G15 - 030 - Lubrificação - SENAI-RJ
G15 - 030 - Lubrificação - SENAI-RJ
G15 - 030 - Lubrificação - SENAI-RJ
Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
lUBRIFICAÇÃO
SENAI-RJ
Rio de Janeiro
2014
Lubrificação
© 2015 – SENAI-RJ
SENAI-Rio de Janeiro
Diretoria de Educação
FICHA TÉCNICA
Edson Melo
Revisão Técnica Guilherme Ricardo Garcia
Revisão Pedagógica Serpa Tecnologia Ltda.
Revisão Editorial Lienice Silva de Souza
Projeto Gráfico/Programação Visual In-Fólio – Produção Editorial,
Gráfica e Programação Visual
Editoração Camilla Pinheiro
Apresentação ..................................................... 17
1 Atrito .................................................................. 19
Atrito fluido............................................................................. 21
Causas e mecanismos do atrito sólido......................................... 22
Atrito estático.......................................................................... 23
Atrito cinético ......................................................................... 24
Efeitos do atrito....................................................................... 25
Tipos de desgaste .................................................................... 26
2 Lubrificação....................................................... 29
Origem dos lubrificantes utilizados em siderurgia.......................... 31
Tipos de lubrificação................................................................. 32
Processo de lubrificação............................................................ 33
Manual de lubrificação .............................................................. 34
Graxas ................................................................................... 35
Aditivos .................................................................................. 37
Viscosidade ............................................................................ 39
Métodos de aplicação dos óleos lubrificantes ............................... 39
Métodos de lubrificação por gravidade ........................................ 39
Métodos de lubrificação por capilaridade ..................................... 41
Métodos de lubrificação por imersão ........................................... 43
Métodos de lubrificação por sistema forçado ................................ 44
Métodos de lubrificação a graxa ................................................. 45
Método de lubrificação centralizado ............................................ 46
Sistema centralizado de lubrificação ........................................... 47
Lubrificador automático ............................................................ 49
Precauções na aplicação de lubrificantes ..................................... 51
Monitoramento das condições do equipamento
por meio da análise do lubrificante ............................................. 53
3 Armazenagem e manuseio
de lubrificantes................................................ 57
Acessórios de lubrificação.......................................................... 62
Lista de quadros
SENAI-RJ 13
Lubrificação – Uma palavra inicial
O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mostram a fa-
lha básica de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as matérias-primas
através de processos de produção desperdiçadores e que produzem subprodutos tóxicos. Fabri-
cam-se produtos de utilidade limitada que, finalmente, viram lixo, o qual se acumula nos aterros.
Produzir, consumir e dispensar bens dessa forma, obviamente, não são atitudes sustentáveis.
Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de “lixo”)
são absorvidos e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados pelas indús-
trias não tem aproveitamento para qualquer espécie de organismo vivo e, para alguns, pode
até ser fatal. O meio ambiente pode absorver resíduos, redistribuí-los e transformá-los. Mas,
da mesma forma que a Terra possui uma capacidade limitada de produzir recursos renováveis,
sua capacidade de receber resíduos também é restrita, e a de receber resíduos tóxicos pratica-
mente não existe.
Ganha força, atualmente, a ideia de que as empresas devem ter procedimentos éticos que
considerem a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isso quer dizer que se
devem adotar práticas que incluam tal preocupação, introduzindo-se processos que reduzam
o uso de matérias-primas e energia, diminuam os resíduos e impeçam a poluição.
Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conservação de
recursos é importante. Deve haver, portanto, uma crescente preocupação acerca da qualidade,
durabilidade, possibilidade de conserto e vida útil dos produtos. As empresas precisam não só
continuar reduzindo a poluição como também buscar novas formas de economizar energia,
melhorar os efluentes, reduzir a poluição, o lixo, o uso de matérias-primas. Reciclar e conservar
energia são atitudes essenciais no mundo contemporâneo.
É difícil, no entanto, ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma
enfrenta desafios diferentes e pode se beneficiar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para
o amanhã, nós (o público, as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais alter-
nativas são mais eficientes e, a partir daí, trabalhar com elas.
Infelizmente, tanto os indivíduos como as instituições só mudarão suas práticas quando
acreditarem que seu novo comportamento lhes trará benefícios – sejam estes financeiros, para
sua reputação ou para sua segurança. Apesar disso, a mudança nos hábitos não é uma coisa
que possa ser imposta. Deve ser uma escolha de pessoas bem-informadas a favor de bens e
serviços sustentáveis. A tarefa é criar condições que melhorem a capacidade de as pessoas es-
colherem, usarem e disporem de bens e serviços de forma sustentável.
Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde humana pro-
vocados pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos processos produ-
tivos alguns riscos à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, os acidentes de trabalho
são uma questão que preocupa os empregadores, empregados e governantes, e as consequên-
cias acabam afetando a todos.
Sabendo disso, podemos afirmar que, de um lado, é necessário que os empregados
adotem um comportamento seguro no trabalho, usando os equipamentos de proteção indi-
14 SENAI-RJ
Lubrificação – Uma palavra inicial
vidual e coletiva, e, de outro, cabe aos empregadores prover a empresa com esses equipamen-
tos, orientar quanto a seu uso, fiscalizar as condições da cadeia produtiva e a adequação dos
equipamentos de proteção. A redução do número de acidentes só será possível à medida que
cada um – trabalhador, patrão e governo – assuma, em todas as situações, atitudes preventi-
vas, capazes de resguardar a segurança de todos.
Deve-se considerar, também, que cada indústria possui um sistema produtivo próprio, e,
portanto, é necessário analisá-lo em suas especificidades para determinar seu impacto sobre
o meio ambiente, sobre a saúde e os riscos que o sistema oferece à segurança dos trabalhadores,
propondo alternativas que possam levar a melhores condições de vida para todos.
Da conscientização, partimos para a ação: cresce, cada vez mais, o número de países, em-
presas e indivíduos que, já estando conscientizados acerca dessas questões, vêm desenvol-
vendo ações que contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar da nossa saúde. Mas is-
so ainda não é suficiente. É preciso ampliar tais ações, e a educação é um valioso recurso que
pode e deve ser usado em tal direção. Assim, iniciamos este material conversando com você
sobre o meio ambiente, saúde e segurança no trabalho, lembrando que, no seu exercício profis-
sional diário, você deve agir de forma harmoniosa com o ambiente, zelando também pela se-
gurança e saúde de todos no trabalho.
Tente responder à pergunta que inicia este texto: meio ambiente, saúde e segurança no
trabalho – o que eu tenho a ver com isso? Depois, é partir para a ação. Cada um de nós é
responsável. Vamos fazer a nossa parte?
SENAI-RJ 15
Lubrificação – Apresentação
Apresentação
A lubrificação é uma operação que consiste em introduzir uma substância apropriada en-
tre as superfícies sólidas dos componentes dos equipamentos mecânicos que estejam em con-
tato e que executem movimentos relativos.
Nessa movimentação, está presente o atrito. Por definição, atrito é a força de resistência
ao movimento, e depende da natureza do material das peças em contato. Ele é o principal cau-
sador do desgaste mecânico e da limitação da velocidade do movimento dos componentes.
Para reduzir os efeitos do atrito, são utilizados os lubrificantes. Teoricamente, qualquer
fluido pode funcionar como lubrificante. Entretanto, as substâncias mais usadas para essa fun-
ção são os óleos e as graxas, dois derivados do petróleo cujas propriedades são as mais ade-
quadas para a lubrificação.
Quando recobertos por um lubrificante, os pontos de atrito das superfícies sólidas fazem
com que o atrito sólido seja substituído pelo atrito fluido, ou seja, o atrito entre uma superfí-
cie sólida e um fluido. Nessas condições, o desgaste entre as superfícies será bastante
reduzido.
O domínio das noções sobre lubrificação por parte dos profissionais responsáveis pela
manutenção e pela produção pode ser o diferencial quando se tem como objetivos a redução
de custos, a melhoria da qualidade do trabalho e o aumento da produtividade.
Para tanto, neste material, vamos tratar do atrito e conhecer suas causas e seus efeitos,
como os tipos de desgaste que ele provoca. Vamos estudar a origem dos lubrificantes, suas ca-
racterísticas físicas, sua classificação, seu uso e os métodos eficazes de aplicação e de armaze-
nagem e manuseio. Também vamos conhecer a metodologia de organização e controle dos
serviços, com vistas à racionalização do processo de lubrificação.
SENAI-RJ 17
Atrito
Nesta seção...
Atrito fluido
Atrito estático
Atrito cinético
Efeitos do atrito
Tipos de desgaste
1
Lubrificação – Atrito
1.Atrito
É a resistência mecânica provocada entre as superfícies de contato de dois corpos.
Sempre que uma superfície se mover em relação à outra, haverá uma força contrária a esse mo-
vimento. Essa força se chama atrito.
Ao considerar o tipo de contato entre as superfícies em movimento temos o atrito sólido e o atri-
to fluido.
Quando duas superfícies deslizantes são separadas por um fluido, a película formada flui. Descre-
ve-se a película como formada de camadas extremamente finas, movendo-se na mesma direção,
porém com velocidades diferentes. A camada em contato com o corpo fixo é imóvel e a adjacente
ao corpo móvel desloca-se na mesma velocidade. As camadas intermediárias deslocam-se com ve-
locidades proporcionais à sua distância do corpo móvel.
Como as camadas se movem com velocidades diferentes, é necessária uma força para que umas
deslizem sobre as outras. A resistência a essa força é conhecida como resistência ao cisalhamento,
e seu somatório é o atrito fluido.
Dois fatores afetam o atrito fluido: a velocidade relativa das superfícies móveis e das superfícies
reais, sendo ele diretamente proporcional a essas duas variáveis; o atrito sólido independe desses
fatores.
SENAI-RJ 21
Lubrificação – Atrito
Senai-RJ
Figura 1.2 – Superficie de contato
A rugosidade das superfícies é a principal causa do atrito. Como nenhuma superfície usinada é per-
feitamente lisa, quando um sólido desliza sobre outro, a interferência entre as rugosidades é res-
ponsável por uma parte considerável do atrito, especialmente se as superfícies são muito ásperas.
Os modos como as superfícies se relacionam caracterizam os dois mecanismos do atrito: de des-
lizamento e de rolamento. Ambos ocorrem quando as superfícies em contato são sólidas.
Atrito de deslizamento
Quando uma superfície se desloca diretamente em contato com a outra. (Figura 1.3)
Superfícies em contato são sólidas.
Senai-RJ
22 SENAI-RJ
Lubrificação – Atrito
Atrito de rolamento
Quando o deslocamento se efetua por intermédio da rotação de corpos cilíndricos, cônicos ou es-
féricos, colocados entre as superfícies em movimento. (Figura 1.4)
Nesse caso, como a área é menor, o atrito também é menor.
Senai-RJ
Figura 1.4 – Atrito de rolamento
Ocorre antes do início do movimento, só permitindo seu início quando a força aplicada atinge um
certo valor. Força limite de atrito (F’) é o valor máximo da força de atrito estático e ocorre quando
o movimento é iminente. Coeficiente de atrito () é a relação entre a força limite de atrito e a for-
ça normal (N ) entre as superfícies.
Senai-RJ
SENAI-RJ 23
Lubrificação – Atrito
Senai-RJ
Senai-RJ
Figura 1.7 – Causas e mecanismos do atrito fluido
Cisalhamento
24 SENAI-RJ
Lubrificação – Atrito
Adesão
Quando as superfícies em contato apresentam áreas relativamente planas em lugar de picos e va-
les (Figura 1.8), o atrito se desenvolve pela soldagem a frio.
Isso ocorre porque os pontos planos dessas superfícies encontram dificuldade em romper as
forças que provocam tal adesão.
Senai-RJ
O atrito é, em alguns casos, necessário e útil, como nos sistemas de freio. No entanto, em outras si-
tuações ele é totalmente indesejável, pois dificulta o movimento e consome energia, sem produzir
o trabalho correspondente.
Como consequência da ação mecânica entre as superfícies em movimento, partículas sólidas
são arrancadas de ambas, ocasionando o desgaste, danificando as peças e podendo provocar rup-
turas e destruição do equipamento.
Toda vez que o atrito é excessivo, há geração de calor, podendo ocorrer soldagem e grimpamen-
to das partes móveis. É de grande importância minimizar o atrito, a fim de reduzir as perdas de ener-
gia, o aquecimento, o ruído e o desgaste das peças.
SENAI-RJ 25
Lubrificação – Atrito
Desgaste adesivo
Desgaste abrasivo
Desgaste corrosivo
A formação de óxidos ou outras camadas, por reação com a atmosfera ou com componentes do lu-
brificante, pode exercer uma proteção contra formas mais severas de desgaste. Assim, as camadas
de óxidos, sulfetos ou cloretos são constantemente removidas e substituídas.
Os mancais de motores são submetidos a desgaste corrosivo devido a produtos ácidos de oxi-
dação do lubrificante, mas a forma mais severa de desgaste corrosivo é a que ocorre nos cilindros
de motores de combustão interna. Esse desgaste é acelerado nos motores a gasolina, pela conden-
sação de vapores ácidos e umidade, quando a temperatura de operação é abaixo de 90°C. Acima
dessa temperatura, ocorre uma redução no desgaste, atribuída à ausência de líquidos ácidos. Nos
motores a diesel, o desgaste corrosivo decorre do enxofre do combustível que, durante a queima,
reage no trióxido, o qual, combinando-se com a água, forma o ácido sulfúrico.
26 SENAI-RJ
Lubrificação – Atrito
Pitting
Tipo de desgaste evidenciado pela formação de orifícios ou fendas nas superfícies. Pode ocorrer
por muitas causas, incluindo-se corrosão. A forma mais comum é encontrada em certos contatos
entre mancais de roletes e de esferas, dentes de engrenagens e cames. É um fenômeno análogo à
fadiga mecânica, podendo acontecer mesmo quando não há deslizamento, por exemplo, sob con-
dições de puro rolamento.
Scuffing
Ocorre quando superfícies deslizam, uma em relação à outra, em altas velocidades e sob cargas ele-
vadas. Caracteriza-se pela aparência de metal fundido.
Considera-se que, quando em um ponto da superfície a temperatura excede certo valor carac-
terístico para o metal, tem início um processo cumulativo de desgaste, principalmente se a carga
aumenta gradativamente.
Conforme a carga aumenta, as temperaturas desenvolvidas propiciam alterações na metalurgia
do material em áreas localizadas da superfície.
As consequências dependem da natureza do metal.
Quando ocorre scuffing, partículas da superfície mais lenta tendem a ser removidas e a ser de-
positadas na superfície de maior velocidade.
Geralmente, nesse caso, o mecanismo de desgaste se inicia pelo pitting, seguindo-se o scuffing.
Forma de desgaste semelhante ao pitting, encontrada em turbinas a vapor. Ocorre quando o vapor,
úmido e concentrado nos mancais lubrificados a óleo, está em condições de variações violentas de
pressões, resultando na formação e colapso de bolhas.
O mecanismo para esse tipo de desgaste é explicado em termos de que há um aumento instan-
tâneo da temperatura na superfície metálica, por conta da energia liberada pelo colapso da bolha,
propiciando reações químicas entre a água e os metais.
Erosão fluida
Ocorre por causa de partículas sólidas carregadas pelo fluxo de óleo que, ao se chocarem com as
superfícies, causam a sua desintegração. O mecanismo de desgaste é semelhante ao provocado por
um jato de areia. O tamanho, a forma e a densidade das partículas afetam a severidade do ataque.
SENAI-RJ 27
Lubrificação
Nesta seção...
Origem dos lubrificantes utilizados em siderurgia
Tipos de lubrificação
Processo de lubrificação
Manual de lubrificação
Origem dos lubrificantes utilizados em siderurgia
Tipos de lubrificação
Processo de lubrificação
Manual de lubrificação
Graxas
Aditivos
Viscosidade
Métodos de aplicação dos óleos lubrificantes
Métodos de lubrificação por gravidade
Métodos de lubrificação por capilaridade
Métodos de lubrificação por imersão
Métodos de lubrificação por sistema forçado
Métodos de lubrificação a graxa
Método de lubrificação centralizado
Sistema centralizado de lubrificação
Lubrificador automático
Precauções na aplicação de lubrificantes
Monitoramento das condições do equipamento
por meio da análise do lubrificante
2
Lubrificação – Lubrificação
2. Lubrificação
Entende-se por lubrificação o ato de introduzirmos entre duas superfícies sólidas uma película flui-
da, reduzindo o atrito existente entre as partes sólidas. As partes sólidas são as peças e a parte flui-
da é o lubrificante.
A função da lubrificação é evitar o contato metálico entre as superfícies de rolamento e desliza-
mento das peças móveis da máquina.
Dessa forma, as superfícies não entram praticamente em contato direto, pois o lubrificante se
interpõe entre elas, não permitindo que se desgastem e se aqueçam.
Senai-RJ
A Figura 2.1 mostra que a espessura ideal da película lubrificante deve ser H = h1 + h2 + h
Minerais
Extraídos principalmente do petróleo e de rochas em formação como o xisto betuminoso, são efe-
tivamente os óleos mais usados na lubrificação. O petróleo é retirado do subsolo por meio de per-
furações nas camadas que formam a terra, sendo encontrado em estado líquido. Sua cor varia en-
tre verdeescuro, marrom e preto.
SENAI-RJ 31
Lubrificação – Lubrificação
Como é composto de vários produtos químicos, destilando-se o petróleo, separam-se cada um des-
ses produtos, os quais irão ser empregados em diferentes setores. Dessa forma, aquecendo-se o pe-
tróleo, à medida que a temperatura subir, um de cada vez, os produtos irão se vaporizar. Dessa ma-
neira, sabendo-se, por exemplo, que a gasolina se transformou em gás, basta retirar esse gás e trans-
formá-lo em líquido por resfriamento.
Extraída a gasolina, o próximo produto será o querosene, e após diversos derivados serem reti-
rados, obteremos o asfalto. Da mesma forma, aquecendo-se o xisto betuminoso se obtêm a gasoli-
na e óleos, porém esse mineral requer processos especiais de refinação que o tornam atualmente
inferior ao petróleo no que se refere à sua exploração.
Sintéticos
Ao contrário dos lubrificantes minerais, são sinteticamente produzidos. Óleos de síntese geralmen-
te têm bom comportamento de temperatura e viscosidade, reduzida tendência de coqueificação,
baixo ponto de solidificação, alta resistência ao calor e boa durabilidade química.
32 SENAI-RJ
Lubrificação – Lubrificação
SENAI-RJ 33
Lubrificação – Lubrificação
Para que máquinas e aparelhos trabalhem sem problemas, deve-se conservá-los e fazer neles uma
manutenção regular. Para isso é necessário um manual de lubrificação. Esse manual deve conter
informações sobre a lubrificação da máquina e suas áreas a serem lubrificadas, especificando prin-
cipalmente os intervalos de lubrificação em horas de trabalho da máquina. Esse manual de lubri-
ficação deve ser elaborado pelo fabricante.
Ficha de lubrificação
É importante que se faça uma ficha de lubrificação para cada máquina, tendo como objetivo a pe-
riodicidade, pontos de lubrificação, tipos de lubrificantes, quantidade de lubrificante, rubrica ou
lubrificador, ferramental necessário para troca etc. Portanto, ao eleborarmos fichas de lubrificação,
devemos estar atentos aos seguintes itens:
No tempo determinado pela ficha individual de cada máquina, deve-se fazer a troca
do lubrificante, ou de algum componente do sistema de lubrificação que esteja ava-
riado ou com o tempo de uso vencido. Para isso ocorrer, deve-se fazer uma verificação
detalhada das partes que serão lubrificadas.
Na lubrificação regular (diária, semanal) deve-se observar se realmente o lubrificante
está sendo consumido pelo equipamento, principalmente nos casos de lubrificação
centralizada.
Nos relatórios de lubrificação, deve-se anotar o que realmente foi feito e observar o
tempo que a lubrificação centralizada leva para consumir o lubrificante, pois se os re-
servatórios não são completados com óleo ou graxa, entram no relatório como com-
pletados. Pode-se cometer um erro grave de faltar lubrificação no equipamento, pois
se o reservatório está completamente cheio é sinal de lubrificação ineficiente ou ine-
xistente. Caso contrário, pode estar ocorrendo um consumo além do normal, sendo
necessária uma regulagem no equipamento.
Além dos pontos diários, devemos lubrificar guias e corrente quando necessário.
Observar se os mancais não estão com aquecimento demasiado, pois tanto a falta co-
mo o excesso de calor são prejudiciais ao equipamento.
Não misturar lubrificantes diferentes em sistemas centralizados de lubrificação.
Quando for necessária a colocação de um lubrificante diferente, deve-se lavar todo o
sistema antes.
Quando for trocada alguma tubulação isolada ou não, deve-se sempre deixá-la cheia
com o lubrificante a ser usado, para não ocorrer a falta de lubrificação.
Manter sempre limpos os locais que serão lubrificados, retirando todo o excesso de
óleo ou graxa.
34 SENAI-RJ
Lubrificação – Lubrificação
2.5. Graxas
Para certas aplicações, os óleos têm alguns inconvenientes. Ora são muito fluidos, ora são muito
viscosos, ora são muito voláteis (se evaporam), quando não formam goma. Pensou-se então em
misturar óleos de qualidades diferentes para se obter um lubrificante melhor. Com esse processo
os técnicos chegaram à composição das graxas, que são lubrificantes semissólidos de grande apli-
cação na mecânica de forma geral.
As graxas são compostos lubrificantes semissólidos constituídos por uma mistura de óleo, adi-
tivos e agentes engrossadores chamados sabões metálicos, à base de alumínio, cálcio, sódio, lítio e
bário. Elas são utilizadas onde o uso de óleos não é recomendado.
Para grandes pressões entre superfícies, empregam-se lubrificantes minerais sólidos, como a
grafita pura ou associada ao óleo. As graxas são constituídas, em geral, de um óleo mineral e de uma
substância aglutinante, que é quase sempre um sabão (saponáceos e cristais de soda).
SENAI-RJ 35
Lubrificação – Lubrificação
Quando aquecida a altas temperaturas, a graxa passa do estado semissólido para o estado líqui-
do. A essa determinada temperatura chama-se ponto de gota.
Em temperatura normal a graxa não pinga e veda o local a ser lubrificado contra impurezas e
umidade.
Nenhuma relação existe entre a cor de uma graxa e suas propriedades lubrificantes. Inclusive,
em alguns casos, as graxas comerciais são coloridas por meio de anilina, para que possam ser fa-
cilmente identificadas.
Tipos de graxa
Os tipos de graxa (ver Quadro 2.2) são classificados com base no sabão utilizado em sua fabricação.
Além dessas graxas, há graxas de múltiplas aplicações, graxas especiais e graxas sintéticas.
QUADRO
Macia.
Filamentosa.
Graxa à base de Resistente à água.
alumínio Estável estrutura quando em uso.
Trabalha em temperaturas de até 71°C.
Utilizada em mancais de rolamento de baixa velocidade e em chassis.
Vaselinada.
Resistente à água.
Graxa à base de Estável estrutura quando em uso.
cálcio Deixa-se aplicar facilmente com pistola.
Pode trabalhar em temperaturas de até 77°C.
É aplicada em chassis e em bombas-d’água.
Geralmente fibrosa.
Em geral não resiste à água.
Graxa à base de Boa estabilidade estrutural quando em uso.
sódio Pode trabalhar em ambientes com temperatura de até 150°C.
É aplicada em mancais de rolamento, mancais de rodas, juntas
universais etc.
Vaselinada.
Boa estabilidade estrutural quando em uso.
Graxa à base de
Resistente à água.
lítio
Pode trabalhar em temperaturas de até 150°C.
É utilizada em veículos automotivos e na aviação.
Graxa à base de
Características gerais semelhantes às graxas à base de lítio.
bário
36 SENAI-RJ
Lubrificação – Lubrificação
Para que possamos classificar corretamente as graxas (Tabela 2.1), é necessário conhecer o concei-
to de Penetração Trabalhada, que é o indicador do quão mole ou dura é determinada graxa (con-
sistência). O valor medido corresponde à profundidade de penetração de um cone de ensaio no de-
curso de 5 segundos em décimo de milímetros. Consistência é o conceito mais simplificado de pe-
netração nas classes NLGI (Instituto Nacional de Graxas Lubrificantes).
Quanto mais rígida é a graxa, tanto mais favorável é o seu efeito de vedação, principalmente se
analisado em conjunto com a viscosidade dinâmica do produto.
Penetração Trabalhada
Classes NLGI Estrutura
(0,1 mm)
000 445...475 Fluida
00 400...430 Semifluida
2 265...295 Mole
3 220...250 Média
4 175...205 Consistente
2.6. Aditivos
A boa qualidade de um lubrificante não é conseguida unicamente pela escolha do óleo básico e por
meio de sua purificação e processo de manufatura, mas também pela adição de certos compostos
químicos chamados aditivos.
Os aditivos são incorporados aos lubrificantes com uma variedade de propósitos (ver Quadro
2.3) e participam, em grande parte, na melhoria dos lubrificantes, os quais no estado natural não
possuem certas características que lhes emprestam os aditivos.
A sempre crescente tendência de transmitir potência por meio de mecanismos cada vez meno-
res em tamanho e peso, trouxe um aumento de carga ao lubrificante. Novos problemas de combus-
SENAI-RJ 37
Lubrificação – Lubrificação
tão, cargas superficiais maiores, maior faixa de condições de temperatura e grande velocidade de
deslizamento em mancais e engrenagens, tudo isso submetendo o lubrificante a performances mui-
Detergentes – Melhoradores
Agentes antiespumantes
dispersantes antidesgastes
Melhoradores do
Bactericidas Agentes de oleosidade
ndice de viscosidade
38 SENAI-RJ
Lubrificação – Lubrificação
2.7. Viscosidade
Lubrificação manual
A lubrificação manual (Figura 2.2) é feita por meio de almotolias e ineficaz, pois não produz uma
camada homogênea de lubrificante.
Senai-RJ
SENAI-RJ 39
Lubrificação – Lubrificação
Esse dispositivo possui uma agulha que passa por um orifício cuja ponta repousa sobre o eixo. Quan-
do o eixo gira, imprime um movimento alternativo à agulha, liberando o fluxo de lubrificante, que
continua fluindo enquanto dura o movimento do eixo (Figura 2.3)
Senai-RJ
Figura 2.3 – Copo com agulha ou vareta
Copo conta-gotas
Esse é o tipo de copo (Figura 2.4) mais comumente usado na lubrificação industrial. Sua vantagem
está na possibilidade de regular a quantidade de óleo aplicado sobre o mancal.
Senai-RJ
40 SENAI-RJ
Lubrificação – Lubrificação
Nesse dispositivo (Figura 2.5), o lubrificante flui através de um pavio que fica encharcado de óleo.
A vazão depende da viscosidade do óleo, da temperatura, e do tamanho e do traçado do pavio.
Senai-RJ
Figura 2.5 – Copo com mecha
Por esse método, coloca-se uma quantidade de estopa (ou uma almofada feita de tecido absorven-
te) embebida em óleo em contato com a parte inferior do eixo. Por ação capilar, o óleo de embebi-
mento escoa pela estopa (ou pela almofada) em direção ao mancal (Figura 2.6).
Semi mancal
Almofada
Óleo Franja
Senai-RJ
Mola
SENAI-RJ 41
Lubrificação – Lubrificação
Na lubrificação por salpico, (Figura 2.7) o lubrificante contido em um depósito (ou cárter) é borri-
fado por meio de uma ou mais peças móveis.
Esse tipo de lubrificação é muito comum, especialmente em certos tipos de motores.
Senai-RJ
Figura 2.7 – Lubrificação por salpico
42 SENAI-RJ
Lubrificação – Lubrificação
O método é semelhante ao da lubrificação por anel, porém o anel é substituído por um colar fixo
ao eixo (Figura 2.9). O óleo transportado pelo colar vai até o mancal por meio de ranhuras. Empre-
ga-se esse método em eixos de maior velocidade ou quando se quer óleo mais viscoso.
Senai-RJ
Figura 2.9 – Lubrificação por colar
SENAI-RJ 43
Lubrificação – Lubrificação
É um sistema que utiliza uma bomba que retira óleo de um reservatório e o força por entre as su-
perfícies metálicas a serem lubrificadas (Figura 2.11). Esse método é empregado na lubrificação de
cilindros de compressores e de mancais.
Senai-RJ
Nesse sistema o óleo é bombeado de um depósito para as partes a serem lubrificadas (Figura 2.12).
Após a passagem pelas peças, o óleo volta para o reservatório.
Senai-RJ
44 SENAI-RJ
Lubrificação – Lubrificação
Senai-RJ
Figura 2.13 – Lubrificação manual
com pincel ou espátula
Nesse método a graxa é introduzida por intermédio do pino graxeiro de uma bomba manual (Fi-
gura 2.14).
Senai-RJ
Figura 2.14 – Lubrificação manual com bomba manual
Copo Stauffer
SENAI-RJ 45
Lubrificação – Lubrificação
Esse método de lubrificação é usado em mancais de rolamento (Figura 2.16). A graxa é aplicada ma-
nualmente até a metade da capacidade do depósito.
Senai-RJ
Figura 2.16 – Lubrificação por enchimento
46 SENAI-RJ
Lubrificação – Lubrificação
Sistema automatizado
Senai-RJ
Figura 2.18 – Sistema automatizado
O sistema centralizado é um método de lubrificação a graxa ou a óleo que tem a finalidade de lu-
brificar um elevado número de pontos, independentemente de sua localização. Esse sistema pos-
sibilita o abastecimento da quantidade exata de lubrificante, além de reduzir custos de mão-de-
-obra de lubrificação.
Um sistema centralizado completo (Figura 2.19) possui os seguintes componentes: bomba e ma-
nômetro, redes de suprimento (principal e distribuidores, válvulas e porca de compressão, cone-
xões e joelhos, acoplamentos e uniões).
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Lubrificação – Lubrificação
Os maiores benefícios em ter uma lubrificação centralizada é que se pode lubrificar vários pontos
ao mesmo tempo. Dessa forma, não é necessário parar o equipamento nem remover as placas de
proteção. Isso faz com que o equipamento seja lubrificado dentro de suas programações, sem fa-
lhas ou interrupções.
Existem vários tipos de sistemas de lubrificação a óleo ou a graxa, cada um com sua aplicação:
Vantagens e recursos
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Lubrificação – Lubrificação
Senai-RJ
Figura 2.20 – Lubrificador automático
Funcionamento
O rosqueamento do anel plástico até sua quebra faz com que o gerador de gás caia no líquido ele-
trolítico, iniciando uma reação química que eleva a pressão interna (máx. 4bar) e aciona o pistão
para baixo, liberando de forma contínua graxa ou óleo para o ponto de lubrificação.
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Lubrificação – Lubrificação
Segurança
Após o uso, não abra o cartucho do lubrificador automático, pois ele ainda fica sob
pressão durante algum tempo.
O cartucho do lubrificador automático contém etilenoglicol que, se ingerido, é preju-
dicial à saúde.
O cartucho do lubrificador automático, após o uso, deve ter o mesmo destino dado aos
recipientes que contenham resíduos de óleo e graxa.
Reciclagem
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Lubrificação – Lubrificação
Resumo
Como o lubrificador automático funciona sem ácidos corrosivos e pilhas, o descarte é bastante fa-
cilitado. Os cartuchos vazios podem ser tratados como qualquer outro lixo industrial com restos de
óleo e graxa, como latas, filtros, panos de absorção e roupas oleosas.
Antes de se aplicar um lubrificante, óleo ou graxa, a uma máquina, é indispensável ter a certeza de
que o produto está limpo, isento de contaminações e com suas características típicas dentro das
faixas normais. Para isso, cuidados especiais devem ser tomados com relação ao manuseio e arma-
zenamento dos tambores ou baldes de lubrificantes, assunto que será abordado mais adiante. Nes-
te ponto trataremos de algumas das precauções a serem observadas com os métodos mais comuns
de aplicação de lubrificantes.
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Lubrificação – Lubrificação
Lubrificação a óleo
Na lubrificação por almotilia, a aplicação do óleo deve ser periódica e regular, evitando-se sempre
os excessos e vazamentos.
Nos dispositivos semiautomáticos, como copo conta-gotas, copo com agulha ou tor-
cida entre outros, os níveis devem ser verificados periodicamente.
Com lubrificadores do tipo perda total de óleo, os níveis devem ser estabelecidos cui-
dadosamente. Por ocasião do enchimento, certificar-se de que o mecanismo funcio-
na corretamente, a agulha está livre ou a torcida está em boas condições para condu-
zir o óleo aos pontos de aplicação.
Nos casos de lubrificação por estopa, esta deve estar corretamente embebida e ter con-
tato completo com o munhão a lubrificar.
Nos casos de pequenos banhos de óleo, os níveis serão periodicamente revistos e, se
necessário, completados.
Quando houver anel lubrificador, deve-se estar certo de que ele gira com velocidade
normal e conduz bem o óleo do banho.
Lubrificadores mecânicos devem ter seu mecanismo bem ajustado, a fim de medir a
quantidade correta do óleo. Os visores devem estar limpos, sem a presença de água ou
impurezas. O óleo deve ser adicionado com a necessária frequência.
Em sistemas de lubrificação forçada, é importante manter os níveis, deixar limpos os
filtros, observar periodicamente as pressões e as temperaturas.
Antes da montagem, verificar se o lubrificador contém o lubrificante adequado para o
ponto de lubrificação escolhido.
Os rolamentos/mancais/correntes devem estar limpos e funcionando bem. Verificar
a regulagem de correntes.
Proceder à pré-lubrificação dos pontos, tubos, mangueiras ou escovas com lubrifican-
tes semelhantes aos do lubrificador.
O lubrificador com óleo requer, na primeira instalação, a válvula de retenção e, depen-
dendo do local, um pincel ou escova.
Garantir a vedação perfeita das peças de conexão.
Ficar atento ao tempo de lubrificação, que pode sofrer mudanças conforme a variação
da temperatura do ambiente de trabalho do lubrificador.
Se na troca do lubrificador, ao final do período de lubrificação, houver saídas residu-
ais de graxa em excesso, o ponto de lubrificação deve ser verificado.
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Lubrificação – Lubrificação
Para as empresas que utilizam grande quantidade de óleos lubrificantes, a recuperação de deter-
minados tipos de óleos para reutilização ou para outros fins constitui uma grande forma de econo-
mia. Por meio dos métodos de decantação, centrifugação e filtração, consegue-se recuperar ou au-
mentar a vida útil dos lubrificantes industriais.
Entretanto, sempre haverá uma parte que não pode ser reaproveitada e que precisa ser descar-
tada. Por orientação estipulada pelo Conselho Nacional do Petróleo (CNP), é obrigatória a capta-
ção de todas as sobras e seu envasamento conveniente em tanques ou embalagens limpas, para
posterior revenda às empresas especializadas em recuperação e re-refinação de óleos lubrifican-
tes, que subsequentemente os revenderão para outros fins.
Órgãos criados especificamente para o controle da poluição ambiental proíbem de maneira ca-
tegórica o descarte de óleos lubrificantes em esgotos, afluentes, rios e mar.
A queima de óleos lubrificantes em caldeiras e fornos não é permitida nem aconselhada pois,
além de prejudicar os equipamentos e poluir o meio ambiente, são divisas do país que se queimam
e que poderiam ser aproveitadas.
A análise do lubrificante nos permite identificar, quantificar, traçar um perfil de desgaste do equi-
pamento e componentes, além de avaliar a sua degradação natural. Do lubrificante que circula en-
tre as partes do equipamento se obtém todas as informações necessárias sobre seu estado. As par-
tículas de contaminação e as partículas de desgaste estão nele presentes e identificá-las por meio
de análises específicas nos permite traçar um perfil de desgaste dos seus componentes.
O controle de lubrificantes é vital para que o equipamento se mantenha em condições de ple-
nitude operacional. Esse controle nos permite identificar não só o desgaste do equipamento, mas
também a degradação natural e a sua troca ou intervenção no momento exato.
O monitoramento das partículas de desgaste baseia-se principalmente nos seguintes fatos:
A interface das peças móveis são continuamente “lavadas” pelo lubrificante e as par-
tículas de desgaste são arrastadas por esse lubrificante.
A velocidade de geração dessas partículas torna-se maior com o aumento do
desgaste.
O exame das partículas de desgaste arrastadas pelo lubrificante é um meio reconheci-
damente eficaz de se conhecer a saúde dos equipamentos e, quando exercido regular-
mente, habilita a detecção de falhas incipientes e a implementação de um programa
de monitoramento das condições no dia a dia de uso.
SENAI-RJ 53
Lubrificação – Lubrificação
Técnicas têm sido aplicadas para conhecer a natureza das partículas de desgaste em
termos qualitativos, quantitativos, e atualmente a maioria dessas técnicas é aplicada
em amostras do lubrificante em uso. Essas amostras são coletadas em intervalos regu-
lares − predeterminados − e a avaliação dos metais de desgaste é executada.
A adequada tabulação desses dados leva ao conhecimento do perfil normal de desgaste e à pre-
dição de ocorrência de falhas.
A seguir, veremos as metodologias mais usadas atualmente para o monitoramento das partícu-
las de desgaste.
Nessa metodologia de ensaio, a amostra é atomizada em uma chama sobre a qual incide uma de-
terminada radiação característica do elemento a ser analisado. Essa radiação tem como fontes lâm-
padas específicas para cada elemento. Os átomos do elemento dispersos na chama absorvem par-
te da radiação incidente, ocasionando a diminuição de intensidade da chama que é medida por um
detector. Quanto maior a concentração do elemento, maior será a absorção da radiação incidente.
Essa determinação quantitativa é feita pela comparação com padrões conhecidos dos elementos,
produzidos pela diluição de compostos organometálicos de pureza analítica. Os elementos de in-
teresse do estudo das partículas de desgaste geralmente são:
54 SENAI-RJ
Lubrificação – Lubrificação
A ferrografia consiste na contagem e na observação visual das partículas existentes em uma amos-
tra de lubrificante. Baseia-se nos seguintes princípios:
Existem dois níveis de análise ferrográfica. O primeiro, quantitativo, fornece uma indicação da
severidade do desgaste. O segundo, analítico, leva ao conhecimento das causas do desgaste. Des-
cobriu-se que durante o funcionamento normal de um elemento de máquina corretamente lubri-
ficado são produzidas partículas metálicas, principalmente ferrosas, de tamanho inferior a 15 mi-
crômetros, e que em condições de sobrecarga e má lubrificação aumenta a quantidade e o tama-
nho dessas partículas. Criou-se, então, um método eficaz de coletar, separar, contar e identificar as
partículas suspensas no lubrificante.
Fazendo-se fluir o óleo, ou graxa, através de um tubo capilar ou lâmina de vidro (Figura 2.21),
cercada por forte campo magnético, as partículas ferrosas de maior tamanho precipitam-se primei-
ro na entrada do substrato, aglomerando-se em local bem definido. É a posição em que são encon-
tradas as partículas maiores consideradas de desgaste severo. Cinco a seis milímetros adiante, pre-
cipitam-se as partículas menores, resultantes do desgaste considerado normal. As partículas não
ferrosas precipitam-se em qualquer local, pela ação da gravidade e do fraco magnetismo adquiri-
do no contato com as partículas ferrosas. Após a lavagem do depósito obtido, utilizando-se um sol-
vente especial que elimina todo o óleo, permanecem apenas as partículas retidas pelas forças ele-
tromagnéticas, prontas para a contagem e a observação visual.
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SENAI-RJ 55
Lubrificação – Lubrificação
Para a contagem são utilizadas fontes de luz e detectores apropriados, ligados a um dispositivo
eletrônico que mede a intensidade da luz transmitida através de duas áreas, a entrada e seis milí-
metros adiante, da amostra. A relação entre elas, correspondente à relação entre as partículas gran-
des e pequenas, indica a severidade do desgaste. Esse é o princípio da ferrografia quantitativa, que
pode ser efetuada periódica ou continuamente e possibilita o traçado de um gráfico de tendências
e o estabelecimento de um nível de alarme.
A ferrografia analítica requer a utilização de um microscópio de pesquisa, além de outros
instrumentos auxiliares para a observação visual da amostra. A natureza das partículas fornece uma
indicação precisa das causas do desgaste.
A amostra levada ao microscópio em lâminas de vidro é análoga a um espectro, pois de-
compõe o “sinal”, ordenadamente, segundo suas características, que tem relação com as causas.
A análise da forma, tamanho e cor das partículas permite inferir as causas, como sobrecar-
ga, má lubrificação, fadiga, abrasão e outras. A identificação da composição química dos elemen-
tos que compõem as partículas é viabilizada pela distribuição destas
no ferrograma (lâmina de vidro), pela cor, aquecimento e ataques quí-
micos. Raramente é necessária a utilização de outros métodos de iden-
tificação da composição química dos elementos.
Com a ferrografia pode-se efetuar o monitoramento periódi-
co, monitoramento de start-up, análise de falhas e desenvolvimento
de lubrificantes apropriados para condições específicas. A ferrogra-
fia quantitativa é realizada com um instrumento denominado ferró-
grafo (ao lado) de leitura direta. A ferrografia analítica requer um mi-
croscópio de pesquisas, um ferrógrafo preparador de lâminas e ou-
tros instrumentos auxiliares.
56 SENAI-RJ
Armazenagem
e manuseio
de lubrificantes
Nesta seção...
Acessórios de lubrificação
3
Lubrificação – Armazenagem e manuseio de lubrificantes
Armazenagem e manuseio
de lubrificantes
Os óleos lubrificantes são embalados usualmente em tambores de 200 litros, conforme norma do
INMETRO (Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
As graxas são comercializadas em quilograma e os tambores são de 170kg ou 180kg, conforme
o fabricante.
Em relação ao manuseio e armazenagem de lubrificantes, deve-se evitar a presença de água. Os
óleos contaminam-se facilmente com água. A água pode ser proveniente de chuvas ou da umida-
de do ar. Areia, poeira e outras partículas estranhas também são fatores de contaminação de óleos
e graxas.
Outro fator que afeta os lubrificantes, especialmente as graxas, é a temperatura muito elevada,
que pode decompô-las.
Quando não houver possibilidade de armazenagem dos lubrificantes em recinto fechado e are-
jado, devem ser observados os seguintes cuidados:
Manter os tambores sempre deitados sobre ripas de madeira para evitar a corrosão
(Figura 3.1).
Nunca empilhar os tambores sobre aterros de escórias, pois estas atacam seriamente
as chapas de aços de que eles são feitos.
Em cada extremidade de fila, os tambores devem ser firmemente escorados por calços
de madeira.
Os bujões devem ficar em fila horizontal.
Fazer inspeções periódicas para verificar se
as marcas dos tambores continuam legíveis
e descobrir qualquer vazamento.
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SENAI-RJ 59
Lubrificação – Armazenagem e manuseio de lubrificantes
Se os tambores precisarem ficar na posição vertical, devem ser cobertos por um ence-
rado. Na falta do encerado, o recurso é colocá-los ligeiramente inclinados (Figura 3.2),
com o emprego de calços de madeira, de forma que se evite o acúmulo de água sobre
qualquer um dos bujões.
Senai-RJ
Taco de madeira
A armazenagem em recinto fechado e arejado pode ser feita em estantes de ferro apropriadas
chamadas racks ou em estrados de madeira chamados pallets.
O emprego de racks exige o uso de um mecanismo tipo monorail com talha móvel para a colo-
cação e retirada dos tambores das estantes superiores. Para a manipulação dos pallets, é necessá-
ria uma empilhadeira com garfo.
Uma outra possibilidade é dispor os tambores horizontalmente e superpostos em até três filas,
com ripas de madeira de permeio e calços convenientes, conforme já foi mostrado. A retirada dos
tambores é feita usando-se uma rampa formada por duas tábuas grossas colocadas em paralelo,
por onde rolam cuidadosamente os tambores.
Panos e estopas sujos de óleo não devem ser deixados nesses locais, porque constituem focos
de combustão, além do fator estético.
O almoxarifado de lubrificantes deve ficar distante de poeiras de cimento, carvão e outros, bem
como de fontes de calor, como fornos e caldeiras.
O piso do almoxarifado de lubrificantes não deve soltar poeira nem absorver óleo depois de um
derrame acidental. Pode-se retirar óleo de um tambor em posição vertical utilizando uma peque-
na bomba manual apropriada.
60 SENAI-RJ
Lubrificação – Armazenagem e manuseio de lubrificantes
Os tambores que estiverem sendo usados devem ficar deitados horizontalmente sobre cavale-
tes adequados (Figura 3.3). A retirada de óleo é feita, nesse caso, por meio de torneiras apropriadas.
Geralmente adapta-se a torneira ao bujão menor. Para o caso de óleos muito viscosos, recomenda-
-se usar o bujão menor. O bujão com a torneira adaptada deve ficar voltado para baixo, e uma pe-
quena lata deve ser colocada para captar um eventual gotejamento, conforme a figura.
Senai-RJ
Figura 3.3 – Barris em cavalete
Os recipientes e os funis devem ser mantidos limpos, lavados periodicamente com querosene e
enxugados antes de voltarem ao uso.
Para graxas, que em geral são em número reduzido e cujo consumo é muito menor que o de óle-
os, recomenda-se o emprego de bombas apropriadas, mantendo-se o tambor sempre bem
fechado.
SENAI-RJ 61
Lubrificação – Armazenagem e manuseio de lubrificantes
Acessórios de lubrificação
QUADRO
Talha Empilhadeira
Serve para mover É utilizada na
os tambores estocagem
de lubrificantes e pode dos tambores.
ser manual ou elétrica.
Misturador Tanque
É aplicado para É utilizado
misturar óleo para a limpeza
solúvel com água. do
equipamento
de lubrificação.
Equipamento de
Torneira
retirada de óleo
É utilizada para retirar
São, normalmente,
óleo do tambor e é
bombas manuais,
aplicada nos orifícios
instaladas no
dos bujões de
bujão do tambor.
enchimento.
Senai-RJ
Continua
62 SENAI-RJ
Lubrificação – Armazenagem e manuseio de lubrificantes
QUADRO Continuação
Carrinhos de lubrificação
Por causa da necessidade de se aplicar
diferentes tipos de lubrificantes a
vários equipamentos e em locais
distantes, usam-se carrinhos de
lubrificantes.
Senai-RJ
SENAI-RJ 63
Organização e
controle da
lubrificação
Nesta seção...
Programação
Controle do consumo
Controle do estoque
4
Lubrificação – Organização e controle da lubrificação
Organização e controle
da lubrificação
O emprego de sistemas de lubrificação planejados reduz os custos de manutenção. Entretanto, ava-
lia-se que somente de 20% a 30% das empresas médias e grandes do Brasil possuam sistemas ope-
racionais de lubrificação planejados. Nas indústrias de pequeno porte, a lubrificação ainda é con-
siderada como atividade de nível inferior.
Com os equipamentos modernos, a lubrificação tornou-se muito importante pois, para obter a
máxima produtividade em máquinas cada vez mais caras e sofisticadas, é preciso reduzir ao míni-
mo o desgaste e as paradas.
Em todos os equipamentos, é necessária que haja uma lubrificação correta, em especial os de
produção automatizada. Lubrificar corretamente significa planejar e programar a lubrificação.
Para conseguir uma lubrificação eficiente é preciso, em relação ao lubrificante, saber: tipo e
quantidade; e quando e onde usá-lo.
A coordenação e controle dos fatores citados é que se chama planejamento da lubrificação.
São as seguintes as fases para executar o planejamento da lubrificação:
Nessa fase executa-se uma espécie de inventário dos equipamentos de cada setor da empresa.
Isso é feito elaborando-se fichas individuais para cada equipamento.
Nessas fichas devem constar:
SENAI-RJ 67
Lubrificação – Organização e controle da lubrificação
No verso dessas fichas, deve ser colocado um esquema do equipamento com a indicação dos
pontos a lubrificar. Esse esquema serve para tirar dúvidas do lubrificador e auxiliar a programação.
As fichas devem ser feitas em duplicata, ficando uma no setor de lubrificação e outra, protegida por
envelope plástico, fixada à máquina.
Após o levantamento dos equipamentos, faz-se um estudo sobre as especificações dos lubrifican-
tes recomendados.
A finalidade do estudo é detectar semelhanças e equivalências entre os produtos. Com isso é
possível reduzir a variedade de produtos em estoque. Usando o menor número possível de lubrifi-
cantes, evitam-se erros de aplicação. E, também, simplifica-se o acondicionamento e identificação
dos produtos.
É importante também que seja feita uma tabela de equivalência entre as várias marcas comer-
ciais. Isso facilita o abastecimento dos depósitos e recipientes de aplicação.
Programação
Roteiro de lubrificação
Deve ser determinado em função do layout das máquinas, sua disponibilidade, frequência de apli-
cação e tempos de deslocamento e lubrificação.
O roteiro deve ser o mais racional possível a fim de obter o máximo de produtividade.
Calendário de serviços
O calendário de serviços deve ter a programação diária das tarefas e abrangência de um ano.
Para elaborar o calendário, é preciso dividir o ano em semanas de sete dias (de segunda a do-
mingo) e meses de quatro semanas, isto é, divide-se o ano sem considerar as variações nos meses
apresentadas pelo calendário civil.
68 SENAI-RJ
Lubrificação – Organização e controle da lubrificação
A seguir, relacionam-se todas as tarefas segundo sua frequência, ou seja, agrupam-se as tarefas
em diárias, semanais, mensais etc. Cada tarefa relacionada deve ser acompanhada do seu tempo
de execução.
De posse dos dados anteriores, o técnico em lubrificação elabora as rotinas diárias, semanais,
mensais etc. E ainda determina o número de lubrificadores e dimensiona as instalações do setor
de lubrificação.
A partir das rotinas, o supervisor responsável pela lubrificação executa uma programação diá-
ria para cada um dos seus subordinados.
As rotinas e programações citadas devem ser feitas por meio de fichas. A finalidade das fichas é
racionalizar o trabalho e, simultaneamente, dar-lhe um caráter documental.
É necessário que o responsável pelo setor de lubrificação saiba, com segurança, quais os serviços
executados e quais os transferidos.
Esse controle é feito por meio de análise diária da “rotina individual do lubrificador”.
A análise deve ser feita no início do período de trabalho, para detectar os eventuais serviços não
cumpridos no dia anterior. Com isso, é possível reprogramar e evitar falhas na lubrificação.
Para ter um controle eficiente, é necessário sensibilizar o lubrificador quanto ao preenchimen-
to correto da sua ficha, por exemplo, os serviços adiados ou executados parcialmente devem ser
anotados em “observações”.
Controle do consumo
Em virtude da grande dificuldade em controlar o consumo por máquina, ambas as fichas fazem
o controle por seção de trabalho.
SENAI-RJ 69
Lubrificação – Organização e controle da lubrificação
Controle do estoque
As informações sobre o ressuprimento servem para que o próprio almoxarife inicie o processa-
mento de novos pedidos. Além disso, elas indicam se as chegadas estão ocorrendo na hora certa.
Recomendações
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Lubrificação – Organização e controle da lubrificação
Usar estopas.
Misturar produtos de marcas e tipos diferentes.
Usar recipientes sujos.
Usar recipientes com resíduos de lubrificantes velhos.
Deixar de efetuar o serviço programado sem informar o acontecido.
Deixar de limpar os pontos a serem lubrificados.
Precauções
O prolongado contato da pele com os lubrificantes pode causar dermatoses. Isso porque os óleos
e graxas obstruem as glândulas sudoríparas e os poros. Com isso, surgem a secura e as irritações da
pele que evoluem para estágios de infecção.
Assim, a boa higiene deve ser sempre praticada. Óleos e graxas devem ser removidos da pele
imediatamente, lavando-se com água morna e sabão. As roupas sujas não devem permanecer em
contato com a pele. Os lubrificantes podem ser removidos das roupas pela lavagem a seco ou com
água e sabões de uso doméstico.
Caso haja contato com os olhos, estes devem ser lavados com um jato abundante de água, até
a remoção total do produto. A fim de evitar ingestão, devem-se manter os alimentos afastados dos
produtos de petróleo e lavar as mãos antes das refeições.
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Referências Bibliográficas
MOBIL OIL DO BRASIL. Fundamentos da lubrificação.
MOURA, Carlos R. S.; CARRETEIRO, Ronald P. Lubrificantes e lubrificação. Makron Books.
PROCTER & GAMBLE. Apostila de lubrificação industrial.
RUNGE, Peter R. F.; DUARTE, Gilson N. Lubrificantes nas indústrias. Tribo Concept.
SENAI-SP. Mecânico de manutenção. (Telecurso 2000)
_________. Módulo de lubrificação. (Supervisor de primeira linha)
SHELL. Curso de lubrificação industrial. (Volume 1)
SIL. Serviços industriais de lubrificação. (Apostila)