Agentes Públicos

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 4

1 Resumos para Concursos | DIREITO ADMINISTRATIVO: Agentes Públicos

AGENTES PÚBLICOS (ADMINISTRATIVOS)

1. Conceito

Agentes públicos são todas as pessoas que exercem função pública. São pessoas físicas responsáveis, seja
de modo definitivo ou transitório, do exercício de alguma função estatal conferido a órgão ou entidade da
Administração Pública.

2. Classificação dos Agentes Públicos

 Agentes políticos: são os ocupantes dos altos cargos da Administração Pública. São os dirigentes
governamentais, e aqueles que orientam, criam diretrizes e supervisionam os Governos. Exemplos:
Presidente da República, Governadores, Prefeitos, Senadores, Deputados, Vereadores, Juízes,
Desembargadores, Promotores, Procuradores, Ministros, Secretários.
 Agentes administrativos: é dada para quem tem uma atuação pública profissional e remunerada.
Eles estão sujeitos à hierarquia da Administração Pública, ocupando cargos públicos. Os Agentes
Administrativos podem ser:
 Servidores públicos: também chamados de servidores estatutários ou servidores em sentido estrito. São os
titulares de cargo público, efetivo ou em comissão, que se submetem ao regime jurídico estatutário (vínculo
de natureza legal). Exemplos: Auditor Federal de Controle Externo; Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil,
Analista Judiciário, Técnico Judiciário, etc.
 Empregados públicos: também chamados de servidores empregados ou servidores celetistas. São os
titulares de emprego público, contratados sobre o regime da legislação trabalhista (Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT), cujo vínculo com a Administração possui natureza contratual (contrato de trabalho), com
predomínio das regras de direito privado. São exemplos os agentes das empresas públicas e sociedades de
economia mista, como na Caixa Econômica Federal, nos Correios, na Petrobrás, etc.
 Temporários: contratados com base no art. 37, IX, da CF, por tempo determinado para “atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público”. Os temporários não possuem cargo nem emprego
público, exercendo apenas uma função pública. O vínculo com a Administração Pública é contratual, mas não
se trata de regime celetista. Na verdade, trata-se de regime jurídico especial, disciplinado em lei de cada
unidade da federação. São exemplos os recenseadores do IBGE e profissionais contratados para atuar em
caso de calamidade pública.
 Agentes honoríficos: não são profissionais contratados pela Administração Pública. Eles apenas
colaboram transitoriamente com o Estado, para exercer determinadas funções. Como não há
vínculo profissional, é muito raro que sejam remunerados. Exemplos: mesários eleitorais, membros dos
Conselhos Tutelares, membros do tribunal do júri etc.
 Agentes delegados: são particulares que têm a responsabilidade de exercer uma atividade
específica (obras, por exemplo) por delegação do Estado, que deve fiscalizar sua atuação. Embora
colaborem com o Poder Público, não são considerados servidores. Eles são permissionários ou
subsidiários de serviços públicos. Exemplos: é o caso dos leiloeiros, que realizam leilões de bens públicos.
 Agentes credenciados: são que pessoas que representam o Estado em alguma circunstância. Um
exemplo muito citado é a de um artista que, representando o país, recebe uma medalha ou honraria no
exterior em nome do Governo. Ou o pesquisador que participa de um seminário internacional representando
o Brasil.

3. Cargo, emprego e função pública

Os agentes públicos podem exercer cargo público, emprego público ou função pública.

a) Cargos públicos: são ocupados por servidores públicos, sob regime estatutário, nas pessoas jurídicas de
Direito Público (administração direta, autarquias e fundações públicas). São exemplos de cargos públicos:

Força, Foco e Fé
2 Resumos para Concursos | DIREITO ADMINISTRATIVO: Agentes Públicos

Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil; Especialista em Regulação da Anatel; Auditor Federal de
Controle Externo do TCU; Analista Judiciário do TRT; etc.

b) Empregos públicos: são ocupados pelos empregados públicos, sob regime celetista (trabalhista e
contratual), nas pessoas jurídicas de Direito Privado (empresas públicas e sociedades de economia mista) e,
excepcionalmente, na administração direta (somente para agentes comunitários de saúde e agentes de
combate a endemias). Exemplos de empregos públicos: Funcionário da Caixa Econômica Federal, Banco do
Brasil, Banco do Nordeste, Petrobrás, etc.

c) Funções públicas: conjunto de atribuições conferidas aos órgãos, aos cargos, aos empregos ou
diretamente aos agentes públicos. Todo cargo ou emprego público possui função, mas pode existir função
sem cargo ou emprego público. Existem também as funções autônomas, que abrangem duas situações:
função temporária (é acometida aos casos de “contratação por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público”) e função de confiança (exercida exclusivamente
por servidores públicos titulares de cargos efetivos, destinando-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento, na forma prevista no art. 37, V, da CF).

4. Efetividade, estabilidade e vitaliciedade

4.1 Estabilidade

A estabilidade é o direito de permanência no serviço público, destinado aos servidores detentores de cargo
de provimento efetivo. Trata-se de uma forma de assegurar a autonomia dos servidores públicos, evitando
que eles fiquem reféns de ingerências de natureza política. Além disso, a estabilidade destina-se a
promover a profissionalização dos servidores públicos, por meio do desenvolvimento de carreiras.

Existem quatro requisitos para aquisição da estabilidade:


a) Aprovação em concurso público;
b) O cargo deve ser de provimento efetivo;
c) Três anos de efetivo exercício;
d) Aprovação em avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

Existem quatro formas de o servidor estável perder o cargo de forma não voluntária:
a) Sentença judicial transitada em julgado;
b) Processo administrativo com ampla defesa;
c) Insuficiência de desempenho, verificada mediante avaliação periódica na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa;
d) Excesso de despesa com pessoal, nos termos do art. 169, §4º

4.2 Efetividade

Não se deve confundir a estabilidade com a efetividade. A estabilidade, como vimos, é um direito do
servidor que cumprir os requisitos constitucionais, enquanto a efetividade é um atributo do cargo público,
concernente a sua forma de provimento.

4.3 Vitaliciedade

A vitaliciedade também é uma garantia de permanência no serviço público, porém aplicável somente a
algumas carreiras de agentes públicos, diferenciando-se da estabilidade em razão da maior proteção que

Força, Foco e Fé
3 Resumos para Concursos | DIREITO ADMINISTRATIVO: Agentes Públicos

proporciona e da natureza dos cargos que ensejam sua aquisição. Os ocupantes de cargo vitalício só podem
perder o cargo por meio de processo judicial transitado em julgado.

A Constituição Federal assegura a vitaliciedade aos membros de carreiras da magistratura, do Ministério


Público e também aos ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas. Para os ocupantes de cargos de
juiz e promotor, no primeiro grau, a vitaliciedade será adquirida após dois anos de exercício, sendo que
nesse período a perda do cargo depende de deliberação do tribunal ao qual o juiz esteja vinculado.

5. Acesso a funções, cargos e empregos públicos

5.1 Acessibilidade aos brasileiros e aos estrangeiros

O inciso I do art. 37 da CF determina que os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, bem como aos estrangeiros, na forma da lei.

A Constituição Federal reserva alguns cargos que somente podem ser ocupados por brasileiros natos:
 Presidente e Vice-Presidente da República;
 Presidente da Câmara dos Deputados;
 Presidente do Senado Federal;
 Ministro do Supremo Tribunal Federal;
 Carreira diplomática;
 Oficial das Forças Armadas.
 Ministro de Estado da Defesa

5.2 Requisitos para o acesso a cargos e empregos públicos

O princípio da isonomia, previsto no art. 5º da Constituição Federal, veda que sejam estabelecidas formas
discriminatórios para o ingresso nos cargos ou empregos públicos, a exemplo de limitações em decorrência
de origem, raça, religião, etc.

Todavia, eventualmente, com base no princípio da razoabilidade – e respeitando os princípios da isonomia


e da impessoalidade –, são permitidas exigência que venham a limitar o amplo acesso aos cargos ou
empregos públicos, como limite de idade, sexo, altura, formação profissional, etc. Com efeito, o art. 39,
§3º, da Constituição Federal estabelece que a lei poderá estabelecer requisitos diferenciados de admissão
quando a natureza do cargo o exigir.

Assim, qualquer condição ou limitação para o acesso aos cargos, empregos ou funções públicas deve
possuir previsão em lei e, além disso, deve respeitar os princípios da razoabilidade, isonomia e
impessoalidade.

5.3 Restrições de idade, sexo e altura

O art. 7º, da CF, estabelece a proibição de diferença de exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Tal proibição se aplica aos servidores ocupantes de cargo
público, por força do art. 39, §3º, também da Constituição Federal. Todavia, este último dispositivo
estabelece que a lei poderá estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o
exigir. No entanto, tal limitação sempre dependerá de previsão legal, que deverá ser justificada pela
natureza das atribuições que serão desempenhadas.

Força, Foco e Fé
4 Resumos para Concursos | DIREITO ADMINISTRATIVO: Agentes Públicos

O Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que é possível a definição de limite máximo e mínimo de
idade, sexo e altura para o ingresso na carreira militar, levando-se em conta as peculiaridades da atividade
exercida, desde que haja lei específica que imponha tais restrições.

Nesse contexto, no que se refere à limitação de idade mínima, não existe muita discussão, uma vez que a
própria Lei 8.112/1990 estabelece a idade mínima de dezoito anos para o ingresso nos cargos públicos (art.
5º, V).

Já em relação à idade máxima, o Supremo Tribunal Federal também vem assentando o entendimento
sobre a sua possibilidade, mas sempre dependendo de previsão em lei.

As limitações de sexo só são admitidas quando existir a devida fundamentação em lei e no edital do
concurso. Nesse contexto, o STF entende que “a simples restrição, sem motivação e independentemente
de qualquer critério, para afastar a participação de mulheres dos quadros da polícia militar, retira a sua
admissibilidade constitucional, em face do princípio da igualdade.

5.4 Momento da comprovação dos requisitos para o cargo

A regra geral é que a comprovação para os requisitos do cargo deve ocorrer no momento da posse, ou
seja, se o edital exigir que o candidato possua alguma formação específica, essa comprovação deverá
ocorrer somente no momento da posse no cargo, e não na inscrição ou em outro momento pretérito.

Todavia, existem duas exceções. A primeira delas se refere à comprovação dos requisitos previstos para os
cargos de juiz substituto e de membro do Ministério Público, que deve ocorrer no momento da inscrição no
concurso. Nessa linha, a Constituição Federal determina que o bacharel em direito deverá comprovar no
mínimo três anos de atividade jurídica para poder ingressar nessas carreiras. A segunda exceção trata da
comprovação de idade máxima estabelecida em lei.

Dessa forma, o momento da comprovação dos requisitos em concursos públicos pode ser resumido da
seguinte forma:
a) Em regra, a comprovação deve ocorrer no momento da posse;
b) Exceções, que devem ser comprovadas no momento da inscrição no certame: comprovação de três
anos de atividade jurídica para ingresso nas carreiras de juiz e de membro do Ministério Público;
comprovação da idade máxima para ingresso no cargo.

5.5 Exame psicotécnico

Em resumo, são quatro as condições para que a exigência de exame psicotécnico seja válida:
a) Previsão em lei e no edital;
b) Compatibilidade com as atribuições normais do cargo;
c) O exame deve possuir um grau mínimo de objetividade, possuindo rigor científico e critérios
explícitos;
d) Possibilidade de recurso.

Força, Foco e Fé

Você também pode gostar