Aula 02 - 3B - SdE - Identidade e NMS

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11/08/2023

A IDENTIDADE
E OS
NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS
(NMS)

2º ANO - 3º BIMESTRE
A U L A 2 ( C O M B A S E E M T E X T O D E C A R L O S M O N TA Ñ O )

A identidade e os novos movimentos sociais (NMS)

• A noção da “identidade” faz parte da


organização social há muito tempo, atrelada à
família, ao Estado, à religião e à nação.
• No entanto, como conceito sociológico, ela
aparece associada aos conceitos de
indivíduo e de individualidade próprios da
modernidade, e está presente de uma ou outra
forma desde os chamados pais da sociologia:
Durkheim, Weber e outros tantos autores

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A identidade segundo a psicanálise e antropologia


• Por outro lado, como conceito psicológico, a
“identidade” já aparece, entre outros, em Freud, pai
da psicanálise, em Melanie Klein e em Lacan, no
processo de autoconstrução da personalidade.
• Já na esfera da cultura, a “identidade” aparece como
conceito antropológico, a partir dos estudos de
diversos grupos e comunidades étnicos, suas
características e diferenças com outras culturas, tal
como aparece em Stuart Hall.

A identidade enquanto conceito político

Acionalistas • Porém é como conceito político que a “identidade” assume maior


relevância e passa a ocupar boa parte do debate político mais recente.
• É a partir do momento que a “identidade” assume centralidade teórica
e política que iniciaremos nossos estudos.
Pós-estruturalistas • Primeiramente apresentando os precedentes do debate e da prática
política na análise acionalista dos chamados Novos Movimentos
Sociais (NMS), em seguida as referências de autores pós-marxistas e
pós-estruturalistas, chegando às “políticas identitárias” promovidas
Políticas identitárias pelo liberalismo, especialmente o norte-americano.

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O identitarismo e seu desenvolvimento


• A partir daí, ingressaremos
no foco do nosso estudo: as
reflexões pós-modernas
sobre o “identitarismo” e os
fundamentos (a)políticos
dessa corrente, que, a nosso
ver, ocupa hoje um espaço
hegemônico no campo das
esquerdas.

Max Weber e a ação social


• O conceito de “identidade” assume relevância sociológica e
política inicialmente a partir da análise dos chamados
“Novos Movimentos Sociais” (NMS), desenvolvida pelos
autores “acionalistas” dos anos 1970-1980.
• Essa perspectiva “acionalista” de análise encontra entre seus
fundamentos a teoria weberiana da “ação social”.
Efetivamente, para Max Weber (2012) a “ação social”, como
objeto da sociologia, é caracterizada como um tipo de ação
que “orienta-se pelo comportamento dos outros”.

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O que é ação social, segundo Max Weber


• Dessa forma, afirma o autor: “Nem todo tipo de ação […]
é ‘ação social’ […], só é ação social quando se orienta
pelas ações de outros”.
• Assim, não se trata de qualquer ação isolada ou
individual, mas de uma ação que encontra seu motivo e
sua causa, e que impacta em outros sujeitos, gerando
reação.
• Porém, a “ação social” é orientada tanto subjetiva e
irracionalmente, quanto racional e intencionalmente para
a obtenção de respostas de outro(s) indivíduo(s).

Racional e irracional para Weber

• Isto é, a “ação social” tem fundamentos racionais e irracionais; ou


seja, ela funda-se, por um lado, na intencionalidade racional
mediante a qual um ator procura a reação de outro ator, e, por
outro lado, nas influências irracionais (subjetivas, como os
“afetos”), que são tratadas por Weber como desvios.
• Trata-se, portanto, de uma ação “orientada racionalmente a um
fim”.
• O tipo ideal → o “método compreensivo” da sociologia procura
compreender a “ação social” a partir de fundamentos racionais.

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Atores sociais – a ideia liberal da representação social

• o sujeito da ação não é um indivíduo passivo, mas ativo e


reativo, imerso num processo de interação – por tal
motivo, os autores “acionalistas” falam de “ator” e não
de “sujeito”, assim como preferem falar de “ações
sociais” em vez de “lutas sociais”.
• Por seu turno, na esteira do positivismo e amparado em
autores como Vilfredo Pareto e Émile Durkheim, toma
corpo o funcionalismo, ou teoria funcionalista, de
Talcott Parsons, do qual também se nutre a análise
acionalista.

Weber e o funcionalismo versus a teoria marxista

• Assim, para entendermos a análise


“acionalista” dos (novos) movimentos sociais,
por um lado, devemos remeter tanto à teoria
da ação desenvolvida a partir de Weber, como
ao funcionalismo norte-americano.
• Mas também, por outro lado, por relativa
adesão (Touraine) ou evidente oposição
(Evers), é fundamental compreendermos a
teoria marxista

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O maio francês de 1968

• Ainda, o marco histórico e político dessa abordagem está, em face do início da crise
capitalista, no consequente esgotamento do modelo fordista e keynesiano, nas posteriores
crises do chamado socialismo real e na radical mudança de paradigmas que o “Maio Francês
de 68” opera nos processos de consciência, na organização e nas lutas sociais do mundo todo.
• Efetivamente, o levante estudantil e operário em Paris, entre maio e junho de 1968, marcou
uma nova forma de luta social, distante tanto da estratégia política defensiva da esquerda e do
sindicalismo socialdemocrata, como da ação política de grupos alinhados à influência
soviética.

A Revolução cultural

• Assim, sem desconhecer a motivação


anticapitalista inicial desse movimento, o Maio
de 1968 passou a se centrar muito mais, conforme
aponta Hobsbawm, numa “cultura individualista
e hedonista”, orientado antes para uma
“revolução cultural” do que “econômica”,
• e, portanto, não mais sustentado na contradição
de classe, nem voltado para um novo projeto
societário que se contrapusesse ao capitalismo.

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Revolução social versus Revolução cultural

• Seu horizonte ideopolítico era a defesa da autonomia da


subjetividade, o que era compatível com os valores
individualistas e consumistas do mercado capitalista.
• O projeto de “revolução social” (estrutural) dá lugar ao
projeto de “revolução cultural” (individual), tal como
expressa o slogan do Maio de 68: “Quando penso em
revolução quero fazer amor”, ou como escreve John
Lennon na música “Revolution” dos Beatles:

Revolution (The Beatles)

You say you want a revolution […]


We all want to change the world […]
But when you talk about destruction
Don’t you know that you can count me out […]
REVOLUÇÃO
You tell me it’s the institution […] Você diz que quer uma revolução […] Todos nós
queremos mudar o mundo […]
You’d better free your mind instead […] Mas quando você fala de destruição
Você não sabe que não pode contar comigo? […]
But if you go carrying pictures of Chairman Mao Você me diz que é a instituição […]
Em vez disso é melhor você libertar sua mente […]
You ain’t going to make it with anyone anyhow […] Mas se você ficar carregando fotos do presidente Mao
Você não vai convencer ninguém de jeito nenhum […]
(Lennon e MacCartney)

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A proposta dos acionalistas: opor classe à identidade!

• Com essa base teórica e esse caldo de cultura


histórico e político, os autores “acionalistas”,
ao refletirem sobre os novos movimentos
sociais que emergiam nesse contexto,
• passam a enfrentar e a opor a categoria de
“classe” (própria dos movimentos operários)
ao conceito de “identidade” (característico dos
“Novos Movimentos Sociais”, conforme esses
autores).

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