A Necessidade de Regulamentação Das Prestadoras de Serviços de Criptoativos
A Necessidade de Regulamentação Das Prestadoras de Serviços de Criptoativos
A Necessidade de Regulamentação Das Prestadoras de Serviços de Criptoativos
DE CRIPTOATIVOS
ABSTRACT: Crypto assets are understood as virtual assets that employ cryptography
in their operation, a concept that encompasses cryptocurrencies and digital tokens.
They are mostly traded by exchanges, the providers of crypto asset services. Crypto
Exchanges play an important role in the market and society. Therefore, the objective
of this research is to demonstrate the need for regulation of crypto exchanges. Thus,
the question is: what are the main risks of the lack of regulation of crypto-asset service
providers? As a hypothesis, we believe that the main risks were related to exchange
customers and market due to unfair competition. The logical deductive method was
used in the bibliographic review, seeking technical concepts of Law and technology.
As a result, the research showed that the hypothesis is partially true, highlighting the
risks to exchange customers, however, it did not demonstrate the risks to the market,
due to the non-configuration of unfair competition.
1 Graduando em Direito pela Universidade Estadual de Londrina. Técnico em informática pelo Instituto Federal do Paraná.
Membro do Programa de Formação Complementar em Direito e Tecnologia Nº822/2020 da Universidade Estadual de Londrina.
[email protected] CV: http://lattes.cnpq.br/7398788078580792
2 Pós-graduado em Direito Digital e Proteção de Dados pela Escola Brasileira de Direito. Graduado em Direito pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná. Aluno Regular do Programa de Mestrado em Direito Negocial da Universidade Estadual de
Londrina. Membro do Programa de Formação Complementar em Direito e Tecnologia Nº822/2020 da Universidade Estadual de
Londrina. [email protected] CV: http://lattes.cnpq.br/6436134468405961
KEYWORDS: Crypto assets; Regulation; Risks.
INTRODUÇÃO
3 BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa nº 1.888, de 3 de maio de 2019. Disponível em:
https://www.in.gov.br/web/dou/-/instru%C3%87%C3%83o-normativa-n%C2%BA-1.888-de-3-de-maio-de-2019-87070039.
Acesso em: 8 de jun. de 2022. n.p.
4 KERCHER, Sofia. Qual a diferença entre criptoativos, criptomoedas e tokens? 2021. Disponível em:
https://www.moneytimes.com.br/conteudo-de-marca/qual-a-diferenca-entre-criptoativos-criptomoedas-e-tokens/. Acesso em: 8
de jun. de 2022
A respeito dos tokens, esses são unidades de valor baseados em uma rede
descentralizada (blockchain). Isto posto, embora os tokens coexistem no mesmo
universo descentralizado das criptomoedas, os mesmos “[...] podem ser criados para
representar ativos tangíveis, que se pode tocar, como imóveis e arte.”5
Segundo Júlio Cesar Stella, no que tange a criptomoeda, esta pode ser
compreendida como:
[...] um ativo digital denominado na própria unidade de conta que é emitido e
transacionado de modo descentralizado, independente de registro ou
validação por parte de intermediários centrais, com validade e integridade de
dados assegurada por tecnologia criptográfica e de consenso em rede.6
É mister destacar que a diferença entre uma criptomoeda e uma moeda digital
é que a criptomoeda possui uma estrutura descentralizada, de forma que todos os
registros de transações ocorrem independentemente da validação de uma instituição,
ou seja, a própria rede se autogerencia validando as transações.7
Do ponto de vista jurídico, Tarcísio Teixeira e Carlos Alexandre Rodrigues8
esclarecem que as criptomoedas não podem ser caracterizadas como moedas ou
sistemas de pagamento. Isto pois, em ambas as hipóteses não há adequação perante
o ordenamento jurídico brasileiro. Logo, as criptomoedas podem ser vislumbradas
como bens imateriais ou intangíveis, tendo em vista seu caráter digital manifestado
por meio dos códigos de programação.
Ademais, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) esclarece que, ao contrário
da Receita Federal (que equipara as criptomoedas à ativos financeiros no item 447 da
declaração do IR de 2016), as criptomoedas não são ativos financeiros, portanto, não
podem ser adquiridas diretamente pelos fundos de investimento.9
Portanto, em termos jurídicos, uma transação de valores realizada com
criptomoedas pode ser compreendida como “[...] um negócio jurídico de transmissão
de um bem móvel, com a tradição efetivada por meio eletrônico descentralizado, feito
5
MARQUES, Diego. Quais as diferenças entre criptomoedas e tokens? Disponível em:
https://canaltech.com.br/criptomoedas/quais-as-diferencas-entre-criptomoedas-e-tokens-217530/. Acesso em: 8 de jun. de
2022. n.p.
6 STELLA, Julio Cesar. Moedas Virtuais no Brasil: como enquadrar as criptomoedas. Revista da PGBC, Brasília, v. 2, n.2, p.
151, dez. 2017 Disponível em: https://revistapgbc.bcb.gov.br/revista/issue/download/26/A9%20V.11%20-%20N.2. Acesso em:
8 de jun. de 2022
7
STELLA, Julio Cesar. Moedas Virtuais no Brasil: como enquadrar as criptomoedas. Revista da PGBC, Brasília, v. 2, n.2, p.
149-162, dez. 2017 Disponível em: https://revistapgbc.bcb.gov.br/revista/issue/download/26/A9%20V.11%20-%20N.2. Acesso
em: 8 de jun. de 2022.
8
TEIXEIRA, Tarcisio Teixeira; RODRIGUES, Carlos Alexandre Rodrigues. Blockchain e criptomoedas: aspectos jurídicos. 3.
ed. São Paulo: Editora Juspodivm, 2022.
9 BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Ofício-Circular nº1 de 2018. Disponível em:
https://conteudo.cvm.gov.br/legislacao/oficios-circulares/sin/oc-sin-0118.html. Acesso em: 8 de jun. de 2022.
diretamente entre as partes.”10
Quanto as exchanges, estas são definidas pela Instrução Normativa nº 1.888
de 2019 11como:
[...] pessoa jurídica, ainda que não financeira, que oferece serviços referentes
a operações realizadas com criptoativos, inclusive intermediação, negociação
ou custódia, e que pode aceitar quaisquer meios de pagamento, inclusive
outros criptoativos.
10 TEIXEIRA, Tarcisio Teixeira; RODRIGUES, Carlos Alexandre Rodrigues. Blockchain e criptomoedas: aspectos jurídicos.
3. ed. São Paulo: Editora Juspodivm, 2022. P. 57.
11
BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa nº 1.888, de 3 de maio de 2019. Disponível em:
https://www.in.gov.br/web/dou/-/instru%C3%87%C3%83o-normativa-n%C2%BA-1.888-de-3-de-maio-de-2019-87070039.
Acesso em: 8 de jun. de 2022.
12 BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa nº 1.888, de 3 de maio de 2019. Disponível em:
https://www.in.gov.br/web/dou/-/instru%C3%87%C3%83o-normativa-n%C2%BA-1.888-de-3-de-maio-de-2019-87070039.
Acesso em: 8 de jun. de 2022
13
BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei n° 4207, de 2020. Dispõe sobre os ativos virtuais e sobre as pessoas jurídicas
que exerçam as atividades de intermediação, custódia, distribuição, liquidação, transação, emissão ou gestão desses ativos
virtuais, sobre crimes relacionados ao uso fraudulento de ativos virtuais, bem como sobre o aumento de pena para o crime de
“pirâmide financeira”, e altera a Lei nº 9.613, de 03 de março de 1998. Brasília: Senado Federal, 2020. Disponível em:
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/144036. Acesso em: 8 de jun. de 2022.
14
BRASIL. Banco Central. Circular nº 3.681, de 4 de novembro de 2013.
https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/circ/2013/pdf/circ_3681_v2_P.pdf. Acesso em:8 de jun. de 2022.
15
BRASIL. Banco Central. Circular nº 3.681, de 4 de novembro de 2013.
https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/circ/2013/pdf/circ_3681_v2_P.pdf. Acesso em:8 de jun. de 2022.
16 TEIXEIRA, Tarcisio Teixeira; RODRIGUES, Carlos Alexandre Rodrigues. Blockchain e criptomoedas: aspectos jurídicos.
3. ed. São Paulo: Editora Juspodivm, 2022.
17
BOSA, Gabriel. Caso Coinbase: Investir em exchanges sem representantes no Brasil amplia os riscos de perda. 2022.
exchanges no Brasil amplia os riscos aos clientes, como, por exemplo, em caso de
falência ou golpe. Portanto, faz-se necessário uma base legal para o mercado de
criptoativos, haja vista que o mercado “[...] é de alto risco por si só diante da alta
volatilidade e operar por uma exchange que não está sujeita às leis brasileiras
aumenta ainda mais o grau de perigo.18
Outro risco seria à possibilidade de a falta de regulamentação gerar vantagens
competitivas para as exchanges frente as instituições financeiras.
Segundo Tarcísio Teixeira, entende-se por concorrência desleal uma
competição entre agentes econômicos do mesmo segmento, onde determinadas
ações utilizadas “[...] são consideradas infiéis ou são utilizadas com falsidade,
portanto, condutas ilícitas, pois prejudicam seus concorrentes.”19.
Portanto, vez que não é possível definir categoricamente criptoativos como
ativos financeiros, não há de se falar na concorrência desleal entre exchanges e
instituições financeiras, haja vista que a competição desleal ocorre com agentes do
mesmo segmento.
CONCLUSÃO
BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei n° 4207, de 2020. Dispõe sobre os ativos
virtuais e sobre as pessoas jurídicas que exerçam as atividades de intermediação,
custódia, distribuição, liquidação, transação, emissão ou gestão desses ativos
virtuais, sobre crimes relacionados ao uso fraudulento de ativos virtuais, bem como
sobre o aumento de pena para o crime de “pirâmide financeira”, e altera a Lei nº
9.613, de 03 de março de 1998. Brasília: Senado Federal, 2020. Disponível em:
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/144036. Acesso em: 8
de jun. de 2022.