A Amazonia em 1491 - Resumo
A Amazonia em 1491 - Resumo
A Amazonia em 1491 - Resumo
O texto começa dando exemplo de como a visão europeia das coloniais dava um ar de
misticismo ao território, quase que ‘implorando para ser desbravado’. Denise utiliza de um
exemplo sobre uma lenda helênica do século XVI para ilustrar que somos permeados por um
“imaginário ocidental” que “encontra-se totalmente povoado por visões estigmatizadas sobre
os povos amazônicos e seu modo de vida na floresta tropical.” (p. 1)
A autora segue em sua segunda pagina mostrando o como os povos tradicionais, mesmo
com uma Bula Papal de 1537, de Papa Paulo III dizendo que os ‘índios’ eram homens e tinham
alma, centenas de nativos foram mortos em nome da expansão e poder colonial. Para fugir dessa
opressão e genocídio, muitos indígenas subiram as margens dos rios e foram rumo ao coração
mata, fugindo do aprisionamento dos ‘braços e da alma’. Imprescindível discernir essa parte
sobre o “aprisionamento” da força de trabalho e da fé dos povos, sendo uma conciliação do
poder do império, Estado, e da fé, que reproduz a mesma maneira de opressão do Estado. Os
etnógrafos europeus, quando chegaram ao Brasil, séc. XVI ao XIX, encontraram um povo
fracionado e “transfigurado pela presença ubíqua dos colonizadores, sua cultura material e as
doenças para as quais os índios não possuíam defesas naturais.”. Uma Amazônia de populações
multiétnicas e multilinguísticas, que aprenderam a sobreviver e resistir de seus modos. (p. 2)
“A naturalidade com que os nativos lidavam com uma floresta povoada por animais
peçonhentos e plantas venenosas remetia, aos olhos do homem branco, a um cenário de perfeita
harmonia entre seres humanos e natureza, fazendo reviver o mito Rosseauniano do bom
selvagem.” Uma harmonia, ainda de superioridade e barbaridade nestes nativos, não se pode
deixar esquecer. (p. 2-3) Os neo-evolucionistas conseguem disseminar uma perspectiva
estereotipada sobre esses povos na Amazônia, como se estes não possuíssem qualidades para
analisar o solo, cultivar, gerar seus produtos e ter sua forma organizacional, tendo que viver na
suposta passividade e obtendo conhecimento somente com os colonizadores. O que a autora
evidencia é que, para se analisar estes relatos etnográficos dos europeus que vieram catalogar
estes, precisa-se ter uma visão crítica, para usa-los como contraste na pesquisa, uma vez que
possuem “ideologias que defendem a incapacidade dos povos nativos de agir de maneira
assertiva sobre o meio ambiente com o qual interagiram por milênios antes da chegada dos
invasores.”. Ou seja, ideologias interferem na forma de analisar esses povos, com senso de
superioridade, produzem seus textos e os expõe na Europa. (p. 4) O que Schann quer é que o
leitor tenha outra imagem dos últimos 10 mil anos da região amazônica.
1. PRIMITIVOS OU PRIMEIROS?
“A ocupação humana do território amazônico data de 11.200 anos [...]”, com isso,
acredita-se que estes povos possam ter chegado ao território através do estreito de Bering, ou
por vias marítimas e costeiras, esta ultima é uma alternativa que ganha espaço atualmente. (p.
5) Na Amazônia brasileira, encontrou-se por meios da arqueologia de Anna Roosevelt, vestígios
de paleoíndios (cultura que antecede o advento da agricultura e cerâmica) na Serra dos Carajás
e em Monte Alegre. Os moradores da caverna da pedra pintada, espalhavam suas pinturas aos
arredores para identificar e proteger seu território. Acredita-se que “A pesquisa estabeleceu a
chegada dos primeiros ocupantes em torno de 11.200 A.P., tendo sido ocupada pelos paleoíndios
até 9.800 A.P”. (p. 6) As cavernas e sítios arqueológicos pesquisados mostram a presença desses
moradores em todo o Holoceno, sendo possível identificar sua dieta, instrumentos de trabalho
etc. É possível que estas artes e gravuras possam fazer “parte dela pertença também aos
períodos Arcaico e Formativo, quando surge a coleta de fauna aquática, agricultura e cerâmica,
e os espaços geográficos passam a ser marcados pela presença de assentamentos permanentes,
ao mesmo tempo em que persistem as atividades de caça e coleta.” (p. 8)
5. A AMAZÔNIA EM 1491
As culturas amazônicas ainda estavam sob desenvolvimento. O colapso das sociedades
marajoaras, acontecido por volta de 1350 d.C., acontece simultaneamente com a vinda
do norte dos povos Aruaques, penetrando a ilha.
• Os Aruaques descem a ilha marajoara, mas se “espalham pela periferia
amazônica, partes do Amazonas, Negro, Solimões e Madeira, alcançando
também as Antilhas, dominando boa parte do norte da América do Sul e do
Caribe”. (p. 21)
• Grupos Tupi-Guarani, com origem provável em Rondônia, se encontravam na
costa leste, tendo dominado o litoral de norte a sul.
A bacia amazônica contemplava a longa extensão de informações, ideais, comércio e
fluxo de bens de prestígio. Sendo essas sociedades e povos dinâmicos que foram invadidos
pelos europeus no séc. XVI. “Uma vez que as sociedades amazônicas não foram registradas por
observadores em 1491 e não deixaram testemunhos escritos, a única forma de estudá-las é
através da arqueologia. E a boa prática arqueológica exige que se dê ao dado empírico – sujeito
que está, obviamente, a interpretações subjetivas – o status de fiel da balança na verificação de
hipóteses e teste de teorias.
GLOSSÁRIO:
➢ MISTICISMO: Crença na existência de uma realidade sobrenatural e misteriosa,
acessível apenas a uma experiência privilegiada.
➢ BULA PAPAL DE 1537: Sublimis Deus é uma bula papal emitida em 29 de maio de
1537 e promulgada em 2 de junho do mesmo ano, pelo Papa Paulo III, em que afirma
que os índios são homens, capazes de compreender a fé cristã e que pela qual condena
explicitamente a escravidão desses povos e de todos os outros, mesmo que alheios à fé
cristã.
➢ PAPA PAULO III: Papa Paulo III, nascido Alessandro Farnese, foi chefe da Igreja
Católica e governante dos Estados papais de 13 de outubro de 1534 até a sua morte em
1549. Ele chegou ao trono papal em uma época após o saque de Roma em 1527 e repleto
de incertezas na Igreja Católica após a Reforma Protestante.
➢ NEO-EVOLUCIONISTAS: Base de estudos é o darwinismo social e a pesquisa de
gabinete (ou antropologia de gabinete). Onde darwinismo Social prega uma ideia de
hierarquia entre as sociedades e A antropologia de gabinete consistiu em prática
constante dos antropólogos do século XIX.
➢ ESTREITO DE BERING: é um estreito que liga os oceanos Pacífico e Ártico, entre a
Rússia e os Estados Unidos.
➢ SERRA DOS CARAJÁS E MONTE ALEGRE: é uma grande cordilheira e acidente
geográfico presente no sudeste do estado do Pará; Cidade paraense.
➢ CAVERNA DA PEDRA PINTADA: é um sítio arqueológico brasileiro localizado no
município de Monte Alegre, sendo conhecido mundialmente pela presença de pinturas
rupestres com mais de 11,2 mil anos, retratando plantas, animais e até as cenas de um
parto.
➢ HOLOCENO: Na escala de tempo geológico, o Holoceno ou Holocénico é a atual época
do período Quaternário da era Cenozoica do éon Fanerozoico que se iniciou há cerca de
11,65 mil anos antes do presente, após o último período glacial, que concluiu com o
recuo glacial holocênico.
➢ ERA CRISTÃ: Anno Domini é uma expressão em latim que significa "no ano do
Senhor" e é utilizada para marcar os anos seguintes ao ano 1 do calendário mais
comumente utilizado no Ocidente, designado como "Era Cristã" ou, ainda, como "Era
Comum".
➢ CACICADOS: Cacicazgo é uma transliteração fonética espanhola da palavra Taíno para
as terras governadas por um cacique.
➢ GEOGLIFOS é uma grande figura feita no chão, em morros ou regiões planas.
➢ ARUAQUES: grupos indígenas americanos que possuem a língua com o mesmo nome.
Quando os europeus chegaram na América, os Aruaques, ou Arawak, foram os
primeiros nativos a fazer contato com os viajantes. (Google)
➢ TUPI-GUARANI: é uma família do tronco linguístico Tupi. Podemos também utilizar
o termo para se referir a povos que falam alguma das línguas dessa família. Esses povos
organizavam sua aldeia com uma população próxima a 500 habitantes.