AULA 1 O Modo de Produção Capitalista e A Divisão Do Trabalho

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 23

DESCRIÇÃO

O trabalho produtivo e improdutivo para a compreensão do sistema capitalista e a cultura material e imaterial como símbolos de riqueza nacional, bem como a reestruturação
produtiva e a reorganização do trabalho frente às transformações tecnológicas no capitalismo.

PROPÓSITO
Apresentar, a partir do referencial teórico marxista, a divisão do trabalho nos períodos manufatureiro e da industrialização permite compreender o desenvolvimento do modelo de
produção capitalista e suas transformações, observando o cenário brasileiro.

PREPARAÇÃO
Levando em conta a riqueza e as múltiplas possibilidades de análise do tema, é importante ter à mão um bom dicionário de teoria política ou mesmo de Filosofia. Sugerimos os
seguintes: ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. v. 1. BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política. 11. ed.
Brasília (DF): Editora Universidade de Brasília, 1998.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever o processo de desenvolvimento da produção capitalista

MÓDULO 2

Identificar as transformações do mundo do trabalho e suas consequências tanto na produção quanto na reprodução da questão social

MÓDULO 3

Comparar os conceitos de trabalho produtivo e improdutivo, bem como as classificações de cultura material e imaterial

MÓDULO 4

Reconhecer as transformações no mundo do trabalho com base no exemplo das relações trabalhistas no Brasil

INTRODUÇÃO
A partir de Karl Marx (1818-1883), torna-se possível afirmar que o processo de trabalho é a maneira como se pode interpretar a prática de uma sociedade. Deste modo, veremos
como ocorre o processo de desenvolvimento da produção capitalista e como a mais-valia pode ser classificada como sua “lei” fundamental. Tal desenvolvimento tem, em sua
estrutura, a presença tanto de rupturas quanto de continuidades, no que se refere à organização do trabalho, esteja ela na esfera da revolução científica ou na tecnológica.

A reflexão sobre processos históricos com suas categorias ajuda a colocar, em perspectiva, temas da atualidade. Assim, abordaremos o processo de produção e a organização na
sociedade capitalista, reconhecendo os conceitos-chave na elaboração e manutenção do capitalismo. Como desdobramentos, apresentaremos as configurações desse processo de
produção no reflexo da questão social e suas expressões (de desigualdades) contemporâneas, no contexto brasileiro, tais como racismo e gênero, e os dados sobre reorganização
do trabalho no Brasil.
MÓDULO 1

 Descrever o processo de desenvolvimento da produção capitalista

TRABALHO MANUFATUREIRO
Este conteúdo será norteado pelas seguintes questões:

Como ocorre a divisão do trabalho no período manufatureiro e no período da industrialização?

De que maneira se dá o desenvolvimento das forças produtivas no modelo de produção capitalista?

Quais são as categorias socioeconômicas empregadas para compreensão técnica da sociedade capitalista?

A princípio, é importante saber que, segundo Paulo Netto (2011), Karl Marx não foi um teórico do Comunismo, como muitos sentenciam, mas do capitalismo. Influenciado pelo
materialismo de Ludwig Feuerbach (1804-1872), Marx defende ser a sociedade que cria e organiza as ideias, não o contrário. Seu polêmico pensamento confronta, diretamente, a
teoria hegeliana.

Na década de 1840, o economista, filósofo e sociólogo alemão, Marx, foi estimulado pelos escritos de Friedrich Engels (1820-1895) sobre economia política e iniciou suas pesquisas
para análise concreta da sociedade moderna. Quando falamos da sociedade moderna, indicamos o período em que a ordem feudal se estabeleceu na Europa Ocidental entre os
séculos XVIII e XIX. Essa é a sociedade burguesa. O cerne das pesquisas de Marx (MARX; ENGELS, 1955) não é outro senão a produção capitalista.

A partir de suas obras, torna-se possível afirmar que o processo de trabalho é a maneira como se pode interpretar a prática de uma sociedade. Até mesmo na Idade Média, em que
não apenas reis e membros da corte, mas também assalariados e artesãos, faziam uso de trabalhos, mercadorias, objetos estéticos, dentre outros, produzidos por alguém. A
diferença entre os grupos sociais está nas condições em que cada um exerce e usufrui da produção de seu trabalho. Em O manifesto comunista , Marx e Engels afirmam que toda a
história existente se trata da história da luta de classes:

Autor: John Jabez Edwin Mayall.


 Karl Marx (1818-1883).

HOMEM LIVRE E ESCRAVO, PATRÍCIO E PLEBEU, SENHOR E SERVO, MESTRE DE GUILDA E ARTESÃO,
EM UMA PALAVRA, OPRESSOR E OPRIMIDO, ESTIVERAM EM CONSTANTE OPOSIÇÃO ENTRE SI,
LEVARAM ADIANTE UM CONFLITO ININTERRUPTO, AGORA OCULTO, UM CONFLITO QUE EM CADA
ÉPOCA TERMINOU OU EM UMA RECONSTITUIÇÃO REVOLUCIONÁRIA DA SOCIEDADE EM GERAL, OU
NA RUÍNA COMUM DAS CLASSES EM LUTA.

(MARX; ENGELS, 1955, p. 34)


A citação acima pode ser explicada da seguinte maneira: os seres humanos são motivados por preocupações materiais básicas e não por ideias mirabolantes. Quais são as
necessidades elementares da vida humana para sua sobrevivência? A resposta a essa questão traz à baila a visão materialista da história. É importante entendermos que diante da
demanda não apenas de alimentos, mas também de vestimentas e abrigo, existem outras necessidades, como o sexo. Desejos e outras questões fazem de famílias, comunidades.
Comunidades criam mais desejos e outras demandas materiais.

E COMO PODERIAM SER SATISFEITOS?

Marx e Engels (2005) respondem: pelo modo de produção.

Para assistir tanto a confortos quanto a necessidades, a comunidade precisava de alguma atividade produtiva. Em uma localidade onde várias pessoas trabalham, o que ocorre é a
divisão de tarefas. Pessoas diferentes possuem tarefas diferentes. Está aqui a relação de produção.

Exemplo:

Em uma comunidade pode haver o construtor do barco e o construtor de redes. Marx entende que essa relação primitiva era comunista, uma vez que o barco e a rede eram de todos
os membros da aldeia. O surgimento de uma demanda fazia com que a produção fosse compartilhada entre todos.

Em que momento ocorreu uma mudança decisiva nessa relação de produção? Com a chamada civilização clássica, a propriedade privada e seus efeitos são a sua marca principal.
Neste momento, o construtor do barco vê-se proprietário do barco; e o mesmo ocorre com o construtor da rede. Com o tempo, ambos passam a negociar seus produtos e, como
desdobramento, um consegue vender mais do que o outro. Esse tipo de produção causa o distanciamento entre os membros de uma mesma comunidade, em que uns terão muito, e
outros pouco ou nada.

A mudança da caça e coleta para o cultivo de grãos coloca em grande vantagem o grupo daqueles que possuem suas propriedades. Ou seja, os donos (senhores) de propriedades
possuem não apenas os produtos, mas também os meios de produção, isto é, a terra onde os grãos são cultivados. Aqueles que não possuíam terras eram subjugados e ficavam
dependentes dos senhores. Esses dependentes eram chamados de assistentes e até mesmo escravos.

Propriedade privada e agricultura são, portanto, palavras-chave para compreendermos o conflito da história, como registrado no início desta seção: a separação de classes,
ganhando formas e novos conflitos na passagem dos tempos. No período moderno, um novo modelo de produção é introduzido na sociedade pelo capitalismo, que é a manufatura
comercial. Como desdobramento desse modelo, há também alterações nas relações de produção. O proprietário é conhecido como aquele que faz parte da “burguesia” ou “classe
média”; os trabalhadores/funcionários são “o proletariado”. Essa relação está em constante estágio de tensão (VELHO et al., 1971).

Domínio público
 Imagem do filme Tempos modernos .

O proletariado é aquele que só tem a sua força de trabalho e a vende para os proprietários. Como troca dessa força de trabalho, lhe é pago um salário que só permite cobrir as
despesas básicas, ou seja, em que o trabalhador consegue subsistir. A fábrica é o lugar onde trabalhadores passam longas horas de seu dia operando máquinas e produzindo, em
larga escala, para seus patrões. Esse cenário foi muito bem registrado pelo cineasta Charles Chaplin (1889-1977), no filme Tempos modernos (1936).

PERÍODO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E DOS CONCEITOS TEÓRICOS


O período manufatureiro não permitia ainda que o capitalismo mudasse as regras e o éthos na sociedade. Era necessária uma passagem do trabalho manual para a indústria, o que
ocorreu a partir do século XVIII, na Inglaterra, com o crescimento na produção têxtil. A invenção da “lançadeira volante”, que dobrava a produção do tecelão; a “máquina de fiar”, que
movimentava, inicialmente, até 20 fusos e, no final do século XVIII, chegava a 400 fusos. No século XIX, o trabalho manual foi praticamente alijado com a invenção do “tear
mecânico”. A Inglaterra tornou-se um exemplo de criação de máquinas e a repercussão chegou a países da Europa e aos EUA. O capitalismo, portanto, também se tornou industrial
(LUXEMBURGO, 1969; HOBSBAWM, 1985).

O desenvolvimento desse capitalismo industrial aumentou a tensão entre as classes gerando muita pobreza entre os proletários que depositavam suas esperanças na revolução –
assunto que abordaremos no final deste conteúdo.

ÉTHOS

Éthos, de origem grega, representa os elementos que marcam a identidade de uma pessoa ou de um grupo, como crenças, cultura, hábitos etc. Vale consultar o Dicionário de
Filosofia, indicado na Preparação do tema.
MARX NÃO CRIOU O CONCEITO DE CLASSES OU CONFLITO SOCIAL. DIZIA APENAS TER
DESCOBERTO A CONEXÃO ENTRE ELES.

Mas como isso ocorreu? Vejamos à frente!

O idealismo de Hegel (1992) considerava a matéria como algo secundário. Ele acreditava que a realidade última era como a “Ideia Absoluta” ou o “Espírito Absoluto” — em termos
religiosos, seria o mesmo que “Deus”. Neste aspecto, a realidade jamais conseguiria reproduzir o ideal. Hegel busca desenvolver essa explicação a partir de sua dialética:

A tese é o evento inicial;

A antítese é o Absoluto que tenta se tornar consciente de si;

Combinando o elemento de ambos surge a síntese – que será uma nova tese para um novo ciclo de oposições.

A sociedade só avançaria tendo o conflito como protagonista da história.

Marx não rejeita a tese do conflito, mas o processo como isso ocorre. Enquanto Hegel entendia que o mundo das ideias, dos conceitos, dos espíritos, influenciava a matéria, Marx
invertia esse quadro explicando que é o mundo real capaz de responder às questões. Seguindo esse raciocínio, duas categorias filosófico-sociológicas são importantes para a
compreensão desse sistema:

A alienação, que parte mais especificamente dessa diferenciação entre a superestrutura (mundo imaterial) e a infraestrutura (mundo material);

A mais-valia.

O interesse de Marx era romper com a tradição idealista hegeliana, pois ela não tinha condições de modificar a sociedade. O caminho para se obter a subversão da ordem vigente
(classe dominante) era a revolução pela classe dominada, oprimida. Essa é a característica-chave de seu método conhecido como materialismo histórico.

 RESUMINDO

A História da humanidade não se define ou transforma por suas ideias, mas pela produção material (daí o “materialismo”). O termo “dialético”, em sua teoria, é explicado pelo
entendimento que Marx possui da História: o percurso da humanidade como a história da luta de classes (classes opostas). O autor rompe com a proposta hegeliana (e também
platônica no que se refere ao “mundo ideal”).

ALIENAÇÃO

Outro conceito importante para se entender tal rompimento é a alienação. Hegel discute, sobretudo, a impossibilidade que o mundo material enfrenta em reproduzir a perfeição do
mundo ideal (o Absoluto). Por outro lado, Marx entende (MARX; ENGELS, 2005) que é o ser humano quem produz a alienação e isso ocorre no trabalho concreto, na realidade da
vida. E será a partir da leitura desse conceito, em Feuerbach, que chegará a essa conclusão.

Feuerbach, em sua obra, Preleções sobre a essência da religião (1989), descrevendo filosófica e antropologicamente a questão, defende que o ser humano criou Deus à sua
imagem e semelhança, ou seja, a criação do mundo abstrato ocorre no campo material e não o contrário. O que determinaria, portanto, as transformações sociais não seria a esfera
celestial/espiritual, mas a concreta (materialismo histórico).

Utilizando tal conceito, Marx discute como a alienação é prejudicial no campo da Economia. A religião, para esse filósofo, não era a causa dos desajustes, e sim um sintoma na
sociedade e que, por isso, após resolvido o problema de classes, ela desapareceria. O discurso religioso era utilizado como ferramenta de manutenção e domínio pela classe
burguesa a fim de que o proletariado cresse que a desigualdade social era a vontade de Deus. Por outro lado, a religião foi classificada por ele como “suspiro da criatura oprimida”, no
sentido de que lá as pessoas teriam um pouco de refrigério. Mas também foi interpretada como “ópio do povo” (MARX, 2010), que dessensibilizava o indivíduo para as ações por
entender que aquele era mesmo um plano divino.
Fonte: Wikimedia.org

Percebemos, até aqui, como Marx dialoga com outras correntes de pensamento — Hegel, Feuerbach —, além captar influências e discordâncias no campo metodológico para
interpretação da sociedade. Objetivamente, além do cerne dessa discussão, que é a luta de classes, notamos como os principais conceitos (superestrutura, infraestrutura, alienação,
mais-valia) são empregados por ele para descrever a relação entre proletariado e burguesia.

Fonte: Hermann Traub/Pixabay

 SAIBA MAIS

Em seu livro O capital , Marx argumenta que a alienação, na linha de produção, ocorre quando o trabalhador participa apenas parcialmente do processo, ficando alheio ao resultado.
Nesta plataforma (MARX; ENGELS, 2005), o sujeito exerce sua força de trabalho que é, consequentemente, coisificada e perde sua humanidade e liberdade. A obra em questão
sentencia que, na manufatura, a ferramenta é utilizada pelo trabalhador; já na fábrica, torna-se um servo da máquina.

MAIS-VALIA

O segundo conceito anunciado é a mais-valia. No livro supracitado, Marx explica que tudo o que é produzido ou desejado tem seu valor a partir da quantidade de trabalho requerida
para executá-lo.

Exemplo:

Se uma caneca de porcelana demora um dia para ficar pronta e um relógio demora 15 dias, o valor do relógio será 15 vezes maior. Fica claro que o capitalismo discutido, na obra, se
ocupa em lucrar; não se trata de intercambiar produtos com o mesmo valor. E de onde esse lucro surge? Com o surgimento das máquinas, tornou-se possível fabricar muito mais
relógios.

Nas fábricas, os trabalhadores chegavam a ficar cerca de 12 horas ou mais produzindo mercadorias. A quantidade não significava retorno, conforme a força de trabalho dos
funcionários, pois continuavam extremamente pobres. Essa alta produção e esse lucro representam a mais-valia, que é aquilo que excede após o pagamento dos trabalhadores.

Fonte: Jianqing Diao/Shutterstock


O resultado de todo o impulso para obtenção de maior produção chama-se superprodução de capital. Produz-se mais do que pode ser vendido. Com isso, muitos proprietários
precisam reduzir a produção gerando desemprego, recessões e crises econômicas. Mas há sempre uma “reserva” de proletários com um “custo menor”. O ser humano passa a ser
visto como um objeto. Para combater esse tipo de coisificação e uma mudança estrutural, Marx apostava na dupla tarefa do comunismo: educação e ação.

Enquanto a educação possibilitava pessoas enxergarem a realidade tal como ela é (infraestrutura), sem a intermediação da religião ou outros subterfúgios (superestrutura), a ação
apontava para a revolução social. O autor alemão entendia que a construção do seu campo teórico não deveria ser algo abstrato, mas ser capaz de levar a sociedade ao movimento
necessário de transformações.

Para a conquista dessas transformações, os oprimidos (trabalhadores) deveriam marchar para o que chamou de ditadura do proletariado – em que os marginalizados/pobres
alcançariam o poder, destronando os males causados pela divisão de classes e suprimindo a ideia de propriedade privada.

PRINCIPAIS CONCEITOS DA TEORIA MARXISTA


No vídeo, nosso especialista Nelson Lellis destaca os conceitos apresentados no módulo:

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. OBSERVAMOS QUE A TEORIA DE MARX SOBRE O CAPITALISMO NÃO SURGIU APENAS DE OBSERVAÇÃO, MAS EM DIÁLOGO COM
OUTROS TEÓRICOS E NA REFORMULAÇÃO DE DETERMINADOS CONCEITOS. UMA DESSAS REFORMULAÇÕES OCORREU COM O TERMO
“ALIENAÇÃO”. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDA AO USO QUE MARX FEZ DO TERMO.

A) O Estado é alienado, por isso, aliena a sociedade.

B) A religião é utilizada como força contra a alienação promovida pelo Estado.

C) A alienação é quando um trabalhador desconhece o resultado final de sua produção.

D) Para que a ditadura do proletariado seja efetivada, deve-se utilizar a religião como controle contra a burguesia.

E) Alienação é produzida na esfera da superestrutura.

2. NESTE MÓDULO, DESTACAMOS QUE HOUVE UM PERÍODO NA HISTÓRIA EM QUE O CONFLITO SOCIAL TEVE SEU DESDOBRAMENTO NA
SEPARAÇÃO DE CLASSES. ASSINALE A RESPOSTA QUE CONTÉM AS PALAVRAS-CHAVE QUE EXPLICAM ESSE PROCESSO.

A) Agricultura e propriedade privada

B) Infraestrutura e superestrutura

C) Industrialização e tecelagem

D) Burguesia e proletariado

E) Mais-valia e alienação

GABARITO
1. Observamos que a teoria de Marx sobre o capitalismo não surgiu apenas de observação, mas em diálogo com outros teóricos e na reformulação de determinados
conceitos. Uma dessas reformulações ocorreu com o termo “alienação”. Assinale a alternativa que corresponda ao uso que Marx fez do termo.

A alternativa "C " está correta.

Em seu livro O capital, Marx argumenta que a alienação na linha de produção ocorre quando o trabalhador participa apenas parcialmente do processo, ficando alheio ao resultado
final.

2. Neste módulo, destacamos que houve um período na história em que o conflito social teve seu desdobramento na separação de classes. Assinale a resposta que
contém as palavras-chave que explicam esse processo.

A alternativa "A " está correta.

Propriedade privada e agricultura são palavras-chave para compreendermos o conflito da história: a separação de classes, que ganha formas e novos conflitos na passagem dos
tempos.

MÓDULO 2

 Identificar as transformações do mundo do trabalho e suas consequências tanto na produção quanto na reprodução da questão social

PROCESSO DE PRODUÇÃO E ORGANIZAÇÃO NA SOCIEDADE CAPITALISTA


A reflexão sobre processos históricos com suas categorias ajuda a colocar em perspectiva temas da atualidade. Portanto, em que medida o capitalismo coisifica o ser humano? Quais
são os pontos de discussão sobre a complexa realidade cultural permeada pelos valores e pelas produções? Para responder a tais questões, abordaremos, primeiramente, o
processo de produção e organização na sociedade capitalista, tema que aprofunda a discussão iniciada no módulo 1.

Veremos um pouco mais sobre a gênese da questão social no capitalismo. Novas palavras-chave (MARX, 1984) surgem para nos ajudar nessa interpretação. São elas:

EXPROPRIAÇÃO

SUPEREXPLORAÇÃO

(AMARAL; CARCANHOLO, 2009).

A estrutura econômica, da sociedade capitalista, herdou elementos da estrutura econômica da sociedade feudal. Dentro desse sistema, o trabalhador, aquele que produz, só
conseguiria vender livremente a força de seu trabalho quando se tornasse livre das corporações – que regulavam e prescreviam restritivamente o trabalho. Isso permitiria que levasse
sua mercadoria onde encontrasse interesse por ela. O cenário sugere pensar na libertação do trabalhador (servidão) coagido pelas corporações burguesas. Todavia, há outro lado da
história:

[...] ESSES RECÉM-LIBERTADOS SÓ SE TORNAM VENDEDORES DE SI MESMOS DEPOIS QUE TODOS OS


SEUS MEIOS DE PRODUÇÃO E TODAS AS GARANTIAS DE SUA EXISTÊNCIA, OFERECIDAS PELAS
VELHAS INSTITUIÇÕES FEUDAIS, LHES FORAM ROUBADOS. E A HISTÓRIA DESSA SUA
EXPROPRIAÇÃO ESTÁ INSCRITA NOS ANAIS DA HUMANIDADE COM TRAÇOS DE SANGUE E FOGO.

(MARX, 1984, p. 341)

Antes de prosseguirmos, é importante respondermos à questão: o que é expropriação? É o ato de transferir um bem do indivíduo devedor para satisfazer o direito do credor. No
registro historiográfico de Marx, “roubos”. Para tocar nesse assunto, precisamos recuperar o tema da assim chamada acumulação primitiva – que é uma categoria sob crítica aos
olhos de Marx.
Fonte: Nuvolanevicata/Shutterstock

E POR QUÊ?

Na esteira interpretativa sobre o processo econômico-social, contava-se que um grupo havia acumulado bens e recursos, não os gastando de forma dissoluta; e um segundo grupo
que fazia exatamente o contrário. Seguindo essa lógica, o primeiro grupo teria efetivado a servidão do segundo grupo. Marx critica essa explicação. Por isso que seu capítulo inicia
com “A assim chamada...”.

Na visão desse autor, o problema é explicado pela expropriação dos trabalhadores. E quem eram esses trabalhadores? Aqueles que conseguiam garantir sua subsistência por meio
da terra (plantadores, tecelões etc.). Com o tempo, foram expulsos de suas terras de forma sistemática – tendo início entre os séculos XIV e XV, na Europa –, ficando apenas com a
força de seu trabalho.

A acumulação primitiva é a expropriação do trabalhador direto, que não se restringe ao sujeito do campo. Como desdobramento, ocorre a conversão dos meios de vida do trabalhador
em capital. Ou seja, o barco, a rede, a enxada, o tear, o fuso, que anteriormente eram extensão do trabalho desses indivíduos, ao serem expropriados, os indivíduos ficam
impossibilitados de produzirem de acordo com o modelo antigo; e todos os equipamentos, assim como a terra, são convertidos em maneiras de subordinação utilizadas pelo dono
(senhor) a fim de atingirem grande produção mercantil e mais-valia.

 RESUMINDO

A produção não está mais voltada para a vida do trabalhador, e sim para a valorização do próprio valor. É por isso que, para Marx (1984, p. 341), “a história dessa sua expropriação
está inscrita nos anais da humanidade com traços de sangue e fogo”.

Com o avanço do capitalismo (LUXEMBURGO, 1970), aprofundam-se as formas de expropriação e de conversão dos meios de vida em capital. No início do séc. XX, a maior parte do
mundo ainda era camponesa. Luxemburgo (1970) interpreta o capital a partir desse mundo. Para que o capitalismo se expanda, é necessária uma fronteira externa, algo que esteja
além (fora) dele, a fim de que seja incorporado. Nesse caso, está tratando de expropriação e de acumulação. O capitalismo precisa expropriar e, ao mesmo tempo, convertê-los em
capital. Essa é a sua função sistemática.

No final do séc. XX, percebeu-se a expansão do capitalismo de modo diferente. Um dos autores, que trabalhará mais detidamente sobre o assunto, é Harvey (2005), a partir do
conceito de capitalismo por espoliação. O autor, como teórico da Geografia, concorda com Luxemburgo (1970) quando defende que, para ocorrer a expansão do capitalismo, é
necessário algo que esteja além (ou fora) dele (outras terras, por exemplo). Todavia, Harvey (2005) entende que a acumulação primitiva precede a todo esse sistema.

Harvey (2005) acredita que a teoria da acumulação de Marx não foi devidamente utilizada pelos pesquisadores, no que se refere à dimensão espacial no modo de produção
capitalista, pois as obras do autor alemão reconhecem o contexto geográfico (uma espécie de teoria da localização). Segundo a perspectiva de Harvey (2005), essa teoria da
localização entende que a dinâmica se encontra no centro das coisas; isto é, o processo de crescimento econômico com o que chama de entendimento explícito de uma estrutura
emergente de relações espaciais. Portanto, a teoria da acumulação tem relação direta com o entendimento da estrutura espacial.

Contrapondo a Harvey (2005), a historiadora Fontes (2010) entende que não há como ordenar essas etapas. Sua tese é que, embora estejamos em época avançada do capitalismo,
isso não significa que ele parou de expropriar. Conforme sua expansão, os “pequenos capitalistas” também são expropriados pelos maiores que, consequentemente, forçam uma
nova conversão de força de trabalho daqueles, ou seja, os “pequenos” continuam com mentalidade capitalista, mas sua posição social é alterada. Isso indica que as relações de
produção sempre serão desiguais. Além disso, “a dinâmica do intercâmbio desigual culmina em superexploração” (AMARAL; CARCANHOLO, 2009, p. 217), não possibilitando o
rompimento com os mecanismos de transferência de valor.

O CAPITALISMO PRECISA SEMPRE REPOR A SUA BASE SOCIAL, QUE SÃO AS MASSAS
PRECISANDO VENDER A SUA FORÇA DE TRABALHO.

Autor: Hyejin Kang/Shutterstock


QUESTÕES SOCIAIS E SUAS EXPRESSÕES DE DESIGUALDADES
CONTEMPORÂNEAS
De que maneira a sociedade lida com a relação entre mercado e seus agentes?

A desigualdade seria fruto e assunto do passado ou ainda está presente e em constante mutação?

Para responder a essas questões, veremos como ocorrem as configurações desse processo de produção na reprodução da questão social e suas expressões (de desigualdades)
contemporâneas no contexto brasileiro, tais como racismo e gênero. Estando o processo capitalista inclinado a aumentar o número daqueles que precisam vender sua força de
trabalho, é preciso identificar os novos e contemporâneos arranjos sociais para a manutenção desse sistema tendo o Brasil como campo de pesquisa.

Fonte: Tverdokhlib/Shutterstock

Tendo o Brasil como exemplo, buscamos responder: O que seriam as questões sociais? Em primeiro lugar, podem ser compreendidas como um desdobramento da sociedade
moderna (ou “burguesa”). Nas palavras de Paulo Netto (2001, p. 44), a questão social pode ser identificada nos seguintes termos: desemprego, doenças, desigualdades, penúria,
desamparo frente ao sistema sociopolítico etc. A questão social é produzida pelo desenvolvimento do capitalismo e isso ocorre em diferentes estágios na história.

A crise do sistema capitalista apresenta muitas facetas, como o desemprego e o subdesemprego crônicos.

O que remonta à tendência fundamental da superacumulação são o excedente de capital, a ausência de oportunidades de investimento, as taxas de lucro decrescentes, a baixa
demanda no mercado etc. Por outro lado, a crise impõe novas racionalizações para manter-se. O custo social dessa nova lógica é alto: colapsos econômicos, desvalorização de
poupanças pessoais, inflação, concentração de poder econômico, queda salarial, desemprego, entre outros.

Um aspecto da questão social é a desigualdade. O capitalismo enfrenta crises constantes fazendo com que se incorpore cada vez mais força de trabalho (aumentando a massa para
repor continuamente sua base social) construindo uma imagem de “mais emprego”. O que ocorre, de acordo com os teóricos do capitalismo (LAUDARES, 2010), é o aumento no
sistema de produção. Isso impossibilita “a distribuição de riqueza proveniente do trabalho”.

Para o economista Marcio Pochmann (2014), “a desigualdade no acesso aos bens e serviços deixou de ser algo natural para se tornar cada vez mais um problema de natureza
política”, e sentencia: “as políticas sociais não se universalizaram”, fazendo com que sejam (as políticas sociais) subordinadas ao comportamento econômico adotado.

No Brasil, muitos conceitos foram e ainda são utilizados para explicar a identidade nacional no que se refere ao estoque cultural, suas relações com diferentes instituições, bem como
atrasos econômicos e políticos. A sociologia pública de Souza (2017) aborda criticamente um desses conceitos: o uso equivocado de patrimonialismo para explicar parte da
identidade nacional.

Fonte: Elnur/Shutterstock

MAS O QUE É PATRIMONIALISMO?

É um modelo de administração trazido de estados absolutistas europeus, cuja principal característica é a não distinção entre o bem público e o bem privado. Não seria possível
diferenciar o bem que pertencia ao Estado do bem que pertencia ao detentor do poder.

Conforme Souza (2017), o uso desse conceito, para explicar os desafetos e desafios da nação, trata-se de um engano articulado pela elite econômica durante o séc. XX. A elite
brasileira (que o autor chama de “elite do atraso”), ao centralizar o termo como o “x” da questão, faz acreditar que o poder, a corrupção e as elites opressoras concentram-se no
Estado. O autor defende que, em uma sociedade capitalista, o poder encontra-se no mercado. O conceito de patrimonialismo seria utilizado por grandes proprietários a fim de
esconder a realidade e a força do capital.
Neste quadro de desigualdades, causado pelo mercado, há também outras faces que se unem à dinâmica do sistema econômico, tais como:

PRECONCEITO DE GÊNERO
A Agência Brasil registra que, historicamente, os homens possuem um salário maior do que as mulheres em nosso país. Em 2011, o salário médio de homens com ensino superior
era de R$3.058,00; as mulheres, com o mesmo nível de formação, recebiam R$1.865,00 – ou seja, uma diferença de 63,98%. No ano seguinte, 2012, foi registrada uma leve queda
para 61,78%. Em 2018, para 44,7%. Em 2019, a diferença voltou a crescer para 47,24%: homens com rendimento que chegava a R$3.372,00, enquanto as mulheres recebiam cerca
de R$ 2.593,00.

Vale ressaltar que a participação da mulher, como provedora da renda familiar, tem sido destacada desde a década de 1970.

Muitas pesquisas empíricas, em diferentes momentos da história, acerca da crescente presença da mulher no mercado de trabalho, observaram outras características que ajudaram
nesse processo, como: a queda da fecundidade, maior número de mulheres como “chefes de família”, situação conjugal, idade. O fator comum nas pesquisas foi o aumento da
escolaridade. Como informou a Agência Brasil, independentemente do nível de instrução da mulher, a média salarial ainda é inferior a dos homens.

PRECONCEITO RACIAL
Em relação à desigualdade entre pardos/pretos e brancos, o IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — divulgou, em novembro de 2019, que: o rendimento mensal de
pessoas brancas era de R$2.796,00; e de R$1.608,00 da população preta ou parda – uma diferença de 73,9%.

Os dados do IBGE demonstram, sobre o “mercado de trabalho”, que 64,2% da população brasileira desocupada representavam pretos ou pardos, sendo que, no ano de 2018, o
índice chegou a 66,1% da população subutilizada. Quando se fala de ocupações informais, assim fica a diferença: 34,6% dos trabalhadores brancos e 47,3% entre pretos ou pardos.

No tema “distribuição de renda”, pretos ou pardos representavam 75,2% de um grupo formado pelos 10% da população com os rendimentos mais inferiores do Brasil. Entre os 10%
mais ricos no país, 27,7% não são brancos.

É importante saber que a maior parte dos trabalhos acadêmicos sobre relações raciais agrupa, em uma só categoria, pretos e pardos. O que isso pode gerar? Nos indicadores
socioeconômicos, que são variados, as percepções dos padrões identitários não possuem a mesma convergência (entre ambos os grupos). Mesmo assim, os resultados observados
acima apontam (DAFLON et al., 2017) que a cor e a dimensão socioeconômica não podem ser dissociadas nas pesquisas no Brasil. Exemplo: pardos de baixo nível socioeconômico
estão próximos a pretos e, por outro lado, pardos de classe média (alta) reportam pouca discriminação, aproximando-se dos brancos. Isso não autoriza dizer que pardos e pretos de
classe média(alta) não sofram preconceito (SOUZA, 2015).

AGÊNCIA BRASIL

A Agência Brasil é uma agência pública de notícias criada em 1990, logo após a incorporação da Empresa Brasileira de Notícias (EBN) pela extinta Empresa Brasileira de
Comunicação (Radiobrás).

Fonte: Empresa Brasil de Comunicação

A sociedade brasileira revela, portanto, suas correntes dominantes e suas contradições quando tenta explicar as raízes dos problemas econômicos e políticos. O desafio que se
coloca não é apenas captar a ponta do iceberg , como a corrupção na política, por exemplo; mas sim interpretar, criticamente, os discursos que determinados grupos utilizam para
explicar as mazelas sociais.

PATRIMONIALISMO E DESIGUALDADE
Nelson Lellis apresenta a relação entre os dois conceitos através de exemplos:
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. VIMOS QUE A EXPANSÃO DO CAPITALISMO SE DEU DE DIFERENTES MANEIRAS. NO FINAL DO SÉCULO XX, ISSO FOI PERCEBIDO MAIS
CLARAMENTE. TANTO LUXEMBURGO (1970) QUANTO HARVEY (2005) CONCORDAM QUE A EXPANSÃO DO CAPITAL DEPENDE DE ALGO
QUE ESTEJA “ALÉM DELE”. O QUE PODE SIGNIFICAR O TERMO “ALÉM DELE”? ASSINALE ABAIXO A ALTERNATIVA CORRETA:

A) A expansão ocorre quando diferentes Estados adotam o sistema de produção em massa em seus países, considerando a produção dos donos de terras.

B) A expansão ocorre quando a massa entende a necessidade de produzir em escala, uma vez que o lucro do produto será repartido entre os trabalhadores.

C) A expansão ocorre por meio da criação de novas demandas sociais (desejos e necessidades) reajustadas pela burguesia.

D) A expansão ocorre por meio da multiplicação de empregos.

E) A expansão ocorre como resultado de expropriação e de acumulação, convertendo a forma de vida em capital.

2. OBSERVAMOS QUE A FORÇA DE TRABALHO PODE SER CONFUNDIDA COM “MAIS EMPREGO”. DIANTE DESSA SENTENÇA, SERIA
CORRETO AFIRMAR QUE:

A) A distribuição de riqueza, proveniente do crescimento do número de empregos na sociedade, é garantida.

B) O “mais emprego” sugere a atuação de empresas para o enriquecimento da nação.

C) A força de trabalho pode ser interpretada como o avanço dos proletariados no lucro das mercadorias após valor taxado pelo mercado.

D) A força de trabalho confundida com “mais emprego” revela o aumento da massa que repõe a base social do capitalismo.

E) O “mais emprego” é apenas uma maneira da elite enganar a população, uma vez que a força de trabalho de mulheres e negros ainda são subvalorizados.

GABARITO

1. Vimos que a expansão do capitalismo se deu de diferentes maneiras. No final do século XX, isso foi percebido mais claramente. Tanto Luxemburgo (1970) quanto
Harvey (2005) concordam que a expansão do capital depende de algo que esteja “além dele”. O que pode significar o termo “além dele”? Assinale abaixo a alternativa
correta:

A alternativa "E " está correta.

Neste caso, está tratando de expropriação e de acumulação. O capitalismo precisa expropriar e, ao mesmo tempo, convertê-los em capital. Essa é a sua função sistemática.

2. Observamos que a força de trabalho pode ser confundida com “mais emprego”. Diante dessa sentença, seria correto afirmar que:

A alternativa "D " está correta.

O capitalismo enfrenta crises constantes, fazendo com que se incorpore cada vez mais força de trabalho (aumentando a massa para repor continuamente sua base social),
construindo uma imagem de “mais emprego”.

MÓDULO 3

 Comparar os conceitos de trabalho produtivo e improdutivo, bem como as classificações de cultura material e imaterial

TRABALHO PRODUTIVO E IMPRODUTIVO


Não apenas o Brasil, mas boa parte do mundo foi transformada, economicamente, diante das forças de produção e acumulação de riquezas, pelo menos, desde a metade do século
XX. Compreender essas transformações e seus desdobramentos, no que se refere à produção e reprodução, tem sido um esforço de grupos de intelectuais, de políticos, entre outros.

Neste módulo, e em diálogo com o conteúdo dos anteriores, nosso objetivo será descrever e refletir sobre o conceito de trabalho em duas escalas: o produtivo e o improdutivo.
Para melhor analisar esses termos, discutiremos, à luz de seu desenvolvimento na história, bem como no contexto brasileiro.
Fonte: Varavin88/Shutterstock

Ressaltamos que Karl Marx discutiu as categorias de trabalho produtivo e improdutivo em seus estudos, mas sem sistematizá-las como fez com outros conceitos (TEIXEIRA, 1988). O
tema serviu de apoio para o capítulo IV de O capital (manuscritos de 1861 a 1863 que ajudaram a compor as “Teorias da mais-valia: história crítica do pensamento econômico”),
onde o autor destaca as diferenças entre ambas as categorias (trabalho produtivo e trabalho improdutivo) tendo como referência inicial os estudos de Adam Smith (1723-1790) – mais
especificamente a uma crítica a Smith feita pelo economista Henri Storch (1766-1835) por aquele não ter feito distinção entre os valores imateriais da riqueza.

 COMENTÁRIO

A relevância de estudar esse assunto dá-se pela possibilidade de compreender um pouco mais sobre a anatomia da sociedade capitalista a partir da economia política clássica, cuja
concentração está em desvendar os códigos da teoria do valor, da mercadoria e do lucro nessa esfera.

TRABALHO PRODUTIVO

Vamos iniciar com o conceito de trabalho produtivo. Para Marx (1985, p. 109), trata-se do trabalho “que valoriza o capital, o que produz mais-valia, ou seja, que se realiza numa
mais-valia”. E continua: esse tipo de trabalho “serve diretamente ao capital como instrumento da sua autovalorização, como meio para a produção de mais-valia”.

Sua característica fundamental é a produção de mais-valia gerando lucro para os senhores, chefes, donos, empresários, empregadores etc. A mais-valia alimenta a existência do
sistema capitalista; ela, que é retirada do trabalhador assalariado, consiste no fundamento da produção do sistema capitalista, pois é da força do trabalho que ele (o patrão) retira
seu lucro.

Fonte: ESB Professional/Shutterstock

Há pelo menos três elementos acerca do trabalho produtivo:

01
Processo de produção que gera a mais-valia e, consequentemente, serve à autovalorização do capital (MARX, 1985).

02
A mercadoria em si, produzida para a satisfação de uma necessidade ou fantasia (TEIXEIRA, 1988).

03
A “relação social” expressa entre o trabalho e o capital (MARX, 1980).

Exemplo:

a) Um escritor pode fazer parte desse quadro não por causa da produção de suas ideias, mas porque enriquece seu editor;

b) O trabalhador de um fabricante de violão é produtivo, pois seu trabalho proporciona a mais-valia, ou seja, valor acima do salário no produto;
c) O funcionário que produz peças em uma fábrica de carros, entre outros.

O TRIPÉ DO TRABALHO PRODUTIVO


Vamos apresentar os conceitos de processo de produção, mercadoria e relação social, no contexto do trabalho produtivo:

TRABALHO IMPRODUTIVO

E o que seria o trabalho improdutivo? Segundo análise de Marx, é aquele que não produz valor e nem valor excedente (mais-valia), antes, ele é uma consequência do próprio valor
excedente, como avaliou Braverman (1981). O trabalhador produtivo é assalariado, mas nem todo assalariado trata-se de um trabalhador produtivo. Trabalhadores improdutivos são
todos aqueles que estão fora do processo imediato de produção, isto é, não produzem mais-valia como os assalariados em um comércio.

Exemplo:

A arte de um artista, o canto de uma cantora, o ensino de um professor etc. Todavia, o artista, a cantora e o professor podem se tornar produtivos quando são contratados, mediante
seus respectivos trabalhos, gerando valor excedente ao que produzem.

Silentwings_M_Ghosh/Shutterstock

É IMPORTANTE SUBLINHAR QUE AMBOS OS TRABALHOS, PRODUTIVO E IMPRODUTIVO,


TÊM RELAÇÃO COM OS PRINCÍPIOS DO SISTEMA CAPITALISTA.

Existem autores (DUARTE, 2017) com diferentes visões sobre o trabalho docente como produtivo, por exemplo. Santos Neto (2012) entenderá como improdutivo; Teixeira (1988)
localizará como improdutivo interior à produção; Silva Júnior e Pimenta (2014) entenderão como produtivo de acordo como se realiza coletivamente tendo em vista as novas
realidades de valorização do capital:
OS TRABALHOS SÃO MATERIAIS OU IMATERIAIS, PRODUTIVOS OU IMPRODUTIVOS, MAS ESTÃO
SOCIALMENTE COMBINADOS COM O OBJETIVO DE VALORIZAÇÃO DO CAPITAL EM ESCALA GLOBAL.

(SILVA JÚNIOR; PIMENTA, 2014, p. 36)

O que os autores parecem querer demonstrar, no entanto, além das diferentes correntes de pensamento acerca do trabalho (produtivo ou improdutivo) docente contemporâneo, é a
necessidade de reinvenção das formas de valorização que o capital imprime na sociedade buscando, com isso, subordinar até mesmo a esfera da Educação.

FETICHISMO

Um conceito que pode ajudar a compreender tal complexidade nesse setor é o de fetichismo. Para Marx, fetichismo é quando as relações sociais são mediadas por coisas. Quando
a Educação se transforma em mercadoria, por exemplo, o fetiche é o elemento que converte os aspectos subjetivos em objetivos. Ou seja, a abstração de determinado valor
econômico é convertida naquilo que o indivíduo acredita como valor intrínseco. Atualmente, muitas propagandas de instituições de ensino trazem, como fator principal, a preparação
para o mercado de trabalho.

Fonte: Creativa Images/Shutterstock

A consciência dos indivíduos preparada para o mercado de trabalho é um caminho também percorrido no âmbito das escolas e faculdades. Qual a motivação de alguém para
cursar um ensino superior? Será que esse aluno se interessa pelo curso que melhor lhe preparará para uma profissão remunerando-o de acordo com suas pretensões?
Essas questões norteiam seu posicionamento em relação ao sistema capitalista, onde, por mais que tenha um salário considerável, sempre haverá alguém que fará uso de sua
produção (mais-valia).

CULTURA MATERIAL E IMATERIAL


Abordaremos aqui o significado de cultura material e cultura imaterial, trabalhando com exemplos nacionais e apresentando instituições que contribuem para a preservação dos
patrimônios. Embora não haja uma relação direta entre os temas, o objetivo é ampliar o debate sobre a interpretação e diferenciação acerca da ideia de valor(es) construído(s) na(s) e
pela(s) sociedade(s).

Existiriam obras com outro tipo de valor na sociedade? Trabalhos manuais que se tornam evidenciados como fonte de riqueza cultural, isto é, que não pode nem mesmo ser vendido?
Contudo, pode-se fazer dessa riqueza cultural um ambiente ideal para o comércio (turismo, por exemplo)? Para responder a tais questões, veremos o significado de cultura material e
imaterial.

A diferenciação de cultura material (tangível) e imaterial (intangível) pode ser encontrada em obras de teóricos da Antropologia, tais como: Giddens (2002) e Nova (2011).

A DISTINÇÃO É ALGO MERAMENTE NOMINAL, PARA FINS ANALÍTICOS, UMA VEZ QUE
AMBAS “SÃO DOMÍNIOS INTERDEPENDENTES DA CULTURA TOTAL” (NOVA, 2011, P. 55).

Veremos isso à frente.

Primeiramente, o que é cultura material? É o que pode ser classificado como algo concreto, tangível, palpável, o que foi produzido pelo trabalhador de forma artificial. Aquilo que é
construído dos artefatos e objetos em geral (imagens religiosas, mesas, pulseiras, relógios etc.).

Todavia, a cultura não se restringe apenas à cultura material. A cultura imaterial se encontra nas expressões, nos valores, nas tradições de ancestrais preservadas por determinado
grupo de indivíduos. É o que pode ser percebido na transmissão de geração para outra geração. A cultura não material compreende o domínio das ideias onde são encontradas as
crenças religiosas, a ética, as técnicas, os valores, os conhecimentos, as normas, os conceitos etc.

Exemplo:

O IPHAN — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — considerou o “queijo minas” como patrimônio cultural imaterial. Note: não se trata do queijo como produto, mas da
tradição de sua produção, uma vez que a fabricação artesanal do queijo está inserida na cultura do “modo de ser mineiro”. Essa tradição é um elemento classificado como cultura
imaterial, isto é, que está vinculado aos valores, à identidade e à continuidade.
PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS E PATRIMÔNIOS IMATERIAIS

Dentro desse quadro, temos também os chamados patrimônios históricos. Esse é o título dado a qualquer bem móvel, imóvel ou natural que possua valor inestimável para uma
sociedade, nação, um povoado. Quais são os órgãos que protegem esses patrimônios?

IPHAN
Já mencionado, é uma autarquia federal ligada ao Ministério da Cultura. Sua função é proteger e promover os bens culturais do país, além de garantir a segurança e o usufruto das
gerações presentes e futuras. Para esse órgão, o patrimônio material é composto por um conjunto de bens culturais classificados conforme os quatro Livros do Tombo: a)
arqueológico, paisagístico e etnográfico; b) histórico; c) belas artes; d) artes aplicadas.

ONU — ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS


O Conselho de Segurança da ONU adotou a resolução 2.347, no dia 24 de março de 2017, relativa à proteção do patrimônio cultural.

UNESCO — ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA


Acrônimo de United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. É uma agência especializada da ONU para os fins explicitados na própria sigla. Trata-se de um órgão
regulador do patrimônio mundial.

E o que seriam os patrimônios imateriais? São os bens culturais de uma sociedade, como: os saberes, a tradição, as celebrações, as formas de expressões artísticas e religiosas
etc. No Brasil, o IPHAN reconheceu 38 manifestações culturais imateriais. Destas, a UNESCO reconheceu cinco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. São elas:

Foto: Divulgação/Embratur

Roda de Capoeira: círculo formado por capoeiristas que cantam e batem palmas no ritmo do berimbau enquanto a capoeira é jogada no centro pelos participantes.

Foto: Acervo/Prefeitura de Recife. Fonte: turismo.gov.br

Frevo: ritmo musical originado no estado de Pernambuco e baseado em ritmos como a marcha, o dobrado e a polca, o maxixe. Sua dança também foi influenciada pela capoeira.

Foto: Luiz Santos. Fonte: turismo.gov.br

Samba de Roda: com origem no Recôncavo Baiano, mas tendo elementos africanos e da cultura portuguesa, esse gênero musical tornou-se referência no mundo, dando também
origem à Bossa Nova e ao samba carioca.
Foto: Diretoria da Festa de Nazaré. Fonte: turismo.gov.br

Círio de Nazaré: Círio (do latim: cereus ) significa vela ou tocha. Trata-se de uma procissão religiosa que ocorre em Belém e em outras cidades do interior do estado do Pará.

Foto: Heitor Reali/Iphan. Fonte: turismo.gov.br

Arte Kusiwa: essa é uma arte de representação gráfica (pintura corporal) comum entre os índios Wajãpi, no Amapá.

Para terminarmos, passemos para a paisagem cultural. No dia 1º de julho de 2012, a UNESCO concedeu à cidade do Rio de Janeiro o título de Patrimônio Mundial como Paisagem
Cultural. O reconhecimento deriva da relação sociedade-natureza de caráter singular.

DEVE-SE ESTABELECER A SEGUINTE DISTINÇÃO: A PAISAGEM COMO PATRIMÔNIO NÃO


REVELA COMO CENTRO A IMPORTÂNCIA ARTÍSTICA OU ARQUITETÔNICA DA CIDADE, E SIM
SUA EXPLÍCITA PROXIMIDADE ENTRE O CIDADÃO E A NATUREZA.

Além do Rio de Janeiro, o Ministério do Turismo divulga outros patrimônios nacionais como paisagem cultural: Brasília (DF); Goiás Velho (GO); Conjunto da Pampulha, Diamantina,
Ouro Preto e Congonhas (MG), Olinda (PE), São Luís (MA), Salvador (BA), São Cristóvão (SE), São Miguel das Missões (RS), Serra da Capivara (PI).

Tais locais surgem como ponto turístico e fazem a economia girar. Não apenas lugares reconhecidos como paisagens culturais, mas elementos de tradição e bens culturais materiais
se tornam modos de produção no sistema capitalista, como uma simples imagem religiosa ou uma pulseira indígena. O processo de reconhecimento, preservação, divulgação e,
posteriormente, produção desses bens culturais são aproveitados sobretudo pela cultura do capital. O capitalismo transforma os recursos naturais em mercadoria.

A transformação de determinados patrimônios naturais e culturais em espaços geográficos para uso comercial levanta novas questões: problemas e crises ambientais causados pelo
sistema capitalista como efeitos colaterais de toda essa forma de utilização.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. APRESENTAMOS A DIFERENÇA ENTRE TRABALHADORES PRODUTIVOS E IMPRODUTIVOS. PERCEBEMOS QUE OS TRABALHADORES


IMPRODUTIVOS SÃO TODOS AQUELES QUE ESTÃO FORA DO PROCESSO IMEDIATO DE PRODUÇÃO. COM BASE NESSA AFIRMAÇÃO,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:

A) Trabalhadores improdutivos estão fora do processo de produção, mas continuam gerando lucro com seus trabalhos autônomos.

B) Trabalhadores improdutivos não produzem mais-valia como assalariados em um comércio.

C) Trabalhadores produtivos produzem mais-valia superior em comparação com os trabalhadores improdutivos.

D) Trabalhadores improdutivos são os assalariados.

E) Trabalhadores improdutivos não possuem nenhuma relação com o sistema capitalista.

2. AO ANALISARMOS OS CONCEITOS DE CULTURA MATERIAL E IMATERIAL, DEVEMOS TER ESPECIAL ATENÇÃO, POIS TAL
CLASSIFICAÇÃO EXISTE APENAS POR OBJETIVOS PEDAGÓGICOS, OU SEJA, PARA NOS POSSIBILITAR A ANÁLISE DE DETERMINADOS
ELEMENTOS EM UMA SOCIEDADE. AMBOS OS CONCEITOS INTEGRAM A IDEIA MAIS AMPLA DE CULTURA.
AINDA ASSIM, PODEMOS AFIRMAR SOBRE ELES:
I – A CULTURA MATERIAL CONSTITUI-SE DA PRODUÇÃO CONCRETA, FÍSICA, REALIZADA POR TRABALHADORES.
II – A CULTURA IMATERIAL É TRANSMITIDA POR INDIVÍDUOS OU GRUPOS DE INDIVÍDUOS DE DETERMINADA SOCIEDADE.
III – A CULTURA IMATERIAL CONSTITUI-SE DE VALORES E TRADIÇÕES, DESDE QUE MERAMENTE CULTURAIS, E ELEMENTOS
RELIGIOSOS SÃO EXCLUÍDOS.

DAS AFIRMATIVAS ANTERIORES, ESTÁ(ÃO) CORRETA(S):

A) Somente I

B) Somente II

C) Somente III

D) I e II

E) I e III

GABARITO

1. Apresentamos a diferença entre trabalhadores produtivos e improdutivos. Percebemos que os trabalhadores improdutivos são todos aqueles que estão fora do
processo imediato de produção. Com base nessa afirmação, assinale a alternativa correta:

A alternativa "B " está correta.

Trabalhadores improdutivos são todos aqueles que estão fora do processo imediato de produção, isto é, não produzem mais-valia como os assalariados em um comércio, por
exemplo.

2. Ao analisarmos os conceitos de cultura material e imaterial, devemos ter especial atenção, pois tal classificação existe apenas por objetivos pedagógicos, ou seja, para
nos possibilitar a análise de determinados elementos em uma sociedade. Ambos os conceitos integram a ideia mais ampla de cultura.
Ainda assim, podemos afirmar sobre eles:

I – A cultura material constitui-se da produção concreta, física, realizada por trabalhadores.


II – A cultura imaterial é transmitida por indivíduos ou grupos de indivíduos de determinada sociedade.
III – A cultura imaterial constitui-se de valores e tradições, desde que meramente culturais, e elementos religiosos são excluídos.

Das afirmativas anteriores, está(ão) correta(s):

A alternativa "D " está correta.

Além de valores, tradições, expressões, a cultura imaterial também abarca o chamado domínio das ideias: técnicas, éticas, normativas e religiosas.

MÓDULO 4

 Reconhecer as transformações no mundo do trabalho com base no exemplo das relações trabalhistas no Brasil

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
Vamos abordar o conceito de reestruturação produtiva a partir de dois modelos clássicos:

FORDISTA

TOYOTISTA

A noção sobre a reestruturação ganhou outros aspectos durante a história, como: social, espacial, econômica, urbana, industrial, organizacional. Observaremos, com isso, que as
transformações sociais não ocorrem de maneira radical a ponto de uma nova estrutura eliminar a anterior. As estruturas são movimentos dialéticos. A indústria da produção se dá de
modo global e as políticas nacionais procuram responder às reestruturações guiadas pelo mercado.

É importante entender que a reestruturação visa, em sua raiz, reformular novas bases estruturais organizando-as a partir de outras táticas. Entretanto, não se pode afirmar que a
estrutura A (nova) se sobreporá à estrutura B (anterior) eliminando-a totalmente, bem como alertou a geógrafa Lencioni (1998). Seria possível afirmar que a estrutura B tem sua
estabilidade até o momento de sua fissura – quando surge a estrutura A . Seguindo esse exemplo, a estrutura B não é excluída do cenário social, e sim modificada mediante as
novas relações que estão em movimento. O que ocorre nesse sistema é a subordinação de uma à outra.
E O QUE VEM A SER REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA?

É um processo de mudança que ocorre nas esferas social, espacial, tecnológica e organizacional. Nas palavras de Gomes (2011, p. 56), “são transformações que vêm ocorrendo na
indústria, sejam de ordem técnica ou do ponto de vista do trabalho e também na lógica espacial”.

Trata-se de algo dialético, pois, quando se fala desse tipo de reestruturação, é possível afirmar que alguns resíduos da primeira sobrevivem na segunda. Em uma empresa industrial,
por exemplo, existem características mais tradicionais – que classificamos como fordistas – e também modernas –, que classificamos como modernas e flexíveis (modelo toyotista).

Modelo fordista

Um modelo de produção industrial iniciado, nos EUA, por Henry Ford (1863-1947). Algumas de suas características: produção e consumo em massa (em massa porque o número
crescente da produção trazia consigo seu barateamento); divisão rígida de tarefas; trabalho padronizado; linha de montagem.


Modelo toyotista

Trabalho separado por tarefas e níveis hierárquicos; racionalização da produção; controle de tempo; estabelecimento de metas e níveis de produtividade.

Os modelos acima servem para a compreensão do conceito de reestruturação produtiva. A crise de produção em massa ocorrida entre as décadas de 1930-1940 (MANDEL, 1982) fez
com que o fordismo abrisse espaço a outras alternativas. Importante registrar que a reestruturação ocorre como forma de tentar superar as crises do modo de produção do sistema
capitalista. À época, o fordismo havia adaptado as máquinas ao trabalhador, inserindo a esteira rolante para que diminuíssem os erros humanos. Todavia, o trabalhador não recebia o
devido reconhecimento de sua produção. Além do baixo salário, os movimentos repetitivos causavam danos à saúde (como nos apresenta, com humor, o filme Tempos modernos , já
citado).

Eiji Toyoda (1913-2013), empresário do ramo automobilístico japonês —Toyota —, após visitar, na década de 1950, fábricas da Ford, percebeu que poderia adaptar aquele modelo à
realidade de seu país. O modelo toyotista ganhou notoriedade na década de 1970 e trouxe novas características, como a produção adaptada à venda direta (just in time = na hora).
O que isso representa? Que a produção seria realizada conforme a demanda da sociedade, ao contrário do modelo fordista, que produzia em grande escala (massa) e precisava,
portanto, de amplos lugares para armazenamento de sua produção.

Fonte: OVKNHR/Shutterstock

 IMPORTANTE

O modelo anterior não deixa de existir pelo surgimento de outro. Pelo contrário, o anterior pode ser “forçado” a readaptar-se aos novos padrões. A crise pela qual o modelo fordista
passou fez com que a empresa se dedicasse a novos métodos de produção: produção e maquinário mais flexíveis (controle de produção), com trabalhadores mais bem qualificados
(especialização e autonomia) para operar as máquinas etc.

Percebemos que as estruturas são uma espécie de movimento que trabalha com o conceito de “metamorfose”, em que não se trata de mudança social, transformação, evolução,
revolução ou crise, mas de uma “maneira de mudar a natureza da existência humana” (BECK, 2018, p. 36). Alguns autores, além de Lencioni, defendem a estrutura dessa maneira
(como um movimento), tais como:

GOTTDIENER (1993), QUE ENTENDE A REESTRUTURAÇÃO COMO O RESULTADO DE


TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO E NA SOCIEDADE.

SOJA (1993, P. 193), QUE A CONSIDERA COMO UMA “COMBINAÇÃO SEQUENCIAL DE


DESMORONAMENTO E RECONSTRUÇÃO”.

A REESTRUTURAÇÃO É DIALÉTICA, UMA VEZ QUE SUAS MUDANÇAS OCORREM DE


MANEIRA NÃO ESTÁTICA.

Quando falamos do capitalismo, sua reestruturação ocorre não apenas em âmbito social, mas também espacial, como já abordado. Isso acontece porque ambos, na percepção de
Gottdiener (1993), estão conectados aos responsáveis pela mais-valia: os produtos e os produtores.

REESTRUTURAÇÃO NO BRASIL
Vejamos como ocorrem as transformações no mundo do trabalho, tendo, como exemplo, as relações trabalhistas no Brasil. No final da década de 1970 se dá o processo de
reestruturação produtiva no país. Durante a década de 1990, intensificou-se a crise em relação ao modelo que tinha como base a substituição das importações. Não há como negar
que o sistema de política (neo)liberal protagonizou as transformações no que se refere ao processo tanto de produção quanto de gestão e organização do trabalho.

No Brasil, o debate sobre a reestruturação produtiva tem relação direta com as novas tecnologias no setor de mercado, na área da gerência e que, consequentemente, resultam em
transformações tanto na gestão quanto na organização do trabalho e na relação entre empresas.

Existem três períodos de modernização tecnológica no país:

PRIMEIRO PERÍODO
Entre os anos 1970 e 1980, quando os Círculos de Controle de Qualidade (táticas japonesas) eram o centro da inovação tecnológica não havendo, nessa época, investimento efetivo
das empresas quanto à maneira de organização do trabalho e de equipamentos mais modernos (microeletrônicos), apresentando resistência não apenas por parte do trabalhador,
mas também de empresários (LEITE, 1994).

SEGUNDO PERÍODO
Na retomada do crescimento econômico (1984-1985), com a ampliação da tecnologia e a chegada de outras táticas japonesas, como a just in time (LEITE, 1994), que também pode
ser compreendida como “estoque mínimo” para o controle da produção. Os lugares mais comuns dessa reestruturação se dão entre as montadoras (setores automotivos),
siderúrgicas, empresas de exportação etc.

TERCEIRO PERÍODO
A partir da década de 1990, outras tecnologias foram implementadas, como ISO (Internacional Standard Organization – Organização Internacional para Normatização), cuja
certificação visa gerar oportunidade e qualidade a nível mundial. Algumas das características desse período, em relação às formas de trabalho, são: terceirização, subcontratação,
nova jornada de trabalho etc.

Tudo isso visando à adequação a exigências de competitividade diante do cenário internacional, como a própria qualidade do produto. Esse período também é conhecido como
toyotismo sistêmico, uma vez que o salto qualitativo e quantitativo, mediante as mudanças tecnológicas, esteve presente nas principais indústrias do Brasil.

Como dito, a crise no sistema capitalista é algo corriqueiro e, na década de 1990, o Brasil presenciou o aprofundamento da crise no processo de reestruturação produtiva (BONELLI,
1999). E isso se deu por alguns motivos. Um deles foi a política adotada pelo então presidente Fernando Collor de Mello diante do mercado interno, em que empresas foram
praticamente obrigadas a se adequarem ao padrão internacional modernizando seus equipamentos de produção ou estariam em larga desvantagem.

Fonte: PBQP do Habitat

Na época, o governo Collor (1990-1992) lançou (RUAS; ANTUNES, 1997) o “Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade” a fim de que (DRUCK, 1999) as empresas
conseguissem se adequar ao mercado globalizado modernizando suas produções. Como resultado, as empresas buscaram mão de obra considerada “barata”.

A política (neo)liberal adotada no Brasil, responsável pelas transformações no processo de inovações na tecnologia, nos serviços terceirizados e na produção mais flexível, resultou
em uma evidente reestruturação do mercado de trabalho e, consequentemente, em um número expressivo de desemprego.

 RESUMINDO

O cerne deste quadro não se estabelece na figura do trabalhador (mais empregos), mas sim na veloz rotatividade do capital. Justifica-se, portanto, a precarização do emprego através
da informalidade, terceirização, fragmentação etc.; faces dessa precarização que passam a protagonizar cada vez mais o cenário socioeconômico.

REORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO BRASIL


Consideraremos, aqui, o conceito de precarização do trabalho e o acento na informalidade neste contexto de crises, de crescimento da globalização e das transformações
tecnológicas e de informação. Pensando nisso, de que maneira o mercado de trabalho, do sistema capitalista, aparentemente globalizado, se recompõe na sociedade? Como
é possível discutir as desigualdades causadas pelas reconfigurações do mundo do trabalho trazendo a pauta de um novo contrato social?

A globalização trouxe consigo transformações tecnológicas e de informações. Talvez, ao lado da tarefa de elencar pontos positivos desse processo, esteja o esforço de entender
como tudo isso contribuiu para a precarização do trabalho e a objetificação do trabalhador. E para compreender o conceito de precarização, antes de abordarmos a reorganização do
trabalho, lançamos mão de Rodgers e Rodgers (1989), definindo-o como algo que: possui alto grau de instabilidade; controle sobre o trabalhador em relação ao salário, à produção,
ao tempo de trabalho / tempo livre, à proteção (contratos, legislação, rendimento).

A terceirização é outro elemento encontrado no processo de globalização. Empresas com prestação de serviços (funcionários permanentes) e empresas de subcontratação
(funcionários flutuantes) são modelos muito comuns no Brasil e em outros países, como Portugal, onde muitos jovens atuam como operadores de telemarketing.
Fonte: Metamorworks/Shutterstock

Os contratos temporários, as atividades assalariadas, os trabalhadores autônomos (GENNARI; ALBUQUERQUE, 2012) são classificados como trabalho precário. Isso ocorre muito
entre trabalhadores ilegais, imigrantes do Peru e da Bolívia, por exemplo, que chegam a cidades como São Paulo e se inserem em empresas clandestinas. Há outros grupos que
podem ser classificados como trabalhos precários: quando o trabalho doméstico não possui registro em carteira e as devidas proteções; diaristas (exemplo: faxineira); trabalhadores
do campo (com atividades sazonais) etc.

Nesse campo de precarização, surge o que Singer (1981, p. 22) chamou de subproletariado, sendo aqueles que “oferecem a sua força de trabalho no mercado sem encontrar quem
esteja disposto a adquiri-la por um preço que assegure sua reprodução em condições normais”. Ela está ligada à lógica da informalização do trabalho. Tanto os assalariados quanto
os funcionários, cujos vínculos laborais são precários, poderiam ser classificados como uma espécie de subgrupo do subproletariado.

Na década de 1980, segundo a PNAD/1981, os trabalhadores sem carteira assinada representavam cerca de 28% da população ocupada, ou seja, um número relevante de trabalhos
informais. Até 1983, esse número manteve-se estável. Foi nessa época que as pesquisas, no Brasil, acerca do tema, ganharam fôlego. Essencialmente, ocupavam-se em discutir o
que era o trabalho formal e o informal. Até o final década de 1990, registrou-se um crescimento de 10 pontos percentuais em relação à informalidade.

Ramos (2002) entende que o componente estrutural responde ao aumento dessa informalidade no país, uma vez que as transformações ocorridas no mercado de trabalho urbano, na
década de 1990, foram significativas. O setor em questão explicaria tão somente 25% desse crescimento, enquanto o setor da indústria de transformação também seria responsável,
pois, em 1992, o número era de 15% e, em 2002, passou para 30%.

O IBGE divulgou, em 2019, que a taxa de desemprego no Brasil caiu 11,8%. Esse resultado só foi possível pelo nível de informalidade, que chegou a 41,4%. Foram gerados 2,2
milhões de postos de trabalho de 2018 a 2019. Destes, 1.192.000 são trabalhadores autônomos, 327 mil com CNPJ; 619 mil trabalham sem carteira assinada e 107 mil ocupados
com auxílio familiar. Ou seja, 75% dos 2,2 milhões de empregos criados estão no trabalho informal.

PNAD

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de periodicidade anual, foi encerrada em 2016, com a divulgação das informações referentes a 2015, sendo substituída
pela PNAD Contínua.

Fonte: IBGE

Dados até 2019 sobre emprego no Brasil (em milhões):

Empregados com carteira no setor privado: 33,146

Empregados sem carteira no setor privado: 11,658

Empregos no setor público: 11,714

Trabalhador auxiliar familiar: 2,23

Autônomos (conta própria): 24,227

Trabalhador doméstico: 6,28

Empregador: 4,331

O trabalho – ou o regresso a ele – é uma forma de entender a inclusão social. Os perfis de trabalhadores e de trabalho são variados e demonstram, no Brasil, que os desafios — para
se equalizar um Estado que visa atender empresas, indústrias e (médios/grandes) comércios com as demandas da sociedade—, ainda fazem parte de uma pauta extensa de
discussão entre economistas, pesquisadores, políticos, entre outros.

O QUE SE PODE AFIRMAR POR ORA SOBRE ESTE CENÁRIO?

A globalização do capitalismo é o resultado das inovações e transformações no campo da tecnologia (sobretudo no que diz respeito à informática e comunicação), e, diante da
realidade das reestruturações de mercado, de produção em diferentes níveis da indústria e afins, percebemos como se configura a nova classe trabalhadora – buscando discutir
dados de institutos de pesquisas sobre o Brasil –, cujo perfil da informalidade tem se destacado.
GLOBALIZAÇÃO, TRANSFORMAÇÕES TECNOLÓGICAS E TRABALHO
Agora vamos apresentar a articulação entre os conceitos, exemplificando para a situação do trabalho em nosso país.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. AFIRMAMOS QUE O SURGIMENTO DE UM NOVO MODELO (REESTRUTURAÇÃO) NÃO QUER DIZER A ELIMINAÇÃO DE UM ANTERIOR.
UTILIZAMOS, COMO EXEMPLO, OS MODELOS FORDISTA E TOYOTISTA NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA. LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO
O MODELO FORDISTA, É CORRETO AFIRMAR QUE:

A) Utiliza a terceirização para melhor atender à demanda.

B) É o sistema de trabalho com produção em série (em massa), linhas de montagem.

C) Consiste no estabelecimento de metas e níveis de produtividade.

D) É o sistema de administração que impede armazenamento da produção.

E) Usa informatização e automação.

2. SEGUNDO PESQUISA REALIZADA PELO IBGE, O BRASIL REGISTROU UM DECRÉSCIMO NO NÚMERO DE DESEMPREGO EM 2019. O QUE
AJUDOU A PRODUZIR ESSA QUEDA NO DESEMPREGO?

A) O lançamento do “Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade”, possibilitando às indústrias a contratação de mais funcionários.

B) O trabalho com carteira assinada no setor privado.

C) O crescimento econômico gerado pelo governo Bolsonaro (mandato a partir de 2019).

D) O trabalho informal.

E) A implantação de outras tecnologias, como ISO, cuja certificação visava gerar qualidade nos produtos e, consequentemente, novas oportunidades de emprego.

GABARITO

1. Afirmamos que o surgimento de um novo modelo (reestruturação) não quer dizer a eliminação de um anterior. Utilizamos, como exemplo, os modelos fordista e
toyotista na indústria automobilística. Levando em consideração o modelo fordista, é correto afirmar que:

A alternativa "B " está correta.

Algumas características do modelo fordista: produção e consumo em massa (em massa porque o número crescente da produção trazia consigo seu barateamento); divisão rígida de
tarefas; trabalho padronizado; linha de montagem.

2. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE, o Brasil registrou um decréscimo no número de desemprego em 2019. O que ajudou a produzir essa queda no desemprego?

A alternativa "D " está correta.


O IBGE divulgou, em 2019, que a taxa de desemprego no Brasil caiu 11,8%. Contudo, esse resultado só foi possível pelo nível de informalidade, que chegou a 41,4%.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percorremos historicamente as mudanças ocorridas no modo de produção, descrevendo os conceitos centrais da teoria marxista. Em relação ao processo de elaboração e
manutenção do capitalismo, apresentamos os conceitos-chave, comparamos as análises teóricas sobre esse sistema e refletimos em seus desdobramentos.

Ao considerarmos as relações de trabalho no contexto brasileiro, analisamos as transformações no mundo do trabalho, destacando as desigualdades de gênero e cor. Ou seja, como
os processos de relação social estão associados ao modelo no qual o ser humano está envolvido. Há uma rede de interdependência no que se refere aos valores, à economia, ao
mundo do trabalho, às crenças etc.

A teoria marxiana (dentre outras) tem esse objetivo: oferecer uma lente para a interpretação da sociedade. No caso de sua obra, fica claro que as classes sociais configuram seu
principal objeto de análise, bem como resposta para explicar o mundo em que vivemos: “a história da humanidade é a história da luta de classes”.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
AMARAL, Marisa Silva; CARCANHOLO, Marcelo Dias. A superexploração do trabalho em economias periféricas dependentes. In : Rev. Katál. Florianópolis, v. 12, n. 2, 2009, p.
216-225.

BECK, Ulrich. A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova realidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.

BONELLI, Regis. A reestruturação industrial nos anos 1990: reação empresarial e mercado de trabalho. In : POSTHUMA, Anne C. (org). Abertura e ajuste do mercado de trabalho
no Brasil. Brasília: OIT/Ministério do Trabalho e Emprego, 1999, p. 87-115.

BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. A degradação do trabalho no século XX. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

DAFLON, V.T.; CARVALHAES, F.; FERES JR. J. Sentindo na pele: percepções de discriminação cotidiana de pretos e pardos no Brasil. In: DADOS – Revista de Ciências Sociais,
Rio de Janeiro, v. 60, n. 2, 2017, p. 293-330.

DUARTE, J. L. N. Trabalho produtivo e improdutivo na atualidade: particularidade do trabalho docente nas federais. In : Rev. Katálysis, v. 20, n. 2, Florianópolis, 2017, p. 291-299.

DRUCK, Maria das Graças. Globalização e reestruturação produtiva: o fordismo e/ou japonismo. In : Revista de Economia Política, v.19, n.2, 1999, p. 31-48.

FEUERBACH, L. Preleções sobre a essência da religião. Campinas (SP): Papirus, 1989.

FONTES, Virgínia. O Brasil e o capital-imperialismo: teoria e história. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2010.

GENNARI, Adilson; ALBUQUERQUE, Cristina. Globalização e reconfigurações do mercado de trabalho em Portugal e no Brasil. In: Rev. Brasileira de Ciências Sociais, v.27,
n.79, 2012, p. 65-79.

GIDDENS, Anthony. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

GOMES, M.T.S. O debate sobre a reestruturação produtiva no Brasil. In : RA´EGA, n. 21, 2011, p. 51-77.

GOTTDIENER, Mark. A produção social do espaço urbano. São Paulo: EDUSP, 1993.

HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005.

HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do espírito. Petrópolis (FJ): Vozes, 1992, 2 vols.

HOBSBAWM, Eric. História do marxismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985

LEITE, Marcia de Paula. Reestruturação produtiva, novas tecnologias e novas formas de gestão da mão de obra. In : LEITE, Marcia de Paula et al. O mundo do trabalho - crise
e mudança no final do século. Campinas: Scritta, 1994, p.563-587.

LAUDARES, João Bosco. Capitalismo, mercado de trabalho e distribuição de riqueza. In : Revista Tecnologia e Sociedade, 2. ed., 2010, p. 86-98.

LENCIONI, Sandra. Reestruturação: uma noção fundamental para os estudos transformações e dinâmicas metropolitanas. In : Encontro de Geógrafos da América Latina. VI,
Buenos Aires, Universidade de Buenos Aires, 1998, p. 1-10.

LUXEMBURGO, Rosa. A acumulação do capital: estudo sobre a interpretação econômica do Imperialismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1970.
LUXEMBURGO, Rosa. Introdução à economia política. São Paulo: Martins Fontes, 1969.

MANDEL, E. O capitalismo tardio. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. 2. ed. [revista]. São Paulo: Boitempo, 2010.

MARX, Karl. ENGELS, F. O capital: Extratos por Paul Lafargue. 2. ed. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2005.

MARX, K.; ENGELS, F. The communist manifesto. In : Selected works. v. 1. Moscou: Foreign Languages Publishing House [1935] 1955.

MARX, Karl. Resultados do Processo de Produção Imediata. O capital. São Paulo: Moraes, 1985.

MARX, Karl. A assim chamada acumulação primitiva. In : O Capital. São Paulo: Abril Cultural. 1984, p. 339-381.

MARX, Karl. Teorias da mais-valia: história crítica do pensamento econômico. O capital. São Paulo: Civilização Brasileira, 1980.

PAULO NETTO, José. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2011.

PAULO NETTO, José. Cinco notas a propósito da ‘Questão Social’. In : Revista Temporalis, ano II, n. 3, 2001, p. 41-50.

POCHMANN, Marcio. O mito da grande classe média: capitalismo e estrutura social. São Paulo: Boitempo, 2014.

RAMOS, L. A evolução da informalidade no Brasil metropolitano: 1991-2001. IPEA, texto para discussão, n. 914, 2002.

RODGERS, Gery; RODGERS, Janice (orgs.). Precarious jobs in labour market regulation: the growth of atypical employment in western Europe. Genebra/Bruxelas: International
Institute for Labour Studies/Free University of Brussels, 1989.

RUAS, Roberto; ANTUNES, Elaine. Gestão do trabalho, qualidade total e comprometimento no cenário da reestruturação. In : Revista São Paulo em Perspectiva, v. 11, n.1,
1997, p. 42-53.

SINGER, P. Dominação e desigualdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

SOJA, Edward William. Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social, 1993.

SOUZA, Cleinton. Sim, somos racistas: análise sociológica do racismo à brasileira. Curitiba (PR): Appris, 2015.

SOUZA, Jessé. A elite do atraso: da escravidão à lava jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.

SANTOS NETO, A.B. Trabalho produtivo e trabalho improdutivo nas “teorias da mais-valia” de Karl Marx. In : Em Debate, Florianópolis, n. 8, 2012, p. 5-22.

SILVA JÚNIOR, J.R.; PIMENTA, A.V. Capitalismo, trabalho e educação: o caso das instituições federais de educação superior. In : Germinal, Salvador, v. 6, n. 2, 2014, p. 28-41.

TEIXEIRA, F.J.S. Análise crítica do mercado de trabalho de Fortaleza à luz das categorias de trabalho produtivo e improdutivo. Fortaleza: SINE/CE, 1988.

VELHO, Otávio G.; PALMEIRA, M.G.S.; BERTELLI, A.R. (orgs). Estrutura de classes e estratificação social. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1971.

NOVA, Sebastião V. Introdução à sociologia. 6. ed. In : Revista e Aumentada. São Paulo: Atlas, 2011.

EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos abordados neste tema, sugerimos as seguintes leituras:

AGÊNCIA IBGE NOTÍCIAS. Estatísticas Sociais. Pretos ou pardos estão mais escolarizados, mas desigualdade em relação aos brancos permanece. Brasília, DF: IBGE,
2019.

ANGELI, E. Caminhos da Escola Austríaca: relação com ortodoxia, engajamento e produção de novo conhecimento. In : Nova Economia, v. 28, n. 2, 2018, p. 681-704.

BARROS, J. D. O conceito de alienação no jovem Marx. In : Tempo Social. São Paulo, v. 23, n. 1, 2011, p. 223-245.

CLARKE, S. Crise do fordismo ou crise da socialdemocracia? In : Telos, n. 83, 1990.

MELLO, G.; BRAGA, H.; SABDINI, M. S. Acumulação de capital, crise e mercado de trabalho no Brasil contemporâneo. In : Revista Katálysis, Florianópolis, v. 22, n. 1, p.
15-35, jan./abr. 2019.

Além disso, sugerimos que pesquise na internet e visite os seguintes sites :

Mises Brasil – é possível encontrar obras do teórico da Escola Austríaca, Ludwig von Mises (1881-1973), e artigos que analisam a situação político-econômica mundial e
nacional sob a ótica herdada dos austríacos.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) –permite acesso a uma boa fonte de dados e informações (gráficos, textos, podcasts) sobre a questão social no Brasil.

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – apresenta múltiplas possibilidades de pesquisa e interação sobre o assunto.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – para obter mais informações sobre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

CONTEUDISTA
Nelson Lellis Ramos Rodrigues

 CURRÍCULO LATTES

Você também pode gostar