Competência 1
Competência 1
AULA 1
DA PESSOA NATURAL
“Atualmente a ciência jurídica moderna busca discutir os paradigmas do Direito que foram construídos ao
longo do século passado. A ampliação e extensão dos conceitos jurídicos modernos encontra resistência diante
das fronteiras dos conceitos do Direito clássico.
O novo desafio do sistema jurídico é exatamente saber quais e se existem limites para o reconhecimento de
direitos.
Obviamente o entendimento do sistema jurídico é indiferente para os animais. Dificilmente será possível
explicar a qualquer animal não humano como funciona um sistema de leis e obrigar que eles sejam sujeitos
de deveres.
A racionalização do sistema jurídico é exclusividade dos seres humanos. Os animais não humanos podem no
máximo ter normas de condutas sociais entre eles e outros seres.
A valoração de condutas sempre vai depender da interpretação humana, mas nada impede aos animais não
humanos o adestramento de suas condutas.”
Atualmente, em nosso direito, os animais são bens móveis do tipo semovente, e recebem proteção por
integrarem a fauna nacional (art. 225, VII CF/88).
Fonte: https://fernandoandrioli.jusbrasil.com.br/artigos/314571682/biodireito-a-tutela-jurisdicional-a-pessoa-
nao-humana-o-caso-sandra
1. Para qualquer pessoa assim designada, basta nascer com vida e, deste modo, adquirir personalidade.
(GLAGLIANO, , 2016, p.135).
2. É o sujeito da relação jurídica ocupando qualquer dos seus polos. Pessoa natural é gente, é o ser humano
com vida, aquele ente dotado de estrutura biopsicológica, pertencente à natureza humana. Daí a denominação
abraçada pelo Texto positivado: pessoa natural, isto é, aquele que pode assumir obrigações e titularizar
direitos. (FARIAS E ROSENVALD, 2008, p.197)
3. Pessoa natural é “o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações”[1]. Para qualquer
pessoa assim designada, basta nascer com vida e, deste modo, adquirir personalidade. (GONÇALVES, 2017,
p.100).
PERSONALIDADE JURÍDICA ART.2º CC
CONCEITOS
1. É a aptidão reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para exercer direitos e contrair obrigações.
(GONÇALVES, 2017, p.94).[2]
2. A personalidade da pessoa natural vem com o nascimento (com vida); logo, independe de providências
burocráticas como a elaboração de registro de nascimento. Equivale a dizer: a personalidade jurídica é
adquirida através do nascimento com vida, conferindo-se ao regular registro de nascimento , no Cartório do
Registro Civil de Pessoas Naturais, caráter meramente administrativo, de natureza declarativa e não
constitutiva. (FARIAS e ROSENVALD, 2008, p.199).
3. Personalidade jurídica , portanto, para a Teoria Geral do Direito Civil, é a aptidão genérica para titularizar
direitos e contrair obrigações, ou , em outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direito.
Pode o ser humano nascer , respirar e morrer. Diante da necessidade de aferir-se se respirou, adquirindo
direitos, a medicina se vale do exame de docimasia pulmonar (docimasia hidrostática de Galeno) que
determina se houve a presença de ar atmosférico nos pulmões.
Entretanto, o choro da criança ou certos movimentos que ela tenha feito, também aferem o nascimento com
vida.[3]
A criança terá sido considerada nascida, para fins do direito, após o corte do cordão umbilical.[4]
Diferentemente de outras ordens jurídicas, como a espanhola, por exemplo, não se exige a forma humana
para concessão de personalidade jurídica em nosso ordenamento.
Nem sempre foi assim: toda pessoa adquire personalidade jurídica com o nascimento com vida. Lembremos
do período escravocrata em que os escravos eram coisa. A atual legislação evidencia conquista jurídica. Hoje
a pessoa humana é o centro de nosso ordenamento.
RELAÇÃO JURÍDICA
Somente as pessoas são sujeitos de relação jurídica. Podem ser sujeitos ativos e passivos.
Os animais , embora recebam proteção, são coisas móveis para o direito. Não podem ser sujeitos de direitos,
não podendo ser beneficiados, por ex., em testamento.
NASCITURO
Admite que a personalidade jurídica surge do nascimento com vida. Para estes doutrinadores, o nascituro não
seria pessoa, e teria mera expectativa de direitos.
TEORIA CONCEPCIONISTA
Inspirada no direito francês, o nascituro teria personalidade jurídica a partir da concepção, sendo desde então,
pessoa.
O nascituro possui direitos sob condição suspensiva. Os direitos se implementarão se ele nascer com vida.
Arnold Wald entende que a proteção do nascimento explica-se , pois há nele uma personalidade condicional
que depende de evento futuro e incerto: o nascimento com vida.
A posição da Profª Maria Helena Diniz, citada por STOLZE e GAGLIANO, 2016, p.138:
“Na vida intrauterina tem o nascituro personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos personalíssimos
e aos da personalidade, passando a ter a personalidade jurídica material, alcançando os direitos patrimoniais,
que permaneciam em estado potencial, somente com o nascimento com vida. Se nascer com vida, adquire
personalidade jurídica material, mas se tal não ocorrer, nenhum direito patrimonial terá.”
PARA REFLETIR
Embora o Código Civil brasileiro evidencie pelo artigo 2º a aplicação da teoria natalista, a teoria
concepcionista avança.
A lei de alimentos gravídicos, 11.804//2008 tem influência para aplicação da teoria concepcionista?
É a principal prova da existência da pessoa natural, e é efetuado pelo oficial do Registro Civil das Pessoas
Naturais.
Em nada interfere na configuração da pessoa física. Tem caráter meramente declaratório, e não constitutivo.
A falta do registro não retira da pessoa sua condição de cidadão, apenas dificulta e, por vezes impede, seu
exercício (ex. matrícula em escola, direito de voto, etc).
Ler art. 6º
Somente com o óbito, haverá cessação da aptidão para titularizar relações jurídicas, ocorrendo, de pleno
direito, uma mutação subjetiva nas relações jurídicas patrimoniais mantidas pelo falecido (de cujus) , que
passam a ser titularizadas por seus sucessores, ex vi do disposto no art. 1.784 CC.
É preciso salientar, todavia, que mesmo após a extinção da pessoa, e por conseguinte, de sua personalidade,
subsistirá a sua vontade para os fins do que , eventualmente, tiver o falecido disposto em testamento (art.1857
CC) ou codicilo (art. 1881 CC), bem como no que concerne ao destino do cadáver se, em vida, ocorreu
expressa manifestação de vontade própria (art. 14 CC). Não tendo ocorrido manifestação de vontade ainda em
vida pelo titular, os familiares decidirão o destino do cadáver.
Morte real é a morte física, momento em que o corpo é sepultado, e extraída a certidão de óbito , pelo médico
competente, que servirá como prova.
A morte presumida poderá ser decretada judicialmente por procedimento de ausência ou não. Leitura do artigo
7º CC.
COMORIÊNCIA
Pessoas que falecem na mesma ocasião, sem que se possa determinar quem pré-morreu à outra.
Admite prova em contrário, que pode decorrer de exame médico-legal, testemunha que tenha presenciado o
fato, posição dos corpos, etc).
“Toda pessoa tem capacidade de direito (Rechtsfähigkeit), como inerência própria de sua qualidade de sujeito
de direitos, ou seja, da qualidade de quem tem personalidade. Não se pode ter personalidade e ser-se
inteiramente desprovido de capacidade.” (NERY, 2015, p.80).
Todos têm personalidade jurídica, mas alguns têm ausência ou limitação de capacidade, para atos da vida
civil.
Vale dizer: regra geral todos os que têm personalidade jurídica , têm capacidade jurídica ou de direito.
Entretanto: algumas pessoas, em razão de idade , por serem ébrios habituais, viciados em tóxicos, não
puderem exprimir sua vontade , serem pródigos, não têm capacidade para o exercício de todos ou alguns atos
da vida civil, conforme o caso.
ESPÉCIES DE CAPACIDADES
Capacidade de direito ou de gozo – aptidão oriunda da personalidade jurídica, para adquirir direitos e
contrair obrigações na vida civil. Alguns autores admitem que são institutos semelhantes, já que em nosso
sistema jurídico não se admite a privação do ser humano da aptidão para ser sujeito de direitos.
Capacidade de fato ou de exercício – aptidão para exercer por si, os atos da vida civil.
INCAPACIDADE
É o reconhecimento da inexistência , numa pessoa, dos requisitos que a lei acha indispensáveis para que ela
exerça os seus direitos. Restrição legal ao exercício dos atos da vida civil.
ESPÉCIES DE INCAPACIDADE
Absoluta – quando houver restrição absoluta , proibição total do exercício de um direito pelo incapaz,
acarretando nulidade. CC 166,I se o realizar sem a representação legal. Art. 3ºCC.
Menor de 16 anos Segundo Clóvis Beviláqua não é a puberdade que se deve levar em conta, mas a deficiência
intelectual e o poder de adaptação à vida social.
A norma fixa 16 anos para o início da capacidade relativa, e 18 para a plena capacidade.
Segundo o Estatuto da Criança e do adolescente, a pessoa é criança até os doze anos, e adolescente dos 12 aos
18.
Logo, dentre os absolutamente incapazes estão as crianças e os adolescentes até a data em que completarem
dezesseis anos.
Até a vigência da Lei 13.146/2015, Estatuto da pessoa com Deficiência, havia mais duas modalidades de
incapacidade absoluta.
Hoje, em razão da homenagem à dignidade da pessoa portadora de deficiência, esta não integra diretamente a
categoria da incapacidade.
A lei não exige mais representação para os deficientes, mas criou a “tomada de decisão apoiada” segundo a
qual o deficiente elegerá duas pessoas de sua confiança para auxiliá-lo na tomada de decisões sobre atos da
vida civil.
Relativa – refere-se àqueles que podem praticar por si os atos da vida civil, desde que assistidos por quem de
direito os represente, sob pena de anulabilidade. CC 171,I do ato jurídico. Art. 4º CC.
A regra da incapacidade é medida protetiva.
As pessoas que não são capazes de externar sua vontade não podem ser criadoras de relações jurídicas. A
prática do ato por absolutamente incapaz é nulo por faltar elemento substancial.
Diferente é a inaptidão dos relativamente incapazes. A limitação é menos intensa. Pessoas que apresentam um
grau intelectual não desprezível, têm liberdade jurídica de atuação limitada à assistência nos atos jurídicos –
do pai, tutor, curador.
• A mulher casada assim se configurava até a Lei 4121/62 mas a CF art.5 a tornou plenamente capaz e
igual em direitos e deveres aos homens.
• Maiores de 16 e menores de 18 devem ser assistidos por representante (assistente), mas seus atos são
válidos desta forma. É o próprio menor que atua no negócio jurídico.
Art.180, ver. Defesa do ato de boa-fé. Se dolosamente ocultou, não haverá anulação.
• Silvícolas – lei especial. Atualmente Lei 6.001/1973. São tutelados pela FUNAI.
Obs. No direito brasileiro, nem o falido, nem o criminoso perdem a capacidade, como noutros ordenamentos
jurídicos.
6. EMANCIPAÇÃO: é a aquisição da maioridade civil antes da idade legal de 18 anos e a partir dos 16 anos.
Apenas um inciso decorre da vontade manifestada pelo titular do poder familiar ou sentença judicial (I).
Os demais decorrem de eventos como casamento, exercício de emprego público, colação de grau em curso
superior, estabelecimento civil ou comercial ou existência de emprego, desde que em função destes tenha
economia própria e mais de 16 anos.
Hoje os casos de emancipação são menos frequentes porque a idade para a maioridade é 18 anos. No CC de
1916 a idade para a maioridade era de21 anos.
A emancipação é irrevogável. Requer escritura pública no inciso I. Não é preciso homologação do juiz, se
concedida pelos pais.
Não se deve confundir a capacidade civil com capacidade eleitoral nem a idade para o serviço militar. Estes
são direitos e deveres especiais, segundo o STF.
Requer-se a emancipação e são citados e ouvidos o tutor e o MP para tomarem ciência da justificação do
menor, que deverá provar que é capaz de reger a si e a seu bens.
Logo, a emancipação pode ser expressa ou tácita. Expressa a concedida pelos pais, tácitas as demais.
UNISUAM
1ª AULA
DOMICÍLIO
“O exercício dos direitos e o cumprimento das obrigações são consequências das relações jurídicas entre os
indivíduos. A efetividade , a regularidade e a estabilidade dessas relações , por sua vez, só são possíveis porque
as pessoas – sejam elas naturais ou jurídicas – costumam fixar-se em determinado lugar.........A fixação da
pessoa no espaço é aspecto referente a uma necessidade social, eis que a falta de tal elemento que a situa
geograficamente ocasionaria problemas relacionados à precariedade e à falta de efetividade das relações
jurídicas.” (Gama, 2006, p.83).
1.Conceito:
É o lugar certo, espacial, de onde irradiam todas as atividades dos sujeitos de direito. O domicílio é de livre
escolha ou de imposição legal.
“Domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde estabelece residência com ânimo definitivo, convertendo-o
em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional.” (GAGLIANO,
2012, P. 291).
2.Importância:
Nas várias áreas do direito: direito processual (regra geral, a ação é proposta no domicílio do réu, art. 46
NCPC), princípio da territorialidade moderada (art. 7º e 10 da LINDB), direito das obrigações (ex: art.
327CC), domicílio político (status de cidadão), direito processual penal (ex: art. 72 CPP), direito do trabalho
, etc.
3.Domicílio da pessoa natural art. 70 . “É o lugar onde a pessoa natural estabelece residência com ânimo
definitivo, convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade
profissional.”
Conjunção de dois elementos: material , objetivo (residência) e psicológico, subjetivo (ânimo definitivo).
Obs. Ânimo definitivo decorrer de determinadas exteriorizações , como o propósito de exercer certas
atividades profissionais. Ver Art. 72CC.
Residência representa uma relação de fato, entre uma pessoa e um lugar (ideia de habitação).
Domicílio compreende o de residência, mais o ânimo de fazer daí o centro de sua atividade jurídica.
O direito brasileiro admite pluralidade de domicílios, o que torna a diferença entre domicílio e residência
muito tênue. Na França, cada pessoa só tem um domicílio, que é o local onde a pessoa tem o seu principal
estabelecimento. Ver art. 71CC.
Princípio da pluralidade de domicílios: Se a pessoa tem diversas residências, sem que se possa considerar
uma delas como centro irradiador de situações jurídicas, qualquer uma delas será seu domicílio.
Se alguém reside num município e exerce atividade profissional noutro, qualquer um deles será seu domicílio.
Art. 70 CC.
O domicílio será aparente no caso do art. 73 do CC: Ter-se-á por domicílio da pessoa natural que não tenha
residência habitual, o lugar onde for encontrada. Pessoas que não tenham residência certa ou vivam
constantemente em viagens.
Espécies de domicílios:
a. voluntário – estabelecido livremente pelo indivíduo sem sofrer outra influência que não a de sua vontade
ou conveniência.
b. legal ou necessário é aquele que a lei impõe a determinadas pessoas naturais, que se encontram em dadas
circunstâncias. Ver art. 76 e 77 CC.
c. domicílio de eleição ou convencional é o que resulta de ajuste entre as partes contratantes num contrato
escrito. Não é admitido nos contratos de trabalho. Ver art. 78 CC .
Foro competente nas relações de consumo. Art. 101 CDC A ação pode ser ajuizada no domicílio do autor ou
do réu.
· de direito privado
é o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações , isto quando dos seus estatutos não
constar eleição de domicílio especial. Art. 75 , IV CC.
3ª AULA
DIREITOS DA PERSONALIDADE
GENERALIDADES E HISTÓRICO:
São direitos subjetivos de natureza extrapatrimonial que foram aos poucos reconhecidos pela doutrina e
acolhidos pelo Direito.
O rol dos direitos da personalidade no CC é meramente exemplificativo. Toda vez que a dignidade da pessoa
humana for ofendida, houve lesão a direito de personalidade.
Os direitos da personalidade são atributos do homem, não se esgotando no texto legislativo, surgindo sua
violação toda vez que a dignidade da pessoa humana for desconsiderada.
A Constituição Federal de 1988 ao trazer a pessoa para o centro do ordenamento jurídico, elevou a dignidade
da pessoa humana ao patamar de princípio fundamental de toda a ordem jurídica.
Embora os direitos humanos fossem tema de discussão na ágora, entre os gregos, e amadurecidos pelo
Cristianismo, que modificou leis e práticas romanas, foi a partir da Declaração dos Direitos do Homem em
1.789 (Revolução Francesa) e da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, em 1948, após a II
Guerra mundial, que tais direitos iniciaram sua entrada no seio das Constituições ocidentais, sob a designação
de direitos fundamentais, os chamados direitos humanos de primeira geração.
Os Códigos Civis da época (francês – Code de france – alemão – BGB e italiano) não faziam menção a
proteção dos direitos da personalidade, no entanto, no pós-guerra, foram aos poucos sendo modificados para
tutelar tais direitos.
O Código Civil Brasileiro de 2002 seguiu o disposto no artigo 5º da Constituição Federal e, em seus artigos
11 a 21 tratou do tema.
CONCEITOS:
“Certas prerrogativas individuais , inerentes à pessoa humana, aos poucos foram reconhecidas pela doutrina e
pelo ordenamento jurídico , bem como protegidas pela jurisprudência. São direitos inalienáveis, que se
encontram fora do comércio, e que merecem proteção legal.” GONÇALVES, 2017, p.189.
“Direitos da personalidade são aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa
em si e em suas projeções sociais.”
· Corrente positivista.
Os direitos da personalidade seriam apenas aqueles que fossem reconhecidos pelo Estado.
· Corrente jusnaturalista.
Os direitos da personalidade são aqueles que integram a personalidade do homem pelo fato de ser pessoa , e
toda a vez que a dignidade da pessoa humana for ofendida, merece compensação.
1- direitos inatos – nascem com o indivíduo. São os direitos à vida, à honra, à imagem, à liberdade, etc. São
direitos naturais.
2- Direitos vitalícios – duram toda a vida do titular. São protegidos pos mortem. Ver art. 12.
3- Direitos absolutos – erga omnes. Oponíveis a todos. Impõe-se à coletividade o dever de respeitá-los.
4- Direitos relativamente disponíveis – não pode o ser humano dispor destes direitos, salvo se autorizados
por lei. Ex. direito de doar órgãos. Impossibilidade de vendê-los. Direito de vender sua fotografia. Direito de
não publicá-la.
5- Direitos extrapatrimonais – difere dos patrimoniais (direitos pessoais, reais, alguns de família – regime
de bens).
Critério de aferição do dano moral – aspecto punitivo e pedagógico, proporcional ao poder econômico do
agressor.
O exercício dos direitos da personalidade não podem sofrer limitação voluntária. Não são transferíveis inter
vivos ou mortis causa.
7- Direitos de objeto interior -O objeto do direito de personalidade está dentro do titular, diferentemente dos
direitos reais ou pessoais.
8- Direitos imprescritíveis – o exercício dos direitos da personalidade é imprescritível. Não confundir com
a prescrição indenizatória ao dano moral experimentado. Segundo o artigo 206 § 3º, V CC, prescreve em três
anos a pretensão a reparação civil. O que é imprescritível é o exercício do direito, não a pretensão
indenizatória.
ARTIGO 11
Os direitos da personalidade são, em regra, indisponíveis, mas há temperamentos legais quanto a isso, visto
que se admite a sua disponibilidade relativa, por exemplo, quanto:
a. ao direito de imagem, pois em prol do interesse social ninguém pode recusar que sua foto fique estampada
em documento de identidade, e pessoa famosa pode explorar sua efígie na promoção de venda de produtos,
mediante pagamento de remuneração convencionada;
b. ao direito autoral com o escopo de divulgar obra ou de comercializar criação intelectual (Lei 9.610/98);
c. ao direito à integridade física, pois, em relação ao corpo, alguém, para atender a uma situação altruística ou
terapêutica, poderá ceder, gratuitamente, órgão ou tecido (Lei 9.434/97).
Enunciado 4 da Jornada de Direito Civil: “o exercício dos direitos de personalidade pode sofrer limitação
voluntária, desde que não seja permanente nem geral.”
ARTIGO 12
A lei permite não somente compensação pela lesão, mas também a prevenção. Ex. proibição de divulgação de
programa televisivo.
Direito penal – reprime sua ofensa através das penas restritivas de liberdade. Crimes de homicídio, por ex.,
pena de 20 anos. Pune-se também o homicídio culposo (imprudência, negligência ou imperícia). Lesões
corporais. Proteção à saúde (doença venéreas). Proteção à honra (crime de calúnia – imputar falsamente
conduta definida como criminosa, difamação - imputar fato ofensivo à reputação da pessoa e de injúria –
ofensa à dignidade ou ao decoro da pessoa). Segredo (crime de violação de correspondência). Ofensa ao
sentimento religioso e o respeito aos mortos.
“A lei não excluirá da apreciação do Poder judiciário lesão ou ameaça a direito.” Art. 5º, XXXV DA CF.
defensoria pública
art.11 NCPC – os atos processuais são públicos, exceto os que correm em segredo de justiça.
Proteção às testemunhas.
Direito civil – protege-se não só a vida extrauterina, mas também a reparação ao dano causado ao nascituro.
Proteção ao corpo contra lesões ou ofensa à saúde art. 949 CC, etc.
Política de defesa do consumidor. CDC princípios de defesa da dignidade do consumidor nas relações de
consumo.
Proteção post mortem – legitimidade do cônjuge ou companheiro sobrevivente, qualquer parente em linha reta
ou colateral até o 4º grau. A personalidade se extingue com a morte, os direitos à sua proteção não.
Companheiro, por analogia também tem legitimidade. Muito usado para os direitos de autor e defesa da honra.
Art.13 ver
Remissão lei 9434/97 Lei dos transplantes, regulada pelo decreto 2268/97. Dispõe sobre a remoção de órgãos,
tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências.
A lei exceptua sangue, esperma e óvulos. No entanto, o Conselho Federal de Medicina dispõe sobre a doação
de gametas ou pré-embriões nunca terá caráter lucrativo ou comercial.
É permitido? Há grande alteração da forma física. Em princípio vedada pelo art. 13.
Art. 14 ver
Lei dos transplantes – presume a autorização para a retirada de órgãos se não houver declaração em contrário.
Requisitos da doação:
· Gratuidade.
Art. 15
A lei faculta à pessoa decidir se quer tratar-se ou não, se implicar em risco de vida.
Pressupostos do consentimento:
Seja voluntário;
Lei de RGP – O prenome será definitivo, admitindo-se, entretanto, a sua substituição por apelidos públicos
notórios. É permitida a alteração quando o nome expõe ao ridículo o seu titular, ou quando houver erro de
grafia.
Outras hipóteses de mudança: adoção pelo ECA, separação judicial com culpa da mulher desde que requerido
pelo cônjuge inocente desde que não acarrete evidente prejuízo para sua identidade ou manifesta distinção
entre o seu nome e dos filhos havidos da união dissolvida.
Art. 17
Proteção ao nome.
Exemplo: bancos ou entidades de crédito enviam, indevidamente, o nome do consumidor para os cadastros
restritivos de crédito.
Art.18
Visa proteger o nome de uso indevido sem autorização de seu titular, geralmente pessoa de conhecimento do
público.
Art. 19 o apelido usado por artistas, por políticos, recebe a mesma proteção que o nome.
Art. 20
Limites às proteção: a autorização do seu titular e a necessidade pública. Ex. divulgação do retrato de um
criminoso.
A doutrina e a jurisprudência vem entendendo que a imagem da pessoa deve ser protegida mesmo que não lhe
ofenda a boa fama. Trata-se de direito à imagem e privacidade.
Art.21:
“A privacidade não se confunde com a intimidade, mas esta pode incluir-se naquela, por integrarem ambas o
direito à vida privada. Por isso, as tratamos de modo diverso, apesar da privacidade voltar-se a aspectos
externos da existência humana, como sigilo bancário, recolhimento em sua residência, sem molestado, escolha
dos modos de viver, hábitos, comunicação via epistolar ou telefônica, etc.; e a intimidade dizer respeito a
aspectos internos do viver da pessoa, como segredo pessoal, relacionamento amoroso, situação de pudor,
diário íntimo, respeito à enfermidade ou à dor pela perda de pessoa querida. O direito à vida privada da pessoa
contém interesses jurídicos, por isso seu titular pode impedir ou fazer cessar invasão em sua esfera íntima,
usando para sua defesa mandado de injunção, habeas data, habeas corpus, mandado de segurança, cautelares
inominadas e ação de responsabilidade civil por dano moral e/ou patrimonial.” DINIZ, 2014, p.102.
EXERCÍCIOS:
jurisprudência do STJ.
O espólio possui legitimidade para postular indenização por danos morais pelos prejuízos decorrentes de
ofensa à imagem do falecido, em virtude da contratação de cartão de crédito após a morte do usuário, com a
inscrição do seu nome nos cadastros de devedores inadimplentes.
É válida a disposição onerosa do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo científico, para depois da
morte.
Certo ou errado? Justifique.
Os Direitos da Personalidade, resguardados pelo Código Civil, agregam direitos essenciais à pessoa humana,
com fins de resguardar a sua própria dignidade. Diante do exposto, constata-se que
a) os direitos da personalidade apresentam à sociedade brasileira a ideia atual de que a matéria está
inexoravelmente unida ao desenvolvimento da pessoa humana, tanto sob a ótica do Direito Civil, como do
Direito Constitucional.
· b) os direitos da personalidade dizem respeito à aptidão genérica das pessoas de serem portadoras de
direitos e deveres na ordem civil.
· c) o Código Civil, no que dispõe sobre os direitos da personalidade, apresenta um rol completo de suas
espécies.
4. Provas: FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XII - Primeira Fase
João Marcos, renomado escritor, adota, em suas publicações literárias, o pseudônimo Hilton Carrillo, pelo
qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor da Revista Z, empregou o pseudônimo Hilton Carrillo em vários
artigos publicados nesse periódico, de sorte a expô-lo ao ridículo e ao desprezo público. Em face dessas
considerações, assinale a afirmativa correta.
· a) A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não protege o pseudônimo e, em razão disso,
não há de se cogitar em ofensa a direito da personalidade, no caso em exame.
· b) A Revista “Z” pode utilizar o referido pseudônimo em uma propaganda comercial, associado a um
pequeno trecho da obra do referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao desprezo público, independente da
sua autorização.
· c) O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso às sanções legais pertinentes, como
interrupção de sua utilização e perdas e danos.
· d) O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a
exponham ao desprezo público, quando não há intenção difamatória.
5. Provas: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VII - Primeira Fase
A proteção da pessoa é uma tendência marcante do atual direito privado, o que leva alguns autores
a conceberem a existência de uma verdadeira cláusula geral de tutela da personalidade. Nesse sentid
o, uma das mudanças mais celebradas do novo Código Civil foi a introdução de um capítulo própri
o sobre os chamados direitos da personalidade. Em relação à disciplina legal dos direitos da personalidade
no Código Civil, é correto afirmar que
· c)é permitida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo altruístic
o ou científico, para depois da morte, sendo que tal ato de disposição poderá ser revogado a qualquer t
empo.
· d)em razão de sua maior visibilidade social, a proteção dos direitos da personalidade das celebrida
des e das chamadas pessoas públicas é mais flexível, sendo permitido utilizar o seu nome para finalida
de comercial, ainda que sem prévia autorização.
REFERÊNCIAS:
2. FARIAS, Cristiano Chaves e ROSENVALD, Nelson. Direito Civil. Teoria Geral. RJ: Lumen Iuris, 2008.
3. GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. Vol. 1. SP:
Saraiva, 2016.
4ª aula
PESSOA JURÍDICA
I CONCEITO
“Pessoa jurídica é o grupo de pessoas ou o patrimônio afetado a um determinado fim, a que o Direito atribui
como centro de imputação de direitos e obrigações, reconhecendo possuir um patrimônio distinto de seus
membros, que persegue determinados fins.” Clóvis Beviláqua.
É preciso emprestar personalidade jurídica aos agrupamentos humanos, porque o homem é um ser gregário,
por excelência. Necessita atingir objetivos e por isso se associa para certas atividades.
Tais entes morais, que surgem a partir da vontade humana, diferentemente da pessoa natural que é fruto
biológico, adquirem capacidade para titularizar relações jurídicas.
“A primeira função da pessoa jurídica deve ser servir ao homem.” (OLIVEIRA, 2018, p227).
A união de pessoas para a realização de determinados fins se evidenciam por não serem possíveis a sua
realização pelas pessoas naturais.
Dentro duma perspectiva civil-constitucional, a pessoa jurídica deve regular-se segundo o princípio da
dignidade humana e agir segundo o princípio da função social (instrumentalização do capital em favor da
pessoa humana) a fim de evitar os excessos previstos no art.187 CC.
Art. 170 CF/88 . “A ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social , observados os seguintes
princípios:”...
A empresa deve, portanto, inserir-se na engrenagem da ordem econômica, como agente de atividade produtiva.
Assim como na função social da propriedade ( o proprietário tem de funcionalizar o exercício do seu direito
de propriedade, para que possa dispor da proteção legal), também o empresário deve assumir o compromisso
de emprestar função social ao seu empreendimento, sob pena de não contar com a proteção legal.
II - NATUREZA JURÍDICA
Equivale a perguntar: o que é isso para o direito? Em que categoria jurídica se enquadra?
Os teóricos divergem quanto à natureza jurídica das PJ, e uma corrente, a negativista , chega a afirmar que
não existe, concretamente, pessoa jurídica, mas um patrimônio sem sujeito.
· Da ficção legal – a existência da pessoa jurídica não é real, mas criada pela lei. Os
adeptos desta teoria entendiam que somente a pessoa natural possuía personalidade jurídica, a das pessoas
jurídicas adviria da lei, como ficção .Trata-se de uma criação artificial. Só o homem seria capaz de titularizar
relações jurídicas. Logo, a PJ seria simples criação artificial da lei. As pessoas jurídicas seriam pessoas
fictícias porque sua existência só se justifica para atender a fins jurídicos. Existiria na inteligência dos juristas.
Por não possuírem vontade, as pessoas jurídicas, como os absolutamente incapazes, necessitam de
representação para atuar juridicamente. Esta representação está estabelecida nos estatutos. (Savigny, século
XIX)
Crítica: De fato a PJ é uma criação da inteligência do homem, uma abstração, mas também é fato que
tem uma organização própria.
“Essa visão padece de grave vício, oriundo da visão mesma de direito subjetivo sustentada por Savigny,
qual seja, a de atribuir exclusivamente à vontade psíquica o poder , pois temos pessoas físicas que não
possuem vontade (menores, doentes mentais), mas que, apesar disso, possuem direitos subjetivos.”
(OLIVEIRA, 2018, p.230/231).
Ademais, a teoria da ficção legal não explica a existência do Estado como pessoa jurídica.
TEORIAS REALISTAS
Crítica: Errou ao eliminar a vontade humana, a vontade da pessoa natural que a representa.
“O direito não recebe da natureza esta categoria de pessoas. Encontra-a na sociedade e dá-lhe o caráter de que
necessita para subsistir e desenvolver-se. Por isso vive ela somente na ordem jurídica; falta-lhe a existência
biológica das pessoas naturais.” Clóvis Beviláqua.
“A personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal outorga a entes que o merecem. Logo,
esta teoria é a que melhor atende à essência da pessoa jurídica, por estabelecer com propriedade, que a PJ é
uma realidade jurídica.” Mª Helena Diniz.
A pessoa jurídica para existir depende do ato de constituição de seus membros, o que representa um ato de
autonomia privada.
A partir da leitura cuidadosa do artigo 45 CC temos que a personificação da PJ é, de fato, uma construção da
técnica jurídica, podendo, inclusive operar-se a suspensão legal de seus efeitos por meio da desconsideração
, em situações excepcionais admitidas por lei. (OLIVEIRA, 2018, p.247).
O elemento mais importante , segundo esta teoria seria a ideia da obra a realizar. Por ex: numa sociedade
anônima, o lucro; num hospital filantrópico, a beneficência; etc.
1. Vontade humana criadora (intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros).
a. QUANTO À NACIONALIDADE:
Segundo Caio Mário a nacionalidade da pessoa jurídica traduz a sua “subordinação a uma ordem jurídica
determinada, indicando que a sua nacionalidade será determinada de acordo com o lugar de sua constituição,
não tendo qualquer influência a nacionalidade dos membros componentes, nem o controle financeiro.”
A CF/88 promove exceções de reserva de mercado às pessoas jurídicas estrangeiras , elencando atividades
somente exercitáveis por pessoas jurídicas nacionais. Estas reservas foram mitigadas pela emenda
constitucional 6 de 1995.
Nacional – é organizada conforme a lei brasileira e que tem no Brasil a sua sede principal e os seus órgãos de
administração.
Estrangeiras – é aquela formada em outro País, e que não poderá funcionar no Brasil sem autorização do Poder
Executivo, interessando também ao Direito Internacional.
REMISSÃO DE ESTUDO: ver na LINDB, art. 11 e no Código civil arts. 1134 a 1141.
· art. 41. Conjunto de pessoas ou bens que visam a atender interesses públicos internos ou externos.
· de direito interno órgãos da administração direta (União, estados, Distrito federal e Municípios)
e administração indireta (autarquias e fundações públicas). Submetem-se ao direito administrativo.
· de direito externo são as regidas pelo Direito Internacional Público como os estados estrangeiros
e as que derivam de tratados internacionais, como a UNESCO, a ONU, a SANTA SÉ. Submetem-se ao direito
internacional público.
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO
Art.44 . Instituídas para atender a interesses particulares: fundações, associações, sociedades , partidos
políticos e organizações religiosas.
· Universitas personarum composta por um grupo de pessoas que se unem ao derredor de uma
finalidade comum, são as corporações (sociedades e associações, partidos políticos e organizações religiosas).
Preponderam as pessoas. Aqui, as pessoas percebendo a vantagem do associativismo , buscam alcançar mais
facilmente determinado resultado.
CORPORAÇÕES
Tipos de sociedades: simples e empresariais ( comandita simples, sociedade limitada, sociedade anônima,
sociedade em comandita por ações).
Sociedades simples visam fins econômicos ou lucrativos, pois o lucro deve ser repartido entre os sócios, e
atende a certas profissões ou prestação de serviços técnicos . art.997 a 1038. Não empreendem atividade
mercantil. Ex. sociedade imobiliária, cooperativas, etc.
Sociedades empresárias visam lucro, mediante exercício de atividade empresarial ou comercial: tem por
objeto o exercício de atividades econômicas voltadas para a produção ou circulação de bens ou serviços
, sujeita a registro. CC 982 e 966.
Para saber se dada sociedade é simples ou empresária, basta considerar a natureza das operações habituais.
Sociedades empresárias são as que visam a uma finalidade lucrativa, mediante o exercício de atividade
empresária. Não se usa mais a denominação sociedade comercial ou mercantil, mas empresarial. Ver art.982
e 966.
“Empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou circulação
de bens ou serviços. Esta pessoa pode ser tanto física, que emprega seu dinheiro e organiza a empresa
individualmente, como a jurídica, nascida da união de esforços de seus integrantes.” Fábio Ulhoa Coelho.
Sociedades simples são as que visam , também, a um fim econômico (lucro), mediante o exercício de atividade
não empresária. São as antigas sociedades civis.Ex. grandes escritórios de advocacia, sociedades imobiliárias,
cooperativas.
Característica: pessoalidade. Participação pessoal de cada sócio para a consecução dos fins pretendidos.
Obs: Enunciado 69 Jornada de Direito Civil CJF: As sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas
à inscrição nas Juntas Comerciais.
O estatuto não deverá impor direitos e obrigações recíprocos entre os associados, tal e qual ocorre nas
sociedades.
Os fins das associações podem ser literários, religiosos, acadêmicos, esportivos, recreativos, etc. Vedada a
associação de caráter paramilitar. Art. 5º CF/88, XVII ao XXI.
São organizações com patrimônio afetado por uma finalidade específica determinada pelo instituidor, com
personalidade jurídica atribuída pela lei.
Patrimônio (afetação de bens livres - móveis ou imóveis), finalidade (especificação dos fins), previsão do
modo de administração e elaboração de estatutos com base em seus objetivos e submetidos à apreciação do
Ministério Público que os fiscalizará.
São, portanto, entidades criadas com bens livres que são afetados, por ato de vontade de seu titular, através
de escritura pública ou de testamento para atender a uma finalidade específica, previstas no parágrafo único.
ART. 44cc
Podemos definir como associações sui generis. Vale dizer, a vedação do Poder Público no estabelecimento
das organizações religiosas, não afasta sua adequação à norma.
Enunciado 143 da III jornada de Direito Civil: “A liberdade de funcionamento das organizações religiosas não
afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame
pelo Judiciário da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos.”
AS EMPRESAS INDIVIDUAIS DE RESPONSABILIDADE LTDA
Art. 980-A
Criada pela Lei 12.441 de 11 de junho de 2011, a EIRELI trata-se de uma autorização legal para a instituição
de uma pessoa jurídica por um única pessoa natural.
Trata-se de antiga reivindicação. Muitas vezes a constituição de uma empresa dava-se apenas na
documentação. Sendo inexistente a affectio societatis.
Diferentemente do empresário individual cuja responsabilidade recai sobre seu patrimônio particular, na
EIRELI a responsabilização está limitada ao capital integralizado.
A expressão “capital social” é incoerente, pois não se trata de sociedade, mas de um único empreendedor.
Enquanto a pessoa natural tem o início de sua personalidade com o nascimento com vida, a pessoa jurídica
tem o início de sua personalidade conferido pelo ordenamento jurídico.
Quanto à pessoa jurídica de direito público, a personalidade é conferida pela norma jurídica (lei).
Em se tratando de pessoa jurídica de direito privado (dependente da vontade humana) seu nascimento se dá
com o registro do seu ato constitutivo no órgão competente, que lhe conferirá personalidade jurídica. Ver
art.45 CC
O registro dos estatutos sociais da pessoa jurídica deverá ser realizado no Cartório do Registro das pessoas
Jurídicas (para sociedade civil ou associação) ou na Junta Comercial (sociedade comercial ou microempresa).
Para alguns tipos de pessoas jurídicas a lei exige formalização diversa. É o caso dos partidos políticos que
devem ser inscritos no Tribunal Superior Eleitoral, nos termos do § 2º do artigo 17 da Constituição Federal.
As associações sindicais surgem pelo registro e deve ser comunicada a sua criação ao Ministério do Trabalho
para fins de controle do sistema da unidade sindical, nos termos do artigo 8º, I e II da CF/88.
Obs: As sociedades de advogados (sociedades civis) terão sua inscrição feita na Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) por disposição de norma especial: art. 15 § 1º da Lei 8.906/94 – Estatuto da Advocacia.
Ressalte-se que somente se adquire a personalidade jurídica no momento do registro do ato constitutivo no
órgão competente, ou da vigência de lei em caso de PJ de direito público.
Diferentemente das pessoas naturais (registro de natureza declaratória), o registro dos atos constitutivos da
pessoa jurídica tem natureza constitutiva, sendo verdadeiro instrumento de reconhecimento de sua
personalidade jurídica, que inexiste antes disso. A partir do registro, a pessoa jurídica disporá de personalidade
jurídica e estrutura patrimonial próprios, autônomos, distintos de seus instituidores.
Requisitos constantes do art. 46, essenciais ao registro da PJ, sob pena de não entrar no plano de validade:
a. A denominação da pessoa jurídica, a identificação de sua sede, tempo de duração e o fundo social,
quando houver.
b. O nome e individualização dos fundadores e instituidores, bem como dos seus diretores.
VI - GRUPOS DESPERSONALIZADOS
São entes despersonalizados por lhes faltar os requisitos necessários para a sua subjetivação, notadamente por
faltar o registro dos atos constitutivos no órgão competente.
Exemplos: a família, a sociedade de fato, a massa falida, a herança vacante ou jacente, o espólio, o condomínio.
José de Oliveira Ascenção: “Tais grupamentos não possuem personalidade jurídica , pois ela é reconhecida
para fins de diálogo social e, como não se destinam a uma direção exterior, possuindo finalidade
prevalentemente internas, não merecem personificação jurídica.”
São eles:
c. A herança jacente (art.1819 CC) e vacante (1823 CC). Herança sem sucessores.
d. A massa falida (Conjunto patrimonial , criado pela lei, para exercer os direitos do falido, podendo
agir, inclusive contra ele. Surge com a prolação da sentença declaratória de falência, que importa na perda do
direito à administração e à disposição dos bens pelo devedor. GALIANO E PAMPLONA FILHO, 2016,
P.256).
f. Sociedade irregular (empresas que possuem estatuto ou contrato social que não foi registrado).
Estas sociedades não possuem personalidade jurídica, mas têm capacidade para obrigar-se perante terceiros.
A responsabilidade dos sócios é ilimitada. Arts 986 a 990 CC.
g. Sociedades de fato (empresas que não possuem estatutos ou contrato social, mas operam no
mercado).
Com exceção da sociedade de fato (que não possui personalidade jurídica por violação ao requisito formal de
constituição, qual seja, o registro público), os entes despersonalizados não visam relacionamentos externos,
vocacionando-se a realizar atividades de interesses de seus próprios membros entre si, como na família e na
igreja.
As pessoas jurídicas têm capacidade jurídica geral, não se confundindo com a capacidade e personalidade da
pessoa humana, que se pauta pelo princípio da dignidade humana.
No entanto, por faltar-lhe a estrutura biopsíquica, não praticam atos como a adoção ou o casamento. Seus atos
limitam-se às atividades concernentes aos fins para os quais foram criadas.
O artigo 52 CC atribui direitos de personalidade às pessoas jurídicas. Preservação dos direitos à integridade
moral (aspecto objetivo), imagem, segredo, etc.
Semelhantemente às pessoas naturais, as pessoas jurídicas respondem com seu patrimônio pelos ilícitos
praticados.
Tanto a pessoa jurídica de direito privado quanto a de direito público, respondem pelos seus ilícitos conforme
determinado pela lei ou pelos estatutos.
A responsabilidade penal da pessoa jurídica foi trazida ao nosso ordenamento pela Lei 9.605/98 que prevê a
imputabilidade criminal no caso em que a atividade lesiva ao meio ambiente seja cometida por decisão de seus
representantes legais ou contratuais, ou de seu órgão colegiado no interesse ou em benefício da entidade, não
excluindo a responsabilidade das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do fato delituoso.
(GALIANO e PAMPLONA FILHO, 2016, p.293).
“Em linhas gerais, a doutrina da desconsideração pretende o superamento episódico da personalidade jurídica
da sociedade, em caso de fraude, abuso, ou simples desvio de função , objetivando a satisfação de terceiro
lesado junto ao patrimônio dos próprios sócios, que passam a ter responsabilidade pessoal pelo ilícito
causado.” Rubens Requião.
Autoriza a que o patrimônio dos sócios responda pelas dívidas da pessoa jurídica, desde que presentes os
pressupostos de seu provimento. É medida que será concedida ou não pelo juiz, a pedido da parte ou do
Ministério Público, dependendo do seu convencimento acerca dos pressupostos essenciais.
Nas duas situações , faz-se imprescindível a ocorrência de prejuízo – individual ou social – justificador da
suspensão temporária da personalidade jurídica da sociedade. (GAGLIANO e FILHO, 2012, p.281).
A TEORIA MAIOR condiciona o afastamento episódico da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas à
caracterização da manipulação fraudulenta ou abusiva do instituto. Não admite a desconsideração com a mera
demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se aqui,
para além da prova de insolvência , a demonstração de desvio de finalidade, ou a demonstração de confusão
patrimonial.”
“A prova do desvio de finalidade faz incidir a teoria maior subjetiva da desconsideração. O desvio de
finalidade, como já ressaltamos, é caracterizado pelo ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o
uso abusivo da personalidade jurídica.”
“A demonstração da confusão patrimonial , por sua vez, faz incidir a teoria maior objetiva da desconsideração.
A confusão patrimonial caracteriza-se pela inexistência, no campo dos fatos, de separação do patrimônio da
pessoa jurídica e dos seus sócios.”
“A TEORIA MENOR é aquela que se refere à desconsideração em toda e qualquer hipótese de execução do
patrimônio do sócio por obrigação social. Como se vê, a sua incidência parte de premissas distintas da teoria
maior: bastará a prova da insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações ,
independentemente da existência de desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Para esta teoria, o risco
empresarial, normal às atividades econômicas, não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a
pessoa jurídica, mas pelos sócios/administradores desta , ainda que estes demonstrem conduta administrativa
proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte
dos sócios, ou administradores da pessoa jurídica.”
CONCLUSÃO:
O CC adotou em seu artigo 50 a teoria maior da desconsideração nas modalidades subjetiva e objetiva. Não
basta a insolvência , necessária será a demonstração do desvio de finalidade (t. maior subjetiva) ou da confusão
patrimonial (t. maior objetiva).
O CDC adotou a teoria menor, bastando a insolvência do fornecedor para legitimar a desconsideração da
personalidade jurídica. CDC art. 28 § 5º.
Idem para o direito ambiental e do trabalho, em razão do protecionismo aplicado nestas relações.
IX - DOMICÍLIO
O domicílio da pessoa jurídica é a sua sede jurídica. O local onde exerce as suas atividades habituais, em que
tem o seu governo, a sua administração e direção ou, ainda, o local que estiver indicado nos seus atos
constitutivos.
a. pela dissolução deliberada de seus membros, por unanimidade e mediante distrato, ressalvados os direitos
de terceiros e da minoria.
Segundo Maria Helena Diniz, a extinção não se dá de modo instantâneo. A PJ continuará em fase de liquidação
até a realização de ativos e pagamento dos débitos. Encerrada a liquidação, dar-se-á o cancelamento da
inscrição da pessoa jurídica. Ver art.51.
Ao final, cada sócio terá direito ao seu quinhão. O remanescente será, portanto, dividido pelos sócios ou
herdeiros.
c. Para os sócios se o estatuto prever, ou deliberarem os sócios (vedação do enriquecimento sem causa).
Fim das fundações: ver art. 69 CC.
5ª aula
Os direitos subjetivos estão ligados a acontecimentos fáticos . Quando um fato gera direitos subjetivos, são
chamados fatos jurídicos.
Fatos jurídicos são acontecimentos oriundos da determinação humana ou de fatos naturais, que geram,
modificam , conservam ou extinguem relações jurídicas.
Miguel Reale “É qualquer fato que, na vida social, venha a corresponder ao modelo de comportamento ou de
organização configurado por uma ou mais normas de direito.”
“São fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, ocasionam efeito jurídico. Nesse
contexto, admitimos a existência de fatos jurídicos em geral, em sentido amplo, que compreendem tanto os
fatos naturais , sem interferência do homem, como os fatos humanos, relacionados com a vontade
humana.¨Sílvio de Salvo Venosa.
Alessandro Groppali. “Qualquer evento que a lei reconheça conseqüências jurídicas, quer dizer, o nascimento,
a modificação ou a extinção de um direito subjetivo.”
Carlos Roberto Gonçalves: “Fato jurídico em sentido amplo é todo acontecimento da vida que o ordenamento
jurídico considera relevante no campo do direito.”
1. Naturais ou jurídicos stricto sensu – são os fatos que decorrem da natureza, independem da vontade
humana, mas ainda assim produzem efeitos jurídicos.Ex. nascimento, morte, avulsão, aluvião, etc.
2. Voluntários ou fatos jurídicos em lato sensu – são aqueles que nascem de uma participação voluntária do
homem, isto é, decorrem de um comportamento volitivo. São ações humanas que criam , modificam,
transferem ou extinguem direitos.
OBS:
Os ilícitos, praticados de forma contrária às lei, podem ser ilícitos civis, administrativos ou penais.
Civil – tem por sanção o ressarcimento de um dano causado à vítima do ato, e resulta na
chamada responsabilidade civil. A conduta não é típica, mas descrita no art. 186 CC e 187 CC.
Administrativos – tem por sanção a aplicação de multas ou exigência de condutas por aprte da administração.
Há correntes doutrinárias, a qual filia-se o prof. Flávio Tartuce, de que os atos ilícitos não são jurídicos lato
sensu, pois estes dependem da licitude para entrar no plano de validade. É fato jurígeno, porém não jurídico.
Posições divergentes: Prof. Sílvio de Salvo Venosa, Jose´carlos Moreira Alves, dentre outros.
Os atos lícitos, portanto, são chamados atos lato sensu e se dividem em atos jurídicos stricto sensu e
negócios jurídicos. Exige-se manifestação de vontade.
1. Atos jurídicos strito sensu são atos voluntários, materiais, cujos efeitos da manifestação de vontade
estão previstos em lei, não possuindo o agente meios de alterá-lo. Trata-se de mera intenção, pois não há
como modificar o resultado da ação.
Reconhecimento de filhos.
Ocupação de um imóvel.
2. Negócio jurídico – manifestação duas de vontade, em regra, que produz efeitos jurídicos, sendo que os
agentes podem coordenar os efeitos. É a manifestação de vontade que gera, modifica, conserva ou extingue a
relação jurídica.
Ex. se alguém celebra um contrato de compra e venda. A vontade não poderá conter vícios.
3. Ato-fato jurídico – a boa doutrina do Prof. Pontes de Miranda aponta mais uma categoria de atos
lícitos: o ato-fato jurídico, segundo o qual não há vontade relevante É irrelevante para o direito que o agente
tenha ou não a intenção e praticá-lo, o que se leva em conta é o efeito resultante do ato que pode ter repercussão
jurídica, inclusive ocasionando prejuízos a terceiros.
Trata-se de um fato jurídico qualificado por uma atuação humana, por uma vontade não relevante
juridicamente.
Confeitos comprados por criança num botequim (ex. do Prof. Silvio de Salvo Venosa).
UNISUAM
6ª aula
BENS
1 - Conceito:
Porém, sob o enfoque jurídico: são seres susceptíveis de valoração jurídica. São aqueles que podem servir de
objeto ás relações jurídicas.
São as utilidades materiais e imateriais que podem ser objetos de direitos subjetivos.
“Coisa é tudo o que existe , objetivamente, com exclusão do homem. Bens são as coisas que, por serem úteis
e raras , são susceptíveis de apropriação e contém valor econômico.” Sílvio Rodrigues.
Os bens podem ser materiais , bens tangíveis, ou imateriais como as manifestações da personalidade e
atividades de natureza intelectual ou técnica – propriedade intelectual.
2 – Bem e coisa
A distinção não é pacífica. Para alguns, coisa é uma categoria mais ampla que contém os bens, outros dizem
exatamente o oposto.
Bens corpóreos e incorpóreos – embora não contemplada a terminologia, no Código, é de grande importância
prática.
Corpóreos são os bens que têm existência material, perceptível pelos sentidos humanos, como uma casa, um
livro, um relógio.
Incorpóreos têm existência imaterial, são abstratos, a visualização é ideal. Ex (Caio Mario): quotas de capital
ou ações que possua o indivíduo numa sociedade empresarial.
Importância da diferenciação: os bens incorpóreos não contam com a tutela possessória. Súmula 228 STJ: “É
inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.”
Não admitindo apreensão material (posse) , não são susceptíveis de aquisição pela usucapião, nem tradição,
posto que não admitem apreensão material.
Art. 79 CC “Bens imóveis, ou bens de raiz, são aqueles que não se podem transportar, sem destruição, de um
lugar para outro, ou seja, são os que não podem ser removidos sem alteração de sua substância.” Mª Helena
Diniz
Este conceito não engloba os imóveis por disposição legal (previsão legislativa) que surgirão a partir de
verdadeira criação jurídica, para que possam receber melhor proteção. Ver art. 80 CC.
a. Edificações que separadas do solo , mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local.
2. Móveis por antecipação: são bens originalmente imóveis, que separados do solo em virtude de destinação
econômica, passam a categoria de móveis. Ex. árvores abatidas para serem convertidas em lenha, frutos para
a alienação, pedras extraídas de uma pedreira, etc.
3. Móveis por determinação da lei: art. 83, I, II, III CC).: Os direitos de autor são considerados bens móveis.
Fungíveis são os bens susceptíveis de substituição por outro de mesma espécie, qualidade e quantidade,
determinados por número, peso ou medidas. Ex. dinheiro. A fungibilidade é própria dos móveis, sendo
resultado de comparação entre coisas equivalentes.
São infungíveis os bens insusceptíveis de substituição por outro de igual qualidade, quantidade e espécie,
como num quadro de Portinari.
Possuem valor especial, inadmitindo substituição que não modifique seu conteúdo.
A vontade humana pode ser critério determinante na classificação dos bens, tornando coisas fungíveis em
infungíveis. Ex. um livro autografado pelo autor.
São bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância. Consumibilidade natural ou de
fato.
Os inconsumíveis, por seu turno, admitem uso constante, possibilitando que se retirem todas as suas utilidades
sem atingir sua integridade. Ex. a minha cadeira.
A alienação de um bem é forma de consumibilidade. O bem que pode ser alienado torna-se, por este fato,
consumível.
Juridicamente, no entanto, decorre de um critério utilitarista, ou seja, a manutenção do seu valor econômico
proporcionalmente às coisas divididas.
Segundo Mª Helena Diniz, são divisíveis os bens passíveis de fracionamento “em partes homogêneas e
distintas, sem alteração das qualidades essenciais do todo, sem desvalorização, e sem prejuízo do uso a que se
destinam, formando um todo perfeito.”
São indivisíveis as coisas que não se pode fracionar sem alterar a substância ou diminuir-lhe ,
consideravelmente, o valor, como um livro.
As partes podem pactuar a indivisibilidade, como quando combinam o pagamento numa única parcela.
Exemplos do artigo 88 CC: indivisíveis por força da lei. Ex. módulo rural. Servidão.
São singulares as coisas que, embora reunidas, devem ser consideradas individualmente, independente das
demais que a compõem.
Bens coletivos ou universais são aqueles agregados a um conjunto , constituído por várias coisas singulares,
passando a formar um todo único, possuidor de individualidade própria, distinta de seus componentes (art.90).
· Universalidade de direito – relativamente aos bens singulares corpóreos ou incorpóreos, aos quais a
norma jurídica dá unidade. Ex. patrimônio, a herança, a massa falida.
Bem principal é aquele que tem existência própria, concreta ou abstrata (art.92 CC).Existe por si, exercendo
sua função e finalidade, independendo de outro, como o solo e o crédito.
Já o bem acessório não tem existência própria, dependendo de um outro bem que é o principal. A árvore
depende do solo, os juros estão subordinados ao crédito.
Nos imóveis, o solo é o bem principal, sendo acessórios tudo o que lhes se incorporar.
Nos móveis, principal é aquela para a qual as outras se destinam, para fins de uso, complemento ou enfeite.
Aplica-se aqui como regra geral o princípio da gravitação jurídica: “o acessório segue a sorte do principal.”
Exceções:
1. Acessão invertida. Ver art. 1255 CC, § único. O caput segue a gravitação jurídica, o parágrafo único
inverte a posição.
2. Superfície. Direito real. Art. 1375 CC. As construções integrarão o solo no momento da devolução, se o
contrário não se estipulou. Durante o contrato, há um dono para o solo, e outro para as construções e
plantações.
Novidade no CC: conceito de pertenças art. 93 – não se confundem com acessórios. São bens que não
constituem parte integrante , destinam-se de modo duradouro ao uso, serviço ou aformoseamento do bem
principal. Ex. ar condicionado, máquinas numa fábrica. Estão a serviço da finalidade econômica de outro bem.
Por não serem acessórias ou partes integrantes, as pertenças não incluem-se nos negócios jurídicos relativos
ao bem principal, exceto se houver declaração de vontade neste sentido.
Importância da distinção entre bens principais e acessórios:
Vale dizer: no silêncio das partes, ou da lei, a natureza do principal predominará sobre a do acessório. Art. 94,
233, 287, 364, 1209 e 1255 CC).
1. Frutos. São as utilidades que a coisa produz periodicamente, sem desfalque da sua substância.
· Naturais: produzidos pela coisa sem o esforço do homem, que pode, inclusive, utilizar-se de processos
técnicos para melhorar sua qualidade e quantidade. Ex. cria de animais.
· Civis: são os rendimentos e benefícios retirados da coisa. Ex. aluguéis, juros, dividendos.
Quanto ao estado:
2. Produtos: são utilidades que se podem retirar da coisa, alterando sua substância, com a diminuição da
quantidade, até o esgotamento, porque não se reproduzem periodicamente. Ex. pedras de uma pedreira.
3. Pertenças – art. 93 CC. Há dúvida na doutrina em se definir as pertenças como bem acessório.
· O art. 94 estabelece que os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Conceito art.98
Bens públicos são aqueles , materiais ou imateriais, cujo titular é uma pessoa jurídica de direito público, ou
uma pessoa jurídica de direito privado, prestadora de serviço público quando o referido bem estiver destinado
ao serviço público.
· Os de uso comum do povo. Ex. rios, mares, estradas, praças. Admite utilização indiscriminada por
qualquer pessoa.
· Bens de uso especial – bens utilizados pelo próprio poder público para instalações do serviço público.
· Bens dominiais ou dominicais – englobam os bens que integram o patrimônio disponível estatal,
compondo as relações apreciáveis economicamente, dos entes federativos. Podem ser alienados, segundo as
exigências legais. Ex. títulos de dívidas, dos créditos, das ações, dos terrenos de marinha, faixas de fronteira,
etc.
UNISUAM
Os direitos subjetivos estão ligados a acontecimentos fáticos. Quando um fato gera direitos subjetivos, são
chamados fatos jurídicos.
Fatos jurídicos são acontecimentos oriundos da determinação humana ou de fatos naturais, que geram,
modificam , conservam ou extinguem relações jurídicas.
Miguel Reale “É qualquer fato que, na vida social, venha a corresponder ao modelo de comportamento ou de
organização configurado por uma ou mais normas de direito.”
Sílvio de Salvo Venosa: “São fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta,
ocasionam efeito jurídico. Nesse contexto, admitimos a existência de fatos jurídicos em geral, em sentido
amplo, que compreendem tanto os fatos naturais , sem interferência do homem, como os fatos humanos,
relacionados com a vontade humana.¨
Alessandro Groppali. “Qualquer evento que a lei reconheça consequências jurídicas, quer dizer, o nascimento,
a modificação ou a extinção de um direito subjetivo.”
Carlos Roberto Gonçalves: “Fato jurídico em sentido amplo é todo acontecimento da vida que o ordenamento
jurídico considera relevante no campo do direito.”
Ilícitos
1. Naturais ou jurídicos stricto sensu – são os fatos que decorrem da natureza, independem da vontade
humana, mas ainda assim produzem efeitos jurídicos.
Podem ser:
Ordinários : evento natural previsível e comum de ocorrer. Sofre influência do elemento tempo.
Extraordinários:
Decorrente da natureza, mas de fatos inesperados como o caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou
força maior (evento previsível , mas inevitável ou irresistível).
2. Voluntários ou fatos jurídicos em lato sensu – são aqueles que nascem de uma participação voluntária
do homem, isto é, decorrem de um comportamento volitivo. São ações humanas que criam , modificam,
transferem ou extinguem direitos.
OBS:
Os fatos jurídicos voluntários podem ser lícitos ou ilícitos.
Os ilícitos, praticados de forma contrária à lei, podem ser ilícitos civis, administrativos ou penais.
Civil – tem por sanção o ressarcimento de um dano causado à vítima do ato, e resulta na
chamada responsabilidade civil. A conduta não é típica, mas descrita nos art. 186 CC e 187 CC.
Administrativos – tem por sanção a aplicação de multas ou exigência de condutas por parte da administração.
Há correntes doutrinárias, a qual filia-se o prof. Flávio Tartuce, de que os atos ilícitos não são jurídicos lato
sensu, pois estes dependem da licitude para entrar no plano de validade. É fato jurígeno, porém não jurídico.
Posições divergentes: Prof. Sílvio de Salvo Venosa, Jose´Carlos Moreira Alves, dentre outros.
Os atos lícitos, portanto, são chamados atos lato sensu e se dividem em atos jurídicos stricto sensu e
negócios jurídicos. Exige-se manifestação de vontade.
1. Atos jurídicos stricto sensu são atos não negociais, voluntários, materiais, cujos efeitos da
manifestação de vontade estão previstos em lei, não possuindo o agente meios de alterá-lo. Trata-se de mera
intenção de praticá-lo, pois não há como modificar o resultado da ação.
Reconhecimento de filhos.
Ocupação de um imóvel.
2. Negócio jurídico – manifestação duas vontades, em regra, que produz efeitos jurídicos, sendo que os
agentes podem coordenar os efeitos. É a manifestação de vontade que gera, modifica, conserva ou extingue a
relação jurídica.
Ex. Se alguém celebra com outrem um contrato de compra e venda. A vontade não poderá conter vícios.
3. Ato-fato jurídico – a boa doutrina do Prof. Pontes de Miranda aponta mais uma categoria de atos
lícitos: o ato-fato jurídico, segundo o qual não há vontade relevante. É irrelevante para o direito que o agente
tenha ou não a intenção de praticá-lo, o que se leva em conta é o efeito resultante do ato que pode ter
repercussão jurídica, inclusive ocasionando prejuízos a terceiros.
Trata-se de um fato jurídico qualificado por uma atuação humana, por uma vontade não relevante
juridicamente.
Para o reconhecimento do ato-fato, não se exige capacidade do agente, nem se reconhece a existência de
negócio jurídico.
Confeitos comprados por criança num botequim (ex. do Prof. Silvio de Salvo Venosa).
O negócio jurídico será válido para o direito se estiverem presentes todos os elementos do artigo 104 do
Código Civil, e mais a manifestação de vontade livre e conscientemente declarada.
A DECLARAÇÃO DE VONTADE
“A vontade é um elemento de caráter subjetivo, que se revela através da declaração. Esta, portanto, e não
aquela, constitui requisito de existência do negócio jurídico.” (GONÇALVES, 2015, p.354).
RESERVA MENTAL
Ocorre reserva mental quando um dos declarantes oculta a sua verdadeira intenção , isto é, quando não quer
um efeito jurídico que declara querer. Tem por objetivo enganar o outro contratante ou declaratário. Se este,
entretanto, não soube da reserva, o ato subsiste e produz os efeitos que o declarante não desejava.
“ A classificação do negócio jurídico tem como objetivo enquadrar um determinado instituto jurídico, bem
como demonstrar a natureza jurídica deste (categorização jurídica). Pelo que consta no artigo 185 da atual
codificação , as classificações a seguir servem tanto para os negócios quanto para os atos em sentido estrito.”
TARTUCE, 2012, P.188.
· Quanto à manifestação de vontade dos envolvidos:
· Unilaterais são atos e negócios em que a manifestação de vontade emana de apenas uma pessoa, com
um único objetivo.
(testamento , promessa de recompensa arts. 854 a 860 CC, proposta de contrato art. 427 CC).
· Bilaterais negócios que somente se realizam mediante a manifestação de vontade das duas partes sobre
o objeto ou bem jurídico tutelado.
· Plurilaterais ou multilaterais são negócios jurídicos que se aperfeiçoam com a participação de três ou
mais partes, com interesses semelhantes no plano jurídico.
Há discussão doutrinária acerca desta modalidade de contrato, uma vez que não gera direitos e obrigações
entre as partes.
· Quanto à onerosidade:
· onerosos os que geram dispêndio econômico para as duas partes que participam do negócio.
· Gratuito negócio jurídico que onera apenas uma parte, beneficiando a outra.
Obs. Diferenciar negócio jurídico unilateral, de contrato unilateral (neste só há obrigações para uma das
partes).
· Quanto à forma:
· Solenes ou formais negócios jurídicos cuja validade está condicionada à observância de uma forma
determinada, haja vista a sua importância para a vida das pessoas. Exigem, portanto, forma prescrita em lei,
como garantia jurídica.
Ex. casamento, testamento, compra e venda de imóveis (escritura pública).
· Não solenes ou não formais admitem qualquer forma não proibida em lei.
4. Quanto à reciprocidade:
· Principais existem por si mesmos, não dependem de qualquer outra relação jurídica ou negócio para
sua existência.
· Acessórios são aqueles cuja existência está vinculada a um outro negócio jurídico ou a uma relação
jurídica.
· Inter vivos ocorrem e produzem efeitos durante a vida do agente. Ex. compra e venda.
· Intuito personae ou personalíssimos são aqueles que dependem das condições especiais de um dos
contratantes, havendo obrigação infungível.
· Negócios jurídicos impessoais são aqueles que não dependem de condições especiais, e podem ser
executados por qualquer pessoa ou profissional da categoria ou objeto contratados.
Bibliografia:
1. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Parte Geral. VOl.1. SP: Saraiva.
2. TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. Vol.1. SP: Gen &Método.
UNISUAM
7ª aula
“Na esteira das palavras de Pontes de Miranda, o esquema é perfeitamente lógico, eis que, em regra, para que
se verifique os elementos da validade, é preciso que o negócio seja existente. Para que o negócio seja eficaz,
deve ser existente e válido.
Entretanto, nem sempre isso ocorre. Isso porque é perfeitamente possível que o negócio seja existente, inválido
e eficaz, caso de um negócio jurídico anulável que esteja gerando efeitos. Ilustrando pode ser citado o
casamento anulável celebrado de boa-fé, que gera efeitos, como casamento putativo (artigo 1.561 CC).”
PLANO DA EXISTÊNCIA
Existir é requisito essencial para que o negócio jurídico acesse o plano de validade do direito.
Seus elementos estruturais são: declaração de vontade, finalidade negocial e idoneidade do objeto.
· Finalidade negocial :
· “O objeto jurídico deve ser idôneo, isto é, deve apresentar os requisitos ou qualidades que a lei exige
para que o negócio produza os efeitos necessários.” Francisco Amaral.
Faltando um dos elementos exigidos para que o negócio pretendido acesse o plano da existência, artigo 104
CC mais declaração de vontade, ter-se-á o negócio jurídico como inexistente.
O PLANO DE VALIDADE
a. Manifestação de vontade. Sem vontade livre e consciente, não há que se falar em negócio jurídico.
Exercício da autonomia privada. A vontade não poderá conter vícios, sob pena de anulabilidade ou nulidade
absoluta (coação absoluta e simulação).
b. Sujeitos. Os efeitos do negócio jurídico irão influir na esfera jurídica dos sujeitos que dele participam.
Os sujeitos do negócio jurídico podem ser pessoa física ou jurídica. Exige-se capacidade de exercício ou
negocial. A falta de capacidade negocial acarreta nulidade ou anulabilidade do negócio jurídico. Ver arts. 166,
I e 171, I. CC.
Requisitos do objeto:
1. possibilidade material, ex. de bens que estão fora do comércio: bens públicos de uso comum do povo. Bens
gravados com cláusula de inalienabilidade, a herança de pessoa viva.
· obrigacionais (direito de exigir uma conduta - omissiva ou comissiva - ou prestação da outra parte);
· familiares (os que afetam o estado civil da pessoa: casamento, adoção, emancipação) – neste caso não
são contratos;
· sucessórios (negócios jurídicos que têm por objeto bens ou o patrimônio de alguém mortis causa).
3. determinabilidade. Pode não ser determinado no nascimento do negócio jurídico, mas deve ser determinável
no momento de sua conclusão.
Negócio jurídico é o ato através do qual os particulares regulamentam seus interesses , estabelecendo preceitos
e regras jurídicas, nas suas relações com os outros.
d. Forma. Ver art. 107 CC. Forma é o ato exterior pelo qual a vontade se manifesta.
Classificam-se em formais (forma prescrita em lei) e não-formais (forma não defesa em lei).
Nos casos em que a forma é exigida como elemento essencial, a sua prática de forma diversa evidencia
inexistência do negócio jurídico.
No entanto, o negócio jurídico pode existir , mas não ser válido. Neste caso houve falta de um dos elementos
essenciais do Negócio Jurídico.
Deve-se considerar que o plano da eficácia não está, necessariamente, vinculado ao plano da validade.
Por ex. casamento entre pessoas maiores, capazes e desimpedidas , é um negócio jurídico válido e eficaz.
Mas o casamento putativo é um casamento nulo, porém eficaz (art. 1561 CC). O testamento antes da morte
do testador é válido, mas ineficaz. O negócio jurídico sob condição suspensiva é neg. jurídico válido, mas
ineficaz.
Direito Civil. Família. Imóvel cuja aquisição tem causa anterior ao casamento. Transcrição na
constância da sociedade conjugal. Incomunicabilidade. –Imóvel cuja aquisição tenha causa anterior ao
casamento realizado sob o regime da comunhão parcial de bens, com transcrição no registro imobiliário na
constância deste, é incomunicável. Inteligência do artigo 272 do CC/16 (correspondência: artigo 1.661 do
CC/2002). A jurisprudência deste Tribunal tem abrandado a cogência da regra jurídica que sobreleva a
formalidade em detrimento do direito subjetivo perseguido. Para tal temperamento, contudo é necessário que
a forma imposta esteja sobrepujando a realização da justiça. Recurso especial não conhecido (Resp
707.092/DF, relª Ministra Nancy Andrighi, 3ª turma j.28.06.2005, DJ 01.08.2005, p.456).
O PLANO DA EFICÁCIA
ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO
A - DA CONDIÇÃO
Condição é a cláusula acessória que subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou gratuito, a
acontecimento futuro e incerto. É a cláusula que tem o condão de postergar os efeitos do NJ.
O negócio jurídico tem validade, se presentes os elementos do art. 104 CC, mas tem sua eficácia suspensa, até
que se implemente a condição. Se a condição for resolutiva, a eficácia dos efeitos é imediata, e cessando se
implementado o fato condicional.
Exemplos de condição:
João, padrinho de Pedro, promete doar-lhe uma casa se este passar no vestibular.
João faz testamento legando seu carro a Luiz se este casar com sua noiva.
Condição suspensiva – é o acontecimento futuro e incerto que, se realizado, provoca a aquisição do direito.
Praticado o ato negocial ficam as partes na expectativa de ocorrer o fato previsto. Durante a expectativa o fato
não produz efeitos jurídicos. Estes estão suspensos. A cláusula suspensiva subordina não apenas os efeitos
jurídicos, mas por igual, os direitos e obrigações que decorrerão do ato. Art.125 CC
O negócio jurídico sob condição suspensiva encontra-se acabado e perfeito, pronto para produzir os efeitos
jurídicos, vale dizer, embora válido, somente nascerá o direito se a condição se implementar.
Os artigos 126 e 130 CC asseguram que os atos necessários à manutenção do direito a ser implementado, são
lícitos. Os de disposição do direito são proibidos se incompatíveis.
Vale lembrar, ressalta-se, que o direito somente nasce com o implemento da condição.
Condição resolutiva – uma vez realizado o negócio jurídico, os efeitos começam a produzir-se imediatamente
e se extinguem na eventualidade de o fato previsto vir a acontecer. Vale dizer, enquanto a condição não se
implementar, o ato vigorará perfeitamente, podendo se exercer os direitos dele decorrentes. Art. 127 CC.
Ex. Alguém cede uma casa em comodato a um irmão enquanto ele for solteiro. Caso o mesmo venha a casar-
se, extingue-se o contrato.
TERMO
É a cláusula acessória inserida em um negócio jurídico pela manifestação de vontade das partes, que
subordina os efeitos do negócio celebrado a um acontecimento ou momento futuro e certo.
É o acontecimento futuro e certo que suspende a eficácia do ato negocial, sem prejudicar a aquisição de direitos
, fazendo cessar os efeitos decorrentes do próprio NJ.
Logo, no dizer de Washington de Barros Monteiro, termo será “o dia no qual tem de começar ou de extinguir-
se a eficácia de um NJ.”
Se o prazo não for determinado, são exequíveis desde logo os efeitos do NJ, exceto se feito noutro lugar ou
depender do tempo pela natureza do negócio.
Caio permite que Júlio use sua casa até sua morte (usufruto).
O termo é cláusula acessória dependente de manifestação de vontade. No entanto, passa a integrar como
elemento constitutivo do NJ após sua introdução.
Exemplos:
4. Se A vende a B sua safra de açúcar, esta será entregue quando colhida. O prazo depende de termo a dies.
ENCARGO
Encargo ou modo é a cláusula acessória inserida em um negócio jurídico, pela manifestação de vontade
daquele que faz uma liberalidade (doação, testamento) impondo ao beneficiado uma prestação em favor do
disponente ou de terceiro.
Diferencia-se das demais cláusulas acessórias por somente poder ser inserido em negócios gratuitos,
inter vivos (doação) ou causa mortis (testamento ou legado).
O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, exceto se estiver expresso no negócio jurídico.
1. Exigência do cumprimento.
2. Requerimento da revogação.
O encargo ilícito ou impossível tem-se por não escrito. Art. 137 CC.
a. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no
ato pelo disponente, como condição suspensiva.
Ex. doação de um imóvel a A para que este custeie os estudos do filho do doador. Se gravado como condição
suspensiva – será doado ao final do curso.
(O direito se adquire de imediato juntamente com a declaração de vontade, se for gravado como encargo.)
b. A condição pode ser estabelecida nos negócios onerosos e nos gratuitos, o encargo somente nos gratuitos.
c. O encargo é coercitivo, podendo o disponente exigir sua prestação. A condição não pode ser exigida,
depende da implementação do evento futuro e incerto.
d. A condição é percebida pela resposta à conjunção SE. O encargo às locuções PARA QUE, A FIM DE
QUE, COM A OBRIGAÇÃO DE.
A prestação exigida tem que ser lícita, possível e moral, caso contrário tem-se por não escrita, tratando-se de
negócio jurídico válido e puro. Vale dizer, permanece a manifestação de vontade despida do encargo que seria
cláusula acessória.
O disponente pode pleitear a revogação do NJ, ou simplesmente exigir o cumprimento do encargo. Ver art.555
CC e seguintes que tratam da revogação da doação, apenas a título de esclarecimento.
UNISUAM
8ª aula
Entre os elementos dos negócios jurídicos destaca-se a declaração de vontade que deve ser formada de
maneira livre, consciente , isenta de pressões ou constrangimentos e de boa-fé. Quando a declaração está em
desacordo com a vontade, o negócio jurídico diz-se viciado.
2. Vícios sociais: existe ainda a hipótese de haver correspondência entre a vontade interna e a sua declaração,
contudo, esta desvia-se da lei ou da boa-fé, infringindo o direito e prejudicando terceiros.
Se o declarante tivesse noção completa da realidade, não manifestaria daquela forma a sua vontade.
Há uma noção equivocada sobre coisas ou pessoas, levando o declarante a exarar sua vontade de forma diversa
da que externaria se conhecesse a realidade.
O erro é uma falsa percepção da realidade, a ignorância é o total desconhecimento do declarante a respeito
das circunstâncias do negócio. (Gagliano, 2016, P. 422).
Ex. A compra de B o prédio C, acreditando nele existirem águas subterrâneas que pretende explorar, mas
verifica que estas águas não existem.
Alguém acreditava estar adquirindo um anel de ouro branco quando percebe ser de prata.
Espécies de erro:
Erro escusável (ou perdoável) é aquele que é justificável, tendo-se em conta a natureza do caso. Perdoável
dentro do que se espera do homem de inteligência média.
Erro substancial (ou essencial) é aquele que incide sobre a substância do ato que se pratica, e sem o qual o
declarante não o teria realizado.
Parte da doutrina admite que somente o erro escusável e substancial servem como causa de anulação do
negócio celebrado. O contrário traria insegurança jurídica.
Ex. Colecionador que deseja adquirir uma estátua de marfim e adquire outra feita de material sintético.
O art. 138 exige para a anulação que pessoa de diligência normal tenha condições de perceber o erro.
No entanto, a aferição de erro escusável ficaria a critério do entendimento do juiz, visto que varia de pessoa
para pessoa: nível cultural geral e específico, inteligência, habilidade profissional, etc.
O importante é perceber se o outro contraente pôde perceber que o emissor da vontade estava incorrendo em
erro (violação dos princípios da boa-fé objetiva e confiança, dentre outros).
Se o outro contraente não podia perceber, diante das circunstâncias, que o declarante estava em erro, não se
anulará o negócio jurídico (boa-fé).
Ex. João empresta seu carro a Pedro que o recebe como doação. (erro quanto à natureza do negócio)
Alguém adquire um lote acreditando que fica de frente para o mar, quando, na verdade, fica bem distante
deste.(erro quanto ao objeto do negócio jurídico)
Alguém pensa estar negociando com certa pessoa e, na verdade, é seu irmão gêmeo.
Erro acidental é aquele concernente às qualidades secundárias ou acessórias da pessoa, ou do objeto, e não
induz à anulação do negócio por não incidir sobre a declaração da vontade.
Ex: num testamento, declaração de última vontade, o testador qualifica o beneficiário como solteiro, sendo
este casado. No entanto, é possível a sua identificação.
Para reconhecimento do erro como causa determinante de anulação do negócio jurídico, é necessário
que o erro seja substancial, escusável (doutrinariamente discutível), e perceptível.
Em virtude das dissenções doutrinárias acerca da caracterização do erro como escusável, o Conselho
de Justiça Federal promulgou , em Jornada de Direito Civil, o enunciado 12:
“Na sistemática do artigo 138 do Código Civil, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o
dispositivo adota o princípio da confiança.”
Erro real : o erro deve ser de tal expressão que cause prejuízo concreto para o interessado na anulação.
Motivos são ideias, as razões subjetivas, interiores, consideradas como acidentais e sem relevância para o
negócio.
Ex. A faz uma doação a B por ser informado de que este é seu filho. Mais `a frente, toma conhecimento por
exame de DNA que não é seu filho.
Erro de direito: art. 3º da LINDB e art.139, III CC
Aplicação do princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos (não há nulidade sem prejuízo).
2. DOLO
Enquanto o erro é uma falsa noção da realidade, o dolo é o induzimento ao erro com o objetivo de vantagem
ilícita. É o erro provocado por outrem, que não o sujeito enganado.
É toda ação ou omissão intencional, através de ardil ou manobras fraudulentas, que induz a pessoa com quem
se celebra um negócio jurídico a erro ou engano, visando a causar-lhe prejuízo em benefício próprio ou de
terceiro.
É o erro induzido por um dos contraentes. A conduta dolosa induz o outro em erro. Mas agora, o erro se
deu por meio fraudulento, por má-fé do contraente.
Exemplo de dolo:
Dolus malus é que gera anulabilidade do negócio jurídico, já que se refere a um aspecto essencial ou
substancial do negócio jurídico. Trata-se de induzimento ao erro essencial ou substancial. É dolo principal,
sem o qual a vítima do engano não teria concluído o negócio jurídico, gerando vício de consentimento.
Ex. Alguém faz uma maquiagem no motor de um carro para vendê-lo, mas ele queima logo a seguir porque
havia um grave defeito.
Dolus bonus é a mera astúcia, dentro da “normalidade” nos negócios jurídicos onerosos. É o induzimento ao
erro acidental – ver art 146 – e não leva o ato à anulação, resolvendo-se em perdas e danos. Trata-se do dolo
acidental, em que as maquinações , ardis, artifícios empreendidos não tem o poder de alterar o consentimento
da vítima.
Outras classificações:
Dolo negativo – caracteriza-se pela omissão de alguém em não prestar esclarecimentos ao outro contratante
que o retire do erro em que se encontra. Art.147 CC.
Dolo principal (essencial , determinante ou causal, art.145 CC, anulável, no negócio jurídico não se realizaria
se o contraente conhecesse a verdadeira situação do objeto do contrato).
Dolo acidental (art.146 CC, o negócio se realizaria, mas em outras circunstâncias. Resolve-se em perdas e
danos).
A regra é que o dolo de terceiro não anula o negócio jurídico, mas se resolve em perdas e danos.
No entanto, se uma das partes do negócio bilateral tiver conhecimento dos atos praticados por terceiro, o
negócio se anulará.
Dolo recíproco
Se as duas partes contratantes agirem com dolo, nenhuma delas poderá alegá-lo com o intuito de anular o ato
ou obter indenização. Dolus compensatur.
Para que o dolo produza efeitos rescisórios , é indispensável que tenha origem unilateral, que esteja numa só
parte contratante.
3. COAÇÃO
É toda pressão física ou moral exercida contra alguém, de modo a forçá-lo à prática de um determinado
negócio jurídico, contra a sua vontade, tornando defeituoso o negócio. Enquanto o dolo apresenta-se sob a
forma de ardil, a coação traduz-se em violência.
É fator externo apto a influenciar a vítima no sentido de realizar um negócio jurídico contra a sua vontade. A
tônica da coação é o medo, mas implantado por uma ação humana, oriunda de uma das partes ou de terceiro.
Enquanto no erro o agente se engana sozinho e no dolo é levado ao erro por manobras argilosas, na coação o
agente sofre intimidação, violência.
A coação não é, por si só, um vício de vontade, mas o temor que a inspira impede a verdadeira manifestação
de vontade.
Se a coação é física (vis absoluta), sobre o corpo da vítima, a pressão neutraliza a manifestação de vontade, e
a declaração viciada geram negócio jurídico inexistente. O negócio será declarado, portanto, inexistente ou
nula.
Na coação moral (vis compulsiva) o ato é anulável, posto que neste caso, o temor perturbou o espírito do
contraente, fazendo com que este manifestasse seu consentimento de forma embaraçada, turbada. Por não
tolher de forma absoluta a vontade do manifestante, é causa de invalidade anulável.
4. ESTADO DE PERIGO
Art.156 CC
Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido pela necessidade de salvar-se, ou a pessoa da família,
assume prestação excessivamente onerosa.
O parágrafo único do artigo 156 deixa a critério do juiz se a anulabilidade pode ocorrer por receio de grave
dano a ser causado a pessoa não pertencente à família. Um afilhado, por exemplo.
EX: Alguém durante assalto oferece recompensa vultuosa para quem o salvar.
O doente que contrata honorários excessivamente onerosos, por estar correndo risco de vida.
Um pai que oferece quantia muito elevada a quem salvar seu filho de um incêndio.
Difere da coação, posto que aqui não ocorre violência psicológica ou ameaça, o perigo não é causado pelo
favorecido, embora de seu conhecimento.
5. LESÃO
Art. 157 CC
Ocorre a lesão quando uma pessoa , sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
Há um evidente desequilíbrio contratual, verificando-se benefício exorbitante para uma das partes.
Requisitos da lesão:
Subjetivo: premente necessidade ou inexperiência (falta de habilidade no trato dos negócios) e o dolo de
aproveitamento ( uma das partes se aproveita das condições de premente necessidade ou inexperiência, em
que a outra se encontra , para contratar).
O § 1º do artigo 157 CC afasta a aplicação da regra rebus sic standibus (valem os fatos novos e imprevisíveis),
para fazerem valer apenas os fatos tais quais se apresentavam no momento da contratação.
Consequência: é a anulabilidade do negócio jurídico, mas as partes podem chegar a um acordo sem
necessidade de sentença, nos termos do artigo 157, § 2º do CC: tornar as prestações proporcionais.
VICIOS SOCIAIS
É um vício social traduzível pela prática de um ato de disposição patrimonial pelo devedor, com o propósito
de prejudicar os seus credores, em razão da diminuição ou esvaziamento do patrimônio daquele.
É um artifício malicioso empregado pelo devedor com o fito de impor prejuízo ao credor, impossibilitando-o
de receber o crédito, pelo seu esvaziamento ou diminuição do patrimônio daquele.
O passivo do devedor deve superar o ativo para que se configure a fraude aos credores.
Com o avanço do direito romano, as dívidas passaram a ser garantidas não mais pela pessoa de seu devedor,
mas pelo seu patrimônio.
O ato de disposição é lesivo ao credor preexistente e deve ter a sua ineficácia declarada pelo juízo.
Importante ressaltar que a fraude a credores ocorre antes da citação do devedor em ação de execução. Neste
caso, temos fraude à execução, sendo disciplinada pelo artigo 593 do CPC.
2. SIMULAÇÃO
Art.167 CC
O Código Civil vigente retirou a simulação do capítulo dos defeitos do negócio jurídico, alocando-o no da
invalidade, mas seu estudo deve ser feito neste capítulo, ao lado dos demais vícios, para fins de comparações.
Simulação significa disfarce, fingimento, simulacro. Há desacordo intencional entre a vontade real e a
declarada.
Negócio simulado é aquele em que as partes , conscientemente emitem declaração em desconformidade com
a realidade, criando a aparência de negócio inexistente ou diverso do desejado, visando enganar a terceiros.
No negócio simulado, as partes dão nascimento a um negócio aparente com todo o seu visual de certeza.
Ambas as partes estão de acordo na simulação, sendo nulo o negócio jurídico que é sempre contratual.
Requisitos da simulação:
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
SITE:WWW.YOUTUBE.COM
9ª aula
A prescrição e a decadência são fatos jurídicos naturais ou stricto sensu , pois derivam de fato natural: a
passagem do tempo.
A importância dos dois institutos está na segurança jurídica , na certeza e consequente pacificação social.
Vinculam-se ao princípio da operalidade que informa o Código Civil, que impõe a simplicidade, a facilitação
dos institutos jurídicos, a fim de que a justiça se faça de forma célere.
Não devemos mais definir a prescrição como a perda do direito de ação, mas como da pretensão do exercício
de um direito. Refere-se a direito subjetivo de crédito. Disciplinada nos artigos 189 a 206 do CC.
Conceitos variados:
“A prescrição seria uma exceção que alguém tem contra o que não exerceu, durante um lapso de tempo fixado
em norma, sua pretensão ou ação.” Pontes de Miranda
“A prescrição é a extinção de uma ação ajuizável , em virtude da inércia de seu titular durante um certo lapso
de tempo, na ausência de causas preclusivas de seu curso.” Câmara Leal
“A prescrição é o modo pelo qual se extingue um direito (não apenas a ação) pela inércia do titular durante
certo lapso de tempo.” Caio Mário da Silva Pereira
A prescrição atinge diretamente a ação, que é o que perece, mantendo-se o direito não mais exigível.
Já a decadência extingue o próprio direito pela passagem do tempo. O direito neste caso é potestativo (se
contrapõe a um estado de sujeição de outrem). Disciplinada nos artigos 207 a 211.
O Código Civil, em seu artigo 205, instituiu o prazo máximo e geral de 10 anos. Os casos especiais, estão
dispostos nos parágrafos 1º a 5º do artigo 206.
Critérios de distinção:
1. A prescrição se dá sempre em anos, a decadência pode ser em anos ou dias, ou anos e dias.
2. O critério do Prof. Agnelo Amorim Filho que associou os prazos prescricionais e decadenciais a ações
correspondentes, buscando, inclusive, as imprescritíveis:
PRESCRICIONAIS:
Ações condenatórias - relacionadas com direitos subjetivos, próprio das pretensões pessoais ou obrigacionais.
DECADENCIAIS:
Ação constitutiva positiva (que forma o negócio) ou negativa (que desfaz o negócio jurídico).
Associa-se a direitos potestativos (obriga a outra parte à sujeição) Ver art. 179 CC.
IMPRESCRITÍVEIS:
Ação declaratória - buscam, tão-somente a declaração de nulidade absoluta de um negócio jurídico. Envolve
norma de ordem pública, não convalescendo pelo decurso de tempo. Art. 169 CC.
Segundo o Prof. Flávio Tartuce, o Código Civil vigente adotou a teoria do Prof. Agnelo Amorim Filho.
Obs: A súmula 494 do STF (“A ação para anular a venda de ascendente a descendente , sem o consentimento
dos demais, prescreve em vinte anos, contados da data do ato.”) deve ser revista para a aplicação da regra
geral do 179 CC, por tratar-se de ação que a lei (art. 496 CC) não dispõe de prazo. Este é o entendimento do
STJ.
1. Identifique o prazo.
Condenatória = PRESCRIÇÃO.
Constitutiva = DECADÊNCIA.
Declaratória = IMPRESCRITÍVEL.
Detalhando:
PRESCRIÇÃO
Na prescrição, ocorre a extinção da pretensão (direito de ação), mas o direito permanece inalterado, contudo
sem proteção jurídica.
Tipos de prescrição:
1. Extintiva – a de que trata o Código Civil na parte geral. Trata-se de uma sanção ao titular do direito
violado, que extingue tanto a pretensão positiva quanto a negativa (exceção ou defesa).
1ª - A Lei 11.280/2006 revogou o artigo 194 do CC (“O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de
prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz.”)
Com a alteração do Código Civil, autorizando o magistrado a reconhecer de ofício a prescrição, pergunta-se:
Será a prescrição matéria de ordem pública? Ora, se ela atinge interesses patrimoniais privados, a questão não
está pacificada.
O Prof. Flávio Tartuce entende que a prescrição não é matéria de ordem pública, mas a celeridade processual
, sim. Funda-se tal assertiva no direito constitucional ao razoável andamento do processo e à celeridade das
ações judiciais.
Para um prático: reconhece a prescrição de ofício, julgando extinta a ação com julgamento do mérito.
Para um técnico do direito: o juiz deve determinar a citação do réu para que se manifeste quanto à renúncia à
prescrição. Apoiada pelo enunciado 295 CJF/STJ: “A revogação do artigo 194 do CC pela lei 11.280/06, que
determina ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia
admitida no art. 191 do teto codificado.”
IMPEDITIVA: o prazo não começa. Quando inicia, superado o impedimento, começa do zero. Confunde-se
com a suspensão, pois se o prazo não iniciou, não correrá.
Ver art. 197 e 198 CC. Analisar se são causas de impedimento ou de suspensão.
Contudo, o Prof. Caio Mario da Silva Pereira admite que a decadência convencional opera como prescrição,
pois o Código Civil e o CDC adotaram tal teoria. A garantia tem fundamento legal.
5º O magistrado deverá reconhecer a decadência legal de ofício: art. 210CC. Contudo, a convencional deve
ser alegada por quem interesse, em qualquer fase do processo.