2324 - Assunção de Nossa Senhora, Na Dormição A Morte Não É o Fim de Tudo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

w w w . s e r r a d o p i l a r .

c o m | 17 Tempo Comum, 30-07-2023 | ano 49º | n º 2 3 2 4

Marko Ivan Rupnik. Dormição da Virgem.


Igreja Madre Nostra. Pistoia, Itália, 2018.

A s s u n ç ã o de nossa Senhora:
na D o r m içã o
a morte não é o fim de tudo. 1
O
S EVANGELHOS A Dormição é a última das
não falam sobre o fim grandes festas do ano litúrgico
da V ID A D E M A R IA , bizantino. Na Igreja Católica
porém existe uma antiga Ortodoxa, o Ano Litúrgico
Tradição Patrística com começa em 8 de setembro,
informações provindas dos com a N A T I V I D A D E D A
apócrifos que deu base ao V I R G E M , e termina em 15 de
Ofício Litúrgico do dia 15 de agosto, com a D O R M I Ç Ã O .
agosto.
Enquanto no Ocidente a Essa festa permaneceu comum
solenidade se denomina no Oriente e no Ocidente por
“A SSUNÇÃO DA V IRGEM mais de um milénio. Há
representações iconográficas
M ARIA ”, no Oriente, em
grego ou eslavo, é a na Basílica Santa Maria Maior
D ORMIÇÃO DA M ÃE DE e na Basílica Santa Maria in
D EUS que se refere aos Trastevere, ambas em Roma.
últimos instantes terrenos da O termo Assunção, que
Virgem, quando, segundo a provém da França, é bem mais
Tradição, os apóstolos se tardio. [1]
reuniram ao seu redor e Cristo As narrativas da Dormição
veio buscar sua alma. fazem parte dos escritos
apócrifos do Novo
Testamento, que constituem
uma literatura florescente nos
primeiros séculos da Igreja. O
desenvolvimento destes
relatos sobre a morte da Mãe
de Deus deve-se ao Concílio
de Éfeso (431), que fixou a
atenção sobre a eminente
dignidade da Virgem Maria.
Nesse Concílio, M ARIA
recebeu o título de
Theotokos, quer dizer, a
Mãe de Deus.
Figura 1: Dormição de Maria. Ícone.
Monastério de Santa Catarina, Monte O relato geral sobre o destino
Sinai, Egito. Século XIII. de Maria é semelhante nesses
2
textos apócrifos, apenas com Na Constituição do Papa Pio
certas variações. M ARIA XII, é relatado um breve hino
recebe o anúncio da sua extraído também de uma festa
morte, pelo Arcanjo Gabriel, bizantina recitada pelos
que lhe dá uma palma. Ela cristãos de tradição
prepara então tudo o que é constantinopolitana: “Deus
necessário e profere a sua Rei do Universo, concedeu-vos
última oração. Os apóstolos e privilégios que superam a
discípulos são milagrosamente natureza; assim como no parto
transportados pelas nuvens. vos conservou a virgindade,
Os doentes reúnem-se perto assim no sepulcro vos
da casa de M ARIA em preservou o corpo da
Jerusalém, onde muitas corrupção e o co glorificou pela
maravilhas se manifestam. divina translação.” [3]
Jesus aparece para acolher a
sua mãe, acompanhado por
falanges celestes. Recebe
então a alma de M ARIA .
O Papa Pio XII, em 1 de
novembro de 1950, definiu o
Dogma da Assunção da
Virgem Mãe de Deus à
glória celeste de alma e corpo.
Na Constituição, o Pontífice
usou a riqueza das fontes das
liturgias orientais em muitas
referências, dentre as quais
afirma que: “E na liturgia Figura 2: Pietro Cavallini. Dormição
da Virgem. Mosaico. Basílica de
bizantina a assunção
Santa Maria in Trastevere, Roma,
corporal da virgem Maria Itália. Séculos XIII-XIV.
é relacionada diversas
vezes não só com a No mesmo documento, Pio
dignidade da Mãe de Deus, XII cita S. João Damasceno,
mas também com os pois o Santo Doutor da Igreja
outros privilégios, “se distingue como pregoeiro
especialmente com a sua dessa tradição”, e lembra
maternidade virginal”. [2] também S. Germano de
3
Constantinopla, que é autor céus. Ao contrário, é Cristo
do hino das vésperas que se que desce à Terra em Glória,
segue: “Vinde de todos os cercado de querubins, assim
confins do Universo, como será no final dos
cantemos a bem- tempos.
aventurada trasladação
E a passagem desta vida a
da Mãe de Deus. Nas
outra se efetua, portanto, por
mãos do Filho ela
meio de Cristo, da sua
depositou a sua alma sem
Presença. Por sua Mãe, a
pecado, com a sua Santa
última vinda de Cristo é de
Dormição o mundo é
certa forma antecipada,
vivificado, e é com
porque M A R IA é o
salmos e cânticos
escathon,quer dizer, a última
espirituais, em
perfeição da Criação. Assim, a
companhia dos anjos e
Igreja encontra aqui a sua
dos apóstolos que Ele a
melhor expressão para a
celebra na alegria.” [4]
Segunda Vinda de Cristo à
No ícone, a alma de M ARIA Terra: é a realidade do futuro
está nas mãos de Cristo, como que se espera, porém para os
está escrito no livro da Santos está sempre já
Sabedoria 3,1: “a alma dos presente.
justos está nas mãos de Deus”.
Cristo tem nas mãos a alma de
sua Mãe, e a segura com a
mesma ternura com a qual ela
tinha nos braços o Deus
incarnado, o Menino Jesus.
Observamos a realidade da
morte: a alma sai do corpo,
mas não desce ao sheol, aos Figura 3: Marko Ivan Rupnik.
infernos, como corresponderia Dormição. Santuário Nacional de
a conceção hebraica, nem Mátraverebély-Szentkút, Hungria,
2014.
mesmo sai direto para o céu.
Existe algo surpreendente e A Dormição da Mãe de Deus é
dogmático e mais profundo no a expressão firme desta
ícone. A Mãe de Deus não está esperança, plena de certeza. O
na cena central subindo aos significado de tal ícone pode
4
ser expresso por este penetrada pelo amor divino,
pensamento de Cristo: “se a não poderia ter seu corpo
Mãe me deu um corpo físico subjugado à corrupção da
agora eu lhe dou a vida terra. A Dormição é o grande
eterna”. [5] De facto, se a mistério, pleno de esperança
figura central no ícone da para todos os nossos
Natividade era a Virgem, aqui, pequenos gestos de amor. [6]
Cristo tem nos braços a Mãe
como uma criança, isto é o A liturgia da festa não se
novo nascimento da Virgem. limita a assinalar a morte de
M A R IA , ultrapassa essa
dimensão ao celebrar a
passagem de M ARIA ao céu
em corpo e alma. Isso está
claramente representado no
ícone da Dormição. M ARIA
pode ser considerada como
aquela que tem uma morte
santa, ela é o nosso modelo na
prova da morte. A passagem
Figura 4: Marko Ivan Rupnik.
de M ARIA em corpo e alma ao
Dormição. Santuário Nacional de céu é uma antecipação da
Mátraverebély-Szentkút, Hungria, ressurreição geral. É a festa da
2014. natureza humana: todo crente
deve tomar M A R IA como
Deus é amor (1Jo 4,8) e tudo o modelo para alcançar a
que está envolvido no amor deificação.
passa para a eternidade
porque está escrito: que o
amor dura eternamente (I Cor
13, 8). Passa-se para a
eternidade com cada gesto de
amor realizado, pois cada
gesto de amor passa de facto à
eternidade, para a memória
eterna de Deus. O amor torna
eternas as coisas. Maria, que Figura 5: Marko Ivan Rupnik.
Dormição da Virgem. Igreja Madre
pelo fiat, na Anunciação, foi Nostra. Pistoia, Itália, 2018.
5
A Assunção “comemora um seus atributos naturais, não se
facto e atualiza a doutrina e abstraiu em alguma alegoria
projeta sobre a nossa vida impalpável: ela permanece
transitória uma luz de M ARIA . Mas o que ela é, no
eternidade. Esse facto, embora resplendor do seu ser real, as
não relatado pela Escritura, se festas no-lo desvelam”. [7]
tornou uma realidade na
Contemple as imagens acima
consciência da Igreja através
apresentadas, cujos símbolos
da Tradição. M ARIA , que é
unem o mundo sensível ao
mulher e que morre na terra
suprassensível, reduzem a
como todo ser humano,
distância e permitem viver um
alcança o seu Filho que é Deus
tipo de contemporaneidade. É
e que está no céu. Ademais,
uma realidade espiritual onde
esta mulher que podemos
espiritual é tudo o que, na
legitimamente chamar de
ação do Espírito Santo, se fala
representante da humanidade
de Deus, se recorda de Deus,
enquanto Nova Eva, mulher
se comunica com Deus e se
perfeita enquanto pura Mãe de
conduz a Deus.
Deus, não perdeu nenhum de

[1] DONADEO, 1988, p. 67.


[2] Constituição Apostólica do Papa Pio XII – Munificentissimus Deus –
sobre a definição do dogma da Assunção de Nossa Senhora em corpo e
alma ao céu.
[3] Idem.
[4] DONADEO, 1988, p. 66.
[5] RUPNIK, Marko Ivan.; ŠPIDLÍK. p. 103.
[6] Cf. RUPNIK, Marko Ivan.; ŠPIDLÍK. La fede secondo l’icona. p. 104.
[7] DONADEO, 1988, pp. 66-67.

B i bl io gra f ia
DONADEO, Maria. O ano litúrgico bizantino. São Paulo: Editora Ave
Maria,1988.
DONADEO, Maria. Os ícones de Cristo e dos Santos. São Paulo: Editora
Ave Maria, 1997.
MARCOS, José João dos Santos. A beleza da Virgem Maria: 12
6
catequeses sobre Nossa Senhora. Lisboa: Paulus Editora, 2017.
RAVASI, Gianfraco. Os rostos de Maria na Bíblia. Tradução Maria
Pereira. Lisboa: Paulus Editora, 2008.
RUPNIK, Marko Ivan.; ŠPIDLÍK, Tomas. La fede secondo le icone.
Roma: Lipa, 2000.

Cr éd ito s d as i ma g ens
Figura 1: Dormição de Maria. Ícone. Monastério de Santa Catarina. Monte
Sinai, Egito. Século XIII. Disponível em
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Koimesis_Icon_Sinai_13th_centur
y.jpg>
Figura 2: Pietro Cavallini. Dormição da Virgem. Mosaico. Santa Maria in
Trastevere. Roma, Itália. Séculos XIII-XIV.
Disponível em <https://it.wahooart.com/@@/8Y35YM-Pietro-Cavallini-Arco-
absidale:-6.-Dormizione-della-Vergine>
Figuras 3: Marko Ivan Rupnik. Natividade. Santuário Nacional de Mátrave-
rebély- Szentkút, Hungria. 2014.
Disponível em <https://www.centroaletti.com/opere/santuario-nazionale-
matraverebely-szentkut-2014/>
Figuras 4: Marko Ivan Rupnik. Dormição. Santuário Nacional de Mátrave-
rebély- Szentkút, Hungria. 2014.
Disponível em <https://www.centroaletti.com/opere/santuario-nazionale-
matraverebely-szentkut-2014/>
Figura 5: Marko Ivan Rupnik. Dormição da Virgem. Igreja de Maria Madre
Nostra. Pistoia, Itália. 2018.
Disponível em <https://www.centroaletti.com/opere/chiesa-di-maria-madre-
nostra-a-pistoia-2018/>
Imagem de abertura: Marko Ivan Rupnik/Centro Aletti

WILMA STEAG ALL DE TOMMASO

Doutora em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de


São Paulo. Professora no Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS SP).
Membro Pesquisadora da Sociedade Brasileira de Teologia e Ciências da
Religião (SOTER). Coordenadora do grupo de pesquisa Arte Sacra
Contemporânea: Religião e História, do Laboratório de Política,
Comportamento e Media da Fundação São Paulo/PUC-SP – LABÔ.
7
Woodstock
Jornada Mundial da Juventude
(1 a 6 de agosto)

Lisboa
Po r t u g a l : 5 6 %
dos jovens são religiosos
8
Estudo do Centro de Estudos dos Povos e
Culturas de Expressão Portuguesa, que vai foi
apresentado na UCP, em Lisboa, no passado dia
6 de julho, indica que metade dos jovens
religiosos são católicos

Foto Agência ECCLESIA/PR

Fátima, 21 jun 2023 (Ecclesia) – O C E N T R O D E E S T U D O S D O S P O V O S E


CULTURAS DE EXPRESSÃO P O R T U G U E S A (CEPCEP) da
Universidade Católica realizou o estudo “JOVENS, FÉ E
FUTURO” e concluiu que mais de metade dos jovens portugueses,
56%, são religiosos e destes 50% afirmam-se católicos.
As principais conclusões do estudo realizado pelo CEPCEP foram
debatidas nas Jornadas do Episcopado Português, que hoje
terminaram em Fátima, sobre o tema “JMJ Lisboa 2023 – Desafios
Pastorais Pós-jornadas para as Dioceses e para a CEP”.
O estudo realizado pelo centro da Universidade Católica Portuguesa
vai ser apresentado à comunicação social no dia 6 de julho, em Lisboa,
e foi realizado a partir de um questionário online, entre abril e
outubro de 2022, contando com 2480 respostas de jovens entre os 14 e
os 30 anos.
9
O estudo “ J O V E N S , F É E F U T U R O ” foi realizado para a
Conferência Episcopal Portuguesa e, após a apresentação na UCP e a
realização da Jornada Mundial da Juventude, vai fazer parte de uma
publicação que inclui análises aos dados apurados, onde estão
também refletidos os valores, os desafios do futuro e o envolvimento
dos jovens na construção do futuro.

Na conclusão das Jornadas Pastorais do Episcopado, onde foram


apresentados os desafios que a JMJ Lisboa 2023 coloca à Igreja Católica
em Portugal, tanto pelos organizadores da jornada como por
responsáveis pela Pastoral Juvenil nas dioceses, o presidente da CEP
afirmou que o estudo apresentado pelo CEPCEP “faz parte do processo
de escuta” desenvolvido pela Igreja, nomeadamente no contexto do
Sínodo dos Bispos.

Na conclusão das Jornadas Pastorais do Episcopado, D. José Ornelas


apontou à realização da Jornada Mundial da Juventude, entre os dias 1
e 6 de agosto, afirmando que é ocasião de “fazer festa de Igreja”.

“Vamos fazer a festa com os nossos jovens e com os jovens que vão
chegar”, disse o presidente da CEP.

Para o bispo de Leiria-Fátima, Portugal vai mostrar que é feito de


“gente que acolhe e vive a alegria de ser Igreja”, em todas as dioceses do
país, nos Dias nas Dioceses, e depois na semana da JMJ, em Lisboa e
nas dioceses de Setúbal e Santarém, que são também de acolhimento
dos jovens que participam nos eventos centrais da jornada.

“Aí vamos estar todos, com fé, porque estamos a fazer uma coisa que é
muito importante para a Igreja toda e para o mundo”, afirmou.

Após a realização das Jornadas Pastorais do Episcopado, que este ano


tiveram a participação dos responsáveis pelos Comités Organizadores
Diocesanos da JMJ Lisboa 2023 e de vários serviços da CEP, os bispos
vão realizar uma Assembleia Plenária; no fim dos trabalhos, esta
quarta-feira, será divulgado um comunicado.

PR

https://agencia.ecclesia.pt/portal/portugal-56-dos-jovens-s%c3%a3o-religiosos/
(20-06-2023)

10
o porvir do cristianismo
Por J O R G E T E I X E I R A D A C U N H A

U
M E S T U D O R E C E N TE conhecer outras confissões
mostra que mais de religiões e alguns afirmam até
metade dos jovens participar noutras formas de culto.
portugueses se declaram religiosos Um documento como este tem um
e, desses, a grande maioria afirma- valor, mas é necessário avaliá-lo
se católica. Segundo o mesmo com o olhar da teologia e é nesse
estudo, pode concluir-se que a fé sentido que vamos fazer algumas
religiosa tem influência nos observações.
critérios de valor, nas
Há quase meio século o
preocupações com o futuro, com a
historiador Jean Delumeau
procura da felicidade. Segundo
escreveu um livro com o título
esse estudo de opinião “Jovens, Fé
provocador, em forma de
e Futuro”, realizado por um
pergunta: o cristianismo vai
serviço da Universidade Católica
morrer? O respeitado intelectual
Portuguesa, os jovens assinalam
católico e profundo crente
que os seus critérios de valor
defendia a ideia de que o
assentam no respeito, na
cristianismo, enquanto realização
liberdade, na honestidade.
cultural como o conhecemos, está
Mostram-se menos interessados
em profunda transformação e
no ativismo do que no
pode mesmo vir a morrer tal como
voluntariado e dão um grande
o conhecemos. Claro que ele não
valor à vivência orante. A
queria anunciar o fim da fé em
realização deste estudo pretende
Jesus Cristo, na qual, de resto,
conhecer os jovens de hoje,
morreu piamente e pacificamente.
sobretudo os jovens portugueses
O que queria dizer é que aa
que o Papa Francisco vai
práticas culturais, as ideias, as
encontrar nas próximas semanas.
hierarquias de valor não são
A guerra, as alterações climáticas,
eternas e que a fé cristã pode
a discriminação, o futuro do
conviver com novas formas de
trabalho como realização pessoal
incarnação histórica. Assim
constituam preocupações maiores
aconteceu no passado, sendo que
dos jovens de hoje. Muitos dos
o cristianismo antigo não foi igual
que responderam gostam de
ao medieval nem ao moderno. E
11
nesse sentido que podemos teologia e a sua tradição, de forma
perguntar o que está a acontecer a fazer dela a metáfora viva do
no tempo em que vivemos. É que, frente a frente com Deus, segundo
mesmo que afirmem continuar em a vivência de Jesus. Haverá aqui
grande medida crentes, os nossos um grande trabalho para as nossas
jovens urbanos e não só, mantêm faculdades de teologia que se
uma espiritualidade aberta ao encontram em declínio acentuado
divino, gostam de celebrar, mas e com pouca vitalidade. Nem o
vão dando sinais evidentes de que realismo do passado medieval,
o seu mundo religioso é diferente nem a metafísica idealista
do passado. moderna nos servem para esta
abertura do horizonte da vida
Temos, pois de estar atentos ao
absoluta que aos homens faz
que morre e ao que não morre do
humanos, justifica os outros
cristianismo, tal como o temos
viventes e dá sentido ao cosmos.
hoje.
Esta via de uma nova forma de
Num certo sentido é-nos
cristianismo não será um regresso
permitido afirmar que o
ao passado da administração
cristianismo é o porvir de toda a
religiosa, da moral codificada, da
realidade e que sem fé não há
organização clerical. Será uma
futuro. Mas é necessário ter em
nova pastoral que assinala as
conta que apenas podemos validar
fontes da vida e conduz até elas.
a nossa afirmação de estivermos
Será uma nova racionalidade que
imbuídos da proximidade entre
responde às preocupações dos
Deus e a vida, segundo a profunda
jovens com o futuro das condições
visão da teologia joânica. Por isso,
para o melhoramento da vida dos
a religião sem a qual não há porvir
viventes. Será uma nova ética que
é a que se centra na experiência da
dá entrada na felicidade real e
fé e a que coincide com a
livra do medo apocalíptico que
experiência da vida celebrada.
perturba tantas mentes de hoje.
Esta aproximação entre fé e vida
terá de ser o centro da nova
evangelização. Claro que é In, Voz Portucalense,
necessário pensar de novo a (22-07-2023).

A partir de hoje até S E T E M B R O , a Folha


Dominical suspende a publicação
semanal. Até lá, Boas Férias!
12

Você também pode gostar