Metodologia para Determinação Da Necesidade de Inspeção Na Manufatura

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 86

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Programa de Pós-Graduação em Metrologia Científica e

Industrial

UMA METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DA


NECESSIDADE DE INSPEÇÃO NA MANUFATURA

Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina


para obtenção do grau de Mestre em Metrologia

Autor: Günther Pfeiffer

Orientador: Prof. Dr.-Ing. Carlos Alberto Schneider

Co-orientador: Dr.-Ing. Reinhard Freudenberg

Florianópolis
Santa Catarina - BRASIL
Julho 1999
U M A M E T O D O L O G IA PARA DETERM INAÇÃO DA
NECESSIDADE DE INSPEÇÃO NA M ANUFATURA

Günther Pfeiffer

Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de

"MESTRE EM METROLOGIA"

e aprovada na sua forma final pelo

Programa de Pós-Graduaçãer^n Metrologia Científica e Industrial

5rof. Carlos Alberto Schneider, Dr.lng.


ORIENTADOR

-y d lÁ
A rm ando Albertazzi Gonçalves Jr., Dr. Eng.
COORDENADOR D O CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

BANCA EXAMINADORA
O que atenta p a ra o ensino, acha o bem,

e ò que confia no Senhor^èsse é fèliz.

Provérbios 16, 2 0
ESCLARECIMENTOS

Este tra b a lh o é fruto de uma exitosa interação tecnológica entre a Fundação CERTI e o

Lehrstuhl fü r Fertigungsmeßtechnik und Q ualitätsm anagem ent (MTQ) do

W erkzeugm aschinenlabor (WZL) da RW TH-Aachen/Alemanha. Parte expressiva deste

tra b a lh o foi desenvolvida no WZL por um período de seis meses, em interação com o

Projeto SFB 361 - "Integrierte Produkt und Prozeßmodelle" daquela instituição.

A orientação geral deste tra b a lh o foi realizada pelo Prof. Dr. Ing. Carlos Alberto

Schneider, e a orientação técnico-científica da parte do tra b a lh o desenvolvida no WZL

foi realizada pelo Dr. Ing. Reinhard Freudenberg, engenheiro chefe da área de

M etrologia Industrial e Gestão da Q u a lid a d e (MTQ) do WZL.

À viabilização deste tra b a lh o na Alem anha contribuíram de form a expressiva a

Fundação CERTI, o Projeto de C ooperação Tecnológica Bilateral Brasil-Alemanha da

Fundação CERTI e Physikalisch-technische Bundesanstalt (PTB) - Braunschweig, o

W ZL/M TQ e a Fundação Alfried Krupp von Bohlen und Haibach Stiftung.


AGRADECIMENTOS

Este tra b a lh o contou com a contribuição singular de várias instituições e pessoas, às

quais desejo expressar meus sinceros agradecim entos:

À Fundação CERTI, que apoiou mesmo em tempos difíceis a execução deste tra b a lh o ;

Ao WZL, pela oportunidade de interagir com sua equipe técnica, discutir inten­

samente conceitos e testá-los junto a empresas de referência em seu país;

À fundação Krupp, que financiou parte da estada na Alem anha;

Ao projeto de C ooperação CERTI-PTB que viabilizou

im portantes contatos com especialistas na área;

Ao Prof. Carlos A lberto Schneider, pelo incentivo e a orientação na condução do

tra b a lh o ;

Ao Dr. Ing. Reinhard Freudenberg, pelo conjunto de oportunidades que

viabilizou para que este tra b a lh o pudesse se to rn a r exitoso;

À C acilda Loch, M á rio A lbuquerque e C hristiano Kurt Ritzke, cujas habilidades

de editoração enriqueceram a apresentação deste tra b a lh o ;

A meus pais, a quem devo o privilégio de ter sido a m ado e incentivado todo novo dia.

Dedico este tra b a lh o a m inha querida esposa Susan, que sem m edida me incentivou e

partilhou com igo esta longa cam inhada com o verdadeira com panheira,

juntam ente com Petra e Aline, m inhas compreensivas filhas.

Louvo e agradeço a Deus pela Vida e Esperança que ele tem prom etido e concedido.

M uito O b rig a d o !
SUMÁRIO

ÍN D IC E DE FIGURAS.............................................................................................................. VIII

LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................................... IX

RESUM O.......................................................................................................................................XI

ABSTRACT................................................................................................................................... XIII

ZU S A M M E N FA S S U N G .............................................................................................................XV

1 INSPEÇÃO DA QUALIDADE: UMA COMPONENTE DA


COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL......................................................1
1.1 CENÁRIO COMPETITIVO DE PRODUTOS INDUSTRIAIS............................................ 1

1.2 QUALIDADE D O PRODUTO E QUALIDADE D O PROCESSO...................................3

1.3 AVALIAÇÃO E INSPEÇÃO DA Q U A LID A D E ...................................................................5

1.4 PLANEJAMENTO DA INSPEÇÃO....................................................................................... 9

1.5 PROPOSTA DE EVOLUÇÃO N O PLANEJAMENTO DA INSPEÇÃO........................ 11

2 CENÁRIO DA GARANTIA DA QUALIDADE: SOLUÇÕES


INTEGRADAS................................................................... ................. 13
2.1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO........................................... 15

2.2 PLANEJAMENTO DA Q U ALID AD E.................................................................................17

2.2.7 PLANEJAMENTO DA QUALIDADE D O PRODUTO.............................................. 79

2 .2 .2 PLANEJAMENTO DA QUALIDADE D O PROCESSO.............................................2 0

2.3 MÉTODOS E FERRAMENTAS DE SUPORTE À GARANTIA DA Q U ALID AD E ......... 21

2.4 FERRAMENTAS DA ENGENHARIA DA Q U ALID A D E .................................................. 23


2.5 CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS A UM A M E TO D O LO G IA PARA

DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE DE INSPEÇÃO................................................. 25

3 METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE DE


INSPEÇÃO.......................................................................................... 27
3.1 ANÁLISE DA M ETO D O LO G IA SOB A ÓPTICA DA CAIXA PRETA...........................27

3.1.1 DADOS DE ENTRADA................................................................................................ 29

3.1.1.1 OS CARACTERÍSTICOS PRÉ-SELECIONADOS................................................. 31

3 .1.1.2 AS CARACTERÍSTICAS D O PROCESSO.............................................................. 33

3 .1 .1 .3 EFEITOS DA N Ã O CONFORM IDADE................................................................ 34

3.7.2 INFORMAÇÕES DE SAÍDA....................................................................................... 34

3.2 DESCRIÇÃO D O M É TO D O ............................................................................................. 35

3.2.1 O SUBSISTEMA "DETERMINAÇÃO DA RELEVÂNCIA D O CARACTERÍSTICO" 36

3.2.2 O SUBSISTEMA "AVALIAÇÃO D O RISCO D O PROCESSO"............................. 41

3.2.3 O SUBSISTEMA "DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE DE INSPEÇÃO” ...........4 3

4 INTEGRAÇÃO DA METODOLOGIA NA GARANTIA DA


QUALIDADE......................................... .............................................. 48
4.1 POSICIONAMENTO DA M ETO DO LO G IA NO PROCESSO DE

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS.......................................................................... 48

4.2 INTERFACES C O M ÁREAS CORRELATAS..................................................................... 50

4.3 FORMAS DE UTILIZAÇÃO DA M E TO D O LO G IA .........................................................53

4.4 AÇÕES PARA A CONSOLIDAÇÃO DA M ETO DO LO G IA NA PRÁTICA.................60

5 CONCLUSÕES.................................................................................... 63

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................65
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1: Evolução do cenário entre fornecedor e cliente..................................................... 5

Figura 2.1: A contribuição do desenvolvimento integrado de produtos no cenário da

com petitividade..........................................................................................................13

Figura 2.2: Evolução dos enfoques da qualidad e ............................... .................................... 14

Figura 2.3: Fases no desenvolvimento do produto e seus correspondentes setores da

em presa...................................................................................................................... 16

Figura 2.4: Incidência de falhas no desenvolvimento de um produto................................. 18

Figura 2.5: Posicionamento relativo de métodos da engenharia da q u alidade ............... 23

Figura 3.1: Áreas e processos envolvidos na seleção de característicos a inspecionar...28

Figura 3.2: M odelo de sistema da m etodologia.......................................................................28

Figura 3.3: Informações para avaliação da necessidade de inspeção................................29

Figura 3.4: Subsistemas para a definição da necessidade de inspeção............................. 36

Figura 3.5: Determinação da relevância do característico.................................................. ..38

Figura 3.6: Critérios e pontuação para determ inação da relevância do característico...40

Figura 3.7: Sistemática de avaliação do risco do processo....................................................42

Figura 3.8: Critérios de avaliação do risco do processo.........................................................43

Figura 3.9: M atriz de decisão....................................................................................................... 44

Figura 4 .1 : Ciclos de realim entação da qualidade no desenvolvimento de produtos..... 49

Figura 4 .2 : Áreas envolvidas na determ inação da necessidade de inspeção................... 51

Figura 4 .3 : Fontes e meios de inform ação de entrada para a m etodologia......................53

Figura 4 .4 : Uso convencional da m etodologia......................................................................... 55

Figura 4 .5 : Sistemática de operação da m etodologia............................................................ 56

Figura 4 .6 : Exemplos de possibilidades de uso da m etodologia......................................... 57

Figura 4 .7 : Uso da m etodologia com o ferram enta da garantia da q u alida d e ................ 59


LISTA DE ABREVIATURAS

APQP Advanced Product Q u ality Planning

CAD C om puter Aided Design

CAM C om puter Aided M anufacturing

CAPP C om puter Aided Process Planing

CAQ C om puter Aided Q u ality M anagem ent

CAx C om puter Aided Activity

CEP C ontrole Estatístico de Processo

^ p / ^ pk, ^ pm , ^pm k índices de C apabilidade de Processo

DGQ Deutsche Gesellschaft fü r Q u a lität e.V (Associação Alem ã para

Q ualidade)

DIN Deutsches Institut fü r N orm ung e.V. (Instituto Alem ão para

Norm alização)

DoE Design o f Experiments

DR Design Review

EDM Engineering Data M anagem ent

ES Engenharia Simultânea

ETA Event Tree Analysis

f Função transferência

FMEA Failure M ode and Effects Analysis

FTA Failure Tree Analysis

ISO International O rganization fo r Standardization

IT Intervalo de Tolerância

NBR N orm a Brasileira

ix
NI Necessidade de Inspeção

PDM Product Data M anagem ent

PPAP Production Part Aproval Process

Q FD Q uality Function Deploym ent

QS Q uality System

RC Relevância do Característico

ROI Return o f Investment

RP Risco do Processo

SQ Sistema da Q u a lid a d e

STEP Standard fo r the Exchange o f Product M odel Data

TD Tolerance Design

U Incerteza de M edição Expandida

WEA W eibull -Analysis

x
RESUMO

, A realização segura e econômica da Inspeção da Q u a lid a d e de produtos industriais

manufaturados, assim com o de seus processos fabris, dem anda um adequado

planejam ento do processo de inspeção. Na prática industrial, inspeções são com umente

definidas, sem a realização de uma análise direcionada e sistemática quanto a sua real

necessidade, levando a excessos e /o u insuficiências. Principal fa to r responsável para tal

é o ainda baixo grau de interação entre as áreas do planejam ento do produto,

planejam ento do processo de m anufatura, da produção e da assistência técnica, que

são provedores de informações e partícipes ativos para uma adequada definição de

característicos passíveis de inspeção. Tanto o excesso com o a falta de inspeção pode

levar a expressivas perdas a nível de qualidade do produto e de produtividade no

processo produtivo, inib ind o o processo de ganho de com petitividade.

Este trabalho apresenta uma m etodologia para a determ inação da necessidade de

inspeção na m anufatura, com aplicação p rim o rd ia l na indústria m etal-m ecânica

produtora de peças e subsistemas.

Na form a de um m odelo conceituai, a m etodologia propõem a inspeção ou não

inspeção de um característico de produto ou de processo, a p artir da correlação de um

grau de im portância que lhe é atribuído e o potencial risco de não conform idade que o

processo que o gera apresenta. Utiliza-se para tal, dos princípios da engenharia

sim ultânea, integrando áreas funcionais da em presa, sistematizando a transferência de

informações nas interfaces entre os processos e paralelizando etapas no ciclo de

desenvolvimento do produto.

A m etodologia define uma "M atriz de Decisão" a pa rtir da qual, em razão da correlação

da relevância do característico e do risco do processo, é determ inada a necessidade ou

não da inspeção do característico em análise. A "Relevância do Característico"

representa o grau de im portância do característico/entidade, e é determ inada a partir

das especificações de requisitos do produto e respectivos desdobram entos, dados

históricos de produto e de processo de m anufatura e produção, assim com o de

informações vindas da área de assistência técnica e pós-venda. O potencial risco de não

conform idade de um característico, denom inado "Risco do Processo", é o b tido a partir

de informações do planejam ento do processo de m anufatura e da produção, de dados


históricos e curvas de experiência do processo fabril e de inspeção da qualidade.

M étodos estatísticos, técnicas de avaliação de risco e análise de va lo r são utilizadas

com o ferram entas para enquadram ento do característico nos critérios estabelecidos,

posicionando-o nos respectivos campos da matriz de decisão. Esta é fo rm a d a pela

com binação m atricial de baixa, m édia e elevada relevância do característico com

elevado, m édio e baixo risco do processo. A m etodologia apresenta com o inform ação

de saída se há ou não necessidade da inspeção do característico em análise.

Além de sistematizar o processo de definição da necessidade de inspeção, oportuniza

tam bém , através das várias com binações possíveis entre "relevância" e "risco", uma

análise ágil para a definição de estratégias de otim ização no projeto do produto, no

planejam ento do processo fa b ril e no processo de produção, com vistas a uma

m inim ização do volum e de inspeções a pa rtir de razões técnicas ou econômicas.

A validação da m etodologia em relação a uma referência, uma análise de sua relação

custo-benefício frente aos métodos tradicionais e sua im plem entação em form a de uma

ferram enta inform atizada, com preendem as ações sugeridas para a continuidade deste

trabalho.
ABSTRACT

The safe and economic Q uality Inspection accom plishm ent in industrial products

manufactured, as well as its industrial processes, dem ands appropriate inspection

process planning. In the industry, inspections are com m only defined, w ithout a systematic

analysis accom plishm ent fo r its real necessity, taking to excesses a n d /o r insufficiencies.

The main factor fo r this is still low interaction am ong product design planning,

m anufacturing process and production planning, the production process and the

technical attendance areas. There are im portant inform ation providers and your active

participation fo r an a p propriate inspection characteristics definition in the m anufacture is

fundam ental. So much the excess as the lack o f inspection can bring expressive losses to

the product quality and productivity in the productive process, and so, com pany

competitive capacity.

This w ork presents a m ethodology fo r the determ ination o f the inspection necessity in the

manufacture, with p rim o rd ia l application in the metal-mechanics industry, which

produces parts and subsystems.

In a conceptual model fo rm , the m ethodology defines inspection necessity o r not in

product or process characteristics, starting from the im portance degree correlation that is

attributed to it and the non-conform ity potential risk that the process generates it

presents. The m ethodology uses the principles simultaneous engineering, integrating

functional areas in the com pany, systematizing the inform ation transfer in the interfaces

between the processes and paralleling stages in the product developm ent cycle.

The m ethodology define a "Decision Matrix" that, in the characteristic relevance

correlation reason and process risk is determ ined o r not inspection necessity o f the

characteristic in analysis. The "Characteristic Relevance" represents the characteristic

im portance degree and is determ ined by the product requirements specifications and

respective unfolding, product and process historical data, as well as inform ation com ing

from technical attendance and after-sales areas. The non-conform ity potential risk o f a

characteristic, denom inated "Process Risk", is obtained


from m anufacturing inform ation and production process planning, historical data and

production process experience curves and quality inspection. Statistical methods, risk

evaluation techniques and value analysis are used as tools fo r classifying in the

established approaches, positioning the characteristic in the respective decision matrix

fields, form ed by the com bination o f low, m edium and high characteristic relevance with

high, m edium and low process risk. The m ethodology presents as exit inform ation if

there is o r not inspection necessity o f the characteristic in analysis.

Besides systematize the definition process o f the inspection necessity, it also propitiates

through the several possible com binations between "relevance" and "ris k ", an agile

analysis fo r the strategy definition in the product design im provem ent, m anufacturing

process planing, and production process with views to a inspection m inim ization fo r

technical o r economic reasons.

The m ethodology validation in relation to a reference, an cost-benefit analysis

relationship fro n t to the traditional methods and its im plem entation in form o f a

computerized tool are the actions suggested fo r the continuity o f this paper.
ZUSAMMENFASSUNG

Eine sichere und wirtschaftliche Prüfung von Produkt- und Prozeßmerkmalen zur

Herstellung von Produkten setzt eine angemessene Prüfplanung voraus. In der

industriellen Praxis werden häufig Prüfungen festgelegt ohne eine gezielte und

systematisierte Analyse der realen N otw endigkeit, so daß eventuell unzureichend oder

überflüssig geprüft w ird. Als ein wesentlicher G rund dazu, kann die noch unzureichende

Zusam m enarbeit der Bereiche Produktplanung, Fertigungsplanung, Produktionsplanung

und After-Sales genannt w erden, da diese wesentlich m it Inform ationen zur Bestimmung

der Prüfnotwendigkeit beitragen, und m it- bestimmende Funktionen übernehm en.

Unzureichende oder überflüssige Prüfungen können zu bedeutenden Verlusten der

Produktqualität und der Produktivität führen, und so zu einer Beeinträchtigung des

W ettbewerbsfaktors des Produktes und des Unternehmens beitragen.

Diese Arbeit stellt eine M ethode zur Bestimmung der Prüfnotwendigkeit in der Fertigung

vor, deren Einsatz schwerpunktmässig in der M etallverarbeitende Industrie, zur

Herstellung von Teilen und Produkten liegt.

Die entwickelte M ethode, in Form eines konzeptionellen M odells, fü h rt zu der

Prüfentscheidung (Prüfen oder Nicht-Prüfen eines M erkm ales, aufbauend a u f einer

Korrelation zwischen der W ichtigkeit des M erkm als und seines Herstellrisikos. Der

M ethode werden die G rundlagen des Simultaneous Engineering zugrunde gelegt, die

eine Integration der funktionalen Bereiche in dem Unternehm en, den

Informationstransfer in den Schnittstellenbereichen der Produktentwicklungsprozessen

fördern, und Arbeitsprozesse zu parallelen A b la u f führt.

In der M ethode ist eine Entscheidungsmatrix strukturiert, die durch eine Korrelation der

"Relevanz des M erkm als" und des "Prozeßrisikos", die N otw endigkeit zur Prüfung eines

Merkm als ermittelt. Die Relevanz des M erkm als bestimmt seine W ichtigkeit, und w ird von

den Produkt- und Prozeßspezifikationen und den Konsequenzen dessen Nicht-Erfüllung

abgeleitet. Dazu w erden Inform ationen aus den Bereichen der Produktplanung, der

Prozeßplanung, Produktion, Qualitätssicherung und Service analysiert und verarbeitet.

Das Risiko einer N icht-G ewährleistung der K onform ität des M erkm als w ird als

"Prozeßrisiko"in der M ethode definiert. Diese w ird anhand von Inform ationen aus den

xv
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Bereichen der Prozeß- und Produktionsplanung, und mittels Kennwerten aus der

Fertigung und der Qualitätssicherung erm ittelt. Statistische M ethoden, Technicken zur

Risikoanalyse und zur W ertanalyse werden zur Bestimmung und der Positionierung des

M erkm als in den Feldern der Entscheidungsmatrix eingesetzt. Die Kom bination der

Positionen "K lein", "M itte l" und "G ro ß " fü r die Relevanz des M erkm als m it "Hoches",

"M itte l" und "G eringes" Herstellrisiko, bestimmen neun Felder, denen entsprechende

Bestimmungen (Prüfen oder nicht Prüfen) zugeteilt sind.

Zusätzlich zu der Bestimmung der Prüfnotwendigkeit, erm öglicht die M ethode auch die

Analyse potentieller Strategien zur O p tim ierung der Produktkonzeption, Prozeß- und

Produktionsplanung im Falle einer durch technisch- oder ökonom isch bedingten

Einschränkung zur Prüfung.

Die Validierung der M ethode, eine Kosten-Nutzen-Analyse des Einsatzes der M ethode im

Vergleich zu derzeit eingesetzten Verfahren, und die Im plem entierung der M ethode in

Form eines Software-Tools können als N achfolgearbeiten em pfohlen werden.


Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

1 INSPEÇÃO DA QUALIDADE: UMA COMPONENTE DA

COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL

Diz um clássico ditado: "Só o que é mensurável pode ser m elhorado". M elhorar

continuamente é o cam inho da sobrevivência das empresas, im pulsionado pela

necessidade de satisfazer o "cliente", que assume posição cada vez mais determ inante

no direcionam ento dos mercados e na determ inação dos produtos que são fabricados.

O princípio vale para todas as empresas que disputam mercados cada vez mais

dinâmicos e concorridos, cada qual buscando assegurar sua posição e seu crescimento.

M edir torna-se portanto um elem ento central nas ações em busca da satisfação do

cliente e na conquista de espaços maiores no m ercado. A m edição viabiliza a

quantificação de grandezas necessárias à geração de um bem ou serviço, subsidiando

com informações o planejam ento, a produção e o gerenciam ento dos processos que os

produzem.

1.1 CENÁRIO CO M PETITIVO DE PRODUTOS INDUSTRIAIS

A realidade de com petição do m ercado, exige das indústrias um esforço expressivo para

produzir bens e serviços qualitativam ente cada vez melhores, a preços compatíveis e

com disponibilização para o m ercado no m om ento adequado. A globalização, tanto do

ponto de vista do consumo quanto da produção, vem rom pendo continuam ente

barreiras geográficas, culturais e tarifárias, contribuindo para que a com petitividade se

torne a cada dia m aior. Assim, a oferta de produtos nos mercados globalizados vem

oportunizar ao consum idor, optar pela m elhor relação custo-benefício na aquisição e

uso de bens e serviços.

Fator determ inante entre outros, para empresas m anterem e solidificarem sua posição

neste mercado, é o aum ento da eficiência e eficácia de seu processo de desenvolvimento

de produtos, contem plando três aspectos determ inantes para a com petitividade:

1
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

• "qu a lid a d e " do produto;

• "custo" do produto e

• "te m po " para disponibilizar o produto ao mercado.

C ada vez mais o fa to r de com petitividade "q u a lid a d e intrínseca do p ro du to " passa a ser

com ponente forte na decisão de com pra do consum idor, seja em produtos baratos ou

caros, tecnologicam ente mais ou menos elaborados, de form a que o desafio da

produção com qualidade existe e crescerá em todos os segmentos industriais no contexto

da globalização. Se no passado ainda fo ra possível associar diretam ente o nível da

qualidade de um produto ao seu custo, hoje cada vez mais, disponibilizam -se no

m ercado produtos com níveis expressivos de qualidade a custos cada vez menores, de

form a que o fa to r de com petitividade "custo final do p ro du to " se torna uma segunda

com ponente essencial, que deve ser projetada, obtida e gerenciada ao longo de todo o

processo de desenvolvimento de um produto.

Também o fa to r de com petitividade "te m p o " vem assumindo expressividade m aior na

disputa pelo m ercado / l , 2 /. N ão mais apenas o custo e a qualidade são fatores

determinantes por si só, mas cada vez mais se torna indispensável um desenvolvimento

rá p id o e a disponibilização do produto ao m ercado no m om ento adequado - "Tim e-to-

M arket", em geral o mais cedo possível /3 , 4 /.

A conjugação destes três fatores de com petitividade exigem da empresa um esforço

técnico e gerencial integrado, com o envolvim ento de todas as áreas, uma vez que em

todas elas existem potenciais a serem utilizados para o aum ento da eficiência dos

processos, redução de custos, otim ização de tem pos, m inim ização de desperdícios,

ganhos de produtividade e inovação. Mudanças de paradigm as se fazem necessárias, a

exem plo da cultura do "fazer" para o "p la n e ja r e fazer", investindo mais no

planejam ento das ações, em benefício de uma redução das ações corretivas pós-

processo. Assim tam bém , não mais encontrar o "cliente para o produto já

desenvolvido", mas sim desenvolver o "p ro d u to orientado ao cliente" torna-se necessário

às empresas competitivas. A im plantação de times interfuncionais em busca de uma

m aior sinergia, assim com o a integração de ações de caráter de planejam ento e de

2
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

im plem entação passam a ser necessárias interna e externamente às empresas na busca

da sobrevivência no m ercado.

O rientação ao cliente, especialmente no setor de bens de consumo e produtos

tecnológicos, dem anda estruturas de produção suficientemente flexíveis, na m edida em

que a diversidade de produtos e modelos de produtos exigidos e absorvidos pelo

m ercado se torna cada vez m aior e com ciclo de vida cada vez menores. Por

consequência, os lotes de produção tendem a ser cada vez menores e mais

diversificados.

Flexibilidade para atender as dem andas do m ercado por um lado, produtos e processos

robustos para g a ran tir a qu alida d e por outro, ob rig a m as empresas a investirem cada

vez mais no planejam ento, na sistematização e no dom ínio de seus processos e

produtos, utilizando-se do suporte de métodos, ferram entas e sistemas da qualidade.

1.2 Q U ALID AD E D O PRODUTO E Q U A LID A D E D O PROCESSO

O conceito de qualidade relacionado ao produto evoluiu rapidam ente ao longo do

tem po, passando a com preender crescentemente não apenas o produto final e suas

características, mas cada vez mais tam bém os processos e suas características bem com o

os meios de produção, sistemas de gerenciam ento e as pessoas envolvidas / I , 4 /.

Planejar a qualidade do produto com preende d e finir os requisitos que o produto deve

atender, orientados pelos requisitos identificados com o im portantes para o cliente, em

consonância com a viabilidade técnica e econômica para sua produção /~\/. Na

determ inação dos requisitos dos produtos, além dos requisitos convencionais como

funcionalidade, geom etria, materiais, estética e ergonom ia, cada vez mais passam a ser

considerados tam bém requisitos relacionados ao desem penho do produto, segurança

no uso, confiabilidade e vida útil /4 , 5, 6 /.

C om o advento dos sistemas da qualidade e da percepção de que qualidade de produto

e quàlidade de processo estão intrinsecamente relacionadas, cresceu tam bém o

entendim ento da necessidade de "p la n e ja r e produzir a q u alida d e " / I / . Planejar e

3
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

produzir a qualidade de um produto com preende planejar, operacionalizar e controlar

tam bém os processos geradores do produto a tal ponto, que os requisitos da qualidade

estejam sendo plenam ente atendidos. O dom ínio dos processos envolvidos influi

portanto, diretam ente na qualidade final do produto.

O planejam ento da qualidade do processo com preende os meios de produção, os

recursos humanos associados e a gestão dos processos / l / . Com um cenário que

aponta para um futuro com ênfase na diversificação e sofisticação tecnológica de

produtos, lotes de produção menores, processos tecnologicam ente mais avançados,

redução de custos e de tempos de reação, terceirização crescente e intensificação da

certificação da qualidade, o planejam ento e a avaliação da qualidade dos processos

tornar-se-á cada vez mais necessário dentro da própria empresa. Esta necessidade

ocupará tam bém cada vez mais, espaço nas relações entre cliente e fornecedor.

Se por um lado se observa na dinâm ica das relações cliente-fornecedor o repasse de

atividades e responsabilidades de empresas consideradas m ontadoras/integradoras

para seus fornecedores, conform e m ostrado na figura 1.1, faz-se por outro lado, cada

vez mais necessário uma forte interação entre fornecedor e cliente, com vistas à

otim ização dos processos de planejam ento do produto e da produção, atendendo assim

aos requisitos da qualidade estabelecidos, redução de custos e otim ização de tempos de

fornecim ento.

Na interface fornecedor-cliente os sistemas da qualidade tem sido um instrumento

im portante para m inim izar as lacunas entre a qualidade desejada e a q u alidade obtida.

Estas lacunas devem ser ainda mais m inim izadas através de um m aior e contínuo

investimento em ações de planejam ento, assim com o um tratam ento integrado da

qualidade do produto e do processo. Estas ações dem andam uma adequação das

estruturas organizacionais clássicas e de métodos de tra b a lh o nas empresas, em

direcionando-os de form a a perm itirem um fluxo contínuo e integrado de informações

entre áreas funcionais, departam entos e /o u processos envolvidos na geração de um

produto.’ Faz-se necessário um ágil e sistemático desdobram ento dos requisitos da

qualidade identificados junto ao m ercado/cliente para todo o ciclo de desenvolvimento

4
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

do produto. C ada vez mais, times com uma atuação interfuncional estão desafiados a

produzir produtos e processos robustos, capazes em atender aos requisitos especificados

a custos aceitáveis para o consum idor. Uma com ponente im portante que deve integrar

este tra b a lh o interfuncional e m ultidisciplinar é o planejam ento da inspeção da

qualidade, discutido no item a seguir.

Estratégias da
Indústria Integradora

■Flexibilização fel ■ Redução dos


nos processos de tempos de reação
1970 Fabricação e
Just-in-
Time
para dias ou horas
Montagem

’ Fornecedores ' Comprovação de


integrados, capazes capacidade (produto,
-7 980 com a Qualidade meios de produção
Assegurada e sistema)

• Projeto • Relativização das


independente vantagens
G lobal
7990 de local
Sourcing
geográficas
>Concorrência >Aumento da
internacional concorrência

■Retração dos Investi-j • Aumento da


mentos na produção | complexidade dos
Horizon-
7995 Redução nos riscos talizaçõo
produtos
de novos desenvol­ • Aumento nos custos
vimentos de desenvolvimento

Investimento no • Queda do R. O. I.
fator competitivo Life- ■Aumento do Risco
2000 "Inovação".
Cyclecosts Financeiro
■Aumento da Pressão
de Investimento

♦ Consequências para a
Indústria Fornecedora

Fig. 1.1: Evolução do cenário entre fornecedor e cliente. A daptado de Redecker / 7 / .

1.3 A V A LIA Ç Ã O E INSPEÇÃO D A Q U A LID A D E

A im portância do fa to r "Q u a lid a d e " leva à necessidade de uma adequada avaliação do

produto e seus processos associados em todas as fases do desenvolvimento de um

5
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

produto. Esta é necessária devido ao g rande núm ero de variáveis que afetam sistemática

ou aleatoriam ente os processos, provocando desvios que podem ser relevantes,

distanciando os resultados planejados dos resultados obtidos. A m agnitude destes

desvios deve ser mensurada, a ponto de perm itir uma objetiva avaliação e conseqüentes

encaminhamentos.

A avaliação da qualidade é um processo que se estende por todas as fases do

desenvolvimento de um produto, podendo ser realizada por m eio de:

• técnicas de revisão de projeto.

• auditorias de produtos, de processo e de sistemas da qualidade,

• medições, inspeções e /ou testes em peças, em produtos, em meios de produção

e em processos,

• controle estatístico.

O conceito de avaliação da qualidade segundo a norm a brasileira NBR ISO 8402 / 8 /

com preende o "exam e sistemático para determ inar até que ponto uma entidade é capaz

de atender os requisitos especificados". Este conceito é abrangente, de form a a

com preender a capacidade de um produto, de um processo, de uma pessoa, sistema,

organização ou com binação destes, de atender os requisitos especificados.

Esta mesma norm a (NBR ISO 8402 /8 /) define a "Inspeção" com o sendo uma "atividade

tal como medição, exame, ensaio, verificação com calibres ou padrões, de uma ou mais

características de uma entidade, e a com paração dos resultados com requisitos

especificados, a fim de determ inar se a conform idade para cada uma dessas

características é o b tida ". Na conceituação de Paladini / 9 / , "a inspeção da q u alidade é

um processo que busca identificar se uma peça, am ostra ou lote atende determ inadas

especificações da qualidade. Desta form a, a inspeção avalia o nível da qu alida d e de

uma peça, com parando-a com um p a drão estabelecido". Esta inspeção é sem pre

relacionada diretam ente a um característico que necessita ser avaliado, e que é

determ inado/especificado nas fases de concepção e planejam ento, quer d o produto

quer do processo fa b ril e de produção.

6
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Segundo / 9 / , "a atividade de inspeção da qualidade é a mais im portante do sistema de

avaliação da qualidade de um processo industrial. Ao avaliar a q u alida d e de um

produto ou processo, a inspeção acaba por desem penhar sua função básica: a de

detectar defeitos". Este trabalho adotará o conceito de inspeção da qualidade segundo a

definição de Paladini / 9 / , extendendo-o à avaliação de produto e tam bém de processos,

com vistas a uma atuação com foco p rio ritá rio na prevenção de falhas em to d o o ciclo

de desenvolvimento do produto.

Segundo Pfeifer / I / , as atividades relacionadas à inspeção da qualidade podem ser

divididas em cinco grupos, que com preendem :

• o planejam ento: onde são definidos os característicos a inspecionar e gerados os

planos de inspeção,

• a o rd e m /p e d id o de inspeção: onde são gerados/form alizados e encam inhados

os pedidos/ordens de inspeção,

• a execução: onde são realizadas as inspeção, coletados e arm azenados os dados

das medições,

• o processamento dos resultados: onde os dados adquiridos são filtrados,

processados e os resultados avaliados,

• a sistematização e arm azenam ento dos resultados: onde os resultados são

encam inhados aos respectivos receptores para ações de continuidade (ações

corretivas, registros, comprovações junto a clientes) e /o u arquivam ento.

Analogam ente às decisões tom adas por ocasião do planejam ento e projeto de um

produto, é na fase do planejam ento da inspeção que são tom adas decisões com

im portantes desdobram entos para o nível da qualidade e para os custos que a empresa

terá para m anter a qualidade preconizada. Destas decisões derivam tam bém a

quantificação da equipe técnica, da infra-estrutura física e procédural necessária à

empresa para viabilizar a avaliação da qualidade na quantidade, nos níveis de

confiabilidade e nos prazos estabelecidos.

7
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

O planejam ento da inspeção visa g a ra n tir prim ordialm ente que a inspeção seja

realizada de form a segura (suficientemente abrangente e confiável) e econôm ica. O

planejam ento da inspeção tem com o principal resultado o plano de inspeção, que

define o que deve ser inspecionado, bem com o todas as associadas decisões para sua

operacionalização. Adicionalm ente, o planejam ento oportuniza uma grande interação

entre as áreas de projeto e produção, que comumente trocam poucas inform ações, o

que com grande frequência leva a falta ou a duplicidade de ações e a perda de

importantes efeitos sinergéticos na busca da conform idade.

C ada vez mais, o desafio de todo o processo de inspeção é sua integração /1 0 , 1 1 /

num processo contínuo de ação preventiva / 1 2 / contra defeitos e falhas, e sua

contribuição ativa na identificação de ações corretivas e de m elhoria, quer a nível do

produto ou a nível de processo que gera o produto. Este é o cam inho para uma efetiva

agregação de valor da m etrologia e da inspeção da qualidade no desenvolvim ento de

produtos. Corretam ente desenvolvida, a inspeção viabiliza uma análise objetiva para

determ inação de ações corretivas e de m elhoria que devem ser levadas a term o para

g a ran tir níveis aceitáveis da qualidade.

A inspeção está sem pre relacionada a uma com paração dos resultados obtidos com os

requisitos especificados e uma conseqüente tom ada de decisão. Esta decisão pode

relacionar-se segundo Pfeifer / 1 3 /:

• a um produto, subsistema ou peça objetivando a aprovação ou rejeição para

processos seguintes,

• às características do processo de produção, com o por exem plo capabilidade,

• ao fornecedor, referente a conform idade no fornecim ento.

C om o já anteriorm ente m encionado, a inspeção é sem pre focada em um característico.

Este característico pode ser um característico da q u alidade, funcional, de segurança, de

processo ou outro estabelecido, desde que seja mensurável e exista um padrão

adequado para fins de com paração. O característico é na m aioria dos casos a

especificação técnica de uma grandeza, definida nas fases de planejam ento de um

8
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

produto ou processo, cuja conform idade representa o atendim ento aos requisitos

especificados para aquela entidade / 9 / .

Observa-se na prática, que em função da necessidade de com provação da

conform idade, a inspeção da qualidade do produto ganhou grande espaço nas relações

de fornecim ento. Em muitos casos as inspeções são realizadas e /o u exigidas por

clientes, sem no entanto haver uma necessidade concretamente caracterizada. Isto se

deve a um deficitário conhecim ento da real necessidade ou não necessidade de

inspecionar característicos, gerando custos desnecessários e perdas de produtividade.

Por outro lado, não raro constata-se tam bém , que empresas deixam de inspecionar

características relevantes para a qualidade do produto ou para o controle dos processos

que o geram , inviabilizando um sistema efetivo de controle e m elhoria da qualidade.

Tanto o excesso quanto a falta de inspeção representam perda de q u alida d e e

produtividade, e merecem uma atenção m aior por parte das empresas. Um passo

im portante neste sentido é uma m aior dedicação ao planejam ento sistemático da

avaliação da qualidade e em particular da inspeção.

1.4 PLANEJAMENTO DA INSPEÇÃO

Planejar a inspeção da qualidade tem por objetivo assegurar que o processo de

inspeção esteja sistematizado a ponto de poder prover informações confiáveis referentes

ao atendim ento dos requisitos da qualidade do produto e /o u do processo / ! / .

Classicamente considera-se o planejam ento da inspeção uma atividade ligada à

produção. Em realidade porém , ele ocupa uma im portante posição na interface entre o

planejam ento do produto, o planejam ento do processo de m anufatura e a produção. A

estrutura organizacional clássica, fortem ente funcional e departam entalizada, ainda

m uito com um na grande m aioria das empresas, inibe uma sinérgica interação do

planejam ento da inspeção com as dem ais áreas e fases do desenvolvimento d o produto.

Principal- fa to r responsável para tal é o baixo grau de interação entre as áreas do

planejam ento do produto, planejam ento do processo de m anufatura, da produção e da

9
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

assistência técnica, que a princípio são os principais provedores de inform ações e

portanto partícipes ativos para uma adequada definição de característicos passíveis de

inspeção

O planejam ento da inspeção segm entado e não em interação com os dem ais processos,

relega-o a uma situação predom inantem ente de reativa, sem possibilidade de atuar

sinergicamente, na m edida em que a m aioria das decisões a nível do produto e do

processo produtivo já foram tom adas /1 4 /. O p e ra n d o assim, o planejam ento da

inspeção torna-se sujeito a um elevado nível de restrições, perdendo seu potencial para

introduzir m elhorias/otim izações tanto no produto quanto no processo. Por esta razão,

quanto mais lograr-se posicionar o planejam ento da inspeção junto as fases de

planejam ento do produto, integrando-o num contexto de engenharia sim ultânea, tanto

mais ele poderá trazer im portantes contribuições com foco na prevenção de falhas, na

racionalização dos tempos de produção, na m inim ização de custos e na m axim ização

da conform idade.

Além da definição objetiva da necessidade e da operacionalização da inspeção, o

planejam ento da inspeção é tam bém um instrumento essencial na com provação e no

rastreamento de informações e de inspeções, bem com o fonte de subsídio para ações

de planejam ento de m elhorias em todas as fases do desenvolvimento de um produto

e /ou processo. Para tal, o planejam ento da inspeção deve considerar a estrutura

organizacional da empresa, suas diretrizes e políticas da qualidade, bem com o os

inerentes aspectos relacionados aos custos da qualidade.

Planejamento da inspeção, a exem plo de toda a tem ática "p la n e ja r", não tem recebido

a devida atenção p o r parte das empresas. Uma série de deficiências afetam o

planejam ento da inspeção na prática industrial atual, dentre as quais podem ser citadas

como principais:

• desconhecimento da real necessidade/razão de inspecionar,

• a,inexistência de um procedim ento sistemático,

10
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

• foco da inspeção voltado essencialmente a peças/componentes com vistas à

seleção/triagem pós-processo (aprovação e /ou rejeição de peça),

• baixo grau de fle xib ilid a d e/d in a m ism o no planejam ento da inspeção,

• dificultado acesso intraem presa às informações dem andadas para o

planejam ento,

• lim itada integração/interação com demais processos internos e externos à

empresa,

• docum entação e rastreabilidade de informações deficitária,

• desconhecimento dos custos da não qualidade decorrentes de produtos e

processos não conformes,

• desconhecimento dos custos relativos à qualidade.

Na prática industrial, avaliações da qualidade são com umente definidas sem a

realização de uma análise prelim inar sistemática quanto a sua real necessidade e seus

custos associados, levando a excessos e /o u insuficiências. N o contexto deste tra balho,

desenvolver-se-á um m étodo para a definição da necessidade de inspeção com o

elem ento prim eiro do processo de planejam ento da inspeção, que perm itirá superar

parte das principais deficiências acima relacionadas.

1.5 PROPOSTA DE E V O LU Ç Ã O N O PLANEJAMENTO DA INSPEÇÃO

Neste tra b a lh o o foco principal será a avaliação da qualidade a p artir d o m étodo da

inspeção. Pfeifer / l / e Masing / 5 / propõem , que um adequado planejam ento da

inspeção deve ter com o premissa:

• d a r suporte à garantia da qualidade e

• m inim izar os custos da inspeção.

Estes dois fatores são pólos contrários, na m edida em que uma tendência para g a ra n tir

a qualidade é a de inspecionar com g rande intensidade, o que por sua vez contribui

11
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

para um aum ento expressivo dos custos da qualidade, especialmente o custo da

avaliação. Desafio no planejam ento da inspeção consiste portanto, em encontrar um

com promisso para assegurar os níveis da qualidade pretendidos, porém a custos

suportáveis e/ou até mínimos.

Nesta direção, um passo determ inante é a decisão sobre a necessidade de um

característico ser inspecionado. Desta decisão deriva um conjunto de ações, cujos

desdobram entos influenciam determ inantem ente a avaliação da qualidade fin a l de um

produto e os aspectos econômicos e de tempos de sua produção. Cabe verificar, qual a

influência desta decisão sobre a qualidade requerida e o ganho e /o u perda de

inform ação valiosa para a m elhoria contínua dos processos e produtos.

O bjetivo deste tra b a lh o é desenvolver uma m etodologia para a determ inação da

necessidade de inspeção na m anufatura, com aplicação prim ordial na indústria metal-


/
mecânica produtora de peças e componentes. E meta deste tra b a lh o obter uma

m etodologia, com as seguintes características:

• foco na qualidade d o "p ro d u to e do processo" (visão integrada),

• ênfase na prevenção de falhas,

• flexível e dinâm ica para atender as especificidades de cada empresa,

• provedora de informações que agreguem valor as dem ais fases e áreas do

processo de desenvolvimento de produtos.

O princípio da m etodologia deverá ser portável para um espectro de produtos e

processos am plo, abran g e nd o diversos segmentos de m ercado.

12
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

2 CENÁRIO DA GARANTIA DA QUALIDADE: SOLUÇÕES INTEGRADAS

Desafio de toda empresa que disputa uma posição estratégica no m ercado, é posicionar

favoravelm ente seus produtos no cenário com petitivo, com posto pelas seguintes três

variáveis dinâm icas e independentes:

• qualidade do produto,

• tem po de desenvolvimento e

• custos de produção.

Steinmetz / 1 5 / m apeou a evolução do conceito de garantia da qualidade na dim ensão

tem poral, correlacionando-o com o espaço vetorial fo rm a d o pela qualidade, custo e

tem po de desenvolvimento, conform e m ostrado na figura 2.1.

Fig. 2.1: A contribuição do desenvolvimento integrado de produtos no cenário da

com petitividade. Segundo Steinmetz / ] 5 / .

Observa-sè na figura 2.1 que m elhorias substanciais em termos de m inim ização de

custos e tempos de desenvolvimento de produtos foram viabilizados em resposta à

13
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

im plem entação de técnicas adicionais de controle de processo no desenvolvim ento de

produtos. Os dois prim eiros enfoques representados na figura 2.2 mostram as

características de cada um destes mom entos (inspeção seletiva e controle de processo)

na figura de Steinmetz /1 5 /.

Ertfoqtms da Qualidade
QUALIDADE VIA SELEÇÃO DE PEÇAS
• 90% passivo, 10% ativo
• Suficiente para low-level
• Defeitos: 2 - 25%
• Sem açâo sobre confiabilidade

CONTROLE DOS PROCESSOS


• 50% passivo, 50% ativo
• Suficiente para midl-level
• Defeitos: 0,5 - 5%
• Sem efeito sobre confiabilidade

PREVENÇÃO E ESTABILIDADE
• 10% passivo, 90% ativo
• Suficiente para high-level
• Defeitos: 0% - ppm
• Forte influência sobre confiabilidade

Fig. 2.2: Evolução dos enfoques da qualidade. Segundo D G Q / l ó / .

C om o conceito de garantia da qualidade ainda focado somente no controle da

qualidade do produto e do processo, não foi possível alavancar expressivamente a

qualidade dos produtos ao longo do tem po. Isto se deveu basicamente à postura

caracteristicamente passiva/reativa, sem um envolvim ento m aior com as técnicas de

prevenção de falhas e o processo de planejam ento da qualidade do produto e do

processo de produção de form a sistemática e integrada.

A p artir de uma atuação forte na prevenção de falhas, que pressupõem um tra b a lh o

integr-ado dos vários departam entos e equipes, sistêmico e sim ultâneo, torna-se possível

ganhos significativos na qualidade do produto, com efeitos paralelos de otim ização dos

14
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

tempos e m inim ização dos custos, tornando-os progressivamente mais competitivos (ver

figura 2.1).

O desenvolvimento integrado de produtos e processos, e o enfoque de garantia da

qualidade voltado à prevenção de falhas ao longo de todas as fases do processo de

desenvolvimento do produto, caracterizam juntos o cenário dentro do qual a

m etodologia a ser desenvolvida neste tra b a lh o deverá interagir e a g re g a r valor.

2.1 PROCESSO DE D ESEN VO LVIM EN TO DE PRODUTO

Um processo organizado de desenvolvimento de produtos é pré-requisito indispensável

para o sucesso em presarial / 1 7 /. N o entanto, o sistema de desenvolvim ento da m aior

parte das empresas não existe ou existe num estado em brionário, apresentando

limitações expressivas tais com o / 1 8 /:

• o desenvolvimento de produtos fortem ente baseado em tentativa e erro,

• não segue um p a drã o /m e to d o lo g ia que norteie o processo como um todo,

• sofre interrupções e /o u inserções de sugestões ou imposições de pessoas com

poder de influência na empresa,

• é executado de form a departam entalizada, gerando truncam ento de

informações, descontinuidades nas interfaces entre áreas e processos, assim

como perda de eficiência,

• as ações gerenciais são dissociadas umas das outras.

Um deficitário processo de desenvolvimento de produtos pode resultar em um não

atendim ento dos tempos e prazos estabelecidos, em custos que ultrapassam o

orçam ento alocado e num produto final que não atende plenam ente os requisitos da

qualidade especificados. Evidencia-se assim a intrínseca relação existente entre o

processo de desenvolvimento de um produto e sua qualidade. A busca da garantia da

qualidade de um produto deve por consequência, não estar focada no produto final

apenas, mas sim extender-se por todo o processo de desenvolvimento, acom panhando

15
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

cada fase, desde o m apeam ento do interesse do m ercado (marketing) até a assistência

técnica pós-venda.

Neste trabalho considerar-se-á a classificação de fases e áreas pertinentes ao

desenvolvimento de produtos ilustrada na fig u ra 2.3.

MARKETING
PLANEJAMENTO
DO CONCEPÇÃO
PRODUTO
PROJETO

PLAN. DO PROCESSO
PLANEJAMENTO
DO PROCESSO E CONTROLE DA QUALIDADE
DA PRODUÇÃO
COMPRAS

FABRICAÇÃO
PRODUÇÃO
MONTAGEM

VENDAS
VENDAS E
SUPORTE AO
CLENTË ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Fig. 2.3: Fases no desenvolvimento do produto e seus correspondentes


setores da empresa.

As possibilidades mais expressivas para atuar-se na m elhoria da qualidade de produtos,

localizam-se justamente nas fases de planejam ento e concepção do produto e dos

processos de produção / 1 9 /. Sugere-se nestas fases o uso de métodos e ferram entas da

qualidade que auxiliem na identificação de potenciais falhas antes da produção

(métodos off-line), a ponto de poderem ser elim inadas ainda com custos relativam ente

baixos, perm itindo mais a frente a geração de produtos e processos com qualidade

assegurada (ver figuras 2.1 e 2.2) /2 0 /.

O uso de ferram entas preventivas dem anda geralm ente trabalho em equipes

interdisciplinares, norm alm ente compostos por pessoas das áreas de projeto,

planejam ento dos processos de fabricação e m ontagem , produção e sistema da

qualidade / 2 1/ . O bjetivo do tra b a lh o em times interdisciplinares é a m inim ização de

16
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

perdas de inform ação nas interfaces, entre áreas e entre setores no desenvolvimento de

produtos e a captação de informações advindas da experiência dos envolvidos, no

sentido de m elhorar a qualidade do projeto e dos processos antes da produção / l , 5 /.

A experiência de times de projeto atuantes segundo os princípios da engenharia

simultânea e utilizando-se de métodos e ferram enta preventivos, reduzem de form a

expressiva a incidência de falhas e os decorrentes custos da não qualidade, na m edida

em que pelo efeito do tra b a lh o conjunto com informações de várias áreas e processos

em fases de trabalho paralelas, são possíveis direcionam entos antecipados e /o u re-

direcionam entos que em caso contrário não seriam assim encam inhados. Especialmente

o planejam ento da qualidade, disciplina com um a todo o processo de desenvolvimento

de um produto, tem se beneficiado com esta dinâm ica de trabalho, conform e m ostrado

na fig u ra 2.1.

2 .2 PLANEJAMENTO DA Q U A LID A D E

O Planejamento da Q ualidade com preende todas as atividades de planejam ento

relativos à qualidade que antecedem a produção de um produto / 4 / . Ela inicia já na

fase de identificação dos requisitos da qualidade definidos pelo cliente para o produto, e

considera aspectos relativos à viabilidade técnica, financeira e de recursos humanos / I /.

O planejam ento da qualidade tem com o principal função desdobrar os requisitos de um

produto em requisitos específicos a serem considerados no projeto do produto e no

planejam ento do processo de produção, bem como de finir as necessárias ações para a

g arantia da qualidade do produto tanto no projeto quanto na sua produção /4 ,2 2 /.

A m otivação para o planejam ento da qualidade evidencia-se a partir da constatação

que cerca de 70% dos custos para produzir um produto são definidos nas fases de

planejam ento, 70 a 80% de todas as falhas/defeitos tem suas causas na fase de

planejam ento, porém 80% de todas as falhas somente são percebidas na inspeção final

ou quando o produto já está na posse do cliente, com o mostra a figura 2.4.

17
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Definição Desenvol­ Planejam. Produção Inspeção Utilização


vimento . Processo

Fig. 2.4: Incidência de falhas no desenvolvimento de um produto. Segundo Ffeifer / ! / .

O planejam ento da qualidade torna-se ainda mais im portante na m edida em que os

custos para rem ediar uma fa lha/defeito, cresce de um fa to r de 10 a cada etapa em que

não é detectado / ! / . Isto significa que, em sendo possível detectar um defeito ainda na

fase de projeto, o custo associado para rem ediá-lo pode ser inexpressivo frente ao custo

que teria, caso fosse detectado em fases após início da produção. Caso o defeito fosse

apenas detectado com o produto já na posse do cliente, além dos custos para rem ediá-

lo serem exponencialm ente maiores, adicionar-se-iam ainda outros custos, a exem plo

do custo de indenizações ao cliente e /ou da im agem prejudicada da empresa, custo este

por vezes intangível / l , 4, 5 /. Estes aspectos justificam por sí só a im portância que o

planejam ento da qualidade assume no contexto do desenvolvimento de produtos.

As três tarefas básicas do planejam ento da qualidade são / l , 4 /:

• o planejam ento das características da qualidade do produto,

• o-planejam ento das características da qualidade do processo de produção,

• o planejam ento da gestão da qualidade.

18
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Particularmente no contexto deste tra b a lh o serão abordados apenas o planejam ento da

q ualidade do produto e o planejam ento da qualidade do processo.

2.2.1 PLANEJAMENTO DA QUALIDADE D O PRODUTO

O bjetivo m aior do planejam ento da qualidade do produto é g a ra n tir que o produto

corresponda às expectativas do cliente. Segundo Pfeifer / l / , as m acro-atividades a

serem realizadas nesta etapa com preendem :

• identificação das expectativas do cliente,

• determ inação dos requisitos da qualidade e especificação técnica do produto,

• planejam ento da confiabilidade,

• planejam ento dos requisitos de segurança do produto.

N o planejam ento da qualidade do produto são definidos entre outros, os requisitos para

a qualidade, que são a "expressão das necessidades identificadas, explicitados em

termos quantitativos ou qualitativos, objetivando d e finir as características de uma

entidade, a fim de perm itir sua realização e seu exame" /8 / . Os requisitos expressos

quantitativam ente em relação às características incluem, por exem plo, os valores

nom inais, valores efetivos, os desvios limites e as tolerâncias. O docum ento que define

os requisitos é comumente denom inado "Especificação" / 8 / . Documentos contendo

especificações em form a de requisitos de clientes, normas, regulamentos técnicos,

desenhos técnicos, fichas de especificação e demais form as docum entadas de

procedim entos técnicos são frequentem ente reunidos em form a de um caderno de

especificações, usado com o referência para o desdobram ento das ações de garantia da

qualidade.

O planejam ento da qualidade do produto estabelece assim, as referências em form a de

especificações, em relação as quais é realizada posteriorm ente a avaliação da

qualidade- buscando verificar o atendim ento dos requisitos especificados e por

consequência das expectativas do cliente /2 3 /.

19
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Uma m aior atuação no planejam ento da qualidade, associada a uma. avaliação cada

vez mais segura e objetiva da conform idade vem sendo proposta por sistemas e normas

da qualidade, a exem plo das normas da série ISO 9 0 00 /2 4 , 2 5 /, da QS 9 0 00 / 2 6 / e

seus manuais e guias específicos, entre eles o APQP - Advanced Product Q uality

Planning e PPAP - Production Part Aprovai Process /2 7 /.

2.2.2 PLANEJAMENTO DA QUALIDADE D O PROCESSO

O planejam ento da qualidade do processo de produção (m anufatura, inspeção,

produção, m ontagem , em balagem ) objetiva planejar as características da qualidade dos

processos pertinentes a todo o processo fa b ril, com vistas a obtenção de um sistema de

produção robusto, capaz, seguro, e eficiente que esteja em condições de viabilizar o

nível da qualidade do produto planejado. Em conseqüência, o nível de planejam ento

define tam bém o investimento que é necessário para a tin gir e m anter os padrões de

qualidade estabelecidos.

O planejam ento da qualidade do processo com preende basicamente o planejam ento

da qualidade dos meios de produção /2 8 /, dos recursos humanos e da gestão do

processo / I /. Este planejam ento referencia-se nos requisitos da qualidade do produto, e

deles deriva os requisitos para os processos de produção. O resultado é um conjunto de

requisitos que cada processo deverá atender para que a conform idade do produto

gerado neste processo atenda por sua vez os seus requisitos especificados. Planejar

adequadam ente a qualidade do processo requer uma forte interação com o

planèjam ento do produto, em uma via de troca de informações de m ão dupla. Uma

otim izada interação entre estas duas áreas, pode a g ilizar em m uito o processo de

desenvolvimento de produtos, na m edida em que antes do início da produção,

problemas clássicos entre projeto e produção já foram superados /2 9 , 30, 3 1 /.

Em razão da dependência entre características do produto e capacidade dos processo

em obteF produtos conform es, o planejam ento do processo necessita ser desenvolvido

com forte interação com o planejam ento do produto, assim com o com as áreas

20
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

operacionais, a exemplo das áreas de avaliação/inspeção da qualidade, fabricação e

m ontagem , que conhecem as características de seus processos e meios de produção, a

ponto de poderem contribuir significativam ente no planejam ento. Isto é reconhecido

pelos requisitos dos sistemas de qualidade, nos quais a apresentação de evidência sobre

o planejam ento avançado da qualidade por parte do fornecedor, inclui inform ação

sobre o fluxogram a dos processos, a capabilidade dos mesmos e os planos de inspeção

(ver APQP - Advanced Product Q u ality Planning / 2 7/).

O planejam ento do processo de produção é tam bém um provedor de informações para

adequações no planejam ento do produto. É estratégico para o planejam ento do

produto, obter o quanto antes possível informações sobre a viab ilid a d e e os custos

associados à produção dos requisitos da qualidade especificados. Caso esta viabilidade

já no planejam ento da qualidade do processo não possa ser visualizada, adequações a

nível de projeto do produto ou soluções inovadoras a nível de processo serão

necessárias. Q uanto antes estas ações são ser tom adas, tanto m enor se configurará o

custo para a busca da solução.

2 .3 M É TO D O S E FERRAMENTAS DE SUPORTE À G AR AN TIA DA Q U A LID A D E

A partir do entendim ento que qualidade deve ser produzida ao longo de todo o

processo de desenvolvimento de um produto, tem-se a considerar que em todas as fases

do desenvolvimento haja uma constante busca pela maxim ização da conform idade e

otim ização dos tempos e custos. O cenário apresentado nas figuras 2.1 e 2.2 aponta

para a necessidade de uma ação mais intensa para g a ra n tir a qualidade já nas fases

iniciais de um produto. C om o suporte ao planejam ento sistemático da qualidade pode-

se lançar m ão hoje de um conjunto de métodos e ferram entas am plam ente testadas e

recomendadas, que possibilitam uma atuação sistemática, preventiva e integrada, sendo

elas classificadas em: (segundo /1 6 /):

21
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

• E n g en h a ria S im u ltâ n e a : é um conceito de trabalho que tem por objetivo

reduzir o tem po necessário para disponibilizar um produto ao m ercado,

m elhorar a qualidade no desenvolvimento do produto e reduzir os custos /2 ,

4, 16/. Sua principal característica é o desenvolvimento paralelo, antecipado e

em times multi-processos de ações/atividades comumente desenvolvidas de

form a sequencial, isolada e mais tardiam ente no processo de desenvolvimento

do produto.

• E n g en h a ria de V a lo r: reúne em um m étodo integrado métodos de solução

de problem as, de gestão e de gerenciam ento de projetos, concedendo

especial atenção no processo de solução de problem as às pessoas envolvidas

/ 1 6 /.

• F erram entas d a E n g e n h a ria d a Q u a lid a d e : reúne ferram entas analíticas de

suporte ao desenvolvimento de produtos e processos, a exem plo de FMEA -

Fealure M ode and Effect Analysis /3 2 , 3 3 /, FTA - Fealure Tree Analysis, DoE -

Design o f Experiments, e outros / I ,4 , 16, 3 4 /. Característica destas

ferram entas é sua aplicação em trabalhos de prevenção de falhas.

Todos estes métodos e ferram entas possuem determ inadas características comuns

agregadoras de valor ao trabalho, tais como:

• trabalho em times interdisciplinares,

• m inim ização dos problem as de interfaces de com unicação entre áreas ,

• trabalho (em time) orientado a projetos,

• característica preventiva,

• visão sistêmica e integrada,

• transparência nas ações e resultados docum entados,

• procedimentos estruturados.

22
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

2 .4 FERRAMENTAS DA EN G EN HARIA DA Q U A LID A D E

Um suporte eficaz no desenvolvimento integrado de produtos e processos é a utilização

de ferram entas da engenharia da qualidade que atuam segundo os princípios da

engenharia simultânea. Q uanto mais estas ferram entas apresentem a capacidade de

atuar integradam ente, tanto m aior será sua contribuição na otim ização dos custos e dos

tempos no desenvolvimento de produtos. Na fig u ra 2.5 é apresentada uma análise de

portfólio com as principais ferram entas da engenharia da qualidade avaliadas segundo

seu atendim ento aos critérios da engenharia simultânea e sua integrabilidade

(comunicação, docum entação e transparência) / 3 5 /. Observa-se que as ferram entas de

uso mais frequente e de m aior efeito na prática industrial concentram-se no mesmo

quadrante (superior direito), evidenciando serem ferram entas com grande potencial de

suporte à garantia da qualidade.

3 10 QFDJ
c
3
3 9
E
« 8 FMEAI

7 - .S S L ]
a
c
> FTA |
UI _D EJ

Legenda:
.0)
QFD: Quality Function Deployment
o 4 FMEA: Failure Mode and Effects Analysis
DoE: Design of Experiments
TD I . FTA: Failure Tree Analysis
-------- 1 W EA 1 DR: Design Review
TD: Tolerance Design
WEA: Weibull Analysis

4 5 6 7 8 9 10
Comunicação, Transparência, Documentação

Fig. 2.5: Posicionamento relativo de métodos da engenharia da qualidade / 2 / .

C om o principais ferram entas de auxílio ao planejam ento da qualidade do produto

podem ser citadas QFD, FMEA de projeto / 3 6 / e DR /3 7 /. Ferramentas específicas

23
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

podem ser utilizadas na otim ização do projeto, a exem plo do Projeto de Tolerâncias, da

Análise Estatística de Tolerâncias e Análise de Robustez.

Busca-se através do uso de métodos e ferram entas preventivas desenvolver produtos e

processos seguros e robustos de form a a minim izar-se as atividades de inspeção durante

e após a produção /3 8 /. Em não sendo possível evitar a inspeção, busca-se

crescentemente im plem entá-la durante o processo de produção. Isto apresenta duas

vantagens principais. Primeiramente, os desvios nos processos podem ser detectados

antes de produzir-se peças defeituosas, perm itindo ações corretivas a baixo custo. Além

disso, no caso dessas peças não conformes virem a ser produzidas, elas podem ser

segregadas antes de passar ao processo seguinte. Por esta razão cresce o uso de

métodos estatísticos com o C ontrole Estatísticos de Processo (CEP) e gerenciam ento

estatístico da qualidade para g a ran tir a qualidade de produtos e processos /3 9 /. Através

dos métodos de análise da capabilidade busca-se avaliar a adequação de um m eio de

produção /4 0 , 4 1 / ou um processo para a obtenção de uma produção segura e estável.

Por meio de técnicas de projeto de experimentos (DoE), é viável otim izar parâm etros do

produto e dos processos de produção, para m elhor atender às especificações. No

tocante aos processos, são particularm ente interessantes as m elhorias que podem ser

obtidas à respeito da sua estabilidade e capabilidade.

Im portante condição para uma eficaz inspeção da qualidade é a sistemática e periódica

calibração dos meios de inspeção no contexto de um sistema de controle/gerenciam ento

dos meios de m edição / 1 , 42, 4 3 /.

Relevância para este tra b a lh o representam por um lado as ferram entas QFD, FMEA,

FTA, CEP e os métodos estatístico para análise da capabilidade de processos. Suas

informações contribuem direta e indiretam ente para o processo de definição da

necessidade de inspeção de característicos. Os princípios sobre os quais se baseiam os

métodos da Análise de Risco / 4 4 / a exem plo de FMEA's, FTA's e ETA's - Event Tree

Analysis, buscam reduzir riscos e aum entar a segurança e a confiabilidade /4 5 /.

Análises 'd e risco perm item decisões qualificadas, econom ia de tem po e recursos

24
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

financeiros, sendo uma eficiente possibilidade para uso e otimizações, na garantia da

qualidade.

2 .5 CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS A UMA M E T O D O L O G IA PARA

DETERM INAÇÃO DA NECESSIDADE DE INSPEÇÃO

A m etodologia a ser desenvolvida, deverá atuar de form a sinérgica no processo de

desenvolvimento de produtos e na garantia da qualidade. Para tal deverá atender aos

seguintes critérios, análogos aos apresentados na figura 2.4.:

• capacidade para operar em am bientes de engenharia simultânea,

• prom over a engenharia simultânea,

• sistematizar os procedimentos,

• ser integrável com outras ferram entas da garantia da qualidade (especialmente

QFD, FMEA, FTA, CEP),

• docum entar informações e perm itir rastream ento de informações,

• apresentar flexibilidade para tra b a lh a r com informações em distintos níveis de

incerteza,

• adequável às especificidades de cada empresa e flexível para reagir a mudanças

nos processos de m anufatura,

• posicionar-se no quadrante superior direito da figura 2.4.

Adicionalm ente, sabe-se que um grande problem a nas empresas na área de garantia

da qualidade consiste em gerenciar o volum e de informações gerada pela aplicação das

ferram entas acim a descritas e pelos demais agentes no processo de desenvolvimento de

produto.

Para superar este problem a, estão sendo im plem entados cada vez mais, sistemas de

apoio, aó gerenciam ento e acom panham ento do ciclo de vida de produtos, d o tipo

PDM/EDM - Product Data M anagem ent / Engineering Data M anagem ent / 4 6 / e C A Q -

25
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

C om puter Aided Q uality M anagem ent /4 7 /, através dos quais o. gerenciam ento

integrado de informações das várias áreas e processo do desenvolvimento de um

produto pode ser integrado, racionalizado e sim plificado. Estes sistemas gerenciam

informações de naturezas e sistemas de arm azenam ento distintos, sendo possível gerar

interfaces com ferram entas diversas a exem plo de sistemas CAD, CAM, CAP, bases de

dados, CEP e muitos outros. C onsiderando este aspecto, a m etodologia para

determ inação da necessidade de inspeção a ser proposta neste trabalho deverá tam bém

ser apta a tra b a lh a r de form a inform atizada (interação com bases de dados PDM / EDM

e sistemas CAQ).

26
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

3 M ETO D O LO G IA PARA DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE DE

INSPEÇÃO

Este trabalho apresenta uma proposta de m etodologia para a determ inação unívoca da

necessidade de inspeção de um característico. O enfoque básico da m etodologia é

g a ran tir que a inspeção da qualidade contribua para a produção de produtos em

conform idade com as especificações, a níveis otim izados de custos e tempos. Estruturada

na form a de um m odelo conceituai, a m etodologia considera três relevantes critérios no

processo decisório:

• assegurar a conform idade (qualidade),

• m inim izar os tempos de inspeção e,

• reduzir os custos da inspeção.

O atendim ento de um característico às suas especificações é, na m etodologia, referência

para a decisão da necessidade de inspeção. Uma vez determ inada a necessidade de

inspecionar por este critério, são sugeridas análises sobre os conseqüentes custos e

tempos. Avaliações dos custos da inspeção, com parados a custos de eventuais

otimizações a nível de produto e de processo, podem g e rar ações corretivas que,

eventualmente, perm item e lim ina r a inspeção.

3.1 ANÁLISE DA M E T O D O L O G IA SOB A Ó P TIC A D A CAIXA PRETA

Função da m etodologia é ser uma ferram enta que, a pa rtir de informações distintas

existentes em diversas áreas e processos na em presa, sistematiza e processa estas

informações gerando com o resultado a definição da necessidade ou não da inspeção. A

m etodologia é uma ferram enta de auxílio às atividades do planejador na etapa de

planejam ento do processo de inspeção. O planejador é o agente responsável pela

coleta das informações dem andadas pela m etodologia. As informações por ele

coletadas encontram -se distribuídas em várias áreas dentro e fora da em presa, assim

27
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

com o apresentam grandes distinções quanto à sua natureza. A interação do planejador

com as fontes de inform ação e a m etodologia está representada na fig u ra 3.1.

SISTEMA DA QUALIDADE

PROJETO

PLANEJ. DA PRODUÇÃO

SELEÇÃO DE
CARACTERÍSTICOS 1
A INSPECIONAR 1
PLANO DE INSPEÇÃO

£
• í n
+ »
(;fc

«

CONTRATOS

NORMALIZAÇAO

CONTROLE CUSTOS

Fig. 3.1: Áreas e processos envolvidos na seleção de característicos a inspecionar.

São três os grupos de informações de entrada, a p artir das quais são geradas duas

informações básicas de saída, conform e m ostrado na figura 3.2.

Característico
pré-selecionado inspecionar característico
METODOLOGIA DE
(sim, não)
Caracterísiticas DETERMINAÇÃO
do processo DA NECESSIDADE
Indicação de adequação
DE INSPEÇÃO de parâmetros
Efeitos da não
conformidade

Fig. 3.2: M odelo de sistema da m etodologia.

28
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

3.1.1 DADOS DE ENTRADA

São considerados dados de entrada todas as informações de caráter qualitativo e

quantitativo sobre o característico em questão e a ele associadas. O conjunto m ínim o

destas informações está caracterizado na figura 3.3, que as relaciona com suas fontes e

áreas no processo de desenvolvimento de produtos.

ÁREAS ENVOLVIDAS
PLANEJAMENTO
DO
PRODUTO
PLANEJ. DO
PROCESSO E
PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
r SUPORTE

PLAN. DO PROCESSO

SIST. DA QUALIDADE

CONTR. DE CUSTOS
CONCEPÇÃO

FABRICAÇÃO

ASSISTÊNCIA
MONTAGEM
MARKETING

INFORMAÇÕES B Á SIC A S'^

INSPEÇÃO

COMPRAS
PROJETO

VENDAS
a Informação ^ Informação
determinante ^ complementar

Requisitos do produto/meio prod./ processo • • • m OOO ] m ■

Especificação do característico
Om o 1 m ■ _ J
Importância do caracterlsitico O • om
• • • o ] •

Efeitos da não conformidade ra io m n i ClO O O □ o 1


Definição dos meios de produção O • • m

Sequência da produção o. • o o -J
Características dos processos de produção • o, • • o.
Características dos meios de produção • o • • o
Especificação de transporte e armazenagem • • •
indicadores de desempenho de fornecedores O. o. • •
Viabilidade técnica da inspeção • •
Normas, procedimentos e cláusulas contratuais • o • • • •
Custo da inspeção
o
Custo do produto
mrnmam M M
• JL mmmmm

Fig. 3.3: Informações para avaliação da necessidade de inspeção.

Enquanto alguns dados de entrada estão disponíveis em uma form a que perm ite seu uso

sem maiores processamentos, outros necessitam ser prospectados e /o u gerados, a

exem plo das informações relativas aos efeitos de falhas que característicos não

29
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

conformes podem provocar no produto, no processo, junto ao cliente e nos custos da

qualidade. A obtenção de informações desta natureza pode ser necessário um tra b a lh o

conjunto de representantes das várias áreas e processos.

Constituem-se fontes de inform ação para identificação dos vários dados de entrada

para a m etodologia:

• descritivo do produto, plano de negócios,

• caderno de encargos, contratos de fornecim ento,

• plano da qualidade do produto, planos de controle, documentos que evidenciam

o PPAPe A P Q P /1 6 , 2 7 /,

• normas, guias, procedimentos, regulam entos técnicos,

• estrutura do produto, d ia g ra m a funcional,

• desenhos técnicos, lista de materiais, diagram as, instruções de m ontagem ,

• matrizes (QFD), Planilhas (FMEA), Diagram as (FTA), check-list (DR),

• relatórios de auditorias, certificados de amostras de lote piloto,

• plano de fabricação de m ontagem e de produção, Lay-out de produção,

• catálogos de meios de produção (máquinas, instrumentos, dispositivos),

• protocolos/relatórios de medições/inspeções, cartas de controle, histogramas,

estimativas de capabilidade de processo,

• relatórios de m ontagem em cam po, registros de assistência e falhas em cam po.

Embora as fontes de inform ação sejam muitas, várias informações necessárias à

m etodologia não fazem parte da docum entação convencional do processo de

desenvolvimento de um produto. Estas são, por vezes, somente evidenciáveis a p artir de

questionamentos e análises sistemáticas com plem entares. Reuniões de engenharia

simultânea, auxiliadas por técnicas com o brainstorm ing, assim com o a construção

conjunta de diagram as causa e efeito, estruturação de análises de árvores de fa lh a e

30
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

métodos semelhantes podem ser necessários para a geração destas inform ações de

entrada.

Os dados de entrada para a m etodologia classificam-se nos três seguintes grupos (ver

fig. 3.2):

• característicos pré-selecionados,

• características do processo,

• efeitos da não conform idade.

C ada um destes grupos será discutido individualm ente na seqüência do trabalho.

3.1.1.1 OS CARACTERÍSTICOS PRÉ-SELECIONADOS

Ao longo das fases do processo de desenvolvimento de um produto são especificados

característicos de várias naturezas, cuja conform idade deve g a ra n tir o atendim ento aos

requisitos estabelecidos. Entre o universo de característicos especificados, existe uma

parcela que se diferencia dos demais por serem relevantes no atendim ento a requisitos

da qualidade, de funcionalidade, de segurança e de confiabilidade tanto a nível de

produto quanto de processos. C onsiderando a existência dos desvios sistemáticos e

aleatórios nos processos de produção, a inspeção pode ser necessária para a avaliação

da conform idade destes característicos e o controle do processo. Apenas estes

característicos passam pela m etodologia proposta neste trabalho, com pondo um sub­

conjunto do universo total de característicos especificados pelo projeto.

A definição da im portância do característico deriva d o processo de planejam ento do

produto e do processo de produção por um lado, assim com o é identificada tam bém a

p artir da m anutenção e do uso do produto. Fontes para identificação da im portância do

característicos são:

31
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

• caderno de encargo, contratos de fornecim ento e especificações, .

• documentos gerados no projeto conceituai e detalhado, matrizes de Q FD, Design

Reviews, FMEA's de projeto,

• planos de fabricação e de produção, m ontagem , em balagem e transporte,

• FMEA's de processo, planos de inspeção, procedimentos de hom ologação,

relatórios de aprovação de lote piloto,

• históricos de assistência técnica, reposição de peças, manutenção e retrabalho,

• históricos do fornecedor, relatórios de devoluções, índices de não aceitação.

Dada a posição deste processo no desenvolvimento do produto, pode neste estágio não

haver dados finais já disponíveis, de form a que se necessita tra b a lh a r com informações

"a p rio ri", estimados e/ou atribuídos por sim ilaridade.

Característicos podem ser geométricos, de m aterial, funcionais, físicos, químicos, de

estética/aparência, de presença e de quantidade /6 , 1, 4 8 /. Através destes e de sua

com binação é verificado o atendim ento aos requisitos especificados para um produto ou

processo.

Devido à sua intrínseca associação com os requisitos, já no processo de planejam ento

do produto é usual classificar-se os característicos em:

• Críticos: relacionados a requisitos de segurança e integridade física dos usuários.

Em caso de falha, vidas podem estar em perigo.

• Relevantes: relacionados a função e desempenho. Em caso de não

conform idade, função/desem penho ficam prejudicados.

• Principais: relacionados ao uso. Em caso de não conform idade, a utilização fica

prejudicada.

Característicos que se enquadram na classificação de "Críticos", "Relevantes" e

"Principias", assim já caracterizados anteriorm ente e /o u definidos analogam ente,

32
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

0 .}J5-)Í^9
form am o grupo de característicos pré-selecionados, que são objeto de avaliação no

contexto desta m etodologia. ____________ _


Biblioteca Universitária
UFSC
3 .1 .1 .2 AS CARACTERÍSTICAS D O PROCESSO

Um segundo grupo de dados de entrada na m etodologia são os relativos às

características dos processos, a p artir dos quais os potenciais característicos a

inspecionar são gerados. Estes dados devem perm itir a avaliação do risco do processo

no atendim ento aos requisitos especificados, e são obtidos junto ao planejam ento dos

processos de m anufatura, planos e relatórios de aprovação de lotes piloto, históricos da

produção, relatórios de auditorias, check-lists de não conform idades, FMEA's de

processo, cartas de controle e demais ferram entas de planejam ento e controle de

processos. Características típicas de processo são:

• índice de capabilidade (Cp, C pk),

• estabilidade/tendência,

• índice de não conform idade (ex.: processos com controle por atributos),

• eficiência do processo.

Estas e outras características podem ser utilizadas para caracterizar na m etodologia o

risco do processo para atendim ento da especificação do característico. D ependendo do

sistema de produção, algum as das características típicas de processo não se aplicam

(capabilidade em lotes pequenos e pequenas séries, por exemplo), de fo rm a que outras

que sejam expressivas devem ser identificadas caso a caso. Cabe ao p la nejador do

processo de inspeção identificar quais as características que serão utilizadas, e suas

respectivas fontes de inform ação.

33
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

3 .1 .1 .3 EFEITOS DA N ÃO CONFORMIDADE

É parte integrante da m etodologia, avaliar a relevância de característicos pré-

selecionados. A determ inação da relevância é realizada por m eio de uma avaliação dos

potenciais efeitos da não conform idade do característico. Os efeitos da não

conform idade podem ser representativos para usuários do produto, mas tam bém para

os processos, com conseqüências a nível técnico, econômico e eventualmente legal.

Os efeitos da não conform idade de um característico necessitam ser avaliados

sistematicamente, com auxílio de ferram entas apropriadas e com o devido envolvimento

das áreas detentoras de informações importantes. Análise de contratos, cadernos de

encargo, normas e legislação, documentos e m em oriais de projeto, resultados de

FMEA's, reclamações de clientes, históricos de assistência técnica, reuniões de

brainstorm ing e demais fontes e métodos de avaliação devem ser utilizadas pelo

planejador para subsidiar aos efeitos da não conform idade de um característico.

Informações coletadas devem ser documentadas, servindo com o referência para

avaliações subsequentes.

3.1.2 INFORMAÇÕES DE SAÍDA

Sob a ótica de caixa preta, a m etodologia tem dois grupos de dados de saída. O

prim eiro é a inform ação se o característico avaliado deve ou não ser inspecionado. Esta

é uma inform ação não am bígua, resultante da avaliação por m eio de um m étodo

heurístico, das informações de entrada.

O segundo g ru po de dados de saída com preende as indicações de "Adequações de

Parâmetros". Estes existem para determ inados casos, nos quais uma adequação

relativamente simples no processo poderia alterar a decisão de inspeção. C om o

exem plo pode-se citar a adequação da relação incerteza de m edição / intervalo de

tolerância, (U/IT) /4 9 , 5 0 /, que se m enor, perm itiria avaliar com m aior fid elidade a

capacidade do processo fa b ril em estudo, revertendo eventualmente a decisão de

inspeção anterior. Estas adequações são sugestões da p rópria m etodologia para

34
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

situações nas quais sem grandes investimentos de alterações no processo de produção

e/ou no projeto do produto, poder-se-ia buscar evitar a inspeção, sem prejuízo à

confiabilidade à qualidade do produto e /ou do processo. Estas adequações podem ser

executadas como um ajuste fino, testando a possibilidade de m inim izar custos.

3.2 DESCRIÇÃO DO M ÉTO DO

A decisão de inspecionar característicos em produtos, processos ou meios de produção

pode se dever a dois grandes fatores: a obrigatoriedade e /ou a busca da conform idade.

A obrigatoriedade existe a partir da determ inação de leis, regulamentos técnicos,

requisitos de certificação, procedim entos internos do sistema da qualidade e /o u quando

normas e guias forem adotadas em cláusulas contratuais, tornando a inspeção

indispensável. Característicos de itens de segurança em veículos, de instrumentos

biomédicos e equipam entos eletrônicos para controle de tráfego são exemplos onde a

inspeção de característicos considerados críticos, relevantes e /o u principais é pre­

determ inada /5 , 2 7 /.

A m etodologia a seguir apresentada ocupa-se com o outro gru po de característicos para

os quais não existe uma pré-determ inação, onde o critério base é a busca da

conform idade em níveis de custo e de tempos otimizados. A m etodologia orienta-se pelo

princípio de que característicos cuja conform idade não está assegurada, devem ser

inspecionados / l , 4, 5 /. Im portante sob o aspecto de custos e da qualidade é verificar

quais característicos cuja conform idade não está assegurada são realmente necessários

inspécionar. A questão central consiste portanto, em desenvolver uma form a para

avaliar se a conform idade do característico "im p o rta n te " está ou não assegurada pelo

processo.

O conceito de solução proposto na m etodologia busca relacionar a im portância do

característico (relevância) com o risco d o processo responsável pelo característico. Para

tal, a m etodologia desenvolvida compõe-se de três sub-sistemas como mostra a figura

3.4.

35
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Determinação da | k f
ii

Relevância do
Determinação j Informações
Dados de entrada Característico j
da de saída
Necessidade }
de
Avaliação de Risco Inspeção j
do Processo BHP

Fig. 3.4: Sub-sistemas para a definição da necessidade de inspeção.

A "D eterm inação da Relevância do Característico" e a "Avaliação do Risco do Processo"

tem a função principal de sistematizar as informações de entrada. A "D eterm inação da

necessidade de inspeção" realiza-se por m eio de uma "m atriz de decisão". Desta matriz

obtém-se os resultados caracterizados na figura 3.2. Trata-se neste estágio do

desenvolvimento da m etodologia ainda de um m odelo conceituai, sem uso de

ferram entas de simulação e /ou sistematização com auxílio da inform ática.

1. A necessidade de inspeção de um característico é decidida a partir da com binação

m atricial das informações da relevância do característico e do risco de uma não

viabilização da conform idade, a partir do processo que o gera. A relevância do

característico em questão, associada ao risco da não conform idade, encontra na

matriz, a indicação ou não da necessidade de ser inspecionado.

3.2.1 O SUBSISTEMA "DETERMINAÇÃO DA RELEVÂNCIA D O CARACTERÍSTICO"

Em razão dos custos associados a uma inspeção, faz-se necessário inspecionar o

m ínim o, sem prejuízos para a qualidade dos produtos e processos envolvidos. A não

conform idade de um característico pode ter significativos reflexos sobre o produto e /o u o

processo, bem com o g e rar desdobram entos que afetam o processo de desenvolvimento

de um produto sob vários aspectos, tais com o tem po, recursos financeiros, logística e

outros. Por esta razão, busca-se identificar quais são característicos relevantes, que em

36
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

não sendo conformes, gerariam perdas expressivas / 4 / junto ao desenvolvim ento do

produto.

O sub-sistema para determ inação da relevância do característico tem com o função

identificar a im portância de um característico, frente a quatro grandes enfoques:

• o cliente/usuário,

• o produto/objeto,

• o processo de produção,

• os custos.

Estes quatro enfoques abrangem as principais razões pelas quais a conform idade de um

característico poderia ser im portante. A relevância é avaliada a partir de um a análise

dos potenciais efeitos que uma não conform idade geraria. Esta form a de avaliação é

usual em métodos de avaliação de risco /4 , 33, 4 4 / e caracteriza-se pelo seu caráter

preventivo, análogam ente à ferram enta FMEA / l , 4, 3 3 /, na qual são avaliados os

efeitos esperados caso a situação pretendida (conform idade) não se concretize.

A definição da relevância do característico dá-se através do uso de uma tabela que

pondera a severidade dos efeitos em caso de não conform idade d o característico,

segundo um conjunto de critérios pré-estabelecidos, análogos aos critérios para

avaliação da severidade na ferram enta FMEA. Associado aos distintos critérios está uma

escala graduada com valores inteiros entre 1 (efeitos pouco significativos) e 10 (efeitos

de grande im pacto), conform e m ostrado na figura 3 .5 , e esta correlacionada com os

três enquadram entos de relevância propostos: Baixa, M édia e Elevada. A pontuação 1 a

3 enquadra-se com o sendo de relevância Baixa, de 4 a seis pontos relevância m édia e

de 7 a 10 pontos a relevância por definição é elevada.

37
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Característico
enquadrado

Fig. 3.5: D eterm inação da relevância do característico.

Os critérios de avaliação são específicos para cada enfoque, sendo que o característico

deve ser avaliado segundo cada um deles. Pode ocorrer por exem plo a situação na qual

a não conform idade de um característico não gera efeitos expressivos ao usuário (cliente

externos), mas pode ter um efeito considerável para um processo subsequente (cliente

interno), de form a que a relevância do mesmo deve ser avaliada segundo os quatro

enfoques, sendo considerado para fins de enquadram ento o va lo r m aior de cada uma

das quatro avaliações.

A avaliação dos potenciais efeitos em caso de não conform idade é uma avaliação

subjétiva, que necessita ser realizada com conhecim ento de causa e visão interdisciplinar

para ser consistente. É pouco provável que o planejador do processo de inspeção tenha

condições de avaliar sempre todos os possíveis efeitos, razão pela qual torna-se

im portante realizar a avaliação com a participação de representantes das várias áreas

envolvidas no desenvolvimento do produto, a exem plo do m arketing, projeto,

planejam ento do processo, compras, produção, m ontagem e assistência técnica,

conform e m ostrado na figura 3.1. Estes são detentores de inform ações não

docum entadas que podem enriquecer em m uito a avaliação, reforçando assim o caráter

38
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

preventivo, de identificação de potenciais falhas antes que ocorram na prática. À uma

adequada avaliação do característico é imprescindível o conhecim ento de sua

especificação, assim com o informações a ele já associadas disponíveis em matrizes de

QFD, relatórios de FMEA's (de sistema, projeto e ou processo), diagram as funcionais,

reclam ação de clientes, históricos de fornecim ento, auditorias de produto e de

documentos utilizados no desenvolvimento de produtos.

Os critérios de avaliação e a correlação entre a pontuação para cada um deles com a

relevância utilizada na m etodologia (baixa, m édia, elevada) podem ser observados na

figura 3.6. Um característico após ser avaliado, passa a estar caracterizado com o

atributo de baixa, m édia ou elevada relevância, sendo este enquadram ento uma das

variáveis determinantes para a decisão da necessidade de inspeção.

Os critérios propostos para a avaliação da relevância d o característico podem ser na

m edida do necessário mais detalhados e particularizados, em função da natureza do


A

característico, do processo de produção e /o u m ercado. Ênfases reforçadas, critérios

adicionais assim com o deslocamentos relativos da escala de pontuação podem reforçar

ou atenuar o enquadram ento atribuído ao característico, sendo objeto de adequações

introduzidas pelo usuário, adequando a m etodologia ao seu uso.

39
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DA RELEVÂNCIA DO CARACTERÍSTICO

Efeitos diretos Efeitos sobre o Efeitos sobre o Efeitos sobre os


sobre o CLIENTE OBJETO/PRODUTO PROCESSO DE CUSTOS
piri/'~\ r-vi 1/“"*a
PRODUÇÃO
• Manuseio • Funcionalidade • Custos de refugo
u CO • Segurança • Intercambiabilidade • Viabilid. de processos e Retrabalho
z O •
t~ Conforto • Confiabilidade fabris subsequentes • Perda de processos
> Z
LU O • Aparência • Desempenho • Mensurabilidade devido a material de
_1 a_
LU • Vida Útil • Montabilidade entrada não conforme
• Manutenibilidade • Ativação da equipe de
Manutenção
Assistência Técnica
• Reparação de danos
E improvável que a Não conformidade não Processos subsequentes Não conformidade não
não conformidade produz perturbações na não são afetados pela gera custos de
seja percebida pelo funcionalidade e não conformidade... ineficiência, refugo e/ou
1 cliente... desempenho do 1 retrabalho...
4 produto...
41 ...se for percebida, ...processos subsequentes
4
< y4
leva a insatisfações podem ser ligeiramente ...gera incrementos de
3 não relevantes. ...efeitos da não afetados, mas sem perda custos menores aos
conformidade não são de produtividade. necessários para melhorar
funcionalmente o processo.
relevantes.
Não conformidade Não conformidade pode Não conformidade pode Não conformidade pode
significativa, que levar à perda parcial gerar perturbações na comprometer custos junto
resulta em pequenas das características sequência do processo a processos subsequentes
insatisfações junto funcionais do produto, fabril, produzindo maiores que os custos de
4 ao cliente... retardos e exigindo otimização do processo
< retrabalhos... atual...
o 4 4-
"L U 4 4 4
...resulta em ...pode ser necessária a
6 insatisfações que intervenção da ... pode induzir perda ... pode comprometer o
podem afetar a assistência técnica para (refugo) de produto nos valor que o processo
decisão do cliente de operacionalização do processos subsequentes. subsequente agrega ao
comprar o produto mesmo. produto.
ou produtos da Intercambiabilidade
mesma marca pode estar afetada.
Grande impacto da Produto/componente Não conformidade pode Não conformidade pode
não conformidade, opera com grandes produzir danos nos levar à re-negociação de
expectativas básicas restrições e baixa equipamentos associados datas de fornecimento,
do cliente não são confiabilidade devido à aos processos logísitica elevada, e perda
atendidas... não conformidade... subsequentes ou tem de credibilidade junto ao
7 efeitos que podem levar à cliente...
< 1 1
Ar
o parada da produção...
< I 4
£ ...segurança do ...produto/componente
4
LU cliente pode ser não opera ou ... pode levar à
1 0
afetada. desenvolve um modo de ...tem efeitos que podem devolução do produto ou
operação perigoso para gerar ferimentos nos cancelamento do
o usuário ou ambiente. funcionários que operam contrato, ao pagamento
- * os processos de multas e indenizações.
subsequentes. Perda definitiva do cliente
é possível.

Fig. 3.6: Critérios e pontuação para determ inação da relevância do característico.


40
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

3.2.2 O SUBSISTEMA "AVALIAÇÃO D O RISCO D O PROCESSO"

Processos estão sujeitos a influências de várias naturezas, o que tem por consequência a

alterações nos produtos nele gerados. A som atória destas influências podem ser

responsáveis por desvios de caráter sistemático e /ou aleatório do processo, cujos efeitos

podem levar a não conform idade tanto de característicos relativos ao p ró p rio processo

quanto ao produto por ele gerado / 5 1/. Processos cujos desvios podem levar a geração

de produtos não conformes, representam um determ inado risco quanto à qualidade do

produto gerado, levando por consequência à uma avaliação da necessidade de

inspeção do produto gerado. No subsistema de "Avaliação do Risco do Processo" busca-

se avaliar a p artir de parâm etros e informações históricas do processo, qual o risco de

não conform idade que existe para o característico do produto em questão. Esta

avaliação orienta-se analogam ente às técnicas de análise de risco /1 6 , 4 4 / utilizadas em

métodos como FMEA e diagram as causa-efeito.

Para que a avaliação possa ser realizada, o característico necessita estar relacionado ao

processo que o gerará na m anufatura, sendo necessário para tal, o tra b a lh o conjunto

das áreas de planejam ento do processo de produção e da inspeção. São necessários

tam bém dados confiáveis sobre as características do processo para uma avaliação

segundo critérios qualitativos, com parativos e quantitativos conform e m ostrado na figura

3.7, utilizados para enquadrar o risco em três categorias básicas: Baixo, M édio e

Elevado.

41
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Caracterização do Risco do Processo

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

QUALITATIVO COMPARATIVO QUANTITATIVO



#




Fig. 3.7: Sistemática de avaliação do risco do processo.

O s critérios utilizados para avaliação do risco do processo devem ser adequados às

características do sistema de produção da empresa e aos sistemas da q u alidade que

dispõe para m onitorar seus processos e meios de produção. Em produções em grandes

séries e /o u contínuas, onde são aplicáveis os métodos estatísticos, são priorizados com o

critérios de avaliação os indicadores quantitativos, a exem plo de índices de capabilidade

dos processos, cartas de controle e resultado de amostras de lotes piloto. Em processos

cujos dados não perm item um processamento estatístico, a avaliação do risco torna-se

mais subjetiva, apoiando-se prioritariam ente sobre dados históricos e evidências

objetivas, utilizando por exem plo descritivos de processo, procedim entos, relatórios de

FMEA's, índices de refugo e retrabalho e índices de eficiência.

A m etodologia propõe um conjunto de critérios genéricos segundo m ostrado na figura

3 .8 , aplicáveis a um am plo leque processos e sistemas de produção, que merecem

porém çjetalhamentos na m edida do seu uso em um sistema de produção mais

específico.

42
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

RISCO D O PROCESSO

BAIXO MÉDIO ELEVADO

• Não conformidades são • Processo apresenta não • Falha é quase inevitável.


eventuais e isoladas. conformidades ocasionais, mas
• Comportamento similar a
• Processo está sob controle não em maiores proporções
anteriores que apresentaram
estatístico. não conformidades freqüentes
• Processo está sob controle
• Plano de produção avaliado e estatístico. • Processo não está sob controle
aprovado. estatístico.
• índices de refugo e retrabalho
• Histórico de produção indica flutuam. • Históricos de produção
estabilidade. indicam processo instável.

Taxa de falha < Taxa de falha ^ 1/10.00 0


Taxa de falha > 1 /1 .0 0 0
1 /1 0 .0 0 0 e < 1/1.000
Cp ^ 1,67 e Cpk ^ 1,33 Cp e Cpk 5: 1,0

Fig. 3.8: Critérios de avaliação do risco do processo.

C aberá ao planejador da inspeção analisar o processo que gerará o característico,

frente aos critérios estabelecidos, buscando enquadrá-lo em uma das três categorias de

risco. Em caso de m últiplas possibilidades, o enquadram ento escolhido deverá ser o de

m aior risco, de form a coerente com a busca pela conform idade do característico.

3 .2 .3 O SUBSISTEMA "DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE DE INSPEÇÃO"

A necessidade de inspeção é definida por m eio de uma matriz de decisão, a p artir da

com binação do risco do processo e da relevância d o característico. A decisão extraída

da matriz apresentada na figura 3.9 é o resultado da análise de cada um dos nove

campos form ados pela com binação entre os três níveis de risco do processo e os três

relativos à relevância dos característicos.

43
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

RISCO DO PROCESSO

BAIXO MÉDIO ELEVADO


• N ão conformidades são • Processo apresenta não • Falha é quase inevitável.
eventuais e isoladas. conform idades ocasionais, • C om portam ento sim ilar
• Processo está sob mas não em maiores a anteriores que
controle estatístico. proporções. apresentaram não
• Plano de produção • Processo está sob controle conform idades
avaliado e aprovado. estatístico. freqüentes.
• Histórico de produção • índices de refugo e • Processo não está sob
indica estabilidade. retrabalho flutuam . controle estatístico.
• Históricos de produção
indicam processo
instável.
Taxa de falha < Taxa de falha > 1/10.000
Taxa de falha > 1/1.000
1/10.000 e < 1/1.000
Cp > 1,67 e Cpk > 1,33 Cp e Cpk > 1,0 -----
BAIXA

NÃO INSPECIONAR NÃO INSPECIONAR NÃO INSPECIONAR


DO CARACTERÍSTICO

INSPECIONAR
&
MÉDIA

N ÁO INSPECIONAR A valiar relação U/IT INSPECIONAR


utilizada para análise de
Cp e Cpk

INSPECIONAR
RELEVÂNCIA

< INSPECIONAR &


Q INSPECIONAR
2 & A valiar relação U/IT
LU
_ 1
U tilizar dinam ização utilizada para análise de
LU
Cp e Cpk

Fig. 3.9: M atriz de decisão.

Uma vez enquadrado o característico segundo sua relevância e definido o

enquadram ento do processo, é identificada na matriz a recomendação de inspecionar

ou não inspecionar. Q u a n to m enor o risco do processo e a relevância d o característico,

tanto m a io r é probabilidade da conform idade e a não geração de efeitos indesejados, a

ponto de inspeções para fins de com provação da conform idade poderem ser

44
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

dispensadas. Q uanto m aior a relevância do característico e o risco do processo, m enor

a p robabilidade de conform idade, e m aior a perda gerada por efeitos indesejados para

o cliente interno e externo, de form a que a inspeção se torna im prescindível. A matriz

apresenta as indicações para cada uma das possíveis combinações interm ediárias.

Há de se m encionar, que o m étodo proposto pressupõe a inalterabilidade dos

processos, e os resultados da matriz tem validade pelo período de tem po durante o qual

a condição de enquadram ento de relevância e de risco se m antiver inalterada.

Substanciais alterações a nível de especificação do característico, seqüenciam ento do

processo de produção e /ou valores de desem penho do processo, conduzem a uma re­

avaliação do enquadram ento na matriz. A docum entação gerada pela aplicação do

m étodo é, portanto, de caráter dinâm ico.

Uma análise da matriz linha por linha mostra uma tendência forte para a inspeção na

m edida em que a relevância do característico cresce. Atenção especial despertam nesta

análise os três seguintes campos na matriz:

• Relevância média ou elevada e risco m édio:

Estes dois campos devido ao seu risco de não conform idade recom endam

realizar a inspeção. Estes campos estão próximos a combinações de risco e

relevância onde uma não inspeção seria possível, m inim izando custos. Opções

para m ig ra r para uma não inspeção seriam:

a) Verificar com quê relação de U /IT (Incerteza de M edição/Intervalo de

tolerância) estão sendo realizadas as medições utilizadas no cálculo de C p e

C pk. Tem sido sugerido que os erros de m edição distorcem os valores dos

índices de capabilidade de processos /5 2 /. Segundo /5 3 , 54, 55, 5 6 /

relações U /IT superiores a 1 /1 0 em valores de C p e C pk acima de 1,0 podem

levar a distorções significativas na avaliação da capabilidade de processos.

Sendo possível utilizar um sistema de m edição com incerteza m enor, as

45
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

distorções em C p e C pk seriam m inim izadas, derivando eventualmente para

um re-enquadram ento de risco de processo | 11.

b) O tim izar o processo, de form a que para a mesma relevância o risco se

reduza para "baixo risco".

c) Rever a especificação do característico e /ou o processo de produção, de

form a que sua relevância possa cair para baixa. Esta é uma opção que

necessita uma análise cautelosa, uma vez que requer um trabalho a m plo de

revisão de seus desdobram entos, em alguns casos podendo chegar até aos

requisitos definidos pelo cliente na fase de definição do produto.

| 11 A estimativa da capabilidade de um processo de manufatura é afetada pelos erros de medição.


Mittag /5 2 / analisou do ponto de vista estatístico as influências dos erros aleatórios e sistemáticos
para diversos índices de capabilidade. Erros aleatórios aumentam o espalhamento da distribuição
dos resultados de medição frente a distribuição dos valores verdadeiros, de forma a principalmente
levar a estimativas conservativas da capabilidade do processo. Erros sistemáticos constantes
produzem um deslocamento do valor médio da distribuição, distorcendo os valores de CP|<, Cpm e
Cpmk. Reconhecendo estas considerações, alguns autores propõe equações para corrigir os valores
de índices de capabilidade estimados normalmente em ambientes fabris. Hernla /5 4 / e
Weckenmann /5 5 / propõem estimar a real variância do processo reduzindo da variância dos
resultados o quadrado da incerteza de medição padrão. Donatelli et al. /5 6 / sugere que
contribuições sistemáticas na incerteza não devem ser tratadas como variáveis randômicas
independentes, mas como curvas randômicas. A partir desta proposição, pode-se obter um intervalo
de cónfictríça de 95% para os valores verdadeiros de capabilidade. Com a finalidade de
simplificação, o autor propõe usar a pior capabilidade que seja consistente com as condições de
medição, que é o menor valor no intervalo de confiança de 95%.

46
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

As ações acim a sugeridas com preendem as recomendações d e . adequação de

parâm etros que a m etodologia sugere com o segundo grupo de informações de saída.

Estas recomendações dem andam investimentos relativamente reduzidos para buscar

uma m inim ização da inspeção. Investimentos maiores poderão ser dem andados caso

seja avaliado ser conveniente a otim ização do processo e /ou a revisão da especificação

do característico nas fases de projeto e planejam ento.

47
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

4 INTEGRAÇÃO DA M ETO D O LO G IA NA GARANTIA DA QUALIDADE

A m etodologia está concebida para atuar de form a integrada na garantia da qualidade,

interagindo com vários setores e processos na empresa, conform e m ostrado na figura

3.1. Por um lado ela dem anda um conjunto expressivo de informações de entrada (ver

figura 3.3), e por outro lado é tam bém geradora de informações úteis para outros

processos no desenvolvimento de produtos. Esta interação será a b o rd a d o nos itens a

seguir.

4.1 P O S IC IO N A M E N T O DA M E T O D O L O G IA NO PROCESSO DE

DESENVOLVIM ENTO DE PRODUTOS

O planejam ento da inspeção é uma atividade que antecede o processo de produção.

Ele localiza-se nas fases de planejam ento do processo e da produção, e deveria ser

realizado tão logo as informações de entrada para a m etodologia estejam definidas.

Recomenda-se especialmente que o planejam ento da necessidade de inspeção ocorra o

quanto antes possível, para que eventuais adequações a nível de processo de produção

e projeto possam ser realizadas em estágios onde ainda é relativam ente simples e

barato im plem entá-las /1 , 2 /. Uma vez que a m etodologia oferece interessantes

possibilidades de análises de caráter preventivo (potenciais efeitos de não conform idade,

correlação destes com o risco do processo de produção, recomendações de adequação),

sua utilização deveria concentrar-se na interface entre o projeto e o planejam ento do

processo de produção.

A figura 4.1 apresenta a interação de alguns macro-processos do desenvolvimento de

um produto com técnicas da garantia da qualidade. A m etodologia proposta insere-se

neste sistema, e passa ser parte integrante e ativa, desem penhando um papel

im portante nos ciclos de realim entação da qualidade / ! / que devem subsidiar o

processo de m elhoria contínua dos produtos gerados.

48
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

REQUISITOS

Fig. 4 .1 : Ciclos de realim entação da qualidade no desenvolvimento de produtos.

A daptado de Redecker / 7 /.

N o processo de desenvolvimento do produto, os resultados das inspeções ao serem

avaliados frente as especificações, podem levar basicamente a ações corretivas em três

níveis distintos. O prim eiro nível, operacionalizado através do ciclo de realim entação da

qualidade na m áquina, atua localmente, em form a de um feed-back de m alha fechada,

sem alterações a nível do processo de produção e do processo de inspeção. O segundo

nível de ações corretivas dem anda eventualmente adequações que tangem os processos

de produção e o processo de inspeção envolvidos, buscando assegurar a qualidade

através de adequações no planejam ento destes processos. Um terceiro nível de

adequações pode ser dem andado, de form a que alterações a nível de projeto do

produto e planejam ento do processo de produção e inspeção se façam necessárias.

O subsistema "Avaliação do Risco do Processo" da m etodologia proposta (ver figura 3.4)

interage com prim eiro e o segundo nível de ações corretivas, que com preendem o ciclo

49
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

de realim entação da qualidade na m áquina (fabricação —> inspeção —> fabricação) e no

processo de produção (planejam ento da inspeção —> fabricação —> inspeção —> análise

dos dados —» planejam ento da inspeção). Dados atualizados de inspeções entram no

subsistema, perm itindo avaliar a m anutenção dos níveis de risco dos processos frente a

decisão de inspeção, bem como as informações sobre o processo para a confirm ação

da decisão de inspeção ou sua revisão.

O ciclo da qualidade no terceiro nível (projeto -» planejam ento da inspeção —>•

fabricação —> inspeção —» análise dos dados —> projeto), que envolve a realim entação a

nível de desenvolvimento do produto, envolve adicionalm ente de form a intensiva o sub­

sistema "D eterm inação da Relevância do Característico", revisando informações,

requisitos e especificações do característico, tendo em vista uma otim ização d o processo

de garantia da qualidade do produto.

Sendo partícipe ativa na malha de realim entação da qualidade no desenvolvimento de

produtos, a m etodologia caracteriza-se com o com ponente de um sistema eficaz de

garantia da qualidade e agregadora de valor no conceito de custos da qu alida d e (custo

da conform idade) / 4 /.

4 .2 INTERFACES C O M ÁREAS CORRELATAS

Um aspecto relevante da m etodologia proposta, é sua abrangente sistemática (cliente

interno e externo, processo de produção, produto e custos) de identificação da

im portância do característico, buscando avaliar a necessidade de sua inspeção. Para

viabilizar esta avaliação (ver item 3.2.1), faz-se necessária a interação de várias áreas

da empresa e do desenvolvimento do produto, identificando e analisando informações

dem andadas pela m etodologia. As áreas envolvidas nesta troca de informações estão

mapeadas na figura 4 .2 , que evidencia tam bém o grande núm ero de interfaces de

com unicação existentes com o planejam ento da inspeção.

50
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

PLANEJAMENTO
DO PROCESSO E CAPP
DA PRODUÇÃO

CAQ
M INSPEÇÃO AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE

FABRICAÇÃO

MONTAGEM CAM

ASSISTÊNCIA

Fluxo de informações unidirecional


LEGENDA: Fluxo de informações bidirecional

Fig. 4.2: Áreas envolvidas na determ inação da necessidade de inspeção.

Interfaces de comunicação entre áreas podem ser grandes gargalos que im pedem o

fluxo de informações relevantes. O tra b a lh o em times de engenharia simultânea e o uso

de ferram entas m etodológicas do tipo diagram as causa-efeito, check-list, histogramas,

árvores de falha, árvores funcionais e diagram as de correlação, são as ferram entas que

o planejador da inspeção utilizará para obter os necessários inputs de inform ação à

m etodologia e processá-los adequadam ente.

O uso crescente de ferram entas m etodológicas no planejam ento e na gestão dos

processos industriais, bem com o a rápida im plantação de sistemas inform atizados

integradores com o PDM (Product Data M anagem ent Systems) /5 7 , 58, 5 9 / perm itirão

em breve superar algum as das principais barreiras relativas a sistematização e o acesso

a informações. Sistema C A Q - C om puter Aided Q u a lity M anagem ent /6 0 , 6 1 / já

assumem atualm ente a função de d a r suporte ao gerenciam ento e à integração de

informações, disponibilizando-as em form atos diversos para serem acessados e

processados na continuidade. FMEA's, cartas de controle, históricos de produção, e

outros módulos integram sistemas C AQ modernos, oportunizando seu interfaceam ento

em termos de troca de dados, por m eio de interfaces de com unicação pradronizadas

51
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

internacionalm ente, a exem plo do p a drã o STEP (Standard fo r the Exchange o f Product

M odel Data) /4 6 /. O m odelo conceituai deste trabalho uma vez validado,

poderá/deverá ser operacionalizado através de uma ferram enta inform atizada,

atribuindo-lhe a necessária capacidade de processamento rá p id o de informações,

interação com bases de dados, troca de dados com sistemas CAx e interfaceam ento com

sistemas de controle de processo e rastream ento de dados.

A fig u ra 4 .3 apresenta os principais provedores de inform ação à m etodologia, os meios

e as form as de transferência de informações, ainda a nível conceituai. Ressaltes-se que a

contribuição que áreas com o com pras e assistência técnica tem a d a r ao processo é de

extrema relevância, justamente por atuarem na interface interna/externa, onde

informações comumente não são transferidas e consideradas a contento, especialmente

devido ao efeito g a rga lo acima m encionado. As informações deles advindas agregam

valor especial à avaliação da relevância do característico, trazendo para dentro da fase

de planejam ento da garantia da qualidade, aspectos norm alm ente somente percebidos

externamente e pós-processo.

52
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

PROJETO

• Plano de Negócios
PLANEJ. DO PRQC
E DA PRODUÇÃO
> 1
PRODUÇÃO
> 1
INSPEÇÃO
>
• índices de refugo/retrabafho
• Relatórios de avaliação de
lotes piloto e peças modelo
• Estrutura do Produto
- Definição de processos e • Estatísticas de produção
• Arvore funcional • Dados de ensaio de
meios de produção
• Especificações aceitação de máquinas
• Plano de produção • Relatórios de análise de
• Desenhos técVEsquemas
• PlanBhas de Tempos e capacidade de máquinas
• Instruções de Montagem
custos e processos
»Dados QFD, FM EA, TD • Cartas de controle
• Parâmetros de processos
• Planilhas de FM EA
• Cartas de controle
> Relatórios de avaliação
Avaliação do • Refat. de parada de prod.
de lote piloto Risco do Processo • Índices de produtividade
• Falhas na montagem e
• Relat. de manutenção testes funcionais
• Defeitos em materiais de
entrada/fornecidos.

Relatórios de auditorias em
fornecedores
Relatórios da aprovação de
de lotes piloto (PAPP)
FMEAS de processo de
fornecedores
Cartas de controle de _
fornecedores,*.
\Wbritcramento
RSOODOPRDCESSO
A n ã ise V ^
de Efeitos Baixo Mêdio
Bev.
Rrievfcid j j p a o

a ia
Baixa
Histórico/frequência de
[b
falhas em campo to*?*
Causas e efeitos de falhas = ~ m Mécfia fewrUtr
fp —>
Reclamações de dientes
• Características de 1E
confiabilidade ir ~ ASSISTÊNCIA
• Características de Bevadê Rwurr
Manutenibiüdade

Necessidade de Inspeção

Fig. 4.3: Fontes e meios de inform ação de entrada para a m etodologia.

A dinâm ica dem andada para prover informações de entrada à m etodologia evidencia a

necessidade da empresa estar m inim am ente organizada, e tra b a lh a r segundo os

princípios da engenharia simultânea. Em sendo um propósito da m etodologia incentivar

o uso de técnicas de prevenção e da engenharia sim ultânea, estas passaram a fazer

parte da própria form a de uso da m etodologia.

4 .3 FORMAS DE U TILIZA Ç Ã O D A M E T O D O L O G IA

A forhna prim eira de uso da m etodologia prevê a determ inação da necessidade de

inspeção de um característico pré-selecionado, a p a rtir da identificação de sua

53
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

relevância e a avaliação do risco do processo, conform e descrito em 3.2. A pré-seleção

do característico ocorre durante o processo de projeto e planejam ento da produção, e

baseia-se fundam entalm ente na experiência do projetista e do planejador de processos,

em normas, procedimentos da q u alidade e /ou cláusulas contratuais, de caráter

voluntário.

Esta form a de uso é a form a convencional, viável a partir do m om ento em que a

m etodologia estiver validada. Vale lem brar que no atual estágio, a m etodologia é um

m odelo conceituai. A form a convencional caracteriza-se pelo seguinte procedim ento: a

p artir da correlação da relevância d o característico com o risco do processo, busca-se

determ inar a necessidade de inspeção, representado por:

N I = f (RC; RP)

sendo: RC -> Relevância do Característico (item 3.2.1)

RP -» Risco do Processo (item 3.2.2)

NI -» Necessidade de inspeção (item 3.2.3)

f -> Função transferência definida pela matriz (m odelo heurístico)

O m odelo heurístico da função transferência baseia-se nas evidências práticas do uso da

análise e avaliação de risco / l , 4, 33, 6 0 /, análise de valor / l , 6 0 /, e métodos

estatísticos de avaliação de processos /5 , 6, 9, 31, 38, 4 5 /. Ferramentas com o QFD,

FTA, FMEA, CEP de a p licabilidade reconhecida e recomendadas em sistemas da

qualidade e futuras normas baseiam-se sobre os mesmos fundam entos.

A m etodologia lança m ão de vários princípios da engenharia da qualidade de

com provada eficácia, a exem plo da engenharia sim ultânea, análise e avaliação de risco,

análise de valor, avaliação de processos e indicadores estatísticos, tanto para a função

de levantam ento das informações, quanto para a sistematização e posterior

processamento. Algum as ferram entas específicas utilizadas na prática industrial como

QFD, FMEA, FTA's e CEP podem interagir de form as diversas com a m etodologia, por

54
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

um lado recebendo delas informações já existentes e pré-processadas e por outro

utilizando a m etodologia como provedora de informações para elas nas fases de

planejam ento do produto, do processo e das áreas de suporte e assistência.

A figura 4.4 apresenta esta form a convencional de uso da m etodologia, na qual, para o

característico em questão, é buscada a inform ação da necessidade de sua inspeção,

seguindo os passos: determ inação da relevância do característico, avaliação d o risco do

processo e identificação da necessidade de inspeção (na matriz).

Fig. 4.4: Uso convencional da m etodologia.

A figura 4 .5 apresenta o procedim ento de uso da m etodologia na form a convencional, e

a validade da decisão de inspeção frente a alterações no processos. A pa rtir do

posicionam ento no matriz de decisão, oportunizam -se reflexões referentes a otimizações,

que se im plem entados poderiam reverter a decisão existente. A figura 4 .5 apresenta a

seqüê.ncia de operações e as dependências para os casos de otim ização e alterações no

processo.

55
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Fig. 4 .5 : Sistemática de operação da m etodologia.

56
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Além da form a convencional, a m etodologia oferece outras form as de uso, a exem plo

de algum as combinações mostradas na fig u ra 4.6. A figura apresenta possibilidades de

com binação entre duas variáveis conhecidas e /ou pré determ inadas, para identificação

da terceira variável. Esta é uma possibilidade real, quando por razões técnicas ou

econômicas, uma inspeção é im praticável. Neste caso, identifica-se na matriz de decisão

quais combinações de risco do processo e relevância do característico viabilizam a não

inspeção. Uma possibilidade para este caso está mostrada no exem plo 2, onde

conhecido e /ou estimado o risco do processo com o m édio, a não inspeção só é possível

se a relevância do característico em questão fo r baixa. O enquadram ento da relevância

requer atenção para os quatro enfoques considerados no item 3.2.1 (cliente, produto,

processo de produção e custos), especialmente para aquele crítico que determ ina o valor

desta.

E ntrada
Ações
E xem plo Saída
V a riá v e l 1 V a riá v e l 2 co n seqüentes

Checar correção no
Risco do Relevância do Inspecionar
1 valor de C p devido a
processo Médio característico Média
Incerteza de M edição

Projetar especificação
do característico para
Risco do Não inspecionar Relevância do
atender critérios de
2 processo Médio característico tem que
baixa relevância nos
ser baixa
quatro enfoques (cliente,
produto, processo,
custo)

3 .... .... ....

Relevância do Com binação Rever especificação do


4 característico inconsistente característico
N ão inspecionar
Elevada

5 .... ....

Relevância do N ão inspecionar Com binação Para m anter variável 2,


6. característico inconsistente otim izar processo e
Elevada rever especificação do
característico

Fig. 4 .6 : Exemplos de possibilidades de uso da m etodologia.

57
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Uma vez coletados dados com o uso da m etodologia, ela passa a o p e ra r com o um

catálogo orientativo, onde o projetista, o planejador de processo, a garantia da

qualidade, compras e demais áreas relacionadas (ver fig u ra 4.2) podem buscar

inform ações com vistas a encam inhar/desenvolver soluções que atendam as restrições e

ou intenções que estejam sendo necessárias. Ressalte-se aqui, que a m etodologia assim

estruturada diferencia-se da m aioria das ferram entas convencionalmente utilizadas, que

comumente não apresentam a funcionalidade de duplo sentido.

O u tro aspecto relevante é que através da possibilidade de inversão no sentido de uso da

m etodologia, a viabilidade técnica e a viabilidade econômica da inspeção passam a

interagir no processo decisório, oportunizando uma avaliação custo/benefício numa fase

ainda de planejam ento. Outrossim torna-se viável planejar de form a mais eficaz

custos/investimentos em infra-estrutura m etrológica, assim com o análises referentes a

terceirizações de processos e /o u inspeções devido aos custos estimados.

Evidencia-se pelos exemplos acim a, que a m etodologia operando em d u plo sentido,

constitui-se em uma ferram enta de engenharia sim ultânea, sistematizadora de

informações em áreas de interface, agregadora de valor ao processo de

desenvolvimento de produtos. Sua eficácia pode ser m axim izada por m eio de sua

customização às características e especificidades da empresa.

A possibilidade de uso da m etodologia nesta form a, torna-a uma ferram enta

extrem amente versátil, de suporte a várias áreas e processos do desenvolvimento do

produto, conform e m ostrado na fig u ra 4 .7 . Nas fases de planejam ento de um produto

ou processo, informações prelim inares podem ser levadas para pré-avaliação na

m etodologia (veja vetor dados e informações na figura), buscando avaliar se a

com posição de especificações e históricos de risco de processo levariam o característico

em análise a uma necessidade de inspeção. Em casos nos quais a relevância do

característico é de ordem elevada, porém sem possibilidades de m inim ização, estudos

prelim inares por m eio da m atriz de decisão perm itirão avaliar qual seria um

desem penho adequado para o processo, a ponto de a inspeção em bora necessária,

poder ser realizada com dinam ização (skip-lot). Caso nem através da adequação das

58
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

especificações do característico nem da disponibilidade de um processo com risco

suficientemente baixo seja possível evitar a inspeção, tem-se então já neste estágio

em brionário de planejam ento, uma pré-inform ação sobre a necessidade de inspeção.

Esta por sua vez possibilita verificar em tem po hábil a viabilidade técnica da inspeção, a

disponibilidade de infra-estrutura, os custos associados, bem com uma avaliação do

m enor custo frente as possibilidades que se oferecem de adequação do das

especificações do produto/processo, otim ização do processo, mudança de processo e /ou

terceirização da m anufatura.

Uma vez disponíveis suficientes dados históricos e uma experiência prática no uso da

m etodologia, esta passa a ser uma ferram enta ativa, de grande possibilidade de uso

nas fases de planejam ento da qualidade.

fVendaS PRODUÇÃO
f Assistência
Controle de custos FORNECEDORES
X ____
[ Compras AÇOES DE MELHORIA
( S ls t Qualidade ID O PLANEJAMENTO
DO PROCESSO
( Montagem
r Fabricação
f Inspeção PLANEJAMENTO
( Plan. Proc. e Prod.’
DO PRODUTO

f Projeto Nkâriz de Decisão


1 Concepção
M arketing
' , Monitora-
RISCO DO PROCESSO
A n á Íte ^ * 0
d e Efeitos Baixo Médio Elev.
*.• y
CARACTERÍSTICO
RELEVÂNCIA DO

PROCESSO DE Baixa *
DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTO Média Rever U/IT
INFORMAÇÕES

Elevada +
Dinamização Rever U/fT

P LA N O D E IN SPEÇ Ã O




Fig. 4 .7 : Uso da m etodologia com o ferram enta da garantia da qualidade.

59
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

Aspecto relevante adicional a considerar com relação ao "feed-back".da m etodologia

aos demais processos no desenvolvim ento do produto, é a possibilidade de identificar e

responder:

• "porque" realmente o característico necessita ser inspecionado,

• que influências o característico tem , que anteriorm ente não havia sido percebida

(devido a falta de interação entre as áreas que definem especificações, processos,

parâm etros, custos etc....).

Estas duas questões são aqui ressaltadas, devido a constatação tanto a nível de pesquisa

bibliográfica quanto nas interações com especialistas e empresas, que a razão da

inspeção nem sempre está claram ente definida, nem tam pouco sua relação com as

demais áreas do processo de desenvolvimento do produto e aspectos organizacionais

das empresas.

Estes aspectos podem induzir a reflexões sobre casos similares, de form a que o processo

de planejam ento da inspeção passa a ser tam bém um indutor para reflexões e análises

mais sistêmicas e abrangentes na prática industrial.

Para um uso da m etodologia na am plitude proposta, fazem-se necessárias adequações

dos critérios de relevância dos característicos às especificidades da empresa, do produto

e do processo produtivo, bem como ajustes nos respectivos subsistemas da m etodologia

em conform idade com os sistemas da qualidade de cada empresa

4 .4 AÇÕES PARA A C O N S O L ID A Ç Ã O D A M E T O D O L O G IA N A PRÁTICA

A m etodologia desenvolvida neste tra b a lh o constitui-se em m odelo conceituai / 2 1/ ,

genérico e abrangente. Para consolidar-se com o uma ferram enta de ap lica bilid a d e na

prática industrial, integrada à garantia da qualidade, a m etodologia deverá:

• Ser validada quanto ao m odelo heurístico, os critérios e as correlações utilizadas.

■' A 'p a rtir de um case de referência, será necessário avaliar inicialm ente para um

caso representativo, os resultados da m etodologia com os resultados do m étodo

60
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

usado como referência. Este tra b a lh o dem anda uma análise crítica inicial do

m étodo usado para a com paração quanto a a abrangência de sua abordagem e

a com parabilidade dos métodos, assim com o a eficácia deste quanto a

indicadores da qualidade e de custos.

• Ser avaliada frente a relação custo & benefício de seu uso. Uma vez validada a

m etodologia, far-se-á necessária a adequação desta às especificidades antes de

sua estruturação/im plem entação. O volum e inicial de tra b a lh o para seu uso é

expressivo, especialmente na im plantação e form ação de uma base de

informações históricas. A avaliação do custo de im plem entação e de operação

frente aos benefícios de garantia da qualidade necessitam ser avaliados através

de simulações e ou medições.

• Ser avaliada quanto a sua robustez. Fatores com o informações de entrada com

grau de incerteza variável, dados estim ados/definidos por an alo g ia , incertezas no

detalham ento dos critérios de enquadram ento de risco do processo e análise da

relevância, aleatoriedades na avaliação de critérios e outros fatores mais,

interagem de form a a g e rar uma va ria b ilid a de na saída da m etodologia. Esta

variabilidade frente a va ria b ilid a de dos fatores acim a m encionados necessita ser

conhecida/dim ensionada, para uma análise da robustez da ferram enta.

Uma vez avaliada com o técnica e econom icam ente viável, e d a do o volum e expressivo

de informações necessárias serem sistematizadas, arm azenadas e processadas (vide

figura 4.3) para avaliar a necessidade de inspeção, a im plem entação da m etodologia

em form a de uma ferram enta inform atizada se faz indispensável. C om o ferram enta

inform atizada, será necessário dispor de facilidades para troca de inform ações com

sistemas CAx, PDM/EDM, bases de dados e demais ferram entas da garantia da

qualidade, integrando-a ao processo de desenvolvimento de produto na empresa.

As seguintes ações com plem entares serão recomendadas para um uso integrado da

m etodologia no ciclo de desenvolvimento de produtos em uma empresa:

61
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

• im plem entação em form a de uma ferram enta inform atizada,

• interfaceam ento com dem ais sistema de inform ação,

• com patibilização/interfaceam ento com ferram entas usuais da garantia da

qualidade.

• customização para segmentos industriais onde seu uso se m ostrar mais

apropriado,

• ajustada ao perfil e ao sistema de inform ação da empresa.

Por ser a m etodologia uma ferram enta de suporte na interface entre vários processos do

desenvolvimento de um produto, concebida para atuar num contexto de engenharia

simultânea e interagir com uma grande leque de informações de distintas fontes,

necessita ser im plem entada em form a de uma software-tool, possivelmente com o

m ódulo de um sistema C AQ . Sistemas C A Q comerciais modernos são concebidos em

form a m odular, sendo que os de m aior porte já oferecem tools para gerenciam ento das

inspeções, CEP, FMEA e gerenciam ento dos meios de m edição. N ão se tem

conhecimento até o m om ento de um m ódulo ou software que ofereça um suporte à

determ inação da necessidade de inspeção, a exem plo da m etodologia apresentada

neste trabalho.

62
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

5 CONCLUSÕES

C om o resultado deste tra b a lh o , obteve-se uma m etodologia para a determ inação da

necessidade de inspeção na m anufatura que apresenta com o principais características a

"sistematização do processo de definição da necessidade de inspeção", sua "integração

no processo de desenvolvimento de produtos e à garantia da q u alida d e ", "foco na

q ualidade do produto e do processo", ênfase na "prevenção de falhas", "flexibilidade

para atender especificidades de segmentos industriais", e geração de inform ações que

"agreguem valor ao processo de desenvolvimento de produtos".

Estudos bibliográficos, visitas em empresas referenciais, análise de "cases", estudo de

sistemas C AQ , discussão com especialistas e criação, fo rm a ra m a base para o

desenvolvimento deste m odelo conceituai. Basicamente, a m etodologia desenvolvida

consiste em d e finir a necessidade de inspeção de um característico de produto ou de

processo, a partir da correlação em uma matriz de decisão da im portância do

característico em análise e o risco de não conform idade que o processo que o gera

apresenta. É proposta uma sistemática para a determ inação da relevância do

característico e um conjunto de critérios para avaliação do risco dos processos. Em

função da com binação de risco e relevância, a matriz indica a necessidade ou não da

inspeção do característico, subsidiando com plem entarm ente para os casos de

necessidade de inspeção, em quais parâm etros poderiam ser realizadas adequações

buscando evitar a inspeção por razões econômicas e ou técnicas.

A m etodologia estruturada com o m odelo conceituai, apresenta com o principais

deficiências a "dem anda um grande volum e de inform ações de e n trada", a

"pressuposição de um elevado grau de organização da potencial empresa usuária",

avaliações pautadas sobre um relativo "gra u de subjetividade", não suficiente

aprofundam ento da tem ática de "custos" na determ inação da relevância do

característico, assim com o possíveis elevados "custos de im plem entação".

63
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

A pa rtir da im portância do tem a, da base form ada pelo modelo, conceituai, das

deficiência existentes e das oportunidades de am pliação do tem a, podem ser

recomendadas as seguintes de ações de continuidade:

• validação da m etodologia: o m odelo conceituai deverá ser testado na prática

industrial, tendo com o referência um sistema que tenha evidenciado eficácia,

• análise da robustez do m étodo: com o o m étodo pauta-se sobre inform ações e

dados de várias naturezas e provedores, será necessário avaliar com

profundidade a confiabilidade da resposta do m étodo frente a va ria b ilid a d e dos

dados de entrada,

• inform atização do m étodo: o volum e de informações com o qual o m étodo

trabalha dem anda ser inform atizado, e integrado com demais ferram entas CAx

e m étodo da engenharia da qualidade,

• avaliação da relação custo/benefício: o benefício financeiro associado ao uso

desta m etodologia deve, uma vez a m etodologia validada e customizada a uma

aplicação piloto, ser avaliada frente ao custo de sua im plem entação. Para tal,

um m odelo de custos será imprescindível, que perm ita subsidiar esta avaliação.

O status atingido com o presente tra b a lh o perm ite identificar um grande potencial de

atuação na continuidade deste tem a, face a constatação de não existência de métodos

semelhantes consolidados por um lado e por outro, uma grande dem anda por

sistematização, racionalização e integração no ciclo de desenvolvimento de produtos nas

empresas industriais competitivas. Sugere-se por esta razão a continuidade deste

tra b a lh o nas vertentes acima apontadas.

64
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

/I/ Pfeifer, T.: Q ualitätsm anagem ent: Strategien, M ethoden, Techniken. C arl Hanser

Verlag, M ünchen, 1996.

/2 / Klonaris, P.: Systemkonzept zur frühzeitigen Einsatzplanung von Prüfmitteln.

Dissertation RWTH-Aachen, Aachen, 1998.

13 / Eversheim, W .; Kerwat, H.; Scheitzer, G .: Integrierte Produktoptim ierung: die

Q u a litä t von bestehenden Produkten steigern und ihre Herstellkosten senken.

Revista Q u a litä t und Zuverlässigkeit - Q Z 4 3 /6 , C arl Hanser Verlag, M ünchen,

1998.

/4 / Reinhart, G .; Lindem ann, U.; Heinzl, J.: Q ualitätsm anagem ent: ein Kurs fü r

Studium und Praxis. Springer-Verlag, H eidelberg, 1996.

/5 / M asing, W .: Handbuch Q ualitätsm anagem ent. C arl Hanser V erlag, 3. Auflage,

München, 1994.

/6 / Dutschke, W .: Fertigungsmeßtechnik. B. G. Teubner, 3. A uflage, Stuttgart, 1996.

/7 / Redecker, G .: Qualitätssicherung in der Produktion. Institut fü r Qualitässicherung,

Universität Hannover. Vorlesung fü r fram ekom patible Browser. Publicação H om e­

page, http ://w w w .iq .u n i-ha n n o ver.de

/8 / NBR ISO 8 4 0 2 /1 9 9 4 ; Gestão da Q u a lid a d e e G arantia da Q u a lid a d e -

Term inologia. ABNT, Rio de Janeiro, 1994.

/9 / Paladini, E. P.: Gestão da Q u a lid a d e no Processo - A Q ualidade na Produção de

Bens e Serviços. Editora Atlas S.A., São Paulo, 1995.

/ 1 0 / Reles, T.: Rechnerunterstützte Auswahl von Prüfmerkmalen im Rahmen der

Prüfplanung fü r die mechanische Fertigung. Dissertation RWTH-Aachen, Aachen,

1985.

65
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

/ 1 1 / Mecklenburg-W eiss, R.: Systemkonzept zur anw enderneutralen Prüfplanerstellung

auf einem Kleinrechner. Dissertation RWTH-Aachen, Aachen, 1987.

/ 1 2 / IFW - Institut fü r Fertigungstechnik und spanende W erkzeugm aschinen. Universität

Hannover. Hypertextsystem zur Auswahl von präventiven Qualitätstechnicken.

Publicação Home-Page,

http://ifw p c8 .ifw -u n i-ha n n o ver.de /B ere ich 5/m a/a s techn/as svsma.htm

/ 1 3 / Pfeifer, T.: Fertigungsmeßtechnik. C arl Hanser Verlag, M ünchen, 1998.

/ 1 4 / Zeller, P.: Autom atisierte Prüfplanerstellung und Prüfzeichnungsgenerierung.

Dissertation RWTH-Aachen, Aachen, 1990.

/ 1 5 / Steinmetz, O . : Die Strategie der integrierten Produktentwicklung. Friedrich Vieweg

& Sohn Verlagsgesellschaft m bH, Braunschweig, 1993.

/ 1 6 / Deutsche Gesellschaft fü r Q u a litä t e.V. Sem inarunterlagen QPP 9803: Q ualitäts­

und Prüfplanung. Frankfurt am M ain, Dez 1998.

/ 1 7 / Ulrich, K. T.; Eppinger, S. D.: Product Design and Development. Mc G ra w -H ill, Inc.,

New York, 1995.

/ 1 8 / Cheng, L. C .; [et a lj. Q FD: Planejamento da Q u a lid a d e. Belo Horizonte: Fundação

C hristiano O ttoni, 1995.

/ 1 9 / M eerkam m , H.; W artzak, S.: Verkürzung der Prozeßkette - Integration von Wissen

in den Konstruktionsprozeß. Revista ZWF 9 3 /9 , C arl Hanser Verlag, M ünchen,

1998.

/ 2 0 / Hahner, W .; N eum ann, A.: Erfahrungen mit der Fehlerm öglichkeiten- und -einfluß-

Analyse. Revista "W erkstatt und Betrieb" Nr. 10, C arl Hanser Verlag, M ünchen,

1990.

/ 2 1/ Fundação CERTI: Apostila Curso: M etodologia de Desenvolvimento Rápido de

Produtos - Parte 1. CM OE, 1998.

66
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

/ T l / Spath, D.; Vossmann, D.; Kobinger, J.; M usiol, R. ; Schnurrer, J.: Q ualitätsplanung

vernetzen. Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z 4 3 /5 , Carl Hanser Verlag,

München, 1998.

/2 3 /D IN EN ISO 14253-1: Geom etrische Produktspezifikation (GPS) - Prüfung von

Werkstücken und M eßgeräten durch Meßen. Stand M ärz 1999.

/ 2 4 / G rabert, S.; Kamiske, G. F.; Sander, H. D.: Qualitätsm anagem entsystem e nach

ISO 9000: W o liegen die Schwierigkeiten? Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" -

Q Z 3 8 /5 , Carl Hanser Verlag, M ünchen, 1993.

/ 2 5 / NBR ISO 9 0 0 1 /1 9 9 4 - Sistema da Q u a lid a d e - M o d elo para garantia da

qualidade em projeto, desenvolvimento, produção, instalação e serviços

associados. ABNT, Rio de Janeiro, 1994 .

/ 2 6 / W änke, M .: Knebelung oder Chance? Inhalt und Forderungen der Q S-9000.

Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z 4 2 /5 , C arl Hanser V erlag, M ünchen,

1997.

/ 2 7 / Loos, S.: Q S -9000 und VDA 6.1: Inhalte, Unterschiede, Checklisten fü r die

Zertifizierung. C arl Hanser V erlag, M ünchen, 1998.

/2 8 /V D I Berichte 1445. Prüfm ittelm anagem ent und Prüfm ittelüberwachung. VDI Verlag

G m bH , Düsseldorf, 1998.

/ 2 9 / Eversheim, W .: O rganisation in der Produktionstechnik - Konstruktion. Springer-

Verlag, 3. Auflage, Berlin, 1998.

/ 3 0 / Petrasch, R.; Schindler, J.: Bedeutung von Q u a litä t erkannt. Revista "Q u a litä t und

Zuverlässigkeit" - Q Z 4 3 /5 , C arl Hanser V erlag, M ünchen, 1998.

/ 3 1 / Buhlman, R.: Risiken verm eiden: Risikomanagement - eine komplexe,

interdisziplinäre A ufgabe. Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z 4 3 /1 , C arl

Hafiser Verlag, M ünchen, 1998.

67
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

/ 3 2 / Zebedin, H.: FMEA aus Sicht eines M otorenentwicklers. Revista "Q u a litä t und

Zuverlässigkeit" - Q Z 4 3 /7 , C arl Hanser V erlag, M ünchen, 1998.

/ 3 3 / Bläsing, J. P.: FMEA - Failure M ode and Effects Analysis; Sem inarunterlagen.

Steinbeis-Transferzentrum Q u a lität und Umwelt, Ulm , 1995.

/ 3 4 / A rm ann, D.; Schenk, V.; Schubert, B.: Q ualitätsplanung m it Kennzahlen. Revista

"Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z 4 3 /6 , C arl Hanser Verlag, M ünchen, 1998.

/ 3 5 / Steinbeis-Transferzentrum Q u a litä t und Umwelt: W erkzeuge fü r Simultaneous

Engineering; Sem inarunterlagen. Steinbeis-Transferzentrum Q u a lität und Umwelt,

3. Ausgabe, Ulm , 1995.

/ 3 6 / IQ A - Instituto da Q ualidade Autom otiva: Análise de M odo de Falha e Efeitos de

Falha Potencial - M anual de Referência. São Paulo, 1997.

/ 3 7 / Steinbeis-Transferzentrum Q u a lität und Umwelt: FMEA - Failure M ode and Effects

Analysis; Sem inarunterlagen. Steinbeis-Transferzentrum Q u a lität und Um welt, 4.

Ausgabe, Ulm , 0 5 /1 9 9 5 .

/ 3 8 / Herb, R.; Herb, T.; Kratzer, M .: Potentielle Fehler vollständig Erfassen. Revista

"Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z 4 3 /2 , C arl Hanser Verlag, M ünchen, 1998.

/ 3 9 / Probost, R.: Dem Fehler keine Chance. Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z

4 3 /5 , C arl Hanser Verlag, München, 1998.

/4 0 /A n g h e l, C.: M eßgerätefähigkeit: Ermittlung der M eßgerätefähigkeit in der

Autom obilindustrie ein Vergleich. Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z 4 2 /4 ,

C arl Hanser V erlag, München, 1997.

/41 / H ernla, M .: Prüfm ittelfähigkeit ist unzureichend: eine Diskussion von V erfahren zur

Fähigkeitsuntersuchung. Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z 4 3 /2 , C arl

Hanser Verlag, München, 1998.

/ 4 2 / D G Q - Deutsche Gesellschaft fü r Q u a lität e.V.: Prüfm ittelm anagem ent - D G Q -

Band 13-61. Beuth Verlag, Berlin, 1998.


Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

/ 4 3 / Albertazzi Gonçalves Jr., A.: M etrologia - Parte 1. Apostila do Curso de Pós-

G raduação em M etrologia Científica e Industrial da Universidade Federal de Santa

C atarina. UFSC-Labmetro, 1997(1).

/ 4 4 / A nderl, R.; Polly, A .; Staub, G .: Produktqualität durch Konstruktionsqualität. Beuth

Verlag G m bH , Berlin, 1997.

/ 4 5 / Rakowsky, U. K.; M ahnen, J.: Kenngrößen der Zuverlässigkeit: Einheitliche

Definitionen dienen als Kommunikationsbasis. Revista "Q u a litä t und

Zuverlässigkeit" - Q Z, 4 3 /5 , Carl Hanser Verlag, M ünchen, 1998.

/ 4 6 / ProSTEP Produktdatentechnologie: Produktdatentechnologie und STEP: Umfassende

N orm en sind die Voraussetzung fü r eine effiziente Produkt- und Prozeßentwicklung.

Publicação Home Page, http://w w w .prostep.de/W IS .TH M

/ 4 7 / Eversheim, W .: M arktspiegel CAQ-Systeme. Verlag TÜV Rheinland G m b H , Köln,

1995.

/ 4 8 / Dutschke, W .: Prüfplanung in der Fertigung; Buchreihe Produktionstechnik heute.

O tto Krausskopf-Verlag G m bH , M ainz, 1975.

/ 4 9 / Dietzsch, M .; Lunze, U.: Toleranzverständnis fü r eine wirtschaftliche Fertigung.

Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z, 3 9 /4 , C arl Hanser Verlag, M ünchen,

1994.

/ 5 0 / DIN e.V. (Herausgeber): GPS'99 Geometrische Produktspezifikation und -p rü fu n g .

Referatensammlung der DIN-Tagung M ainz 1999. Beuth-Verlag G m b H , Berlin,

1999.

/ 5 1 / W änke, M .; Paasch, P.: SPC - A ufgabe fü r das ganze Unternehm en: Q S -9 0 0 0 und

VDA 6.1 stellen hohe Forderungen an die Prozeßregelung. Revista "Q u a litä t und

Zuverlässigkeit" - Q Z 4 3 /4 , C arl Hanser V erlag, M ünchen, 1998.

/ 5 2 / M ittag, H. J.: M easurem ent error effects on the perform ance o f process capability

indices. Statistical quality control, Vol. 5. Physica, H eidelberg, 1997.

69
Uma metodologia para determinação da necessidade de inspeção na manufatura

/ 5 3 / Neum ann, H. J.: Der Einfluß der Meßunsicherheit auf die Toleranzausnutzung in

der Fertigung. Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" - Q Z, 3 0 /5 , M ünchen, 1985.

/ 5 4 / Hernia, M .: Meßunsicherheit und Fähigkeit. Revista "Q u a litä t und Zuverlässigkeit" -

Q Z 4 3 /2 , Carl Hanser Verlag, M ünchen, 1996.

/ 5 5 / W eckenm ann, A.: Causes and consequences o f measurement uncertainty in

production m etrology. Anais do 6th International Symposium on M etrology fo r

Q uality Control - IMEKO, Vienna, 1998.

1 5 6 / Donatelli, G. D.; Barp, A. M .; Schneider, C. A .: The influence o f m easurement

errors on the values o f process capability indices. Anais do 6th Int. Symp. on

M etrology fo r Q uality C ontrol - IMEKO, Vienna, 1998.

/ 5 7 / Stahlmann, H. D.; Net, A.: Einsatz von Prozeßmodellen in der Produktion. Revista

Industrie M anagem ent 2 /9 7 , G ITO -Verlag , Berlin, 1998.

/ 5 8 / Gausemeier, J.; G rasm ann, M .; Pusch, R.; Siebe, A.: Von semantischen

Geschäftsprozeßmodel len zu Prozeßspezifikationen fü r EDM-Systeme. Revista ZWF,

Nr. 93, C arl Hanser Verlag, M ünchen, 1998.

/ 5 9 / G ronau, N .: M arktuntersuchung: Integrationsansätze von EDM-Systeme. Revista

Engineering D atenm anagem ent 97, G ITO -Verlag, Berlin, 1996.

/ 6 0 / Pfeifer, T.: Wissenbasierte Systeme in der Qualitätssicherung: M ethoden zur

Nutzung verteilten Wissens. Springer-Verlag, Berlin, 1996.

/61/VD I-G em einschafteausschuß CIM : Rechnerintegrierte Konstruktion und Produktion.

Band 1: C IM -M anagem ent. VDI-Verlag G m bH , Düsseldorf, 1990.

70

Você também pode gostar