figuras de linguagem I
Teoria
Conotação é o nome dado ao recurso expressivo da linguagem que possibilita uma palavra assumir
sentido figurado, apresentando diferentes significados sujeitos a diferentes interpretações
dependentes dos contextos nos quais se insere. Nesse sentido, temos referências e associações
que vão além do significado original e comum da palavra, ampliando, assim, a sua significação
mediante circunstância de uso. É utilizada principalmente numa linguagem poética e na literatura,
mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios publicitários, entre
outros.
Denotação é o nome dado ao uso comum, próprio e/ou literal da palavra. Quando nos referimos ao
significado mais objetivo e simples do termo, ao qual ele é imediatamente reconhecido e associado.
É o sentido dicionarístico da palavra. É utilizada para expressar mensagens de forma clara e objetiva,
assumindo caráter prático e utilitário. Aparece em textos informativos, como jornais, regulamentos,
manuais de instrução, bulas de medicamentos, textos científicos, entre outros.
Português
Figuras de linguagem ou figuras de estilo são recursos expressivos de que se vale um autor para
dar maior expressividade à comunicação. Elas podem ser classificadas em: figuras de palavra;
figuras de construção; figuras de pensamento; e figuras sonoras. O estudo desse conteúdo faz parte
da estilística – ramo da linguística que estuda a língua em sua função expressiva, analisando os
processos sintáticos, semânticos e fônicos.
Metáfora
Essa figura de linguagem consiste na alteração do significado próprio de uma palavra, advindo de
uma comparação mental ou característica comum entre dois seres ou fatos. Pode-se dizer que essa
comparação é feita de modo implícito, visto que não elemento que relacione diretamente os dois
elementos. A metáfora é uma das figuras mais utilizadas na linguagem artística, principalmente em
poemas e músicas, desde sua forma mais simples até a mais complexa. Vejamos os exemplos
abaixo:
Atenção!
Não confunda a metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos por
nexos comparativos, por exemplo: tal, qual, como, assim como, entre outros. Veja:
1. Joana é delicada como uma flor. (comparação)
2. Joana é um monstro. (metáfora)
Catacrese
Trata-se de uma metáfora que foi cristalizada pelo uso contínuo. A catacrese ocorre quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro “emprestado”.
Exemplo: Pé de Mesa: Por falta de um termo específico para designar o objeto que sustenta o tampo
da mesa, tomamos por empréstimo a palavra pé.
Outros exemplos:
Dente de alho; asa da xícara; embarcar no avião (embarcar deveria ser um verbo utilizado para se
referir ao barco). Observe que na catacrese, assim como na metáfora, há sempre uma relação de
semelhança.
Exemplos:
• Hoje, ao abrir a janela, o sol sorriu para mim.
• A natureza grita por socorro.
• “Os sinos chamam para o amor”. (Mário Quintana)
Sinestesia
Consiste na associação de sentidos e sensações que são percebidos por órgãos sensoriais
diferentes.
Outros exemplos:
• “As falas sentidas, que os olhos falavam/ Não quero, não posso, não devo contar.”
(Casimiro de Abreu.)
• “Esta chuvinha de água-viva esperneando luz e ainda com gosto de mato longe, meio baunilha,
meio manacá, meio alfazema.”
(Mário de Andrade.)
Português
Exercícios
1.
Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem
para
(A) condenar a prática de exercícios físicos.
(B) valorizar aspectos da vida moderna.
(C) desestimular o uso das bicicletas.
(D) caracterizar o diálogo entre gerações.
(E) criticar a falta de perspectiva do pai.
2. Cena Antiga.
Amanhece o dia entre neblinas, quando o Bem e o Mal se encontram para mais um duelo.
Escolhem as armas nos estojos, aproximam-se para o encontro ritual, encaram-se. Os
padrinhos que aguardam ao outro lado do campo, escuros como as gralhas que saltitam entre
restolhos, são instalados a partir. Que não haja testemunhas.
Afastados estes, Bem e Mal guardam as armas, se envolvem em suas capas e caminham até
a taverna mais próxima. Ali, frente a canecos cheios, discutirão estratégias e trocarão
conselhos durante dias ou séculos, até o próximo duelo.
No conto de Marina Colasanti, Bem e Mal são ideias personificadas. Essa personificação é
identificada pela narração de:
(A) Ações.
(B) Crenças.
(C) Desejos.
(D) Sentimentos.
Português
3. Do velho ao jovem
Na face do velho
as rugas são letras,
Na face do jovem
o frescor da pele
e o brilho dos olhos
são dúvidas.
Em “as rugas são letras” (l.2), foi empregada como recurso estilístico a figura de linguagem
(A) antítese.
(B) hipérbole.
(C) metáfora.
(D) metonímia.
(E) catacrese.
Português
4.
A metáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza por conter uma comparação
implícita. O cartum de Sizenando constrói uma metáfora, que pode ser observada na
comparação entre:
(A) o sentimento de desilusão e a floresta.
(B) a propaganda dos bancos e os artistas.
(C) a ironia do cartunista e a fala do personagem.
(D) o artista desiludido e o personagem cabisbaixo.
(E) a questão da desilusão e a fala do personagem.
Português
5. Metáfora
Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível
7. Capítulo LIII.
Virgília é que já se não lembrava da meia dobra; toda ela estava concentrada em mim, nos
meus olhos, na minha vida, no meu pensamento; – era o que dizia, e era verdade.
Há umas plantas que nascem e crescem depressa; outras são tardias e pecas. O nosso amor
era daquelas; brotou com tal ímpeto e tanta seiva, que, dentro em pouco, era a mais vasta,
folhuda e exuberante criatura dos bosques. Não lhes poderei dizer, ao certo, os dias que durou
esse crescimento. Lembra-me, sim, que, em certa noite, abotoou-se a flor, ou o beijo, se assim
lhe quiserem chamar, um beijo que ela me deu, trêmula, – coitadinha, – trêmula de medo,
porque era ao portão da chácara. Uniu-nos esse beijo único, – breve como a ocasião, ardente
como o amor, 1prólogo de uma vida de delícias, de terrores, de remorsos, de 2prazeres que
rematavam em dor, de aflições que desabrochavam em alegria, – uma 3hipocrisia paciente e
sistemática, único freio de uma 4paixão sem freio, – vida de agitações, de cóleras, de
desesperos e de ciúmes, que uma hora pagava à farta e de sobra; mas outra hora vinha e
engolia aquela, como tudo mais, para deixar à tona as agitações e o resto, e o resto do resto,
que é o fastio e a saciedade: tal foi o 5livro daquele prólogo.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.)
10. Os Poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
como de um alçapão.
O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura é
denominada de:
(A) Elipse.
(B) Metáfora.
(C) Metonímia.
(D) Personificação.
(E) Hipérbole.
Português
Gabaritos
1. E
Para a personagem, a bicicleta que nunca sai do lugar estabelece um ponto de intersecção com
o comportamento do pai. O sentido da metáfora reside aí, pois o menino estabeleceu uma
analogia entre bicicleta e pai, que se esforça, mas parece não conseguir alcançar seus
objetivos.
2. A
“Bem” e “Ma”l são conceitos abstratos, mas no conto de Marina Colasanti eles se apresentam
concretizados, porque personificados, como se comprova pelas ações que executam: eles “se
encontram”, “escolhem as armas”, “aproximam-se para o encontro”, “encaram-se”, “guardam as
armas”, “se envolvem em suas capas” e “caminham”.
3. C
No texto de Conceição Evaristo, o verso “as rugas são letras” contém uma comparação
implícita entre os elementos “rugas” e “letras”. Configura-se, portanto, um caso de metáfora,
visto que relaciona os dois elementos sem nenhum conectivo de valor conclusivo.
4. A
A imagem concretiza o conceito de metáfora, à proporção que o cartum constrói uma
comparação entre a floresta – que é um conjunto de árvores – e o sentimento de desilusão,
expresso pela fala do personagem. Ele alude, de fato, a todos os artistas que o decepcionaram,
vendendo sua arte para o mercado e para a propaganda de bancos.
5. E
Observe que a letra (E) é a única alternativa em que a palavra “lata” não está no seu sentido
literal. O fato de o poeta não “determinar o conteúdo de sua lata” é justamente uma metáfora
para as palavras que poderão ser usadas em um poema e trabalhadas de maneira imprevisível.
Você pode ficar na dúvida com as letras C e D, mas observe que na letra (C) temos uma
linguagem denotativa, pois alvo e meta podem ser considerados sinônimos e na letra (D) temos
a expressão coloquial “não se meta”, como sinônimo de “não se atreva”. Portanto, em ambos
os casos, temos uma linguagem denotativa. A metáfora está justamente na letra E.
6. D
As figuras de linguagem mencionadas em [A], [B], [C] e [E] atribuem recursos que não foram
usados para conferir efeito de humor à tirinha, já que não existe substituição de palavra com
sentido triste ou grosseiro por outra de sentido mais suave, redundância de termo, exagero de
significação linguística ou associação de sensações de caráter distinto. O que colabora com o
efeito de humor da tirinha é a imagem de um visor de caixa automático que ultrapassa a sua
função rotineira de comando de operações para “falar” com o usuário de forma jocosa, o que
configura uma personificação.
Português
7. C
A sucessão de metáforas (“plantas que nascem e crescem depressa”, ”abotoou-se a flor, ou o
beijo, se assim lhe quiserem”), assim como as comparações implícitas do primeiro beijo como
“prólogo de uma vida de delícias” e o desenlace do romance como o final do “livro” dos amores
configuram uma alegoria.
8. C
A expressão “programa genético” constitui uma metáfora por estabelecer comparação
implícita com um livro de instruções que “permitiria decifrar ou compreender toda a natureza
humana” ou “o essencial dos mecanismos de ocorrência das doenças”.
9. A oração "Fecha-se a pálpebra do dia" que encerra a primeira estrofe do soneto configura uma
personificação (ou prosopopeia), figura de estilo que confere características humanas a seres
inanimados, já que “dia” não é um elemento humano e nem tem pálpebras.
10. B
A metáfora é uma comparação subentendida, sem uma estrutura comparativa explícita. O
poema começa a construir uma metáfora no primeiro verso, ao dizer que "os poemas são
pássaros", isto é, que os poemas são como pássaros. Já no quarto verso, quando se diz que
"eles alçam voo", "eles" refere-se apenas aos pássaros, que, no entanto, encontram-se no lugar
dos poemas.