Diana e Filippo
Diana e Filippo
Diana e Filippo
Aos poucos fui retomando a consciência, estava sem forças para acordar e
toda dolorida, era como se eu tivesse corrido uma maratona ou sido pisoteada
por elefantes, estava exausta.
A cama estava quentinha e aconchegante, eu não queria levantar e enfrentar
um novo dia, queria ficar nesse paraíso acolhedor para sempre.
Mas, como querer não é poder, o jeito foi abrir os olhos e enfrentar a vida.
Por causa da claridade meus olhos arderam e quase não consegui abrir.
Que droga, esqueci de fechar as cortinas.
Para piorar minha cabeça começou a dá pontadas. Ótimo, para completar,
minha querida amiga de longa data, a ressaca, resolveu dar o “ar da sua
graça”, mais uma vez. Seja bem-vinda.
Quando finalmente consegui abrir os olhos percebi que não estava em meu
quarto. Não era o meu quarto na casa do meu avô nem o meu quarto no meu
apartamento. Onde estou?
Levantei meio trôpega e ainda sem enxergar direito, minha cabeça latejava
muito e meus olhos ainda não se acostumaram com a claridade.
Foi quando lençol caiu que tomei um baita susto, o maior da minha vida. Eu
estou completamente nua e isso não é o pior, tem um SER na cama. Um ser
do sexo MASCULINO.
Peguei o lençol para me enrolar e acabei descobrindo ELE, como eu já
imaginava, ele também está do jeito que veio ao mundo.
Mas, o corpo dele nu não foi a única coisa que vi quando puxei o lençol, tinha
algo bem pior. A cama estava manchada de sangue e isso só pode significar
uma coisa, MINHA VIRGINDADE.
Respirei fundo, pedi ajuda a Deus e meu paizinho que está no céu, fui olhar
QUEM é o desnudo.
-Ei, Diana. Estou falando com você. Por que me acordou aos berros? – disse
Filippo chamando minha atenção.
Tentei me controlar para não arrancar o pescoço dele.
-O que você queria? Café da manhã na cama e beijos? – ralhei irritada.
Ele se espreguiçou, nem ligou que não tinha nenhuma peça de roupa cobrindo
o corpo.
-Seria adorável, mas não faz o seu tipo. Ou melhor, não combina com a nova
Diana. Vou tomar banho, quer vir? – convidou.
Como ele pode ser tão sínico?
Como eu não falei nada ele foi sem mim, não tive como não olhar para aquela
bunda, afinal, aquilo não é uma bunda é um monumento.
Que droga Diana! Ele se aproveitou de você e você ainda fica secando a bunda
dele?!
Aproveitei enquanto ele tomava banho para colocar minha roupa de volta,
ainda bem que ela estava no quarto.
Enquanto esperava por ele tentava lembrar de mais alguma coisa, mas não
conseguia.
Ele saiu logo do banheiro apenas com uma toalha enrolada na cintura.
É hora do confronto.
-O que fez comigo? – confrontei.
Ele me olhou confuso.
-O que eu fiz com você? É mais fácil dizer o que você fez comigo, isso sim –
soltou.
Ele foi pegar a roupa que estava espalhada pelo chão.
-Não seja sínico! Eu te odeio Filippo Fassoni, jamais iria para cama com você
por vontade própria! – ralhei.
Ele gargalhou.
-Vontade foi uma coisa que não lhe faltou na noite passada. Se está querendo
insinuar que me aproveitei de você está bastante equivocada. Se teve alguém
que se aproveitou, e muito, foi você – falou sério.
Eu estava tentando me controlar, mas está ficando difícil. Estou quase para
esganar ele.
-Eu jamais transaria com você, por mais bêbada que estivesse, até porque eu
era virgem e você era o último homem no mundo com quem eu perderia minha
virgindade! – gritei.
Tentei segurar as lagrimas, mas não conseguia, era humilhante demais dizer
em voz alta.
-Virgem? Você só pode estar brincando comigo. Depois de praticamente me
obrigar a fazer sexo com você vem fazer essa cena toda? Nunca pensei que se
transformaria em uma vadia manipuladora – falou abismado.
Vadia manipuladora? Como ele pode me chamar assim depois de ter me
drogado para me levar para cama?
-E você é um sacana com requintes de crueldade, um estuprador! E eu tenho a
prova de que não estou mentido – falei mostrando a mancha de sangue.
Ele ficou chocado.
-Como...não...não é possível, você deve ter se cortado e manchado a cama de
sangue. Você não pode ser virgem, não depois de ter agido daquele jeito –
falou mais para si do que para mim.
Como ele ousa pensar isso de mim?
-Pense o que quiser, não me importo com sua opinião. Você já era a escória
para mim e agora mais do que nunca eu te odeio. Eu não quero te vê nunca
mais – falei furiosa.
Eu ia sair, mas ele me puxou pelo braço.
-Então é esse seu objetivo? Quer me culpar, me colocar como o “lobo mal da
história”, se arrependeu de ter transado comigo e fez essa cena toda para que
todos pensem que eu te forcei – falou revoltado.
Do que esse louco está falando? O que ele pretende se fazendo de vítima?
-Eu não posso me arrepender de uma escolha que nunca fiz. E com certeza a
culpa é sua, porque para isso ter acontecido você me dopou e abusou de mim
enquanto eu estava inconsciente – falei ríspida.
Ele ficou furioso.
-Eu jamais faria algo assim, muito menos com você. Tudo que eu queria era
me explicar e te convencer de que tudo foi armação da Emily, eu nunca te traí
com ela. Foi você que não quis me ouvir, que me seduziu – ralhou.
-O que? De onde tirou isso? – esbravejei.
-Eu fui um idiota em achar que poderia te reconquistar, eu me deixei levar por
você. Eu senti tanto a sua falta, não consegui te esquecer. Quando você
começou a me beijar eu não resisti e acabei fazendo o que você queria – falou.
-Agora quem está fazendo cena é você! Você nunca aceitou não ter
conseguido transar comido e colocou algo na minha bebida para me dopar e
depois veio com essa historinha de conversa para ficar sozinho comigo –
ralhei.
-Não precisa inventar essa história absurda para me afastar. Agora sou eu que
não quero nunca mais olhar na sua cara. Você não é a minha Diana, não é a
garota doce por quem me apaixonei. É uma versão sombria dela, sem alma –
falou enojado.
-Isso foi o que sobrou depois que você destruiu minha alma, apenas um corpo.
Quando eu estava conseguindo me reerguer você veio e destruiu tudo de novo.
E eu não estou inventado nada! – gritei.
-Eu não te forcei a nada, a única coisa que fiz e me arrependo foi ceder ao seu
capricho, agora eu vejo que só o que você queria era sexo. Você só queria o
meu corpo e não se importa com os meus sentimentos – falou magoado.
-Se acha que vai me manipular porque eu não lembro de nada está enganado.
Eu já fiquei bêbada várias vezes e nunca esqueci o que fiz ou perdi o controle,
até porque eu não bebi quase nada ontem – joguei.
Ele me olhou confuso.
-Como assim não lembra? Você está falando sério? – perguntou abismado.
-A última coisa que me lembro é de estar na cozinha da casa do Logan
conversando com você. Depois disso é tudo escuridão – contei.
Ele ficou pensativo.
-Isso só pode ser parte do seu plano, é isso. Tudo isso foi um plano seu, está
querendo se vingar de mim, vai me acusar de ter te dopado e te estuprado.
Você nunca me perdoou e aproveitou a chance para se vingar, é isso – falou.
-Deixa de ser patético, eu não quero vingança e sim distancia de você, jamais
me submeteria a algo tão baixo. Até porque, mesmo que você não acredite, eu
era virgem e não perderia minha virgindade com você, nem por vingança –
soltei.
-Se você quer se fingir de vítima problema seu. Eu estou bem com a minha
consciência, sei que não fiz nada de errado. Se quer vingança vá em frente.
Você já me decepcionou mesmo, uma decepção a mais uma a menos não faz
diferença – falou cansado.
-Eu já disse que não arquitetei plano nenhum de vingança, muito pelo contrário!
Você que armou para transar comigo, por vingança ou desejo reprimido, não
sei! – gritei furiosa.
-Diana, eu cansei dessa história. Se o que quer é que ninguém saiba não se
preocupe, eu não vou contar. Não gosto de expor minha vida intima, muito
menos a de outra pessoa – encerrou.
-Eu também cansei de você se fazendo de bom moço e ainda me caluniando.
Tentando me convencer de que a culpa é minha. Eu sei que jamais ficaria com
você e nada que me disser vai me convencer do contrário – falei decidida.
-Realmente, você mudou muito. É uma menina mimada e dissimulada, queria
transar comigo, mas é orgulhosa demais para admitir. Quando acordou
inventou essa história ridícula de que eu te dopei para sair como vítima. Se o
que queria era uma noite comigo já teve, agora pode inventar o que quiser para
quem quiser, o importante é que eu sei o que realmente aconteceu. E você
Diana, se tornou tudo que eu mais abomino em uma mulher. Tudo que eu
queria era te reencontrar, me explicar e voltar com você, mas agora eu quero
distancia – discursou.
Bati palmas.
-Que discursinho mais lindo e digno, se pensa que vai me enganar com essa
cena de “homem de caráter” pode desistir. Tem razão quando diz que sabe o
que realmente aconteceu, você sabe o que fez e espero que nunca mais durma
em paz com peso na consciência por ter dopado uma mulher para conseguir
transar com ela. Você não é o homem que eu pensava que era, na verdade
nunca foi, você me enganou desde sempre e eu como uma idiota acreditei.
Emily não foi a primeira e não seria a última, se eu não tivesse descoberto.
Você iria para a faculdade e me trairia com várias, enquanto eu ficaria te
esperando e acreditando em todas as suas promessas – joguei na cara dele
tudo que estava “entalado na garganta”.
-Pense o que quiser de mim, não adianta me explicar para quem não merece.
Adeus Diana, espero que quem fique com o peso na consciência seja você –
encerrou.
Ele saiu e me deixou sozinha no quarto.