A Vinganca Do Bilionario - Dantas, Lua
A Vinganca Do Bilionario - Dantas, Lua
A Vinganca Do Bilionario - Dantas, Lua
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meio eletrônico,
mecânico, fotocópia ou qualquer outro tipo, sem prévia autorização por escrito da
autora.
Esta é uma obra de ficção com o intuito de elevar a imaginação do leitor. Toda e
qualquer semelhança com nomes, datas, personagens, lugares e acontecimentos é
mera coincidência.
Tudo aqui narrado ocorre apenas na imaginação fértil da autora.
A VINGANÇA DO BILIONÁRIO
Setembro/2023
Formato E-book
Criado no Brasil
Imagens: Canva
A minha intenção ao escrever esta história é trazer entretenimento ao
leitor, recorrendo ao uso da licença poética a história aborda temas da realidade e
que talvez por alguma razão pode causar algum desconforto ao leitor, caso isso
ocorra com você é recomendável dar uma pausa na leitura. Afinal, a sua saúde
mental vem em primeiro lugar. Eis alguns temas que podem acionar gatilhos
como: perdas de pessoas queridas, cárcere privado, fuga, violência e linguajar
inapropriado. Se insistir a ir adiante saiba que muito me alegra e além disso
recomendo que prepare o coração para as dosagens certas: amor, paixão,
compreensão, sacrifícios e uma pitada de hot daquelas de tirar o fôlego.
Lua Dantas
SUMÁRIO
NOTA DA AUTORA
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
NOTA DA AUTORA
Foi com imensa alegria e entusiasmo que escrevi esta
história, desde o princípio me apaixonei pelo Marco. Ele foi
incrível e eu estou torcendo que você, leitor (a) se encante por
meu menino, que teve um passado difícil. Diante da dor cada
um de nós reage de forma distinta. Quando estamos diante da
dor ou de alguma perda, temos uma maneira própria de lidar
com isso e com o Marco não é diferente. Entendê-lo, é a única
coisa que eu peço a cada um que parar o seu mundo para ler
o meu, ou seja, o mundo de Marco.
LUA DANTAS
SINOPSE
Marco Roga sempre se considerou acima do bem e do
mal. Por trás da fachada de um grande empresário, esconde
inúmeros segredos.
Ele consegue tudo o que quer.
Ele criou as suas próprias regras.
Um gênio na arte da sedução e poder.
Ele não suporta crianças.
Ele não acredita no lado bom da vida.
Ele é cético, pragmático e extremamente reservado.
Diana Santinni sempre viveu cercada pelo luxo, riqueza e
poder. Além disso, vive em constante confronto com a mãe,
uma mulher extremamente manipuladora e possessiva.
Ela enxerga bondade nas pessoas.
Ela é amorosa.
Ela é voluntária em um abrigo que acolhe crianças órfãs.
Diana e Marco são como água e óleo, não se misturam.
No entanto, há uma linha tênue que interliga um ao outro,
que só mais tarde eles irão descobrir.
Uma pessoa do passado será a ponta do iceberg e isso
acabará desencadeando um jogo de manipulação, mentiras,
luxúria e paixão.
Enquanto Marco surfa na onda do acaso, convicto de que
suas escolhas não terão consequências, Diana ingenuamente
acredita ter encontrado o verdadeiro amor. No entanto, ela irá
descobrir que aquilo que começa errado, em algum momento
vai dar errado.
Diana se vê enredada em uma teia de mentiras e
segredos obscuros e logo ela percebe o quanto é perigoso
entregar o seu coração a alguém com um passado duvidoso.
Só nos resta descobrir se Diana, uma pessoa iluminada, vai
suportar conviver com a escuridão do homem que ela acabou
se apaixonando.
O amor pode ser uma tragédia para aqueles que
acreditam ou um acontecimento raro para aqueles que
duvidam.
PRÓLOGO
Passado
Obrigada pela noite fantástica. Vejo que você não mentiu quando garantiu que
eu teria uma noite de sexo inesquecível. Você foi incrível! E só para deixar
registrado: em toda minha vida eu nunca tive um jantar tão especial igual ao
que você proporcionou. Você é ótimo no que faz. Jamais duvide disso.
Beijos, Dih... sua pequeña.
Ela rabiscou a palavra pequena, o que fez me arrancar
um sorriso.
— A farra deve ter sido boa. — Liliana comenta, ao me
ver entrando na sala para o meu desjejum. Imagino que ela
não gostou em ter que sair da mansão atendendo a um
pedido meu. Não compreendo essa fobia social que ela possui.
Embora que, na maioria das vezes, eu prefira a solidão do
meu teto do que conviver com os humanos. Quanto ao fato
dela ter se afastado do convívio social, é injustificável. Ela tem
os seus traumas. Mas o que leva uma pessoa a querer viver
isolada? — Conseguiu convencer a garota a cair no seu
papinho de um bom rapaz? — Há um tom de desdém em cada
palavra. Ignoro-a. Começo a me servir assim que me sento.
Liliana está parada na minha frente com os braços cruzados
como um sargento. Encho a xícara de café preto sem açúcar.
A minha bebida matinal antes de qualquer outra tarefa. — Vi
quando a garota estava indo embora — ergo o meu olhar para
ela e noto o tom zombeteiro implícito. — Dessa vez ela foi
mais esperta do que você. — Continuo neutro. — O que você
pretende usando uma pessoa inocente? — Está claro que ela
está tomando as dores de alguém que ela sequer conhece.
Aprecio o meu café. Estou perto de conseguir o que almejo e
não vai ser ela que vai estragar isso.
— Por enquanto, ela não está reclamando de nada. —
Ironizo.
— Como ela vai reclamar de algo se ela está achando que
está dormindo com um anjo, quando você é o próprio diabo?
— gargalho com a comparação. Liliana acha que, por eu lhe
permiti total liberdade, ela pode me aconselhar, mas não
pode. Faz muito tempo que eu deixei de ouvir conselhos e
passei a seguir as minhas próprias crenças. — Já imaginou
no quanto você pode magoar esta moça se continuar com essa
ideia absurda? — Sua pergunta tem um fundo de verdade eu
poderia refletir sobre, mas neste momento estou pensando em
mim.
— Não estou fazendo nada que eu possa me envergonhar.
Diana é uma mulher adulta e bonita. Não tenho culpa se os
meus instintos falam mais alto. — Liliana reluta para me
dizer mais, no entanto, se cala. Ela sabe que essa discussão
vai nos conduzir por águas turbulentas.
— Sinceramente, eu espero que você tenha um pouco
de bom senso e perceba a besteira que está fazendo. —
Conselhos. Ladainhas. Intuições. Reviro os olhos, deixando
claro que estas coisas não me agregam em nada. — Já
pensou que você pode acabar se apaixonando por essa
menina? — Cuspo o café da minha boca, alvoroçado com
aquilo que escutei. É o pensamento mais idiota e estúpido
que escutei em toda a minha vida. Zangado, limpo em mim a
sujeira que causei. Aliás, que ela causou.
— A paixão é para os fracos e os tolos, e eu estou imune
a isso. — Desdenho.
— Será mesmo? — Rebate como se quisesse me provocar.
E ela quer. Oh, mulherzinha atrevida! — Na vida existem
freios e contrapesos, pense nisso! — Recomenda, encerrando
o nosso diálogo em ebulição e se retirando, convencida de que
ganhou a causa. Perco o apetite.
O domingo passou em banho-maria, lento e sem grandes
acontecimentos. Tirando o fato da Liliana estar zangada
comigo e vice-versa, nada estranho aconteceu. Tentei
trabalhar em alguns projetos, mas não obtive resultados, já
que o assunto Diana não me deixava em paz. Depois de foder
milhares de vezes, era para eu me sentir sossegado e, no
entanto, nada assim ocorreu. Pelo contrário, desejo
ardentemente tê-la comigo. O que é estranho, porque sou um
homem que nunca me apeguei a nada e, de repente, não
consigo tirar a feiticeira da minha cabeça, seja a de cima ou a
de baixo.
Ela poderia ter escolhido passar o domingo aqui comigo,
mas decidiu fugir no meio da madrugada. Isso deve ser algum
tipo de revanche.
No alto da minha estupidez, cometi a imprudência de
ligar para convidá-la para passar o domingo comigo, mas ela
não viu a minha ligação ou não quis atender. O mais provável
é que ela não queira falar comigo. Enviei-lhe mensagens de
cunho clichê e piegas que os românticos fazem, e mesmo
assim o resultado foi o mesmo: o silêncio.
Começo a ficar irritado por não ter obtido êxito e passo o
restante do dia enfurnado no meu escritório, de mau humor,
fumando e tomando uísque.
Odiei o fato de estar assim tão dependente de alguém.
Esse sentimento é novo para mim e bastante corrosivo.
☼
— É definitivo, você vai viver com o boy magia! — Pâmela
brincou ao me ver guardando os meus pertences no closet da
suíte do Marco. Definitivamente eu tinha me mudado para cá
desde o dia do incêndio e somente agora eu admitia isso.
— Espero que o boy magia não tenha mais nenhum
esqueleto no armário. — Revirei os olhos ouvindo os seus
comentários. — Porque amiga, conviver com este homem é
uma verdadeira montanha-russa. — Deita-se na cama de
bruços, me encarando com aquele olhar petulante. — Nunca
tive dúvidas que o Marco seria um cara surpreendente, agora,
que o homem tinha um passado duvidoso, isso eu nunca
imaginei. — Ela está fazendo drama dos acontecimentos. —
Primeiro que o homem mais rico de toda a América foi um
garoto morto de fome que comeu o pão que o diabo amassou e
jogou fora. E que além de tudo, o homem ainda tem uma ex
barraqueira e, ainda por cima, mãe de uma garotinha que, se
pudesse, roubava para mim. — Gargalha quando me vê
ficando preocupada com o seu comentário. Logo demonstra
estar me gozando. Sophia é uma garotinha esperta que
consegue conquistar todas as pessoas. — Espero que as
surpresas parem por aí. — Terminei de guardar os meus
pertences e me juntei a ela. — Mas, estou muito feliz em ver o
quanto você está amada e bem comida.
— Pam... — Ralhei, me fingindo ofendida. Eu tenho uma
amiga devassa. Ela riu me provocando.
— Chego a sentir inveja da família comercial de
margarina que vocês estão construindo. — Revirei os olhos,
desaprovando os seus comentários, mesmo sabendo que ela
está brincando. — Estive observando o cão de guarda do
Marco e percebi que ele não é de se jogar fora. Aquele homem
grandão, forte com os bíceps salientes cheio de tatuagem e
com pinta de criminoso. Quase cheguei a ter um orgasmo só
em olhar. — Gargalhou igual a uma hiena. — Você alguma
vez já o viu de sunga quando estão na piscina se certificando
qual é o tamanho do documento?
— Sua louca pervertida! Eu nunca vi o Herbert nesta
situação. Ele está sempre com aquelas roupas de trabalho,
aquele aparelho no ouvido. E ele é sempre silencioso e nunca
se junta a nós.
— Suspeito! — Meneei a cabeça me divertindo com a sua
expressão.
— Você pode tentar descobrir o tamanho do documento
dele fazendo o teste drive. — Ela me olhou chocada.
— E a única pervertida aqui era eu! — Debocha jogando-
me o travesseiro.
— Já pensou que o Herbert pode ser a versão número
dois do Marco? — Relembrei a ela que acabou rindo.
— Aquele lá deve estar no celibato há tantos anos que
deve ter até casa de aranha na região do seu pau.
— Você pode desfazer a casa de aranha. — Provoquei-a.
— Depravada! Depois que engravidou ficou safada!
Gargalhamos juntas quando ela me abraçou. A Pâmela
sempre vai a minha amiga e irmã do coração.
CAPÍTULO 27
O chão se abriu sobre os meus pés quando o meu
advogado me revelou sobre a decisão do juiz. Isso é um
pesadelo. O maldito de um pesadelo. Não acredito que o juiz
levou em consideração as palavras daquela mulher.
Vanessa Drucker voltou das profundezas do inferno para
me atazanar, só pode. Foi diretamente mandada pelo capeta
para retirar a minha paz.
— Você precisa fazer alguma coisa, Carvalho! — Ralhei
com o pobre do advogado que estava se esforçando para
realizar o seu trabalho.
— Estou fazendo o que posso, Marco...
— Precisa fazer o que não pode também! — Bufei,
caminhando pela sala da presidência com a minha cabeça
prestes a explodir. Ele tenta me acalmar. Inútil. — Tem que
ter algum jeito de não levar a Sophia embora da minha casa.
— Enquanto o processo de guarda estiver em andamento
não existe outro meio a não ser acatar a decisão do juiz. —
Passei minhas mãos nas minhas têmporas, com um
sentimento de derrota me consumindo. — Hoje à tarde a
assistente social vai à mansão para levá-la, como o juiz
ordenou. — Ele explica, como se eu não soubesse o alfabeto.
Eu só não quero ter que ficar longe dela! Eles vão levá-la
para um lugar estranho que ela não está habituada. Se ao
menos não tivesse tido o incêndio... Maldito Norberto! Se ele
não estivesse morto eu mesmo faria isso com as próprias
mãos.
Depois que a polícia descobriu que ele foi quem colocou
fogo no abrigo Lar do Coração, ele foi encontrado morto antes
de prestar seu depoimento. Estava tão claro quanto a água
que ele foi morto como queima de arquivo. Era óbvio que
tinha alguém por trás deste atentado. Norberto foi um ratinho
nas mãos do rato-mor e Vanessa sabia disso e não contou
tudo. Como odeio aquela vadia!
Mataram o desgraçado e as suspeitas recaíram todas
sobre mim. Era só o que me faltava: nesta altura do
campeonato ser acusado de criminoso. E para a minha vida
ficar pior, minha secretária Melissa decidiu espalhar mentiras
ao meu respeito. Aquela vadia dos infernos está me acusando
de assédio. E o mais trágico é que a vadia é prima da
Vanessa. Porra, como eu nunca percebi isso? Duas pistoleiras
de plantão, prontas para me ferrar.
— Assim como você, a Vanessa também quer a guarda da
menina. — A voz do meu advogado me retira dos meus
devaneios.
— Ela não quer ficar com a guarda, ela quer o meu
dinheiro! — Ladro.
— Isso nós sabemos, mas não temos provas. E é a sua
palavra contra a dela. — Lanço-lhe um olhar frio. E lá no
fundo concordo que ele tem razão.
— Mexa o seu traseiro, Carvalho. — Digo ríspido. — E
descubra meios de destruir esta mulher. Porque o inferno vai
precisar congelar, mas ela não vai conseguir ficar com a
minha filha. — A nossa reunião estava encerrada. — Estou
indo para casa antes que esta assistente apareça por lá. E só
me contate se realmente encontrar uma solução. — Aviso, ao
passar pela porta e sumir. Olhei o local vago deixado pela
secretária e balancei a cabeça. Se ao menos eu tivesse visto a
serpente que ela era, não estaria vivendo esta situação.
Doeu ver os olhinhos da Sophia cheios de
lágrimas quando a assistente chegou para levá-
la daqui. Todos na sala tinham uma expressão fúnebre nos
rostos. Diana se desmanchava em lágrimas e tristeza, assim
com os demais. Quando a minha pequena me abraçou, com
os seus bracinhos frágeis, eu quis eternizar a sua lembrança
em mim. Mesmo ciente que esta partida seria temporária, lá
no fundo, eu temia por tudo o que ainda viria.
— Logo você estará aqui conosco, meu amor. — Prometi
a ela, beijando o seu rostinho. Diana e ela se abraçaram e os
seus soluços doíam bastante em mim. Assim que ela se
despediu de cada um de nós, a assistente segurou sua mão,
guiando-a para fora da mansão. Para distante da gente. A
porta se fechou e, por enquanto, só a lembrança da minha
garotinha estaria em cada um de nós. Isso me daria forças
para trazê-la de volta. Apertei Diana em meus braços,
querendo trazer para mim um pouquinho que fosse da sua
dor.
À noite, sentado na cama, olhava a sua foto, sorridente,
em um porta-retratos que fiz questão de colocar ali. Diana
saiu do banheiro e, me encarando com os olhos tristes, me
abraçou quando se sentou ao meu lado.
— Eu sinto como se estivesse perdendo a minha filha
mais uma vez. — Confessei aos prantos. Ela me apertou mais
forte.
— Isso não vai acontecer. A Sophia vai voltar para gente,
meu amor. — Garante.
Fico pensando como ela deve estar se sentindo em um
lugar cheio de pessoas estranhas. A vida inteira, ela só
conhecia a Amélia e os demais. Nós éramos a família que ela
conhecia e, de repente, ser arrancada do seio familiar deve
mexer com a sua cabeça infantil. O mais doloroso é que não
podemos fazer uma visita. Para vê-la tem que ser na presença
da assistente social e em dias estipulados. O Carvalho tem
que agilizar este processo de guarda logo, não vou aguentar
ficar longe dela por muito tempo.
Em meio a minha agonia, consigo me deitar e, aos
poucos, sou engolido pela escuridão. Dormir ao menos não
me fará pensar tanto nela.
CAPÍTULO 28
Os dias não estão sendo fáceis. A cada minuto é um
acontecimento. Ao menos trabalhando eu não penso tanto
nos meus problemas. Ontem eu visitei a Sophia no orfanato e
o meu coração se partiu em mil pedaços quando vi sua
tristeza tão transparente. Foi doloroso ver o seu sofrimento.
Há algo que notei que está me deixando inquieta. Não gostei
de algumas atitudes da assistente. É como se ela não fosse
quem tenta parecer.
— Posso entrar? — Meu pai surgiu na porta, pedindo
autorização para entrar na minha sala. Como se ele
precisasse disso. Assenti, pedindo que o fizesse. — Tudo bem?
E o meu neto? — Pergunta-me, dando um beijo no meu rosto.
— Estou bem. Ou ao menos tentando ficar bem. — Ele se
senta e noto uma ruga de preocupação na sua testa.
— Agora quem não está bem é o senhor. — Sondei. Ele
desviou o olhar como se não quisesse que eu descobrisse o
que está acontecendo. Mas, em seguida, decidiu revelar o que
estava deixando inquieto.
— A sua mãe me expulsou da mansão.
— Como assim, te expulsou de casa? — Não estava
entendendo nada. Ele suspirou, antes de responder.
— Eu descobri que ela tem um caso com o George. —
Arregalei os olhos, em choque. Juro que se não tivesse
sentada teria caído no chão. — Caso este, que iniciou quando
vocês ainda estavam juntos. — Não. Custei a crer naquela
história maluca. Mas logo vejo que não é tão maluca. Vejo que
a história é mais escabrosa do que pensava. O George me
traía com a minha própria mãe! Aliás, ambos me traíram. — E
ela roubou a empresa... — Fiquei perplexa. O que ela tinha na
cabeça? — Tudo agora pertence a ela.
— Como assim? — Tudo era muito confuso. Eu precisava
que ele me explicasse detalhadamente. Eu estava vivendo em
alguma novela mexicana e ninguém tinha me avisado?
— A sua mãe me deu um golpe e todo o meu patrimônio
agora pertence a ela. — Se exasperou, e com razão. — Não
tenho nenhum dinheiro nas minhas contas. Ela raspou tudo!
Levei alguns segundos tentando assimilar aquilo que ele
disse. Como a minha fez isso? Ela deu um golpe no meu pai!
O homem com quem ela está casada há mais de vinte anos. E
o mais perverso disso tudo é o fato de ela ter um amante, e o
seu amante ser o homem que algum dia eu cogitei em me
casar. Céus! Eu não reconheço quem é a mulher que me deu
a vida.
Levantei-me e me dirigi para fora da minha sala. Eu
precisava conversar com ela. Precisava entender tudo o que
estava acontecendo e o que ela foi capaz de fazer.
— Aonde você vai, Diana? — Meu pai indagou-me, mas
sequer olhei para trás ou respondi. Acho que ele entendeu
para onde eu estava me dirigindo.
Invadi a sua sala de forma abrupta. A secretária tentou
me impedir, sem resultados. Ela ergueu o olhar assim que me
viu entrando pela porta. Cruzou os braços de forma soberba.
— Pode me explicar qual é a palhaçada que você
aprontou desta vez? — Perguntei ríspida, batendo os meus
punhos na sua mesa. Ela não me respondeu, apenas me
olhou com cinismo. — Que história é essa que você deu um
golpe no meu pai? Onde está...
— Ah! Ele já foi chorar no ombro da filha? — Disse com
desdém, ficando em pé. — Eu não dei golpe algum. O seu pai
que escolheu passar tudo para o meu nome.
— Sua víbora! Judas! Traidora! — Vi seus olhos piscando
ao ouvir as minhas palavras.
— Você me respeite.
— Te respeitar? — Gargalhei com deboche, devido a sua
empáfia. — Quando você mesmo não se dá o respeito? Esses
anos todos estava tendo um caso com o namorado da própria
filha. E ainda quer falar de respeito?
— Não admito que você fale assim comigo. O seu pai está
exagerando.
— É engraçado que a senhora vive falando tanto em
preservar a família, quando é a primeira a não seguir as
próprias regras que criou. — Ela me fulminou, mas não temia
e, neste momento, tudo o que eu queria era colocar para fora
tudo aquilo que guardei estes anos todos. — A vida toda vivia
me criticando, colocando defeitos em mim, quando na
verdade, todos estes defeitos estavam em você. Tentar
entender a sua falta de amor e afeto eu até entendo, agora
olhar para essa mulher... — fiz um gesto com as mãos de
cima a baixo. Ela engoliu em seco, — e descobrir que ela não
só traía o meu pai como a mim também, e, além de tudo, foi
capaz de roubar o homem com quem viveu por mais de vinte
anos, é diabólico! Começo a duvidar se eu realmente vim do
seu útero. — Fiz uma pausa, tentando recuperar o meu
equilíbrio. Ela não tinha mais aquele brilho de vitória nos
olhos e o seu olhar revelava outra coisa, que não consegui
decifrar. — Me tratou como uma vadia quando eu fiquei
grávida, mas agora eu vejo quem é a vadia aqui — segurei a
sua mão por reflexo quando ergueu para me bater — nunca
mais encoste essas mãos imundas em mim. — Apertei com
forças. O seu rosto estava banhado pelo ódio. — E saiba que
você vai devolver cada centavo que roubou do meu pai.
— Vai sonhando. — Debochou, quando eu a larguei. — E
a partir de hoje você não trabalha mais aqui. Pegue a sua
trouxa e suma daqui! — Disse categórica. — Não quero
nenhuma filha de Belzebu trabalhando ao meu lado.
A única Belzebu aqui é ela. Mas não vou entrar neste
embate.
Eu sei que se, quisesse, continuaria nesta empresa, mas,
sinceramente, não faço questão de continuar ao seu lado
sabendo de tudo o que ela fez e, principalmente, tendo a
certeza que o George vai continuar aqui. Como o capacho que
é.
— Saiba que sou que prefiro não trabalhar aqui
enquanto você ocupar esta cadeira. — Fiz uma pausa. — Mas
saiba que isso será temporário. Porque eu vou atrás dos meus
direitos e dos direitos meu pai e, quando a gente conseguir
tudo de volta, você vai terminar os seus dias atrás das grades.
— Ameacei. Virei-me para sair, mas a sua voz sonora e
carregada de maldade me impediu de continuar.
— Hoje vejo o quanto é bom saber que você não carrega o
sangue da família Santinni e muito menos o meu. — Olhei
aturdida, descrente. Ela viu o quanto as suas palavras me
deixaram abalada e continuou despejando o seu veneno. —
De alguma maneira você foi bem útil para mim no passado,
mas hoje não me serve para nada. Porque foi através de você
que o seu pai me escolheu. Eu dei uma filha ao Arturo, algo
que aquela mulherzinha que ele dizia amar não fez.
— Do que você está falando? — Indaguei assustada,
temendo ouvir a verdade dolorosa, cruel e crua.
— Isso o que você acabou de ouvir. — Disse em um tom
mais brando, se divertindo ao ver a minha dor. — Você não
queria tanto entender o motivo de eu nunca ter te amado?
Então agora você sabe. — Gargalhou cinicamente — Você não
é e nunca foi minha filha. E muito menos o Arturo é o seu
pai, como você pensou.
— Não... — Não tendo forças para permanecer em pé,
sentei-me. — Isso é mais uma das suas mentiras. — O meu
rosto estava debulhado em lágrimas.
— Por que você acha que o seu pai se casou comigo? —
Desdenhou. — Eu o fiz acreditar que estava grávida e, ao
saber disso, o idiota achou que o bebê tinha o seu DNA. — Se
aproximou de mim, dizendo com soberba. — Uma mulher
precisa ter algumas armas para enganar um homem. Ter você
foi o meu passaporte carimbado para usufruir de todas as
regalias que o dinheiro e o poder podem proporcionar. Por
isso não pensei duas vezes quando tive que pagar para ter
você.
— Pagar? — Que merda ela está dizendo? Enxuguei as
minhas lágrimas com brutalidade. Esta história era muito
cabeluda para ser real. E era real. E eu fazia parte desse
horror.
— A sua mãe biológica vendeu você.
— Não... — Ela riu histericamente.
— O que você falou? — Meu pai e Pâmela entraram na
sala no momento que ela confessa que eu tinha sido
comprada. Pâmela sentou-se ao meu lado, segurando as
minhas mãos, me dando apoio. Meu pai olhava para ela,
atônito.
— Pergunte a ela. Não vou ficar aqui repetindo a mesma
história. — Disse, com deboche. — E todos vocês podem se
retirar da minha sala. — Seguiu na direção da porta e, com
um sorriso cínico, completou. — E quanto a esta coisinha
insignificante — apontou para a Pâmela — está demitida. Não
quero ninguém que faça parte do fã clube Diana trabalhando
nesta empresa.
— Coisinha insignificante é a tua avó, sua megera! —
Pâmela avançou na sua direção, dizendo-lhe poucas e boas.
— Nunca gostei de você, cobra-mor!
— Garota, você está me ofendendo...
— Eu que não quero trabalhar aqui para ficar vendo esta
tua cara azeda todos os dias, serpente.
— Saiam daqui! — Berrou.
— Tem mais uma coisa que eu preciso fazer. — Disse, se
aproximando e cuspindo na cara dela. Fiquei pasma com o
que eu a vi fazendo, mas sorri por dentro quando vi a cara
que ela fez. — Você me dá nojo!
Afastou-se.
Saímos enquanto ela ficava lá aos berros, nos
amaldiçoando por sete gerações.
CAPÍTULO 29
Meu pai chorou quando contei a ele tudo o que a minha
mãe disse. Para ele, foi muito difícil entender a crueldade da
minha mãe, que agora descobri que nunca foi minha mãe. Eu
cresci achando que os meus pais eram os meus pais e mais
de vinte anos depois descubro que não sou filha deles.
Sentia uma dor imensa no meu coração quando cheguei
à conclusão de como descobrir isso me deixou
desestruturada. É como se a minha base tivesse sido
removida e eu me sentia a beira de um princípio prestes a
colidir com a minha tristeza. Meu pai segurou minhas mãos
e, com a voz emocionada, confessou.
— Descobrir que não sou o seu pai biológico não modifica
em nada o amor que sinto por você — suspirou — você é a
minha filha. O sangue não é nada comparado ao amor que
tenho por você. — Tocou no meu rosto de forma gentil. — Eu
te segurei nos meus braços, tão pequenina e frágil e, naquele
dia, eu descobri que tinha recebido uma dádiva. Eu te vi
crescer, se desenvolver e se tornar essa mulher forte e
determinada que me enche de orgulho. Uma filha
maravilhosa. Uma mulher bondosa. Uma mãe guerreira. O
meu neto será muito amado por você. — Sorrio, ouvindo suas
palavras. — Uma mulher que tem o coração imenso e que
está sempre preocupada com o bem-estar de todos. E,
independente de tudo, eu ainda continuo sendo o seu pai.
Abraçamo-nos chorando. Nunca tive dúvidas do seu
amor. Suas palavras me comoveram. Saber que nada anulava
aquilo que construímos juntos me deixava forte. Porque o
meu amor de filha não mudou em nada ao saber do meu
passado.
— O senhor é um pai maravilhoso. E tenho muito
orgulho de ser sua filha.
Os últimos acontecimentos deram uma chacoalhada na
minha maneira intensa. O processo da guarda da Sophia
corria na justiça. Vanessa estava disposta a tirar a paz do
Marco. Ele vivia triste e pensativo pelos cantos.
Desde o momento que descobriu que era o pai biológico
da Sophia, tudo o que queria era ficar perto da filha. As
poucas horas em que eles ficavam juntos não era suficiente
para ficarmos em paz. Era um processo lento e doloroso.
Quanto à reconstrução do Lar do Coração essa era uma das
únicas coisas que parecia estar de vento em polpa. Logo a
casa estaria pronta e Dona Amélia poderia se mudar para lá
com as crianças. Todos nós lamentávamos a ausência de
Sophia. É como se ficar longe dela tivesse feito um buraco no
meu coração que só seria preenchido no dia que ela voltasse
para nós.
Estava entrando na trigésima semana de gestação e o
meu bebê se movimentava igual um gigante dentro da minha
barriga. Às vezes pensava que o meu filho lutava caratê,
porque não é possível que um ser tão pequeno se mexesse
tanto. Tinha a impressão de que carregava um lutador dentro
da minha barriga e não um bebê.
A cada dia eu via o amor incondicional que o Marco
demonstrava pelo nosso Zion. Marco nunca declarou que me
amava ou que estava apaixonado por mim. Tais palavras
nunca saíram da sua boca e às vezes concluo que não é
preciso. Porque sinto o seu amor por mim em cada gesto, em
cada olhar, em cada beijo. Na maneira como ele acaricia a
minha barriga. Na forma como ele conversa com o nosso filho
e em como canta desafinadamente para ele. O jeito peculiar
que fazemos sexo. A gentileza com que ele segura a minha
mão durante uma refeição ou quando passeamos de mãos
dadas pelo calçadão. Até o seu jeito silencioso e a sua
bagunça interna. Tudo isso eu sinto que é amor. O amor mais
sublime e real que alguém já sentiu por mim.
Eu amo este homem de uma forma tão intensa e madura
que às vezes sinto emoção em cada parte do meu ser. Ele se
acostumou a me ouvir dizendo que o amo toda vez que tenho
um orgasmo e não foge mais de mim, como também não diz
uma palavra. Apenas me puxa para perto de si e me abraça
forte e, com ele, sinto que consigo enfrentar o mundo. Nunca
tive a pretensão ou esperança que ele diga que me ama
verbalmente. Até porque presencio a sua batalha interna em
admitir aquilo que tanto teme em voz alta. O fato dele estar ali
ao meu lado, colorindo o meu mundo mesmo que no seu haja
tanta escuridão, é compensatório. Acho que eu já consegui
muito quando ele quebrou a maioria das suas regras para me
deixar acessar o seu mundo particular de dor, lutas e perdas
imensas.
O homem sombrio é a pessoa mais humana que já
conheci.
No fim, tenho a impressão que foi ele quem me resgatou
quando resolveu me mostrar o seu lado mais obscuro e, ainda
assim, me fazer amá-lo.
Meu pai estava tentando contornar a situação e reaver os
seus bens que a minha mãe roubou. Outro processo que vai
levar um tempo, mas não descansaremos enquanto todas as
coisas não estiverem no seu devido lugar.
— Que bom que o senhor veio! — Digo com um sorriso,
abraçando e beijando o meu pai. Ele nunca colocou os pés na
casa do Marco, hoje é a primeira vez. Quando a gente se
afastou o meu pai ficou decepcionado com ele, mas depois
que a gente reatou, ele decidiu dar outra chance. Afinal, era
visível o quanto conviver com Marco me deixava feliz. Estando
feliz, o meu pai também ficaria. Apresentei o meu pai a todos.
— Vem pai, quero que o senhor uma pessoa especial...
— Lili.
— Arturo.
Ambos disseram em uníssono e os encarei sem entender
nada. Eles demonstraram que já se conheciam. O Marco
estava tão perplexo quanto eu.
— Vocês se conhecem? — Indaguei, percebendo o
impacto que a presença do meu pai causou na Liliana. A sua
fisionomia impregnava medo, e acabei ficando confusa.
— A gente... não acredito que te encontrei aqui. — O meu
pai estava surpreso e a sua voz foi quase um sussurro. — Não
acredito que depois de tantos anos nos reencontramos!
— Arturo, eu não sei o que te dizer. Faz tantos anos que
foi um choque te reencontrar. — Realmente ela parecia estar
chocada mesmo. — Mesmo ciente de que um dia isso
aconteceria, eu não estava preparada para rever você. — Senti
uma tensão no ar. Um desconforto de ambas as partes. Um
reencontro que prometia trazer recordações para eles.
— A Lili foi o grande amor da minha juventude. — Meu
pai confessou com certa tristeza e provavelmente uma grande
mágoa. Foi neste momento que a minha ficha caiu. A Liliana
era a mulher que o meu pai nunca conseguiu esquecer. — E
até hoje eu nunca entendi a razão pela qual ela partiu. — As
suas palavras exprimiam uma grande dor. Aquela dor que
arranha toda vez que a gente lembra de algo que ficou
inacabado.
— Talvez ela possa te explicar agora. — Lá no fundo do
meu coração eu torcia para que eles se entendessem. Quis me
retirar na intenção em deixar os dois sozinhos fazendo um
sinal para o Marco me acompanhar, mas as palavras da
Liliana me fizeram permanecer parada no mesmo lugar.
— Você pode ficar, Diana. — Não era uma pergunta, era
o pedido de uma pessoa que eu admirava muito. — É
importante que você escute tudo o que vou dizer. — Ela nos
olhou por alguns segundos, logo em seguida retomou. — Eu
sempre tive a doce ilusão que o passado seria para sempre
uma pedra removível. E eu me agarrei a isso todo santo dia.
Eu te contei uma vez que fui para a prisão? — Assenti,
relembrando a nossa conversa de meses atrás. O meu pai
parecia não estar entendendo nada.
— A senhora disse que foi acusada injustamente. —
Relembrei. Ela assentiu, me olhando com uma doçura e um
pouco de tristeza. Foi neste instante que a minha ficha voltou
a cair novamente.
— A senhora disse que foi traída por uma amiga. Essa
amiga, por acaso, era a mulher que eu pensava ser a minha
mãe? — Afirmou que sim.
O seu relato e as suas lembranças eram de doer o
coração. Fiquei sensibilizada porque pude ver sua dor e a
tristeza que ela carregava dentro de si em todos aqueles anos.
Liliana ficou tão traumatizada que, em vez de buscar justiça
ou vingança, escolheu viver reclusa. Agora eu entendia a sua
fobia social. Ela sofreu horrores na prisão e o pior nem é isso
e sim, o fato de ter que viver longe do homem que amava
devido às maldades de uma pessoa egoísta e invejosa.
Relembrou sobre a sua gravidez e o filho que ela tanto
queria ter e que foi impedida de exercer o seu amor de mãe
por causa da crueldade de uma mulher que se intitulava a
sua amiga. Amigos assim, para que inimigos?
— Minha adorada filha, algum dia você conseguiria me
perdoar? — Perguntou-me comovida. Estávamos próximas.
Agora eu sei de onde eu vim. Agora eu sei o motivo da
Marieta nunca ter gostado de mim. Eu sou a personificação
mais real da mulher que ela sempre desejou ser. Descobri que
não fui comprada, como a Marieta queria que eu acreditasse.
— A senhora não tem que me pedir perdão. A senhora foi
tão vítima quanto o meu pai. Quanto eu. As maldades da
Marieta são sem limites. — Abracei e ela retribuiu. Naquele
instante eu percebi que, finalmente, tinha um lar acolhedor e
amoroso. Agora eu entendia a razão de sempre ter gostado
dela e confidenciado muitos dos meus medos. Laço materno a
gente reconhece, independente das circunstâncias. Descobrir
que a minha mãe biológica era a Liliana foi o melhor presente
que a vida me trouxe. Sei que as suas dores não serão
esquecidas de um momento para o outro. A cura equivale a
um caminho lento e doloroso. Mas, juntas, poderemos colorir
o nosso futuro e escrever um novo capítulo na história das
nossas vidas.
— Minha mãe. — Expressei, porque seria assim que a
chamaria a partir de agora. Ela era minha mãe e, portanto,
exerceria o papel que lhe foi arrancado há duas décadas.
— Minha bebezinha... — Ela riu, me trazendo para perto.
— Minha menina.
Agora eu era uma mulher, mas isso não me impediu de
sorrir e agradecer por reencontrar a mulher que me deu a
minha vida.
Foram muitas emoções, mas ali não restou resquícios de
mágoa, ódio e acusações. Tristeza e dor talvez, mas isso seria
sanado pelo tempo.
CAPÍTULO 30
Foi de cabeça erguida e consciência limpa que entramos
no edifício da empresa da família do meu pai. Nós quatro: eu,
meu pai, a Pâmela e minha mãe Liliana.
Finalmente tinha chegado o dia da revanche e eu ia amar
ver a cara perplexa da Marieta. Os seguranças tentaram
impedir a nossa entrada, mas não foram além quando
explicamos qual era o nosso objetivo ali. E também por ver a
viatura chegando compreenderam que não tinham muitas
escolhas. Todos no edifício nos encaravam como se fôssemos
seres vindos de outro planeta. A maioria ali era fisionomia
nova e desconhecia a veracidade dos fatos. Ignoramos todos
eles. O nosso objetivo aqui era outro e ele se encontrava no
último andar. Entramos no elevador e Pâmela cochichou no
meu ouvido que estava se sentindo uma integrante do
quarteto fantástico em uma de suas missões. Sorri com o seu
comentário.
As portas se abriram quando o elevador parou e então
saímos. A secretária da minha mãe nos olhou e tentou
impedir-nos de ir adiante, sem sucesso. Abrimos a porta e
invadimos o espaço, chocados com a cena que se desenrolava
diante dos nossos olhos.
Tinha um gogo boy com a boca enfiada entre as pernas
dela, chupando sua boceta. Os seus seios saltando para fora
do sutiã e o homem estava com o pau de fora. O choque dela
ao ser pega em flagrante foi muito maior do que o nosso, por
vê-la ela naquela situação constrangedora. Pela primeira vi
um lampejo de vergonha enquanto empurrava o homem para
o lado, tentando se recompor. Rapidamente o homem se
recompôs e saiu da sala correndo.
— O que estão fazendo aqui? Já não proibi a entrada de
todos vocês? — Resmungou nervosa. Claro que ela nunca
esperava nos ver aqui e principalmente em uma situação tão
constrangedora! — Saiam daqui agora ou eu chamo os
seguranças. — Assegurou, segurando o interfone, tentando
nos intimidar. Em silêncio meu pai se aproximou da sua
mesa e entregou o documento que comprovava que ele era o
verdadeiro dono de tudo isso aqui. — O que? — Retirou o
papel das suas mãos com brutalidade e passou a ler. A cada
segundo o seu maxilar se contraía ao ficar a par do teor do
conteúdo. — Saia agora mesmo da minha empresa! — Ela
ergueu o olhar e, atrevida, rasgou o documento na nossa
frente com um brilho de vitória que durou pouquíssimo
tempo.
— Isso, minha querida, é apenas uma cópia. Gostando
ou não, seu tempo de reinado se esgotou. — Rangeu
fortemente.
— Eu ainda sou a sua esposa e ainda tenho direito na
metade de tudo aquilo que construímos juntos. — Argumenta.
— Duvido que algum juiz vai te dar algum centavo
quando você for julgada e condenada. — Ela estremeceu ao
ouvir as palavras do meu pai. Não teve contra-argumentos. O
seu olhar vagou na gente e a sua soberba foi substituída pelo
pânico e pelo horror quando focou em Liliana.
— O que essa mulherzinha está fazendo aqui? —
Indagou, possuída pela raiva.
— Vim assistir a sua queda, amiga! — Ironizou. — O
inferno que você me jogou não era suficiente, então eu tive
que voltar para pegar de volta tudo o que você me roubou. —
Marieta parecia estar diante de um fantasma. Seu medo era
quase tocável. — O homem que eu amo. A minha filha. Eu
voltei das profundezas do inferno para te ver pagar por todo o
mal que você me fez.
— Não sei do que você está falando, sua louca!
— Ah, sabe sim. — Decidi me manifestar. — Não adianta
mais negar. Todo mundo já sabe sobre os seus crimes.
— Todo mundo quem, cara pálida? — Mesmo diante dos
fatos ela não perdia a arrogância. Era inacreditável.
— As provas de todos os seus crimes estão com a polícia
e não vai demorar em você ser presa. — Ela fingiu que nada
disso a deixava abalada. Aproximei-me e revelei, deixando-a
medrosa. — Sabia que foi o seu queridinho George quem te
entregou?
— Ele... — Agora ela não conseguia fingir que estava
calma. O medo estava lá estampado no seu rosto.
— Isso mesmo. — Espremi mais pimenta na ferida. —
Mas você já devia imaginar que, ao puxar o tapete de alguém,
tem outra pessoa atrás de você fazendo o mesmo, não é?
— Oras, não me venha com a sua filosofia barata. —
Recriminou-me, mesmo sabendo que eu estava coberta de
razão.
— E quer saber? — Encarei-a, desafiando. — Foi um
alívio descobrir que eu não tenho algum parentesco com uma
pessoa igual a você. — Ela engoliu o próprio fel. — Seria algo
muito doloroso admitir que temos o mesmo DNA. — Ela
mordeu os lábios, feroz. O ódio pulsava em seus olhos. — E
sabe como vai ser o futuro? — Ergueu o rosto, fingindo não
estar interessada. — Muito amargo e solitário. E toda vez que
você fechar os olhos, vai se lembrar que estaremos juntos e
felizes. E isso vai ser a sua ruína.
Quando acabei de falar a polícia entrou na sala, dando
voz de prisão a ela.
— Desgraçados! — Berrou ao ser algemada e levada pelos
policiais. — Isso não vai ficar assim. Vocês me pagam!
Essas foram as últimas palavras que escutamos da sua
boca, antes de ser arrastada pelos policiais.
Finalmente tínhamos resolvido um grande problema,
mas ainda tinha outro.
E lá no fundo eu sentia uma sensação esquisita. Algo que
eu não sabia explicar o que era, mas que me fazia ficar em
alerta.
Graduada em Matemática.
https://www.amazon.com.br/dp/B09Y4XRT6L
https://www.
amazon.com.br/d
p/B0BJZVB78X
https://w
ww.amazon.co
m.br/dp/B0BX
BKKM1D