E-Book Mineralogia e Gemologia
E-Book Mineralogia e Gemologia
E-Book Mineralogia e Gemologia
Organizadores
Flávia Compassi da Costa
Fabricia Benda de Oliveira
Ricardo Augusto Scholz Cipriano
Mineralogia e Gemologia
Volume 1
ALEGRE - ES
CAUFES
2022
1
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Seção de Biblioteca Setorial Sul da Universidade Federal do Espírito Santo,
ES, Brasil)
ISBN: 978-65-86981-21-6
Modo de acesso: https://geologia.ufes.br/e-book
CDU: 549
LISTA DE AUTORES
Capítulo 1..............................................................................................................................1
Caracterização químico-mineralógica e gemológica de cristais de água-marinha e
heliodoro provenientes de Afonso Cláudio - ES ..................................................................1
Thiara Rodrigues de Carvalho1; Ana Paula Maria de Assis2; Flávia Compassi da Costa 3 ,5;
Daniela Teixeira Carvalho de Newman4; José Albino Newma4 ...........................................1
Capítulo 2............................................................................................................................15
Mapa Gemológico de Minas Gerais, Brasil .......................................................................15
Luiz Henrique Cardoso1; Flávia Compassi da Costa2,5; Hernani Mota de Lima3 Fernanda
Maria Belotti4; Leonardo Martins Graça2; Ricardo Augusto Scholz Cipriano2...................15
Capítulo 3............................................................................................................................29
Mineralogia, Química e Tratamento de cor em Apatitas Gemológicas de Sumé, Paraíba,
Brasil ...................................................................................................................................29
Delphine Tardif1; Caleb Bortolini Sette da Silva²; Flávia Compassi da Costa2, 3; Fernanda
Maria Belotti4; Leonardo Martins Graça2; Ray L. Frost5; Ricardo Augusto Scholz Cipriano2
.........................................................................................................................................29
Capítulo 4............................................................................................................................45
Estudo de intercrescimento no topázio imperial a partir de análise EBSD .....................45
Igor Fernandes Figueiredo1; Gilberto Henrique Tavares Alvares da Silva2; Leonardo Martins
Graça3; Flávia Compassi da Costa3, 4; Flávia Braga de Oliveira3; Ricardo Augusto Scholz
Cipriano3 ..........................................................................................................................45
Capítulo 5............................................................................................................................57
Caracterização de Feldspato Cerâmico do Distrito Pegmatítico de Conselheiro Pena - MG
.............................................................................................................................................57
Filipe Colen de Freitas Guimarães1; Flávia Compassi da Costa2,5; Fernanda Maria Belotti3;
Raphael Henrique Martins Silva4; Leonardo Martins Graça2; Ricardo Augusto Scholz
Cipriano2 ..........................................................................................................................57
Capítulo 6............................................................................................................................73
Caracterização Mineralógica e Química de Columbita-tantalita de Pegmatitos de Minas
Gerais ..................................................................................................................................73
Andrea Nascimento Vecci1; Flávia Compassi da Costa2 ,5; Jéssica Caroline do Vale Costa3;
Fernanda Maria Belotti4; Leonardo Martins Graça2; Ricardo Augusto Scholz Cipriano2 ...73
Capítulo 7............................................................................................................................89
Mineralogia, Petrografia e Geocronologia U-Pb em Titanita do Pegmatito Vlastějovice,
República Tcheca ...............................................................................................................89
Fernanda Moreira Lopes Assumpção1; Guilherme de Oliveira Gonçalves2; Fernanda Maria
Belotti3; Leonardo Martins Graça4; Ricardo Augusto Scholz Cipriano4 .............................89
Capítulo 1
Thiara Rodrigues de Carvalho1; Ana Paula Maria de Assis2; Flávia Compassi da Costa 3 ,5;
Daniela Teixeira Carvalho de Newman4; José Albino Newma4
Geologia, Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG,
Brasil;
4Departamento de Gemologia da Universidade Federal do Espírito Santo - Vitória, ES,
Brasil;
5Graduanda em Gemologia, Departamento de Gemologia da Universidade Federal do
O Espírito Santo possui em seu histórico mineral, a produção de berilos, com destaque
para a variedade água-marinha (BEZERRA, NESI, 2008; CASSEDANNE, ALVES, 1990;
KAHWAGE, MENDES, 2003). Porém tal produção é pouco difundida e pouco estudada. Este
estudo surgiu como forma de conhecer melhor o mineral existente na região de Afonso Cláudio,
e fazer sua caracterização químico-mineralógica e gemológica.
Segundo Taufner (2007) em grande parte do Estado do Espírito Santo existem achados
ou indícios da existência de minerais de aplicação gemológica. A maior incidência de jazidas e
ocorrências, por ele descritas, localizam-se na região central, especificamente nos municípios
de Santa Teresa, Itarana, Itaguaçu, São Roque do Canaã, Afonso Cláudio, Laranja da Terra e
Santa Maria de Jetibá e também nos extremos norte e sul, embora não existam muitas
informações sobre essas.
Nesse trabalho são apresentadas as propriedades físicas e as características químicas de
cristais de berilo, nas variedades gemológicas água-marinha e heliodoro, provenientes de um
corpo pegmatítico situados na região centro-sul do município de Afonso Cláudio, ES.
Este trabalho busca contribuir de forma científica para a caracterização e o
conhecimento do mineral berilo, variedades água-marinha e heliodoro, provenientes de corpos
pegmatíticos localizados na região de Afonso Cláudio (ES), além de auxiliar na caracterização
geológica, mineralógica e gemológica dos pegmatitos relacionados ao estudo.
2
GEOLOGIA REGIONAL
A área alvo deste estudo insere-se nos domínios do Campo Pegmatítico Sul, Distrito
Pegmatítico do Espírito Santo, Província Pegmatítica Oriental do Brasil (PPOB). A Província
Pegmatítica Oriental do Brasil foi definida por Paiva (1946) e estende-se pelos estados de Minas
Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo (Figura 2).
3
Esta província, de caráter também gemológico, foi delimitada e caracterizada na década
de 40, século XX, por Paiva (1946) e está situada na Faixa Araçuaí e no Cinturão Atlântico.
Engloba inúmeros corpos pegmatíticos, tanto de origem ígnea, cristalizados a partir de magmas
graníticos residuais intrusivos, de idade Brasiliana (450 a 650 Ma), quanto anatética, os quais
possuem mineralogia mais simples e as dimensões são menores, formados a partir da fusão
parcial e mobilização de material félsico (CORREIA NEVES et al., 1986; PEDROSA SOARES
et al., 2001).
De acordo com os trabalhos de diversos autores, sintetizados em Correia Neves et al.
(1986), Marciano (1995), Gandini (1999) e Newman Carvalho (2009), as idades dos pegmatitos
da Província Pegmatítica Oriental do Brasil foi correlacionada à das manifestações pós-
tectônicas tardias da Orogenia Brasiliana
Segundo Correia Neves et al. (1986) e Pinto et al. (2002), a análise dos dados
geocronológicos obtidos na Província Pegmatítica Oriental do Brasil, permite concluir que no
fim do Ciclo Brasiliano houve a geração de uma grande quantidade de material pegmatítico.
Logo, grande número dos pegmatitos que compõem esta província pertence a uma época
metalogenética de idade compatível com tal evento.
Conforme descrito por Ginsburg et al. (1979), Černý (1982a e b) e Černý (1991a e b),
adotar-se-á a descrição do berilo pegmatítico do Espírito Santo segundo seus atributos, tais
como: afinidades estruturais, ígneas, geoquímicas, mineralógicas e geocronológicas. Para tal
utilizar-se-á das definições de distritos e campos pegmatíticos.
O termo pegmatito foi utilizado pela primeira vez pelo padre R. J. Haüy, em 1801, para
designar as rochas apresentando intercrescimento geométrico de quartzo e feldspato. Desde
então, novas designações vêm sendo propostas levando-se em consideração aspectos
mineralógicos, geológicos, genéticos etc.
Levando-se em consideração características mineralógicas, os pegmatitos podem ser
classificados em ácidos, intermediários e básicos que, por sua vez, ainda podem ser simples ou
complexos (LANDES, 1933).
Quanto às características texturais estes se classificam em homogêneos, de textura
uniforme, e heterogêneos com alto grau de diferenciação textural, apresentando zonamento
interno (JOHNSTON JR., 1945).
Segundo Cameron et al. (1949), os pegmatitos podem ser classificados em zonados e
não zonados, de acordo com os aspectos texturais e composição mineralógica. Os corpos
zonados caracterizam-se por apresentarem camadas concêntricas sucessivas, denominadas: a)
zona de borda ou marginal, b) zona mural, c) zona intermediária e d) núcleo (Figura 3).
Os corpos exibem as mais variadas dimensões, sendo, no entanto, raro que aflorem por
inteiro, o que dificulta as classificações quanto às dimensões. Segundo Issa Filho et al. (1980),
quanto à espessura estes corpos podem ser classificados em: muito pequenos (<0,5m), pequeno
(0,5 a 5,0m), médio (5,0 a 15,0m), grande (15,0 a 50,0m) e muito grande (>50,0m). Quanto a
sua forma, existe uma diversidade muito grande, destacando-se as formas tabulares,
lenticulares, ramificadas, em massas irregulares, elípticas e circulares.
4
Figura 3. Bloco-diagrama representando a estruturação interna básica dos corpos
pegmatíticos zonados e a relação entre as zonas (modificado de GANDINI, 1999).
METODOLOGIA
5
Tabela 1. Métodos analíticos utilizados no estudo dos minerais amostrados, listados segundo
suas características principais e laboratórios executores (*Laboratório de Geoquímica,
Universidad Simon Bolivar).
Método Analítico Objetivo Laboratório
Espectroscopia de -Identificar a composição e a
Absorção no natureza dos fluidos;
Infravermelho por -Identificar a presença de álcalis; NCQP/UFES
Transformada de -Classificar o tipo de molécula de
Fourir (FTIR) água.
Análises
Análises
Termogravimétricas
Químicas -Caracterizar perda de massa e DEQUI/ICEB/
(ATG) e
fluido da amostra. UFOP
Termodiferenciadas
(ATD)
-Determinar os componentes
ICP-AES químicos maiores e menores na LGqA/USB
estrutura dos cristais de berilo.
-Obtenção do índice de refração,
Análises Ópticas LCG/UFES
caráter óptico e sinal óptico.
-Obtenção dos valores de
Análises densidade;
LCG/UFES
Análises Mineralógicas -Descrição das características
Físicas físicas dos minerais.
-Cálculo dos parâmetros de rede;
-Volume da cela unitária;
Difração de Raios X LMC/UFES
-Caracterização dos politipos de
berilo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
6
acréscimo observado nos teores de álcalis. Para melhor visualização desta correlação positiva
(d x nɷ, e d x nɛ) são apresentados diagramas referentes aos cristais de berilo estudados (Figuras
4A, B).
A partir dos dados de FTIR e de DRX, de acordo com Aurisicchio et al. (1994), foi feita
uma correlação das bandas situadas próximo a 1.200cm-1 e a 810cm-1, referentes às ligações Si-
O-Si e Be-O, respectivamente, com razões co/ao, o que permitiu caracterizar os polítipos das
amostras de berilo (Figuras 5 A, B). Dos 5 cristais de heliodoro estudados 03 são do tipo N-T
de transição, 01 do T - tipo II e 01 do T – tipo I. dos cristais de água-marinha 01 pertence ao
tipo N, 01 do tipo N-T de transição, 01 do T – tipo II e 02 ao T – tipo I. Os dados obtidos por
FTIR, indicam predominância de H2O tipo I, sobre o tipo II, além da presença de concentrações
variáveis de CO2 e discretas de CH4, como componentes fluidos. No caso das amostras
originárias de zonas mais diferenciadas do corpo pegmatítico é possível observar espectros de
FTIR cujas concentrações de CO2 e CH4 são mais marcantes (Figura 6).
Figura 5. Correlação das bandas referentes às ligações Si-O-Si e Be-O, com as razões co/ao.
A) Distribuição dos berilos em relação às bandas de absorção das ligações Be-O. B)
Distribuição dos berilos em relação às bandas de absorção das ligações Si-O-Si, conforme
proposto por Aurisicchio et al. (1994).
7
H 2O(I,II) CH 4 CO2 H2 O (I,II)
1.200 800
8
Figura 7. A), B) e C) curvas de ATD e ATG onde se pode observar as perdas de massa das
amostras de água-marinha. D), E) e F) curvas de ATG e ATD, onde se pode observar as
perdas de massa das amostras de heliodoro.
9
Figura 8. Classificação dos pegmatitos baseada nas análises dos berilos, segundo Trueman &
Černý (1982).
10
Figuras 9. Fotomicrografias das principais feições encontradas nos berilos de Afonso
Cláudio. A) inclusões fluidas orientadas paralelamente ao eixo c, mas também se encontram
perpendicularmente e obliquamente a ele, fotomicrografia em campo claro, com filtro azul e
15x de aumento. B) inclusões primárias apresentando feições de escape e estrangulamento,
fotomicrografia em luz transmitida, com 50x de aumento. C) inclusão tipo melt,
fotomicrografia em campo claro, sem filtro, com 20x de aumento. D) Inclusões pseudo-
secundárias orientadas segundo fraturas intragranulares cicatrizadas, fotomicrografia em luz
transmitida, com 50x de aumento.
11
Figura 10. A) Água-marinha que foi submetida à tratamento térmico, a qual obteve
uma excelente melhoria em sua cor. B) amostras de água-marinha após a lapidação. C) e D)
amostra de heliodoro após a lapidação, vista de diferentes ângulos, onde pode-se observar a
excelente qualidade da cor.
CONCLUSÃO
12
em um mesmo corpo pegmatítico ocorrem variações do politipo de berilo segundo a zona a qual
pertence a amostra, indicando tratar-se de corpos zonados.
Segundo a classificação de Černý, 1975b ,os 08 cristais de berilo analisados por ICP, se
encaixam como sendo tipo 3, descritos como berilos sódicos, com dosagens de Na variando de
(0,1 a 1,5 %), predominando sobre os demais álcalis, esses cristais são originados de pegmatitos
ricos em albita e pobres em álcalis raros.
O resultado das análises de ATG, para os berilos do pegmatito de Afonso Cláudio,
mostraram para os cristais de água-marinha, apenas dois intervalos de perda de massa,
representadas por curvas endotérmicas, variando de 0,5 a 1,3%. No caso das amostras de
heliodoro, foram descritos também, dois intervalos de perda de massa, representados por curvas
endotérmicas, variando de 0,5 a 3,0%.
Os dados obtidos por FTIR, indicam a predominância de H2O tipo I, sobre o tipo II,
além da presença de concentrações variáveis de CO2 e discretas de CH4, como componentes
fluidos. No caso das amostras originárias de zonas mais diferenciadas do corpo pegmatítico é
possível observar espectros de FTIR cujas concentrações de CO2 e CH4 são mais marcantes.
Existe, portanto, um trend que sugere uma evolução por fracionamento magmático no
curso da cristalização do pegmatito. Corroboraram com essa evolução os dados físicos e a
variação das curvas endotérmicas para os berilos. Desta forma os dados obtidos até o presente,
mostram um aumento de CO2 e álcalis partindo-se das zonas mais externas do corpo
pegmatítico em direção às zonas mais internas e diferenciadas, onde ocorrem os cristais de
heliodoro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
13
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TAUFNER, I. A Pedra da Onça: jazidas, lavras e garimpos no Espírito Santo: memórias
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14
Capítulo 2
Luiz Henrique Cardoso1; Flávia Compassi da Costa2,5; Hernani Mota de Lima3 Fernanda
Maria Belotti4; Leonardo Martins Graça2; Ricardo Augusto Scholz Cipriano2
INTRODUÇÃO
Desde o período colonial, a busca por riquezas minerais em Minas Gerais levou a
descoberta de diversas ocorrências, que fazem do estado o maior produtor de minerais-gema do
país (SEDE-MG, 2020).
Segundo o Diagnóstico do setor mineral de Minas Gerais, a indústria extrativa mineral
é de grande relevância para o Estado, tendo sido responsável por 16,8% da indústria mineira
em 2017, chegando a atingir 24,4% em 2013 (SEDE-MG, 2020). Em todo o estado são
1Engenheiro Geólogo, Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto - Ouro
Preto, MG, Brasil;
2
Programa de Pós-graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais, Departamento
de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto - Ouro Preto, MG, Brasil;
3Programa de Pós-graduação em Engenharia Mineral, Departamento de Engenharia de
Brasil;
5Graduanda em Gemologia, Departamento de Gemologia da Universidade Federal do
METODOLOGIA
16
Figura 1. Mapa de distribuição dos processos minerários de minerais-gema no Estado de
Minas Gerais (SIGMINE, 2021).
17
DOMÍNIO I - PROVÍNCIA PEGMATÍTICA ORIENTAL
18
Figura 3. Mapa geológico simplificado do Orógeno Araçuaí e região cratônica adjacente.
Ressaltam-se os distritos pegmatíticos e as supersuítes. (modificado de PEDROSA-SOARES
et al., 2011).
19
explanada à frente. Martins (2002; 2006) estudaram os depósitos da bacia do Rio Macaúbas,
que se relacionam aos diamantes da Fm. Catuní (Gr. Macaúbas) (MORAES E GUIMARÃES,
1930; MORAES, 1932). Suas rochas formaram-se a partir da progradação de geleiras
neoproterozoicas sobre o Cráton do São Francisco. Costa et al. (1997) descrevem ocorrência de
diamante na Serra da Água Fria, relacionada com o Sg. Espinhaço, a Fm. Jequitaí (OLIVEIRA
e LEONARDOS, 1943) e Gr. Bambuí (PFLUG e RENGER, 1973).
Figura 4. Províncias diamantíferas de Minas Gerais, Espinhaço (I) e Alto Paranaíba (II), e
seus principais centros produtores: Diamantina (1), Grão Mogol (2), Jequitaí (3) e
Coromandel (4) (Chaves e Svísero, 1999).
20
Borrachudos (DORR II e BARBOSA, 1963), a nordeste e em contato às sequências do
Quadrilátero Ferrífero, que contribuem para a mineralização de minerais-gema como esmeralda
e água-marinha. Duas estruturas regionais vinculam-se à mineralização gemológica no
Quadrilátero Ferrífero: o Sinclinal Dom Bosco, na porção sul, e o Anticlinal de Mariana, na
porção sudeste.
21
Ivaí (Ordoviciano-Siluriano); Paraná (Devoniano); Gondwana I (Carbonífero-Eotriássico);
Gondwana II (Meso a Neotriássico); Gondwana III (Neojurássico-Eocretáceo) e Bauru
(Neocretáceo) (Figura 6). As ocorrências gemológicas do Triângulo e Sudoeste Mineiro
relacionam-se às supersequências Gondwana III e Bauru. A primeira supersequência é
caracterizada por sedimentitos eólicos da Fm. Botucatu (ALMEIDA, 1953) e por magmatitos
da Fm. Serra Geral (ALMEIDA et al., 1980). A segunda representa um pacote sedimentar
aluvionar, fluvial e eólico que finaliza a história deposicional da bacia. Ametista, opala e
calcedônia são encontradas em geodos em certos horizontes da Gondwana III, nos derrames
basálticos e andesíticos, nos trapps jurássicos e, segundo Garibaldi (1989), ocorrem também
em aluviões e eluviões.
Figura 6. Mapa geológico simplificado da Bacia do Paraná (Milani, 1997; Milani et al. 2007).
22
DOMÍNIO V - OS TERRENOS DO ORÓGENO BRASÍLIA
23
Figura 7. Apresentação do mapa gemológico atualizado do estado de Minas Gerais, com a distribuição geográfica das ocorrências e a separação dos domínios geológicos. Cinco grandes áreas, I, II, III, IV e V agrupam
as ocorrências, respectivamente, ao domínio da Província Pegmatítica Oriental do Brasil, da Serra do Espinhaço, do Quadrilátero Ferrífero e entorno, da Bacia do Paraná e do Orógeno Brasília.
24
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
25
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28
Capítulo 3
Delphine Tardif1; Caleb Bortolini Sette da Silva²; Flávia Compassi da Costa2, 3; Fernanda
Maria Belotti4; Leonardo Martins Graça2; Ray L. Frost5; Ricardo Augusto Scholz Cipriano2
RESUMO. A apatita é um mineral da família dos fosfatos que pode ser explotada de várias
maneiras, tanto como minério de fósforo para a produção de fertilizante, quanto na área
gemológica. Devido a sua estrutura cristalina, ela pode incorporar uma grande variedade de
elementos menores, que podem conferir-lhe várias cores e propriedades diferentes. Para
melhorar parâmetros tal como a cor, o brilho ou a dureza de uma gema, a indústria gemológica
desenvolveu uma vasta gama de processos e tratamentos que podem ser aplicados nela, como
o tingimento ou o tratamento térmico. O tratamento térmico é de fato, muito usado sobre
diamantes ou quartzos, por exemplo, para induzir uma mudança da sua cor inicial. E nessa
óptica que essa técnica foi aplicada em apatitas coletadas na Província Pegmatítica da
Borborema, em Sumé, no Estado da Paraíba, a fim de conferir-lhes uma cor mais atraente e
mais adequada ao mercado gemológico. Esse tratamento foi seguido com a aplicação de uma
bateria de caracterizações químicas e gemológicas, com a finalidade de identificar a origem da
cor verde inicial das apatitas, assim como a origem da mudança de cor para azul. Esse
procedimento foi realizado graças ao uso de várias máquinas e técnicas (ICP-MS, XRD, EPMA,
espectroscopia Raman e espectroscopia de infravermelho), com a hipótese inicial de que a
presença de íons Fe2+ e Fe3+ em quantidades diferentes seria responsável pelas cores
observadas.
INTRODUÇÃO
A apatita tem uma estrutura atômica hexagonal robusta baseada em dois sítios de metal-
cátions distintos (M1, M2), um sítio de cátion tetraédrico (T) e uma coluna de ânions ao longo
de quatro bordas da célula unitária. Esses sítios de cátions e ânions podem, entre eles, incorporar
mais da metade dos elementos de vida longa da tabela periódica, dando origem ao “supergrupo
apatita”, que contém mais de 40 espécies minerais (HUGHES; RAKOVAN, 2015).
O supergrupo apatita inclui minerais com uma fórmula química genérica IXM12VIIM23(IVTO4)3X (Z = 2);
quimicamente, eles podem ser fosfatos, arsenatos, vanadatos, silicatos e sulfatos. O supergrupo apatita pode ser
formalmente dividido em cinco grupos, com base em argumentos químicos cristalinos: grupo apatita, grupo
hedyfano, grupo belovita, grupo britólito e grupo elestadita. A abundância de íons distintos que podem estar
hospedados nos sítios-chave [M = Ca+2, Pb+2, Ba+2, Sr+2, Mn+2, Na+, Ce+3, La+3, Y+3, Bi+3; T = P+5, As+5, V+5, Si+4,
S+6, B+3; X = F-, (OH)-, Cl-] resulta em um grande número de composições que podem ter o status de espécies
minerais distintas (PASERO et al., 2010).
1 École Nationale Supérieure de Géologie, Université de Lorraine, Nancy, France;
2
Programa de Pós-graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais, Departamento
de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto - Ouro Preto, MG, Brasil;
3 Graduanda em Gemologia, Departamento de Gemologia da Universidade Federal do
MG, Brasil;
5 School of Chemistry, Physics and Mechanical Engineering, Queensland University of
GEOLOGIA REGIONAL
30
xenólitos ou blocos no Complexo Sumé. O mapa geológico simplificado da folha Sumé, com
foco no município de Sumé, apresenta os dois primeiros complexos acima citados (Figura 1).
31
Complexos Gnáissico-Aluminoso/Sertânia (Unidade 1a)
32
Complexo Prata (y3d)
É constituído por um granito leucocrático com pouca biotita, composta por microclina,
plagioclásio, quartzo, biotita + clorita e tendo como acessórios apatita, moscovita, epidoto,
opacos e carbonato (GOMES, 2000).
33
Figura 3. Apatitas de Sumé. A) no estado bruto, durante a lavra. B) Apatitas tratadas
termicamente, brutas, acima, e lapidadas, abaixo.
METODOLOGIA
34
(25/26) por célula unitária é uma função do conteúdo de OH que preencherá o sítio (OH+Cl+F),
o total % analisado normalizado pontualmente para cada elemento pode então ser corrigido por
um fator de correção em função do conteúdo de OH (estimado) e pelo balanço de cargas.
E análise química dos elementos traços com espectrometria de massa com plasma
indutivamente acoplado (ICP-MS), realizadas no laboratório LOPAG do Departamento de
Engenharia Geológica da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), usando ICPMS Agilent
Technologies, modelo 7700 Series junto com um sistema de ablação laser New Wave Research
modelo UP-213. Foi utilizado um padrão Sumé (SILVA, 2019) e quatro medidas foram feitas
em cada amostra. Foram medidas as concentrações em 26 elementos: 7Li,29Si, 43Ca,51V,
52Cr, 55Mn, 56Fe, 93Nb, 139La, 140Ce, 141Pr, 143Nd, 147Sm, 151Eu, 157Gd, 159Tb,
163Dy, 165Ho, 166Er, 169Tm, 174Yb, 175Lu, 178Hf, 206Pb, 232Th e 238U.
Caracterização estrutural usando a técnica de difração de raios X. Os difratogramas
foram obtidos com um difratômetro Shimadzu XRD-6000 equipado com um tubo de Co e um
filtro de ferro. Os scanners foram feitos a partir de 13-70° (2θ) a 0.25°/min, usando-se silício
como padrão interno. Os parâmetros foram calculados por refinamento com o método dos
quadrados mínimos após subtrair o background e a contribuição Kα2. As análises foram
realizadas no Laboratório de Difração de Raios X do DEGEO/UFOP.
Para as análises em espectroscopia Raman, as amostras de fosfatos gemológicos foram
analisadas em um microscópio Olympus BHSM, equipado com objetivas de 10x, 20x e 50x. O
microscópio é parte de um sistema de microscópio Raman Renishaw 1000, que também inclui
um monocromador, um sistema de filtro e de um detector de CCD (1024 pixels). Os espectros
de Raman foram excitados por um laser modelo Spectra Physics-127 He-Ne tendo produzido
luz altamente polarizada a 633 nm, recolhida em uma resolução nominal de 2 cm-1 e com uma
precisão de 1 cm-1 no intervalo entre 200 e 4000 cm-1. Repetidas medidas sobre os cristais
utilizando a ampliação maior (50x) foram acumuladas para melhorar a relação sinal-ruído dos
espectros. Os espectros Raman foram calibrados utilizando a linha de 520,5 cm-1 de uma
pastilha de silício. Os espectros de Raman de pelo menos 10 cristais foram medidos para
garantir a consistência do espectro.
Os espectros no infravermelho foram obtidos utilizando-se um espectrômetro Nicolet
Nexus 870 FTIR, com célula ATR de diamante. Os espectros foram obtidos no intervalo de
4000-525 cm-1, obtidos com a integração de 128 medidas e com resolução de 4 cm-1 e
velocidade de espelho de 0,6329 cm/s. Os espectros foram interpolados utilizando-se o
programa Spectracalc GRAMS (Galactic Industries Corporation, NH, USA). A análise dos
componentes das bandas foi realizada utilizando-se o programa Jandel "Peakfit". A
determinação das bandas foi realizada através de funções Lorencianas-Gaussianas, com relação
entre funções de 0,7.
Para estas duas técnicas de espectroscopia, foi utilizada a infraestrutura do laboratório
de Nanotecnologia e Ciência Molecular, na Faculdade de Ciência e Engenharia da Universidade
Técnica de Queensland, Austrália.
Para o tratamento térmico foram selecionadas amostras com aproximadamente 0,5cm³.
Sendo colocadas num recipiente de cerâmica num forno mufla, com programação da
temperatura de 700 °C, 750 °C e 800°C, ficando em cada temperatura por 15 minutos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Caracterização gemológica
Os resultados obtidos após caracterização gemológica das gemas em duas amostras, são
apresentados na Tabela 1, permite confirmar que as duas gemas lapidadas estudadas (uma verde
e a outra azul) são apatitas.
35
Tabela 2. Dados levantados com a caracterização gemológica básica das apatitas.
Cor Lapidação Diafaneidade Pleocroísmo Polariscopia IR
Verde Oval Verde azul/ amarelo anisotropia Nε 1,635
muito fraco Nω 1,642
translucida
Azul triangular Não observado ou muito Anisotropia Nε 1,634
fraco monocristalina Nω 1,641
Com estas gemas, o caráter óptico uniaxial da apatita não pareceu muito evidente,
primeiro porque a birrefringência é bem pequena, tornando os valores medidos próximos, e
segundo porque o estudo prévio com a lupa de mão revelou várias fraturas dentro das duas
gemas lapidadas, com algumas afetando a mesa, o que pode gerar leituras com valores errados.
Porém, outros critérios permitirem chegar à conclusão de que este mineral é uma apatita, e
eliminar as dúvidas e confusões possíveis com outros minerais.
De fato, o pleocroísmo muito fraco das duas gemas, permitiu eliminar as hipóteses que
este mineral seja uma andaluzita, turmalina ou uma jeremejevita, minerais apresentando um
pleocroísmo muito forte, apesar de elas terem índices de refração próximos dos da apatita:
respectivamente 1,634 (+0;008; -0;007)-1,643 (+0;006; -0;003); 1,624 (+0;015; -0;010)-1,644
(+0;022;-0;010) e 1,639-1,648 (± 0,002). Além disso, que as gemas fossem sido interpretadas
como uniaxiais ou biaxiais, o sinal óptico achado nos dois casos era negativo, o que nos permitiu
eliminar a barita, de sinal óptico positivo, apesar desta ter uma birrefringência de 0,012 e índices
de refração de 1,636-1,648.
Tratamento térmico
Podemos observar que a cor obtida depende totalmente da temperatura que foi aplicada
na amostra. A apatita, que era verde originalmente passou gradualmente pelo azul-esverdeado
(temperatura de 700°C), azul céu intenso (temperatura de 750°C) até chegar à cor azul claro
(temperatura de 800°C) (Figura 3).
Figura 4. Amostras de apatita, de esquerda à direita: natural, tratada a 700°C, 750°C e 800°C,
respectivamente.
Análises químicas
36
bem menores são presentes, como o Na, Si, Cl e Sr, que integraram a estrutura da apatita
provavelmente substituindo um íon Ca2+. Os elementos indicados como ausentes foram
procurados graças a outras técnicas de resolução mais alta, caso a concentração deles seja menor
do que o limite de detecção da microssonda eletrônica.
Tabela 3. Átomos por unidade de fórmula (a.p.f.u).
26 oxigênios 13 oxigênios
Na 0,02 0,01
F 1,29 0,65
Si 0,27 0,14
Al 0,00 0,00
Ba 0,00 0,00
Fe 0,00 0,00
Cl 0,04 0,02
S 0,00 0,00
P 5,59 2,79
Ti 0,00 0,00
Ca 10,46 5,23
Cr 0,00 0,00
Sr 0,01 0,01
Cu 0,00 0,00
K 0,00 0,00
Mn 0,00 0,00
A Tabela 3 apresenta as médias dos resultados obtidos por ICP-MS em várias amostras
de apatitas. Destacam-se enriquecimentos importantes (>1000ppm) nos elementos 29Si,
139L0,002a, 140Ce, 143Nd e 232Th, assim como enriquecimento, em quantidades menores
(>70ppm), nos elementos 55Mn, 56Fe, 141Pr, 147Sm, 157Gd e 238U. Os valores obtidos de 52Cr não
podem ser tomados em conta pois eles apresentaram uma variabilidade extrema de uma medida
por uma outra.
Podemos observar a presença de alguns elementos de transição potencialmente
geradores de cor: o 56Fe, com uma concentração média de 89,83 ppm nas apatitas verdes e 66,1
ppm nas azuis e o 55Mn com concentrações médias de 86,62 ppm e 120,107 ppm,
respectivamente. O 51V é presente também, porém em quantidades menores (~ 30 ppm) e com
uma variabilidade menor entre as duas espécies de amostras. De fato, as apatitas azuis parecem
ter perdido 56Fe para 55Mn. Em comparação, a apatita de Madagascar (azul) apresenta
concentrações de 52,77 ppm de 56Fe e de 153,16 ppm de 55Mn, quando a apatita de Durango
(amarela) apresenta concentrações de 266,95 ppm de 56Fe e de 82 ppm de 55Mn. Parece ocorrer
uma relação entre as proporções respectivas desses dois elementos de transição.
Calculamos as razões 55Mn/56Fe e obtivemos os resultados seguintes:
apatita azul Madagascar: r = 2,9
apatita azul (Sumé tratada): r = 1,8
apatita verde (Sumé natural): r = 0,96
apatita amarela Durango: r = 0,3
37
Tabela 4. Análises de elementos menores em ICP-MS. Quantidades (em ppm) de 26
elementos. Legenda: amostras verdes (V1, V2, V3), azuis (A1, A2, A3), amostra de apatita de
Madagascar (Mad) e Durango (Dur).
Elemento V1 V2 V3 A1 A2 A3 Mad Dur
7Li 2,73 3,62 4,11 4,93 4,23 5,42 4,14 5,46
29Si 7151,53 6870,72 7466,373 7023,97 6996,533 7611,036 4593,063 2702,803
43Ca 397087,81 397087,79 397087,81 397087,81 397087,8 397087,8 397087,8 397087,79
51V 30,35 30,52 32,01 29,136 27,136 28,873 25,636 18,976
52Cr 50,75 44,95 29,166 44,29 20,913 24,95 63,37 36,026
55Mn 82,82 87,95 87,716 84,03 164,916 111,376 153,163 82
56Fe 94,62 92,87 82,003 51,35 78,58 68,65 52,77 266,95
93Nb 1,54 3,03 4,03 3,056 2,93 2,481 0,094 0,049
139La 1383,64 1251,11 1297,77 1252,72 2056,54 1956,14 2131,61 4362,94
140Ce 2904 2808,9 2903,5 2804,4 4054,5 3748 3892,81 5193,36
141Pr 338,49 336,17 353,97 333,72 450,3 429,9 418,2 484,7
143Nd 1234 1244,76 1330,7 1247,27 1588,7 1567,6 1504,6 1752,8
147Sm 166,15 164,79 177,4 165,87 199,6 205,2 197,8 266,6
151Eu 21,83 21,97 23,13 21,86 27,7 27,6 26,9 20,12
157Gd 105,7 105 114,1 105,9 124,7 129,8 126,9 253
159Tb 11 10,9 11,9 11 12,9 13,5 12,9 32,3
163Dy 56,11 56,36 61,97 55,98 66,61 70,1 64 194,9
165Ho 9,67 9,74 10,72 9,86 11,55 12,22 10,78 38,74
166Er 24,1 24,2 26,5 24,4 29,2 30,6 25,9 103,4
169Tm 2,95 2,97 3,36 3,07 3,68 3,84 3,15 13,01
174Yb 16,95 17,1 18,9 17,1 21,8 22 17,9 67,6
175Lu 2,19 2,27 2,54 2,22 2,91 2,94 2,5 7,39
178Hf 0,11 0,13 0,12 0,11 0,05 0,05 0,06 0,03
206Pb 27,08 28,34 31,01 28,87 31,93 33,73 8,07 1,81
232Th 2879,46 2894,97 3368,27 3073,43 3212 3552,25 681,92 325,31
238U 73,69 76,64 82,82 78,02 77,42 88,49 20,94 14,19
38
Figura 5. Gráficos com as concentrações em ppm para as amostras de apatitas analisadas via
ICP-MS. A) gráfico com a distribuição dos elementos Li, Si, V, Cr, Mn, Fe e Nb. B)Gráfico
em barra com detalhe dos elementos V, Cr, Mn e Fe. C) Gráfico em barras com detalhe da
concentração de Nb. Legenda: amostras verdes (V1, V2, V3), azuis (A1, A2, A3), amostra de
apatita de Madagascar (Mad) e Durango (Dur).
Figura 6. Gráficos com as concentrações de elementos terras raras em ppm para as amostras
de apatitas analisadas via ICP-MS. Legenda: amostras verdes (V1, V2, V3), azuis (A1, A2,
A3), amostra de apatita de Madagascar (Mad) e Durango (Dur).
39
Figura 7. Gráfico em barras com concentrações em ppm. A) concentração de Hf. B)
Concentração de Pb. C) Concentração de Th. D) Concentração de U. Legenda: amostras
verdes (V1, V2, V3), azuis (A1, A2, A3), amostra de apatita de Madagascar (Mad) e Durango
(Dur).
Com relação as concentrações de háfnio (Hf), chumbo (Pb), tório (Th) e urânio (U)
(Figura 6) é bastante claro as altas concentrações desses elementos nas amostras de apatita de
Junco do SeridóSumé em relação as apatitas de Madagascar e Durango. As concentrações de
Pb e Th parecem serem um pouco mais elevadas nas amostras azuis.
Difração de raios X
Os difratogramas por difração de raios X foram realizados antes (Figura 7A) e após o
tratamento térmico (Figura 7B). Os resultados obtidos graças à análise da difração de raios X
permitem afirmar que a estrutura cristalina da apatita não foi alterada ao longo do aquecimento.
De fato, os espectros obtidos são quase iguais, e uma transição para uma estrutura amorfa teria
resultado em um sinal característico de materiais amorfos muito diferente do inicial, sem picos
definidos e com um background muito elevado (Rojas et al. 2008, Franco et al. 2010).
40
Figura 8. Espectros obtidos por difração de raios X com a apatita.. A) natural (sem
tratamento) e B) apatitas tratadas por aquecimento térmico (700 °C).
41
962 cm-1 correspondente ao modo ν1 (Figura 8). No infravermelho, observemos apenas os ν1 e
ν3 (quando normalmente seriam os modos ν3 e ν4 segundo Antoniakos et al. (2007).
Não foram observados os picos descritos por Antoniakos et al. (2007) assinalando uma
substituição possível por CO-23 às frequências diagnósticas de ~1339, ~1370, ~1600 e ~1760
cm-1, mas estas foram observadas no infravermelho em 1070 e 1103 cm-1, interpretadas como
o modo ν1 do íon CO-23 e em 1419, 1428 e cm-1 como seu modo ν3. Todos os sinais acima de
3000 cm-1 são considerados como umidade da amostra (ligação OH da molécula H2O) e/ ou
OH-.
Assim, as interpretações feitas dos espectros obtidos nos permitem tirar algumas
conclusões sobre a estrutura das apatitas: de maneira geral, as frequências correspondentes ao
íon PO-34 são iguais entre as amostras de apatita natural e as aquecidas. As maiores diferenças
nos dados concernam os picos interpretados como substituições por CO-23, que são mais
observadas (mesmo de intensidade fraca) nas apatitas aquecidas, o que pode sugerir uma
aumento da integração do CO3, ionizado pelo aquecimento, substituindo íons PO-34. Porém,
estas análises não permitiram observar outros tipos de substituições iônicas dentro da estrutura
cristalina das apatitas e que poderia gerar uma mudança de cor.
Figura 9. Espectros completos obtidos por espectrometria Raman com a apatita verde (SAD-
091) e a apatita azul (SAD-092).
42
CONCLUSÕES
Com base na química mineral e nos dados gemológicos os minerais analisados são
fluorapatitas Ca5,23(P2,79O12)(F0,65Cl0,02OH0,33). Nessas amostras foram aplicados tratamento
térmico para melhoria da sua cor, passando do verde para o azul, em diferentes temperaturas,
para melhoria da cor. Vinculado a esse tratamento foram realizadas análises químicas de detalhe
para verificar os elementos causadores de cores, visto que a apatita incorpora uma grande
variedade de elementos, devido a estrutura cristalina. E foi observado que o tratamento térmico
não alterou a estrutura cristalina da apatita, sendo assim, sua alteração de cor foi resultado
exclusivamente de elementos cromóforos.
Ocorre a presença de alguns elementos de transição que são potencialmente geradores
de cor (Fe, Mn e V). Além disso, ocorre uma relação entre as concentrações de Mn e Fe, e a cor
apresentada, sendo que razões Mn/Fe altas, apresentam geração de cor azul, mostrando sua
relação direta com as altas concentrações de Mn e as cores verde e amarela com as altas
concentrações de Fe.
Estabelecer uma correlação a partir destes resultados parece um pouco ousado, mas o
elemento 56Fe parece ser um dos responsáveis pelo polo amarelo, e o elemento 55Mn pelo polo
azul. Portanto, o aquecimento nem chegou perto dos pontos de ebulição destes elementos, o
que significa, pelo princípio da conservação de massa, que eles permaneceram na estrutura sem
ser medidos (talvez por enviesamento de medida). Assim, parece mais provável que o
aquecimento modificou também o grau de ionização deste elementos, o que gerou a
modificação de cor. Essa modificação do grau de ionização poderia ter ocorrido entre os
elementos 56Fe e 55Mn, mas também incluindo os outros elementos traços, ou o CO-23, cuja
aparição após o aquecimento foi destacada graças às análises por espectrometria de
infravermelho e de espectrometria Raman.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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44
Capítulo 4
Igor Fernandes Figueiredo1; Gilberto Henrique Tavares Alvares da Silva2; Leonardo Martins
Graça3; Flávia Compassi da Costa3, 4; Flávia Braga de Oliveira3; Ricardo Augusto Scholz
Cipriano3
INTRODUÇÃO
Geologia, Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG,
Brasil;
4Graduanda em Gemologia, Departamento de Gemologia da Universidade Federal do
46
submetidas. Diante do pouco conhecimento de maclas em topázio, faz-se necessário o estudo
dessa fase mineral no intuito de se obter novas informações capazes de serem aplicadas para
interpretações de eventos relacionados à evolução geológica como os anteriormente citado
nesse tópico. Além disso, interfaces atômicas que delimitam, em um único edifício cristalino,
duas regiões isoestruturais podem expor propriedades específicas que abrem portas para novas
investigações na ciência dos materiais.
Esse trabalho tem como intenção o estudo cristalográfico em amostra de topázio
imperial a partir de análise de difração de elétrons retroespalhados (EBSD). Figuras de polo
serão obtidas para a fase mineral investigada, e sobre estas serão aplicadas diferentes operações
com o auxílio da rede de projeção estereográfica de Wulff com o objetivo de se caracterizar a
natureza das relações cristalográficas.
METODOLOGIA
47
A rede de Wulff consiste num círculo com um raio de 10 cm, onde a área central é
subdivida em grade pela projeção de planos e de geratrizes de cones com eixos paralelos a
direção NS. A dimensão da grade, ou seja, cada quadrilátero formado pela interseção entre a
projeção dos planos e a projeção das geratrizes de cone corresponde a 2˚.
Com objetivo de observar a relação cristalográfica entre as porções homogêneas, as
figuras de polo referentes a orientação cristalográfica destas porções foram colocadas
sobrepostas dois a dois, de tal modo a respeitar a coincidência entre a orientação das diferentes
figuras (coincidindo x com x) e a relação de contato entre as áreas com diferentes cores
observadas na figura de polo inverso (IPF). Seguindo essa lógica, foi comparada,
primeiramente, a orientação da porção vermelho claro com a orientação da porção vermelho
escuro. E, posteriormente, a orientação da porção vermelho claro com azul.
O passo seguinte foi a efetuação de operações na rede de Wulff na busca de um melhor
posicionamento dos polos para se observar uma possível nova relação cristalográfica entre cada
região homogênea. Com isso, nas figuras de polo vermelho escuro/vermelho claro e vermelho
claro/azul foi efetuada a operação que consistiu na colocação da bissetriz do ângulo entre os
eixos c coincidindo com o centro da rede de Wulff.
RESULTADOS
Figura 10. Mapa de IPF da superfície seccionada na amostra. É possível observar o caráter
heterogêneo nas cores vermelho claro, vermelho escuro e azul.
Para cada cor representativa de uma orientação cristalográfica distinta foi gerada uma
figura de polo. Para facilitar o entendimento do texto as cores aplicadas nas figuras de polo são
48
as mesmas daquelas utilizadas no mapa de IPF.
Figura 11. Figura de polo da porção homogênea vermelho claro contendo os polos dos
respectivos planos analisados.
49
Figura 12. Figura de polo da porção homogênea azul contendo os polos dos respectivos
planos analisados.
50
Figura 13. Figura de polo da porção homogênea vermelho escuro contendo os polos dos
respectivos planos analisados.
51
Figura 14. Figura dos polos dos planos das porções homogêneas vermelho claro e vermelho
escuro que ilustra uma simetria entre as duas porções.
A tabela 1 a seguir contém os valores da relação angular entre os eixos a, b e c das partes
homogêneas vermelho escuro e vermelho claro medidos da rede de Wulff sobre a figura 5. A
tabela indica uma relação de 54º entre os eixo a da porção vermelho escuro com eixo a da
porção vermelho claro, 147 º entre os eixos b e 16 º entre eixos c das respectivas porções
homogêneas.
Tabela 5. Valores de medida angular entre os eixos a, b e c das porções vermelho claro e
vermelho escuro obtidos na rede de Wulff.
Pode ser observado na figura 6, assim como na figura 5, a disposição dos polos dos
planos das porções homogêneas distintas em esquema de guirlanda, com os polos que compõem
essa guirlanda com o índice de Miller l o valor zero. Porém, nesse caso, os lados opostos dessa
guirlanda apresentam um estreitamento maior em relação a figura anterior. Além disso, não se
observa um elemento de simetria que correlacione os dois grãos.
52
Figura 15. Figura que agrupa os polos dos planos das porções homogêneas vermelho claro e
azul.
O fato de o mapa da figura de IPF apresentar cores distintas, ou seja, ter caráter
heterogêneo indica que a amostra de topázio é um policristal, sendo cada cor representativa de
uma orientação cristalográfica preferencial distinta das demais (GAUZZI et al. 2019). Apesar
de ter se efetuado análise de EBSD sobre uma amostra, visualmente, monocristalina os
resultados nos mostraram que, na verdade, trata-se de uma composição de orientações
cristalográficas distintas.
A partir das figuras de polo de cada porção homogênea separadamente não se pode
interpretar nada, pois elas não mostram nenhuma informação discrepante, a não ser a
observação de pequenas áreas adjacentes às áreas maiores, com mais destaque em algumas
figuras de polo, enquanto em outras isso não é observado.
A constatação de se obter uma amostra policristalina através de difração de elétrons sobre o que
visualmente seria uma amostra monocristalina, levou ao questionamento: há alguma relação
cristalográfica entre as distintas orientações? Tendo o trabalho sobre a rede de Wulff
proporcionado a resposta para esse questionamento e os resultados obtidos.
Segundo Nespolo (2015) a caracterização de uma relação de geminação constatada entre
grãos de uma mesma espécie mineral é feita identificando e descrevendo as seguintes
características: a caracterização segundo a operação de simetria, a gênese e a forma, e quanto a
geometria da geminação, por meroedria, meroedria reticular, pseudomeroedria ou
pseudomeroedria reticular.
53
Quanto a operação de simetria, pode-se notar na figura 5 que a simetria entre as duas
porções é proporcionada por um plano, a partir do qual os polos de cada porção homogênea são
um “reflexo” do outro. Ou seja, o operador de simetria na projeção estereográfica é um plano
especular, que divide as duas partes de edifício heterogêneo espelhado. Portanto, fica
evidenciado uma reflexão entre os polos das duas regiões cristalinas e homogêneas.
Para caracterizar essa relação cristalográfica evidenciada deve ser considerado o
ambiente na qual a amostra foi coletada, e o possível modo de geração dessa amostra. As
ocorrências de topázio imperial na região de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil tem sua gênese
discutida por diversos autores (OLSEN, 1972; KELLER, 1983; PIRES et al., 1983; GANDINI,
1994), tendo a convergência dessa discussão para um processo de hidrotermalismo ocorrido
entre 520 e 485 M.a., durante a orogenia brasiliana (GONÇALVES et al., 2017). Segundo
Gandini (1994) a gênese do topázio imperial das jazidas e ocorrências na região de Ouro Preto
é relacionada a um processo de hidrotermalismo desvinculado de um metamorfismo regional
ou local, que tenha afetado as rochas as quais as ocorrências da gema se encaixam. Tendo isso
em vista, e a saturação de constituintes num fluido hidrotermal, que propiciou a formação da
fase mineral estudada, essas mesmas circunstâncias podem ter propiciado a relação
cristalográfica evidenciada
Maclas de crescimento são normalmente consideradas o resultado de uma partida
acidental, durante o crescimento de um indivíduo único, de um segundo indivíduo em relação
de geminação com o primeiro. Sob condições de supersaturação, logo, alta taxa de nucleação,
uma unidade de cristalização (átomo ou conjunto de átomos) pode assumir uma posição de
energia submínima, correspondendo à nucleação de um segundo indivíduo em relação de
simetria com o original. Antes de passar para a posição de energia mínima, correspondente ao
crescimento não modificado de um único cristal, ele pode ser bloqueado pela deposição das
próximas unidades e começar a crescer nessa posição alternativa, originando um segundo
indivíduo em orientação dupla (NESPOLO; FERRARIS, 2004).
Em algumas amostras a morfologia, ou seja, a combinação das formas do cristal permite
o reconhecer uma geminação. Essa percepção é promovida pela presença de faces
suplementares, ângulos reentrantes, pelo surgimento de falsa clivagem ou por estrias em
distintas direções. Por outro lado, existem casos em que a morfologia do edifício maclado é
igual à de um cristal homogêneo, como acontece no caso do topázio imperial aqui estudado.
Nesses casos, essa descontinuidade só se torna perceptível através da aplicação de recursos
técnicos mais sofisticados, como por exemplo, a microscopia óptica e difração de elétrons.
Gauzzi et al. (2019) observaram, em análise de microscopia óptica, a formação de
setorização e geração de borda e núcleo em amostras de topázio imperial, ocasionadas por
diferença de extinção sobre luz duplamente polarizada.
Nesse estudo foi observada uma relação cristalográfica a partir de microscopia
eletrônica, tornando uma classificação morfológica intangível. A morfologia da amostra é de
um monocristal, sendo possível a percepção de relações cristalográficas não comumente
observadas, apenas pela aplicação de técnicas de difração de elétrons suplementada com técnica
de elétrons retroespalhados, através de análise na rede de Wulff.
Quanto a classificação geométrica da macla, quatro classificações são possíveis para um
edifício maclado. Segundo G. Friedel pode-se classificar maclas por meroedria, meroedria
reticular, pseudomeroedria e pseudomeroedria reticular, com base nos critérios descritos na
introdução desse trabalho (BORGES, 1982).
Há de se destacar a classificação de pseudomeroedria reticular para a aplicação na
classificação da geminação apresentada para o topázio imperial. Essa classificação se aplica
para maclas onde não se tem uma perfeita continuidade da rede definida com base na rede das
duas partes homogêneas componentes do edifício heterogêneo. Ou seja, não se pode definir
uma rede para o edifício de macla que seja uma multiplicidade rigorosa da rede das porções
54
homogêneas. Essa classificação para a macla aqui estuda é embasada no fato das porções
homogêneas, vermelho escuro e vermelho claro, apresentarem orientações diferentes e relações
angulares entre os eixos cristalográficos. Os eixos apresentam entre si uma relação angular
diferente do paralelismo, como pode ser observada nos dados da tabela 1, o que faz com que
não seja possível definir uma rede cristalográfica estritamente múltipla das redes das porções
homogêneas.
Com relação a figura 6, na posição que os polos dos planos de cada porção homogênea
ficaram dispostos após a operação de colocada da bissetriz do ângulo entre os eixos c
coincidindo com o centro da rede de projeção, não se observa nenhuma relação de simetria.
Trazendo um adendo de que, seria possível sim observar uma relação de espelhamento assim
como na figura 5, caso fosse possível a execução da operação: fixação da porção vermelho claro
e rotação da porção azul, em torno do seu próprio eixo c, sentido anti-horário em um ângulo de
54º. Porém, essa seria uma operação inválida, pois as porções homogêneas apresentam uma
relação fixa, logo uma operação aplicada em uma das porções deve ser propaga à outa.
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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56
Capítulo 5
Filipe Colen de Freitas Guimarães1; Flávia Compassi da Costa2,5; Fernanda Maria Belotti3;
Raphael Henrique Martins Silva4; Leonardo Martins Graça2; Ricardo Augusto Scholz
Cipriano2
INTRODUÇÃO
Brasil;
5Graduanda em Gemologia, Departamento de Gemologia da Universidade Federal do
Figura 16. Mapa indicando a localização do distrito pegmatítico de Conselheiro Pena com os
municípios de Conselheiro Pena, Galileia e Mendes Pimentel – MG.
GEOLOGIA REGIONAL
58
Gouveia, Porteirinha, Mantiqueira e Juiz de Fora) que na sua maioria são constituídos por
ortognaisses (NOCE et al., 2007). No Orógeno Araçuaí estas unidades de embasamento
encontram-se expostas no domínio externo (oeste) e interno (leste).
Na região de estudo, as principais unidades do embasamento expostas são os complexos
Pocrane, Paraíba do sul e Piedade (NALINI JR. et al., 2005), cujas idades variam de arqueana
a paleoproterozoica/mesoproterozoica. Durante a orogenia Brasiliana estes complexos foram
retrabalhados, tendo sofrido metamorfismo regional de fácies anfibolito a granulito
(HEILBRON et al., 2004).
Com o fechamento da bacia oceânica deu-se origem ao Orógeno Araçuaí, no qual são
reconhecidos quatro estágios orogênicos denominados pré-colisional (ca. 630-580 Ma), sin-
colisional (ca 580-560 Ma), tardi-colisional (ca. 560-530 Ma) e pós-colisional (ca. 530-490 Ma)
(HEILBRON et al. 2004).
No estágio pré-colisional foi edificado o arco magmático do Orógeno Araçuaí,
representado pela Supersuíte G1, e pelas rochas vulcânicas do grupo Rio Doce. A Supersuíte
G1, recebe o nome de Suíte Intrusiva Galiléia, (SILVA et al. 1987) no Médio Vale do Rio Doce,
e são representadas por tonalitos, granodioritos, granitos microgranitos intrusivos, (NALINI
JR. et al. 2005), comumente como enclaves máficos dispersos. Os corpos da Supersuíte G1, são
batólitos e stocks que apresentam foliação regional, muitas vezes miloníticas, e outras estruturas
impressas pela deformação sin-colisional.
O estágio sin-colisional é caracterizado pela deformação e metamorfismo regionais,
além de extensiva granitogênese do tipo S, englobados na Supersuíte G2. Tal Suíte é constituída
essencialmente por rochas peraluminosas, onde se predominam granitoides a duas micas,
granitoides a cordierita-granada-biotita e granitoides a granada-biotita (HEILBRON et al.
2004). Esses granitoides ocorrem sob a forma de batólitos, corpos tabulares e stocks
deformados segundo os esforços regionais de construção do orógeno (PEDROSA-SOARES &
NOCE 2007). No Médio Vale do Rio Doce a Suíte G2 é representada pelos granitoides da Suíte
Intrusiva Urucum (SILVA et al. 1987) e foram subdivididos em Granito Urucum (BARBOSA
59
et al 1964), Granitos Palmital e Granito Córrego da Onça (NANILI JR 1997, PINTO et al. 1997,
CPRM 2000). A Suíte Urucum é intrusiva tanto na suíte Galiléia quanto no Grupo Rio Doce,
sendo sua colocação influenciada por tectônica transcorrente (NALINI JR. 1997, NALINI JR
et al. 2008).
A Supersuíte G3 também é marcada pela ocorrência de granitos tipo S e tiveram origem
no período tardi a pós-colisional do Orógeno Araçuaí (PEDROSA-SOARES &
WIEDEMANN-LEONARDOS et al. 2000, PEDORSA-SOARES et al. 2001, 2006,
CASTAÑEDA et al. 2006, SILVA et al. 2007). São comuns na suíte, leucogranitos com
granada e/ou cordierita, pobres em mica. No entanto, ocorrem subordinadamente granito
micáceo, granatífero com foliação incipiente.
No estágio pós-colisional ocorreram processos deformacionais (MARSHAK et al. 2006,
ALKMIM et al. 2007) e plutonismo relacionados ao colapso gravitacional do Orógeno Araçuaí
(PEDROSA-SOARES & WIEDMANN-LEONARDOS 2000, PEDROSA-SOARES et al.
2001). Como resultado desse processo tem-se a colocação das Supersuítes G4 e G5.
A Supersuíte G4, do tipo S, é composta essencialmente por granitos a duas micas.
Ocorrem como intrusões, que localmente preservam cúpulas de granito pegmatóide. É
composta essencialmente por granitos a duas micas, mas localmente, encontra-se raízes de
biotita granito. A Supersuíte G5 é representada por plutonismo do tipo I e A, cálcio-alcalino
rico em potássio e ferro, do estágio pós-colisional do Orógeno Araçuaí e é representada
majoritariamente por granitos e charnockitos. É comum a ocorrência de enclaves máficos,
xenólitos da encaixante e feições de mistura de magmas (PEDROSA-SOARES & NOCE 2007).
A região onde ocorrem os afloramentos de pegmatitos, são encontradas rochas
pertencentes ao Grupo Rio Doce (Formação São Tomé),granodiorito Galileia e granito Urucum,
além de rochas pegmatíticas.
A Formação São Tomé é composta por xistos cinza prateados ou amarronzados, com
granulação variável entre fina e média, foliados, muitas vezes com crenulação bem-marcada.
Em determinadas porções pode ocorrer gnaissificados com bandamento composicional
definido.
O termo granito Urucum, foi utilizado por Barbosa et al. (1964) para designar granitos
a duas micas situados a leste de Galiléia, no interior da Serra de Urucum. Este granito foi então
descrito como de granulação grossa, mostrando, às vezes, uma foliação muito forte. São
leucocráticos a mesocráticos e apresentam uma textura porfirítica (MOURA et al. 1978).
Os corpos pegmatíticos encontram-se intrudidos nos xistos da Formação São Tomé,
granodiorito Galileia e granito Urucum.
Na área se observam alguns corpos pegmatíticos, de dimensões que variam desde não
cartografáveis a pegmatitos de algumas dezenas de metros. Em muitos afloramentos ocorrem
veios pegmatíticos decimétricos a submétricos compostos por quartzo, feldspato, biotita,
muscovita e granada, com apatita e turmalina subordinadas. É frequente a presença de colúvios
com fragmentos de pegmatito, quartzo e muscovita.
METODOLOGIA
60
polidas. As amostras correspondem a feldspatos aquecidos a temperaturas de 1.050 ºC, 1.100
ºC, 1.150 ºC e 1.200 ºC. As amostras aquecidas a 1.050 ºC e 1.200 ºC foram analisadas por
MEV no modo EDS. As lâminas foram descritas a partir do uso de microscopia óptica.
Amostras de feldspatos associadas a outros minerais também foram estudada, possibilitando a
identificação de tais fases.
Na terceira etapa, os dados obtidos foram interpretados e elaborado o presente trabalho.
Parte das amostras (amostras 2A, 2B, 2D, 2E) utilizadas para a realização deste trabalho,
foram previamente calcinadas em mufla a temperaturas de 1.050ºC, 1.100ºC, 1.150ºC e
1.200ºC. A calcinação tem como objetivo caracterizar minerais acessórios potencialmente
contaminantes para a produção de cerâmicas e vidros. O quadro 1 indica a utilização de cada
amostra no decorrer dos estudos no decorrer deste trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
61
utilização por parte da indústria cerâmica e vidro.
Através da microscopia óptica, foi possível fazer a caracterização mineralógica das
amostras, e a identificação de minerais acessórios que possam causar problemas na produção
de peças cerâmicas de maior qualidade e valor agregado.
Microscopicamente, as observações das lâminas delgadas (2A e 2B), (Figuras 3A a 4C)
apresentam uma pequena contaminação de mica (muscovita). A amostra é composta
basicamente por microclínio e por vezes ocorrem exsoluções de pertita e plagioclásios em
menor proporção.
Nas demais lâminas (2D e 2E), (Figuras 3D a 4F), em termos gerais, não se diferenciam
muito das anteriores, há um aumento dos plagioclásio e também na proporção de moscovitas.
Os minerais de k-feldspatos apresentam em alguns pontos nas lâminas, certo grau de alteração,
para minerais não determinados pela microscopia, possivelmente plagioclásio albítico.
62
pertítico com exsoluções de plagioclásio, amostra 2E. Legenda: Kfs: k-feldspato, Mc:
microclínio, Ms; muscovita, Pl: plagioclásio.
Na análise textural de materiais cerâmicos por MEV/EDS das amostras de feldspatos
analisadas (2A e 2E) pelo MEV, foram estudados vários pontos dentro de cada amostra. A partir
destes pontos analisados, foi possível obter as concentrações de alguns elementos químicos, e
a partir destas análises foi possível reconhecer que a fase mineral do plagioclásio que ocorre
intercrescido nos cristais de k-feldspatos, é a fase albítica, devido ao alto teor de Na2O que
ocorre nas amostras e baixíssimo teor de CaO. No entanto também ocorrem fases de fosfatos
associados com os feldspatos.
Na amostra 2A, foram analisadas 3 fotomicrografias, onde foram analisados um
total de 14 pontos em partes diferentes da amostra, sendo seis pontos na primeira
fotomicrografia (Figura 4A), que está representado pelos gráficos (Figura 4B a 4G), quatro
pontos na segunda fotomicrografia (Figura 5), que está representado pelos gráficos na figura
5B a 5E, e os outros quatro pontos foram referentes à terceira fotomicrografia (Figura 6) e está
representado pelos gráficos das figuras 6B a 6E.
63
Figura 19. Microfotografia e Análise MEV da amostra 2A. A) Microfotografia indicando
pontos analisados na amostra 2A (feldspato). B a G) Espectros referentes aos resultados do
MEV.
64
Figura 20. Microfotografia e Análise MEV da amostra 2A. A) Microfotografia indicando
pontos analisados na amostra 2A (feldspato). B) a E) Espectros referentes aos resultados do
MEV.
65
Nas amostras 2E, também foram realizados análises, no entanto através de apenas duas
fotomicrografias (Figuras 7A e 8A), sendo analisados um total de quinze pontos. Na primeira )
foram analisados seis pontos (Figuras 7B a 7G) e na segunda, foram analisados 9 pontos.
(Figuras 8B a 8J).
66
Figura 23. Microfotografia e Análise MEV da amostra 2E. A) Microfotografia indicando
pontos analisados na amostra 2E (feldspato). B) a J) Espectros referentes aos resultados do
MEV.
Além das análises em lâminas delgadas, fragmentos de feldspatos calcinados foram
estudados por microscopia eletrônica. Tal procedimento possibilitou melhor observação
microscópica da textura gerada após a calcinação. A Figura 9A mostra a formação de bolhas ao
67
longo de planos de clivagem no feldspato calcinado, indicando a presença de fase gasosa
durante a fusão de parte da amostra. A maior formação de bolhas coincide com as amostras que
sofreram maior expansão.
A figura 9B mostra que a formação de bolhas não ocorre de forma uniforme nos cristais
de feldspato, havendo porções das amostras onde não há a presença de fase volátil. A figura 9C
apresenta detalhe de parte da amostra onde a formação de bolhas é mais intensa. Foi observado
que a formação de bolhas ocorre de forma mais intensa nas amostras que sofrem maior
expansão durante a calcinação.
As análises químicas realizadas na amostras 2A (Tabela 1), confirmaram os resultados
obtidos a partir da microscopia eletrônica de varredura (MEV), onde foram analisados vários
pontos da amostra, e foram apresentados baixíssimos teores de CaO e por vezes teores maiores
de Na2O pontualmente, indicando que quando ocorre fases de plagioclásio associados aos k-
feldspatos, trata-se de feldspatos de fase albíticas. A amostra estudada apresenta baixo teor de
FeO, sendo está uma característica fundamental para a produção de massa cerâmicas de boa
qualidade. A amostra estudada apresenta baixo teor de FeO, sendo está uma característica
fundamental para a produção de massas cerâmicas de boa qualidade.
No. F SiO2 Cr2O3 Na2O K2O FeO MgO CaO Al2O3 Total
197 0,07 62,42 0,04 0,57 16,34 0,01 0,01 0,06 18,42 97,90
198 0,08 60,78 0,00 0,73 15,84 0,01 0,00 0,00 18,27 95,68
199 0,00 59,83 0,00 0,39 16,53 0,02 0,00 0,00 18,41 95,17
200 0,00 61,58 0,05 0,27 16,78 0,00 0,00 0,00 18,25 96,93
201 0,00 62,29 0,00 0,23 16,47 0,00 0,00 0,00 18,42 97,42
202 0,22 61,27 0,00 0,21 16,49 0,01 0,01 0,07 18,51 96,69
203 0,00 61,82 0,06 0,76 15,92 0,01 0,00 0,00 18,24 96,81
204 0,00 61,08 0,05 0,25 17,01 0,00 0,00 0,01 18,50 96,89
205 0,00 62,54 0,05 0,31 16,86 0,00 0,00 0,00 18,05 97,82
206 0,01 60,89 0,00 0,24 16,68 0,01 0,00 0,00 18,44 96,27
207 0,00 65,21 0,00 9,08 1,23 0,01 0,00 0,03 20,04 95,64
Tabela 6. Análises químicas referentes à amostra 2A. Fonte: Laboratório Microssonda
Eletrônica – UFMG.
Rochas pegmatíticas são conhecidas pela grande variedade mineralógica associada.
Além dos minerais essenciais (quartzo, feldspato, mica), corpos pegmatíticos diferenciados
podem apresentar diversos minerais acessórios incluindo óxidos (cassiterita, columbita,
tantalita), sulfeto (pirita, arsenopirita) e sulfato (jarosita), arseniato (escorodita) fosfatos
68
(apatita, frondelita, eosforita) e silicatos (espodumênio, turmalina, berilo).
Durante o desenvolvimento deste trabalho, além da caracterização mineralógica,
petrográfica e química dos feldspatos, foi dada atenção a outras fases minerais que são
consideradas contaminantes para a indústria de cerâmicas, causando diversos problemas
tecnológicos como escurecimento e porosidade. Minerais como a jarosita, um sulfato básico de
ferro e potássio [KFe3+(SO4)2(OH)6] pode ter até 11% de H2O e 48% de Fe2O3 em sua estrutura.
Tal mineral, mesmo ocorrendo em pequenas quantidades na rocha, pode liberar água durante a
calcinação, vindo a produzir bolhas, aumentando a porosidade e abaixando a resistência
mecânica da cerâmica. Além disso, a presença de ferro faz com que a massa cerâmica escureça,
além de possibilitar a formação de cristais de hematita, abaixando a resistência mecânica da
cerâmica.
Considerando tais problemas tecnológicos causados alguns minerais, amostras contendo
contaminação visível a olho nu foram estudadas por microscopia eletrônica de varredura, com
análises químicas realizadas no modo EDS.
Dentre os principais minerais contaminantes identificados, destacam-se os fosfatos de
Fe, Mn, Al além da apatita. Além disso, foram identificadas amostras contendo jarosita, que
ocorre como produto de alteração de pirita em ambiente supergênico (Figura 10).
A figura 25 apresenta a imagem de um fragmento de fosfato de Fe e Mn. A amostra
corresponde a um agregado botrioidal preenchendo cavidade centimétrica em microclina.
Devido às características macroscópicas e a composição química semiquantitativa o mineral
corresponde a rockbridgeita. Durante o processo de sinterização este mineral pode produzir
escurecimento da cerâmica, devido à presença de Fe e Mn. Além disso, a perda de água pode
causar o surgimento de bolhas, aumentando a porosidade da cerâmica. Outro fator que deve ser
levado em consideração é a diferença no ponto de fusão das várias fases presentes.
Outro mineral fosfato secundário comumente associado ao feldspato industrial na região
de Galiléia é a cyrilovita. A figura 26 apresenta imagem de MEV em uma associação cyrilovita
+ frondelita. Tais minerais são típicos da alteração hidrotermal de trifilita.
Figura 25. Fotomicrografia com seta amarela indicando microcristal de jarosita (produto de
alteração da pirita) e prejudicial para a indústria cerâmica devido ao alto teor de Fe.
69
Figura 26. Fotomicrografia com seta amarela indicando mineral fosfático (rockbridgeíta)
associado ao microclínio, indicado pela seta vermelha.
Figura 27. Fotomicrografia que indica associação mineral cyrilovita (indicado pela seta
amarela) e frondelita (indicado pela seta vermelha).
CONCLUSÕES
De acordo com as amostras analisadas, foi possível perceber que a maior parte dos
pegmatitos da região do Córrego Boa Vista, em uma área de 10 km2 aproximadamente, possuem
potencial para a produção de feldspato industrial.
As amostras analisadas foram submetidas a análises químicas e mineralógicas, e
indicaram teores de Na2O de aproximadamente 1,2%, estando dentro dos limites aceitos pela
indústria (máximo de 4%). Os teores de FeO analisados por microssonda eletrônica indicam
teores baixos, o que favorece a alvura da massa cerâmica.
Na caracterização microscópica das amostras que apresentam maior expansão durante
o processo de calcinação foi observada a intensa formação de bolhas, indicando a presença de
70
fase volátil. Tal fase volátil provavelmente está relacionada à perda de água por mineral
hidratados, como micas, fosfatos e sulfatos, que foram observados como contaminantes nas
lâminas delgadas e em microscopia eletrônica de varredura.
As características dos feldspatos estudados indicam que a matéria prima poderia ser
utilizada pela indústria de vidros, por não utilizar formas nem moldes. Outra possível aplicação
seria em blindagem com feldspato de mais alta qualidade, podendo, assim, ser utilizado pela
indústria de cerâmicas.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
71
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transcorrente no alojamento de granitos pré- a sincolisionais na região do vale do médio Rio
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de Geologia do Sudeste, 10, Diamantina. SBG-MG, Resumos. CD-ROM.
SILVA R.H.M. 2011. Geologia dos Pegmatitos da Região do Córrego Boa Vista, Galiléia, MG
e caracterização tecnológica do feldspato cerâmico.
72
Capítulo 6
Andrea Nascimento Vecci1; Flávia Compassi da Costa2 ,5; Jéssica Caroline do Vale Costa3;
Fernanda Maria Belotti4; Leonardo Martins Graça2; Ricardo Augusto Scholz Cipriano2
INTRODUÇÃO
O tântalo (Ta) e nióbio (Nb) são encontrados na tabela periódica como metais de
transição, e possuem raios atômicos e propriedades elétricas, físicas e químicas bem similares.
Ambos são considerados economicamente estratégicos no contexto atual, onde os avanços
tecnológicos demandam sua exploração e produção (Mackay e Simandl, 2014).
Por se tratar de uma série que compreende os minerais columbita-(Fe), columbita-(Mg),
columbita-(Mn), tantalita-(Fe), tantalita-(Mg), tantalita-(Mn), o emprego do termo genérico
coltan será adotado para se referir a qualquer um deles quando não houver uma distinção
química.
Segundo Simandl (2002) os principais depósitos de Ta economicamente viáveis são
encontrados em ambientes geológicos onde ocorrem pegmatitos graníticos, granitos
peraluminosos enriquecidos em ETR, ou placeres. Seu principal modo de ocorrência é na forma
química do mineral tantalita ([Fe,Mn][Ta,Nb]2O6), que é o componente rico em tântalo de uma
série da solução sólida conhecida como columbita-tantalita. No outro extremo da série da
columbita-tantalita encontra-se o nióbio, componente expressivo do mineral chamado
columbita ([Fe,Mn][Nb,Ta]2O6). Nikishina et al. (2014) afirmam que a ocorrência econômica
73
do Nb está, na maioria das vezes, relacionada a complexos carbonatíticos que podem ser
intemperizados ou não.
Além de possuírem extrema importância econômica na atualidade, os minerais da série
coltan são alguns dos principais indicadores da evolução geoquímica de pegmatitos. Eles
possuem a propriedade de reter, em sua estrutura, elementos como U, Th e outros ETR, o que
abre a possibilidade de sua utilização para a datação da rocha hospedeira, tornando-os
ferramenta de interesse no estudo evolutivo dos cinturões orogenéticos. Entretanto, não existem
materiais de referência internacionais, o que limita emprego da coltan na geocronologia. Para
isso, a caracterização mineralógica e química é uma etapa fundamental no desenvolvimento
desses materiais.
Neste trabalho foram realizados estudos químicos e mineralógicos de amostras de
minerais da série coltan provenientes de diversos pegmatitos de Minas Gerais. Algumas
amostras de outros estados também foram analisadas para efeitos de comparação. Este estudo
será a base para que futuros trabalhos venham a desenvolver materiais de referência
internacionais para geocronologia a partir destes minerais.
GEOLOGIA REGIONAL
74
Figura 28. Mapa geológico simplificado do Orógeno Araçuaí e região cratônica adjacente
ressaltando as supersuítes graníticas do Cambriano e do Neoproterozoico (Pedrosa-Soares et al.
2011).
75
sugere contribuições do embasamento Paleoproterozoico, assim como componentes mantélicas
relacionadas à subducção Neoproterozoica da litosfera oceânica. Os ofiolitos Neoproterozóicos
ocorrem na porção oeste do arco magmático G1, sugerindo subducção na porção leste, enquanto
a porção norte do Orógeno Araçuaí se manteve ensiálica (PEDROSA-SOARES ET AL., 2001,
2008; QUEIROGA ET AL., 2007).
Formada durante o estágio sin-colisional do Orógeno Araçuaí, a supersuíte G2 é
marcada pela presença de granitos do tipo S a exemplo das unidades Ataléia, Carlos Chagas,
Montanha, Nanuque, Pescador, Urucum e Wolf. Além disso, possui fusões do tipo I
provenientes da migmatização sin-colisional do embasamento Paleoproterozoico (ex: NOCE
ET AL., 2006, 2007; NOVO, 2009). Suas composições não se mostram muito variadas e são
predominantemente peraluminosas com assinaturas geoquímicas sin-colisionais.
Assim como as rochas da G1, as rochas da G2 apresentam foliação regional, e
localmente podem apresentar estruturas magmáticas bem preservadas. Batólitos como o Carlos
Chagas, que são composicionalmente homogêneos e estruturalmente heterogêneos, mostram
claras estruturas magmáticas preservadas da deformação regional sin-colisional que sofreram
os granitos de G2.
A supersuíte G3 se formou entre os estágios tardi a pós-colisional e é muito menor em
questão de volume do que as outras quatro supersuítes do Orógeno Araçuaí. Ela geralmente
está intimamente associada à supersuíte G2. Suas rochas representativas mais típicas são
leucogranitos com variações de conteúdo de granada e/ou cordierita e/ou silimanita
cristalizadas entre 540 Ma e 525 Ma (NOCE ET AL., 2004; PEDROSA-SOARES ET AL.,
2006; SILVA ET AL., 2005, 2008; WHITTINGTON ET AL., 2001), não apresentam foliação
regional, e ocorrem principalmente como veios autóctones a pequenos plútons parautóctone
hospedados nos granitos parentais G2 (PEDROSA-SOARES ET AL. 2011).
A supersuíte G4 ocorre ao longo do setor centro norte do Orógeno Araçuaí, onde fácies
metamórficas de anfibolitos à greenstones de níveis crustais rasos a intermediários estão
expostos. A supersuíte apresenta plútons de núcleos e raízes compostos por biotita granito, e
bordas contendo duas micas leucogranito à muscovita granada leucogranito, cobertos com
cúpulas pegmatóides. Estes plútons geralmente apresentam estruturas de fluxo de lava, os quais
podem ser paralelos à foliação regional à medida que se aproximam de suas bordas.
Assembléias minerais indicativas de metamorfismo de contato em alguns pegmatitos como a
mineralização de petalita em substituição ao espodumênio indicam profundidades de
posicionamento entre 5 e 15 km. Os granitos do G4 são, em geral, peraluminosos, podendo ser
metaluminosos nas fácies ricas em biotita (PEDROSA-SOARES ET AL., 1987). Os granitos
tipo S representam o evento pós-colisional de colapso gravitacional do Orógeno Araçuaí.
A supersuíte G5 representa o evento magmático mais marcante do colapso gravitacional
pós-colisional do Orógeno Araçuaí (PEDROSA-SOARES E WIEDEMANN-LEONARDOS
2000). Dados geológicos de diversos plútons pertencentes à G5 e distribuídos por todo o
Orógeno Araçuaí revelam composições essencialmente bimodais. Esta supersuíte inclui
essencialmente granitos metaluminosos a peraluminosos, calcialcalinos a alcalinos e dos tipos
I a A, todos pós-colisionais originados em níveis crustais muito profundos sob forte influência
mantélica (PEDROSA-SOARES ET AL. 2011).
76
minerais desta série são alvos ideais para datação U-Pb de rochas pegmatíticas e depósitos
minerais a eles relacionados (DENG ET AL., 2013).
Para sua aplicação em métodos de datação de rochas, é importante reconhecer a
capacidade do U de substituir os sítios cristalinos que seriam ocupados por Fe ou Mn em sua
estrutura cristalina; o que não ocorre com o Pb, que enfrenta dificuldade de se alojar na estrutura
da coltan (ROMER e Wright, 1992).
Observações microscópicas sugerem que o U é compatível com a estrutura cristalina da
coltan somente a altas temperaturas, assim, quando há uma queda de temperatura, o U é
exsolvido e transformado em inclusões de uraninitas dentro da coltan. Estas inclusões ficam
protegidas e isoladas dos meios circundantes através das estáveis estruturas química e mecânica
da coltan. Este isolamento da exsolução de U faz com que o sistema não interaja com o meio
exterior e que, portanto, não haja perda de U ou Pb radiogênico, o que se faz essencial para
obtenção de bons resultados nas datações (ROMER E WRIGHT 1992).
Romer e Wright (1992) desenvolveram e descreveram técnicas específicas de datação
com a coltan e concluíram ser este um método eficaz e confiável para datar vários tipos de
pegmatitos, granitos peraluminosos e alguns eventos metamórficos/metassomáticos. O método
propôs a lixiviação das amostras com ácidos específicos (ex: HF, HBr) e demonstrou resultados
concordantes.
A técnica in situ com laser ablation quadrupole inductively coupled plasma mass
spectrometry (LA–ICP–MS) foi pioneiramente utilizada para datação U-Pb com coltan por
(Smith et al., 2004). Após seu trabalho, alguns estudos de datação U-Pb com coltan utilizando
LA-ICP-MS foram publicados (ex: DENG ET AL., 2013; DEWAELE ET AL., 2011; DILL ET
AL., 2007; MELCHER ET AL., 2008). Entretanto, com ausência de material de referência
apropriado de coltan, estes trabalhos anteriores utilizaram monazita e zircão como padrões
externos, e até a publicação de Che et al. (2015) não haviam sidos utilizados padrões para
datação U-Pb de coltan in situ.
Quando se tratando do emprego de coltan para datação de rochas e eventos geológicos,
é importante analisar se tal prática é viável ou não. Analisando-se os métodos até então
desenvolvidos para esta prática, constata-se que eles já foram aplicados em diversos estudos e
locais. Os autores, citados anteriormente, de trabalhos que aplicaram a datação U-Pb com coltan
obtiveram resultados satisfatórios e, muitas vezes, os comparam com dados de mesma natureza
obtidos através da análise de zircões e/ou titanitas. Nesta comparação, a coltan se mostra mais
eficiente e confiável do que o zircão, que é mais instável e sofre mais perturbações do meio
externo do que a coltan. A coltan também não ocorre como mineral relítico do magma e,
portanto, não herda informações da área fonte do magma. Outra vantagem relativa da coltan é
que ela ocorre em vários locais onde zircões não são abundantes ou onde os zircões não são
úteis para datação. Quando o ambiente é intemperizado e as fontes de amostras são basicamente
sedimentos de alúvios e colúvios e não é possível definir se o zircão é proveniente da rocha
hospedeira ou do pegmatito mineralizado, o uso da coltan se faz mais uma vez relativamente
vantajoso.
METODOLOGIA
77
Parte das amostras vem dos distritos pegmatíticos distribuídos no estado de Minas
Gerais. Outra parte, corresponde a amostras de outros estados, usadas para comparação (Quadro
1). Foi analisado um total de 14 amostras, das quais três foram descartadas devido a excesso de
inclusões e/ou falhas na preparação. Para que fosse possível a análise das amostras, foi
necessário prepará-las na modalidade de embutimentos. Uma vez prontos, os embutimentos
foram encaminhados ao Laboratório de Microscopia e Microanálises do DEGEO/EM
(Laboratório integrante da RMIc, Rede de Microscopia e Microanálises de Minas Gerais –
FAPEMIG) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) para que fossem imageados por
elétrons retroespalhados (BSE - backscattered electrons) com um microscópio de varredura
(MEV) modelo JEOL JSM 6510, com 15 kV de voltagem de aceleração. Além disso, foram
realizadas análises químicas por Espectroscopia de Dispersiva de Raios-x (EDS).
RESULTADOS
78
Foram feitas imagens BSE das 11 amostras no MEV (Figura 2). Com base nos
resultados das análises (Tabela 1) foram calculadas as fórmulas químicas de cada ponto
analisado e, portanto, encontrada uma fórmula representativa (média) de cada amostra como
um todo (Quadro 2). A partir destes dados foi gerado o gráfico Ta/(Ta-Nb) x Mn/(Mn-Fe), e
cada amostra pôde ser identificada e classificada como uma fase definida constituinte da série
coltan (Figura 3).
Tabela 7. Análises químicas EDS das amostras com sua média () e desvio padrão (σ)
obtidas pelo MEV.
MnO FeO Nb2O5 Ta2O5 TiO2 MgO SiO2 Fe C Total
SAD-007-1 4,67 14,92 50,73 29,69 100,01
SAD-007-2 4,32 14,71 49,22 31,75 100
SAD-007-3 5,1 13,77 50,05 31,08 100
SAD-007-4 5,19 14,59 47,31 32,92 100,01
SAD-007 4,82 14,5 49,33 31,36
SAD-007 σ 0,19 0,05 1,01 0,78
SAD-033-1 5,94 11,52 39,2 40,62 2,72 100
SAD-033-2 7,43 10,1 41,08 38,82 2,56 99,99
SAD-033-3 7,23 9,85 39,09 41 2,84 100,01
SAD-033 6,87 10,49 39,79 40,15 2,71 100
SAD-033 σ 0,21 0,37 0,41 0,49 0,08
SAD-064-1 12,74 2,47 11,36 73,43 100
SAD-064-2 12,08 2,98 12 72,74 0,12 0,08 100
SAD-064-3 11,85 3,12 11,25 73,74 0,04 100
SAD-064 12,22 2,86 11,54 73,3 0,08 0,08 100,08
SAD-064 σ 0,22 0,15 0,16 0,25 0,03 0
SAD-067-1 13,11 0,67 86,22 100
SAD-067-2 13,23 86,74 0,03 100
SAD-067-3 13,9 0,07 0,15 85,88 100
SAD-067 13,41 0,07 0,41 86,28 0,03 100
SAD-067 σ 0,28 0 0,18 0,23 0
SAD-068-1 6,85 14,18 66,71 3,99 1,26 7,02 100,01
SAD-068-2 7,61 15,64 71,9 1,42 3,43 100
SAD-068-3 6,79 15 72,55 1,63 4,03 100
SAD-068 7,08 14,94 70,39 1,53 3,82 1,26 7,02 100
SAD-068 σ 0,17 0,03 1,25 0,07 0,12 0 0
SAD-069-1 6,14 15,12 72,93 2,96 2,58 0,27 100
SAD-069-2 5,7 16,06 72,35 3,36 2,54 100,01
SAD-069-3 6,32 15,85 71,69 3,38 2,76 100
SAD-069-4 6,4 15,97 71,5 3,83 2,32 100,02
SAD-069 6,14 15,75 72,12 3,38 2,55 0,27 100,21
SAD-069 σ 0,13 0,11 0,31 0,22 0,11 0
SAD-076-1 12,21 1,81 1,04 84,94 100
SAD-076-2 11,64 0,88 1,6 85,88 100
79
Continuação Tabela 1
SAD-076-3 11,16 1,38 1,82 85,64 100
SAD-076-4 11,71 0,87 1,56 85,85 99,99
SAD-076 11,68 1,24 1,51 85,5775 100
SAD-076 σ 0,02 0,18 0,03 0,14
SAD-088-1 13,27 0,32 86,41 100
SAD-088-2 12,98 0,49 86,53 100
SAD-088-3 13,47 0,71 85,82 100
SAD-088 13,24 0,51 86,25 100
SAD-088 σ 0,13 0,12 0,25
SAD-133-1 6,71 11,7 51,53 28,78 1,28 100
SAD-133-2 6,52 11,31 52,08 29,15 0,94 100
SAD-133-3 6,86 11,84 52,25 28,1 0,94 99,99
SAD-133-4 6,34 11,89 51,3 29,37 1,09 99,99
SAD-133-5 6,69 12,01 53,8 26,61 0,89 100
SAD-133-6 6,89 11,5 51,53 28,88 1,2 100
SAD-133 6,67 11,71 52,08 28,48 1,06 100
SAD-133 σ 0,09 0,09 0,22 0,16 0,06
SAE-039-1 9,84 8,27 51,85 30,04 100
SAE-039-2 9,66 7,86 52,97 29,52 100,01
SAE-039-3 10,04 7,95 55,87 26,14 100
SAE-039 9,85 8,03 53,56 28,57 100
SAE-039 σ 0,11 0,04 1,33 1,4
SAE-041-1 7,47 11,01 48,13 33,39 100
SAE-041-2 6,98 10,31 49,59 33,12 100
SAE-041-3 8,27 10,13 47,74 33,85 99,99
SAE-041 7,57 10,48 48,49 33,45 100
SAE-041 σ 0,4 0,2 0,43 0,23
Quadro 3. Fórmulas químicas calculadas para os pontos de cada amostra com sua média ().
Pontos Fórmula
SAD-007-1 (Fe0,8Mn0,25)Ʃ1,05(Nb1,46Ta0,5)Ʃ1,98O6
SAD-007-2 (Fe0,79Mn0,24)Ʃ1,03(Nb1,4Ta0,56)Ʃ1,98O6
SAD-007-3 (Fe0,74Mn0,28)Ʃ1,02(Nb1,45Ta0,54)Ʃ1,99O6
SAD-007-4 (Fe0,79Mn0,28)Ʃ1,08(Nb1,39Ta0,58)Ʃ1,97O6
SAD-007 (Fe0,78Mn0,26)Ʃ1,04(Nb1,4Ta0,5)Ʃ1,99O6
SAD-033-1 (Fe0,64Mn0,33)Ʃ0,97(Nb1,17Ta0,73Ti0,14)Ʃ2,04O6
SAD-033-2 (Fe0,55Mn0,4)Ʃ0,97(Nb1,22Ta0,7Ti0,13)Ʃ2,04O6
SAD-033-3 (Fe0,55Mn0,4)Ʃ0,94(Nb1,17Ta0,74Ti0,14)Ʃ2,05O6
SAD-033 (Fe0,58Mn0,38)Ʃ0,96(Nb1,19Ta0,72Ti0,13)Ʃ2,04O6
SAD-064-1 (Mn0,86Fe0,16)Ʃ1,02(Ta1,6Nb0,4)Ʃ2O6
SAD-064-2 (Mn0,8Fe0,2)Ʃ1(Ta1,56Nb0,43Ti0,01)Ʃ2O6
SAD-064-3 (Mn0,78Fe0,2)Ʃ0,98(Ta1,6Nb0,4)Ʃ2O6
SAD-064 (Mn0,82Fe0,19)Ʃ1,01(Ta1,58Nb0,4)Ʃ1,98O6
80
Continuação Quadro 2
SAD-067-1 (Mn0,94)Ʃ0,94(Ta1,99Nb0,03)Ʃ2,02O6
SAD-067-2 (Mn0,94)Ʃ0,94(Ta1,99Nb0,03)Ʃ2,02O6
SAD-067-3 Mn(Ta1,99Nb0,01)Ʃ2O6
SAD-067 (Mn0,96Fe0,05)Ʃ1(Ta1,99Nb0,02)Ʃ2,01O6
SAD-068-1 (Fe0,72Mn0,35)Ʃ1,07(Nb1,83Ti0,2)Ʃ2,03O6
SAD-068-2 (Fe0,73Mn0,36)Ʃ1,09(Nb1,82Ti0,14Ta0,02)Ʃ1,99O6
SAD-068-3 (Fe0,7Mn0,3)Ʃ1(Nb1,83Ti0,17Ta0,02)Ʃ2,02O6
SAD-068 (Fe0,75Mn0,4)Ʃ1,15(Nb1,93Ta0,03)Ʃ1,96O6
SAD-069-1 (Fe0,71Mn0,3)Ʃ1,01(Nb1,86Ti0,11Ta0,05)Ʃ2,01O6
SAD-069-2 (Fe0,76Mn0,27)Ʃ1,03(Nb1,85Ti0,1Ta0,05)Ʃ2O6
SAD-069-3 (Fe0,75Mn0,3)Ʃ1,05(Nb1,8Ti0,12Ta0,05)Ʃ2O6
SAD-069-4 (Fe0,76Mn0,3)Ʃ1,06(Nb1,83Ti0,1Ta0,05)Ʃ2O6
SAD-069 (Fe0,74Mn0,3)Ʃ1,04(Nb1,8Ti0,1Ta0,05)Ʃ2O6
SAD-076-1 (Mn0,88Fe0,13)Ʃ1,01(Ta1,96Nb0,04)Ʃ2O6
SAD-076-2 (Mn0,84Fe0,06)Ʃ0,9(Ta1,98Nb0,06)Ʃ2,04O6
SAD-076-3 (Mn0,8Fe0,1)Ʃ0,9(Ta1,97Nb0,07)Ʃ2,04O6
SAD-076-4 (Mn0,84Fe0,06)Ʃ0,9(Ta1,98Nb0,06)Ʃ2,04O6
SAD-076 (Mn0,84Fe0,09)Ʃ0,93(Ta1,97Nb0,06)Ʃ2,03O6
SAD-088-1 Mn0,96Ta2O6
SAD-088-2 Mn0,94Ta2O6
SAD-088-3 Mn0,97(Ta1,98Nb0,02)Ʃ2O6
SAD-088 Mn0,96(Ta1,99Nb0,2)Ʃ2,01O6
SAD-133-1 (Fe0,6Mn0,36)Ʃ0,97(Nb1,47Ta0,5Ti0,06)Ʃ2,02O6
SAD-133-2 (Fe0,6Mn0,35)Ʃ0,95(Nb1,5Ta0,5Ti0,04)Ʃ2,04O6
SAD-133-3 (Fe0,62Mn0,37)Ʃ0,99(Nb1,48Ta0,48Ti0,04)Ʃ2O6
SAD-133-4 (Fe0,63Mn0,34)Ʃ0,97(Nb1,46Ta0,5Ti0,05)Ʃ2,02O6
SAD-133-5 (Fe0,63Mn0,35)Ʃ0,98(Nb1,52Ta0,45Ti0,04)Ʃ2,01O6
SAD-133-6 (Fe0,61Mn0,37)Ʃ0,98(Nb1,5Ta0,5)Ʃ2O6
SAD-133 (Fe0,62Mn0,36)Ʃ0,98(Nb1,48Ta0,49Ti0,05)Ʃ2,02O6
SAE-039-1 (Mn0,53Fe0,44)Ʃ0,97(Nb1,49Ta0,52)Ʃ2,01O6
SAE-039-2 (Mn0,52Fe0,42)Ʃ0,94(Nb1,52Ta0,5)Ʃ2,02O6
SAE-039-3 (Mn0,53Fe0,42)Ʃ0,95(Nb1,6Ta0,4)Ʃ2O6
SAE-039 (Mn0,53Fe0,42)Ʃ0,95(Nb1,53Ta0,5)Ʃ2,03O6
SAE-041-1 (Fe0,52Mn0,44)Ʃ0,98(Nb1,72Ta0,3)Ʃ2,02O6
SAE-041-2 (Fe0,6Mn0,44)Ʃ1,04(Nb1,7Ta0,3)Ʃ2O6
SAE-041-3 (Fe0,5Mn0,45)Ʃ0,95(Nb1,7Ta0,3)Ʃ2O6
SAE-041 (Fe0,54Mn0,44)Ʃ0,98(Nb1,7Ta0,3)Ʃ2O6
81
Figura 29. Imagens BSE obtidas pelo MEV. A) Amostra SAD-007. B) Amostra SAD-033. C) Amostra SAD-064. D) Amostra SAD-067. E) Amostra SAD-068. F) Amostra SAD-069. G) Amostra SAD-076. H) Amostra
SAD-088. I) Amostra SAD-133. J) Amostra SAE-039. K) Amostra SAE-041.
82
Na imagem BSE da amostra SAD-007 é possível observar a presença de inclusões de
microclina, representadas pelas áreas mais escuras da imagem contida na Figura 2A. A partir
dos dados fornecidos pela análise química foi calculada a fórmula (Fe0,74-0,8Mn0,24-0,28)Ʃ1,02-
1,08(Nb1,39-1,46Ta0,5-0,58)Ʃ1,98-1,99O6. De acordo com o diagrama Ta/(Ta+Nb) x Mn/(Mn+Fe), essa
amostra é classificada como columbita-(Fe) (Figura 3).
A Figura 2B apresenta a imagem BSE para a amostra SAD-033 que possui a presença
de algumas inclusões representadas pelas porções mais escuras do grão, sendo estas
identificadas como microclina. Cavidades também estão na imagem e podem ser provenientes
de falhas na etapa de polimento. As análises EDS revelam composição rica em Nb e Fe, tendo
como fórmula (Fe0,55-064Mn0,33-0,4)Ʃ0,94-0,97(Nb1,17-1,22Ta0,7-0,74Ti0,13-0,14)Ʃ2,04-2,05O6. O diagrama da
Figura 3 indica que a amostra SAD-033 trata-se de uma columbita-(Fe).
A imagem da amostra SAD-064 (Figura 2C) retrata a presença de inclusões de
microclina pouco representativas retratadas pelas porções mais escuras do grão. As análises
EDS revelam composição rica em Ta e Mn, cuja fórmula química é (Mn0,78-0,86Fe0,16-0,2)Ʃ0,98-
1,02(Ta1,56-1,6Nb0,4-0,43)Ʃ1,98-2O6. O diagrama da Figura 3 indica que a amostra SAD-064 trata-se
de uma tantalita-(Mn).
A Figura 2D apresenta a imagem BSE da amostra SAD-067 com a presença de inclusões
pouco representativas, o grão está fraturado, e cavidades também são identificados. As análises
EDS revelam composição rica em Ta e Mn, tendo como fórmula química (Mn0,78-0,86Fe0,16-
0,2)Ʃ0,98-1,02(Ta1,56-1,6Nb0,4-0,43)Ʃ1,98-2O6. O diagrama da Figura 3 indica que a amostra SAD-067
trata-se de uma tantalita-(Mn).
A imagem BSE da amostra SAD-068 (Figura 2E) apresenta aspecto consideravelmente
homogêneo, porém a imagem retrata a presença de defeitos no polimento representados pelas
partes mais escuras e fraturas. As análises EDS revelam composição rica em Ta e Mn, com
fórmula (Fe0,7-0,73Mn0,3-0,36)Ʃ1-1,09(Nb1,82-1,83Ta0,02Ti0,14-0,2)Ʃ1,99-2,03O6. O diagrama da Figura 3
indica que a amostra SAD-068 trata-se de uma tantalita-(Fe).
A Figura 2F apresenta a imagem BSE para a amostra SAD-069 com inclusões pouco
representativas, o grão apresenta-se fraturado, e cavidades também são identificados,
provavelmente preenchidas com resina. As análises EDS revelam composição rica em Nb e Fe,
com fórmula (Fe0,71-0,76Mn0,27-0,3)Ʃ1,01-1,06(Nb1,8-1,86Ta0,05Ti0,1-0,12)Ʃ2-2,01O6. O diagrama da Figura
3 indica que a amostra SAD-069 trata-se de uma columbita-(Fe).
A amostra SAD-076 (Figura 2G) possui fraturas e cavidades, e é relativamente
homogênea. As análises EDS revelam composição rica em Ta e Mn com composição (Mn0,8-
0,88Fe0,06-0,13)Ʃ0,9-1,01(Ta1,96-1,98Nb0,04-0,07)Ʃ2-2,04O6. O diagrama da Figura 3 indica que a amostra
SAD-076 trata-se de uma tantalita-(Mn).
A imagem BSE da amostra SAD-088 (Figura 2H) retrata a presença de muitas fraturas,
algumas cavidades e raras inclusões de microclina. As análises EDS revelam composição rica
em Ta e Mn com fórmula Mn0,94-0,97(Ta1,98-2Nb0,02-0,2)Ʃ2-2,01O6. O diagrama da Figura 3 indica
que a amostra SAD-088 trata-se de uma tantalita-(Mn) quase pura pois todos os pontos se
encontram superpostos no extremo superior direito do campo tantalita-(Mn), o que sugere
também uma alta precisão da análise.
A Figura 2I apresenta a imagem BSE para a amostra SAD-133, de composição
homogênea com presença de fraturas e raras cavidades e inclusões. As análises EDS revelam
composição rica em Nb e Fe com fórmula (Fe0,6-0,63Mn0,34-0,37)Ʃ0,95-0,99(Nb1,46-1,52Ta0,45-0,5Ti0,04-
0,06)Ʃ2-2,04O6. O diagrama da Figura 3 indica que a amostra SAD-133 trata-se de uma columbita-
(Fe).
A amostra SAE-039 (Figura 2J) apresenta imagem BSE sem fraturas, raras cavidades e
inclusões de microclina. As análises EDS revelam que em sua composição química
predominam Nb e Mn com fórmula (Mn0,52-0,53Fe0,42-0,44)Ʃ0,94-0,97(Nb1,49-1,6Ta0,4-0,52)Ʃ2-2,02O6. A
amostra aparenta-se composicionalmente homogênea. Classifica-se como uma columbita-(Mn)
83
apesar de o diagrama da Figura 3 ilustrar como sua composição está próxima do limite divisor
com a fase columbita-(Fe).
A imagem BSE da amostra SAE-041 (Figura 2K) mostra que o grão possui alta
homogeneidade com poucas fraturas e poucas cavidades. As análises EDS revelam que em sua
composição química predominam Nb e Fe com fórmula (Fe0,5-0,6Mn0,44-0,45)Ʃ0,95-1,04(Nb1,7-
1,72Ta0,3)Ʃ2-2,02O6. A amostra SAE-041 classifica-se como uma columbita-(Fe) apesar de o
diagrama da Figura 3 ilustrar que sua composição está próxima do limite divisor com a fase
columbita-(Fe).
Figura 30. Gráfico representativo de todas as amostras estudadas, gerado para efeitos
comparativos
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
84
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
85
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88
Capítulo 7
INTRODUÇÃO
Os pegmatitos podem ser definidos como sendo essencialmente uma rocha ígnea,
de composição normalmente granítica, que são distinguidos das outras rochas ígneas por
algumas características principais: granulometria extremamente grossa, abundância de
cristais com textura gráfica e grãos com hábito de crescimento fortemente direcional. Os
cristais com tamanho extremamente grosso é uma marca dos pegmatitos para muitos
geocientistas, mas as outras texturas minerais, citadas acima são predominantes e podem
ser definidas como características de alguns corpos (London 2013).
Três principais tipos de pegmatitos podem ser distinguidos na região de
Vlastĕjovice, República Tcheca (Žáček et al. 2003; Ackerman et al. 2007; Kadlec 2007
¹ Geóloga autônoma – Franca, SP, Brasil;
² Instituto de Geociências, Universidade de Brasília – Brasília, DF, Brasil;
3 Instituto de Ciências Puras e Aplicadas na Universidade Federal de Itajubá,
90
coordenadas da coleta das amostras é: 5509177.44 m N e 512835.54 m E e elevação de
430m. Estas informações também podem ser observadas na Figura 1.
GEOLOGIA REGIONAL
91
centro da Europa, sendo a Zona Moldanubian a parte mais interna do cinturão. Estas
rochas representam a crosta e manto superior, formada por unidades alóctones agregadas
durante a geração do orógeno Variscano e modificada por vários eventos de deformação
superimposta e recristalização metamórfica (Schulmann et al. 2014).
A Zona Moldanubian está inserida na parte sul do Maciço da Bohemian, situado
na República Tcheca e na Áustria, consistindo de vários segmentos alóctones
polideformados e intrusões graníticas predominantemente pós-tectônicas. Os terrenos
(segmentos) GhÖlf e Drosendorf, o primeiro na Áustria e o segundo na República Tcheca,
correspondem aos terrenos mais metamorfisados e mais erodidos do Maciço da
Bohemian. Entre 340 a 320 Ma foram intrudidos diversos batólitos nesses dois segmentos
(Matte et al. 1990). A característica tectônica mais proeminente dos terrenos GhÖlf e
Drosendorf, é a atitude geralmente planar da foliação dobrada em grandes antiformes
(Matte et al. 1990).
A cidade de Vlastějovice, República Tcheca, está situada no terreno Drosendorf,
conforme mostra o mapa esquemático da Figura 2. Esse terreno abrange os Grupos
Variegated e Monotonous, que são constituídos por metagrauvaca, metargilitos, gnaisse
calcisilicático, grafita gnaisse, quartzito, anfibolito e meta gabros (Novak et al, 2015).
92
Existem três principais e diferentes tipos de pegmatitos na região de Vlastějovice:
pré-Variscano turmalina pegmatito a partir de ortognaisse, turmalina pegmatito e o
anfibólio pegmatito. O estudado neste trabalho é o anfibólio pegmatito (Plg (Ab100-
75)>Qtz>Kf) formado através de numerosos diques e complicados corpos de 10 cm a 1 m
de espessura, com estrutura interna homogênea a subhomogênea , eles cortam o Fe-
escarnito e não foram encontrados fora do corpo de escarnito (Novák e Kadlec 2010).
Esse pegmatito é localmente abundante em anfibólio, fluorita, biotita,
hedenbergita, granada, como acessórios: allanita - (Ce), titanita e muito raramente
ferroaxinita e schorlita. Massas irregulares monominerálicas e veios de quartzo cinza
localizam-se ao longo do contato com o escarnito hospedeiro e bordejando os cristais de
anfibólio. Reações abundantes ocorrem a partir da porção central do pegmatito, com mais
de 30 cm de espessura, resultando numa mineralogia predominante em anfibólio e em
algumas porções há predominância por fluorita, biotita e plagioclásio. Allanita,
hedenbergita, granada, epidoto, calcita, wollastonita, magnetita, clorita, prehnita, apofilita
e pirita ocorrem em menores quantidades e em porções marginais dos pegmatitos ou como
produto de hidrotermalismo tardio e/ou contaminação (Novak et al. 2015).
METODOLOGIA
93
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Petrografia
94
Figura 4. (A) Seção delgada exibindo feldspato, clinopiroxênio, hornblenda e titanita a
nicóis paralelos. (B) Mesma mineralogia anterior, a nicóis cruzados.
Dentro do grupo dos feldspatos tem-se a albita, ortoclásio e a microclina. Esse
grupo representa a maior porcentagem modal do pegmatito. Na fase de composição mais
sódica, tem-se a albita, com cristais variando de 1 mm até cristais na ordem de 2 cm.
podendo compor até 40% da rocha. Os grãos têm faces bem desenvolvidas e estão
alterados. Apresenta duas fases misturadas (ortoclásio + albita) formando a textura
pertítica (Figuras 4 e 5).
95
zoneamento para clinozoisita. Por vezes, a parte central do cristal é amorfa, devido à
metamictização.
Química Mineral
96
Tabela 1. Composição química dos piroxênios por EDS. TiO2, Cr2O3 e MnO estão abaixo do limite de detecção.
SAD 197 SAD 197 SAD 197 SAD 197 SAD 197 SAD 197 SAD197 SAD 197
Pontos SAD 199 (1) SAD 199 (2)
6(1) 6(2) 8(1) 8(2) 9(1) 9(2) (1) (10)
SiO2 44,67 45,97 45,70 46,11 45,11 44,81 47,56 42,13 48,41 50,74
Al2O3 1,15 1,77 <d.l. 0,51 0,43 0,56 0,61 10,14 13,03 <d.l.
FeO 28,56 36,39 29,00 25,95 27,85 27,88 22,57 31,04 24,48 24,53
MgO 2,52 1,65 3,78 3,70 3,09 3,27 3,71 3,48 2,98 3,49
CaO 22,48 12,83 21,52 23,22 23,23 23,05 25,56 11,11 9,44 21,25
K 2O <d.l. <d.l. <d.l. <d.l. <d.l. <d.l. <d.l. 2,09 1,67 <d.l.
Na2O 0,63 0,50 <d.l. 0,50 0,29 0,42 <d.l. <d.l. <d.l. <d.l.
Total 100,01 100 100 99,99 100 99,99 100,01 99,99 100,01 100,01
Fórmula na base de 6 oxigênios
Si 1,865 1,929 1,900 1,899 1,879 1,868 1,928 1,75 1,862 2,030
Al 0,057 0,088 0 0,025 0,021 0,028 0,029 0,489 0,591 0
Fe2+ 0,997 1,277 1,008 0,894 0,970 0,972 0,765 1,063 0,788 0,821
Mg 0,157 0,103 0,234 0,227 0,192 0,203 0,224 0,212 0,171 0,208
Ca 1,006 0,577 0,958 1,025 1,037 1,030 1,110 0,487 0,389 0,911
K 0 0 0 0 0 0 0 0,109 0,082 0
Na 0,051 0,041 0 0,040 0,023 0,034 0 0 0 0
Al6+ 0 0,017 0 0 0 0 0 0,214 0,453 0,030
Al4+ 0,135 0,071 0,100 0,101 0,121 0,132 0,072 0,275 0,138 0
∑¹(cátions) 2,132 2,047 2,100 2,109 2,122 2,135 2,057 2,085 1,883 1,970
∑²(Si+Al4+∑¹) 4,132 4,047 4,100 4,109 4,122 4,135 4,057 4,085 3,883 3,970
Fe2+/ Mg 6,358 12,372 4,304 3,934 5,056 4,738 3,413 5,004 4,608 3,943
Fe2+/(Fe2+/Mg) 0,864 0,925 0,811 0,797 0,835 0,827 0,0773 0,833 0,822 0,798
%En 7 5 11 11 9 9 11 12 13 11
%Wo 47 29 44 48 47 47 53 28 29 47
%Fs 46 65 46 42 44 44 36 60 58 42
97
Tabela 2. Dados das composições químicas dos feldspatos, via EDS.
SAD SAD SAD SAD SAD SAD SAD SAD SAD SAD SAD SAD SAD SAD SAD
Pontos 197 197 197 197 197 197 197 197 197 197 197 197 197 - 197 - 197 -
1(3) 1(4) 1(10) 2(1) 2(2) 2(3) 3(1) 3(2) 4(1) 4(2) 7(1) 10(1) 10(2) 11(2) 11(3)
SiO2 72,07 70,97 64,63 63,16 62,60 66,19 63,44 62,34 62,91 62,62 62,55 63,25 63,67 63,20 62,78
Al2O3 12,09 13,84 21,70 18,53 18,69 19,63 18,46 18,81 18,31 18,48 18,03 18,82 18,38 18,34 18,17
FeO 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
CaO 3,72 4,39 4,42 0,23 0,22 0,19 0,58 0 0,14 0,41 0,32 0,13 0,37 0 0,40
Na2O 11,31 10,79 9,53 1,63 1,33 7,99 1,88 0,62 0,67 0,66 0,58 2,04 1,68 1,01 1,49
K2O 0 0 0 16,46 17,16 6,00 15,64 18,23 17,96 17,82 18,52 15,76 15,89 17,45 17,16
BaO 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 99,19 99,99 99,99 100,01 100,00 100,00 100,00 100,00 99,99 99,99 100,00 100,00 99,99 100,00 100,00
Fórmula na base de 32 oxigênios
Si 12,78 12,51 11,41 11,79 11,73 11,84 11,81 11,72 11,81 11,76 11,79 11,77 11,85 11,83 11,78
Al 2,53 2,88 4,50 4,08 4,13 4,14 4,05 4,17 4,05 4,09 4,01 4,13 4,03 4,05 4,02
2+
Fe 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ca 0,71 0,83 0,72 0,05 0,04 0,04 0,12 0 0,03 0,08 0,06 0,03 0,07 0 0,08
Na 3,89 3,69 3,46 0,59 0,48 2,77 0,68 0,23 0,24 0,24 0,21 0,74 0,61 0,37 0,54
K 0 0 0 3,92 4,10 1,37 3,71 4,37 4,30 4,27 4,46 3,74 3,77 4,17 4,11
Ba 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
XCa=An 15,38 18,36 20,40 1,01 0,95 0,87 2,57 0 0,62 1,80 1,37 0,58 1,66 0 1,70
XNa=Ab 84,62 81,64 79,60 12,95 10,44 66,35 15,05 4,91 5,33 5,23 4,48 16,34 13,61 8,09 11,46
XK=Or 0 0 0 86,04 88,61 32,78 82,38 95,09 94,05 92,97 94,15 83,08 84,73 91,91 86,84
Z (Si,Al) 15,32 15,40 15,88 15,88 15,88 16,00 15,84 15,88 15,88 15,84 15,8 15,88 15,88 15,88 15,8
X (Fe, Ca 4,60 4,52 4,12 4,56 4,64 4,16 4,52 4,60 4,60 4,60 4,72 4,52 4,44 4,52 4,72
K, Na Ba)
98
Tabela 3. Dados qualitativos das composições químicas das titanitas, via EDS.
Pontos 16 24 25 30 31 35 36 40 42 44
SiO2 31,86 32,25 32,13 32,37 31,19 32,45 32,08 32,23 32,65 32,63
TiO2 29,15 30,31 28,85 29,05 31,38 28,20 28,53 28,32 28,87 29,05
Al2O3 5,52 4,93 5,58 5,49 4,50 6,74 5,95 5,82 5,97 5,40
Fe total 2,89 2,63 2,79 3,08 2,36 2,63 2,75 2,91 2,82 3,10
Fe2O3 3,21 2,92 3,10 3,42 2,62 2,92 3,05 3,23 3,13 3,44
MnO 0 0 29,72 0 0 0 0 0 0 0
CaO 29,74 29,53 0 29,68 30,67 30,42 29,82 29,83 30,32 29,98
Ce2O3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Y2O3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
H2O+ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
F 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
F=O 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 99,48 99,94 99,38 100,01 100,36 100,73 99,43 99,43 100,94 100,50
Fórmula na base de 5 oxigênios
Si 1,03 1,04 1,04 1,04 1,01 1,03 1,04 1,04 1,04 1,04
Ti 0,71 0,70 0,70 0,70 0,76 0,68 0,69 0,69 0,69 0,70
Al 0,21 0,21 0,21 0,21 0,17 0,25 0,23 0,22 0,22 0,20
Fe 0,07 0,07 0,07 0,07 0,06 0,06 0,07 0,07 0,07 0,07
Mn 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ca 1,03 1,03 1,03 1,02 1,06 1,04 1,03 1,03 1,03 1,03
Ce2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Y2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
F 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
H2O 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
OH+F 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
(%OH) 4,63 4,66 4,63 4,66 4,65 4,70 4,64 4,63 4,70 4,68
TCa 1,03 1,08 1,10 1,10 1,12 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10
TTi(Ti+Al+Fe) 0,99 0,92 0,91 0,91 0,93 0,93 0,92 0,91 0,92 0,90
TSi 1,03 1,04 1,04 1,04 1,01 1,03 1,04 1,04 1,04 1,04
TOH 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
99
Geocronologia
Vinte pontos analíticos (Tabela 4) geraram uma idade concordia de 338 ± 3.6 Ma (n =
20; 95% c.l.; MSWDc+e = 1.5; Figura 6). Este erro realístico foi calculado pela raíz quadrada da
adição quadrática dos erros obtidos pelo Isoplot (que estatisticamente é subestimado) e pelo
erro de 1% da idade concordia obtida (inerente à técnica analítica). Os resultados mostraram-
se levemente discordantes reversos, ou seja, plotam levemente acima da curva concordia. Isto
indica que a idade 206Pb/238U é levemente mais antiga do que a idade 207Pb/235U, como
exemplificado pelas idades obtidas pela média ponderada (Figura 3.15 e Figura 3.14) das razões
207Pb/235U e 206Pb/238U de 337.0 ± 3.8 Ma (95% c.l.; MSWD = 0.09) e 338.0 ± 2.8 (95% c.l.;
Figura 6. Idade concordia e média ponderada 206Pb/238U dos cristais de titanita analisados.
100
Tabela 4. Geocronologia U-Pb em titanita obtidos por LA-ICP-MS.
101
DISCUSSÕES
De acordo com as análises qualitativas via EDS os plagioclásios são pobres em cálcio
(oligoclásio - An 15-20). Logo, este feldspato não é produto de contaminação com o Fe-escarnito.
Desta forma, a amostra analisada deste trabalho deve fazer parte das porções centrais do corpo
pegmatítico (Novák e Kadlec 2010).
Como a quantidade, determinada pela análise petrográfica, de piroxênio e de anfibólio
são parecidas, pode-se dizer que esse anfibólio pegmatito pode ser nomeado por anfibólio
piroxênio pegmatito.
Segundo Novák (2007) os anfibólio pegmatitos são abundantes em hastingsita, fluorita,
anita, hedenbergita, granada e como acessórios allanita-(Ce) e titanita. Devido as numerosas e
espessas reações nas bordas do pegmatito com a encaixante (Fe-escarnito) tem-se o domínio de
minerais como anfibólio, fluorita, biotita, granada, allanita, plagioclásio (An6-35) rico em cálcio
e plagioclásio pobre em cálcio (An0-20). De forma geral, assembleias minerais de Ca, Fe e F são
concentradas principalmente ao longo dos contatos do pegmatito com a encaixante. Ca e Fe
provém da rocha hospedeira (Fe-escarnito). Allanita, hedenbergita, granada, epidoto, calcita,
wollastonita, magnetita, clorita, prehnita, apofilita e pirita ocorrem em menor quantidade em
partes marginais dos diques pegmatíticos ou como produto de alteração hidrotermal tardia e/ou
contaminação.
De acordo com o tratamento dos dados obtidos via EDS pode-se verificar que piroxênios
ricos em wollastonita ocorrem em menores quantidades. Isto também indica uma não
proximidade da amostra estudada com a encaixante, já que a wollastonita normalmente é
formada pela reação/metamorfismo de contato com rochas calssisilicáticas ou calcários, como
o Fe-escarnito (e.g. Klein e Dutrow 2012).
A presença de alanita-(Ce) pode indicar, ainda, que o pegmatito pode ser classificado
como elementos terras raras (ETR) pegmatito, de acordo com a classificação de Novák e Kadlec
(2010). Para os pegmatitos da região, Novák et al. (2015) sugerem que, em geral, o
enriquecimento em ETR é resultante de processos de contaminação por parte dos Fe-escarnitos.
É comum a presença de fluorita, tanto em lâmina quanto em amostras de mão, evidenciando a
presença de flúor como um elemento volátil importante na gênese do pegmatito. De acordo com
Ackerman 2005 apud Novák et al. 2012 a presença de flúor é resultante de processos
magmáticos-hidrotermais responsáveis pela cristalização da fluorita.
A idade concordia da titanita corresponde a 338 ± 4 Ma é interpretada como a idade de
cristalização do pegmatito, no Carbonífero. Holub (1997) propõe que há uma extensão crustal
rápida e em larga escala no bloco Moldanubian no início do Carbonífero, o que permitiu o
alojamento de magmas máficos a granitícos. Essa extensão pode ser associada com um rápido
soerguimento e descompressão das rochas mais profundas acompanhado por migmitização e
fusão das mesmas.
A faixa de idade de ~340 – 335 Ma representa um período de cristalização para a classe
de pegmatitos elementos terras raras (Holub et al. 1997a; Novák et al. 1998b; Kotkvá et al.
2003b; Ertl et al., 2004 apud Novák e Kadlec 2010) e ainda, Matte et al.(1990) afirma que entre
340 e 320 Ma foram alojados vários batólitos ao terreno Drosendorf, sendo que esse terreno
aloja o anfibólio pegmatito e está inserido na zona Moldanubian.
De acordo com as pesquisas feitas no desenvolvimento do trabalho não foi encontrado
datações U-Pb para o anfibólio pegmatito da região de Vlastĕjovice, o que nos permite afirmar
que esta é a primeira idade U-Pb obtida para estes pegmatitos. Além disso, reitera-se que as
análises de geocronologia realizados na titanita mostram sua homogeneidade isotópica, sendo
um promissor material de referência para geocronologia U-Pb por LA-ICP-MS.
102
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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